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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE S-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE
A TÉCNICA DO DIFERENCIAL SEMÂNTICO PARA AVALIAÇÃO
DE FENÔMENOS ACÚSTICOS NO INTERIOR DE AERONAVES
FLORIANÓPOLIS
2007
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ii
ALEXSANDRO LUIZ DE ANDRADE
A TÉCNICA DO DIFERENCIAL SEMÂNTICO PARA AVALIAÇÃO DE
FENÔMENOS ACÚSTICOS NO INTERIOR DE AERONAVES
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de mestre em
Psicologia, Programa de Pós-Graduação
em Psicologia, Curso de Mestrado, Centro
de Filosofia e Ciências Humanas.
Orientador: Prof. Roberto Moraes Cruz
FLORIANÓPOLIS
2007
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iii
Dedico este trabalho e todos os demais
resultados positivos de minha vida, ao amor puro,
constante e único de minha mãe e meu avôs:
Luciane, Oswaldo e Maria.
iv
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer especialmente a vida, por todo aprendizado e acima de tudo
pela companhia de pessoas tão especiais e pelas quais tenho um profundo e sincero
sentimento de amor.
Agradeço especialmente ao professor e orientador Roberto Cruz, pela credibilidade
e acolhimento durante todo o processo da pesquisa. A professora Alicia Omar e seu esposo
Hugo Delgado pela oportunidade de conhecimento e incrível carinho. Ao grande amigo e
irmão presenteado pela vida João Wachelke por todo apoio e confiança.
Agradeço aos colegas e companheiros de pesquisa, Stephan Paul e Raquel
Bittencourt que ajudaram ao longo dos últimos meses a conclusão deste trabalho.
Por fim agradeço aos amigos e aquelas pessoas que de um modo muito especial
estiveram ao meu lado ao longo desta jornada, sem as quais a vida e a comemoração pela
finalização deste trabalho não teriam a mesma alegria: Graziane Paim, Robson Faggiani,
Felipe Silveira, Adriano Beiras e Jean Natividade.
Muito obrigado!
v
Sumário
Resumo.............................................................................................................................ix
Abstract.............................................................................................................................x
Introdução......................................................................................................................... 1
Objetivos .......................................................................................................................... 5
Objetivo geral ............................................................................................................... 5
Objetivos específicos .................................................................................................... 5
Natureza Interdisciplinar da Avaliação Subjetiva de Propriedades Vibro-acústicas em
Aeronaves......................................................................................................................... 6
Propriedades físicas do som e psicoacústica .................................................................. 6
A resposta perceptual, a experiência de ouvir e a fisiologia da audição humana............10
Qualidade sonora (QS).................................................................................................12
A Medida Psicológica ......................................................................................................15
A Medida Psicológica aplicada à Avaliação de Estímulos Acústicos............................18
O Diferencial Semântico..................................................................................................20
A formação do significado e a definição de atitude em relação a objetos......................20
A Teoria do Diferencial Semântico (DS)......................................................................23
O Diferencial Semântico para medir afetos mobilizados por fenômenos físicos............27
Método ............................................................................................................................30
Natureza da pesquisa....................................................................................................30
Contexto do trabalho....................................................................................................31
Participantes do estudo.................................................................................................31
Ambientes do estudo....................................................................................................33
Sala de júri...............................................................................................................33
Sala de aula..............................................................................................................34
Interior de uma aeronave em situação real de vôo.....................................................34
Estímulos acústicos......................................................................................................36
Descrição e procedimentos dos estudos........................................................................37
Estudo I: Estudo da semântica..................................................................................39
Estudo II: Construção e Validação da Medida ..........................................................46
Aspectos éticos do estudo.............................................................................................54
Resultados .......................................................................................................................55
Estudo I: Estudo da Semântica .....................................................................................55
Coleta de descritores para sons e vibrações via correio eletrônico.............................56
Coleta de descritores para sons e vibrações via consulta a especialistas ....................57
Coleta de descritores para som em simulador vibro-acústico ....................................58
Coleta de descritores para som via comparação de trios............................................59
Coleta de descritores para vibração em simulador vibro-acústico..............................60
Coleta de descritores para vibração via comparação de trios.....................................61
Coleta de descritores antônimos para som ................................................................62
Formação de antônimos por critério de grupo...........................................................66
Estudo II: Construção e validação da medida ...............................................................68
vi
Escala piloto de Diferencial Semântico (I)................................................................68
Escala piloto de Diferencial Semântico (II)...............................................................69
Avaliação de pertinência ..........................................................................................72
Construção, Reformulação e validação do DS para sons e ruídos..............................76
Discussão.........................................................................................................................86
Síntese dos Resultados .................................................................................................86
Estudo da Semântica....................................................................................................90
Construção e Validação da Medida ..............................................................................92
Avaliação da Pesquisa..................................................................................................96
Considerações finais ........................................................................................................99
Referências....................................................................................................................101
Apêndices......................................................................................................................108
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................................................108
Instrumentos ..............................................................................................................109
Questionário para coleta de descritores para som e vibração...................................109
Questionário para técnica de trios para som e vibração...........................................110
Questionário de annimo A...................................................................................111
Questionário de annimo B...................................................................................112
Questionário de Annimos C.................................................................................113
Escala de pertinência para descritores/adjetivos......................................................114
Escala de pertinência para descritores/itens ............................................................116
Escala de Diferencial Semântico piloto (I)..............................................................118
Escala de Diferencial Semântico piloto (II).............................................................119
Escala de Diferencial Semântico para validação (lápis e papel)...............................121
Questionário para convite de participantes..............................................................123
Tabelas e dados de origem do Excel e do SPSS..........................................................124
vii
Lista de Tabelas
Tabela 1: Dados demográficos gerais dos participantes por etapa.....................................33
Tabela 2. Descritores coletados via e-mail........................................................................57
Tabela 3. Descritores para sons coletados via questionário em simulador.........................59
Tabela 4: Descritores para sons coletados por técnica de comparação de trios..................60
Tabela 5. Descritores para vibração coletados via questionário em simulador..................61
Tabela 6. Descritores para vibração coletados por técnica de comparação de trios...........62
Tabela 7. Descritores antônimos questionário A...............................................................63
Tabela 8. Descritores antônimos questionário B...............................................................65
Tabela 9. Descritores antônimos questionário C...............................................................66
Tabela 10. Média dos itens no DS piloto (I). ....................................................................69
Tabela 11. Itens da escala de DS piloto (II) e sua respectiva origem.................................70
Tabela 12. Média dos itens no DS piloto (II)....................................................................71
Tabela 13. Avaliação da pertinência por descritor. ...........................................................73
Tabela 14. Avaliação de pertinência do item. ...................................................................75
Tabela 15. Solução fatorial com as cargas fatoriais, comunalidades, percentual de variância
e alfas de Cronbach do DS para sons................................................................................79
Tabela 16. Análise Post Hoc (método Bonferroni) de comparações pareadas....................83
viii
Lista de Figuras
Figura 1. Plano processual da avaliação subjetiva.............................................................. 3
Figura 2. Onda senoidal. ................................................................................................... 8
Figura 3. Esquema anamico da orelha humana..............................................................12
Figura 4. Principais componente do conforto segundo levantamento via internet..............14
Figura 5. Modelos teóricos constituintes da técnica do DS. ..............................................25
Figura 6. Estrutura espacial do conceito. ..........................................................................26
Figura 7. Processo qualificador conceito-significado........................................................27
Figura 8. Mock-up local dos ensaios com ouvintes, visão interna e externa.......................35
Figura 9. Simulador que realiza gravação bi-auricular......................................................36
Figura 10. Visão geral das etapas do estudo. ....................................................................38
Figura 11: Software utilizado na técnica de comparação de trios......................................43
Figura 12. Software que reproduziu o DS no computador.................................................52
Figura 13. Descritores de som e vibração eliciados por especialistas. ...............................58
Figura 14. Gráfico de sedimentação....................................................................................77
Figura 15. Modelo Bi dimensional da analise de estímulos acústicos para (p<0,05)..........81
Figura 16. Gráfico espacial da distribuição dos quatro sons..............................................84
Figura 17. Dendograma derivado da classificação por conglomerados..............................85
ix
Resumo
De Andrade, A. L. (2007). A Técnica do Diferencial Semântico para Avaliação de
Fenômenos Acústicos no Interior de Aeronaves. Dissertação de Mestrado. Programa de
s-Graduação em Psicologia. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
Este estudo teve como objetivo desenvolver uma medida psicométrica, com base na
técnica do diferencial semântico, para avaliação de propriedades acústicas no interior de
aeronaves. No processo de construção desta medida dois estudos compuseram o trabalho:
um primeiro estudo da semântica de descritores para som e vibração, e um segundo estudo
especifico de construção da medida para avaliação de sons no interior de aeronaves. No
total 685 pessoas participaram de uma das treze etapas desta pesquisa, dessas 393 eram do
sexo masculino e 292 do feminino, a média de idade dos participantes foi de 25 anos, com
desvio padrão de 7 anos e 2 meses. Os resultados do primeiro estudo constituíram uma lista
contendo diversos descritores aptos a caracterização de fenômenos acústicos e vibracionais
para o interior de aeronaves. O segundo estudo obteve como produto uma escala de
diferencial semântico composto por quatro fatores, Apreciação, Adequação, Estabilidade e
Intensidade, que após procedimentos estatísticos como calculo do coeficiente de
confiabilidade, alfa de Cronbach e análise da variância multivariada (MANOVA),
apresentou parâmetros de validade e confiabilidade satisfatórios. A partir do conjunto de
análises foi proposto ao final da pesquisa um modelo bi-dimensional da avaliação do
evento acústico no interior de aeronaves, a primeira dimensão constituiu-se pelos fatores
intercorrelacinados Avaliação, Adequação e Intensidade, relacionada a aspectos da
natureza afetiva avaliativa do objeto, e a segunda dimensão pelos fatores Estabilidade e
Adequação, ligada a aspectos técnicos avaliativos do fenômeno acústico no interior de
aeronaves.
Palavras-chave: diferencial sentico, escalas psicométricas, aeronaves, sons e vibrações.
x
Abstract
De Andrade, A. L. (2007). The semantic differential technique for the evaluation of aircraft
interior acoustic phenomena. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em
Psicologia. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
This study aimed at developing a psychometric measure, based on the semantic differential
technique, for acoustic properties evaluation inside aircrafts. In the process of measure
construction two studies composed the research: a first semantic descriptors study for
sound and vibration, and a second specific construction study for the aircraft inside sound
evaluation measure. In total 685 people took part on one of the thirteen research stages,
and 393 were male and 292, female, mean participant age was 25 years old, with a 7 years
and 2 months standard deviation. First study results consisted of a list containing valid
descriptors for describing aircraft inside acoustic and vibration phenomena. The second
study had as a final product a semantic differential scale composed by four factors,
Appreciation, Adequacy, Stability and Intensity, which, after statistical procedures such as
calculating reliability coefficient Cronbach alpha and multivariate analysis of variacne
(MANOVA), presented satisfactory validity and reliability parameters. A two-dimensional
aircraft inside acoustic event evaluation model was proposed from the analyses set, the first
dimension was composed by intercorrelated factors Appreciation, Adequacy and Intensity,
related to affective evaluative aspects linked to the object, and the second dimension was
composed by Stability and Adequacy factors, linked to the acoustic phenomenon’s
technical evaluative aspects in aircrafts.
Keywords: semantic differential, psychometric scales, aircrafts, sound and vibration.
Introdução
O processo de medir no campo das ciências é uma atividade própria do processo de
construção do saber. O desejo do cientista em atribuir magnitude, dimensionar, comparar,
tem sido foco de generalizada controvérsia e discussão no meio acadêmico das ciências
humanas ao longos das últimas décadas. Críticas relativas ao caráter objetivo e pragmático
do conhecimento cientifico confundem-se com apropriações indevidas do saber por
profissionais nem sempre comprometidos e eticamente confiáveis.
Em Psicologia, a discussão relativa à mensuração não é diferente. Atribuir
dimensionalidade, magnitude ou grandeza a processos cognitivos, emocionais e
comportamentais é um objeto da disciplina conhecida como psicometria, muitas vezes
confundida com procedimentos estatísticos em psicologia, prática em avaliação
psicológica, ou principalmente com o conjunto de instrumentos psicológicos, como os
testes e inventários.
O nascimento da psicometria é encontrado nos primeiros trabalhos de Galton e
Spearman (Cronbach, 1996; Pasquali, 1999a; Pasquali 2003), marcos iniciais no
desenvolvimento de técnicas e operações interessadas na atribuição de magnitude a
aptidões e processos mentais. A psicometria é uma disciplina da ciência psicológica, cujo
objetivo é fundamentar de maneira clara e coerente a utilização de pressupostos da
linguagem matemática na mensuração de fenômenos de natureza psicológica (Medeiros,
1999; Pasquali, 2003; Alchieri & Cruz, 2004; Urbina 2007).
Este estudo esta inserido num projeto de desenvolvimento tecnológico, envolvendo
a temática qualidade sonora no interior de aeronaves como eixo central. O projeto foi
financiado pela Finep
1
em parceria com uma um empresa de capital privado do ramo da
aviação. O Laboratório de Vibrações e Acústica (LVA/UFSC), juntamente com os
1
Finep – Financiadora de Estudos e Projetos. Web site: httep://www.finep.org.br
2
Laboratório de Psicologia do Trabalho e Ergonomia (PSITRAB/UFSC) interagiram por
meio de colaboração em pesquisas de mestrado e doutorado na execução de partes deste
projeto.
A particularidade desta pesquisa de dissertação de mestrado, dentro do projeto geral
de qualidade sonora para aeronaves, reside na criação de uma medida para avalião da
percepção de aspectos acústicos no interior de aeronaves. Um dos fatores importantes e
motivadores deste estudo é a escassez de medidas psicológicas válidas e fidedignas para
avaliação de fenômenos acústicos produzidas para o contexto sócio lingüístico brasileiro.
Em Psicologia, como em outros campos do conhecimento, a construção, tradução ou
adaptação de métodos e instrumentos de medida sem um estudo prévio de validade,
acarreta prejuízos nos sistemas de avaliação, tornando-os inconsistentes do ponto de vista
prático e científico.
Conhecer as propriedades constituintes da saúde humana é uma necessidade social,
científica e tecnológica. O campo da aviação, especialmente no que diz respeito a atual
condição do transporte aéreo brasileiro, marcado por um universo de crise e insegurança,
aliado também a crescente popularização desse meio de transporte, traz exigências ainda
maiores relativas à prevenção e manutenção de boas condições para aqueles que voam.
Trimmel (2006) salienta que o ruído, e outros aspectos como umidade, temperatura e
duração de vôos, são variáveis de influência negativa sob as condições fisiológicas e
psicológicas tanto da tripulação quanto dos passageiros. Pesquisas sobre as características
perceptuais, cognitivas e afetivas relacionadas à experiência de voar são, além de um
diferencial competitivo no campo industrial, um meio de implementação e melhoria de
qualidade global dos novos produtos e serviços.
Aspectos básicos da sonoridade, as chamadas propriedades vibro-acústicas,
referem-se aos aspectos do som e vibração produzidos pelo produto; no caso deste estudo,
3
das aeronaves. O som, como estímulo puro, é um fenômeno de natureza física, originado
da vibração das moléculas. Na compreeno do significado e efeito que os sons de natureza
tão específica adquirem, como os produzidos no interior de uma aeronave, a tarefa de
medir e avaliar as suas propriedades constituintes por métodos convencionais adotados
pela astica física nem sempre é suficiente para captura da realidade percepto-afetiva à
qual o indivíduo está submetido.
Neste caso sistemas de avaliação avançados que aliam métodos psicológicos
(também chamados de métodos subjetivos) tornam-se uma solução aplicada, utilizando a
avaliação da população usuária como um meio aprimorar o processo de apreciação do
objeto (Figura 1).
Figura 1. Plano processual da avaliação subjetiva.
Este trabalho propõe e descreve os procedimentos e requisitos necessários à
construção de uma medida para avaliação da percepção de fenômenos acústicos no interior
de aeronaves. Como produto, a pesquisa apresenta ao seu final um escala psicométrica com
parâmetros de validade e confiabilidade satisfatórios para o objetivo proposto.
A técnica psicológica adotada para a construção desta medida foi o diferencial
sentico (DS), proposto por Osgood, Suci e Tannenbaum (1957). O DS, como técnica,
4
consiste num conjunto de escalas bipolares, as quais cada item, junto com seu respectivo
annimo, correlaciona-se com uma dimensão ou atributo perceptual do fenômeno medido.
Na perspectiva da construção da medida para avaliar propriedades acústicas no
interior de aeronaves, três perguntas nortearam o andamento do estudo:
“Quais as características psicométricas de uma medida de avaliação de
propriedades acústicas para o interior de aeronaves?
“Quais os procedimentos metodológicos para construir uma medida para avaliar
subjetivamente sons no interior de aeronaves?”
“Em que medida a técnica do diferencial semântico é válida para a avaliação de
propriedades acústicas no interior de aeronaves?”
5
Objetivos
Objetivo geral
Desenvolver uma medida psicométrica, baseada na técnica do diferencial semântico, para
avaliar propriedades acústicas no interior de aeronaves comerciais.
Objetivos específicos
1. Criar um conjunto de descritores pertinentes para descrição de fenômenos acústicos e
vibracionais para o interior de aeronaves.
2. Caracterizar os procedimentos metodológicos necessários à construção de um
diferencial semântico para avaliação de propriedades acústicas no interior de aeronaves.
3. Caracterizar a estrutura fatorial de um diferencial semântico para fenômenos de natureza
acústica no interior de aeronaves.
4. Verificar a pertinência da técnica do diferencial semântico para avaliar fenômenos de
natureza acústica.
6
Natureza Interdisciplinar da Avaliação Subjetiva de Propriedades Vibro-acústicas em
Aeronaves
Busca-se na seqüência desta seção localizar o leitor dentro do conteúdo e aspectos
relevantes ao entendimento do objeto em estudo, as propriedades vibro-acústicas no
interior de aeronaves. Inicia-se pelo enquadramento dos fenômenos de natureza acústica
compreendidos como objeto da ciência física, partindo-se para uma breve revisão de
alguns conceitos da psicoacústica. Prossegue-se focando as propriedades perceptuais do
som e a fisiologia básica da audição humana. Após este panorama físico e fisiológico do
processamento do estímulo sonoro, parte-se para uma compreensão geral dos componentes
essenciais e responsáveis pela qualidade sonora e conforto acústico.
Propriedades físicas do som e psicoacústica
Define-se o som como um fenômeno vibratório, resultante de pequenas e rápidas
variações da pressão no ar; colisões sucessivas de moléculas originam uma onda que parte
do objeto para fora dele, chamada de onda sonora (Moore, 1982; Gerges, 2000). Sensação
auditiva, por sua vez, segundo Guski (1997), compreende o processo ativo relacionado à
recepção, busca e interpretação do estímulo acústico. Todavia, nem toda onda sonora
originada por essa sobreposição de moléculas promove sensação audível ao organismo
humano; esta sensação encontra-se relacionada a outras propriedades, expostas na
seqüência deste capítulo.
Em acústica é importante distinguir som de ruído. Tal julgamento não possui
apenas um caráter da natureza física do estímulo, fatores sociais e individuais são
essenciais na definição desses termos (Arezes, 2002). A reação das pessoas em relação ao
ruído de aeronaves, por exemplo, segundo Smith (1989), depende, além dos fatores
7
relacionados a variáveis físicas, ao nível tolerância de cada indivíduo ao ruído e ao
sentimento de medo relacionado ao avião.
A palavra som é um termo utilizado para definir sensações audíveis prazerosas,
como música ou determinados tipos de fala. O termo ruído, ao contrário, é comumente
associado à descrição de um som indesejável ou incômodo, como o barulho de uma buzina,
o estrondo de uma bomba ou outros tipos de barulho (Santos & Matos, 1996). A
denominão de um som como ruído é um julgamento de caráter subjetivo e a
categorização de tal modalidade possui relação direta com a desejabilidade que o objeto
adquire para o indivíduo (Steffani, 2000). Aspectos como idade, estado emocional, gostos,
crenças e estilo de vida auxiliam na determinação do significado, avaliação e grau de
incômodo associado ao ruído.
O som, como objeto deste estudo, é compreendido de um modo mais amplo,
inserido como fenômeno pertencente à vida diária das pessoas, o qual se apresenta de
diversas maneiras: música, diálogo, ruídos de decolagem de avião, entre outros. O efeito e
o significado de cada tipo de som está intimamente ligado a duas dimenes de análise: a
dimensão física e a dimensão individual. Como objeto puro, o som é propriedade da
acústica (Russo & Santos 1993), dividida em a acústica sica, parte da acústica focada no
estudo “puro” das vibrações e ondas mecânicas, e astica fisiológica ou psicoacústica,
parte da acústica interessada na sensação produzida pelo som no indivíduo .
A dimensão da acústica física diz respeito às propriedades físicas inerentes ao
fenômeno acústico (Gerges, 2000). Seu foco está direcionado para os componentes e
características da onda sonora, tais como freqüência, amplitude, fase de onda, e assim por
diante. A outra dimensão, a psicoacústica, esta ligada a aspectos da sensação e percepção e
possui relação direta com fatores psicofisiológicos do indivíduo, sendo uma sub-dimensão
8
essencial na atribuição e compreensão do significado construído sobre o fenômeno
acústico.
A onda sonora apresenta alguns componentes fundamentais, que são demonstrados
com o exemplo de uma onda sonora simples, expressa no formato de uma onda senoidal
(Figura 2), chamada de tom puro (Goldstein, 1999).
Figura 2. Onda senoidal.
FONTE. Site acústica para todos. www.audioacustica.hpg.ig.com.br/teoria1.htm, acessado em 10/07/2007.
A onda apresenta dois constituintes básicos: freqüência e amplitude. A freência
se refere ao número de oscilações das moléculas constituintes da onda num intervalo de
tempo, medida na unidade 1/segundo ou Hertz (Hz). A freqüência possui relação direta
com a percepção de altura do som (Goldstein, 1999; Katz, 1999). No organismo humano a
faixa de freqüência audível se encontra aproximadamente entre 20 Hz e 20000 Hz (Gerges,
2000).
A diferença de pressão entre a crista e depressão num ciclo de onda é nomeada de
amplitude. Segundo Atkinson, Atkinson, Smith, Bem & Nolem-Hoeksema (2002), a
9
amplitude é a base da sensação de intensidade; sua especificação mais convencional é dada
pelo nível de pressão sonora (NPS), sendo o padrão de mensuração o decibel (dB).
A psicoacústica é um ramo da psicofísica centrado no estudo das relações entre o
estímulo físico acústico e a sensação auditiva por ele produzida no organismo (Katz,
1999). Seu marco inicial é encontrado nos trabalhos de Ernst Heinrich Weber e Gustav
Theodor Fechner, precursores da lei de Weber e Fechner
2
(Lima, 2005). O objetivo da
psicoacústica é construir modelos que auxiliem na compreensão das reações do estímulo
físico acústico junto ao organismo (Roederer, 1998), bem como encontrar descrições
quantitativas das sensações eliciadas por estímulos acústicos (Fastl, 1997).
Como ciência, a psicoacústica se insere num campo interdisciplinar, utilizando
conhecimentos tanto da ciência psicológica quanto da acústica e psicofísica, visando, via
meios de avaliação quantitativa, conhecer as sensações subjetivas produzidas pela
exposição ao som, estruturando um conhecimento voltado para as “correlações” entre o
estímulo acústico e as sensações auditivas (Roederer, 1998; Leite, 2006).
Segundo Zwicker e Fastl (1999); Leite & Paul (2006), as principais métricas
acústicas ou modelos psicoacústicos que se incubem a função de quantificar os aspectos
percepto-sensoriais do estímulo acústico no organismo humano são: loudness
3
, agudeza
(sharpness), aspereza (roughness), intensidade de flutuação (fluctuation strength) e a
tonalidade (tonality). Dois modelos se destacam entre esses, o loudness e a tonalidade. O
primeiro se refere à percepção da sensação de intensidade ou volume do som, e o segundo
se relaciona com a percepção tonal do som (Katz, 1999).
2
Lei de Weber e Fechner: busca definir uma lei universal para os padrões de resposta a estímulos
sensacionais.
3
Devido a ausência de uma tradução adequada para o português, adota-se aqui o termo em inglês como
sugere Leite (2006).
