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reciclado e meio ambiente, com 30 adolescentes, e a outra no Bosque dos Jequitibás,
que o nome era “Guia júnior”, que fazia um trabalho de guiar as pessoas lá, também
ligada ao meio ambiente (...). Daí nós acabamos escrevendo, neste período, um
projeto para criar um serviço de atendimento aos meninos do trabalho infantil. E
essa discussão do trabalho infantil foi anterior ao PETI
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, quando o PETI chegou em
Campinas a gente já fazia estas duas oficinas, eu e mais as duas educadoras que
ficamos neste trabalho. E nós ficamos atendendo no Parque Ecológico e no Bosque
dos Jequitibás, e a gente atendia ora lá, ora unia os dois, e, ao total, dava 60
adolescentes. Só que sem infra-estrutura nenhuma, porque os meninos não tinham
sala para fazer atividade, fazia atividade aberta no Bosque, não tinha banheiro para
usar, tinha que usar banheiro público do Bosque, e no Parque Ecológico era a mesma
coisa.
- E quem era o público?
- Eram os meninos que estavam mais ligados ao mercado informal (...). Isso foi em
meados de 2001 (...). Quando o pessoal passou para a Secretaria da Saúde, que não
quis mais ficar com a Secretaria da Assistência, foi que a Secretaria de Assistência
resolveu investir neste trabalho nosso, a gente já tinha escrito um projeto, feito por
mim e mais as duas educadoras. Nós escrevemos, foi para o Conselho, o Conselho
aprovou e aí que começou a se procurar um espaço para o atendimento, e, após
muita discussão a gente conseguiu que o serviço tivesse uma bolsa para a família, e
que nós iríamos atender, a partir de então, só o mercado informal e mendicância, só
o trabalho infantil. Adolescentes que não fossem do trabalho infantil poderiam ser
atendidos por outras OGs [Organizações Governamentais] e ONGs e a gente queria
um perfil de atendimento específico como o outro grupo tinha resolvido qual era o
perfil de atendimento deles [referência ao grupo de trabalhadores transferidos para a
Secretaria de Saúde que havia elegido o grupo de meninos estruturados/ moradores
das ruas, como grupo de trabalho]. Em 2003 inauguramos aqui [Convivência e
Cidadania] e consideram a inauguração do trabalho em 2003, mas, na verdade, foi
desde meados de 2001 que a gente já existia, precariamente naquelas condições, mas
já existia. E aqui a gente só ampliou, de 60 passamos a atender 90 adolescentes, nós
passamos a atender o PETI também. Então é essa a história do projeto (Antiga
assistente social do Projeto Casa Amarela e coordenadora do programa Convivência
e Cidadania).
Com essa situação específica, Campinas criou, dentre os serviços públicos
diretos, uma dicotomia no atendimento às crianças e aos adolescentes em situação de
rua, na qual o público “estruturados” nas ruas era de “responsabilidade” da Secretaria
de Saúde e aqueles que se encontravam em situação de trabalho e com manutenção
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Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI): Programa Federal do Ministério de
Desenvolvimento Social e Combate à Fome que consiste na concessão de bolsa (apoio financeiro)
para famílias de crianças e adolescentes em situação de trabalho e o desenvolvimento de ações
socioeducativas e de convivência para crianças e adolescentes que estejam trabalhando, visando à
manutenção da criança/adolescente na escola e a articulação dos demais serviços da rede de
proteção básica e especial. Em Campinas o valor da bolsa era, em 2006, de R$ 180,00/família,
composto de recursos federais e municipais.