Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BÁSICAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
Papel dos gangliosídios de células estromais sobre a proliferação e
sobrevivência de células precursoras mielóides
Ana Luiza Ziulkoski
Orientador: Prof. Dr. Radovan Borojevic
Co-orientadora: Profª Drª Fátima T.C.R. Guma
Tese de doutorado apresentada ao curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas –
Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para
obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas: Bioquímica.
Porto Alegre
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
II
Ao Arthur, meu filho, meu sonho
Ao Günther, meu porto seguro
ads:
III
“Aproveite tudo que puder a cada hora, cada dia e cada época da vida.
Assim você poderá olhar para frente com confiança e para trás sem ressentimentos.
Seja você mesmo, mas dê o melhor de você.
Atreva-se a ser diferente e seguir sua própria estrela...
E nunca tenha medo de ser feliz!"
IV
AGRADECIMENTOS
Ao professor Radovan Borojevic, pela orientação, pelo exemplo, pela oportunidade.
A Fátima, pela orientação, pela amizade, pela confiança, pela paciência e pelos dez anos
de convivência.
A Vera (Trindade), por um dia ter me catado no corredor do antigo Biociências pra me
falar da bolsa de monitoria com a Fátima, a qual fez tudo começar. Obrigada também pelas
dicas, pela força e por Córdoba.
Ao professor José Luiz Daniotti, pelo período que passei em seu laboratório, pelas
discussões dos resultados, pela ótima crítica e pelas idéias.
Ao Laboratório de Imunogenética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo
empréstimo da citocentrífuga.
A professora Elena, pela disposição em ajudar a esclarecer as dúvidas químicas
protocolo.
A Claúdia, incansável, prestativa, companheira, amiga. Obrigada pela presença, pelos
papos, pelos cafezinhos, pela ajuda inestimável e por ensinar tudo que sabes de gangliosídios.
A Pilar, pelo companheirismo, pelo auxílio, pela dedicação com as imagens e por tornar
meus dias em Córdoba mais fáceis.
A Elisa, meu braço direito, por sua preciosa colaboração e por sobreviver ao meu jeito
“faz duas coisa ao mesmo tempo” de trabalhar.
A Ju e a Mari, por todo o auxílio no início desta jornada.
A Gis, pela colaboração com os meios e manutenção das células. A Lica, pela ajuda nos
experimentos finais. Ao Dudu, pelos “chimas” e aos demais bolsistas do Lab 21 pela
convivência.
A Dona Lia, cujo trabalho é essencial para que o nosso ande bem. Obrigada pelo bom
humor e pela prestatividade.
A Cléia, pelo sorriso gentil e pela ajuda com os problemas burocráticos.
Às minhas culturas de células, como prometido.
Aos colegas da Farmácia Escola da Feevale, especialmente a Ane, Eliane, Letícia e
Paola, por compartilharem das preocupações nos últimos dois anos deste trabalho.
Aos meus pais e ao meu irmão, pelo carinho, pelo apoio e pelo interesse.
À minha vó Marietinha, que mesmo sem fazer idéia do que é uma tese de doutorado, se
preocupava em saber quando eu iria terminar.
Ao Günther, por ouvir meus desabafos, por suportar minhas ausências e entender que
culturas de células precisam de cuidados quase que diários.
V
APRESENTAÇÃO
Esta tese encontra-se apresentada no formato de artigos científicos e organizada da
seguinte forma:
PARTE I
Introdução, contendo uma revisão da literatura sobre os aspectos que fundamentaram
este trabalho.
Objetivos gerais e específicos do trabalho.
PARTE II
Capítulo 1, contendo artigo científico publicado em periódico internacional.
Capítulo 2, contendo dados complementares do artigo científico já publicado.
Capítulo 3, contendo manuscrito a ser submetido.
Capítulo 4, contendo dados preliminares.
PARTE III
Discussão, contendo uma interpretação geral dos resultados apresentados nos
diferentes capítulos, além da conclusão final.
Perspectivas originadas a partir deste trabalho.
REFERÊNCIAS
Referências bibliográficas citadas nas Partes I e III.
ANEXOS
Anexo 1, contendo a lista de figuras.
Anexo 2, contendo a lista de tabelas.
VI
ÍNDICE
PARTE I
RESUMO....................................................................................................................................2
ABSTRACT ...............................................................................................................................3
LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................................................4
INTRODUÇÃO..........................................................................................................................5
1. Gangliosídios.................................................................................................................5
1.1. Gangliosídios e receptores.................................................................................8
1.2. Gangliosídios e hematopoiese...........................................................................9
1.3. Glicosinapses....................................................................................................11
2. Rafts.............................................................................................................................12
3. Hematopoiese ..............................................................................................................15
3.1. O GM-CSF ......................................................................................................17
OBJETIVOS.............................................................................................................................19
1. Objetivos específicos...................................................................................................20
PARTE II
CAPÍTULO 1 ...........................................................................................................................22
CAPÍTULO 2 ...........................................................................................................................32
CAPÍTULO 3 ...........................................................................................................................49
CAPÍTULO 4 ...........................................................................................................................76
PARTE III
DISCUSSÃO............................................................................................................................87
PERSPECTIVAS .....................................................................................................................96
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................97
ANEXO 1 – Lista de figuras ..................................................................................................107
ANEXO 2 – Lista de tabelas ..................................................................................................109
1
PARTE I
2
RESUMO
A mielopoiese depende do estroma mielossuportivo tanto no que diz respeito a
produção de fatores de crescimento como de proteoglicanos de heparan-sulfato. O ambiente
intercelular formado entre células do estroma e células progenitoras mielóides possui
características ácidas, conferidas por moléculas carregadas negativamente e sensíveis a
sialidase. Gangliosídios, glicoesfingolipídios contendo pelo menos uma molécula de ácido
siálico, têm sido relacionados à modulação de fatores de crescimento e à diferenciação de
células hematopoiéticas. Neste trabalho, estudamos a produção, a distribuição e o papel dos
gangliosídios em um modelo experimental in vitro de mielopoiese dependente do estroma
derivado de fígado fetal murino AFT-024. Utilizamos como sistema de resposta para o
monitoramento da disponibilidade e atividade local de GM-CSF a linhagem celular precursora
mielóide FDC-P1, a qual é dependente de GM-CSF para sua sobrevivência e proliferação. O
GM3 foi o principal gangliosídio produzido pelo estroma, mas não pelas células mielóides,
sendo requerido para que a função mielossuoprtiva do estroma seja ótima. Este gangliosídio
foi liberado para o sobrenadante de cultura das células AFT-024 e seletivamente incorporado
pelas células progenitoras mielóides, onde foi segregado em rafts e colocalizou-se com a
cadeia α do receptor de GM-CSF. Além disso, o gangliosídio GM3 foi encontrado na fração
insolúvel de células AFT-024 tratadas com Triton X-100 a 4°C, estando presente também nas
frações menos densas do fracionamento em gradiente de sacarose, indicando sua presença em
rafts. O GM3 captado pelas células FDC-P1 foi metabolizado, gerando gangliosídios das
séries a e b, da mesma forma que o GM3 endógeno. Nestas células, o GM1 é o principal
gangliosídio, também sendo encontrado na interface entre estroma e células mielóides, mas
com colocalização apenas parcial com a cadeia α do receptor de GM-CSF. As imagens de
imunocitoquímica ainda revelaram que o GM1 não apresenta colocalização significante com a
cadeia β do receptor de GM-CSF, com o gangliosídio GM3, ou com CD44. Em um outro
grupo de experimentos, analisamos o perfil de síntese e shedding de gangliosídios em um
estroma derivado de medula óssea, a linhagem celular S17; na linhagem celular GRX,
derivada de células estreladas hepáticas isoladas de reação fibro-granulomatosa inflamatória;
e em cultivos primários de fibroblasto de pele murinos. Além disso, comparamos a habilidade
destes estromas para sustentar a sobrevivência e a proliferação das células precursoras
mielóides. A concentração de ácido siálico reflete a capacidade mielossuportiva dos estromas.
Embora os diferentes estromas sintetizem os mesmos gangliosídios, existem diferenças no
conteúdo relativo de cada gangliosídio. Aparentemente, o GM3 é o principal gangliosídio
envolvido na modulação da atividade dos fatores de crescimento. O shedding foi similar ao
perfil de síntese de gangliosídios, mas a atividade mielossuportiva dos sobrenadantes foi
diferente entre os tipos celulares e em relação a sustentação por contato. No entanto, a
proliferação das células FDC-P1 diminuiu em todos os sobrenadantes obtidos de células
estromais em que a síntese de gangliosídios foi inibida e onde o gangliosídio GM3 foi
neutralizado pelo anticorpo monoclonal anti-GM3. As diferenças encontradas na capacidade
de sustentação da proliferação de células progenitoras mielóides por fator de crescimento
solúvel ou apresentado podem estar relacionadas a diferenças na concentração de
gangliosídios inseridos na membrana plasmática ou liberados para o meio de cultura. Sendo
assim propomos que as células do estroma mielossuportivo produzem e secretam os fatores de
crescimento necessários e seus cofatores, tais como proteoglicanos de heparan-sulfato. O
estroma também fornece gangliosídios, os quais são transferidos do estroma para as células-
alvo, onde geram domínios de membrana específicos contendo complexos macromoleculares
que incluem os receptores para fatores de crescimento.
3
ABSTRACT
Stroma-mediated myelopoiesis depends upon myelosupportive stroma required
production of growth factors and heparan-sulfate proteoglycans, as well as generation of
negatively-charged sialidase-sensitive intercellular environment between the stroma and the
myeloid progenitors. Gangliosides, sialic acid-containing glycosphingolipids had been related
to modulation of growth factors receptors and differentiation of hematopoietic cells. Here we
studied production, distribution and role of gangliosides in the experimental model of in vitro
myelopoiesis dependent upon AFT-024 murine fetal liver-derived stroma. We used the FDC-
P1 cell line that is dependent upon GM-CSF for both survival and proliferation as a reporter
system to monitor bioavailability and local activity of GM-CSF. GM3 was the major
ganglioside produced by stroma, but not by myeloid cells, and it was required for the optimal
stroma myelosupportive function. It was released into the supernatant and selectively
incorporated into the myeloid progenitor cells, where it segregated into rafts in which it co-
localized with the GM-CSF receptor α chain. Indeed, this ganglioside was found into
insoluble fraction of Triton X-100 treatment at 4°C and into buoyant sucrose gradient
fractions. The GM3 uptaked was also further metabolized by myeloid cells into gangliosides
of the a and b series, similar to the endogenous GM3. In these cells, GM1 was the major
ganglioside, and it was segregated at the interface by stroma and myeloid cells, partially
colocalizing with the GM-CSF receptor α chain. In addition, the ganglioside GM1 showed
none significant co-localization with ganglioside GM3, GM-CSF receptor β chain or CD44.
Moreover, we analyzed the pattern cell production and shedding of gangliosides in a S17 bone
marrow stroma, a murine hepatic stellate cell line derived from inflammatory fibro-
granulomatous reactions that sustain myelopoiesis (GRX cell line) and primary skin
fibroblasts, and compared the ability of these stromata to sustain the survival and proliferation
of the myelopoietic progenitor cells. The concentration of sialic acid reflects the
myelosupportive capacity of the studied cell stromas. Although the stromal cells synthesize
the same gangliosides their relative content were quite different and GM3 being apparently
the major ganglioside species involved for optimal activity of the growth factors. The
shedding was similar to the ganglioside synthesis pattern, but the net myelosupportive activity
was quite different. FDC-P1 proliferation decreased in stroma cells supernatants obtained
from cultures in which ganglioside synthesis was inhibited, as well as in presence of
supernatants in which GM3 was neutralized by the anti-GM3 monoclonal antibody. Then, the
differences in the capacity of sustain myeloid cell proliferation by presented or soluble growth
factor could be related to differences in the concentration of gangliosides present in
membrane or shed to supernatants. We conclude that myelosupportive stroma cells produce
and secrete the required growth factors, the cofactors such as heparan-sulfate proteoglycans,
and also supply gangliosides that are transferred from stroma to target cells, generating on the
latter ones specific membrane domains with molecular complexes that include growth factor
receptors.