10
A resposta perceptual, a experiência de ouvir e a fisiologia da audição humana
Sternberg (2000), sob um prisma da psicologia cognitiva define percepção como
um construto relativo ao conjunto de processos pelos quais o organismo reconhece,
organiza e entende as sensações recebidas dos estímulo ambientais. A experiência
perceptiva do estímulo acústico, segundo Goldstein (1999), se apresenta de três formas:
volume, tom e timbre.
O volume é o aspecto senso-perceptivo relacionado à amplitude da onda sonora. O
volume de um som pode variar de fraco, como sussurros (20 dB), limite da audição
humana, a forte, como o som da decolagem de uma aeronave (140 dB), limite da dor (Rios,
2003). Sons com volume superior a 85 dB, além de desconfortáveis, podem em função do
tempo de exposição, serem prejudiciais ao organismo humano e com o passar do tempo
podem diminuir a acuidade auditiva do indivíduo (Baggio & Marziale, 2001; Dias,
Cordeiro, Corrente & Gonçalves, 2006). O tom expressa o quão grave ou agudo é um som,
e possui relação direta com a freqüência da onda sonora. Os sons de baixa freqüência
produzem sons graves, e ao contrário, sons de alta freqüência produzem sons agudos. O
tom de um som se relaciona com percepção humana de altura. Por fim o termo timbre,
corresponde à experiência mais complexa de um som (Bruce & Goldstein, 1999; Atkinson
e cols., 2002), e diz respeito ao aspecto senso-perceptivo pelo qual o indivíduo distingue
tipos diferentes de tons.
O processamento da onda sonora e a codificação do estímulo físico é função do
sistema auditivo, constituído pelas duas orelhas, partes do cérebro e rotas neurais de
conexão (Katz, 1999). Essa estrutura organiza-se didaticamente em três partes: a orelha
externa, orelha média e orelha interna (Figura 3) (Guyton & Hall, 1999). O sistema
auditivo possui três tarefas básicas: levar os estímulos acústicos a receptores, traduzir
11
sinais elétricos oriundos das oscilações de pressão e processar sinais elétricos (Goldstein,
1999).
A orelha externa é composta pelo pavilhão da orelha, o canal auditivo e o tímpano;
sua função principal é a captação das ondas sonoras, além de proteger algumas estruturas
internas presentes na orelha média. Segundo Guyton & Hall (1999), e Goldstein (1999),
esparte do aparelho auditivo possibilita o aumento da intensidade de alguns sons pelo
principio físico da ressonância.
A cavidade que separa ao orelha externa da interna é conhecida como orelha média.
Sua função consiste em transmitir vibrações do tímpano por meio de uma cavidade
preenchida por ar até a outra membrana, conhecida por janela oval. Esse processo é
realizado através da junção de três ossos: o martelo, a bigorna e o estribo (Russo, 1993).
A terceira parte do aparelho auditivo, conhecida como orelha interna, é onde se
localiza a cóclea, estrutura preenchida por liquido coclear, responsável pela recepção das
vibrações do tímpano por via do movimento dos três ossos da orelha média ( martelo,
bigorna e o estribo) e da janela oval. Com o movimento da janela oval, o liquido coclear no
interior se movimenta, e a partir destes movimentos, células ciliadas localizadas ao longo
de toda a cóclea são estimuladas liberando íons de cálcio ou a comumente chamada
corrente elétrica, transmitindo por meio de nervos informações ao cérebro (Moore, 1982;
Kalat, 2004).
12
Figura 3. Esquema anatômico da orelha humana.
FONTE: Netter, F. H. (1998).Atlas de anatomia humana. Porto Alegre: Artemed, p.82.
Qualidade sonora (QS)
Inicia-se a compreensão de qualidade sonora partindo-se do termo geral qualidade.
Operacionalizado como um construto, o termo refere-se a propriedades ou características
que permitem a avaliação ou julgamento de um objeto segundo critérios pré-estabelecidos
pelo indivíduo ou pela situação (Lima, 2005). Otto, Amman, Eaton, & Lake (2001)
definem qualidade como um atributo elementar da sensação, tendo como produto um
estado de agrado ou desagrado.
A avaliação da qualidade sonora fica imersa num campo de contradição, como
observa Bodden (1997); sua avaliação está relacionada a fatores de ordem cognitiva,
13
emocional, da experiência e do vel de expectativa que o indivíduo tem com o objeto,
cabendo uma compreensão multidimensional do construto como meio mais apropriado ao
seu entendimento.
O campo de estudos sobre qualidade sonora possui uma natureza interdisciplinar,
foco de interesse, sobretudo, da engenharia acústica e de produtos. Seu objetivo geral é a
busca da melhoria de ruídos em ambientes internos e externos (Keiper, 1997; Lacerda,
Magni, Morata, Marques & Zannin, 2005), incluindo também o desenvolvimento de
produtos mais sofisticados em termos de suas sonoridade.
A definição do termo qualidade sonora para Blauert (2003), parte do conceito de
product-sound quality”, isto é, o construto é concebido como um descritor da adequação
do som ao produto. Nesta orientação, o termo sound qualityfaz referência ao processo
cognitivo de julgamento, embasado em aspectos individuais e sociais, tendo por objetivo
principal a avaliação da adequação do som à sua finalidade. Como exemplo de aplicação
dos trabalhos de qualidade sonora, encontram-se os diversos tipos de sonoridade presentes
na indústria automotiva, em alguns casos desnecesrios a um ouvido leigo, mas existentes
devido ao fim e o significado que adquirem para o consumidor principal. Exemplo claro
o os sons de sinalização de automóveis modernos, como as campainhas de seta e o ruído
das janelas elétricas, acrescentados eletronicamente em alguns veículos como sinais de
qualidade e identidade do produto.
No campo da indústria automobilística e aeroutica, qualidade sonora tem
adquirido uma dimensão importante no desenvolvimento de novos produtos (Quehl, 2001;
Leite; 2006). Conforme revela levantamento recente sobre os principais aspectos de
conforto durante um vôo (Bittencourt, Paul, De Andrade e Gerges, 2006), o aspecto
sonoridade nomeado pelos autores de pouco ruído”, emerge como quarto aspecto mais
importante na avaliação de conforto em situação de vôo (Figura 4).
14
Figura 4. Principais componente do conforto segundo levantamento via internet.
FONTE. Bittencourt, Paul, De Andrade e Gerges. (2006).
Diante de avanços tecnológicos cada vez mais refinados, pequenos detalhes, como
aspectos da sonoridade, tornam-se um diferencial competitivo dentro de um mercado cada
vez mais minucioso e exigente (Leite & Paul, 2006). Para Keiper (1997), bons produtos e
um marketing de sucesso dependem também do desempenho acústico do produto. Na
indústria automobilística encontram-se diversos estudos focados na adequação acústica do
som ao seu produto (Bisping, 1997; Otto e Cols., 2001; Leite, 2006). Na indústria
aeronáutica a busca por melhoria dos aspectos acústicos e vibracionais ainda é muito
recente e pouco desenvolvida (Quehl, 2001).
15
A Medida Psicológica
O processo de medir em psicologia diz respeito à estruturação válida e clara entre
os fenômenos de natureza psicológica e os pressupostos da linguagem matemática
utilizados na atribuição de magnitudes aos fenômenos de caráter subjetivo (Alchieri &
Cruz, 2004). Na busca pela melhor compreensão da natureza perceptiva de um fenômeno
acústico, a psicologia, por meio de seus métodos de pesquisas e mensuração, torna-se
instrumento fundamental na implementação dos estudos relativos à engenharia acústica e
psicoacústica (Fastl, 2006).
A origem da medida em psicologia possui dois eixos históricos: 1) os pressupostos
mentalistas de Binet na França, e 2) a psicologia de caráter empiricista (Pasquali, 2001).
No entanto, são pesquisadores, especialmente Spearman e Galton, com trabalhos de ordem
estatística e psicofísica, que são tidos como os verdadeiros precursores da medida em
psicologia (Pasquali, 2003). No âmbito dessa discussão histórica e teórica sobre a origem
da medida, a Psicometria assume o papel de campo de conhecimento e referência nos
modelos quantitativistas em psicologia.
A medida de ordem psicológica é por muitos profissionais confundida como um
sinônimo de testes ou avaliação psicológica. No entanto, esta dificuldade conceitual marca
tanto um estado de incoerência, como ausência de informação daqueles que fazem uso do
termo no contexto da psicologia brasileira. Devido a divergências teóricas e até a própria
natureza da formação do profissional psicólogo, uma confusão terminológica se cria,
perpassando a uma desestruturação de um campo teórico bastante definido e coerente.
Segundo Pasquali (2003), a medida em psicologia se insere num campo conhecido
como “teoria da medida”, o qual estrutura a análise da aplicação e construção do saber
relativo à utilização de símbolos matemáticos no estudo científico de fenômenos naturais.
16
A utilização de números na representação de fenômenos psicológicos é propriedade da
teórica métrica, que se encontra sustentada em axiomas que legitimam e justificam o uso
de símbolos matemáticos na expressão de fenômenos de ordem psíquica.
A estruturação axiomática da medida tem como objetivo fundar patamares de
legitimidade epistemológica do processo de medir em ciências de ordem natural. Entre os
axiomas fundamentais da medida destacam-se três: identidade, ordem e aditividade
(Dickes, Tournois, Flieller & Kop, 1994). O axioma de identidade define o princípio da
“igualdade”, ou seja, um número é idêntico a si mesmo, não podendo ser representante de
outro número em situação alguma. Esta propriedade condiciona três postulados:
reflexidade, simetria e transitividade. A ordem diz respeito ao axioma da propriedade
referente à desigualdade dos números, “todo número é diferente do outro”. Esta
desigualdade se refere ao termo de ordem e magnitude, além de um número ser diferente
de outro, este também é maior ou menor que o outro. Outros três postulados se originam
deste axioma: assimetria, transitividade e conectividade. Outro axioma base é o da
aditividade, o qual designa que os números podem ser somados (sendo que este número
seja diferente de zero) e ao serem somados, a soma deles origina um novo número
diferente dele próprio. Neste ínterim mais dois postulados se destacam: o principio da
comutatividade e o principio da associatividade (Pasquali, 2003).
Dois conceitos são fundamentais e necessários de clareza e fixação quando falamos
do atributo da medida psicológica, o eles: fidedignidade e validade (Nunnally, 1970). O
termo fidedignidade diz respeito ao grau de confiabilidade que um teste ou uma medida
deve possuir (Urbina, 2007) e tal propriedade se relaciona com a estabilidade e constância
dos resultados que proporciona um instrumento de medida (Bisquerra, Sarriera &
Martinez, 2004). Segundo Pasquali (2003) fidedignidade é a característica principal que
um teste deve possuir. Urbina (2007) esclarece que a qualidade fidedignidade pertence não
17
ao teste, mas sim ao escore gerado por este; Pasquali (1999b; 2001) refere ainda o conceito
como o quanto o escore obtido no teste diz respeito ao escore do indivíduo num dado traço
qualquer; é desejado que o escore de um teste num tempo 1 e num tempo 2 mantenha-se
idêntico, isso, é claro, se o traço medido pelo teste tenha a característica de se manter
constante ao tempo, como seria o caso de traços de personalidade ou especificas aptidões.
A validade por sua vez se refere à propriedade da medida em ciências psicossociais
que diz respeito à adequação da medida para o fim que a mesma se propõe (Medeiros,
1999). Em outras palavras, a medida é válida se mede o que supostamente deve medir
(Pasquali, 2001). No parágrafo seguinte discutem-se alguns tipos de validade.
Validade de conteúdo: esta modalidade se relaciona com qualidade da medida em
representar uma amostra dos comportamentos os quais se propõe a medir. Medidas válidas
sob este critério são compostas por conjunto de itens que recolhem amostras de
conhecimento de um dado conteúdo ou que requerem por parte do indivíduo a
demonstração de determinada competência ou habilidade (Urbina, 2007).
Validade de construto: também chamada de validade de conceito, é para alguns a
forma mais fundamental de validade dos instrumentos psicológicos (Cronbach & Meehl,
1955; Pasquali, 1999; Pasquali, 2001; Urbina, 2007), de modo que esta permite verificar
diretamente a hipótese da legitimidade da representação comportamental dos traços
latentes” (Pasquali, 2001, p.113). A validade de construto pode ser atingida via
procedimentos fatoriais que confirmem ou contribuem sob o ponto de vista da teoria do
fenômeno que se estude (Laros, 2005).
Validade de critério: a validade de critério se relaciona com a capacidade da medida
em prever um desempenho específico de um indivíduo. Pasquali (2001) define dois tipos
de validade de critério: a preditiva e a concorrente. O mesmo distingue as diferenças entre
essas pelo critério do “tempo em que ocorre a coleta da informação” (p.123). Para coletas
18
simultâneas utiliza-se o termo preditiva; caso a informação seja obtida após o critério
estabelecido, a validade será concorrente.
A Medida Psicológica aplicada à Avaliação de Estímulos Acústicos
O processo de avaliação dos fenômenos vibro-asticos baseado nos métodos
físicos e psicoacústicos, conhecidos como os métodos objetivos
4
, não são totalmente
capazes de avaliar as propriedades essenciais do estímulo acústico em termos de sua
percepção e sensação para o indivíduo. Na compreensão dos aspectos afetivos e cognitivos
relativos ao fenômeno, sistemas tradicionais de avalião em conjunto com métodos
psicológicos tornam-se um excelente recurso ao processo de avaliação.
As técnicas de origem psicológica, conhecidos como métodos subjetivos no campo
da engenharia acústica (Otto e Cols., 2001; Fastl, 2006), permitem avaliações capazes de
determinar as representações e julgamentos que as pessoas atribuem aos sons (Leite &
Paul, 2006). cnicas psicométricas aplicados à construção de instrumentos de medida de
percepção de fenômenos acústicos ampliam o processo de avaliação, apreensão de
significados e julgamentos dos sons para as pessoas (Otto e Cols. 2001).
As principais técnicas psicométricas utilizadas em pesquisas no campo acústico
o: ordenamento (rank order), escalas de resposta (rating scales), comparação pareada
(paired comparison), estimação de magnitude (magnitude estimation) e diferencial
sentico (semantic differential) (Bisping, 1997; Gusky, 1997; Otto e Cols.,2001; Hempel
& Chouard, 1999; Quehl, 2001; Lima. 2005; Fastl, 2006; Leite e Paul, 2006).
Ordenamento (Rank Order): é técnica subjetiva considerada mais simples pelos
pesquisadores do assunto. A tarefa de avaliação consiste em ouvir os sons e em seguida
4
Avaliações objetivas permitem a caracterização do som em termos de suas propriedades físicas e
psicoacústicas. Uma técnica conhecida para esse fim é a analise digital de sinais, Fast Fourier
Transformation, FFT.(Zwicker & Fastl, 1999).
19
enumerá-los segundo algum critério de avaliação pré-estabelecido pelo pesquisador (ex.
preferência, magnitude, gosto, etc). Dentre algumas desvantagens desta técnica está o fato
de ela não permitir a caracterização das diferenças entre os sons. Uma outra limitação é o
número reduzido de sons que se pode analisar por esta técnica, dificultada entre outros
motivos pela própria natureza discriminatória do estímulo acústico.
Escalas de resposta (rating scales): neste tipo de técnica o participante atribui uma
nota a cada som ouvido, conforme critério pré-estabelecido. Os sons são ouvidos de
maneira seqüencial, sem que haja repetição dos mesmos. Normalmente se opta por valores
ordinais de 1 a 10 ou porcentagens de 0 à 100% nas avaliações dos estímulos. Um dos
maiores problemas e o que torna muitas vezes inviável é sua não padronização dos escores.
Comparação pareada (paired comparison): esta técnica consiste na apresentação de
sons em pares, solicitando alguma avaliação ou julgamento por parte do participante.
Algumas variações desta técnica normalmente o utilizadas: tarefa de detecção, onde o
indivíduo deve detectar nos pares de sons apresentados aquele que apresenta a propriedade
requisitada pelo pesquisador; tarefa de avaliação, o qual o sujeito deve avaliar o som
segundo algum critério pré-estabelecido pelo pesquisador; e uma terceira variação que é
tarefa de similaridade, na qual o sujeito busca estabelecer similaridades por meio de uma
escala de semelhança. Entre as desvantagens citadas para esta técnica, encontram-se a
demora dos procedimentos e o tempo gasto com o treinamento dos participantes.
Estimação de magnitude (magnitude estimation): esta é a técnica no qual o sujeito
atribui um valor numérico à propriedade avaliada do estímulo. Como outras técnicas a sua
desvantagem se encontra na não padronização dos escores dos indivíduos.
Diferencial semântico (semantic differential): esta técnica foi criado por Osgood,
Suci & Tannenbaum (1957). É a escolha metodológica desta pesquisa e será tratado com
detalhamento na seqüência do trabalho.
20
O Diferencial Semântico
Esta seção apresenta os fundamentos e conceitos essências na compreensão da
origem e aplicação do diferencial semântico, partindo dos primeiros estudos de
desenvolvimento da teoria e da técnica dentro da psicologia e chegando até o seu emprego
na atualidade nos mais diversos campos, entre as pesquisas relacionadas à percepção e
avaliação de estímulos sonoros.
A formação do significado e a definição de atitude em relação a objetos
O significado é um processo diretamente relacionado à linguagem. Conforme Omar
(1984) “todo ato de comunicação de algum modo tende a transmitir significado” (p. 58). A
linguagem é um pressuposto essencial nos processos de relacionamento e interação
humana, torna-se um objeto de aquisição e difusão de conhecimento (Noriega, Pimentel &
Albuquerque, 2005). O significado por sua vez pode ser entendido como um ”estado
cognitivo” ou também como um “processo mediativo da realidade” (Pasquali, 1999a).
A visão da psicologia de concepção socio-cognitiva, considera à percepção e a
conduta do indivíduo como processos de reação ao significado adquirido frente às
características da situação (Noriega e Cols. 2005). Nesse quadro explicativo, conforme
assinala Figueroa em Noriega e Cols. (2005), palavras, eventos e representações se inter-
relacionam e em seu conjunto produzem significados.
O estudo do significado distingue-se em duas correntes principais: o estudo do
significado extensional ou denotativo, e o estudo do significado intencional ou conotativo
(Osgood, Suci & Tannenbaum, 1957, Nunnally, 1970; Omar, 1984; Pereira, 1986). O
significado denotativo diz respeito ao mundo da realidade, à coisa a qual se refere e pode
ser compreendido como as dimensões incontestáveis do objeto, uma tradução do
21
significado objetivo. O significado conotativo por sua vez, articula-se com a expressão de
valores subjetivos relativos ao objeto, sofrendo influência direta de fatores psicológicos e
sociais.
Os dois termos, denotação e conotação, constituem modos fundamentais e opostos
do processo de significação. Conforme Slobin (apud Omar, 1984), o estudo do significado
denotativo possui gênese nos enfoques estruturais. Por outro lado, o enfoque ligado aos
processos mentais se ocupa da investigação do significado conotativo, com especial
destaque para a psicologia.
O significado, compreendido sob uma concepção mentalista, torna-se interveniente
no conjunto de atitudes, disposições e comportamentos do indivíduo frente ao objeto. O
construto atitude é um dos principais objetos da psicologia social de base cognitivista.
Segundo Rodrigues, Assmar e Jablonski (1999), atitude é “uma organização duradoura de
crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social
definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este
objeto” (p. 98). Objeto é entendido como toda e qualquer situação ou coisa capaz de gerar
posicionamento individual. Por sua vez, falar na atitude de um indivíduo frente a um objeto
social é falar numa tendência de emissão de comportamentos (Leyens & Yzerbit, 1999): a
atitude é simultaneamente uma posição subjetiva, uma construção cognitiva e avaliação
afetiva de um objeto por parte de um indivíduo (Bergmann, 1998), e uma preparação ou
pré-disposição para ação à relativa a esse objeto (Cerclé & Somat, 1999).
As atitudes possuem sempre uma dimensão avaliativa indicadora de afeto referente
a um objeto, sendo expressas em termos de gosto ou não gosto, pró ou contra, favorável ou
desfavorável (Lima, 1993). Aspectos de favorabilidade e desfavorabilidade são meios de
avaliação via técnica do diferencial semântico como sugerem Osgood, Suci e Tannenbaum
22
(1957), refletindo-se em aspectos que se inscrevem num contínuo bipolar, discriminando
perspectivas que referenciam direção e intensidade do indivíduo frente ao objeto avaliado.
Geralmente reconhece-se que as atitudes podem ser observadas em três níveis:
cognitivo, por meio de declarações verbais de crenças; comportamental, por ações efetivas
e declarações verbais relativas a ações; e afetivo propriamente dito, através de respostas do
sistema nervoso simpático e declarações verbais de cunho afetivo (Cerclé & Somat, 1999).
O grande interesse em estudar as atitudes reside na possibilidade de prever
comportamento a partir delas. Para que isso seja viável, é necessário que a medida de
atitude seja tão específica quanto o comportamento com o qual se busca uma relação: não é
correto buscar uma relação entre um comportamento a partir de atitudes muito gerais
(Leyens & Yzerbyt, 1999). A dificuldade em prever comportamentos a partir de atitudes
gerou avanços teóricos importantes, capazes de dar conta de outras variáveis atuantes
durante a emissão de comportamentos. Segundo Cerclé e Somat (1999), estudos
identificaram algumas características associadas às atitudes que influenciam na emissão de
comportamentos futuros: estabilidade temporal da atitude, certeza associada à atitude,
consistência entre níveis afetivo e cognitivo da atitude, experiência direta dos
comportamentos decorrentes da atitude e acessibilidade da atitude na memória.
As atitudes se formam no seio dos processos de socialização. Derivam de processos
de aprendizagem, características de personalidade ou determinantes sociais, e podem surgir
como conseqüências de processos cognitivos (Rodrigues, Assmar & Jablonski, 1999).
Se por um lado reconhece-se que os significados e afetos atribuídos a estímulos
sensoriais (visuais, auditivos, táteis, olfativos e gustativos) raramente são “puros”, isto é,
que quaisquer estímulos físicos quase sempre vêm impregnados de conotações dadas por
códigos sociais, por outro parece evidente que em muitos desses casos ter uma atitude pró
ou contra um ruído ou cheiro, por exemplo, está menos vinculado a uma realidade grupal
23
que a preferências individuais, e mesmo preferências ligadas a características da espécie
humana. Assim, justifica-se um entendimento do construto atitude alinhado a uma
perspectiva mais individual, o que de qualquer modo não exclui o seu entendimento como
realidade compartilhada, apenas privilegia o enfoque do construto enquanto característico
de uma pessoa.
A Teoria do Diferencial Semântico (DS)
O diferencial sentico mais do que um conjunto de escalas bipolares compostas
por adjetivos antinômicos, encontra-se embasado num referencial trico que discute
questões pertinentes à formação do significado e às atitudes do indivíduo em relação ao
objeto. A seguir discute-se a origem da técnica do DS, evoluindo até o seu uso para
avaliação de fenômenos físicos.
A revisão sobre várias teorias do significado cominou num marco teórico
alicerçado sobre evidência experimental, que possibilitou o desenvolvimento da técnica da
técnica do diferencial semântico. Criado por Osgood
5
, Suci & Tannenbaum (1957), o
diferencial semântico possibilita medir a reação das pessoas expostas a palavras e
conceitos por meio de escalas bipolares, definida com adjetivos antônimos em seus
extremos (Heise, 1970). A técnica possibilita o registro, quantificação e comparação das
propriedades inerentes a um ou mais conceitos (Osgood, Suci & Tannenbaum, 1957;
Pasquali, 1999a).
Classicamente se atribui que o Diferencial Semântico possui como objetivo
mensurar o significado de conceitos, mas não é qualquer significado que a técnica está apta
5
Charles Egerton Osgood, nasceu em Boston no ano de 1916, foi pesquisador e professor emérito do Curso
de Psicologia e Comunicação da Universidade de Illinois, sua área de pesquisa refletiu dois grande campos:
psicologia da aprendizagem e linguagem. Sua obra de maior destaque e repercuso é The Measurement of
Meaning (1957), escrito em colaboração com George J. Suci e Percy H. Tannenbaum
24
a medir. Nunnally (1970) esclarece que o DS é destinado a mensurar os aspectos
conotativos do significado, particularmente as conotações qualificadoras do objeto.
Os conceitos ou expressões que se destinam à investigação por meio do diferencial
sentico são localizados num espaço semântico, composto por um número de “n
dimenes, que retratam o significado afetivo do objeto (Pereira, 1986; Quehl, 2001). A
natureza estrutural de um conceito, bem como o caráter multidimensional no qual esse se
insere, não é de uma ordem universal; cada conceito depende da estrutura lingüística,
aspectos da cultura e população na qual o diferencial semântico se aplica para estudo
(Osgood, Suci & Tannenbaum, 1957; Pereira, 1986; Gusky, 1997).
