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Acho que sim, eu acredito que muito pode ser feito, contribui bastante,
mostrando os direitos, tendo esta visão educativa, com os pacientes que eu
atendo, pode ser estendido a todos. Se todos participarem certamente
vamos minimizar isso, o resto, as questões sócio-econômicas, quem dera!
(SUP 6, 49, MAS).
A questão da formação e o entendimento das várias formas da violência (que não é
só o crime) são amplamente relatados junto à interferência no processo de trabalho:
Olha, eu adoraria contribuir, sabe? Por que estamos pensando em várias
propostas, sabe? E queremos contribuir e muito, porque está crescente o
número da violência, está tão grande, porque às vezes eu atendo pacientes,
eu atendo dois pacientes por dia e tem seis, sete agendado, porque a
população não pode descer por causa da operação, ameaça o morro, e os
bandidos deram a ordem de descer ou não...As ordens vêm lá de cima, se a
gente vai fazer uma visita domiciliar não pode, a ordem é: não pode subir, tá
tendo tiro, morreu alguém (SUP 2, 41, FEM).
A repressão não é vista como saída: “não existe essa questão ‘vamos contratar mais
policial’, a gente sabe que isso não resolve” (SUP 4, 36, FEM).
Na categoria Y - Agentes Comunitários de Saúde – é unânime a responsabilidade
dos ACS numa postura de colaboradores em propostas de intervenção, como
sugestão de grupos nas escolas, na comunidade, grupos de orientação com mães.
Todavia, há a reivindicação do trabalho em equipe e de inserção de todos os
profissionais como suporte às atividades dos ACS.
Posso e muito, e eu faço. Muitas vezes a gente chega numa casa, aí o pai
tá lá discutindo, aí a gente conversa com a mãe, com a criança, com o pai
não (risos). Posso fazer um grupo aqui, na escola, mas a gente tem que
conhecer mais, a gente só pode falar do que a gente conhece (ACS, 30,
FEM).
Posso contribuir se tiver outros profissionais, eu só sou um ACS, preciso da
equipe, de mais voz dos profissionais, eu sozinha eu não consigo, eu moro
lá, se eu conseguir outra pessoa, alguma coisa de novo, eu tento, faço por
amor, eu estou com a paciente que o marido maltratou. Aqui, às vezes,
nem me faz bem, vou dormir e fico pensando” (ACS, 39, FEM).
Na categoria Z – Auxiliares e técnicos de enfermagem e atendentes da recepção na
Unidade de Saúde – também é reconhecida a posição de colaboradores e
implicados nas ações, destacando a formação do vínculo, o contato, a forma de
abordar, a importância da orientação e da mediação como forma de acalmar os
ânimos exaltados e as atitudes agressivas. “Chegou uma senhora que tava
revoltada com o marido, ela disse que ia matá-lo, ai eu orientei, ‘não faz isso’. Falei