4
LISTA DE ABREVIATURAS
EGF, epidermal growth factor
EGFR, epidermal growth factor receptor
FAK, focal adhesion kinase
FBS, fetal bovine serum
FGF, fibroblast growht factor
FGFR, fibroblast growht factor receptor
GalNAc-T, UDP-GalNAc:LacCer/GM3/GD3/GT3 N-acetilgalactosamiltransferase
Gal-T, UDP-Gal:glicosilceramida galactosiltransferase
GEMs, glycosphingolipid-enriched microdomains
GlcCer, glicosilceramida
GM-CSF, granucoyte-macrophge colony stimulator factor
GM-CSFR, granucoyte-macrophge colony stimulator factor receptor
GPI, glicosilfosfatidilinositol
GSLs, glicoesfingolipídios
HPTLC, high performance thin layer cromatography
HSPGs, heparan-sulphate proteoglicans
IL-3, interleucina-3
IL-5, interleucina-5
MAP, mitogen-activated protein
MAPK, mitogen-activated protein kinase
NBD, N-(7-nitrobenzo-2-oxa-1,3-diazol-4-il)-ceramida
PBS, phosphate buffered solution
PDGF, plateled-derive growth factor
PDMP, D-L-threo-1-fenil-2-decanoilamino-3-morfolino-1-propanol
SCF, stem cell factor
Sial-T1, CMP-NeuAc:lactosilceramida sialiltransferase
Sial-T2, CMP-NeuAc:GM3 sialiltransferase
Sial-T3, CMP-NeuAc:GD3 sialiltransferase
SFB, soro fetal bovino
TIFF, Triton X-100 insoluble floating fraction
5
INTRODUÇÃO
1. Gangliosídios
Os gangliosídios, glicoesfingolipídios complexos contendo pelo menos um resíduo de
ácido siálico, foram descobertos por Ernst Klenk (1942) e nomeados com base em seu
isolamento e altas concentrações em algumas células. No entanto, a nomenclatura comumente
utilizada foi proposta por Svennerholm (1956; 1963) e fundamenta-se no número de ácidos
siálicos presentes na molécula e na sua mobilidade cromatográfica, condizente com a
complexidade estrutural dos gangliosídios (Figura 1). Essas moléculas pertencem a grande e
heterogênea família dos glicolipídios e participam da constituição das membranas celulares,
estando enriquecidos na membrana plasmática. Encontram-se embebidos na face extra-
citoplasmática destas membranas através de sua porção ceramida e expõem a porção
hidrofílica contendo carboidrato para o lado extra-citoplasmático (Maccioni et al., 1999).
A síntese de novo dos gangliosídios se inicia na face citossólica do Golgi proximal com
a geração de glicosilceramida (GlcCer) (Figura 2). Ocorrem então adições seqüenciais de
unidades de oses a uma molécula de GlcCer, catalisadas por glicosiltransferases ligadas à
membrana, ainda no Golgi proximal. Diferentes sialiltransferases (Sial-T1, Sial-T2/Sial-T3)
são responsáveis pela geração dos gangliosídios GM3, GD3 e GT3. Estes três gangliosídios
são convertidos nos diferentes constituintes das séries ganglio a, b e c, respectivamente. Essas
reações de glicosilação, também, são seqüenciais e catalisadas pelas enzimas GalNAc-T e
Gal-T, formando os intermediários das séries o, a, b e c (Maccioni et al., 1999). Além da
síntese de novo dos gangliosídios, a reciclagem desses compostos através do transporte
6
retrógrado de endossomas para o complexo de Golgi também tem sido bem documentada. As
rotas de reciclagem predominam em células que se dividem lentamente, enquanto a síntese de
novo predomina nas células de multiplicação rápida (Gillard et al., 1998).
Figura 1. Estrutura química de alguns gangliosídios. O gangliosídio em detalhe corresponde ao
gangliosídio GM1. O quadro ilustra a estrutura de diferentes gangliosídios. A nomenclatura de
Svennerholm é utilizada: G, gangliosídio; M, monosialo; D, disialo; T, trisialo. A porção
carboidrato consiste dos seguintes carboidratos: glicose, galactose, N-acetilgalactosamina, ácido N-
acetilneuramínico ou ácido siálico. A porção ceramida é composta de esfingosina unida por uma
ligação amida a um ácido graxo, geralmente ácido esteárico (18:0) ou ácido palmítico (16:0).
Adaptado de Tettamanti (2004).
Esses glicoesfingolipídios têm sido relacionados à regulação da adesão, à proliferação e
à diferenciação celular, bem como a processos de progressão tumoral, a imunossupressão e ao
aparecimento de resistência a múltiplas drogas (Hakamori, 1981; Sietsma et al., 1998). Os
gangliosídios foram os primeiros antígenos descritos como associados a tumores. Além disso,
modificações na composição celular de gangliosídios têm sido relacionadas com alterações na
proliferação celular. De fato, além de seu papel estrutural na organização da membrana
plasmática, essas moléculas têm sido implicadas na regulação dos processos de sinalização
mediados por fatores de crescimento (Miljan & Bremer, 2002).
7
Figura 2. Representação esquemática da síntese de gangliosídios. Os passos ilustrados
dentro dos retângulos representam reações ligadas à membrana e que ocorrem na face
luminal, cujos produtos se deslocam para a membrana plasmática por transporte vesicular.
Os passos ilustrados fora dos retângulos representam reações ligadas à membrana que
ocorrem na face citosólica dos compartimentos membranares do Golgi, cujos produtos se
deslocam para a membrana plasmática por transporte não-vesicular. Glc-T, UDP-
Glc:ceramida glicosiltransferase; Gal-T1, UDP-Gal:glicosilceramida galactosiltransferase;
GalNAc-T, UDP-GalNAc:LacCer/GM3/GD3/GT3 N-acetilgalactosamiltransferase; Sial-T1,
CMP-NeuAc:lactosilceramida sialiltransferase; Sial-T2, CMP-NeuAc:GM3 sialiltransferase;
Sial-T3; CMP-NeuAc:GD3 sialiltransferase; Sial-T4, CMP-NeuAc:GA1/GM1/GD1b/GT1c
sialiltransferase; Sial-T5, CMP-NeuAc:GM1b/GD1a/GT1b:GQ1c sialiltransferase. Ainda é
incerto se Sial-T2 e Sial-T3 sejam enzimas diferentes ou a mesma enzima. Os gangliosídios
estão nomeados segundo Svennerholm. ER, retículo endoplasmático, GlcCer,
glicosilceramida; GalCer, galactosilceramida, LacCer, lactosilceramida.
Adaptado de
Maccioni e colaboradores (1999).
8
1.1. Gangliosídios e receptores
Uma série de trabalhos tem demonstrado a participação de gangliosídios nos fenômenos
de adesão celular, geralmente, interferindo na ligação de moléculas de adesão aos receptores
de integrina. Por exemplo, alguns trabalhos relatam que gangliosídios altamente sialilados,
como GT1b, estão envolvidos na inibição da adesão celular de células epiteliais sobre
fibronectina mediada pela integrina α
5
β
1
(Wang et al., 2001b), enquanto o gangliosídio GM3
exerce regulação positiva sobre este receptor de integrina (Zheng et al., 1993). Este mesmo
gangliosídio promove a interação entre a integrina α3 e a tetraspanina CD9 (Kawakami et al.
2002), assim como a adesão de células de melanoma a células endoteliais parece ser um
fenômeno dependente de GM3 (Song et al., 1998).
Os gangliosídios também têm sido relacionados à regulação de receptores envolvidos
com transdução de sinal. Nesse sentido, várias metodologias têm sido utilizadas para
demonstrar os efeitos de gangliosídios sobre a atividade desses receptores, sendo que duas
formas de abordagem experimental são bastante utilizadas: a adição de gangliosídios
exógenos ao sistema em estudo e a manipulação da síntese endógena destes glicolípidios
(Miljan & Bremer, 2002). A maioria dos trabalhos relata efeitos de gangliosídios sobre
receptores de fatores de crescimento tipo tirosina quinase, com maior ênfase nos gangliosídios
GM1 e GM3. No entanto, o gangliosídio GM1 já foi relacionado com a modulação de
receptores tipo proteína G, como os receptores β
1
-adrenérgicos (Saito et al., 1995).
Estudo realizado por Hynds e colaboradores (1995) relata a inibição da dimerização e da
conseqüente autofosforilação do receptor de PDGF pelos gangliosídios GM1, GM2, GD3,
GD1b e GT1b. Os vários trabalhos que relacionam o gangliosídio GM3 e o receptor de EGF
também propõem a inibição da autofosforilação deste receptor, assim como a inibição da
fosforilação de componentes da cascata de sinal subseqüente (Rebbaa et al., 1996, Zurita et
al., 2001) e da ligação do receptor ao seu ligante (Wang et al., 2001a). Além disso, o GM3
9
co-imunoprecipita com EGFR (Hanai et al., 1988) e demonstra ter capacidade de ligar-se ao
mesmo através de resíduos de carboidrato existentes no EGFR glicosilado (Wang et al.,
2001c).
O receptor de insulina, também, interage com o gangliosídio GM3, podendo haver
participação do GM3 no processo patológico de resistência à insulina presente no diabetes
melito tipo 2 e na obesidade (Tagami et al., 2002; Yamashita et al., 2003). O excesso do
gangliosídio GM1, provavelmente, inibe o receptor de FGF por competição com o fator de
crescimento, enquanto concentrações fisiológicas de GM1 podem auxiliar na ativação de
FGFR (Miljan & Bremer, 2000). Nesse caso, o GM1 poderia estar atuando como um co-
receptor, apresentando o FGF ao seu receptor de forma análoga ao descrito para os
proteoglicanos de heparan sulfato (Rusnati et al., 2002).
O conjunto destes trabalhos, principalmente, os que relatam a influência de
gangliosídios sobre os receptores de FGF, PDGF e EGF, culminou na proposição de três
modelos mecanísticos para a ação de gangliosídios sobre receptores: interação gangliosídio-
ligante, regulação da dimerização do receptor, e modulação da localização sub-celular e
atividade do receptor (Miljan & Bremer, 2002). Estes modelos não são excludentes, ou seja,
um determinado gangliosídio pode estar atuando sobre um mesmo receptor por mais de uma
forma.
1.2. Gangliosídios e hematopoiese
A partir do conhecimento do potencial modulador de proliferação exercido por
gangliosídios presentes na superfície celular, Kaucic e colaboradores (1994) sugeriram que
gangliosídios liberados (shedding) por células tumorais poderiam contribuir para supressão da
hematopoiese associada a tumores, podendo, também, estar associados com a hipoplasia da
medula óssea, observada em certos processos malignos. Seus resultados mostraram que
10
moléculas mais complexas (GD1a, GD1b e GT1b) demonstram um maior potencial inibitório,
indicando que os níveis de inibição estão relacionados à complexidade estrutural do
gangliosídio.
O tratamento in vivo ou in vitro de células de medula óssea com gangliosídios derivados
de linfoma de Dalton resulta na inibição da capacidade proliferativa e da formação de
colônias (Bharti & Singh, 2001). O tratamento dos extratos contendo esses gangliosídios com
neuraminidase impede a sua ação inibitória sobre a medula óssea. Anticorpos contra GD3 e,
em menor extensão, contra GM2, também, neutralizam os efeitos inibitórios dos gangliosídios
derivados de linfoma de Dalton. Além disso, os efeitos inibitórios dos gangliosídos isolados
de pacientes com leucemia linfoblástica aguda, na eritropoiese in vitro sugerem que a
supressão hematopoiética in vivo deva ter origem nos gangliosídios presentes nas células
tumorais, e que esses gangliosídios provavelmente sejam liberados tanto para o
microambiente intercelular e como para o plasma. Sietsma e colaboradores (1999) mostraram
que gangliosídios inibem a eritropoiese in vitro em vários estágios de diferenciação, através
de um mecanismo que envolve a modulação da maturação de células eritróides.
Gangliosídios isolados do plasma de pacientes com neuroblastoma inibem tanto a
eritropoiese quanto a mielopoiese normais em maior extensão do que os isolados do plasma
de pacientes sadios (Sietsma et al., 1998). A extensão da inibição parece depender da espécie
e da quantidade total dos gangliosídios liberados. Na presença de gangliosídios exógenos,
células imaturas hematopoiéticas humanas CD34(+), estimuladas por SCF e eritropoietina,
diferenciam-se, predominantemente, para a linhagem mielóide ao invés da linhagem eritróide.