Um aspecto importante no desenvolvimento da teoria do DS diz respeito aos
princípios mediadores e internos do indivíduo, a caixa preta (Pereira, 1986). Osgood e cols.
(1957) conduziram uma série de estudos e pesquisas de caráter experimental, buscando a
melhor maneira de medir as dimensões e o significado afetivo das palavras.
Um dos patamares da técnica do diferencial semântico está no “processo de
mediação representacional ” ou teoria representacional da teoria psicológica do significado
(Osgood e cols., 1957; Omar, 1984; Pereira 1986). Baseados nos pressupostos teóricos de
Hull (1930), Osgood e cols. (1957) propõem um re-elaboração do conceito de “ato
estímulo puro”, cuja função seria servir de estímulo para outro atos. Na explicação de Hull,
este atos seriam a “base orgânica explicativa da conduta simbólica” (Pereira, 1986, p. 3). A
teoria do representacional articulada com a hipótese da mediação formam o modelo
condustista da teoria do DS (Pereira, 1986).
O modelo condutista, juntamente com o modelo espacial e o modelo métrico
(Figura 5), apóiam teoricamente a técnica que se destina a medir significados e afetos
mobilizados por conceitos (Osgood e cols., 1957; Pereira, 1986).
25
Figura 5. Modelos teóricos constituintes da técnica do DS.
O modelo condutista, composto pelo processo de mediação representacional e a
hipótese da mediação, busca explicar o processo de codificação e decodificação no qual
um conceito signo de um objeto adquire significado e representação interna de uma parte
das características totais do objeto (Pereira, 1986). A hipótese mediacional pode ser
entendida como a caracterização de um signo em termos da presença ou não do processo
de mediação, onde uma fração ou parte de um comportamento total evocado pela
percepção de um signo acaba por funcionar como um estímulo eliciador desse processo
(Osgood e Cols., 1957; Pereira, 1986).
A reação do indivíduo frente a determinados estímulos, como conceitos-estímulos,
por exemplo, funciona como representações de vivências reais, mobilizando afetos e
crenças vinculados à estrutura psicológica do indivíduo (Pereira, 1986)). Já o processo de
mediação representacional refere-se ao mecanismo pelo qual o conjunto do ato estímulo ou
significado se forma a partir do modelo de três estágios: decodificação-associação-
codificação.
Um outro patamar teórico base da técnica do DS é o modelo espacial, o qual
pressupõe que um dado conceito se localiza num espaço, composto por n” dimensões ou
fatores (Omar, 1984; Pereira, 1986). Dessas dimensões, destacam-se três, tidas como
dimenes universais do conceito (Osgood e cols., 1957). São elas: avaliação (evaluation),
potência (potency) e atividade (activity), nomeadas pela sigla em inglês EPA (Figura 6).
26
Figura 6. Estrutura espacial do conceito.
A estrutura espacial EPA do significado foi estudada em diversas culturas,
anexando colaborações na afirmação da hipótese tridimensional do conceito (Osgood e
Cols, 1957; Heise, 1970). Um estudo realizado por Pereira (1986) no Rio de Janeiro
buscou confirmar a estrutura fatorial do significado afetivo de conceitos do idioma
português. Os conceitos aplicados a uma amostra de estudantes apresentaram estrutura
semelhante às encontradas nos trabalhos sobre o DS pelo mundo.
O terceiro modelo, o métrico, diz respeito à dimensão operacional da cnica do
diferencial semântico, correspondendo à estrutura em forma de escalas ou apresentação da
medida propriamente dita. Composta por um conjunto de escalas ímpares normalmente de
sete pontos, ancoradas por pares de adjetivos antagônicos em suas extremidades (Osgood e
cols., 1957). Seu objetivo consiste em quantificar e estimar as dimensões do conceito. Os
adjetivos dentro do modelo métrico funcionam como estruturas de mediação entre o
significado do objeto e o seu conceito (Figura 7) (Omar 1984; Quehl, 2001). A escolha de
palavras da classe adjetiva é sugerida por Osgood, Suci e Tannenbaum (1957), sendo que
elas devem exprimir as dimensões e propriedades do objeto foco do estudo.
27
Figura 7. Processo qualificador conceito-significado.
Como técnica científica (Omar 1984), o DS não pode ser confundido com testes
psicológicos; o DS é uma técnica de exploração, com princípios e limites metodológicos.
Portado essencialmente indicadores de três aspectos de confiabilidade: confiabilidade do
item, confiabilidade do conceito e confiabilidade fatorial.
O Diferencial Semântico para medir afetos mobilizados por fenômenos físicos
A técnica do DS apresenta um repertório vasto de estudos e aplicações que
extrapolam os tradicionais estudos do campo de pesquisa em psicologia. Nunnally (1970)
salienta que diferencial semântico é uma expressão genérica para referir-se a qualquer
conjunto de escalas de avaliação que possuam como ponto de referência adjetivos
bipolares (p. 489), fato que justifica seu emprego no mais diversos campos. São
encontradas pesquisas que utilizam a técnica no campo do marketing e desenvolvimento de
produtos, outros trabalhos na área da engenharia, ergonomia e saúde também o
encontrados (Nekolaichuk, Jevne & Maguire, 1999; Hsiao & Chen, 2006; Llinares & Page,
2007).
Na engenharia civil, visando mensurar a resposta a estímulos arquitetônicos, Graça,
Cheng e Petreche (2001) utilizaram uma escala de DS para avaliar 15 tipos diferentes de
imagens de fachada de moradias urbanas. A escala neste estudo foi constituído por
adjetivos usuais na arquitetura. Graça, Scarazzato e Kowaltowski (2001), no estudo sobre
28
métodos de avaliação de luminosidade em escolas, usaram o artifício metodológico de um
diferencial semântico na mensuração de conforto ambiental (funcional, térmico, acústico e
visual) de prédios de escolas públicas na cidade de São Paulo.
Com o objetivo de avaliar a percepção de produtos, Hsu, Chuang e Chang (2000),
aplicaram a técnica do DS na avaliação de 24 modelos diferentes de telefones residenciais.
O procedimento de análise fatorial como destaca Osgood e Cols. (1957) foi utilizado no
estudo, explicando a solução com três fatores (atividade, potência e avaliação) 90,4 % da
variância. Em Mondragón, Company e Vergara (2005) o DS foi utilizado na avaliação da
forma de máquinas e ferramentas industriais. Por meio de imagens recolhidas de sites via
internet de fabricantes, um DS criado com 18 pares de adjetivos descritores específicos do
produto foi utilizado na avaliação de 12 produtos diferentes. Como estes estudos revelam,
diversas são as variação de campo e aplicação para o DS. Apesar das variações no formato
da escalas (5 ou 7 pontos, por exemplo), a cnica é uma ferramenta auxiliar quando o
objetivo é conhecer os fatores relacionadas à percepção e significado que objetos distintos
adquirem.
Voltando ao campo dos fenômenos acústicos e vibracionais, os primeiros trabalhos
envolvendo a aplicação da técnica do diferencial semântico para avaliar fenômenos desta
natureza são encontrados nas pesquisas de Solomon (1958, 1959a, 1959b), tendo em seu
cerne a correlação de dimenes físicas do evento sonoro com dimensões psicológicas do
som, acessadas por meio do DS. Para Guski (1997), a elaboração de um diferencial
sentico para medida de fenômenos de modalidade acústica exige que se adentre no
campo semântico especifico do fenômeno, buscando palavras ou adjetivos que expressem
realmente as dimensões próprias do fenômeno acústico.
No campo da engenharia de qualidade sonora, pesquisas que utilizam a técnica do
DS têm como objetivo medir aspectos conotativos do significado, ou seja, as qualidades de
29
eventos acústicos e as percepções do ouvinte frente às características do som (Quehl, 2001;
Muller & Schutte, 2006). Como técnica de investigação em estudos de qualidade sonora, o
DS possibilita uma compreensão multidimensional das caractesticas perceptivas e
subjetivas da experiência auditiva.
Transpondo o modelo espacial de três dimensões do significado afetivo para
conceitos de natureza verbal de Osgood e Cols. (1957) (avaliação, potência e atividade)
estudos em acústica revelam outras dimensões, normalmente duas ou três, relacionadas
com a percepção do estímulo sonoro (Quehl, 2001). Pesquisas sobre a estrutura
dimensional do estímulo percebido ainda são escassas e não consensuais.
A questão teórica envolvendo a aplicação da técnica do diferencial semântico para
fenômenos de natureza acústica apresenta até o presente momento alguns pontos de
controvérsia. Alguns estudos demonstram que a estrutura fatorial do diferencial semântico
elaborado para fenômenos acústico, revela uma ruptura no modelo universal do significado
proposto por Osgood e cols. de 1957 (Solomon 1958; 1959a; 1959b; Quehl, 2001; Hempel
e Chouard, 1999). Estes estudos demonstram uma estrutura fatorial diferente ao modelo
tradicional com três dimenes. Soluções com quatro ou cinco fatores são encontradas em
Quehl (2001) e Hempel e Chouard (1999). Por outro lado, Buss, Schulte-Fortkamp e
Muckel (2000) numa investigação intercultural em três países (Alemanha, Itália e França)
sobre as diferenças perceptuais de sons de carro, apontam as análise fatorial uma solução
dimensional de avaliação com três fatores: conforto, força e sonoridade.
Controvérsias e confluências à parte, somente rigor científico e o acréscimo de
novo estudos poderão sanar tais ambigüidades. Pesquisa como o estudo aqui realizado têm
como objetivo colaborar no embate destas discussões.
30
Método
Natureza da pesquisa
Esta pesquisa tem uma natureza mista, composta por diferentes etapas. O estudo em
seu objetivo central buscou a mensuração de variáveis pré-determinadas, relativas às
propriedades perceptivas ou subjetivas dos fenômenos acústicos no interior de aeronaves
comerciais.
A princípio a pesquisa pode se classificar como um estudo quantitativo-descritivo,
ao passo que busca descrever e quantificar, por meio de um instrumento psicométrico, as
propriedades perceptivas inerentes ao ruído interno de aeronaves. De um outro ponto vista,
é um estudo visto também como uma pesquisa de desenvolvimento, a qual, segundo
Contandriopoulos, Champagne, Potvin e Boyle (1997), possui como princípio norteador o
desenvolvimento ou elaboração sistemática de procedimentos de intervenção,
instrumentação ou métodos de medição, no caso aqui especifico, a medida de avaliação das
propriedades acústicas no interior de aeronaves.
Do ponto vista operacional, este estudo possui um delineamento de levantamento
de dados com controle (Campos, 2001), o que alguns pesquisadores chamam de atitude
experimental (Ghiglione & Matalon, 1993). Por mais que os pesquisadores não exerçam
um controle absoluto de todas as variáveis, existe uma intenção de controle sobre aspectos
como as características demográficas dos participantes, o formato padrão dos ensaios no
simulador de aeronave e padronização dos estímulos acústicos.
Ao final, este estudo possui uma característica descritiva correlacional, de modo
que visa integrar a natureza instrumental de uma medida psicológica com aspectos
31
perceptivos de estímulos acústicos e a construção do significado relativo a este fenômeno
no interior de aeronaves.
Contexto do trabalho
Esta pesquisa surge num cenário marcado pelo crescente avanço e aperfeoamento
tecnológico nos meios de transporte aéreo. Um momento de busca por melhoria da
qualidade e conforto dos serviços prestados aos consumidores do campo da aviação. Como
já é tradão dentro da indústria brasileira, as empresas de destaque internacional buscam
nas Instituições de Ensino Superior, e em especial nas Universidades Públicas, o apoio e o
conhecimento necessário à melhoria e aprimoramento de suas tecnologias.
Este trabalho é mais um exemplo deste fato. A partir de uma demanda por sistemas
de avaliação mais complexos de qualidade vibro-acústica no interior de aeronaves, a
indústria aeronáutica, representada por uma empresa de capital privado, com apoio da
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), buscam, juntamente com os Laboratórios de
Psicologia do Trabalho e Ergonomia (PSITRAB) e o Laboratório de Vibrações e Acústica,
a resolução de um problema envolto em um campo de diversas interfaces.
Uma equipe principal de trabalho composta por um psicólogo, um engenheiro
mecânico e uma fonoaudióloga atuou diretamente na formulação e condução do projeto de
qualidade sonora. A especificidade do presente estudo no projeto caracteriza-se pela
construção da medida subjetiva para avaliação de sons e ruídos no interior de aeronaves.
Participantes do estudo
A amostra definida neste estudo foi de caráter não probabilístico. A escolha dos
participantes foi orientada pela intenção principal, que foi construir a medida psicométrica.
Em função da dificuldade de acesso a uma população específica de pessoas com
32
experiência em vôo, optou-se pela construção de um banco de potenciais participantes.
Este estudo contou ainda com uma segunda amostra, constituída por funcionários da
empresa fabricante de aeronaves.
O banco de potenciais participantes foi formado em sua maioria por estudantes
universitários de cursos de graduação e pós-graduação de uma Universidade Federal do sul
do Brasil. Os participantes inscritos neste banco tinham a possibilidade de serem chamados
para mais de uma etapa do estudo, mas apenas uma vez por etapa. Este banco de
participantes foi constituído por indivíduos de ambos os sexos, convidados por meio de
cartazes de divulgação e convites em salas de aula realizados pelo pesquisador.
No total 685 pessoas participaram do estudo. Os dados demográficos dos
participantes de cada etapa são descritos na Tabela 1. Dados demográficos mais
específicos, como curso que freqüentava, freqüência com que viajava de avião e renda
familiar aproximada, foram obtidos apenas na etapa de validação da medida, conforme
indicado nos resultados do trabalho.
Destaca-se que todos os participantes, anteriormente à realização de qualquer etapa
da pesquisa, foram orientados sobre os procedimentos éticos do estudo, bem como lhes foi
informado sobre sua possibilidade de desistência por livre e espontânea vontade em
qualquer momento da pesquisa. Após receberem essas instruções, todos os participantes
receberam e assinaram o termo livre esclarecido, do qual foi entregue uma cópia para o
participante enquanto outra permaneceu com o pesquisador.
Para a amostra de participantes submetidos à etapa final de validação, adotou-se a
variável critério de haver vivenciado uma experiência de vôo na vida, e o critério de
apresentar boa saúde auditiva, verificada via avaliação audiométrica pela fonoaudióloga de
equipe.
33
Tabela 1: Dados demográficos gerais dos participantes por etapa.
Sexo Idade (anos) Etapa
Masculino Feminino Média (Dp)
C. desc. para sons e vibrações via e-mail 32 38 30,2 (8,3)
C.de descritores para sons em simulador
81 30
23,2 (5,4)
C.de desc. para vibração sons trios
11 8
23 (3,7)
C. de descritores para vibração em simulador
62 20
22,6 (5,1)
C.de desc. para vibração via trios
11 8
23 (3,7)
Coleta desc. ant. A
51 50
24,0 (5,5)
Coleta desc. ant. B
20 15
21,8 (4,6)
Coleta desc. ant. C
11 21
22,1 (4,0)
Construção e aplicação do DS piloto (I)
23 10
23,7 (4,0)
Construção e aplicação do DS piloto (II) em vôo
15 9
29, 8 (5,6)
Avaliação de pert. dos descritores por estudantes
10 10
23,2 (2,3)
Reest.. e aplicação do DS com fins de validação*
172 120
24,45(6,6)
Todas as etapas
393 292
25,0 (7,2)
*Obs: esses são os dados brutos, anterior ao procedimento de análise. No tratamento estatístico final dos
dados para validação participantes foram excluídos.
Ambientes do estudo
A pesquisa foi realizada em três ambientes distintos, definidos conforme a etapa e o
objetivo da atividade. Foram eles: sala de ri, sala de aula e o interior de uma aeronave
comercial em situação de vôo.
Sala de júri
Este ambiente foi composto por um simulador do interior de uma aeronave
chamado de mock-up (Figura 8). Esta estrutura encontrava-se instalada no interior de uma
sala do Laboratório de Vibrações e Astica, e teve como objetivo recriar as condições
vibro-acústicas reais do interior de uma aeronave. As dimensões do simulador eram de
quatro metros de largura e cinco de comprimento, com dois metros de altura
aproximadamente. Diversos equipamentos como seis poltronas de avião, um laptop,
34
subwoofers
6
, equalizadores
7
e fones de ouvido encontravam-se instalados no seu interior,
todos buscando a reprodução mais fidedigna de um ambiente vibro-acústico de vôo real.
Sala de aula
A etapa do estudo relativa à coleta de descritores annimos foi realizada em salas
de aulas de cursos de graduação da universidade federal. As salas de aula eram ambientes
tradicionais de ensino, com cadeiras e mesas de estudo, além de alguns equipamentos
audiovisuais.
Interior de uma aeronave em situação real de vôo
Uma aeronave comercial produzida pela empresa de capital privado participante do
projeto foi utilizada para aplicação e avaliação da escala de diferencial semântico em
situação de vôo. A aeronave possuía todos os equipamentos presentes numa aeronave real.
Dados relativos ao modelo de aeronave utilizado e procedimentos adotados no seu interior
ficam omitidos no corpo deste trabalho, devido a normas internas da empresa.
6
Subwoofers: auto-falante de grande dimensão utilizado para criação de vibrações na poltrona da aeronave.
o existe uma tradução adequada para o equipamento em português.
7
Equalizadores: equipamentos acústicos para alteração controlada dos estímulos acústicos, este aparelho
propícia maior qualidade e veracidade nas reproduções de áudio.
35
Figura 8. Mock-up local dos ensaios com ouvintes, visão interna e externa
36
Estímulos acústicos
Diversos estímulos acústicos foram utilizados nos procedimentos de levantamento
de dados e durante a construção validação do diferencial semântico. As gravações foram
preparadas e ajustadas pelo engenheiro mecânico, responsável técnico do projeto. Os sons
foram gravados e reproduzidos por meio da tecnologia bi-auricular (Figura 9). Este tipo de
tecnologia tem como característica a gravação de sensações auditivas autênticas,
possibilitando um maior realismo e veracidade no momento da reprodução dos estímulos
acústicos (Lima, 2005).
A reprodução dos estímulos de natureza vibracional foi prejudicada devido as
característica do simulador mock-up.
Figura 9. Simulador que realiza gravação bi-auricular.
37
É importante destacar neste momento a natureza e característica dos sons utilizados
na etapa de validação. Estes eram sons de diferentes aeronaves, gravados em posições
diferentes da aeronave, fato que determinou caractesticas diferentes em termos sicos e
perceptivos para o fenômeno.
Descrição e procedimentos dos estudos
No processo de condução da pesquisa, dois estudos centrais, compostos por suas
respectivas etapas, compuseram o trabalho. O estudo I, nomeado estudo da semântica,
relacionou-se ao levantamento das palavras descritoras de sons e vibrações no interior de
aeronaves. Ele teve como objetivo dar base para a construção da medida psicológica e
servir de auxilio para futuros instrumentos de medida para avaliação de propriedades
acústicas e vibracionais no interior de aeronaves. O estudo II, nomeado construção e
validação da medida, foi relacionado ao processo de construção e validação da medida
psicológica proposta como objetivo geral do trabalho.
A descrição das etapas de cada estudo, além dos procedimentos adotados no campo
empírico, a origem dos participantes e características dos instrumentos empregados, o
descritos sucintamente no formato de tópicos na seqüência do trabalho. A Figura 12 na
sequencia traz um quadro geral com todas as etapas dos dois estudos.
38
Etapa Sub-etapa Ambiente Produto
esperado
Coleta de descritores para sons e vibrações
via correio eletrônico
internet descritores
Coleta de descritores para sons e vibrações
via consulta a especialistas
simulador descritores
Coleta de descritores para sons via
simulador vibro-acústico
simulador descritores
Coleta de descritores para sons via
comparação de trios
simulador descritores
Coleta de descritores para vibração via
simulador vibro-acústico.
simulador descritores
Coleta de descritores para vibração via
comparação de trios
simulador descritores
Estudo da semântica
Coleta de descritores antônimos para sons
e vibrações (três etapa)
sala de
aula
descritores
antônimos
Construção e aplicação do diferencial
semântico piloto (I)
simulador escala piloto de
DS
Construção e aplicação do diferencial
semântico piloto (II) em vôo
aeronave escala piloto de
DS
Avaliação de pertinência dos descritores
por estudantes
Simulador escala de
pertinência
Avaliação de pertinência dos descritores
por juízes
N/C escala de
pertinência
Avaliação de pertinência dos itens por
juízes
N/C escala de
pertinência
Construção e
validação da medida
Reestruturação e aplicação do diferencial
semântico com fins de validação
simulador escala de DS
válida
Figura 10. Visão geral das etapas do estudo.
39
Estudo I: Estudo da semântica
Esta etapa da pesquisa relacionou-se ao estudo das palavras descritoras das
propriedades acústicas e vibracionais no interior de aeronaves. O seu objetivo foi levantar
palavras ou atributos semânticos para descrição de som e vibração no interior de
aeronaves, dentro do idioma português.
É importante apontar que mudanças nos procedimentos de campo foram realizadas
durante a ida a campo visando aprimorar a qualidade dos dados coletados. Entre estes
aprimoramentos, destaca-se o desmembramento na coleta de descritores para som e
vibração. Após a etapa de consultas a especialistas, optou-se por coletar estes descritores
separadamente.
Coleta de descritores para sons e vibrações via correio eletrônico.
Descrição: estudo exploratório inicial realizado via World Wide Web (WWW) com
objetivo de identificar palavras utilizadas para descrição de sons e ruídos no interior de
aeronaves.
Participantes: pessoas inscritas numa lista de discussão na WWW.
Instrumento: questionário para coleta de descritores via correio eletrônico, contendo
perguntas relativas à caracterização demográfica dos participantes e uma questão referente
à tarefa de coleta de descritores, que foi a seguinte: “Quais as palavras que você utilizaria
para descrever os sons e vibrações sentidas numa viagem de avião?” (ver Apêndice).
Procedimentos: Mensagens eletrônicas foram enviadas a participantes inscritos numa lista
de discussão de uma comunidade na internet. Estas mensagens tinham formato de
questionário, e continham as perguntas descritas anteriormente. Após responderem às
40
perguntas, os questionários dos participantes foram encaminhados novamente ao
pesquisador via correio eletrônico. Posteriormente os resultados foram organizados e
tabulados numa planilha de dados do tipo Excel.
Análise de dados: Após serem tabulados, os dados foram agrupados em categorias
semanticamente próximas. Palavras do plural foram transformadas no singular e adjetivos
no feminino transformados para o masculino. Ao final dessa categorização calculou-se a
freqüência de ocorrência de cada palavra.
Coleta de descritores para sons e vibrações via consulta a especialistas.
Descrição: atividade realizada com grupos de especialistas em acústica, com o objetivo de
identificar as palavras comumente utilizadas pelos usuários de transporte aéreo para
descrever as propriedades acústicas e vibracionais sentidas no interior de aeronaves.
Participantes: especialistas em acústica.
Instrumentos: não houve instrumentos formais.
Procedimentos: um grupo de especialistas em acústica foi reunido em uma sala de aula
onde, por meio de uma atividade em grupo conduzida pelo pesquisador, eles foram
orientados a responder em conjunto à seguinte pergunta: Quais as palavras as pessoas
usuárias de transporte aéreo podem utilizar para qualificar os sons e vibrações sentidos no
interior de uma aeronave?”. Na seqüência, após discussão do grupo de especialistas e
consenso sobre as palavras, elaborou-se uma lista com palavras mais importantes, segundo
a opinião dos especialistas.
Análise de dados: nenhum procedimento foi utilizado nesta etapa.
41
Coleta de descritores para som em simulador vibro-acústico.
Descrição: atividade realizada no simulador mock-up, com objetivo de coletar descritores
para som em uma situação vibro-acústica de vôo simulada.
Participantes: pessoas oriundas do banco de potenciais participantes.
Instrumentos: questionário para coleta de descritores em simulador. Este questionário
continha lacunas em branco nas qual o participante acrescia os adjetivos e palavras que
caracterizam os sons percebidos (ver Apêndice).
