PPGEP – GESTÃO INDUSTRIAL (2007)
RESUMO
Alberto Guerreiro Ramos idealizou os homens operacional, reativo e parentético, que
tiveram uma existência paralela aos três paradigmas produtivos industriais presentes
no século XX, fordismo, toyotismo e volvismo, formando uma trilogia produtiva que
influenciou o desenvolvimento tecnológico e organizacional deste período histórico.
O objetivo deste trabalho é estabelecer as conexões entre os modelos de homem de
Alberto Guerreiro Ramos e os paradigmas produtivos industriais identificados na
passagem da Sociedade da Produção para a sociedade do Conhecimento
evidenciada no século XX. A pesquisa desenvolvida foi exploratória e qualitativa, o
método utilizado foi o de história de vida. A coleta dos dados ocorreu por meio de
entrevistas semi-estruturadas, os sujeitos da amostra selecionados entre
funcionários de uma empresa do setor de alimentos, detentora de alto nível
tecnológico, certificados internacionais de qualidade, sendo líder em seu setor de
atuação. A técnica de análise de conteúdo foi utilizada para o entendimento dos
dados coletados, sendo que se fez necessário a decomposição das informações em
categorias distintas, mas conectas. Os modelos de homem guerreirianos e sua
vinculação aos paradigmas produtivos podem assim ser considerados: o homem
operacional, passivo diante do ambiente produtivo, programável e movido apenas
pelas recompensas materiais, vincula-se de forma mais evidente ao paradigma Ford
de produção, cujo funcionamento estático pode ser comparado a uma máquina; o
homem reativo que não vincula ainda a sua existência pessoal a organizacional, é
dotado de uma racionalidade mais desenvolvida e possui uma flexibilidade mais
aprimorada no ambiente produtivo, conecta-se ao paradigma Toyota de produção,
que pode ser comparado a um organismo vivo; o homem parentético, mais
sofisticado e racional é capaz de analisar a realidade que o cerca, com isenção,
como se dela não fizesse parte, sendo a sua conexão mais evidente o paradigma
Volvo de produção, cuja imagem é vinculada a um cérebro, e que exige um ser
humano critico e responsável, por ter sido planejado pensando-se na ação do
homem na planta de Uddevalla na Suécia. O homem parentético detém
características dos modelos anteriores, que, como eles possuíam as raízes
formativas deste, sua capacidade crítica-analítica é bastante desenvolvida em
relação a sua existência e aos fatores que lhe são relacionados. A empresa
estudada passou de um paradigma fordiano, em que os seus funcionários eram com
peças de uma máquina, para o paradigma toyotista, onde a qualidade produtiva,
organizacional e laboral passou a ser considerada. Matizes identificadas na
organização permitiram a vinculação de práticas ao paradigma volvista: espírito de
trabalho em equipe e a consciência de sua necessidade; elevado grau de tecnologia
aplicado à produção; preocupação organizacional com a qualidade de vida pessoal e
operacional dos colaboradores; entusiasmo com o ambiente de trabalho considerado
prazeroso. Concluiu-se que os modelos de homem e os paradigmas produtivos
possuem conexões identificáveis no ambiente produtivo contemporaneamente,
permitindo um melhor entendimento do ambiente organizacional.
Palavras-chave
Homem parentético; modelos de homem; paradigmas produtivos; industrialização;
sociedade do conhecimento.