Esta diferenciação é acompanhada por uma redução da capacidade proliferativa (Kawishima
et al., 1993).
Estudos, realizados com células da linhagem leucêmica multipotente K562, mostraram
que o gangliosídio GM3 tem papel crucial na diferenciação dessas células, aumentando a
11
diferenciação para megacariócitos induzida por éster de forbol e inibindo a diferenciação
eritróide induzida por hemina (Nakamura et al., 1991). Já, em células da linhagem HL-60, o
GM3 está aumentado durante a diferenciação monocítica, enquanto gangliosídios da série
neolacto estão enriquecidos durante a diferenciação granulocítica (Nakamura et al., 1992).
1.3. Glicosinapses
Uma das possíveis funções descritas para os gangliosídios na superfície celular é a de
fazer parte de sítios de identificação de interações célula-célula específicas. Células em
diferentes estágios de diferenciação apresentam diferentes tipos de moléculas glicosiladas, as
quais devem reconhecer moléculas complementares existentes na superfície das células com
as quais devem interagir. As moléculas para reconhecimento de carboidratos podem ser
proteínas (glicoproteínas ou lectinas endógenas), ou carboidratos idênticos (interação
homotípica) ou carboidratos diferentes (interação heterotípica). Em 1991, Kojima e Hakamori
sugeriram a interação célula–célula heterotípica como um novo sistema de reconhecimento,
independente do bem conhecido sistema mediado por integrinas. De fato, durante o
desenvolvimento e progressão tumoral, uma série de glicoesfingolipídios (GSLs) têm sido
identificada como moléculas reguladoras da adesão celular através deste tipo de interação
(Varki, 1994; Song et al., 1998).
Baseado nestes achados e nas descrições de GSLs, particularmente, gangliosídios,
interagindo com receptores transmembranares e moléculas transdutoras de sinal envolvidas na
adesão ou sinalização celular, Hakomori (2002) construiu o conceito de glicosinapses e
propôs três arranjos moleculares para as mesmas. A glicosinapse tipo 1, corresponde a
agregados de GSLs associados com transdutores de sinal citoplasmáticos e tetraspanina, com
ou sem receptores de fatores de crescimento. A glicosinapse tipo 2, corresponde a
microdomínios de membrana ricos em colesterol, contendo glicoproteínas transmembranares
12
tipo mucina com glicoepitopos o-ligados e associados a transdutores de sinal. Já, a
glicosinapse tipo 3 constitui-se em microdomínios de membrana contendo receptores de
adesão transmembranares N-glicosilados e complexados com tetraspanina e gangliosídios.
As funções dos GSLs como antígenos, mediadores da adesão celular ou moduladores da
transdução de sinal, estão baseadas em sua organização na membrana (Hakomori, 2003). O
microambiente formado na interface entre células que estão interagindo, como proposto nas
glicosinapses, possui um papel central na definição de mudanças fenotípicas após a adesão
celular, tais como as que ocorrem na progressão tumoral e no desenvolvimento ontogênico.
2. Rafts
Durante anos a bicamada lipídica da membrana plasmática de células eucarióticas foi
considerada como uma estrutura bidimensional seguindo o modelo de mosaico fluído de
Singer-Nicholson (1972). No entanto, inúmeras evidências apontam para a existência de pelo
menos dois estados da bicamada lipídica: líquido-ordenado (L
o
) e líquido-desordenado (L
d
).
Na fase líquida-ordenada, fosfolipídios saturados associam-se ao colesterol formando
agregados, onde os lipídios encontram-se gelificados. Esses agregados encontram-se dispersos
em uma matriz líquida-desordenada de glicerolipídios insaturados e conservam a capacidade
de mover-se no plano da membrana (Wisniewska et al., 2003).
O termo lipid raft (Simons & Ikonem, 1997) foi introduzido para referir-se a uma sub-
população de membranas celulares isoladas por sua característica de insolubilidade em
detergentes não-iônicos, na temperatura de 4°C. Os rafts são enriquecidos em colesterol,
esfingomielina e glicolipídios, e sua densidade baixa faz com que flutuem em gradientes de
sacarose (Figura 3). A utilização de diferentes metodologias para estudar os rafts gerou uma
certa heterogeneidade na nomenclatura atual, a qual reflete a própria heterogeneidade desses
microdomínios. Outros termos são utilizados para descrever o mesmo tipo de estrutura
membranar, tais como domínios de GPI (glicosilfosfatidilinositol), TIFF (fração flutuante
13
insolúvel a Triton X-100) e GEMs (microdomínios enriquecidos em glicoesfingolipídios). No
entanto, é consenso que os rafts se diferenciam das cavéolas por não possuir caveolina como
componente e não apresentarem invaginações da membrana em análises morfológicas
(Simons & Toomre, 2000).
Figura 3. Esquema de um raft na membrana plasmática. O desenho representa um
modelo de um raft biológico. As faces interna e externa de um raft possuem composição
lipídica distinta enriquecida em glicoesfingolipídios (GSL), esfingolipídios (SL),
fosfolipídios saturados (PL), esfingomielina (SM) e esteróis, como colesterol (mamíferos) e
ergosterol (leveduras). Rafts são mais espessos do que o restante da bicamada e contém
proteínas que se associam a eles por acilação (proteína 1), domínios transmembrana (proteína
2), interação proteina-proteína (proteína 3), interação lipídio-proteína (proteína 4) e ancoras
de GPI (proteína 7). Algumas proteínas transmembranares (proteína 5) podem juntar-se aos
rafts temporariamente. Setas duplas indicam associação supostamente reversível com o raft.
É possível que proteínas ancoradas a GPI, como a proteína 7 do modelo, possam afastar-se da
membrana após liberação da ancora, resultando em modificações conformacionais (proteína
7a). Também é possível que proteínas ancoradas a GPI possam carrear com elas proteínas do
lúmem do retículo endoplasmático (proteína 6). O modelo descreve interações horizontais no
plano da membrana entre alguns constituintes dos rafts e componentes não-rafts da
membrana, e interações verticais entre certos constituintes membranares e a matriz
extracelular ou o citoesqueleto subplasmalemal. Os dois tipos de constituintes membranares
(lipídios e proteínas) podem engajar-se em cada uma dessas classes de interação molecular.
Adaptado de Lucero e Robbins (2004).
14
Uma das mais importantes propriedades dos rafts é a sua capacidade de inclusão e
exclusão de proteínas em extensão variável. A residência temporária de proteínas em rafts
tem sido correlacionada com alterações na atividade dessas proteínas (Lucero & Robbins,
2004). É provável que as proteínas possam se associar aos rafts com diferentes coeficientes
cinéticos e de partição. Proteínas com alta afinidade por rafts incluem proteínas ancoradas a
GPI; proteínas com dupla acilação, como a família das Src quinases; subunidade α de
proteínas G heterotriméricas; proteínas palmitoiladas e ligadas a colesterol, como a
Hedgehog; e proteínas transmembranares, particularemnte, aquelas palmitoiladas (Simons &
Toomre, 2000).
A heterogeneidade lateral criada pelos rafts na membrana plasmática é acoplada à
comunicação vertical entre os ambientes extra e intracelular (Lucero & Robbins, 2004). Pode-
se considerar que os rafts formam plataformas de distribuição lateral de proteínas que se
associam a eles, de forma a concentrar receptores isolados, ativados pela ligação do ligante
respectivo (Hansen et al., 2000). Além disso, acredita-se que o agrupamento de rafts expõe as
proteínas a um novo ambiente, enriquecido em enzimas específicas, tais como quinases e
fosfatases, palmitoilases e depalmitoilases. Dessa forma, pequenas modificações da partição
em rafts poderiam, através de amplificação, iniciar cascatas de sinalização (Simons &
Toomre, 2000).
Os gangliosídios não apenas participam da composição dos rafts, uma vez que são
glicoesfingolipídios, como alguns deles, tais como o gangliosídio GM1, são considerados
componentes típicos de rafts (Santos et al., 2000; Millán et al., 2001). A toxina colérica, a
qual liga-se em GM1, e os anticorpos contra gangliosídios têm sido utilizados para separar
rafts de diferente composição em gangliosídios (Miljan & Bremer, 2000), os quais podem
estar associados a diferentes funções. Por exemplo, rafts enriquecidos em GM3 e em GM1 se
distribuem em diferentes regiões de células polarizadas (Gómez-Moutón et al., 2001; Giebel
et al., 2004). Rafts de GM1 têm sido associados ao CD44 e outras moléculas de adesão
15
(Gómez-Moutón et al., 2001). Por outro lado, existem trabalhos demonstrando que rafts de
GM3 são enriquecidos em FAK, Src quinases e Rho GTPases (Yamamura et al., 1997;
Iwabuchi et al., 1998; Chigorno et al., 2000)
3. Hematopoiese
A hematopoiese corresponde a uma série de eventos de proliferação e diferenciação
celular rigorosamente regulados, onde, células tronco totipotentes indiferenciadas originam
todas as células sanguíneas (Figura 4). As células-tronco podem proliferar, formando novas
células totipotentes (auto-renovação), ou seguir processos de diferenciação, originando células
multipotentes, e posteriormente, células hematopoiéticas unipotentes, as quais ficam
comprometidas com cada linhagem de células sanguíneas. O fenômeno hematopoiético
compreende dois eventos distintos: a linfopoiese, responsável pela diferenciação e maturação das
linhagens B e T; e a mielopoiese, a qual origina as demais células sangüíneas (Heyworth et al.,
1988).
Durante o período embrionário, a hematopoiese ocorre, inicialmente, na parede do saco
vitelínico, deslocando-se, posteriormente, para a região para-aórtica, fígado e baço com o
desenvolvimento fetal e, a partir do crescimento dos ossos longos e chatos, a medula óssea
começa a produzir ativamente as células sanguíneas (Tavian et al., 1999). Esta atividade
continua no período pós-natal e durante a vida adulta, onde a hematopoiese é restrita à medula
óssea situada no interior de ossos como esterno, ossos da pelve e do crânio (Zon, 1995).
Porém, em algumas situações patológicas na vida adulta e, geralmente associadas a processos
inflamatórios, a hematopoiese pode ocorrer em sítios extramedulares, especialmente no fígado
e no baço (Borojevic et al., 1993). Esse fato sugere que o estroma de tecidos conectivos possa
substituir, pelo menos em parte, o estroma medular (Carvalho et al., 2000).
16
Figura 4. Esquema representativo da hematopoiese. Na medula óssea, encontramos as células
pluripotentes capazes de auto-renovação (células-fonte), células progenitoras comprometidas com a
linhagem linfóide ou mielóide (células progenitoras comprometidas) e células em diferenciação terminal
(células em amadurecimento). As células precursoras de cada linhagem em diferenciação se originam
das células formadoras de colônia (CFU). A célula-fonte mielóide origina as CFU responsáveis pela
formação dos eritrócitos, das plaquetas, dos basófilos e dos eosinófilos. Os monócitos e os neutrófilos
derivam de uma célula progenitora comprometida comum. A célula progenitora linfóide gera a progênie
da célula B, na medula óssea e as progênies da célula T, no timo (Kierszenbaum, 2004).
Para a manutenção da atividade hematopoiética é necessário um microambiente
complexo na cavidade medular, formado por uma rede vascular especializada e por células
estromais que sustentam a manutenção dos progenitores mielóides e linfóides (Zon, 1995). A
regulação estrita da proliferação, do comprometimento e da diferenciação terminal dos
precursores hematopiéticos exige um matriz extracelular especializada e proteínas específicas,
como fatores de crescimento e citocinas, as quais podem ser produzidas localmente ou atingir
o sítio hematopoiético através da circulação sangüínea (Carvalho et al., 2000). Cada estágio
da proliferação e diferenciação das células sangüíneas depende da presença de um grupo
apropriado de fatores de crescimento. O que torna um dado estroma capaz de sustentar ou não
a produção de células sangüíneas é justamente a produção das citocinas requeridas (Metcalf,
17
1993) e a apresentação destes fatores às células-alvo em um contexto de ambiente intercelular
apropriado (Allen et al., 1990).