Procedimentos: após um agendamento individual de horário via telefone, cada participante
conduzido até o laboratório recebeu os devidos esclarecimentos sobre a natureza da
pesquisa e tarefa a ser realizada. Em seguida o termo de livre consentimento esclarecido
(ver Apêndice) foi entregue e preenchido pelo participante. Finalizados estes
procedimentos, o participante foi direcionado ao interior do simulador, onde recebeu um
questionário e orientações sobre a colocação dos fones de ouvido. Com autorização do
pesquisador, o ensaio era iniciado. Durante o ensaio, o participante escutava sons do
interior de uma aeronave na situação de vôo cruzeiro
8
. Enquanto escutava era orientado
pelas questões do questionário a nomear com palavras, preferencialmente da classe dos
adjetivos, as características do estímulo percebido. O tempo de realização desta tarefa foi
de aproximadamente 15 minutos por participante.
Análise de dados: primeiramente os dados foram tabulados numa planilha e na seqüência
procedimentos de categorização idênticos aos da etapa via internet foram realizados. Ao
final da categorização calculou-se a freência de ocorrência de cada palavra.
8
Situação de vôo cruzeiro: momento do vôo posterior à decolagem e anterior ao pouso. É situação de rota da
aeronave.
42
Coleta de descritores para sons via comparação de trios.
Descrição: atividade realizada no simulador mock-up, baseada no trabalho de Martens &
Giragama (2002), com objetivo de coletar descritores para sons no interior de aeronaves.
Participantes: pessoas oriundas do banco de potenciais participantes.
Instrumentos: questionário para coleta de descritores técnica de comparação de trios (ver
Apêndice) e software tocador de som (Figura 10). O questionário utilizado nesta atividade
continha duas caixas de texto e suas respectivas perguntas. Na primeira caixa foi
perguntado ao participante qual dos sons era o mais diferente, com destinação de um
espaço para resposta e descrição de adjetivos que caracterizassem tal diferença. A segunda
caixa perguntava quais dos sons eram semelhantes, um espaço para resposta era dado, e
adjetivos que descrevessem a semelhança eram solicitados. O software criado para esta
etapa possuía três botões para tocar o som e vibração e mais dois botões de prosseguir e
retroceder o trio, e um botão para pausar. Os ts primeiros botões foram utilizados na
tarefa de coleta de descritores para som. Ao apertar o botão o programa reproduzia a
gravação do interior de uma aeronave. O quarto botão foi utilizado apenas na tarefa de
coleta de descritores via comparação de trios para vibração.
Procedimentos: após um agendamento de horário via telefone, cada participante foi
encaminhado ao laboratório, onde recebeu os devidos esclarecimentos sobre a natureza e
aspectos éticos da pesquisa, além dos detalhes sobre tarefa a ser realizada, de modo similar
à etapa anterior. Ao ser conduzido ao simulador, um questionário foi entregue ao
participante e orientações sobre a tarefa foram dadas. Quando o ensaio era iniciado o
participante era exposto por meio do software a trios de sons de diferentes aeronaves, e
devia escutá-los com suas respectivas vibrações e identificar qual era o som mais diferente
43
entre estes. Após a identificação foi solicitado, através do questionário, que o participante
indicasse o respectivo som e nomeasse adjetivos ou palavras que descrevessem tal
diferença. Na seqüência, uma segunda pergunta sobre qual era a semelhança entre os
outros dois sons foi realizada. Desta vez, o participante indicava os sons mais semelhantes,
e descrevia adjetivos ou palavras que caracterizassem a semelhança. Cada participante
repetiu esta tarefa por mais nove vezes com outros tipos de trios de sons. O tempo total de
realizão desta etapa variou de 30 a 45 minutos.
Análise de dados: similar à etapa anterior, os dados foram tabulados numa planilha e na
seqüência procedimentos de categorização, idênticos aos das etapas passadas foram
realizados. Ao final da categorização calculou-se a freqüência de ocorrência de cada
palavra.
Figura 11: Software utilizado na cnica de comparação de trios.
44
Coleta de descritores para vibração em simulador vibro-acústico.
Descrição: atividade realizada no simulador mock-up, com objetivo de coletar descritores
para vibração em uma situação vibro-acústica de vôo simulada.
Participantes: participantes oriundos do banco de potenciais participantes.
Instrumentos: questionário para coleta de descritores em simulador. Este questionário foi o
mesmo utilizado na etapa equivalente para sons; a diferença do instrumento se deu apenas
no espaço de preenchimento utilizado e pergunta de orientação (ver apêndice).
Procedimentos: esta atividade ocorreu após a coleta de descritores para som em simulador
vibro-acústico. A tarefa de coleta de descritores para vibração em simulador sofreu
alterações apenas na demanda solicitada ao participante e no formato das perguntas chaves
do questionário. Nesta etapa, o participante, após ouvir os sons do interior da aeronave
com suas respectivas vibrações, foi orientado via questionário a descrever palavras que
qualificassem as vibrações sentidas durante a simulação do vôo. A duração da atividade foi
de cerca de 10 minutos.
Análise de dados: similar às etapas de coleta de descritas para som. Após tabulados, os
dados foram categorizados; neste processo, as palavras masculinas foram transformadas
para o feminino, e os termos no plural foram transcritos para o singular. Posteriormente
calculou-se a freqüência de ocorrência de cada palavra.
45
Coleta de descritores para vibração via comparação de trios.
Descrição: atividade realizada no simulador mock-up, similar à tarefa de comparação de
trios para som. O objetivo desta tarefa foi coletar descritores para vibração em uma
situação de vôo simulada.
Participantes: participantes oriundos do banco de potenciais participantes.
Instrumentos: questionário para coleta de descritores via técnica de comparação de trios e
software tocador de som.
Procedimentos: esta etapa ocorreu na seqüência da coleta de descritores para som via
técnica de comparação de trios. Após o participante responder o questionário de
comparação de trios para som, este foi orientado a selecionar e apertar o quarto botão (som
+ vibração) e prestar atenção nas vibrações sentidas durante o ensaio. Depois respondia os
itens do questionário para vibração. Neste momento, em vez de discriminar semelhanças
ou diferenças, ele foi orientado a apenas nomear adjetivos ou palavras que identificassem e
descrevessem as caractesticas da vibração que era percebida no momento do ensaio. Do
mesmo modo que anteriormente, o participante nomeava adjetivos para nove situações
diferentes.
Análise de dados: idêntica à etapa anterior.
Coleta de descritores antônimos para sons e vibrações (três etapas).
Descrição: Após o tratamento estatístico e a definição das palavras mais relevantes na
definição do espo semântico dos fenômenos asticos e vibracionais encontradas por
meio das etapas anteriores, foi realizada uma coleta de descritores annimos.
46
Participantes: estudantes universitários
9
.
Instrumentos: questionário para coleta de descritores antônimos. Foram elaborados três
questionários com conjunto de descritores diferentes. Os questionários tinham o mesmo
formato; a diferença entre eles estava no conjunto de descritores que compunha os
mesmos. Ao lado de cada descritor existia um espaço em branco onde era solicitado ao
participante que acrescentasse o annimo respectivo para palavra solicitada (ver
Apêndice).
Procedimentos: esta etapa foi realizada em salas de aula de uma universidade pública.
Após autorização dos professores responsáveis de cada disciplina, o pesquisador deu uma
breve explicação sobre o projeto aos alunos. A seguir, instruções relativas à tarefa que seria
realizada foram dadas ao grupo. Na seqüência o termo de consentimento livre esclarecido
foi entregue juntamente com o questionário de antônimos aos alunos. Com aval do
pesquisador, o preenchimento do questionário era iniciado. Finalizados os questionários,
os mesmos foram recolhidos pelo pesquisador juntamente com o termo de consentimento.
Análise de dados: primeiramente todos os dados foram tabulados; na seqüência,
procedimentos de categorização adotadas nas etapas anteriores foram empregados. Na
seqüência calculou-se a freqüência de ocorrências dos antônimos para cada descritor.
Estudo II: Construção e Validação da Medida
O segundo estudo desta pesquisa destinou-se à construção e validação de uma
escala psicométrica baseada na técnica do diferencial semântico para avaliação da
percepção de sons e ruídos no interior de aeronaves. O estudo contemplou dois estudos
9
Os cursos de origem dos participantes desta etapa não serão descritos devido ao não preenchimento desta
informação pela maioria dos participantes.
47
pilotos de desenvolvimento da medida, três avaliações do conteúdo dos itens e um estudo
final de validação da medida.
Construção e aplicação do diferencial semântico piloto.
Descrição: avaliação preliminar do som do interior de uma aeronave em situação simulada
por meio de uma escala de diferencial semântico contendo 20 pares de adjetivos.
Participantes: pessoas oriundas do banco de potenciais participantes.
Instrumentos: escala piloto (I) de diferencial semântico com 20 itens, versão lápis e papel
(ver Apêndice). A escala de DS desta etapa possuía sete pontos e foi composta por
adjetivos e seus respectivos antônimos coletados nas etapas anteriores.
Procedimentos: a partir de um horário agendado, cada participante encaminhado até o
laboratório recebeu informações essenciais sobre a natureza do projeto. Sanadas as
dúvidas, o participante foi dirigido até o simulador, onde recebeu uma prancheta contendo
a escala para avaliação de sons. Na seqüência, o participante foi exposto a uma gravação
de viagem de avião com a duração aproximada de 7 minutos. Ao término da exposição o
mesmo julgava o som ao qual tinha escutado por meio da escala de DS.
Análise de dados: após serem tabulados, calculou-se a média dos valores de cada item da
escala, conforme se descreve nos resultados.
Construção e aplicação do diferencial semântico piloto (II) em vôo.
Descrição: avaliação dos sons no interior de aeronave por meio de uma escala diferencial
sentico piloto (II) com 35 pares de adjetivos, em situação real de vôo.
48
Participantes: funcionários convidados da empresa de capital privado fabricante de
aeronaves.
Instrumentos: escala piloto (II) de diferencial semântico com 35 itens, versão lápis e papel
(ver Apêndice). O formato desta escala foi idêntico ao DS piloto (I). O instrumento sofreu
alterações no número de itens; 15 pares de adjetivos foram adicionados ao novo
instrumento visando ampliar a possibilidade de avaliação da escala.
Procedimentos: primeiramente os participantes receberam um treinamento sobre o modo
de preencher e avaliar os sons por meio da escala de DS. Este treinamento foi realizado em
uma sala de aula da ppria empresa; informações sobre o projeto e os aspectos éticos da
pesquisa também foram dados neste momento. Cumprida essa tarefa, os participantes
foram conduzidos em conjunto até a aeronave na qual seria realizada a avaliação. No
interior da aeronave os participantes receberam as orientações finais sobre os
procedimentos de segurança do vôo e a tarefa futura de avaliação dos sons. Cada
participante recebeu um formulário que continha os questionários para avaliação durante o
vôo. Cada participante realizou três avaliações em posições diferentes da aeronave. Os
inícios das avaliações e mudança de poltrona foram determinados pelo pesquisador
responsável. Informações adicionais sobre esta etapa da pesquisa são restritas por normas
da empresa.
Análise de dados: primeiramente tabularam-se os dados, na seqüência calculou-se a média
dos valores de cada item da escala por região em que o participante avaliou o som.
Avaliação da pertinência dos descritores por estudantes.
Descrição: avaliação da pertinência dos adjetivos constituintes da versão do DS piloto (II).
49
Participantes: participantes oriundos do banco de potencias participantes.
Instrumentos: Questionário contendo os 70 adjetivos do DS piloto (II) (ver Apêndice). Este
possuía um vel ordinal de cinco categorias de avaliação: muito inapropriado,
inapropriado, indiferente, apropriado e muito apropriado.
Procedimentos: após agendamento do horário e o cumprimento dos procedimentos éticos
da pesquisa, cada participante foi instruído sobre a tarefa. Os participantes responderam
um questionário de pertinência dentro do simulador, após ouvirem pelo menos 10 tipos de
gravações de viagens do interior de aeronaves. A duração média desta tarefa foi de 25
minutos.
Análise de dados: primeiramente tabularam-se os dados dos questionários. No momento da
análise os dados foram re-codificados em três categorias, a saber: inapropriado, indiferente
e apropriado. Após, calculou-se a freqüência de ocorrência por categoria para cada
adjetivo.
Avaliação de pertinência dos descritores por juízes.
Descrição: avaliação da pertinência dos adjetivos constituintes da versão do DS piloto (II),
por especialistas em acústica.
Participantes: especialistas em acústica.
Instrumentos: idêntico ao utilizado pelos estudantes de avaliação de pertinência para
estudantes.
Procedimentos: com proposta semelhante à etapa anterior, um grupo de peritos em acústica
avaliou a pertinência dos 70 adjetivos utilizados na escala utilizada no ensaio em vôo.
50
Diferente do que ocorreu com os estudantes, os especialistas avaliaram os descritores de
som fora do simulador. O questionário foi entregue pessoalmente a cada especialista,
depois de respondido o mesmo foi devolvido e tabulado pelo pesquisador.
Análise de dados: idêntica à etapa anterior.
Avaliação de pertinência dos itens por juízes.
Descrição: avaliação da pertinência dos itens/pares de adjetivos constituintes da versão
piloto (II) do DS por especialistas em acústica.
Participantes: especialistas em acústica.
Instrumentos: Questionário contendo os 35 itens do DS piloto (II), este possuía um nível
ordinal de cinco pontos de avalião: muito inapropriado, inapropriado, indiferente,
apropriado e muito apropriado.
Procedimentos: com proposta semelhante às duas etapas anteriores, um grupo de peritos
em acústica avaliou 35 itens/pares de adjetivos utilizados no DS piloto (II). Os
questionários foram entregues pessoalmente a cada especialista, depois de respondido o
mesmo foi devolvido e tabulado pelo pesquisador.
Análise de dados: semelhante à etapa de avaliação dos adjetivos isoladamente, após a
tabulação dos dados, as respostas dos participantes também foram recodificadas em três
categorias, a saber: inapropriado, indiferente e apropriado. Na seqüência calculou-se a
freqüência de ocorrência por categoria para cada item.
51
Reestruturação e aplicação do diferencial semântico com fins de validação
Descrição: Após análise dos resultados das etapas anteriores de construção da medida, uma
nova escala de diferencial semântico baseada nos itens do DS piloto (II) e acrescida de
algumas alterações foi organizada e submetida a procedimentos de validação.
Participantes: pessoas oriundas do banco de potenciais participantes, com pelo menos uma
experiência de vôo na vida e sem nenhum indicador de perda auditiva.
Instrumentos: a escala de DS utilizada nesta etapa foi adaptada num software criado pelo
grupo de pesquisa, com objetivo de facilitar o processo de coleta e tabulação de dados. O
programa era iniciado ao participante com uma tela de identificação na qual eram
solicitados dados e informações como sexo, idade, escolaridade, experncia em vôo e
número de viagens dos últimos 12 meses. Seqüencialmente, uma tela de treinamento sobre
o uso da escala de DS era apresentada. Partindo para próxima tela, o software apresentava
todos os sons que seriam avaliados por meio das escalas de DS, este período de exposição
era controlado pelo software e teve propósito de ambientar
10
os participantes com os
estímulos acústicos avaliados na seqüência. Após exibição dos sons, o software
apresentava ao participante a informação sobre o início da avaliação do primeiro som. Uma
tela conforme Figura 11, apresentava cada par de adjetivos, pela qual o participante
avaliava o som. Cada par era exibido isoladamente, e após a confirmação da resposta o
próximo par era apresentado, e assim sucessivamente com os demais pares. Nesta etapa o
questionário foi operacionalizado numa tela sensível ao toque (touch screem).
Estímulos acústicos: No total 17 gravações de viagem foram utilizadas, operacionalizadas
em três situações de avaliação por participante. A situação 1 e 2 tiveram seus estímulos
10
Peodo de adaptação fisiológica e reconhecimentos dos estímulos a serem avaliados.
52
variando e a situação 3 manteve o estímulo constante. Os dados da situação 1 não foram
utilizados nos procedimentos analíticos desta pesquisa, estes serviram apenas para o
treinamento e adaptação do participante com o procedimento. Com dados respondidos
para a situação 3 com estímulo fixo, verificou-se a estrutura fatorial e a validade de
construto para as escala de DS resultante. Com os dados da situação 2, composta por 8
estímulos diferentes, dos quais utilizaram-se apenas os dados respondidos para 4 sons,
verificou-se a validade discriminante da escala para os estímulos acústicos.
Figura 12. Software que reproduziu o DS no computador.
53
Procedimentos: os participantes desta etapa anterior ao ensaio recebiam uma breve
explicação do projeto e esclarecimento sobre os procedimentos éticos do estudo. Sanadas
as dúvidas, o participante era encaminhado a uma avaliação audiométrica junto à
fonoaudióloga da equipe. Cumprido estes quesitos o participante retornava a sala de júri na
qual era conduzido até o simulador. Dentro do simulador, o participante acomodado
primeiro dava entrada com seus dados de identificação (sexo, idade, escolaridade,
experiência em vôo) no software. Após este procedimento o ensaio era conduzido com um
período de três minutos para ambientação e familiarização com os estímulos acústicos a
serem avaliados. Na seqüência, cada estímulo isoladamente era exposto e avaliado pelo
participante. No total três estímulos independentes e diferentes foram avaliados num
mesmo ensaio. Este ensaio teve duração de 30 minutos.
Análise de dados: os dados foram tratados com auxilio do pacote estatístico SPSS, versão
13. Primeiramente realizou-se uma inspeção visual das distribuições via gráficos de
histograma e estatísticas freqüências das variáveis. Sequencialmente tratou-se os dados
omissos e foram identificados os casos de valores extremos, conforme orienta Pasquali
(2005a). Após os dados ajustados, visando atingir a validade de construto, adotou-se
procedimentos multivariados, como análise fatorial exploratória (Pérez, 2001; Pasquali,
2005b) aliados a análise paralela visando averiguar a estrutura dimensional da escala de
DS. A análise da consistência interna da escalas foi realizada ao final buscando averiguar o
grau de confiabilidade de cada escala do instrumento. Outras técnicas estatísticas, tais
como análise da variância multivariada MANOVA (Hair, Anderson, Tatham & Black,
1999) foram realizados após a determinação da escalas com o objetivo de verificar as
diferenças de avaliação do fenômeno entre grupos de participantes por tipo de estímulo
percebido.
54
Aspectos éticos do estudo
De acordo com as normas do Conselho Nacional de Saúde (196/96), a proposta de
pesquisa foi encaminhada e aprovada junto ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos (CEPSH) da Universidade Federal de Santa Catarina. O protocolo foi aprovado
com o número 452/06.
55
Resultados
Os resultados desta pesquisa foram divididos em duas partes; o Estudo I, relativo ao
estudo da semântica do português de descrição para sons e vibrações para interior de
aeronaves; e o Estudo II, sobre o processo de construção e validação da medida para
avaliação de sons no interior de aeronaves.
Estudo I: Estudo da Semântica
O estudo da semântica descritiva de qualquer objeto dentro do marco teórico
abarcado pela técnica do diferencial semântico é um eixo vital em todo estudo que se
proponha ao uso da técnica. A diversidade de procedimentos utilizados nesta etapa de
pesquisa visou, sobretudo, superar a dificuldade da precisão e natureza própria do objeto
deste estudo. Descrever objetos de natureza física, no caso sons e vibrações, é uma tarefa
marcada por um grau elevado de dificuldade e imprecisão. Qualificar com palavras tais
fenômenos é uma tarefa normalmente abstrata para a maioria das pessoas. A tradução
comumente usada em outros estudos de expressões ou, no caso do diferencial semântico,
dos adjetivos que compõem a escala, torna a construção de instrumentos de medida
suscetível a erros e equívocos.
No caso especifico do idioma português, nenhum estudo sobre semântica de
descrição para sons, ruídos e vibrações no interior de aeronaves foi encontrado até o
momento da realização desta pesquisa. O estudo da semântica apresentado neste trabalho
buscou dar subdio à construção da presente medida psicológica, bem como de futuros
instrumentos psicométricos no campo da avalião em qualidade sonora no interior de
aeronaves.
56
O estudo de descritores dividiu-se em dois estudos: a coleta de descritores para sons
e ruídos, e a coleta de descritores para vibração. É importante destacar, que neste trabalho
sons e ruídos são tratados como sinônimos.
Nas duas primeiras sub-etapas, coleta de descritores via correio eletrônico, e
consulta a especialistas, descritores de som e vibração foram coletados conjuntamente. Por
decisão do grupo de trabalho, optou-se na seqüência do trabalho por segmentar e tornar
independente a coleta para cada objeto. Na parte do estudo relativa à semântica de
descrição de sons e ruídos, duas etapas de coleta de dados compuseram o trabalho: coleta
de descritores em simulador, e técnica de comparação de trios. No estudo de descritores
para vibração, as mesmas duas etapas, com uma sutil diferença para etapa de comparação
de trios, foram realizadas.
Ao final de todas as etapas de coleta de descritores, procedeu-se com um estudo de
descritores antônimos para aquelas palavras mais relevantes na caracterização dos
fenômenos acústicos e vibracionais no interior de aeronaves.
Coleta de descritores para sons e vibrações via correio eletrônico
Um levantamento inicial de dados foi realizado através do envio de mensagens
eletnicas distribuídas informalmente a pessoas participantes de um comunidade na
internet. No total 70 pessoas responderam ao questionário enviado via correio eletrônico,
dos participantes 32 eram do sexo masculino e 38 do feminino, a média de idade dos
participantes foi de 30 anos e 2 meses, com desvio padrão de 8 anos e 3 meses.
Um total de 31 categorias foram criadas. A Tabela 2 apresenta os adjetivos e
expressões mencionadas pelos participantes e número respectivo de ocorrências por termo.
57
Tabela 2. Descritores coletados via e-mail.
Descritor Freência de ocorrência
desconfortável 11
Incômodo 11
desagradável 9
adaptável 5
aceitável 3
gostaria que diminuísse 3
não perturbador 3
acostumável 2
ansioso 2
insegura 2
irritante 2
perigo iminente 2
Vibração ignorável 2
áspero 1
barulhento 1
constante 1
estridente 1
inadequado 1
interessante 1
sonolento 1
medo 1
monótono 1
murmurado 1
o intermitente 1
o irritante 1
necessário 1
tolerável 1
normal 1
pressionante 1
tenso 1
tranqüilo 1
Coleta de descritores para sons e vibrações via consulta a especialistas
Por meio de atividade realizada com especialista em acústica, foram coletadas
palavras para descrição do fenômeno estudado. Os participantes desta etapa, no total de
cinco pessoas, nomeados de juízes, eram estudantes de pós-graduação em engenharia
mecânica (não foram coletados dados demográficos relativos a caracterização dos
participantes).
A atividade ocorreu anteriormente a uma reunião com o grupo de engenheiros do
Projeto Qualidade Sonora em Aeronaves, a partir da pergunta “Quais palavras às pessoas
costumam utilizar com maior freqüência para descrever a propriedades dos fenômenos
58
acústicos e vibracionais?”, os especialistas citavam palavras e expressões que poderiam ser
utilizadas para descrever os sons, ruídos e vibrações sentidos no interior de uma aeronave.
Na seqüência essas palavras foram registradas numa folha de papel, categorizadas e
tabuladas, segundo os mesmos critérios da etapa anterior.
Como resultado, 52 descrições para sons e vibrações foram citadas, as quais são
visualizadas na Figura 13. É importante salientar que o objetivo da atividade não consistiu
na contagem absoluta dos adjetivos, mas sim, num levantamento dos principais adjetivos
utilizados para a descrição de sons e vibrações pela população usuária, segundo a
percepção de especialistas no assunto.
Abafado Atonal estalante monótono silencioso
Aberto Baixo estimulante opressor sonolento
Afiado Barulhento excitante oscilante sons leves
Agoniante Cansativo fino parado tenso
Agradável Chato forte perigoso tonal
Agressivo Chiado fraco pesado tranqüilo
Agudo Conhecido frágil pulsante variável
Alarmante Constante grave relaxante zumbido
Alto Contínuo incomodante repetido
Assobiante Desconhecido intimidador rítmico
Assoprado Enjoativo modulante Seguro
Figura 13. Descritores de som e vibração eliciados por especialistas.
Coleta de descritores para som em simulador vibro-acústico
Esta etapa do estudo foi realizada no simulador vibro-acústico e teve como objetivo
coletar descritores para sons e ruídos. Participaram desta etapa 111 indivíduos, destes 81
eram do sexo masculino e 30 do feminino. A média de idade dos participantes foi de 23
anos e 2 meses e desvio padrão de 5 anos e 5 meses.
