O contínuo operar do "digitador", em horas demasiadamente prolongadas, para esse tipo
de profissão, tem gerado uma doença chamada "Tenossinovite" — uma enfermidade facilmente
reconhecida, comum em adultos, jovens, cujas ocupações demandam movimentos repetitivos do punho
e da mão".
É causada pelo "atrito excessivo entre os tendões e o paratendão circundante, pelo uso
excessivo da mão".
Pato logicamente, "os tendões mais freqüentemente afetados são os músculos profundos
no dorso do antebraço, especialmente os extensores do polegar, e os extensores radiais do punho".
0 boletim "A Saúde dos Operários da Informática" diz que, "considerada um mal
implacável para a categoria, a tenossinovite pôde causar danos imprevisíveis. Ela atinge principalmente
os digitadores, conhecidos com os 'operários da informática' " estes profissionais passam horas
seguidas diante de terminais, teclando as informações que serão processadas pelo computador, tarefa
que requer movimento repetitivo, rápido e estafante das mãos. Atendem ainda a requisitos mínimos de
produtividade exigidos pelas empresas, que estão entre 10 mil e 18 mil toques por por hora".
Estatísticas mostram que só em São Paulo, "o Serpro já teve 15 funcionários rema-
nejados para outras funções, pois se encontravam atingidos pela tenossinovite, em casos considerados
irreversíveis".
Conheço uma jovem digitada, no Rio de Janeiro, que, há três anos de licença médica,
casada, não consegue mais fazer os serviços de casa e nem mesmo segurar objetos com firmeza.
"Um levantamento feito no centro de processamento de dados de uma grande instituição
financeira em São Paulo, por exemplo, revela que, entre 1983 e 1985, o número de casos aumentou
dez vezes."
Outra pesquisa realizada em maio de 1986 por um grupo de funcionários da Dataprev
junto a um grupo de 52 digitadores apresentou resultados alarmantes, com agravantes de tendivite,
bursite e sinovite. E foi constatada a presença assustadora de 32 casos de tenossinovite.
Com o tema "Tenossinovite, uma doença transmitida pelo computador", a articulista
Cristina Chacel diz, no Jornal do Brasil, que "no Brasil, cresce a cada dia o número de digitadores (os
datilografo que registram os dados nos terminais, para serem enviados à memória do computador) que,
pela natureza e condições de trabalho, contraem uma doença difícil de detectar e dramaticamente
irreversível: a tenossinovite, ou seja, a inflamação dos tendões das mãos que trabalham
ininterruptamente, sob pressões de prazos e produtividade".
E acrescenta que "nova como a informática, a tenossinovite já atacou digitadores de Porto
Alegre, São Paulo, Brasília, Curitiba e Rio de Janeiro e não há nenhum caso, até hoje, de cura. Todos
eles acabam por encontrar a dura realidade de perda dos movimentos das mãos e conseqüente
convívio com dores intensas, que se estendem pelos braços. E no Rio cerca de 30 digitadores já estão
definitivamente impossibilitados de trabalhar".
Diante de tais circunstâncias, várias Associações dos Profissionais de Processamento de
Dados, em diversos estados, lutam pelo reconhecimento da tenossinovite como doença profissional o
que levou o INAMPS, em circular, a esclarecer que "quando resulte de movimentos articularei intensos
e reiterados, equipara-se, nos termos do artigo 2°, § 3°, da Lei n° 6.367, de 19 de outubro de 1976, a
um acidente de trabalho, fazendo jus o segurado, neste hipótese, às prestações do respectivo seguro".