3.1. O GM-CSF
O GM-CSF
(fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos), a IL-3
(interleucina 3) e a IL-5 (interleucina 5) são hemopoietinas centrais que controlam a
proliferação, diferenciação e ativação das células mielóides na cascata hematopoiética. Além
de suas funções na mielopoiese medular, GM-CSF e IL-5 também participam dos processos
de reparo e regeneração tecidual (Holgate, 2000; Franzen et al., 2004). O GM-CSF também
está associado à regulação das células mielóides mais maduras das linhagens granulocítica e
macrofágica, particularmente durante a defesa do hospedeiro e reações inflamatórias
(Hamilton & Anderson, 2004).
A ativação crônica da produção de GM-CSF em tecidos lesados leva a reações
exacerbadas, tais como proliferação e ativação de miofibroblastos e a formação de tecido
granulomatoso e/ ou fibrótico (Desmoulière, et al., 1995; Mann et al., 2001). Trabalhos
recentes apontam o GM-CSF como um participante-chave em doenças inflamatórias e auto-
imunes (Fleetwood et al., 2005). A expressão de GM-CSF também ocorre em muitas células
tumorais, correlacionando-se à agressividade do tumor e à extensão da reação estromal
peritumoral (Bretscher et al., 2000). Sendo assim, o controle local da atividade de GM-CSF é
relevante para a patofisiologia e evolução das reações teciduais em estados patológicos.
Apesar de não apresentar qualquer homologia significativa em seus genes, IL-3, IL-5 e
GM-CSF exibem estruturas terciárias análogas, com um arranjo espacial formado por quatro
alfa hélices (Lopez et al., 1991). Estas hemopoietinas atuam através de receptores tipo tirosina
quinase que possuem cadeia α específica e cadeia β comum (Hamilton, 2002). Sendo assim, a
18
transdução de seus sinais possivelmente envolve a mesma cascata de sinalização, embora os
componentes desta rota ainda não sejam totalmente compreendidos (Guthridge et al., 2004).
Atualmente, propõe-se que a mielopoiese depende do estroma mielossuportivo tanto no
que diz respeito à produção de fatores de crescimento e dos glicoconjugados pericelulares,
quanto na geração de um microambiente entre estroma e progenitores mielóides. Sabe-se que
para que a sinalização mediada por GM-CSF seja funcional é necessária a interação entre este
fator e proteoglicanos de heparan-sulfato (HSPGs) e que estromas com diferentes capacidades
de sustentação hematopoiética produzem diferentes proteoglicanos de heparan-sulfato
(Alvarez Silva & Borojevic, 1996; Arcanjo et al., 2002). Além disso, foi demonstrado que a
interação entre as formas solúveis de GM-CSF e heparina depende das propriedades físico-
químicas do ambiente, ocorrendo somente a valores de pH baixos, com níveis ótimos de
interação observados entre valores de pH de 4,0 a 5,0 (Wettreich et al., 1999).
A caracterização da organização espacial entre células estromais e células precursoras
mielóides, realizada por microscopia eletrônica (Borojevic et al., 2003), evidenciou um
extensivo deslocamento (capping) de moléculas carregadas negativamente para a região de
contato e interface entre os dois tipos celulares, provavelmente, associado a diminuição do pH
local. Essas moléculas carregadas negativamente demonstraram suscetibilidade à ação de
sialidase, sugerindo a participação de glicoproteínas sialiladas e/ ou gangliosídios na
formação de complexos macromoleculares que determinam as características físicas e
químicas necessárias para a diminuição local de pH.
19
OBJETIVOS
Vários trabalhos têm demonstrado a influência de gangliosídios sobre fatores de
crescimento e sobre o sistema hematopoiético. Por outro lado, estudos anteriores propõem que
a interação entre fatores de crescimento e os receptores correspondentes no sistema
hematopoiético, especialmente entre GM-CSF e seu receptor, é controlada por complexos
macromoleculares incluindo proteoglicanos contendo heparam sulfato e moléculas polares
contendo ácido siálico. O conjunto desses dados evidencia a relevância da análise da
composição de gangliosídios dos estromas e de seu papel na capacidade de suporte
mielopoiético de um determinado estroma.
Sendo assim, o objetivo geral deste estudo foi analisar a composição de gangliosídios
de diferentes estromas e verificar a participação destes no microambiente de contato entre
células estromais e células progenitoras mielóides, assim como a possível participação destes
glicolipídios sialilados sobre a capacidade de sustentação da mielopoiese de um dado estroma.
O modelo experimental utilizado apresenta como sistema de resposta para o monitoramento
da disponibilidade e atividade local de fatores de crescimento, especialmente de GM-CSF, a
linhagem celular precursora mielóide FDC-P1, a qual é dependente de GM-CSF ou IL-3 para
sua sobrevivência e proliferação. Foram utilizados dois sistemas de suporte para as células
FDC-P1, cocultura sobre uma camada semiconfluente de células estromais e cultivo em meio
condicionado por esses mesmos estromas.
20
1. Objetivos específicos
1. Identificar o perfil de gangliosídios de estromas secretores de GM-CSF de
diferentes origens: linhagem celular AFT-024, derivada de fígado fetal; linhagem celular S17,
derivada de medula óssea; linhagem celular GRX, representativa de células estreladas
hepáticas murinas isoladas de reações fibro-granulomatosas, e cultura primária de fibroblastos
de pele de camundongos C3H.
2. Analisar os gangliosídios liberados para o meio de cultura pelos diferentes estromas.
3. Determinar a capacidade mielosuportiva dos meios condicionados e dos estromas
em situações de depleção de um ou de todos os gangliosídios do estroma.
4. Verificar a expressão dos gangliosídios nas diferentes linhagens celulares estudadas
e na região de contato entre células precursoras mielóides e células do estroma, utilizando
microscopia de fluorescência nos sistemas de cocultivo.
5. Avaliar a colocalização dos gangliosídios com o receptor de GM-CSF em um dos
modelos in vitro de mielopoiese estudados, utilizando imunodetecção de fluorescência e
microscopia confocal.
6. Detectar a presença de gangliosídios em frações de membrana insolúveis a
detergente em células do estroma e na linhagem precursora mielóide.
21
PARTE II
22
CAPÍTULO 1
Gangliosides of myelosupportive stroma cells are transferred to myeloid progenitors and
are required for their survival and proliferation
(artigo publicado)
Referência: Biochemical Journal, v. 394, p. 1-9, 2006.
32
CAPÍTULO 2
Transferência de esfingolipídios de células estromais para células precursoras mielóides
e determinação do perfil de gangliosídios de frações de membrana correspondentes a
rafts em células AFT-024.
(Dados complementares)
33
INTRODUÇÃO
Um dos fatores de crescimento envolvidos no processo de diferenciação
hematopoiética é o GM-CSF (fator de estimulação de colônias de granulócitos e macrófagos),
cujo papel na regulação do crescimento e diferenciação de células mielopoiéticas parece estar
associado à sua interação eletrostática com glicosaminoglicanos presentes nas membranas de
células do estroma (Griffin et al., 1990; Alvarez-Silva & Borojevic, 1996). Essa associação
depende de uma diminuição no pH local, a qual promove mudanças conformacionais no GM-
CSF, tornando-o capaz de interagir com os glicosaminoglicanos. A acidificação do
microambiente pode estar relacionada com a presença de lipídios carregados negativamente
na membrana celular tanto de células do estroma quanto de células hematopoiéticas
(Wettreich et al., 1999; Borojevic et al., 2003).
Estudos de nosso grupo de pesquisa sobre a produção, a distribuição e a função dos
gangliosídios em modelos experimentais de mielopoiese têm demonstrado que o GM3 é o
principal gangliosídio em diferentes estromas mielossuportivos, como as linhagens celulares
AFT-024, S17 e GR (Ziulkoski et al., 2006a; Ziulkoski et al., 2006b; Andrade et al., 2006). Já
a linhagem precursora mielóide FDC-P1 acumula apenas pequena quantidade de GM3. Sabe-
se também que o gangliosídio GM3 liberado pelas células AFT-024 é incorporado
seletivamente pelas células FDC-P1, com segregação em rafts e colocalização com a cadeia α
do receptor de GM-CSF, indicando uma possível relação deste gangliosídio com a sinalização
mielopoiética intermediada por GM-CSF (Ziulkoski et al., 2006a).
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi determinar a composição em gangliosídios
das frações de membrana insolúveis a detergente das linhagens FDCP-1, derivada de células
precursoras mielóides e AFT-024, representativa do estroma mielossuportivo de fígado fetal
murino. Além disso, este capítulo contém dados que complementam os resultados já
publicados da transferência de GM3 das células AFT-024 para as células FDC-P1.
34
METODOLOGIA
Materiais
Os meios de cultivo celular DMEM e RPMI 1640, a C
6
-N-(7-nitrobenzo-2-oxa-1,3-
diazol-4-il)-ceramida (C
6
-NBD-ceramida) e os padrões lipídicos foram obtidos da Sigma-
Aldrich; o soro fetal bovino (SFB) da Cultilab; D-[U-
14
C]galactose (300 mCi/mmol) e o ECL
da Amersham; as garrafas e placas plásticas para cultura da Nunc; o Fluorsave
®
da
Calbiochem; as placas cromatográficas de sílica-gel para cromatografia em camada delgada
de alta performance (HPTLC) da Merck; os anticorpos secundários anti-mouse conjugado a
CY3 e anti-mouse acoplado a peroxidase da Jackson ImmunoResearch; os filmes
autorradiográficos da Kodak. O anticorpo monoclonal anti-GM3 secretado pelo hibridoma
DH2 foi generosamente cedido pelo Dr. Sen-itiroh Hakomori, Universidade de Washington,
Seattle, EUA, e o anticorpo policlonal anti-βintegrina foi generosamente cedido pela Drª.
Carmem Gottfried, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
Cultura de células
A linhagem precursora mielopoiética FDCP-1, dependente de IL-3 ou GM-CSF, foi
obtida do Banco de Células do Rio de Janeiro, foi mantida em meio RPMI 10% SFB,
suplementado com 10% de meio condicionado de WeHi como fonte exógena de IL-3,
mantida a 37°C e atmosfera de 5% de CO
2
. A linhagem celular AFT-024, derivada de fígado
fetal murino, obtida do Banco de Células do Rio de Janeiro, foi cultivada em meio RPMI 10%
SFB e mantida nas mesmas condições citadas acima. Para obter coculturas, células FDC-P1
foram lavadas com solução salina tamponada livre de cálcio e magnésio (CMF-BSS) para
remover IL-3 e GM-CSF e inoculadas (1 x 10
5
células por poço) sobre as camadas semi-
confluente de células AFT-024 cultivadas em placas de 24 poços.
35
Imunocitoquímica
Camadas semi-confluentes de células AFT-024 e coculturas (mantidas por 12 h)
cultivadas sobre lamínulas foram fixadas com paraformaldeído 4% por 30 min, lavadas com
PBS e incubadas em PBS contendo 3% de albumina de soro bovino por 1 h a 37°C para
bloquear sítios de ligação inespecíficos. Os procedimentos imunocitoquímicos foram
realizados como descrito por Crespo e colaboradores (2004). Como anticorpo primário foi
utilizado anticorpo monoclonal anti-GM3 (clone DH2, mouse) e como anticorpo secundário
anticorpo monoclonal anti-mouse conjugado a CY3 (1:1000). Após lavagem final com PBS,
as preparações foram montadas com Fluorsave
®
. Imagens confocais foram obtidas usando
microscópio confocal Carl Zeiss LSM5 Pascal (Facultad de Ciencias Químicas, Universidad
Nacional de Córdoba, Argentina) equipado com um laser de argônio/hélio/neon e uma
objetiva de imersão em óleo de 63 x (abertura de 1,4) (Zeiss Plan-Apochromat).
Alternativamente, os esfingolipídios das culturas de AFT-024 coculturas foram visualizados
pela fluorescência intrínseca da C
6
-NBD-ceramida, 15 minutos após a adição de meio
contendo 5 µM de C
6
-NBD-ceramida e após 2 horas de incubação. A transferência de
fluorescência derivada de C
6
-NBD-ceramida de células AFT-024 para as células FDC-P1 foi
visualizada em coculturas em que o estroma havia sido previamente incubado por 12 h com
C
6
-NBD-ceramida. As células FDC-P1 foram semeadas após a retirada do meio contendo a
ceramida fluorescente e as coculturas visualizadas após incubação por 6 h.