Os resultados relativos a esta etapa foram tabulados e novamente regras de
codificação foram definidas antes do tratamento estatístico por freqüência, as regras foram:
palavras do plural foram transformadas em singular (fortes forte), femininos em
59
masculinos (alta alto), exclusão de expressões adverbiais (muito alto alto). Os
descritores de maior freqüência são encontrados na Tabela 3. Os demais descritores podem
ser encontrados nos Apêndices deste trabalho.
Tabela 3. Descritores para sons coletados via questionário em simulador.
Descritor Freqüência de ocorrência
Alto 31
Constante 27
Tranqüilo 18
Contínuo 16
Incômodo 13
Baixo 13
Grave 12
Desconfortável 11
Agradável 10
Desagradável 9
Estável 9
Fraco 9
Forte 7
Suave 7
Calmo 6
Chato 6
Confortável 6
Intenso 6
Irritante 6
Coleta de descritores para som via comparação de trios
A técnica comparações de trios
11
, utilizado nesta etapa do trabalho foi baseada no
trabalho de Martens e Giragama (2002). Esta atividade foi realizada no simulador vibro-
acústico. Participaram desta etapa 19 indivíduos, sendo 11 do sexo masculino e 8 de
feminino, a média de idade dos participantes foi de 23 anos, com desvio padrão de 3 anos e
8 meses.
Apesar da variedade de aplicações em outros objetos de estudo, a presente cnica
serviu exclusivamente para coleta de descritores. Os adjetivos e palavras foram na
11
Comparação de trios: esta técnica possui uma vertente semelhante nos primeiros trabalho de
desenvolvimento de medidas em estudo de personalidade. Nestes trabalhos, em vez de descrever qualidades
de objetos, os indivíduos eram orientados a descrever palavras que diferenciassem qualidade ou
característica das pessoas (Atkinson e cols. 2004)
60
seqüência tabulados e tratados por estatística de freqüência. As regras de categorização
aplicadas anteriormente também valeram para esta etapa. No total foram criadas 75
categoria de descritores. A Tabela 4 traz os descritores de maior freqüência levantados no
estudo (demais descritores ver Apêndice).
Tabela 4: Descritores para sons coletados por técnica de comparação de trios
Descritor Freência de ocorrência
Grave 17
Agudo 16
Alto 12
Baixo 12
Vibrante 12
Forte 10
Suave 10
Ruído 8
Agradável 7
Calmo 7
Intenso 7
Barulhento 6
Chiado 6
Confortável 5
Constante 5
Estáveis 5
Fraco 5
Incomodo 5
Irritante 5
Coleta de descritores para vibração em simulador vibro-acústico
No total 82 pessoas participaram desta etapa da pesquisa, dos participantes 62 eram
do sexo masculino e 20 eram do sexo feminino, a média de idade dos participantes foi de
22 anos e 7 meses, com desvio padrão de 5 anos e 1 mês. Após a tabulação e tratamento
dos dados, 87 categorias de diferentes de descritores. Os descritores e o valor da freqüência
por categoria são expressos na Tabela 5. Os demais descritores de vibração com freqüência
inferior a 3 ocorrências são encontrados no Apêndice.
61
Tabela 5. Descritores para vibração coletados via questionário em simulador.
Descritor
Freência de ocorrência
Constante 26
Tranqüilo 18
Fraca 11
Baixa 10
Suave 9
Agradável 7
Calma 7
Grave 7
Vibrante 7
Confortável 6
Desconfortável 5
Estável 5
Normal 5
Coleta de descritores para vibração via comparação de trios
Esta etapa da pesquisa ocorreu no mesmo formato da coleta de descritores por meio
da técnica de comparação de trios para sons, incluindo os mesmos participantes (para
dados demográficos, ver etapa respectiva para sons). A diferença, além do questionário, era
a solicitação de que o ao participante ao invés de realizar as discriminações por semelhança
e diferença, deveria apenas descrever com palavras, a vibração que percebia no momento
do ensaio. Demais ressalvas e comentários relativos às limitações do simulador se repetem
nesta etapa.
A Tabela 6 traz os resultados encontrados nesta etapa do trabalho.
62
Tabela 6. Descritores para vibração coletados por técnica de comparação de trios.
Descritor Freência de ocorrência
vibrante 11
forte 10
intensa 6
suave 5
irritante 3
agradável 2
constante 2
fraca 2
incomodo 2
oscila 2
trêmula 2
aguda 1
barulhenta 1
brusca 1
desagradável 1
sutil 1
grave 1
imperceptível 1
inconstante 1
instável 1
leve 1
macia 1
marcante 1
dia 1
neutro 1
normal 1
pausada 1
Coleta de descritores antônimos para som
Após o tratamento estatístico e a definição das palavras mais relevantes na
definição dos fenômenos asticos encontrados por meio das etapas anteriores, foi
conduzido um estudo de descritores antônimos para os termos de maior significância.
Devido ao número total de descritores levantados, foram elaborados três questionários. Por
decisão do pesquisador, os descritores desta etapa foram coletados sem distinção se o
mesmo era annimo para som ou vibração.
63
No total 160 pessoas participaram desta etapa. O primeiro questionário (A) foi
respondido por 101 pessoas, sendo 51 do sexo masculino e 50 do sexo feminino, a média
de idade dos participantes foi de 24 anos, desvio padrão 5 anos e 5 meses. O segundo
questionário (B) foi respondido por 35 pessoas, destas 20 eram do sexo masculino e 15 do
sexo feminino, a média de idade foi de 21 anos e 10 meses, desvio padrão de 4 anos e 7
meses. O terceiro e último questionário (C) foi respondido por 32 participantes, destes 11
eram do sexo masculino e 21 do sexo feminino, a média de idade foi de 22 anos e 1 mês,
com desvio padrão de 4 anos.
Os resultados relativos aos descritores antônimos do primeiro questionário são
encontrados na Tabela 7.
Tabela 7. Descritores annimos questionário A
Adjetivo Antônimos
forte fraco (98%)
agudo grave (97%)
cômodo incômodo (90%)
confortável desconfortável (93%)
desagradável agradável (97%)
constante inconstante (58%), intermitente (9%)
fraco forte (98%)
bom ruim (82%), mau (17%)
calmo agitado (62%), nervoso (11%)
aceitável inaceitável (82%), não aceitável (3%)
tranqüilo agitado (42%), nervoso (11%)
seguro inseguro (76%), perigoso (15%)
tolerável intolerável (95%)
Desuni forme uniforme (93%)
barulhento silencioso (68%), calmo (15,8)
ameno forte (29%), intenso (17%), agitado (12%)
suave forte (32%), intenso (17%), áspero (8%)
intenso fraco (44%), suave (18%)
assobiante silencioso (22%), grave (10%)
grave agudo (93%)
inaceitável aceitável (96%)
incômodo cômodo (84%)
desconfortável confortável (92%)
agradável desagradável (94%)
controlado descontrolado (84%), incontrolável (8%)
contínuo descontínuo (68,3%), intermitente (7%)
estável instável (86%)
reduzido aumentado (41%), ampliado (16%)
64
Posterior a esta primeira coleta foram realizadas outras duas coletas de descritores
annimos, utilizando os outros dois questionários (B e C) para coleta dos descritores
diferentes. Alguns dos descritores que atingiram um nível de concordância superior a 80 %
não foram coletados novamente nesta etapa, no entanto, para os outros ainda considerados
sem um antônimo preciso, mais uma coleta foi realizada.
As Tabelas 8 e 9 trazem os resultados desta segunda etapa de coleta de annimos.
Os resultados encontrados, por serem aplicados a uma amostra com N < 100, são expressos
em freqüência de ocorrência.
65
Tabela 8. Descritores antônimos questionário B.
Antônimos Quest. B (N = 35)
Descritor Antônimo Descritor Antônimo
Ameno N.R (12) liso áspero (26)
amplificado N.R (10) localizado perdido (14)
anormal normal (35) mafico benéfico (25)
Ansioso calmo (13) mecânico N.R (13)
artificial natural (30) dio N.R (22)
Áspero liso (30) menor maior (34)
assobiante N.R (23) misturado separado (17)
assustado calmo (10) moderado N.R (15)
Chiaste N.R (19) modulante N.R (33)
Claro escuro (33) pacífico violento (14)
concentrado desconcentrado (16) parado movimentado (5)
confiável N.R (11) perceptível imperceptível
confuso N.R (8) perigoso seguro (12)
conhecido desconhecido (33) permanente N.R (12)
constante inconstante (18) persistente N.R (19)
contínuo descontínuo (16) pertinente impertinente (26)
crescente decrescente (34) perturbador N.R (16)
envolvente N.R (21) pesado leve (35)
equilibrado desequilibrado (32) potente impotente (15)
estalante N.R (28) robusto N.R (17)
estimulante desestimulante (24) rotineiro N.R (16)
estressante calmante (10) ruidoso silencioso (20)
estridente N.R (18) seco molhado (29)
excitante N.R (12) seguro inseguro (23)
extenso curto (25) sibilante N.R (32)
Externo interno (34) silencioso barulhento (29)
hipnotizante N.R (22) simples complexo (16)
imperceptível perceptível (27) solto preso (30)
impertinente pertinente (26) sonolento acordado (14)
inadequado adequado (34) tranqüilo agitado (11)
incomodante N.R (14) tremido N.R (15)
inconstante constante (33) triste feliz (19)
indesejável desejável (31) variável invariável (17)
ininterrupto N.R (15) veloz lento (23)
instável estável (32) vibrante N.R (18)
insuportável suportável (31) violento calmo (14)
Limpo sujo (34)
66
Tabela 9. Descritores antônimos questionário C.
Antônimos Quest. C (N = 32)
Descritor Antônimo Descritor Antônimo
Abafado arejado (8) grosso fino (30)
Aberto fechado (30) intenso N.R (14)
acostumado desacostumado (17) interessante desinteressante (12)
adequado inadequado (25) intermitente N.R (17)
Afiado N.R (17) interrupto N.R (13)
Agitado calmo (26) intimidador N.R (20)
agoniante N.R (14) irritante agradável (8)
agressivo calmo (15) latente N.R (22)
alarmante N.R (12) legal chato (22)
Alto baixo (32) lento rápido (27)
Ativo inativo (14) leve pesado (31)
Atonal N.R (22) monótono N.R (12)
Baixo alto (32) murmurado N.R (12)
barulhento silencioso (27) necessário desnecessário (21)
Brando N.R (13) nocivo N.R (12)
Brusco suave (6) normal anormal (22)
Calmo agitado (21) opaco N.R (8)
cansativo relaxante (11) opressor N.R (16)
Chato legal (24) oprimido N.R (19)
Denso N.R (12) oscilante contínuo (6)
desconhecido conhecido (25) prazeroso desprazeroso (9)
descontínuo contínuo (26) profundo raso (21)
direcional N.R (22) prolongado curto (17)
Discreto indiscreto (8) pulsante N.R (16)
Disperso concentrado (10) pido lento (17)
emocionante N.R (9) regular irregular (26)
encorpado N.R (14) relaxante estressante (13)
enjoativo N.R (20) repetido único (11)
Estéreo N.R (23) ritmado N.R (10)
Familiar desconhecido (12) sossegado agitado (19)
Fechado aberto (32) suave N.R (9)
Fino grosso (28) sufocado N.R (15)
Firme frouxo (10) sujo limpo (32)
flutuante N.R (19) suportável insuportável (30)
Frágil forte (12) sutil N.R (14)
Frio quente (27) tenso relaxado (11)
Gostoso ruim (16) tonal N.R (23)
Formação de antônimos por critério de grupo
Depois de finalizada a coleta de antônimos por meio dos três questionários, os
adjetivos que não foram contemplados em um dos questionários ou que não atingiram o
nível de concordância superior a 80% ou freqüência de resposta maior que 30, foram
acrescidos por decisão do pesquisador e com base em trabalhos de outros autores da
67
partícula negativa não” ou “a” (Nunnally, 1970; Al-Hindawe, 1996). Exemplo perigoso
– não perigoso” e “tonal – atonal”.
Apesar de não ser considerado um annimo negativo puro, tal formatação se fez
necessário para que se cumprisse o objetivo de formação do par do diferencial sentico.
A presente estratégia foi utilizada pelo pesquisador na fase de construção do diferencial
sentico, e indicada para futuras pesquisas que façam o uso da técnica do DS.
68
Estudo II: Construção e validação da medida
Após a realização do estudo da semântica para descritores de som e vibração no
interior de aeronaves, partiu-se para a construção a validação da medida baseada na técnica
do diferencial semântico. Com relação à construção do diferencial semântico, optou-se
nesta pesquisa pela construção e validação apenas da escala de diferencial semântico para
estímulos de natureza acústica.
A opção pela não continuidade do estudo de construção e validação do diferencial
sentico para vibrações como justificado anteriormente fez-se necessário pela não
adequação do simulador vibro-acústico. No entanto o levantamento de descritores
realizado servi para estudos futuros que objetivem construir uma medida com esta
finalidade.
O estudo relacionado à construção do diferencial semântico para sons dividiu-se em
quatro etapas: a construção de duas versões da escala piloto de DS (DS preliminar e DS
usado no ensaio em vôo), a avaliação da pertinência dos itens do DS (avaliação de
pertinência por descritor com estudantes e especialistas, e por itens junto a especialistas), e
a reformulação e validação do DS para sons e ruídos feita em simulador.
Escala piloto de Diferencial Semântico (I)
Com a coleta e o tratamento dos dados de descrição finalizada, montou-se um
diferencial semântico piloto inicial com a finalidade de analisar a compreensão da técnica
pelos sujeitos. A aplicação piloto foi realizada em simulador.
Uma amostra com 34 pessoas, destas 23 do sexo masculino e 10 do feminino, com
média de idade de 23 anos e 7 meses, desvio padrão de 4 anos participou da avaliação
69
preliminar do ruído interno da aeronave via instrumento subjetivo. A Tabela 10 traz a
média
12
dos valores por variável e sexo.
Tabela 10. Média dos itens no DS piloto (I).
Item Sexo
Masculino (N=24) Feminino (N=10)
forte/fraco 2,79 2,80
cômodo/incômodo 4,38 4,70
constante/inconstante 2,46 3,30
intenso/suave 3,08 2,30
confortável/desconfortável 4,71 4,60
agudo/grave 5,38 5,20
estressante/não-estressante 3,79 3,10
agradável/desagradável 4,75 4,90
monótono/variável 2,71 2,60
barulhento/silencioso 2,42 2,30
adequado/inadequado 4,08 4,10
familiar/não-familiar 2,58 2,30
perigoso/seguro 4,96 5,30
suportável/insuportável 2,58 1,80
tonal/atonal 4,38 3,20
alarmante/não-alarmante 5,38 5,80
aceitável/inaceitável 2,88 2,90
cansativo/não-cansativo 2,88 3,10
tolerável/intolerável 2,92 2,30
estável/instável 2,83 4,10
Pode-se observar visivelmente alguns variações de avaliação por sexo, como
exemplo o par estável/instável e tolerável/intolerável; no entanto como a etapa teve um
caráter puramente piloto, nenhum procedimento estatístico que pudesse validar alguma
variação por sexo foi realizado.
Escala piloto de Diferencial Semântico (II)
Após uma breve análise visual dos resultados do DS piloto (I), um diferencial
sentico com um número maior de itens foi criado. Pares de itens foram adicionados
visando dar maior sustentabilidade e abrangência ao conteúdo que se propõem analisar a
escala.
12
Estes valores tomam com referência escalas de 7 pontos que variam do extremo 1 ao 7.
70
A Tabela 11 traz os pares constituintes da escala utilizada na etapa e suas respectiva
origem no estudo da semântica. É importante destacar neste momento que esta versão do
instrumento foi a base da escala final exposta aos procedimentos de validação.
Tabela 11. Itens da escala de DS piloto (II) e sua respectiva origem.
Origem Item origem
CD, T, E forte - fraco CD, T, E
CG cômodo - incômodo CD, T, M
CD, T, M, E constante - inconstante T
CD, T intenso - suave CD, T
CD, T confortável - desconfortável CD, T, M
T, E agudo - grave CD, T, E
CD estressante - não estressante CG
CD, T leve - pesado CD, E
CD, T agradável - desagradável CD, T, M
CD, T, M, E monótono - variado CD, E
T, M, E barulhento - silencioso CD
CG adequado - inadequado CG
CD, E enjoativo - não enjoativo CG
CD familiar - não familiar CG
E perigoso - seguro E
CD suportável - insuportável CG
T, E tonal - atonal CG
E alarmante - não alarmante CG
CD, M aceitável - inaceitável CG
CD, T, E cansativo - não cansativo CG
CD perturbador - não perturbador CH
CD, M tolerável - intolerável CG
CD, T estável - instável CD, T
CD, T, E abafado - aberto T, E
CD bom - ruim CD
CD, T, E contínuo - descontínuo T
CD, E estalante - não estalante CG
T, E fino - grosso E
T lento - rápido T
CD, T, M irritante - não irritante CG
CD, M repetitivo - não repetitivo CG
CD, T vibrante - não vibrante CG
CD, M áspero - suave CD, T
CD, E, T chiante - não chiante CG
CD, T agitado - calmo CD, T
CD (coletor de descritores), T (técnica trios). M (questionário e-mail), E (consulta aos especialistas), CG
(critério do grupo de trabalho).
Na condução da etapa realizada durante um vôo real, 24 participantes, sendo destes
15 do sexo masculino e 9 do feminino, com média de idade de 29 anos e 8 meses, desvio
padrão de 5 anos e 7 meses, participaram da etapa. Todos eram membros do quadro
71
funcional da empresa fabricante de aeronaves. Cada participante desta etapa respondeu a
escala de DS em três momentos, uma vez por região da aeronave (região dianteira, região
central e região traseira).
Como procedimento analítico realizou-se uma análise comparativa da média das
variáveis das escala por local de avaliação dentro da aeronave, conforme demonstra a
Tabela 16, estes valores tomam como referência escalas de 7 pontos, as quais variam do
extremo 1 ao 7.
Tabela 12. Média dos itens no DS piloto (II).
Item Região
Dianteira Central Traseira
forte/fraco 4,42 3,17 2,00
Cômodo/incômodo 3,22 4,35 5,08
Constante/inconstante 1,88 1,71 1,63
intenso/suave 4,63 2,92 2,42
Confortável/desconfortável 3,08 4,42 5,50
agudo/grave 4,00 4,67 4,52
estressante/o estressante 5,38 4,04 2,91
Leve/pesado 2,83 4,17 4,83
agradável/desagradável 3,25 4,54 5,65
monótono/variado 2,74 2,88 2,88
barulhento/silencioso 4,25 2,75 1,91
Adequado/inadequado 3,27 4,17 5,52
enjoativo/não enjoativo 5,13 4,21 2,96
familiar/não familiar 3,24 3,33 3,70
perigoso/seguro 5,64 4,90 4,14
suportável/insuportável 2,17 2,58 4,33
tonal/atonal 4,96 4,54 4,50
alarmante/não alarmante 5,76 5,33 4,48
aceitável/inaceitável 2,13 3,39 4,79
cansativo/não cansativo 4,88 3,33 2,54
perturbador/não perturbador 5,32 3,88 3,25
tolerável/intolerável 2,25 2,79 4,50
estável/instável 2,04 2,58 2,33
abafado/aberto 3,87 3,04 3,91
bom/ruim 3,38 4,36 5,65
Contínuo/descontínuo 1,88 2,00 1,87
estalante/o estalante 6,09 6,09 5,52
Fino/grosso 3,95 5,29 4,39
Lento/rápido 4,71 4,95 5,10
irritante/não irritante 5,13 3,91 2,79
repetitivo/não repetitivo 3,46 3,13 3,74
vibrante/não vibrante 4,87 2,95 4,05
áspero/suave 3,61 3,00 2,96
chiante/não chiante 2,96 2,54 1,88
agitado/calmo 4,63 3,96 3,43
72
A partir de uma inspeção visual dos dados tornou-se possível predizer os primeiros
sinais de discriminação segundo a natureza do estímulo percebido pela região da aeronave.
Pares como chiante/não-chiante, bom/ruim, cômodo/incômodo são um exemplo disto;
estes apresentaram avaliações diferentes segundo a região em que foram avaliados.
Cumprido o requisito parcial de aprecião do DS nos dois ensaios piloto, partiu-se
para estruturação final da medida.
Avaliação de pertinência
Após o termino do estudo da semântica e avaliação das escala pilotos de DS para
sons, foi conduzida uma avaliação da pertinência para os principais descritores de som que
constituíram a segunda versão do DS piloto. Para avaliação de pertinência destes
descritores, uma escala ordinal de cinco pontos foi montada (muito impertinente,
impertinente, indiferente, pertinente e muito pertinente). Na condução da análise, o padrão
de ordenamento foi recodificado para três pontos (impertinente, indiferente e pertinente).
Dois tipos avaliação de pertinência foram realizadas: pertinência por descritor com
estudantes e especialistas em acústica, e pertinência por item, junto a especialistas em
acústica.
Avaliação de pertinência por estudantes e juízes.
Esta tarefa foi conduzida de maneira separada para estudantes e especialistas. O
primeiro grupo realizou a avaliação no simulador acústico e o segundo independente do
simulador. O grupo que respondeu a avaliação no simulador foi composto por 20 pessoas,
10 participantes do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com média de idade de 23 anos
e 5 meses, com desvio padrão de 2 anos e 4 meses. Com relação a amostras de especialista,
não foram computados dados demográficos.
73
Os dados da referida avaliação são demonstrados da Tabela 17.
Tabela 13. Avaliação da pertinência por descritor.
Estudantes (N = 20) Especialistas (N = 5)
Descritor Impert. Indif. Perti. Impert. Indif. Perti.
Constante 1 0 19 0 0 5
Contínuo 1 1 18 1 0 4
Tolevel 0 2 18 2 0 3
Forte 2 1 17 0 0 5
Intenso 0 3 17 0 1 4
Perturbador 2 1 17 0 0 5
Suportável 2 1 17 1 2 2
Barulhento 1 3 16 2 0 3
Desagradável 2 2 16 0 0 5
Desconfortável 3 1 16 0 0 5
Irritante 3 1 16 1 0 4
Incômodo 3 2 15 0 0 5
Aceitável 3 3 14 2 0 3
Confortável 5 1 14 0 1 4
Repetitivo 2 4 14 0 0 5
Abafado 4 3 13 0 0 5
Agudo 5 2 13 0 0 5
Grave 1 6 13 0 0 5
Insuportável 7 0 13 1 1 3
Intolerável 3 4 13 1 2 2
Suave 5 2 13 1 0 4
Vibrante 3 4 13 2 0 3
Agradável 6 2 12 0 0 5
Chiante 3 5 12 0 0 5
Estável 6 2 12 1 0 4
Monótono 6 2 12 1 0 4
Ruim 4 4 12 2 0 3
Cansativo 6 3 11 1 0 4
Estressante 6 3 11 2 0 3
Cômodo 7 3 10 1 0 4
Enjoativo 3 7 10 1 4 0
Lento 9 1 10 1 1 3
não estressante 4 6 10 2 1 2
não irritante 7 3 10 1 1 3
o perturbador 7 3 10 2 1 2
Familiar 7 4 9 2 1 2
Fraco 10 1 9 0 0 5
Instável 9 2 9 0 1 4
Pesado 8 3 9 2 2 1
Suave 8 3 9 2 0 3
Variado 8 3 9 2 1 2
Agitado 11 1 8 3 0 2
Inconstante 11 1 8 0 1 4
Rápido 11 1 8 1 1 3
Calmo 10 3 7 2 1 2
Descontínuo 10 3 7 3 0 2
Grosso 11 2 7 2 2 1
o familiar 10 3 7 3 0 2
aberto 10 4 6 1 1 3
bom 10 4 6 2 0 3
74
Continuação.
leve 12 2 6 3 1 1
o cansativo 11 3 6 3 0 2
não chiante 11 3 6 0 2 3
o enjoativo 7 7 6 4 1 0
não vibrante 12 2 6 3 0 2
seguro 11 3 6 3 1 1
silencioso 10 4 6 2 0 3
adequado 9 6 5 2 1 2
alarmante 10 5 5 2 1 2
inaceitável 10 5 5 2 0 3
o alarmante 8 7 5 3 1 1
o repetitivo 9 6 5 1 1 3
fino 14 2 4 1 1 3
inadequado 10 6 4 3 0 2
áspero 13 4 3 0 1 4
perigoso 15 2 3 4 0 1
tonal 7 10 3 0 0 5
estalante 10 8 2 1 1 3
não estalante 11 7 2 2 0 3
atonal 9 10 1 2 0 3
A partir das avaliações é possível notar que alguns descritores não apresentavam
pertinência para maioria dos participantes. Os itens fino, áspero, perigo são exemplo disto,
segundo as avaliações dos estudantes. Para os especialistas, itens como perigo e não-
enjoativo não atingiram um consenso em termo de pertinência. Os resultados encontrados
nesta etapa, bem como os descritores no próxima destes serviram como base qualitativa
para as decisões sobre mudança no itens do DS proposto para os procedimentos de
validação.
