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foi depois dessa mudança que apareceu minha epilepsia, foi por
causa dessa barragem que fiquei doente”. (informante filha de
antigos proprietários, 18 anos)
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De acordo com as palavras da informante acima, percebemos como as
mudanças nas relações de trabalho fazem com que os proprietários percam sua
autonomia nesse contexto. Onde antes eram os proprietários de sua terra e donos
de sua produção, e agora afirmam terem se tornados empregados ou a dividir a
produção em terras que não são suas.
O distanciamento de parentes e amigos também foi muito sentido e
relatado pelos atingidos:
“Tínhamos muitos parentes, alguns foram para longe, não nos
vemos muito mais, por mais perto que seja o convívio muda.
Separa um pouco.”(informante filho de proprietários, 30 anos)
“Perdemos contato com parentes e amigos que sumiram, foram
para longe.”(informante proprietária, 60 anos)
“Tinha parente e amigo, separou um pouco mas alguns ainda
moram perto. Essa represa veio na nossa comunidade para
destruir a família. Tiraram gente conhecida de perto da gente.”
(informante meeira, 37 anos)
“Tinha sim, era melhor, agente tinha mais parente e amigo por
perto, reunia, fazia festas, rezava, agora muitos foram embora e
sumiram”.(Informante meeira, 52 anos)
“Minha família morava quase toda perto daqui, agora foram para
as roças mais longe, a gente se vê pouco. Alguns vizinhos
também mudaram, uns foram para a cidade, outros para as roças
mais longe... agora está vazio aqui, ficou ruim por demais.”
(informante proprietário, 68 anos)
“As reunião aqui era boa. Juntava todo mundo e fazia festa, era
casamento, festa junina, nóis reunia pra tudo, até pra tomar café
na casa do vizinho era bom, agente se encontrava sempre pra
tudo, até pra proseá um pôco.”(informante proprietário, 47 anos)
“Nóis reunia sempre, era bão dimais, jogava bola, tinha até um
time da turma daqui. Depois tinha também as reunião de família,
aniversário... agora agente num encontra os pessoal muito não,
ficou pouca gente, desanima inté pra fazer as festa.”(informante
meeiro, 35 anos)
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A referida informante mora com a família em Caputira, porém, os avós permaneceram em
Bicuíba. Como a entrevista foi realizada no domingo de dia dos pais do ano de 2006, a
encontramos na casa dos avós.