Marcação metabólica e análise dos glicoesfingolipídios
As culturas foram incubadas em meio contendo [
14
C]-galactose 0,5 µCi/mL por 12 h,
lavadas com PBS e raspadas. Os lipídios foram extraídos com clorofórmio/ metanol (2:1, v/v),
purificados em coluna Sep Pack C18 (Williams & McCluer, 1980) e separados por HPTLC
desenvolvida em cuba descrita por Nores e colabordores (1994) no seguinte sistema: uma
primeira eluição com clorofórmio: metanol (4:1, v/v) e uma segunda eluição com
36
clorofórmio/ metanol/ cloreto de cálcio 0,25% (60:36:8, v/v/v). As bandas radioativas
foram visualizadas por fluorografia da placa cromatográfica, identificadas por comparação
com padrão e quantificadas por densitometria do filme fluorográfico em densitômetro CS 930
Shimadzu UV/vis.
Solubilidade ao Triton X-100
Células marcadas metabolicamente com [
14
C]-galactose 0,5 µCi/mL por 12 h foram
lavadas com PBS, coletadas e imediatamente tratadas com Triton X-100 1% por 1 h a 4°C,
sob agitação periódica (a cada 10 min). Após, as amostras foram centrifugadas por 1 h, 4°C, a
100 000 x g e as frações solúvel (sobrenadante) e insolúvel (pellet) foram separadas (Crespo
et al., 2004). Os lipídios das duas frações foram extraídos por partição lipídica de Folch
(1957). A fração clorofórmica foi purificada por coluna DEAE Sephadex A50 seguida de
coluna Sep Pack C18 e os lipídios foram analisados por HPTLC como descrito acima.
Separação por gradiente de sacarose
As células foram lisadas em 0,5 mL de tampão de lise TNE (NaCl 150 mM, EDTA 5
mM, Na
2
CO
3
0,1 M, aprotinina 5 µg/mL, leupeptina 0,5 µg/mL, pepstatina 0,7 µg/mL e
Tris/HCl 25 mM, pH 7.5) contendo Triton X-100 1% (m/v), a 4 C por 1 h. Os lisados foram
adicionados sobre gradiente de sacarose contínuo (5 – 35 %) em tampão TNE e centrifugados
por 10 h, 150 000 x g a 4 C (Zurita et al., 2004). Doze frações foram coletadas a partir do
fundo do tubo. Os lipídios de cada fração foram extraídos por partição lipídica de Folch,
purificados em coluna DEAE Sephadex A50 e Sep Pack C18, e analisados por HPTLC como
descrito acima. A fração protéica resultante da partição de Folch foi solubilizada em tampão
Laemmli e submetida à eletroforese e Western blotting.
37
Eletroforese e Western blotting
Frações obtidas do gradiente de sacarose foram submetidas à eletroforese com SDS
(12%, m/v) sob condições redutoras (2-mercaptoetanol 2%, m/v). As proteínas foram
transferidas eletroforéticamente para membranas de nitrocelulose por 1 h a 300 mA (Towbin
et al., 1979) e as bandas foram reveladas por coloração com Ponceau S. Para imunoblotting
(Zurita et al., 2001), os sítios de ligação inespecífica foram bloqueados por incubação com
solução salina Tris-tamponada (NaCl 400 mM/ tampão Tris 100mM/ HCl tampão, pH 7,5)
contendo polivinilpirrolidona 40 2,5 % (m/v) e albumina 2,5 % (m/v). As membranas foram
incubadas com anticorpo anti-β integrina (1:200, mouse) e depois com anticorpo secundário
anti-mouse acoplado a peroxidase (1:1000). As bandas imunoreativas foram reveladas com
um sistema amplificador de quimioluminescência (ECL, Amershan Pharmacia Biotech) e
detectadas em filme Kodak Biomax MS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tendo em vista nossos resultados prévios da transferência de GM3 das células
estromais AFT-024 para as células mielóides FDC-P1 e no intuito de obter uma evidência
direta da transferência de esfingolipídios no modelo de estroma mielossuportivo, realizamos
experimentos de adição de C
6
-NBD-ceramida, a qual é intrinsecamente fluorescente, ao meio
de cultura. As imagens obtidas 15 minutos após a adição do fluoróforo às células AFT-024
demonstram uma marcação concentrada na região perinuclear (Figura 1A), com a marca
fluorescente deslocando-se para a região citosólica e membrana plasmática após 2 horas de
incubação (Figura 1B). Esses resultados sugerem que após captação e transporte intracelular,
uma fração da C
6
-NBD-ceramida pode, eventualmente, ser utilizada como substrato para a
38
síntese de esfingolipídios e seus metabólitos fluorescentes podem ser visualizados,
conforme previamente relatado por Koval e Pagano, (1991) e van der Bijl e colaboradores
(1996).
Quando células FDC-P1 foram inoculadas sobre as células estromais previamente
incubadas com C
6
-NBD-ceramide, uma fluorescência intensa pode ser observada nas células
progenitoras mielóides (Figure 2 A e D). Uma distribuição subcelular similar pode ser
observada quando o gangliosídio GM3 foi imunodetectado com o anticorpo monoclonal DH2
(Figure 2 B e E). Em ambos os casos, as células estromais permaneciam marcadas na área
perinuclear, correspondendo à área do complexo de Golgi onde a ceramida é metabolizada. A
sobreposição das imagens indica que uma fração dos metabólitos derivados da ceramida
fluorescente pode corresponder ao gangliosídio GM3 (Figura 2 C e F, coloração amarelada).
O capping de GM3, já observado em estudos anteriores (Ziulkoski et al., 2006), também foi
evidente nestes experimentos (Figura 2B). Estes resultados vão ao encontro das observações
prévias de um capping extensivo de estruturas semelhantes à rafts na membrana dos estromas
em contato com células FDC-P1 (Borojevic et al., 2003). O conjunto desses resultados
contribui para a confirmação da transferência de GM3 de células estromais para células
precursoras mielóides e para a hipótese da formação de regiões de membrana enriquecidas em
proteoglicanos, glicoesfingolipídios e fatores de crescimento na interface entre estromas e
células-alvo.
Uma vez que nossos resultados indicam a presença de glicoesfingolipídios em rafts,
resolvemos analisar a distribuição desses lipídios nas frações de membrana solúvel e insolúvel
a detergente. O perfil de gangliosídios encontrado para as duas linhagens celulares está em
conformidade com resultados anteriores (Ziulkoski et al., 2006a), sendo os gangliosídios
GM3 e GD1a encontrados em maior quantidade na linhagem AFT-024, enquanto a linhagem
FDC-P1 acumula principalmente GM1 e GD1a (Figura 3 e Tabela 1). Todos os gangliosídios
encontrados nas duas linhagens celulares estudadas se distribuem entre as frações solúvel e
39
insolúvel a Triton X-100. No entanto, proporções maiores de GM1 são encontradas na
fração insolúvel das células FDC-P1, enquanto proporções maiores de GM3 são encontradas
na mesma fração das células AFT-024 (Figura 3 e Tabela 1). Esses resultados sugerem para a
presença de GM1 e de GM3 em rafts nas células FDC-P1 e AFT-024, respectivamente, e
apontam para uma diferença na constituição dessas estruturas membranares nos dois tipos
celulares quando cultivados isoladamente.
Com o objetivo de confirmar a presença de GM3 em rafts nas células AFT-024,
submetemos a fração insolúvel a Triton X-100 de células AFT-024 a fracionamento em
gradiente de sacarose e analisamos sua composição em glicoesfingolipídios. Pode-se observar
a presença de GD1a em praticamente todas as frações do gradiente (Figura 4A), enquanto
bandas correspondentes ao gangliosídio GM1 não foram detectadas, possivelmente por este
ser um gangliosído persente em menor quantidade neste tipo celular. Por outro lado, o
gangliosídio GM3 somente foi detectado nas frações superiores do gradiente de sacarose, as
quais constituem frações menos densas e nas quais ficam retidas as estruturas de membrana
correspondentes a rafts ou GEMs (frações de membrana enriquecidas em
glicoesfingolipídios). Esses resultados sugerem a presença de rafts contendo tanto GM3 como
GD1a nas células AFT-024, ou de dois tipos de rafts diferentes: rafts enriquecidos em GM3 e
rafts enriquecidos em GD1a, podendo cada qual ter uma função celular distinta. Diferenças na
distribuição celular de rafts enriquecidos em diferentes gangliosídios já foram descritas para
células polarizadas (Gómez-Moutón et al., 2001; Giebel et al., 2004), assim como rafts com
composição distinta em gangliosídios têm sido associados a diferentes moléculas de adesão e
sinalização celular (Gómez-Moutón et al., 2001; Chigorno et al., 2000)
Vários trabalhos têm demonstrado a interferência do gangliosídio GM3 sobre a ligação
de moléculas de adesão a receptores de integrina. O GM3 exerce regulação positiva sobre o
receptor de integrina α
5
β
1
(Zheng et al., 1993) e promove a interação entre a integrina α3 e a
40
tetraspanina CD9 (Kawakami et al., 2002). Além disso, a adesão de células de melanoma
a células endoteliais parece ser um fenômeno dependente de GM3 (Song et al., 1998). Sendo
assim, resolvemos analisar a distribuição de β integrina nas frações do gradiente de sacarose.
Os resultados demonstram a presença da cadeia β de integrina nas frações mais densas do
gradiente (Figura 4B). Além disso, a banda correspondente a β integrina também foi detectada
nas frações menos densas do gradiente, indicando sua possível presença em rafts. No entanto,
é impossível determinar o quanto a presença de β integrina se correlaciona com os
gangliosídios GM3 ou GD1a. Experimentos de co-localização e/ou co-imunoprecipitação são
necessários para esclarecer essa questão.
REFERÊNCIAS
Alvarez-Silva, M. Borojevic, R. (1996) GM-CSF and IL3 activities in schistosomal liver
granulomas are controlled by stroma associated heparan sulfate proteoglycans. J. Leuk.
Biol. 59, 435-441.
Andrade, C.M.B., Ziulkoski, A.L., dos Santos, A.X.S., Sisti, E., Trindade, V.M.T., Borojevic,
R., Guma, F.C.R. (2006) Gangliosides regulate the capacity of stromal cells to support
myelopoiesis. Manuscrito em preparação.
Borojevic, R., Carvalho, M.A., Corrêa-Junior, J.D., Arcanjo, K., Gomes, L., Joazeiro, P.P.,
Balduino, A., Wettreich, A., Coelho-Sampaio, T. (2003) Stroma-mediated granulocye-
macrophage colony-stimulating factor (GM-CSF) control of myelopoiesis: spatial
organisation of intercellular interactions. Cell Tissue Res. 313, 55-62.
Chigorno, V., Palestini, P., Sciannamblo, M., Dolo, V., Pavan, A., Tettamanti, G., Sonnino, S.
(2000) Evidence that ganglioside enriched domains are distinct from caveolae in MDCK
II and human fibroblast cells in culture. Eur. J. Biochem. 267, 4187–4197.
41
Crespo, P.M., Zurita, A.R., Giraudo, C.G., Maccioni, H.J.F., Daniotii, J.L. (2004)
Ganglioside glycosyltransferases and newly synthesized gangliosides are excluded from
detergent-insoluble complexes of Golgi membranes. Biochem. J. 377, 561-568
Folch, J., Lees, M., Sloane-Stanley, G.H. (1957) A simple method for isolation of total lipids
from animal tissue. J. Biol. Chem. 226, 497–509.
Giebel, B., Corbeil, D., Beckmann, J., Höhn, J., Freund, D., Giesen, K., Fischer, F., Kögler,
G., Wernet, P. (2004) Segregation of lipid raft markers including CD133 in polarized
human hematopoietic stem and progenitor cells. Blood 104, 2332-2338.
Gómez-Moutón, C., Abad, J.L. Mira, E., Lacalle, R.A., Gallardo, E., Jiménez-Baranda, S.,
Illa, I. Bernad, A., Mañes, S., Martínez-A, C. (2001) Segregation of leading-edge and
uropod components into specific lipid rafts during T cell polarization. Proc. Natl. Acad.
Sci. USA 98, 9642-9647.
Griffin, J.D., Cannistra, A.S., Sullivan, R, Demetri, G.D., Ernst, T.J., Kanakura, Y. (1990)
The biology of GM-CSF: regulation of production and interaction with its receptor. Int. J.