Avaliação de pertinência de juízes por par.
A segunda avaliação de pertinência foi realizada para os pares de itens que
compuseram a escala de DS. Um grupo de 12 juízes em acústica realizou uma avaliação
final dos pares/itens constituintes das escala de DS piloto. As avaliações foram realizadas
individualmente e fora do simulador.
A Tabela 14 traz os resultados destas avaliações.
75
Tabela 14. Avaliação de pertinência do item.
Descritor
Impertinente Indiferente. Pertinente
forte/fraco
0 0 12
confortável/desconfortável
0 1 11
agradável/desagradável
0 0 11
aceitável/inaceitável
0 2 10
tolerável/intolerável
1 1 10
irritante/não irritante
0 1 10
cômodo/incômodo
1 2 9
constante/inconstante
1 2 9
barulhento/silencioso
1 1 9
perturbador/não perturbador 3 0 9
cansativo/não cansativo
2 0 9
alarmante/ não alarmante
0 4 8
contínuo/descontínuo
3 1 8
intenso/suave
3 1 8
tonal/atonal
3 1 8
estressante/não estressante
1 3 7
agudo/grave
3 2 7
monótono/variado
3 2 7
suportável/insuportável
4 1 7
estável/instável
2 4 6
abafado/aberto
4 2 6
perigoso/seguro
5 1 6
áspero/suave
6 0 6
enjoativo/não enjoativo
5 2 5
repetitivo/não repetitivo 5 2 5
chiante/não chiante
4 2 5
adequado/inadequado
3 4 4
bom/ruim
5 3 4
estalante/não estalante
6 2 4
lento/rápido
6 2 4
leve/pesado
5 4 3
vibrante/não vibrante
5 5 2
fino/grosso
8 2 2
agitado/calmo
8 1 2
familiar/não familiar
6 5 1
Alguns itens como fino/grosso, agitado/calmo, estalante/não-estalante e outros
foram considerados impertinentes pelos pesquisadores. Outros pares como forte/fraco,
confortável/desconfortável e agradável/desagradável foram consenso entre os
pesquisadores em termos de sua pertinência.
76
Com base nas avaliações de pertinência anteriores, o diferencial semântico proposto
para etapa final sofreu algumas alterações no conjunto de itens. Os itens alterados em
relação ao DS piloto II foram os seguintes: abafado/aberto, áspero/suave, intenso/suave e
monótono/variado, este itens foram desmembrados e acrescidos da partícula negativa
“não” para formação de seu antônimo. Os itens alterados e acrescidos após esta decisão
foram os seguintes: abafado/não-abafado, áspero/não-áspero, intenso/não-intenso,
monótono/não-monótono, suave/não suave e variado/não-variado.
Construção, Reformulação e validação do DS para sons e ruídos
O diferencial semântico proposto para etapa final após as devidas alterações contou
com total inicial de 37 itens. No total, 292 pessoas participaram desta etapa, no entanto 38
destes foram excluídos dos procedimentos finais de análise. Dessas exclusões dez foram
pelo fato do participante não atender ao critério de saúde auditiva, verificado pela
avaliação audiometria; duas foram pelo fato dos participantes não possuírem o idioma
português como língua pátria (participantes de outra nacionalidade); sete pelo fato de o
participante declarar o haver voado de avião ao menos uma vez em sua vida; dezesseis
foram excluídos pelo motivo de apresentarem um número elevado de não respostas ou por
mencionarem não terem compreendido o objetivo da tarefa; e por fim três participantes
foram excluídos por serem considerados outliers (casos discrepantes) em pelos uma das 37
variáveis, após uma análise dos diagramas de caixa (Hair e Cols. 1999).
Os procedimentos subseqüentes de análise desta pesquisa foram realizados com os
254 participantes restantes da amostra. Destes, 147 (57,9%) eram do sexo masculino e 107
(42,1 %) do feminino, a média de idade dos participantes foi de 24 anos e 4 meses (desvio
padrão de 6 anos e 4 meses), destes participantes 80 (31,5%) declaram possuir ensinos
superior completo, 173 ensino superior incompleto (68,1%) e 1 (0,4) ensino médio
77
completo. A dia de viagens nos últimos doze meses declarada pelos participantes foi de
3,1 viagens (desvio padrão, 4,1).
Partindo para o procedimento analítico primeiramente procedeu-se à análise dos
componentes principais para verificar a adequação dos dados à análise fatorial e à
quantidade de fatores a serem extraídos. O KMO teve o valor de 0,87, e o teste de
esfericidade de Bartlett foi significativo (p<0,001), valores considerados aptos para o
procedimento fatorial (Pasquali 2005a; López, 2005).
O gráfico de sedimentação expresso na Figura 14, juntamente com a análise
paralela
13
(Enzmann, 1997; O’Connor, 2000; Laros & Puentes Palácios, 2004; Pasquali,
2005a) sugeriram a solução com 4 fatores como mais adequada, explicando 51,6 % da
variância total dos dados.
37363534333231302928272625242322212019181716151413121110987654321
Número de fatores
10
8
6
4
2
0
Eigenvalue
Figura 14. Gráfico de sedimentação.
13
Análise paralela (AP): é uma técnica utilizada na definição da estrutura fatorial e determinação do mero
de fatores a serem extraídos. No procedimento da AP os valores eigenvalues são gerados a partir de uma
matriz de dados alearios, e comparados com uma matriz empírica, oriunda da análise dos componentes
principais. Enquanto o valor do eigenvalue da matriz empírica for maior que a matriz aleatória mantêm-se o
fator. Para gerar esta matriz aleatória foi utilizado o software RanEigen (Enzmann, 1997).
78
Definido o número de fatores, procedeu-se à realização da extração dos fatores dos
eixos principais (principal axis factoring), com método de rotação do tipo varimax e
cálculos de confiabilidade. A rotação ortogonal do tipo varimax foi escolhida pois esta
permite maior simplicidade a matriz de dados e reaplicação dos resultados encontrados em
estudos futuros (Rennie, 1997; Costello & Osborne, 2005; Mingoti, 2005), aspecto
importante a ser considerado nos estudos de desenvolvimento de medidas psicométricas.
Devido ao fato deste ser um estudo inicial de desenvolvimento de uma medida, foi
decidido excluir-se da solução fatorial final os índices com carga fatorial inferior a 0,4
(Hair, 1999; Dancey & Reidy, 2006). Após a análise fatorial 13 itens foram exclusos da
escalas final de DS, foram eles: repetitivo/não-repetitivo, intenso/não-intenso,
familiar/não-familiar, lento/rápido, agudo/grave, tonal/atonal, abafado/não-abafado e
monótono/não-monótono, excluídos por possuírem carga fatorial com um dos fatores
menor que 0,4; fino/grosso e perturbador/não-perturbador foram excluídos por possuírem
cargas fatoriais semelhantes em mais de um fator e por último suportável/insuportável,
contínuo/descontínuo e cômodo/inmodo por possuírem semântica e carga no fator,
semelhante com outros itens (Pasquali, 2005b).
É necessário destacar ainda que outros três itens que possuíam cargas significativas
(>0,4) em mais de um fator foram mantidos no fator de maior carga e excluídos do
conjunto de itens da escala do outro fator, tal ação teve como objetivo preservar uma
quantidade razoável de itens por fator e propiciar maior confiabilidade para escala
resultante. Os itens enquadrados neste critério foram alarmante/não-alarmante (carga 0,668
no fator 2 e -0,445 no fator 3), o item confortável/desconfortável (com carga -,433 no fator
1 e -0,606 no fator 2) e por último o item leve/pesado (com carga -0,423 no fator 1 e -
0,539 no fator 4).
79
A Tabela 15 traz os itens com suas respectivas cargas e distribuição nos fatores
devidamente ajustados. A versão original da tabela incluindo os itens excluídos por algum
motivo pode ser consultada no Apêndice.
Tabela 15. Solução fatorial com as cargas fatoriais, comunalidades, percentual de variância
e alfas de Cronbach do DS para sons.
Fatores
Itens F1 F2 F3 F4 H²
irritante/não-irritante ,791 ,731
enjoativo/não-enjoativo ,770 ,662
bom/ruim (I) -,763 ,760
suave/não-suave (I) -,746 ,666
tolerável/intolerável (I) -,709 ,738
agradável/desagradável (I) -,704 ,754
cansativo/não-cansativo ,618 ,651
agitado/calmo ,589 ,566
áspero/não-áspero ,536 ,421
estressante/não-estressante ,716 ,727
aceitável/inaceitável (I) -,675 ,637
alarmante/não-alarmante ,668 ,668
confortável/desconfortável (I) -,606 ,728
adequado/inadequado (I) -,544 ,595
barulhento/silencioso ,419 ,516
perigoso/seguro ,413 ,557
constante/inconstante (I) ,735 ,662
variado/não-variado -,687 ,618
estável/instável (I) ,638 ,683
estalante/o-estalante -,503 ,382
forte/fraco ,608 ,578
leve/pesado (I) -,539 ,510
vibrante/não-vibrante ,452 ,375
chiante/não-chiante ,435 ,407
Número de itens 9 7 4 4
% da variância explicada 18,02 12,55 9,22 6,60
Alfa de Cronbach 0,90 0,83 0,75 0,65
Após os procedimentos de análise, os fatores receberam as seguintes nomeações:
Fator 1 – Apreciação; Fator 2 – Adequação; Fator 3 – Estabilidade; e Fator 4 – Intensidade.
Os dois primeiro fatores obtiveram coeficientes de confiabilidades alfa de Cronbach
considerados ótimos (F1 = 0,90 e F2 = 0,83), o terceiro fator obteve um alfa satisfatório
por ser maior que 0,70 (F3 = 0,75), e o por fim o alfa do quarto fator foi considerado
apenas moderado (F4 = 0,65), porém permissível de ser usado segundo Nunnally (1978).
80
O fator Apreciação, composto pelos itens irritante/não-irritante, enjoativo/não-
enjoativo, bom/ruim (I), suave/não-suave (I), tolerável/intolerável (I),
agradável/desagradável (I), cansativo/não-cansativo, agitado/calmo e áspero/não-áspero,
relacionou-se com a percepção de aspectos da natureza apreciativa do objeto acústico. Os
itens no seu conjunto avaliam características inerentes tanto à percepção da qualidade
quanto da relação de agrado que o indivíduo mantém com o objeto.
O segundo fator Adequação constituído pelos itens estressante/não-estressante,
aceitável/inaceitável (I), alarmante/não-alarmante, confortável/desconfortável (I),
adequado/inadequado (I), barulhento/silencioso e perigoso/seguro relaciona-se com
avaliação da adequação dos estímulos acústicos. Os itens deste fator avaliam o grau de
adequação e aceitabilidade do estímulo percebido.
O terceiro fator Estabilidade, formado pelos itens constante/inconstante (I),
variado/não-variado, estável/instável (I) e estalante/o-estalante, relacionou-se com
aspectos mais técnicos das propriedades físicas dos estímulos acústicos, ligadas à
percepção de estabilidade do estímulo.
O último fator, Intensidade, agrupando os itens forte/fraco, leve/pesado (I),
vibrante/não-vibrante e chiante/não-chiante, relacionou-se com aspectos perceptivos da
intensidade e potência percebida em relação ao estímulo acústico. Os itens que
compuseram o fator mensuravam aspectos ligados à força percebida do estímulo.
Definidos os fatores e o conjunto itens constituintes das escalas para avaliação de
cada fator, calculou-se o grau de correlação entre as dimensões da medida. A Figura 15
traz um modelo resultante construído a partir da matriz de correlações entre os fatores.
81
Figura 15. Modelo Bi dimensional da analise de estímulos acústicos para (p<0,05).
O modelo proposto relaciona duas dimensões distintas da avaliação dos estímulos
acústicos. A dimensão 1, constituída pelos fatores intercorrelacionados Avaliação,
Adequação e Intensidade, relaciona aspectos de natureza afetiva avaliativa, envolvendo
uma correlação significativa das três dimensões avaliadas pelo DS. E a dimensão 2
relaciona-se com aspectos inerentes a características técnicas do estímulo acústico, e é
composta por uma correlação mais baixa do fator Estabilidade e Adequação.
Uma outra leitura para figura seria a seguinte: um som percebido como adequado,
necessariamente possui uma avaliação positiva que é inversa à percepção de intensidade e
diretamente, porém não totalmente determinada e ligada à percepção de estabilidade. É
importante destacar que não é objetivo desta pesquisa investigar a pertinência do modelo, é
preciso parcimônia no que tange a sua interpretação, pois, o modelo toma como base
apenas um estímulo acústico (situação 3). Novos estudos seriam necessários para que se
possa afirmar sobre a capacidade de generalização do modelo.
82
Na seqüência, com o objetivo de verificar a capacidade discriminante da escala de
DS para diferentes tipos de som, foi realizada uma análise da variância multivariada
(MANOVA). A presente análise tomou como base o conjunto de respostas dos
participantes para situação dois, dadas na fase de coleta de dados. Como variável
independente foi tomando o tipo de som e como variáveis dependentes, a média do escore
somatório das quatro dimensões do DS (Avalião, Adequação, Intensidade e
Estabilidade), esta média de escore foi calculada considerando-se os itens invertidos (I).
Anterior aos procedimentos desta análise e de conhecimento que o tamanho dos
grupos não fora igual nos oito tipos de sons utilizados nesta etapa, e ciente de que isto
poderia inferir na confiabilidade dos resultados encontrados, procedeu-se com uma
verificação da adequação dos dados para realização do procedimento. Para tal recorreu-se
ao teste M de Box, como aponta Dancey & Reidy (2006). Este se mostrou significativo
para p < 0,001, fato que confirmou a violação da condição de homogeneidade da
variâncias. O teste de Levene também utilizado para verificação da adequação dos dados
mostrou violação nas dimensões Avaliação [F(7,246) = 5,06; p < 0,001], Adequação
[F(7,246) = 2,6; p < 0,01] e Estabilidade [F(7,246) = 8,417; p < 0,001] e o fator
Intensidade não mostrou violação da condição [F(7,246) = 1,5; p < 0,1].
Com objetivo de contornar as violações nos critérios relacionados acima e
considerando o procedimento multivariado importante para confirmação da capacidade
operante da escala, um ajustamento nos dados foi realizado. Formaram-se grupos por tipo
de estímulo com o mesmo numero de participantes, fato que tornaria a MANOVA mais
robusta a violações (Dancey & Reidy, 2006). Tomando como base o menor grupo (N=26),
os grupos que possuíam mais de 26 indivíduos por tipo de som foram subtraídos no
número de participantes de maneira alearia até atingir-se a quantidade desejada
83
(Barbetta, 2001). Resolveu-se trabalhar nesta análise com apenas quatro dos oito sons
disponíveis.
Ajustado o tamanho dos grupos, realizou-se o procedimento da MANOVA, com
quatro grupos de tamanho iguais (N = 26) escolhidos aleatoriamente e que receberam após
a escolha os seguintes tulos: som A, som B, som C e som D. A partir das análises
constatou-se uma diferença multivariada entre os quatro grupos, improvável de ter ocorrido
apenas pelo erro amostral [F(12,256) = 12,284; p < 0,001; lambda de Wilks = 0,301].
As análises de variância univariadas (ANOVA) realizadas para cada variável
dependente, mostraram que os fatores Avaliação [F(3,100) = 20,654; p < 0,001];
Adequação [F(3,100) = 28,408; p < 0,001]; Estabilidade [F(3,100) = 29,372; p < 0,001]; e
Intensidade [F(3,100) = 8,859; p < 0,001] obtiveram diferenças significativas entre os
grupos organizados por tipo de som.
A Tabela 16 traz as análises subseentes (post hoc) do tipo comparação entre os
grupos (pairwise comparisons, ajustadas pelo método de Bonferroni).
Tabela 16. Análise Post Hoc (método Bonferroni) de comparações pareadas.
Fator Tipo de som dia Grupo Dp N
Avaliação som A
3,71
a
,53
26
som B
4,59
b
,86
26
som C 2,63 c 1,08 26
som D
4,17
ab
1,17
26
Adequação som A
3,74
a
,94
26
som B
4,91
b
,93
26
som C
2,64
c
1,07
26
som D
4,76
b
1,06
26
Estabilidade som A
4,58
a
,51
26
som B
6,07
b
,78
26
som C
4,42
a
1,45
26
som D
6,29
b
,61
26
Intensidade som A
4,84
a
1,00
26
som B
3,52
c
1,04
26
som C
4,71
ab
,96
26
som D
4,03
c
1,19
26
Obs: cada letra na coluna grupo (a, b ou c), refere-se ao grupo de intervalos indicados com diferenças
significativas pela análise.
84
A partir dos resultados é possível observar no fator Avaliação, três faixas
14
de
avaliação, por ordem gradual na primeira faixa som C (
X
C=2,6), na segunda faixa o som
A e D (
X
A=3,71 e
X
D = 4,76), e na terceira faixa o som B (
X
B = 4,59). No fator
Adequação, seguindo a mesma orientação do fator anterior observa-se o som C na primeira
faixa (
X
C=2,64), o som A na segunda faixa (
X
A=3,74) e sons B e D na terceira faixa
(
X
B = 4,91 e
X
D = 4,8). Em relação ao fator Estabilidade, na primeira faixa são
obseravos o som A e C (
X
A = 4,58 e
X
C = 4,42) e na segunda faixa o som B e D (
X
B
= 6,07 e
X
D = 6,29). Por fim no fator intensidade, encontra-se na primeira faixa o som B
e o som D (
X
B = 3,52 e
X
D = 4,03), na segunda faixa o som C (
X
C = 3,71) e na
terceira faixa o som A (
X
A = 4,84).
A Figura 16 traz a distribuição comparativa das avaliações dos quatro sons,
projetando-os em planos cartesianos conforme seus escores em cada fator.
5,004,754,504,254,003,753,50
Intensidade
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
Adequação
6,005,505,004,50
Estabilidade
5,00
4,50
4,00
3,50
3,00
2,50
Avaliação
Som D
Som C
Som B
Som A
Tipo de
som
Figura 16. Gráfico espacial da distribuição dos quatro sons.
14
A palavra faixa é utilizada no trecho para referir-se ao intervalo de avaliação numericamente significativo
pela análise.
85
Para facilitar a compreensão multivariada do gráfico acima foi realizada uma
classificação hierárquica por conglomerados (método nearest neighbor, com distância
euclidiana quadrada como medida), construído a partir de uma matriz com os escores
médios para cada tipo de som nas quatro dimensões. A Figura 17 traz o dendograma
derivado da análise.
0 5 10 15 20 25
Som Num +---------+---------+---------+---------+---------+
B 2 
D 4
A 1 
C 3 
Figura 17. Dendograma derivado da classificação por conglomerados.
A partir do cluster é possível constatar a semelhança maior de avaliações entre os
sons A e C e seu antagonismo com os sons B e D, os quais são mais semelhantes entre si.
Ainda é possível afirmar que a proximidade ou semelhança de avaliações entre o som B e
D é maior que entre o som A e C.
86
Discussão
A presente pesquisa objetivou primordialmente a criação de uma medida
psicométrica baseada na técnica do Diferencial Semântico, para a avaliação de sons e
ruídos no interior de aeronaves. Durante o processo de construção desta medida, diversas
etapas de campo marcaram e organizaram o processo.
Com objetivo de organizar os resultados e discutir sua consistência sobre o ponto
de vista teórico e metodológico, está seção será dividida em quatro partes. Inicia-se por um
panorama geral sobre a pesquisa e os resultados encontrados no conjunto dos dois estudos.
Na seqüência, cada estudo é discutido independentemente e interpretado à luz do
conhecimento cientifico produzido na área. Ao final, concluí-se a discussão com uma
avaliação geral da pesquisa, sobre o ponto de vista das limitações, decies e escolhas
metodológicas realizadas no conjunto do trabalho.
Síntese dos Resultados
No total, treze etapas com coleta de dados em campo, divididas em dois estudos,
compuseram esta pesquisa. Apesar de independentes em termos de seus objetivos, ambos
os estudos encontram-se fortemente associados.
O primeiro estudo focado no estudo de descritores para som e vibração marcou a
etapa de estudo da semântica para descritores de tal modalidade dentro do idioma
português do Brasil. Os dados coletados ao longo deste estudo serviram de base para
estruturação do estudo II, a construção da medida para avaliação de ruídos em aeronaves, e
servirão futuramente para construção de outros tipos de medida subjetiva.
Sobre os dados do primeiro estudo, é possível constatar, frente à diversidade de
etapas e ao número extensivo de descritores coletados tanto para som quanto para vibração,
87
uma razoável dificuldade e relativa imprecisão na descrição de fenômeno vibro-acústico
pela população consultada. Poucos foram os descritores que apresentaram um resultado
significativo em termos da freqüência de ocorrência, e grande parte dos descritores
apresentam uma ocorrência mínima (1 ocorrência). Na primeira ida a campo com envio de
questionários via internet apenas três descritores para som e vibração (ver Tabela 2), dentro
de uma amostra de 70 participantes, obtiveram um freqüência maior ou igual a 9
(desconfortável, incômodo, agradável). Com a atividade realizada junto ao grupo de
especialistas, um total de 52 descrições foram mencionadas (ver Figura 13). Entre essas
descrições foi observado o contraste entre termos técnicos e específicos como abafado,
modulante e tonal, por exemplo, e termos mais rotineiros como agradável, barulhento e
chato.
Com a separação e distinção entre descritor para som e vibração, observa-se na
etapa de coleta de descritores para som um conjunto pequeno de nove descritores com 10
ou mais citações (alto, constante, tranqüilo, contínuo, inmodo, baixo, grave,
desconfortável, agradável) (ver Tabela 3), sendo que a amostra de participantes neste
momento foi de 111 participantes. Para a etapa de comparação de trios, sete qualificadores
foram citados 10 ou mais vezes (grave, agudo, alto, baixo, vibrante, forte e suave) (ver
Tabela 4), e o número de participantes desta etapa foi de 34 pessoas. O valor de 10
ocorrências foi tomado arbitrariamente como meio de destacar os qualificadores mais
significativos.
Para os descritores de vibração, a situação o foi muito diferente. Levando em
consideração as limitações do simulador relatadas para esta etapa, o número de
descrições para o fenômeno foram bastante reduzidas. Os descritores constante, tranqüilo,
fraca e baixa foram os de maior freqüência na primeira etapa, e vibrante e forte para etapa
de comparação de trios (ver Tabelas 5 e 6). Nesta etapa da pesquisa diversos foram os
88
comentários informais dos participantes sobre a dificuldade para se nomear qualidades ou
descrições para a vibração que estavam sentindo.
Apesar das dificuldades encontradas no decorrer do estudo I, sob o consenso do
grupo de pesquisa, uma lista de possíveis descritores para som e vibração foi estruturada.
Com os descritores presentes nesta lista foi realizado um estudo de busca para
qualificadores annimos (ver Tabelas 7, 8 e 9). No conjunto, três questionários contendo
175 descritores divididos entre si foram utilizados. Alguns descritores como forte, agudo,
agradável, grave, confortável, pesado entre outros obtiveram um antônimo quase que
consensual entre os participantes. No entanto outros descritores como constante, tranqüilo,
suave, tonal, abafado e outros, não obtiveram um antônimo que fosse considerado apto.
Para os descritores sem um antônimo aparentemente claro, foi adotado o acréscimo de
partículas de conotação negativa para formação dos pares constituintes da futura escala.
Com este levantamento geral de descritores finalizado, partiu-se para construção do
diferencial semântico para sons. Estudos pilotos iniciais foram conduzidos com o objetivo
de averiguar a qualidade da escala para o fim avaliativo. A primeira escala de DS piloto foi
utilizado como base para formatação dos ensaios, bem como averiguar o grau de
praticidade e compreensão do participante com o uso do instrumento.
a segunda versão, com incremento no número de itens, foi analisada por meio de
um comparativo das médias para três regiões da aeronave em que o DS fora respondido
(ver Tabela 16). As diferenças encontradas por alguns pares pela região avaliada pelo DS,
como nos casos dos pares forte/fraco, cômodo/inmodo, estressante/não-estressante,
agradável/desagradável, serviram como um indicativo inicial de validade de critério para o
emprego da técnica em diferenciar percepções dos participantes segundo a região em que o
mesmo avalia.
