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Vimos que a água é um fluido e exerce pressão em todas as
direções. Lembre da experiência que fizeram ao colocar a mão dentro de
um saco plástico e logo em seguida mergulhá-la dentro da água.
Se um mergulhador desce a 50m, por exemplo, permanecendo
nessa profundidade por um certo tempo, ele deverá subir bem devagar
para que ocorra o que chamamos de descompressão. Esse cuidado é
realizado para evitar o que chamamos de ETA, Embolia Traumática pelo
Ar .
O texto abaixo foi retirado do boletim informativo do Ministério do
Trabalho.( <http://www.prt21.gov.br/inform2/index.htm
>)
"Atendendo à denúncia formulada pela DRT-RN, o Procurador do
Trabalho, Eder Sivers, determinou a abertura de Procedimento Investiga
Embolia Traumática tório Especial para investigar o grande número de
acidentes de trabalho envolvendo mergulhadores da pesca da lagosta,
com a utilização de compressores, no litoral potiguar. Segundo dados
oficiais do Ministério da Agricultura no RN, existem mais de 650
embarcações cadastradas para a pesca da lagosta, estimando-se que,
em verdade, mais de 900 barcos atuam nesta modalidade de pesca
artesanal e, o que é pior, a maioria com compressores.
De fato, esta atividade gerava no início dos anos 90 um total
aproximado de 900 toneladas por ano de lagosta, o que hoje não passa
de 10% daquela produção, máximo diante da pesca ilegal praticada por
mergulhadores e pelos processos ultrapassados de pesca, que tendem a
levar à extinção da lagosta no litoral nordestino.
Ao lado das questões ecológicas, surgem os acidentes de
mergulho provocados por DD - Doenças Descompressivas leves e
graves e ETA - Embolia Traumática pelo Ar, ocasionando lesões físicas
neurológicas e psicológicas aos pescadores e, nos casos mais graves, a
morte. Frise-se, segundo dados obtidos junto ao Capitão de Corveta e
médico da Marinha, especializado em tratamentos hiperbáricos em Natal,
Dr. Souza Mendes, que mais de noventa por cento dos mergulhadores
da pesca da lagosta já sofreram algum tipo de acidente, gerando uma
legião de trabalhadores com seqüelas graves, tais como paralisias
diversas, condenando-os a passarem o resto de suas vidas presos a
uma cadeira de rodas e utilizando-se de sondas para as suas
necessidades fisiológicas, isto quando não ocorrem os óbitos, em total
afronta às normas contidas na NR 15 e na NORMAM -15/2000.
Para se ter uma idéia da gravidade deste quadro, basta dizer que
os mergulhadores chegam a pescar por mais de cinco ou seis horas por
dia, e a profundidades que alcançam até 80 metros, com diversos
mergulhos repetitivos ao longo da jornada, sem respeitar nenhuma
tabela de descompressão.
A título de exemplo, lembra o mergulhador francês Jean-Paul
Soriano (Moniteur Instructor), representante da CBPDS/CMAS para o RN,
que para um mergulho a 70 metros e por 30 minutos, o indivíduo
necessita de mais 105 minutos para uma subida controlada (4 minutos a
15 m; 8 minutos a 12 m; 15 minutos a 9 m; 22 minutos a 6 m e 56minutos
a 3m), para que se realize a descompressão, sendo ainda necessário um
repouso mínimo de 12 horas para um novo mergulho.”