Cell Cloning 8 (S1), 35-44.
Kawakami, Y., Kawakami, K., Steelant, W.F., Ono, M., Baek, R.C., Handa, K., Withers,
D.A., Hakomori, S. (2002) Tetraspanin CD9 is a “proteolipid”, and its interaction with α
3
integrin in microdomain is promoted by GM3 ganglioside, leading to inhibition of
laminin-5-dependent cell motility. J. Biol. Chem. 277, 34349-34358.
Koval, M. and Pagano, R.E. (1991) Intracellular transport and metabolism of sphingomyelin.
Biochim. Biphys. Acta 1082, 113-125.
Nores, G.A., Mizutamari, R., Kremer, M. (1994) Chromatographic tank designed to obtain
highly reproducible HPTLC-chromatograms of gangliosides and neutral
glycosphingolipids. J. Chromatography 686, 155-157.
Song, Y., Withers, D.A., Hakomori, S. (1998) Globoside-dependent adhesion of human
embryonal carcinoma cells, based on carbohydrate-carbohydrate interaction, initiates
42
signal transduction and induces enhanced activity of transcription factors AP1 and
CREB. J. Cell. Bio. 273, 2517-2525.
Towbin, H., Staehelin, T, Gordon, J. (1979) Electrophoretic transfer of proteins from
polyacrilamide gels to nitrocellulose sheets: procedure and some applications. Proc. Natl.
Aca. Sci. USA 76, 4350-4354.
van der Bijl, P., Lopes-Cardozo, M., van Meer, G. (1996) Sorting of newly synthesized
galactosphingolipids to the two surface domains of epithelial cells. J. Cell. Biol. 132, 813-
821.
Wettreich, A., Sebollela, A., Carvalho, M.A., Azevedo, S.P., Borojevic, R., Ferreira, S.T. and
Coelho-Sampaio, T. (1999) Acidic pH modulates the interaction between human
granulocyte-macrophage colony-stimulating factor and glycosaminoglycans. J. Biol.
Chem. 274, 31468-31475.
Williams, M.A., McCluer, R.H. (1980) The use of Sep-Pak C18 cartridges during the
isolation of gangliosides. J. Neurochem. 35, 266-269.
Ziulkoski, A.L., Andrade, C.M., Crespo, P.M., Sisti, E., Trindade, V.M.T, Daniotti, J.L.,
Guma, F.C., Borojevic, R. (2006a) Gangliosides of myelosupportive stroma cells are
transferred to myeloid progenitors and are required for their survival and proliferation.
Biochem J. 394, 1-9.
Ziulkoski, A.L., Andrade, C.M., Sisti, E., Trindade, V.M.T, Guma, F.C., Borojevic, R.
(2006b) Relationship between gangliosides and myelosupportive capacity of stromal cells.
Manuscrito em preparação.
Zheng, M., Fang, H., Tsuruoka,T., Tsuji, T., Tomikazu Sasaki, T., Hakomori, S. (1993)
Regulatory role of GM3 ganglioside in α5β1 integrin receptor for fibronectin-mediated
adhesion of FUA169 cells. J. Biol. Chem. 268, 2217-2222.
43
Zurita, A.R., Maccioni, H.J., Daniotti, J.L. (2001) Modulation of epidermal growth factor
receptor phosphorylation by endogenously expressed gangliosides. Biochem. J. 355, 465-
72.
Zurita, A.R., Crespo, P.M., Koritschoner, N.P., Daniotti, J.L. (2004) Membrane distribution
of epidermal growth factor receptors in cells expressing different gangliosides. Eur. J.
Biochem. 271, 2428-2737.
44
Tabela 1: Análise densitométrica das bandas autorradiográficas dos
glicoesfingolipídios das frações solúvel e insolúvel a Triton X-100 de células
AFT-024 e FDC-P1. As culturas foram marcadas com [
14
C]-galactose e tratadas
ou não com Triton X-100. Os lipídios foram extraídos, purificados, separados por
HPTLC e visualizados por fluorografia. Os resultados estão expressos como
percentual da incorporação total e são representativos de três experimentos com
resultados similares. C, controle; FS, fração solúvel a detergente; FI, fração
insolúvel a detergente.
AFT-024 FDC-P1
C FS FI C FS FI
GD1b Nd Nd Nd 9,3 21,0 13,5
GD1a 24,3 66,1 48,7 26,5 43,1 43,1
GD3 Nd Nd Nd 4,5 4,0 4,6
GM1 7,1 8,1 9,4 25,7 29,0 35,9
GM2 3,4 3,2 3,1 3,5 1,3 0,4
GM3 32,4 22,7 38,8 3,2 1,5 2,4
CTetH 8,8 Nd Nd Nd Nd Nd
PC 8,2 Nd Nd 7,5 Nd Nd
CDH 3,3 Nd Nd 2,5 Nd Nd
CMH 12,4 Nd Nd 17,2 Nd Nd
GM3, GM2, GM1, GD3, GD1a, GD1b: gangliosídeos; CTetH: ceramida
tetrahexose; CDH: ceramida dihexose; CMH, ceramida monohexose;
PC: fosfatidilcolina; Nd: não detectado.
45
Figura 1 Imagens representativas de esfingolipídios marcados com ceramida
fluorescente em células AFT-024. As células AFT-024 foram incubadas com C
6
-NBD-
ceramida 5 µM for 15 min. Em seguida, as culturas foram lavadas com solução salina e
incubadas por 2 horas em meio fresco. A, fluorescência observada após 15 minutos de
incubação com C
6
-NBD-ceramida. B, fluorescência observada após 2 horas de incubação das
células estromais em meio fresco. Secções confocais simples de 0,6 µm tomadas
paralelamente às preparações. As pontas de setas indicam região perinuclear, enquanto a seta
indica região de membrana plasmática. Barras: 10 µm.
46
Figura 2 Imagens representativas da transferência de esfingolipídios das células AFT-
024 para as células FDC-P1 em sistemas de cocultivo. As células AFT-024 foram
incubadas com C
6
-NBD-ceramida 5 µM por 12 h. O meio de cultura foi retirado, os estromas
foram lavados, as células FDC-P1 previamente lavadas foram inoculadas e cultivadas por 6 h.
Após fixação, as células foram immunomarcadas para GM3 com anticorpo monoclonal DH2.
A e D, esfingolipídios de coculturas examinadas pela fluorescência intrínseca da C
6
-NBD-
ceramida incorporada pelas células AFT-024. B e E, cocultura immunomarcada para GM3
com anticorpo monoclonal DH2. C e F correspondem às imagens sobrepostas de A e B, C e
D, respectivamente. Secções confocais simples de 0,6 µm tomadas paralelamente às
preparações. Inset: representa a região de contato entre as células AFT-024 e FDC-P1.
Barras: 10 µm.
47
Figura 3 Solubilidade de glicoesfingolipídios das linhagens AFT-024 e FDCP-1 a Triton
X-100. As culturas foram marcadas com [
14
C]-galactose 0,5 µCi/ mL e tratadas ou não com
Triton X-100. Os lipídios foram extraídos, purificados, separados por HPTLC e visualizados
por fluorografia. C, controle; FS, fração solúvel a detergente, ou sobrenadante; FI, fração
insolúvel a detergente, ou pellet. GM3, GM2, GM1, GD3, GD1a, GD1b: gangliosídios;
CTetH: ceramida tetrahexose; CDH: ceramida dihexose; CMH, ceramida monohexose; PC:
fosfatidilcolina.
48
Figura 4 Distribuição de gangliosídios (A) e imunodetecção de β integrina (B) nas
frações obtidas do gradiente de sacarose contínuo (5 - 35%) após lise das células AFT-
024 com Triton X-100 a 4°C. As células foram lisadas a 4 °C por 1 h contendo Triton X-100
1%, os lisados foram adicionados sobre gradiente de sacarose contínuo (5 – 35 %) em tampão
TNE e centrifugados por 10 h, 150 000 x g a 4 °C. Os lipídios de cada uma das 12 frações
coletadas foram extraídos, purificados e analisados por HPTLC, enquanto as proteínas foram
precipitadas, solubilizadas e submetidas à Western blotting.
49
CAPÍTULO 3
Relationship between gangliosides and myelosupportive capacity of stromal cells
(Manuscrito)
Será submetido ao periódico Journal of Cellular Biochemistry
50
Relationship between gangliosides and myelosupportive capacity
of stromal cells.
Ana L. Ziulkoski
1,2
, Cláudia M.B. Andrade
1
, Elisa Sisti
1,2
, Aline X.S. dos Santos
1
, Vera M.T.
Trindade
1
, Fátima C.R. Guma
1
, Radovan Borojevic
3*
1, Laboratório de Bioquímica e Biologia Celular de Lipídios, Departamento de Bioquímica,
Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto
Alegre, Brasil.
2, Instituto de Ciências da Saúde, Centro Universitário Feevale, Novo Hamburgo, Rio Grande
do Sul, Brasil.
3, Departamento de Histologia e Embriologia e Programa Avançado de Biologia Celular
Aplicada à Medicina, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Correspondence to: Radovan Borojevic, Caixa Postal 68021, Cidade Universitária, 1941-
970 Rio de Janeiro, Brazil. Tel. 55 21 2590 8736; Fax 55 21 2562 6483; E-Mail:
Running head: Gangliosides and myelopoiesis support
This manuscript contains two tables and three figures.
51
ABSTRACT
Stroma-mediated myelopoiesis depends upon growth-factors and an appropriate
intercellular microenvironment, whose polarity is relevant for granulocyte-macrophage
colony stimulating factor mediated myeloid cell proliferation. In previous studies we have
shown that gangliosides produced by fetal liver-derived stromal cells and liver inflammatory
granuloma-derived stromal cells were required for the optimal stroma myelosupportive
function. Here, we analyzed the pattern cell production and shedding of gangliosides in a
bone marrow stroma, a murine hepatic stellate cell line derived from inflammatory fibro-
granulomatous reactions that sustain myelopoiesis and primary skin fibroblasts, and compared
the ability of these stromata to sustain the survival and proliferation of the myelopoietic
progenitor cells. The concentration of sialic acid reflects the myelosupportive capacity of the
studied cell stromas. Although the three stromal cells synthesize the same gangliosides their
relative content were quite different and GM3 being apparently the major ganglioside species
involved for optimal activity of the growth factors. The shedding was similar to the
ganglioside synthesis pattern, but the net myelosupportive activity was quite different. FDC-
P1 proliferation decreased in stroma cells supernatants obtained from cultures in which
ganglioside synthesis was inhibited, as well as in presence of supernatants in which GM3 was
neutralized by the anti-GM3 monoclonal antibody. Then, the differences in the capacity of
sustain myeloid cell proliferation by presented or soluble growth factor could be related to
differences in the concentration of gangliosides present in membrane or shed to supernatants.
52
INTRODUCTION
Hematopoiesis occurs in liver and spleen during the fetal life and within bone marrow
in the adults [Muller et al., 1994; Zon, 1995]. The tightly regulated proliferation, commitment,
terminal differentiation and release of hematopoietic precursors occurs normally within the
bone marrow microenvironment composed of stroma cells, associated growth factors or
cytokines and extracellular matrix. Myeloid cells can further proliferate in peripheral tissues,
usually associated with inflammatory reactions, in which local expansion of myeloid cells
may contribute to reaction to injury, repair and regeneration. This proliferation has to be
tightly controlled in order to avoid adverse effects of chronic inflammation. It is dependent
upon locally produced cytokines, or factors brought into the tissue by biological fluids.
Carvalho and col. [Carvalho et al., 2000] proposed that the activity of these hemopoietins is
dependent upon the quality of the tissue stroma, and in particular of the pericellular
glycoconjugates.
Granulocyte-macrophage colony stimulating factor (GM-CSF) is one of the major
hemopoietins involved in the control of proliferation and differentiation of myeloid lineages
both in bone marrow and in extramedullary sites [Griffin et al., 1994]. Its biological activity
has been shown to depend upon the molecular composition and the physicochemical
conditions of the microenvironment provided by the supporting stroma. This
microenvironment has acid properties, and contains glycoconjugates containing sialic acid
and proteoglycans, including heparan-sulfate [Alvarez-Silva and Borojevic, 19996; Borojevic
et al., 2003]. In vitro studies demonstrated that GM-CSF and heparin interacted only at low
pH, with optimal levels observed between pH 4 and 5. This decrease in pH induces a
conformational change in GM-CSF, which would then become able to interact with
glycosaminoglycans [Wettreich et al., 1999].
