Em geral, o grupo posicionou-se de maneira progressista ao responder a todas as
questões, tratando de justificar suas respostas a partir do pressuposto da necessidade de
liberdade e de autonomia das mulheres.
Após essa dinâmica, foi realizado um trabalho de grupo que consistiu na troca de
experiências de vida e de trabalho com relação às questões de gênero, raça e etnia. Três
grupos foram formados e cada um deles respondeu à seguinte questão: o fato de eu ser
mulher, mulher negra, mulher indígena ou homem, homem negro, homem indígena,
afeta minha vida e meu trabalho em quê?
Os grupos trabalharam até o final da manhã e apresentaram suas discussões em uma
plenária. O Grupo 1 foi formado pelos coordenadores de Goiás, Rio Grande do Norte,
Santa Catarina, São Paulo, Acre, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Porto Alegre,
Rio de Janeiro (Prefeitura), Maranhão, Belém e Paraíba. O Grupo 2 foi formado pelos
coordenadores do Pará, Rondônia, Sergipe, Piauí, Guarulhos, Mato Grosso, Rio Grande
do Sul, Salvador, Manaus, Espírito Santo, Tocantins, Alagoas e São Paulo (Prefeitura). O
Grupo 3 foi formado pelos coordenadores de Roraima, Amapá, Ceará, ABC Paulista,
Campo Grande, Paraná, Rio de Janeiro, Amazonas, Recife, Pernambuco, Belo Horizonte,
Fortaleza e Distrito Federal. Em cada grupo, também estiveram presentes representantes
do Departamento de Qualificação.
O Grupo 1 lembrou que todos os seus integrantes reconhecem a existência de uma
representação social dos papéis de homens e mulheres. Assim, cresceram reforçando os
papéis que lhes foram destinados. Nos últimos anos, assistiram a uma inversão de papéis,
por meio da qual as mulheres estão assumindo posições que antes só eram assumidas por
homens. Mas, essa inversão tem uma relação direta com a condição social e com as
relações social de cada pessoa. Assim, é mais fácil de ocorrer entre algumas pessoas
melhor posicionadas, e mais difícil com outras. Como conseqüência, em geral, as
mulheres que conseguem se posicionar no trabalho, têm que mostrar mais competência e
capacidade. Já os homens, na vida e no trabalho, foram afetados positivamente.
O Grupo 2, ressaltou que o fato de ser mulher afetou suas integrantes no trabalho, já que
elas tinham que conciliar o trabalho fora de casa com o trabalho dentro de casa. Há um
conflito difícil de resolver entre as escolhas pessoais, as escolhas profissionais e a
maternidade. Também há discriminação referente a mulheres que são jovens, bonitas,
brancas e instruídas. Elas sofrem assédio moral e sexual. Quanto aos homens, eles
sofrem também já que são vistos somente como provedores. Enfrentam relações de
poder complicadas com mulheres em seus trabalhos, bem como enfrentam dificuldades
quando escolhem acompanhar maritalmente mulheres negras.
Quanto à experiência de ser uma mulher negra, destacou-se que elas precisam impor-se
no trabalho por suas qualidades. Têm que agüentar preconceitos por terem filhos negros
e universitários e, quando se agrega a questão da pobreza, ou seja, ser mulher, negra e
pobre, a discriminação á ainda maior no trabalho e na vida pessoal.
O Grupo 3, concluiu que homens e mulheres sofrem discriminações de gênero, só que
de forma diferenciada e mais intensa nas mulheres. As formas de superação dessas
discriminações passam pelo estudo e pelo maior esforço de mulheres e negros para não
se deixar levar por essas discriminações. Para lidar com essas questões, é preciso ser um
cidadão pró-ativo e não somente reativo.