89
A avaliação de pertinência (ver Tabelas 17 e 18) realizada após os estudos pilotos
foi essencial para determinação das alterações necessárias à versão final do DS. As as
avaliações com especialistas e estudantes, alguns itens do DS piloto (II) sofreram
alterações na sua estrutura semântica visando facilitar seu uso e entendimento. Os
resultados das avaliações de pertinência não foram tomados em termos dos resultados
absolutos, alguns itens definidos pelo pesquisador sofrem alteração com a finalidade de
facilitar a compreensão para o participante. Os itens alterados mencionados nos
resultados, foram os seguintes: abafado/aberto, áspero/suave, intenso/suave e
monótono/variado. Após as alterações, este itens tiveram a seguinte configuração:
abafado/não-abafado, áspero/não-áspero, intenso/não-intenso, monótono/não-monótono,
suave/não-suave e variado/não-variado
Sobre os procedimentos ligados a análise e validação da medida, dos 37 itens
expostos ao procedimento inicial de campo, apenas 24 itens se mostram aptos a constituir o
diferencial semântico após o procedimento da análise fatorial. Os quatro fatores no seu
conjunto explicaram 51,6 % da variância, valor abaixo do ideal de 70 % sugerido por
Pasquali (2005a), no entanto consideráveis para seqüência do trabalho. Sobre a estrutura
dimensional com quatro fatores, tanto o critério do gráfico scree (ver Figura 14) quanto a
análise paralela mostram consistência na estrutura com este número de fatores. Segundo o
conjunto de itens que constituíram cada fator extraído da escala, estes receberam os
seguintes nomes: Avaliação, Adequação, Estabilidade e Intensidade.
A confiabilidade das escalas avaliadas pelo índice alfa de cronbach obteve
resultados considerados ótimos nos dois primeiros fatores, adequado no terceiro e regular
no quarto (ver Tabela 19). Esses valores foram considerados aptos para continuidade do
estudo. A partir das escalas definida procedeu-se com o procedimento multivariado
MANOVA. os dados de critério para esta análise demandaram um ajuste no tamanho dos
90
grupos por tipo estímulo respondido. Após o ajustamento, o procedimento estatístico
revelou diferenças significativas nas quatros escalas constituintes do DS segundo os quatro
grupos de estímulos avaliados.
A partir dos cálculos de correlações entre os fatores foi sugerido um modelo bi
dimensional explicando a avaliação do fenômeno acústico (ver Figura 15). Justificadas as
limitações deste modelo, o mesmo traz uma leitura sobre alguns aspectos inerentes a
avaliação do estímulo em estudo dentro do idioma português do Brasil, demonstrando uma
dimensão composta pelos fatores Avaliação, Adequação e Intensidade e outra composta
pelo fator Estabilidade.
Particularidades gerais sobre cada resultado são melhor descritas na seção anterior.
O que se busca deixar claro na conclusão desta primeira parte da discussão, é que a
primeira pergunta de pesquisa realizada na seção Introdução encontra-se respondida,
relembrando: “Quais os procedimentos metodológicos para construir uma medida para
avaliar subjetivamente sons no interior de aeronaves?”. Os procedimentos são os adotados
nas 13 etapas juntamente com a respectiva alise de dados, constituindo um estudo da
sentica descritiva do fenômeno dentro contexto do sócio cultural e lingüístico para o
qual se propõe construir uma medida e um estudo de validade, em termo do construto e do
critério adotados para tal, justificados mais à frente.
Estudo da Semântica
A primeira qualidade deste estudo é seu caráter de originalidade, no que diz
respeito a ser o primeiro estudo da semântica de descrição para sons e vibrações para o
interior de aeronaves dentro do idioma português. Os resultados relados de imprecisão e
dificuldade para qualificação deste fenômeno já eram esperado conforme indicou um
91
primeiro trabalho versando sobre o estudo de descritores para fenômenos vibro-acústicos
de Paul (2005).
A estrutura lingüística do idioma português do Brasil não possui adjetivos e
expressões precisas para descrição do fenômeno acústicos e vibracionais, fato confirmado
na realização deste estudo. Como observado, as pessoas normalmente conseguem emitir
um julgamento apenas primário do tipo bom ou ruim para o estímulo que estão sentindo.
Quando estimuladas a uma maior descrição do estímulo, acabam por atribuir termos
qualificadores de outros objetos, muitas vezes vagos e imprecisos.
Entre as técnicas de coleta de descritores empregadas no estudo da semântica, a
técnica de comparação de trios, tanto para sons quanto para vibração foi a que
proporcionalmente gerou mais palavras qualificadoras, tendo em vista o número inferior de
participantes, ao ser comparada com a coleta de descritores em simulador. Sobre a etapa de
consulta a especialistas, esta foi fundamental na determinação dos descritores mais
relevantes e usuais para população.
Sobre os descritores annimos acrescidos de algum prefixo ou expressão de
negação, eles, apesar de imprecisos, foram a melhor estratégia no momento da condução
deste estudo. Porém é necessário deixar marcado, que estes são falsos annimos”. Além
do fato de que nem sempre são bem compreendidos pelos participantes, estes não são
representantes reais de propriedade antagônicas do conceito, neste caso do som.
De qualquer forma, a pesquisa apresenta um produto parcial, composto por uma
lista com uma série de descritores elucidados num contato direto com estímulo. Pensando
na construção do DS, como aponta Gusky (1997), ao se trabalhar com esta técnica é
necessário que se conheça a maneira como as pessoas descrevem o fenômeno, Osgood e
Cols. (1957) afirmam que os adjetivos ou palavras que forem compor o DS devam
92
exprimir dimensões e propriedades de objeto estudado, fato cumprido neste estudo apesar
de todas a limitações já relatadas.
Sobre o estudo da semântica para descrição de vibração, apesar de sua não
viabilização em termos de um instrumento de medida para esta pesquisa, o mesmo se
mostra válido para um futuro empreendimento com este objetivo. Basta que sejam
recriadas condições as mais fidedignas possíveis em laboratório ou num procedimento real
de vôo para sua avaliação e validação.
O investimento na realização de mais de uma etapa para coleta de cada tipo de
descritor é um outro indicativo que vem corroborar os aspectos da validade de conteúdo
dos itens que constituirão a medida, descrita na seência. Que os descritores são restritos
e muitas vezes inapropriados é claro do ponto de vista metodológico, no entanto o mais
importante é que eles são as formas verbais que as pessoas descrevem o objeto, ou seja
,eles representam aspectos da estrutura semântica e da própria cultura do idioma português
do Brasil para descrição de sons e vibrações.
Construção e Validação da Medida
Tomando inicialmente os parâmetros teóricos de base do DS, é primeiramente
necessário delimitar qual a sua função nos estudos sobre acústica. Na reunião de
colaborações de diversas pesquisas (Osgood e Cols., 1957, Nunnally, 1970; Omar, 1984;
Otto e Cols., 2001; Quehl, 2001; Fastl, 2006; Muller & Schutte, 2006) e com a
contribuição do estudo aqui desenvolvido, o DS enquanto instrumento psicométrico é uma
medida de atitude, reflete as cognições e afetos que o indivíduo tem em relação ao objeto.
No que diz respeito a sua função enquanto medida de significado, ele é funcional apenas
para descrição dos aspectos conotativos do objeto som.
93
De uma maneira mais prática, o DS possibilita a mensuração das qualidades do
evento acústico, bem como o tipo de percepção dos indivíduos em relação a este evento.
Otto e Cols. (2001) ressaltam que o DS permite avaliar o estado agrado ou o desagrado que
a pessoa possui quanto exposta ao estímulo acústico. Além deste estado, o DS avança
operacionalmente e permite avaliar a intensidade do estado, tanto quando a medida é
aplicada para um nível de mensuração ordinal quanto intervalar.
Sobre o emprego e a qualidade Diferencial Semântico, como uma medida
psicológica na pesquisa, é importante retomar que o mesmo não pode ser considerado um
teste psicológico (Omar, 1984). Este deve possuir parâmetros objetivos que lhe garantam
confiabilidade e validade, parâmetros considerados atingidos pelo pesquisador.
Sob o conceito específico de validade, a escala desenvolvida atinge, mesmo que em
nível exploratório, o que teoricamente é considerado validade de construto. Os itens
constituintes de cada fator podem ser considerados representantes de quatro grandes
aspectos ou também dimensões, as quais são base do fenômeno avaliativo do estímulo
acústico. Cada escala pode ser entendida ainda como um sistema de operacionalização de
um traço latente, relacionado estritamente à avaliação deste fenômeno. Esta colocação
ainda é incipiente, contudo é uma informação empírica baseada no resultado deste estudo,
novas pesquisas são necessárias para que se afirme ou relute tal colocação.
Ainda sobre os aspectos da validade, a validade prática ou critério, o DS criado é
considerado válido na medida em que permite distinguir qualidades e parâmetros de
estímulos acústicos diferentes, quando tomando por critério as características dos estímulos
percebido para aqueles que avaliam. Isso foi constado com os resultados derivados da
MANOVA.
No que concerne o aspecto confiabilidade especificamente, tomando os índices
encontrados mediante o teste o cálculo do coeficiente alfa de Cronbach, que pressupõem a
94
repetição das operações de medida pela escala resultante (Contandriopoulos e Cols., 1997),
é possível afirmar com relativa segurança que o DS ao seu final apresentou índices
satisfatórios que sugerem seu emprego para futuros estudos e contextos de emprego
industriais.
Como levantado no aporte teórico desta pesquisa, o emprego de métodos
psicológicos de avaliação na acústica permitem acesso à maneira como as pessoas
significam o que sentem, e tal fato é grande valia. Esse incremento avaliativo, permite
conhecer em um grau mais complexo e profundo as cognições e afetos que o individuo
mantém com o objeto.
No emprego de escalas de DS é necessário levar-se em conta o tipo de conceito que
se está avaliando. Os significados das escalas o dependentes direto do conceito que se
esavaliando. Sobre o ponto de vista do emprego do DS para avaliação de estímulos de
natureza acústica, o mesmo mostra-se válido no que tange sua função enquanto medida.
Com as considerações relatadas até este momento se torna possível responder a outra das
perguntas norteadoras desta pesquisa, que foi: “Quais as características psicométricas de
uma medida de avaliação de propriedades acústicas para o interior de aeronaves?”. As
características são as mesmas que qualquer outra medida para fins de análise psicológica,
portar aspectos que garantam validade e fidedignidade ao instrumento, aspectos
considerados atingidos pelo pesquisador, e foram relatados nesta pesquisa.
Do ponto de vista teórico, no entanto é necessário maior parcimônia e até mesmo a
revisão de aspectos teóricos sobre a clássica aplicação da teoria do Diferencial Semântico
diante da sua utilização para fenômenos de ordem acústica. No que diz respeito à
adequação da técnica do DS para avaliação destes fenômenos, a mesma é pertinente, na
medida que se preservem as limitações e se descrevam claramente os objetivos que se
busca com o uso da técnica. Outros estudos ainda o necessários para que se validem os
95
aspectos tradicionalmente levantados por Osgood e cols. (1957). Entre os aspectos de
fragilidade do DS para avaliação de estímulos acústicos estão as questões ligadas à
dimensão condutista e à dimensão espacial ligada a formação do significado conotativo.
Nenhum estudo claro foi encontrado mencionando a pertinência dos mecanismos
internos para avalião de estímulo de natureza sonora. A neurociência avançou muito da
do final da década de 60 até hoje, um grupo de pesquisadores do Japão, Suzuki, Gyiba e
Sakuta, (2004), por exemplo, vem desenvolvendo estudos de mapeamento cerebral durante
o uso de escala de DS para avaliação de imagens,. Uma revisão destes mecanismo para
avaliação de fenômenos sonoros poderia colaborar pela dissolução desta vida.
Do mesmo modo existe uma relativa falta de consenso e clareza no que tange o
modelo da estrutura espacial do significado dos fenômenos acústicos. Quehl (2001) relata
diversas pesquisa que sugerem de duas a até oito dimensões percebidas, como encontrado
nos primeiros trabalho de Solomon (1958; 1959a; 1959b) e mais recentemente em Buss,
Schulte-Fortkamp e Muckel (2000). A omiso dos detalhes metodológicos e analíticos
empregados em outros estudos faz permanecer a vida diante de formas as vezes tão
divergentes de se apreender o fenômeno.
No entanto, o que este desencontro de resultados revela, é que o significado do
evento acústico o é facilmente explicado ou passível de redução a modelos oriundos de
outros campos. Acima de tudo, os modelos que se resumem a explicar a qualidade de um
evento em ambientes mais complexos, como numa aeronave, tendem ao reducionismo ao
não considerarem outras variáveis, pois nessas situações o evento sonoro não possui um
julgamento puro: sua avaliação fica diretamente ligada a outros aspectos tanto de ordem
afetivo-cognitiva do indivíduo, como fatores sociopsicológicos, e também outras variáveis
da própria condição de vôo, como temperatura, pressão e duração do vôo.
96
Respondendo à última pergunta norteadora deste estudo, Em que medida a técnica
do diferencial semântico é válida para a avaliação de propriedades acústicas no interior de
aeronaves?”, recorre-se a Nunnally (1970) que salienta que o diferencial semântico é uma
expressão genérica para referir-se a qualquer conjunto de escalas de avaliação que possuam
como ponto de referencia adjetivos bipolares. Com base nessa definição, alinhado ao que
Otto e Cols (2001) relatam sobre a possibilidade de conhecer o tipo de relação de agrado
ou desagrado por meio do DS que o indivíduo mantém com o objeto, e também nos
resultados desta pesquisa, a técnica é claramente válida, desde que se respeite os devidos
limites, deixando claro que o significado que o DS permite mensurar, é o significado do
tipo conotativo, ligado à natureza afetiva e atitudinal do objeto, e que também os aspectos
clássicos sobre o Diferencial Semântico não são exatamente os mesmos empregados no
contexto da acústica. Contribuões e reformulações sob o ponto de vista teórico
necessitam revisão e aprofundamento para novas pesquisas.
Avaliação da Pesquisa
Este estudo, apesar da consistência metodológica e dos resultados encontrados, é
um estudo que possui diversas limitações, entre as quais, e talvez a que mais impere
limitações para generalização dos resultados, é a característica da amostra constituinte da
pesquisa. Trabalhar com estudantes foi a maneira possível para realização do estudo, dado
o tipo de pesquisa e recursos metodológicos empregados, porém, é claro que apesar do
critério da saúde auditiva e experiência de vôo, poucos foram os participantes que tinham
hábito de voar constantemente, fato que não faz a amostra retratar fielmente os usuário de
transporte aéreo, mas sim uma fração de suas características. Propostas de estudos futuros
deverão, dentro do possível, implementar técnicas de validade concorrente com amostras
realistas, e até mesmo numa situação real de vôo.
97
Outra limitação do estudo, agora do ponto de vista do fenômeno estudado, é a
imprecisão e dificuldade que as pessoas possuem para qualificar as características do
estímulo. Isto retrata que, por mais refinado e acessível que seja um instrumento de
medida, este sempre iapresentar limitações quando seu objetivo for captar a percepção
das pessoas sobre um dado objeto qualquer. Tal fato porém não é uma exclusividade desta
medida, mas sim da própria natureza instrumental em ciência, aspecto que vem salientar a
necessidade de parcimônia com uso de instrumento e extensão dos resultados por eles
originado.
Entre os aspectos favoráveis e nos quais esta pesquisa visa contribuir para a
construção dos conhecimentos da ciência psicológica e alimentar sua intersecção com a
engenharia acústica, estão as descrições metodológicas realizadas ao longo deste trabalho,
em outras palavras o modus operandis da construção de uma medida que apreenda o
significado afetivo de um objeto acústico.
Não é pretensão do autor, mas tomando como base os passos realizados no
conjunto deste trabalho, estima-se que seja replicável a pesquisadores de outras áreas
dentro da psicologia, e externos a ela também, construir meios de acesso ao campo afetivo
e atitudinal da relação entre indivíduo e objetos diversos.
Outro aspecto positivo do trabalho é que ele atende ao mesmo tempo duas
necessidades imprescindíveis no ato de fazer ciências nos dias de hoje. Primeiro, atende a
uma demanda da indústria, carente de métodos válidos e confiáveis para o fim aqui
proposto; e segundo, ao aspecto da teoria e ciência psicológica, incrementando uma
discussão sobre a formação do significado e sua estrutura avaliativa para fenômenos de
ordem acústica.
Apesar de pouco comentado ao longo deste trabalho, dado que não era objetivo
desta pesquisa mas de valia sob o ponto de vista teórico da formação do significado para
98
fenômenos acústicos no interior de aeronaves, reside na proposição do modelo explicativo
da avaliação do estímulo acústico. O modelo proposto foi criado a partir da percepção de
um único estímulo, fato que o torna pouco confiável e não passível de generalização. De
qualquer forma, este modelo sugere certa validade, considerando-se que se origina de uma
medida com parâmetros de confiança destacáveis, capaz de discriminar qualidades e
propriedades diferentes de um objeto. No entanto, novos estudos são necessários, e o
emprego de recursos mais sofisticados como modelos de equações estruturais, incluindo
análises fatoriais confirmatórias (Anderson & Gerbing, 1988; Kline, 2005) poderiam
confirmar para um veredicto positivo do modelo proposto, ou delimitar sua especificidade
a estímulos singulares.
Com o futuro, novos estudos partindo do aqui realizado visarão o aprimoramento
do Diferencial Semântico criado. Tais modificações originarão maior confiabilidade e
entendimento não apenas de aspectos teóricos do ponto de vista psicológico, mas também
do ponto de vista técnico e mecânico do fenômeno acústico em aeronaves.
99
Considerações finais
Esta é uma pesquisa que no seu conjunto contribui fortemente a dois campos de
estudo bastante distintos, o campo da ciência psicológica e o campo aplicado da engenharia
acústica. No campo da engenharia acústica, este estudo vem responder a uma demanda por
sistemas de avaliação onde a informação perceptiva do usuário é vital para o
aprimoramento e até mesmo modificações no artefato aeronave. Do ponto de vista da
ciência psicológica, talvez ainda mais fortemente no Brasil, esta pesquisa traz um exemplo
da importância e carência de profissionais habilitados para execução de um
empreendimento científico na interface com áreas tecnológicas. Demandas por meios de
acesso ao sistema psicológico são constantes no campo da engenharia, cabendo muitas
vezes a profissionais de outras áreas cumprirem essa tarefa.
Nos últimos dois anos a população usuária de transporte aéreo assistiu duas das
maiores tragédias do transporte aéreo brasileiro, deixando marcas que nem o tempo i
apagar. Na tarefa de restabelecer a confiança e segurança das pessoas usuárias deste meio
de transporte, todos esforços são válidos, e entre estes a melhoria dos aspectos de
qualidade sonora. Alterar a qualidade acústica de um avião a princípio pode parecer pouco,
no entanto, basta pensar numa situação de vôo com alguns ruídos diferentes do habitual
que se entendera o quanto este aspecto é determinante de sentimentos e cognições
favoráveis ao objeto ou empresa com a qual se esta voado.
Apesar das tragédias e mazelas do transporte aéreo em nosso país, esta é ainda uma
forma de condução tida entre as mais seguras, que vem crescendo a cada ano de maneira a
tornar-se popular nos mais diversos extratos econômicos. Tal fato corrobora a necessidade
de melhoria da qualidade do serviço prestado em termos de saúde e bem estar no ambiente.
100
Deste ponto vista, quaisquer alterações que se façam no interior desta aeronave para este
fim serão sempre bem vindas.
No que refere a particularidade da cnica do Diferencial Semântico, esta é uma
ferramenta muito importante e útil quando o objetivo é descobrir o tipo e a qualidade da
relação que o indivíduo mantém com o objeto. Apesar de antiga a afirmação de Nunnally
(1970, p. 496) de que o DS seria a medida mais válida para os estudos no campo da
atitude, a afirmação parece ainda atual quando se reconhece a diversidade de aplicações da
técnica nos mais diversos campos.
Sob uma concepção prática em relação a outras técnicas, o DS implica menos
inferências do respondente, o que se costuma chamar desejabilidade social. Sua
visualização robusta é ao mesmo tempo complexa e direta, possibilitando avaliar diversas
dimenes de um mesmo fenômeno ao mesmo tempo, ao passo que os itens no formato
bipolar são mais facilmente compreensíveis que os tradicionais itens descritivos de escalas
e inventários.
Considerações à parte, relatadas ao longo deste trabalho, a presente pesquisa busca
em suma colaborar para construção da psicologia enquanto ciência básica e aplicada.
Atendendo, assim, não apenas às demandas e necessidade dos indivíduos e organizações,
mas também à pura tarefa de conhecer.
101
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108
Apêndices
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Pesquisadores: Alexandro Andrade, Raquel Bitencourt e Stephan Paul
e-mail: raquelfb@emc.ufsc.br
Telefone: (48) 33319227 Ramal 34
CARTA DE INFORMAÇÃO E TERMO DE CONCORDÂNCIA
Carta de Informação
Este estudo, denominado "Qualidade Sonora” visa estudar a percepção de usuários
de aviões sobre o ruído e vibrações. Os ensaios não promovem qualquer desconforto e/ou
risco para o indivíduo.
Todo tipo de dúvida a respeito dos procedimentos, dos resultados e/ou de assuntos
relacionados à pesquisa serão esclarecidos, sendo os pesquisadores principais desta
pesquisa a Fga. Raquel Bitencourt, o Eng. Stephan Paul e o Psic. Alexsandro Andrade,
contatados pelo telefone (48) 3331-9227 -ramal 34.
As identidades dos indivíduos serão mantidas em sigilo. Com isso, os resultados
obtidos no estudo serão anônimos podendo as conclusões serem divulgados na literatura
especializada, ou em congressos e eventos científicos da área.
Termo de Concordância
Estou ciente e de acordo com os termos de realização desta pesquisa, e autorizo, por
meio deste, os ensaios que incluem avaliações subjetivas de sons e vibrações. Autorizo
também a publicação dos resultados obtidos no presente estudo, sendo a minha identidade
mantida em sigilo.
Florianópolis, _____ de ______________ de 20__
Nome: ____________________________________________________
Assinatura: _________________________________________________
109
Instrumentos
Questionário para coleta de descritores para som e vibração
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Ocupação:
Imagine que você esteja viajando de avião. Na poltrona na qual você esta sentado você
percebe sons e vibrações. Por favor, liste com palavras ou expressões curtas, de preferência
adjetivos, as características que você acha que esses sons e vibrações sentidos na poltrona
possuem.
Descritores para som Descritores para vibração
110
Questionário para técnica de trios para som e vibração
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Ocupação:
A seguir você irá ouvir alguns sons referentes a situações de vôo diferentes. Sua tarefa
subdivide-se em 4 etapas. Em cada etapa você deverá prosseguir da seguinte maneira:
1) Ouça os três sons de um trio e em seguida, segundo um critério pessoal, escolha entre
estes o mais diferente, preenchendo o espaço “Som mais diferente: __ _ _”.
2) A seguir nomeie adjetivos ou expressões que caracterizem essa diferença no retângulo.
Indique entre parêntesis também um antônimo qualificado para cada um dos adjetivos.
3) No próximo retângulo atribua adjetivos ou expressões que qualifiquem ou/e justifiquem
a característica que torna os outros dois sons semelhantes. Indique entre parêntesis também
um annimo qualificado para cada um dos adjetivos.
4) Caso tenha observado diferenças ou semelhanças entre as vibrações apresentadas,
nomeie no último retângulo de cada trio.
5) Ao finalizar o trio parta para o próximo e assim sucessivamente.
Trio 1
Som mais diferente: _ _ _ _
Caracterize com adjetivos ou expressões o que o torna diferente
Som semelhantes:
Caracterize com adjetivos ou expressões o que os tornam semelhantes
Vibrações:
Caso você tenha percebido alguma diferença nas 3 vibrações apresentadas, por favor
identifique e caracterize
111
Questionário de annimo A
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Questionário de pesquisa
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Ocupação
A seguir você encontra uma lista com diversos adjetivos que são utilizados para descrever
sons e vibrações em situações de vôo. Gostaríamos que, ao lado de cada uma delas, você
colocasse o antônimo correspondente. Estamos interessados na sua opinião, portanto, não
existem respostas certas ou erradas.
Escolha o antônimo no qual você esteja pensando espontaneamente, anote apenas um
annimo por palavra apresentada.