Therefore, negatively charged glycolipids present on the plasma membrane of
haematopoietic or/and stromal cells may be required for functional signaling of GM-CSF.
53
Gangliosides, sialic acid-containing glycosphigolipids, have been associated with cell
growth and differentiation in the hematopoietic system. Leukemic cells and normal
hematopoietic stem cells are influenced by gangliosides [Nakamura et al. 1991, 1992; Kaucic
et al, 1994; Barthi and Singh 2000, 2001], while gangliosides shed by neuroblastoma inhibit
haematopoiesis [Sietsma et al., 1998]. Moreover, adhesion, spreading, and motility of cells
based on glycolipid-glycolipid interaction [Kojima and Hakomori, 1991] and interactions of
gangliosides with integrin α5β1 receptor [Zheng et al, 1993; Wang et al., 2001], EGF receptor
[Zhou et al., 1994; Wang et al., 2003], FGF receptor [Rusnati et al., 2002] and insulin receptor
[Tagami et al., 2002; Yamashita et al., 2003] have been described. The ability of ganglioside
GM3 to activate Src phosphorylation and MAPK was described for Neuro2a cells [Prinetti et
al., 1999] and for fibroblast cells [Li et al., 2001], leading to neuritogenesis and to enhanced
cell proliferation, respectively.
In a previous study we have shown that GM3 was the major ganglioside produced by
fetal liver-derived stromal cells and was required for the optimal stroma myelosupportive
function. This ganglioside was released into the supernatant and selectively incorporated into
the myeloid progenitor cells, where it segregated into rafts in which it co-localized with the
GM-CSF receptor α chain [Ziulkoski et al., 2006].
Moreover, two liver inflammatory
granuloma-derived stromal cells (GRWT and GR-IFNγ-R
%
) with a distinct quantitative
pattern of gangliosides showed a different myelopoiesis supportive capacity, and the
inhibition of ganglioside synthesis decreased the myelopoietic proliferation in both stromal
cells. The stroma with higher myelopoietic capacity synthesized more GM3 than GD1a, while
the stroma with lower capacity synthesized more GD1a than GM3 [Andrade et al., 2006]. The
purpose of the present study was to further evaluate the role of gangliosides in myelopoiesis,
monitoring the pattern cell production and shedding of gangliosides in a bone marrow stroma
(S17 cell line), a murine hepatic stellate cell line derived from inflammatory fibro-
granulomatous reactions that sustain myelopoiesis (GRX cell line) and primary skin
54
fibroblasts. We compared the ability of these stromata to sustain the survival and
proliferation of the myelopoietic progenitor cell line FDC-P1.
MATERIALS AND METHODS
Materials
Dulbecco’s Modified Eagle’s Medium (DMEM), RPMI 1640 medium, and lipid
standards were purchased from Sigma-Aldrich, Saint Louis, MO, USA. Fetal bovine serum
(FBS) was obtained from Cultilab, Campinas, SP, Brazil. D-[U-
14
C] galactose (300
mCi/mmol) was obtained from Amersham Life Science, Buckinghamshire, UK. Plastic tissue
culture dishes were purchased from Nunc, Roskilde, Denmark. DL-threo-1-phenyl-2-
decanoylamino-3-morpholino-1-propanol (PDMP), the glucosyl ceramide syntase inhibitor,
from Calbiochem
San Diego, CA, USA. Silica-gel high performance thin layer
chromatography (HPTLC) plates were from Merck, Darmstadt, Germany. DH2 monoclonal
antibody anti-GM3 was generously supplied by Sen-itiroh Hakomori, University of
Washington, Seattle, USA.
Cells and cell cultures
Permanent cell lines were obtained from the Rio de Janeiro Cell Bank (PABCAM,
Federal University, Rio de Janeiro, RJ, Brazil). The murine hematopoietic bone marrow
stroma cell line S17 sustains both murine and human hematopoietic cells in vitro [Sczikowski
et al., 1992]. The S17 cells were maintained in RPMI 1640 supplemented with 10% FBS. The
GRX and WeHi-3B cells were maintained in DMEM supplemented with 5% and 10% FBS,
respectively. The FDC-P1 cell line was maintained in RPMI 1640 medium containing 10%
FBS and 10% supernatant of WeHi-3B cells that secrete IL-3 and GM-CSF constitutively.
The cultures were maintained under a humidified 5% CO
2
atmosphere at 37°C. Primary
55
cultures of skin fibroblasts that do not sustain myelopoiesis [Carvalho et al., 2000] were
obtained from newborn C3H/HeN mice. Mice were killed, their skin harvested and digested
by collagenase (1 mg/ mL in DMEM) for 1 h, at 37°C, under stirring. This treatment was
followed by trypsin (0.125% in calcium- and magnesium- free balanced salt solution (CMF
BSS)) supplemented with 0.05% EDTA, for 30 min at 37°C. The cells were seeded into 25
cm
2
tissue culture flask in RPMI 1640 10% FBS and subcultured by trypsinization that
eliminated the trypsin-resistant macrophages. The obtained skin fibroblasts, referred to as
“SF-C3H”, were maintained in culture as described for S17 cells. After the third passage, the
cultures were discarded. For a typical coculture experiment, FDC-P1 cells were washed with
CMF-BSS in order to remove IL-3. They were inoculated on to the semi-confluent
monolayers of S17 or SF cells in 24-well plates (1 x 10
5
cells per well), and maintained in
culture for 24 or 48 h. Cell proliferation was monitored under a phase-contrast-equipped
inverted microscope.
Thiobarbituric acid assay for sialic acid
Cells were washed three times with cold phosphate buffered saline (PBS), harvested
from the plate with rubber policeman and pelleted by brief centrifugation. Lipids were
extracted from cell pellets with chloroform / methanol (2:1, v/v) [Andrade et al., 2006], dried
under N
2
atmosphere and hydrolyzed in 0.05 M H
2
S0
4
at 80°C for 60 min. Then, the samples
were oxidized by addition of 25 µM periodic acid/ 62.5 mM H
2
SO
4
at 37°C for 30 min.
Oxidation was interrupted by addition of 2% sodium arsenite/ 0.5 M HCl (w/v). This was
followed by the addition 6% thiobarbituric acid (w/v), adjusted to pH 9.0 with NaOH, to give
a final concentration of at least 1%. The chromophore was developed by heating the reaction
mixture in a boiling-water bath for 7.5 min. The color was intensified by the addition of an
equal volume of dimethyl sulfoxide [Skoza and Nohos, 1976]. The test mixture was read at
the absorption maximum for sialic acid (549 nm). The same test was performed with lipid
56
extract without hydrolysis. The sialic acid amount was determined by the difference
between the absorbance obtained for hydrolyzed and not hydrolyzed samples.
Metabolic labeling and lipid extraction
Cultures of stromal cells that reached confluence and cultures of FDC-P1 cells were
incubated with 0.5 µCi/mL [
14
C]galactose for 12 h. Subsequently, cells were washed three
times with cold PBS, harvested from the plate and pelleted by brief centrifugation. Lipids
were extracted from radiolabeled cell pellets with chloroform / methanol (2:1, v/v) [Andrade
et al, 2006], and glycosphingolipids were purified by Sep-Pack C18 column [Williams and
McCluer, 1980]. The inhibition of PDMP was determined after incubation of stromal cells for
72 h with 10 µM PDMP and incubation with 0.5 µCi/ mL [
14
C]galactose for the last 12 h of
incubation [Zurita et al., 2001].
Chromatography and analysis of the gangliosides
The purified lipid extract was evaporated under N
2
and run on HPTLC silica gel 60
plates with two successive solvent systems: first chloroform/ methanol (4:1, v/v) and second
chloroform/ methanol/ 0.25% aqueous CaCl
2
(60:36:8, v/v). The last migration was developed
in a tank described by Nores and col. [1994]. Radioactive sphingolipids were visualized by
exposition of a radio-film at -70°C and their relative contribution was determined by
densitometric scanning of the X-ray film in a CS 930 Shimadzu UV/ vis densitometer. The
standards were visualized by exposure to resorcinol-HCl [Svennerholm, 1963].
Shedding of gangliosides
The S17 cells and SF-C3H cells were metabolically labeled with 0.5 µCi/ mL
[
14
C]galactose for 12 h, the cells were washed and cultured in fresh medium for 48 h.
Subsequently, the culture supernatant was collected, dialyzed against distilled water,
57
lyophilized and the total lipids were extracted from lyophilized powder with chloroform/
methanol (1:1, v/v). The cells were harvested and lipids extracted with chloroform/ methanol
(2:1, v/v). The gangliosides present in the cells and in the supernatant were purified and
analyzed as previously described [Sietsma et al., 1998].
Determination of FDC-P1 proliferation rate
FDC-P1 cells were inoculated onto 24 culture plates, at 1 x 10
5
cells per well and
maintained in four different medium preparations: (a) RPMI supplemented with 10% FBS and
50% medium conditioned by S17 or GRX cells; (b) RPMI supplemented with 10% FBS and
50% medium conditioned by S17 or GRX cells pre-treated with 10 µM PDMP; (c) RPMI
supplemented with 10% FBS and 50% of medium conditioned by S17 or GRX cells with
addition of 10% DH2 hybridoma supernatant (producing monoclonal antibody anti-G
M3
); (d)
RPMI supplemented with 10% FBS, 50% of medium conditioned by S17 cells and 2 µg/ mL
of murine recombinant GM-CSF. After 24 h, the viable cells were counted in a
hemocytometer. RPMI supplemented only with 10% FBS was the negative control. RPMI
supplemented with 10% FBS and 10% WeHi-3B cell-conditioned medium or with 2 µg/ mL
of murine recombinant GM-CSF were the positive controls. In order to monitor the potential
non specific effect of DH2 over FDC-P1 proliferation, cells were maintained in RPMI
supplemented with 10% FBS and 20% of DH2. No effect of DH2 antibody was found (data
not shown).
Protein quantification
The protein sediments obtained after lipid extractions were dissolved in 1.0 N NaOH
and measured as described by Peterson [1977] using bovine serum albumin as standard.
58
Statistical analysis
Differences among the experimental groups were analyzed by one-way analysis of variance
and means were compared by the Duncan test.
RESULTS
Stroma-induced myelopoiesis was monitored using the FDC-P1 myeloid progenitor
cell line, which is dependent upon GM-CSF or IL-3. In accordance with previous results on
co-cultures of stroma and FDC-P1 cells [Carvalho et al., 2000; Borojevic et al., 2003] the
bone marrow stroma-derived S17 cells
induced a rapid and intense proliferation of FDC-P1
cells, while SF cells could sustain neither the proliferation nor the survival of the
myelopoietic progenitors cells (Figure 1). Co-cultures of GRX and myeloid cells showed that
GRX cells were able to sustain the survival and a low proliferation of FDC-P1 cells for 24
hours (Figure 1).
In view of the described role of negatively-charged sialic-acid-containing molecules at
the membrane interface between the supporting stroma and the hematopoietic cells [Borojevic
et al., 2003], we questioned whether there are differences in the total sialic (N-
acetylneuramin) acid amount in the three studied stroma cells. The results indicated a high
concentration of sialic acid in the bone marrow stroma S17 cells, and smaller amounts in the
GRX cells, and a very low level in skin fibroblasts, corresponding to the myelosupportive
capacity of the studied cell stromata (Table 1).
We had previously demonstrated that the presence of gangliosides on myeloid FDC-
P1 cells was required both for their survival and proliferation in response to growth factors,
and that their ganglioside pool could be provided, at least in part, by the myelosupportive
stroma [Ziulkoski et al., 2006; Andrade et al., 2006]. Therefore, we analyzed the ganglioside
synthesis and shedding from S17, SF and GRX cells (Figure 2). The studied stromata
presented gangliosides of the series a (GM3, GM2, GM1 and GD1a), similar to the previously
59
studied AFT-024 and GR cells [Andrade et al., 2006; Ziulkoski et al., 2006]. All the
major gangliosides run as doublets, in agreement with the fact of sphingolipids have
differences in ceramide structures [Ziulkoski et al., 2001, Andrade et al., 2003]. S17 cells
accumulated essentially GM3, to a lower extent a neutral ceramide trihexoside, and a minor
amount of GD1a. The SF cells synthesized GM3 and GD1a in similar quantities, while GRX
cells synthesized more GD1a than GM3 (Figure 2A, Table 2). These results are similar to
those obtained for AFT-024 [Ziulkoski et al., 2006], GRWT and GR-IFNγ-R
%
cells [Andrade
et al., 2006] (Table 3), suggesting that myelosupportive stromata accumulated the ganglioside
GM3. Interestingly, the amount of GD1a increased with the reduction of the myelosupportive
capacity.