DESCRITOR ANTÔNIMO
1 - forte
2 - agudo
3 - cômodo
4 - confortável
5 - desagradável
6 - constante
7 - fraco
8 - bom
9 - calmo
10 - aceitável
11 -tranqüilo
12- seguro
13 - tolerável
14 -barulhento
15 -reduzido
16 -seguro
17 - ameno
18 - suave
19 - desuniforme
20 - assobiante
21- grave
22 - inaceitável
23 - incômodo
24 - desconfortável
25 - agradável
26 - controlado
27 - contínuo
28 - estável
29 - reduzida
30 - intensa
112
Questionário de annimo B
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Ocupação
A seguir você encontra uma lista com diversos adjetivos que são utilizados para descrever
sons e vibrações em situações de vôo. Gostaríamos que, ao lado de cada uma delas, você
colocasse o antônimo correspondente. Estamos interessados na sua opinião, portanto, não
existem respostas certas ou erradas.
descritor annimo descritor antônimo
violento chiante
ameno simples
amplificado claro
anormal concentrado
ansioso confiável
solto confuso
artificial conhecido
áspero constante
assobiante contínuo
assustado crescente
sonolento hipnotizante
envolvente imperceptível
equilibrado impertinente
estalante inadequado
estimulante incomodante
estressante inconstante
estridente indesejável
excitante ininterrupto
extenso instável
externo insuportável
limpo pacífico
liso parado
localizado perceptível
maléfico perigoso
mecânico permanente
médio persistente
menor pertinente
misturado perturbador
moderado pesado
modulante potente
tranqüilo robusto
tremido rotineiro
triste ruidoso
variável seco
veloz seguro
silencioso sibilante
vibrante
113
Questionário de Annimos C
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Ocupação
A seguir você encontra uma lista com diversos adjetivos que são utilizados para descrever
sons e vibrações em situações de vôo. Gostaríamos que, ao lado de cada uma delas, você
colocasse o antônimo correspondente. Estamos interessados na sua opinião, portanto, não
existem respostas certas ou erradas.
agitado brando
agoniante brusco
agressivo calmo
alarmante cansativo
alto chato
familiar denso
fechado tenso
fino desconhecido
firme descontínuo
flutuante direcional
frágil discreto
frio disperso
gostoso emocionante
grande encorpado
grosso enjoativo
intenso monótono
interessante murmurado
intermitente necessário
interrupto nocivo
intimidador normal
irritante ritmado
latente opaco
legal opressor
lento oprimido
leve oscilante
prazeroso sopro
tonal sossegado
profundo estéreo
prolongado suave
pulsante sufocado
rápido sujo
regular suportável
relaxante sutil
114
Escala de pertinência para descritores/adjetivos
Universidade Federal de Santa Catarina
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora no interior de
aeronaves. Gostaríamos de esclarecer que todas as queses dizem respeito à sua opinião:
não há respostas certas ou erradas.
Qual a sua idade? R: Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
Já voou? ( )Sim ( )Não
Instrução
• Sua tarefa será avaliar a adequação das palavras listadas num questionário para descrição
dos sons e ruído do interior de aeronaves.
• Na seência, você recebera uma escala para avaliação de pertinência dos descritores
• Ao utilizar a escala de pertinência, você deverá considerar o descritor de maneira geral,
avaliando sua pertinência para todos os sons, ruídos que você pode escutar durante uma
viagem de avião.
• A escala possui variação de 1 a 5, onde:
1 = Muito Inapropriado/2 = Inapropriado/3 = Indiferente/
4 = Apropriado/5 = Muito Apropriado
forte 1 2 3 4 5 fraco 1 2 3 4 5
cômodo 1 2 3 4 5 incômodo 1 2 3 4 5
constante 1 2 3 4 5 inconstante 1 2 3 4 5
intenso 1 2 3 4 5 suave 1 2 3 4 5
confortável 1 2 3 4 5 desconfortável 1 2 3 4 5
agudo 1 2 3 4 5 grave 1 2 3 4 5
estresssante 1 2 3 4 5 o estressante 1 2 3 4 5
agradável 1 2 3 4 5 desagradável 1 2 3 4 5
monótono 1 2 3 4 5 variado 1 2 3 4 5
barulhento 1 2 3 4 5 silencioso 1 2 3 4 5
adequado 1 2 3 4 5 inadequado 1 2 3 4 5
familiar 1 2 3 4 5 o familiar 1 2 3 4 5
perigoso 1 2 3 4 5 seguro 1 2 3 4 5
suportável 1 2 3 4 5 insuportável 1 2 3 4 5
tonal 1 2 3 4 5 atonal 1 2 3 4 5
alarmante 1 2 3 4 5 o alarmante 1 2 3 4 5
tolerável 1 2 3 4 5 não tolerável 1 2 3 4 5
aceitável 1 2 3 4 5 inaceitável 1 2 3 4 5
cansativo 1 2 3 4 5 o cansativo 1 2 3 4 5
estável 1 2 3 4 5 instável 1 2 3 4 5
abafado 1 2 3 4 5 aberto 1 2 3 4 5
agitado 1 2 3 4 5 calmo 1 2 3 4 5
áspero 1 2 3 4 5 suave 1 2 3 4 5
bom 1 2 3 4 5 ruim 1 2 3 4 5
115
Continuação.
chiante 1 2 3 4 5 o chiante 1 2 3 4 5
contínuo 1 2 3 4 5 descontínuo 1 2 3 4 5
enjoativo 1 2 3 4 5 o enjoativo 1 2 3 4 5
estalante 1 2 3 4 5 não estalante 1 2 3 4 5
fino 1 2 3 4 5 grosso 1 2 3 4 5
irritante 1 2 3 4 5 o irritante 1 2 3 4 5
lento 1 2 3 4 5 rápido 1 2 3 4 5
leve 1 2 3 4 5 pesado 1 2 3 4 5
pertubador 1 2 3 4 5 o perturbador 1 2 3 4 5
repetitivo 1 2 3 4 5 o repetitivo 1 2 3 4 5
vibrante 1 2 3 4 5 o vibrante 1 2 3 4 5
116
Escala de pertinência para descritores/itens
Universidade Federal de Santa Catarina
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora no interior de
aeronaves. Gostaríamos de esclarecer que todas as queses dizem respeito à sua opinião:
não há respostas certas ou erradas.
Qual a sua idade? R: Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
Já voou? ( )Sim ( )Não
Instrução
• Sua tarefa será avaliar a adequação das palavras listadas num questionário para descrição
dos sons e ruído do interior de aeronaves.
• Na seência, você recebera uma escala para avaliação de pertinência dos descritores
• Ao utilizar a escala de pertinência, você deverá considerar o descritor de maneira geral,
avaliando sua pertinência para todos os sons, ruídos que você pode escutar durante uma
viagem de avião.
• A escala possui variação de 1 a 5, onde:
1 = Muito Inapropriado/2 = Inapropriado/3 = Indiferente/
4 = Apropriado/5 = Muito Apropriado
forte/fraco 1 2 3 4 5
Cômodo/inmodo
constante/inconstante
intenso/suave
confortável/desconfortável
agudo/grave
estressante/não-estressante
agradável/desagradável
monótono/variado
barulhento/silencioso
adequado/inadequado
familiar/não-familiar
perigoso/seguro
suportável/insuportável
tonal/atonal
alarmante/não-alarmante
tolerável/intolerável
aceitável/inaceitável
cansativo/não-cansativo
estável/instável
abafado/aberto
agitado/calmo
áspero/suave
bom/ruim
117
chiante/não-chiante
contínuo/descontínuo
enjoativo/não-enjoativo
estalante/não-estalante
fino/grosso
irritante/não-irritante
lento/rápido
leve/pesado
pertubador/não-pertubador
repetitivo/não-repetitivo
vibrante/não-vibrante
118
Escala de Diferencial Semântico piloto (I)
Universidade Federal de Santa Catarina
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora no interior de
aeronaves. Gostaríamos de esclarecer que todas as questões dizem respeito à sua opinião:
não há respostas certas ou erradas.
Qual a sua idade? R: Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
Já voou? ( )Sim ( )Não
Instrução
A seguir você será submetido a uma simulação de 3 minutos, referente a um trecho de uma
viagem de avião. Sua tarefa será avaliar o som produzido nessa simulação, por meio de 20
pares de adjetivos que se referem ao estímulo escutado.
Exemplo: Quanto mais agradável você achar o som, marque mais próximo da palavra
agradável. Quanto mais desagradável, marque mais próximo da palavra desagradável.
agradável X desagradável
Você deverá prosseguir desta maneira para os próximos pares
forte fraco
cômodo incômodo
constante inconstante
confortável desconfortável
agudo grave
estressante não-estressante
agradável desagradável
monótono variado
barulhento silencioso
adequado inadequado
familiar o-familiar
perigoso seguro
suportável insuportável
tonal atonal
alarmante não-alarmante
aceitável inaceitável
cansativo não-cansativo
tolerável intolerável
intenso suave
estável instável
119
Escala de Diferencial Semântico piloto (II)
Universidade Federal de Santa Catarina
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora no interior de
aeronaves. Gostaríamos de esclarecer que todas as queses dizem respeito à sua opinião:
não há respostas certas ou erradas.
Qual a sua idade? R: Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
Já voou? ( )Sim ( )Não
Instrução
Sua tarefa será avaliar o som produzido no vôo, por meio de 35 pares de adjetivos que se
referem a sua descrição.
Exemplo: Quanto mais agradável você achar o som, marque mais próximo da palavra
agradável. Quanto mais desagradável, marque mais próximo da palavra desagradável.
agradável X desagradável
Você deverá prosseguir desta maneira para os próximos pares
forte fraco
cômodo inmodo
constante inconstante
intenso suave
confortável desconfortável
agudo grave
estressante não-estressante
leve pesado
agradável desagradável
monótono variado
barulhento silencioso
adequado inadequado
enjoativo não-enjoativo
familiar não-familiar
perigoso seguro
suportável insuportável
tonal atonal
alarmante não-alarmante
aceitável inaceitável
cansativo não-cansativo
perturbador não-perturbador
tolerável intolerável
estável ruim
abafado aberto
bom instável
120
Continuação
contínuo descontínuo
estalante não-estalante
fino grosso
lento rápido
irritante o-irritante
repetitivo não-repetitivo
vibrante não-vibrante
áspero suave
chiante não-chiante
agitado calmo
121
Escala de Diferencial Semântico para validação (lápis e papel)
Universidade Federal de Santa Catarina
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora no interior de
aeronaves. Gostaríamos de esclarecer que todas as queses dizem respeito à sua opinião:
não há respostas certas ou erradas.
Qual a sua idade? R: Sexo: ( )Masculino ( )Feminino
Já voou? ( )Sim ( )Não
Instrução
Sua tarefa será avaliar o som produzido no vôo, por meio de 35 pares de adjetivos que se
referem a sua descrição.
Exemplo: Quanto mais agradável você achar o som, marque mais próximo da palavra
agradável. Quanto mais desagradável, marque mais próximo da palavra desagradável.
agradável X desagradável
Você deverá prosseguir desta maneira para os próximos pares
irritante não-irritante
enjoativo não-enjoativo
bom ruim
suave não-suave
tolerável intolerável
agradável desagradável
suportável insuportável
cansativo não-cansativo
agitado calmo
áspero não-áspero
fino grosso
repetitivo não-repetitivo
estressante não-estressante
aceitável inaceitável
alarmante não-alarmante
confortável desconfortável
cômodo inmodo
perturbador o-perturbador
adequado inadequado
barulhento silencioso
perigoso seguro
intenso não-intenso
familiar não-familiar
lento rápido
contínuo descontínuo
122
Continuação
constante inconstante
variado não-variado
estável insvel
estalante não-estalante
agudo grave
tonal atonal
forte fraco
leve pesado
vibrante não-vibrante
chiante não-chiante
abafado não-abafado
monótono não-monótono
123
Questionário para convite de participantes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Pesquisadores responsáveis: Alexsandro Andrade, Raquel Bitencourt e Stephan Paul
e-mail: raquelfb@emc.ufsc.br
Questionário de pesquisa
Este questionário é parte integrante de uma pesquisa sobre qualidade sonora e conforto
acústico. Estamos fazendo um levantamento geral do perfil do usuário de transporte aéreo
universitário e convidando também aqueles que se interessarem a participarem de uma das
etapas de nossa pesquisa.
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Idade: Escolaridade
Já voou de avião: ( ) sim ( ) não Toca algum instrumento musical: ( ) sim ( ) não
Você aceitaria participar de uma das etapas de nossa pesquisa: ( ) sim ( ) não
Caso aceite, nos informe o seu nome, telefone de contato e o horário disponível:
Nome: Fone: Horário
124
Tabelas e dados de origem do Excel e do SPSS
Todos os descritores para som coletados via questionário em simulador.
Descritor Freqüência
alto 31
constante 27
tranilo 18
contínuo 16
incômodo 13
baixo 13
grave 12
desconfortável 11
agradável 10
desagradável 9
estável 9
fraco 9
forte 7
suave 7
calmo 6
chato 6
confortável 6
intenso 6
irritante 6
normal 5
vibrante 5
cansativo 4
chiante 4
tolerável 4
abafado 3
agoniante 3
controlado 3
estressante 3
monótono 3
repetitivo 3
ruidoso 3
veloz 3
ventoso 3
enjoativo 3
aceitável 2
agudo 2
ameno 2
assobiante 2
bom 2
extenso 2
leve 2
médio 2
125
Continuação
perturbador 2
relaxante 2
ritmado 2
ruim 2
sonolento 2
estalante 2
acostumado 1
aerodinâmico 1
agitado 1
ambiente 1
ansioso 1
áspero 1
ativo 1
dependente 1
desuniforme 1
envolvente 1
familiar 1
flutuante 1
hipnotizante 1
imperceptível 1
ininterrupto 1
instável 1
liso 1
maléfico 1
menor 1
moderado 1
modulante 1
opaco 1
pertinente 1
pesado 1
pressão 1
profundo 1
prolongado 1
rotina 1
seco 1
silencioso 1
sopro 1
sujo 1
suportável 1
tenso 1
variante 1
zumbido 1
126
Todos os descritores para som coletados por técnica de comparação de trios.
Descritor Freqüência
grave 17
agudo 16
alto 12
baixo 12
vibrante 12
forte 10
suave 10
ruído 8
agradável 7
calmo 7
intenso 7
barulhento 6
chiado 6
confortável 5
constante 5
estáveis 5
fraco 5
incomodo 5
irritante 5
desconfortável 4
abafado 3
aberto 3
agitado 3
contínuo 3
descontínuo 3
fino 3
leve 3
pesado 3
relaxante 3
silencioso 3
tranilo 3
agressivo 2
desagradável 2
fechado 2
instável 2
limpo 2
normal 2
rápido 2
tonal 2
tremido 2
amplificado 1
anormal 1
artificial 1
assustado 1
brando 1
127
Continuação
brusco 1
cansativo 1
chato 1
concentrado 1
confuso 1
crescente 1
denso 1
discreto 1
disperso 1
equilibrado 1
inconstante 1
interrupto 1
lento 1
misturado 1
monótono 1
opaco 1
oscila 1
simples 1
sossegado 1
sufocado 1
sujo 1
sutil 1
tenso 1
triste 1
violento 1
128
Todos os descritores para vibração coletados via questionário em simulador.
Descritor Freqüência
constante 26
tranqüila 18
fraca 11
baixa 10
suave 9
agradável 7
calma 7
grave 7
vibrante 7
confortável 6
desconfortável 5
estável 5
normal 5
alta 4
aceitável 3
ambiente 3
chata 3
controlada 3
desagradável 3
forte 3
incomodante 3
sonolenta 3
veloz 3
abafada 2
agoniante 2
boa 2
cansativa 2
enjoativa 2
estalante 2
extensa 2
imperceptível 2
leve 2
relaxante 2
segura 2
tolerável 2
acostumada 1
agudo 1
ansiosa 1
assobiante 1
ativa 1
chiado 1
dependente 1
desuniforme 1
discreta 1
envolvente 1
129
continuação
gostosa 1
hipnotizante 1
inexistente 1
instável 1
legal 1
lisa 1
mínima 1
modulante 1
monótona 1
nervosa 1
oscilante 1
perceptível 1
perturbador 1
pesada 1
reduzida 1
silenciosa 1
sopro 1
superficial 1
suportável 1
tensa 1
tremida 1
ventosa 1
zumbida 1
130
Todos os descritores para vibração coletados por técnica de comparação de trios.
Descritor Freqüência
vibrante 11
forte 10
intensa 6
suave 5
irritante 3
agradável 2
constante 2
fraca 2
incômoda 2
oscila 2
tremula 2
aguda 1
barulhenta 1
brusca 1
desagradável 1
diferentes tons. 1
grave 1
imperceptível 1
inconstante 1
instável 1
leve 1
macio 1
marcante 1
média 1
neutra 1
normal 1
pausada 1
sutil 1
131
Análise Fatorial
Rotated Factor Matrix(a)
Factor
1 2 3 4
irritante/não-irritante
,791
enjoativo/não-enjoativo
,770
bom/ruim
-,763
suave/não-suave
-,746
tolerável/intolerável
-,709
agradável/desagradável
-,704
suportável/insuportável
-,679
cansativo/não-cansativo
,618
agitado/calmo
,589
áspero/não-áspero
,536
fino/grosso
-,521 ,511
repetitivo/não-repetitivo
estressante/não-estressante
,716
aceitável/inaceitável
-,675
alarmante/não-alarmante
,668 -,445
confortável/desconfortável
-,433 -,606
cômodo/incômodo
-,585
perturbador/não-perturbador
,575 ,579
adequado/inadequado
-,544
barulhento/silencioso
,419
perigoso/seguro
,413
intenso/não-intenso
familiar/não-familiar
lento/rápido
connuo/desconnuo
,753
constante/inconstante
,735
variado/não-variado
-,687
estável/instável
,638
estalante/não-estalante
-,503
agudo/grave
tonal/atonal
forte/fraco
,608
leve/pesado
-,423 -,539
vibrante/não-vibrante
,452
chiante/não-chiante
,435
abafado/não-abafado
monótono/não-monótono
Extraction Method: Principal Axis Factoring - Rotation Method: Varimax with Kaiser
Normalization.
132
Matriz de correlações
Correlations(a)
Avaliação
F1
Adequação
F2
Estabilidade
F3
Intensidade
F4
Avaliação F1 Pearson
Correlation
1 ,497(**) -,122 -,364(**)
Sig. (2-tailed)
,000 ,052 ,000
N
254 254 254 254
Adequação F2
Pearson
Correlation
,497(**) 1 ,177(**) -,473(**)
Sig. (2-tailed)
,000 ,005 ,000
N
254 254 254 254
Estabilidade
F3
Pearson
Correlation
-,122 ,177(**) 1 ,106
Sig. (2-tailed)
,052 ,005 ,092
N
254 254 254 254
Intensidade F4
Pearson
Correlation
-,364(**) -,473(**) ,106 1
Sig. (2-tailed)
,000 ,000 ,092
N
254 254 254 254
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).
a situação = 3
133
Análise Multivariada (MANOVA)
Descriptive Statistics
tipo de som Mean Std. Deviation N
Avaliação F1 Som 2
3,7159 ,53305 26
Som 8
4,5919 ,86445 26
Som 10
2,6368 1,08118 26
Som 16
4,1752 1,17007 26
Total
3,7799 1,18456 104
Adequação F2 Som 2
3,7409 ,94607 26
Som 8
4,9112 ,93284 26
Som 10
2,6468 1,07005 26
Som 16
4,7633 1,06264 26
Total
4,0156 1,34759 104
Estabilidade F3 Som 2
4,5865 ,51934 26
Som 8
6,0676 ,78213 26
Som 10
4,4231 1,45391 26
Som 16
6,2981 ,61245 26
Total
5,3438 1,24052 104
Intensidade F4 Som 2
4,8462 1,00269 26
Som 8
3,5273 1,04222 26
Som 10
4,7115 ,96616 26
Som 16
4,0288 1,19232 26
Total
4,2785 1,16882 104
134
Levene's Test of Equality of Error Variances(a,b)
F df1 df2 Sig.
Avaliação F1
5,058 7 246 ,000
Adequação F2
2,596 7 246 ,013
Estabilidade F3
8,417 7 246 ,000
Intensidade F4
1,500 7 246 ,168
Tests the null hypothesis that the error variance of the dependent variable is equal across groups.
a Design: Intercept+tip.som b situação = 2
Multivariate Tests(c)
Effect Value F
Hypothesis
df Error df Sig.
Intercept Pillai's Trace
,992 3118,052(a) 4,000 97,000 ,000
Wilks' Lambda
,008 3118,052(a) 4,000 97,000 ,000
Hotelling's Trace
128,579 3118,052(a) 4,000 97,000 ,000
Roy's Largest Root
128,579 3118,052(a) 4,000 97,000 ,000
tip.som Pillai's Trace
,851 9,793 12,000 297,000 ,000
Wilks' Lambda
,301 12,284 12,000 256,929 ,000
Hotelling's Trace
1,841 14,674 12,000 287,000 ,000
Roy's Largest Root
1,561 38,628(b) 4,000 99,000 ,000
a Exact statistic
b The statistic is an upper bound on F that yields a lower bound on the significance level.
c Design: Intercept+tip.som
135
Multiple Comparisons
Bonferroni
-,8761* ,26200 ,007 -1,5813 -,1708
1,0791* ,26200 ,000 ,3739 1,7843
-,4593 ,26200 ,496 -1,1646 ,2459
,8761* ,26200 ,007 ,1708 1,5813
1,9552* ,26200 ,000 1,2500 2,6604
,4167 ,26200 ,689 -,2885 1,1220
-1,0791* ,26200 ,000 -1,7843 -,3739
-1,9552* ,26200 ,000 -2,6604 -1,2500
-1,5385* ,26200 ,000 -2,2437 -,8332
,4593 ,26200 ,496 -,2459 1,1646
-,4167 ,26200 ,689 -1,1220 ,2885
1,5385* ,26200 ,000 ,8332 2,2437
-1,1703* ,27871 ,000 -1,9205 -,4201
1,0941* ,27871 ,001 ,3438 1,8443
-1,0224* ,27871 ,002 -1,7726 -,2721
1,1703* ,27871 ,000 ,4201 1,9205
2,2644* ,27871 ,000 1,5142 3,0146
,1479 ,27871 1,000 -,6023 ,8982
-1,0941* ,27871 ,001 -1,8443 -,3438
-2,2644* ,27871 ,000 -3,0146 -1,5142
-2,1164* ,27871 ,000 -2,8667 -1,3662
1,0224* ,27871 ,002 ,2721 1,7726
-,1479 ,27871 1,000 -,8982 ,6023
2,1164* ,27871 ,000 1,3662 2,8667
-1,4810* ,25459 ,000 -2,1663 -,7957
,1635 ,25459 1,000 -,5218 ,8487
-1,7115* ,25459 ,000 -2,3968 -1,0263
1,4810* ,25459 ,000 ,7957 2,1663
1,6445* ,25459 ,000 ,9592 2,3298
-,2305 ,25459 1,000 -,9158 ,4548
-,1635 ,25459 1,000 -,8487 ,5218
-1,6445* ,25459 ,000 -2,3298 -,9592
-1,8750* ,25459 ,000 -2,5603 -1,1897
1,7115* ,25459 ,000 1,0263 2,3968
,2305 ,25459 1,000 -,4548 ,9158
1,8750* ,25459 ,000 1,1897 2,5603
1,3188* ,29243 ,000 ,5317 2,1060
,1346 ,29243 1,000 -,6525 ,9218
,8173* ,29243 ,037 ,0302 1,6044
-1,3188* ,29243 ,000 -2,1060 -,5317
-1,1842* ,29243 ,001 -1,9714 -,3971
-,5015 ,29243 ,537 -1,2887 ,2856
-,1346 ,29243 1,000 -,9218 ,6525
1,1842* ,29243 ,001 ,3971 1,9714
,6827 ,29243 ,129 -,1044 1,4698
-,8173* ,29243 ,037 -1,6044 -,0302
,5015 ,29243 ,537 -,2856 1,2887
-,6827 ,29243 ,129 -1,4698 ,1044
(J) tipo de som
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
(I) tipo de som
Som 2
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 16
Som 2
Som 8
Som 10
Som 16
Dependent Variable
Avaliação F1
Adequação F2
Estabilidade F3
Intensidade F4
Mean
Difference
(I-J) Std. Error Sig. Lower Bound Upper Bound
95% Confidence Interval
Based on observed means.
The mean difference is significant at the ,05 level.
*.
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