The GM3 ganglioside can be transferred from fetal liver-derived stroma to FDC-P1
cells, on which it co-localizes with the GM-CSF receptor α-chain at the contact region
[Ziulkoski et al., 2006]. Therefore, we monitored the shedding of radiolabeled gangliosides
from S17, SF and GRX cells. The shedding was similar to the ganglioside synthesis pattern.
The only ganglioside shed by S17 was the GM3. SF cells shed GM3, GD1a and GM1 in a
lower extent, while GRX conditioned medium contained GD1a, GM1, GM3 and a low
amount of GM2 gangliosides (Figure 2B and Table 2).
Taken in consideration the fact that the ganglioside GM3 was present in the
conditioned medium of cells that sustained or not the myelopoiesis by contact, as well as the
previous reports that the FDC-P1 cell proliferation may be sustained by conditioned medium
of stroma cells [Borojevic et al., 2003, Ziulkoski et al., 2006], we questioned whether the
capacity of stroma supernatants to support myelopoiesis reflected the presence of
gangliosides, and in particular of the ganglioside GM3, when withdrawn from the intercellular
microenvironment. The FDC-P1 proliferation was monitored in the standard medium
conditioned by S17, SF or GRX cells, as well as in conditioned medium obtained from cells
treated with PDMP that inhibited synthesis of all the ganglioside, and in conditioned medium
60
with addition of neutralizing monoclonal antibody anti-GM3. We found that S17-
conditioned medium had a very low capacity to sustain the FDC-P1 cell survival and/ or
proliferation (Figure 3A) in accordance with previous results [Borojevic et al., 2003].
Nevertheless, the survival of FDC-P1 cells was even minor in S17-conditioned medium in
which the GM3 was depleted (Figure 3A). Notably, the supplementation of S17 supernatant
with GM-CSF restored its myelosupportive capacity (Figure 3B), suggesting that S17 cells
released soluble GM-CSF in a very low and limiting quantity. This activity could be
dependent upon GM3.
On the other hand, the GRX-conditioned medium was able to sustain both survival and
proliferation of FDC-P1 cells, having thus a stronger myelosupportive capacity than the S17-
condition medium, despite the lower capacity of the former cell line to sustain myelopoiesis
in co-culture. This result is similar to the one described for SF cells, which are unable to
maintain myelopoiesis in co-cultures through a cell-cell contact with target cells, but whose
supernatant sustained the FDC-P1 proliferation [Carvalho et al., 2000]. Moreover, the
inhibition of the total ganglioside synthesis in GRX and SF cells, as well as neutralization of
GM3 by monoclonal antibody in the conditioned medium, decreased both the FDC-P1
proliferation and survival (Figure 3A).
DISCUSSION
In agreement with previously reported observations, the present study indicated that
gangliosides are required for optimal activity of the growth factors that sustain survival and
proliferation of myeloid cells in coculture with stroma, the GM3 being apparently the major
ganglioside species involved. However, the comparative study of cell-cell versus cell
supernatant-dependent myelosupportive activity disclosed an apparent paradox. Supernatants
of the stromata that sustained well myelopoiesis had only a low stimulatory activity, while
61
those from stromata that do not sustain myelopoiesis in co-culture sustained it in
suspension. Hence, GM-CSF and GM3 are required and sufficient to promote the signal
reception and transduction on FDC-P1 cells. This corroborates our finding that stroma
supplies to FDC-P1 cells both the growth factor and the GM3 that is not accumulated in FDC-
P1 cells (Ziulkoski et al, 2006), and when both are present in appropriate quantities, the
myelosupportive activity is high. Conversely, in cell-cell interactions other components of the
myelosupportive stroma activity contribute to the controls. High quantities of GM3 apparently
generate optimal conditions for sequestering GM-CSF on the cell membranes, putatively on
heparan sulfate proteoglycans as indicated by our previous studies [Alvarez-Silva and
Borojevic, 1996; Borojevic et al, 2003]. GM3 can be shed, but heparan sulfate-bound GM-
CSF can be only released by high-salt solutions [Carvalho et al. 2000]. Hence, the supernatant
of S17 cells contains sufficient GM3 but suboptimal quantity of GM-CSF, having a poor
myelosupportive capacity that can be enhanced by supplementation with GM-CSF. The other
stromas, which have not a primary myelosupportive function such as the bone marrow stroma,
have apparently suboptimal interaction among gangliosides and GM-CSF-binding molecules.
In these cells, the growth factor and the gangliosides can be spontaneously released into the
supernatant.
The profile of gangliosides released into the supernatant corresponded to that of the
synthesized ones in the stroma, with only a few exceptions (such as GD1a in S17 cells).
Hence, besides the quantity of the involved compounds, the spatial organization of
gangliosides in the cell membranes and/or their association with other membrane components
may be required in high cell-cell myelosupportive activity of S17 cells. Conversely, in case of
SF, and to lower degree in GRX stromata, the membrane context of molecular complexes
required for myelosupportive activity is not optimal or it is even inhibitory. Their shedding
into the supernatant releases them from the molecular context of cell membranes, and under a
soluble form they display their intrinsic capacity to sustain survival and/or proliferation of
62
FDC-P1 myeloid progenitors. It should be noted that even in this context, the presence of
gangliosides, the major one being apparently the GM3, is still required, and their absence or
neutralization in the supernatant is adverse for optimal myelopoiesis. Table 3 summarizes the
differents results obtained to all stromal cells studied by our group. In mirror experiments to
those of the S17 supernatant supplementation with GM-CSF reported in the present study, the
conditioned medium of GR IFNγ-R
%
treated with PDMP and supplemented with GM3
recovered the ability to sustain the FDC-P1 proliferation. Similar results were obtained when
the GRWT supernatant was supplemented with GM3 (Table 3).
The stroma-dependent growth stimulatory activity has been related to the non-covalent
binding of growth factors with cell membrane-associated molecules or with the adjacent
extracellular matrix components, suggesting that growth factors might be retained on the
stroma layer and presented to the target cells [Gallagher and Dexter, 1988]. Our previous
studies have indicated that the biological activity of GM-CSF heavily depended upon tissue
cofactors, including both heparan-sulfate proteoglycans and gangliosides [Alvarez-Silva and
Borojevic, 1996; Carvalho et al., 2000; Andrade et al., 2006; Ziulkoski et al, 2006]. These
results showed the capping of proteoglycans and gangliosides to interface between
haemopoietic and stromal cells, suggesting that GM-CSF receptors are sequestered in lipid
rafts and modulated by macromolecular complexes, placing the growth factor message in the
appropriate required context [Metcalf, 1993]. The local concentration of gangliosides in the
intercellular space within the myelopoietic microenvironment is difficult to estimate, but we
found that cells with a higher content of sialic acid in lipids showed higher myelosupportive
ability. The increased amount of sialic acid could be related to local decreased of pH
necessary to interaction of heparan-sulfate and GM-CSF [Wettreich et al., 1999].
The quality of gangliosides can be determinant for the inclusion of receptors into
glycolipid-enriched membrane regions (GEM) like rafts, which control the activation, the
turnover and the subcellular localization of the signaling compounds [Miljan and Bremer,
63
2002]. GM3-enriched rafts have been related with FAK, Src kinases and Rho GTPases
[Yamamura et al., 1997; Iwabuchi et al., 1998; Chigorno et al., 2000] and this ganglioside has
been related with enhanced c-Src phosphorylation and MAPK activation induced by EGF
[Prinetti et al., 1999; Li et al., 2001]. The accumulation of GM3 at the cellular monolayer,
such as S17 cells, could represent its presence in rafts. Skin fibroblasts have a relatively high
amount of GM3, but either the GM3 is not segregated in rafts, or it is associated with
molecules that reduce its capacity to interact with the myelopoietic signaling. On the other
hand, the ganglioside GD1a has been also involved with EGF signaling, increasing the
effective number of EGFRs and stimulating EGFR dimerization [Liu et al., 2004]. Curiously,
the amount of GD1a in cells that do not sustain the myeloid cells is higher than in S17 cells
and the conditioned medium showed the same result. The role of GD1a in the
myelosupportive capacity needs future studies.
Differences in the effects of gangliosides may be dependent upon its concentration
and/or location. Gangliosides added to the culture medium can insert into the cell plasma
membrane and modify the biological responses of cells to various growth factors [Li et al.,
2000]. High concentration of gangliosides inhibited cell growth when continuously present in
culture medium during incubation of cells with growth factors but low concentrations caused
an increase in phosphorylation of transducers and enzymes such as MAPK [Li et al., 2001].
Moreover, it has been suggested that the exogenous ganglioside effect depends on the state of
cell confluence in culture, and that gangliosides have a bimodal effect on DNA synthesis
[Saqr et al., 1995]. Conversely, clustered glycosphingolipids themselves may also initiate
signal transduction through the interaction of aliphatic chains of the transducer molecules
with the lipid portion of glycosphingolipids in the microdomains [Iwabuchi et al., 1998]. The
differences in the capacity of sustain myeloid cell proliferation by presented or soluble growth
factor could be related to differences in the concentration of gangliosides present in rafts or
shed to supernatant and their uptake by myeloid cells. Further studies are needed to determine
64
whether gangliosides are transferred to myeloid cells from the studied stromal cells like
to fetal liver derived stroma and how gangliosides interact with the growth factor receptor.
REFERENCES
Alvarez-Silva M, Borojevic R. 1996. GM-CSF and IL3 activities in schistosomal liver
granulomas are controlled by stroma associated heparan sulfate proteoglycans. J Leuk
Biol 59: 435-441.
Andrade CMB, Trindade VMT, Cardoso CCA, Ziulkoski AL, Trugo LC, Guaragna RM,
Borojevic R, Guma FCR. 2003. Changes of sphingolipid species in the phenotype
conversion from myofibroblasts to lipocytes in hepatic stellate cells. J Cel Biochem 88:
533–544.
Andrade CMB, Ziulkoski AL, dos Santos AXS, Sisti E, Trindade, VMT, Borojevic R, Guma
FCR. 2006. Gangliosides regulate the capacity of stromal cells to support myelopoiesis.
Manuscript in preparation.
Barthi AC, Singh SM. 2001. Gangliosides derived from a T cell lymphoma inhibit bone
marrow cell proliferation and differentation. Int Immunopharm 1: 155-165.
Bharti AC, Singh SM 2000. Induction of apoptosis in bone marrow cells by gangliosides
produced by a T cell lymphoma. Immunol Let 72: 39-48.
Borojevic R, Carvalho MA, Corrêa-Junior JD, Arcanjo K, Gomes L, Juazeiro PP, Wetthreich
A, Coelho-Sampaio T. 2003. Stroma-mediated granulocyte-macrofage colony-stimulating
factor (GM-CSF) stimulation of myelopoiesis: spatial organisation of intercellular
interactions. Cell Tissue Res 313: 55-62.
Carvalho MA, Arcanjo K, Silva LCF, Borojevic R. 2000. The capacity of connective tissue
stromas to sustain myelopoiesis depends both upon the growth factors and the local
intercellular environment. Biol Cell 92: 605-614.
65
Chigorno V, Palestini P, Sciannamblo M, Dolo V, Pavan A, Tettamanti G, Sonnino S.
2000. Evidence that ganglioside enriched domains are distinct from caveolae in MDCK II
and human fibroblast cells in culture. Eur J Biochem 267: 4187–4197.
Gallager JT, Dexter TM. 1988. Binding of growth factors to heparan sulphate: implications
for the regulation of haemopoiesis by bone marrow stromal cells. In: Baum SJ, Dicke K,
Lotzova E, Plyznik DH, editors. Experimental haematology today. Springer: New York. p
36-43.
Griffin JD, Cannistra AS, Sullivan R, Demetri GD, Ernst TJ, Kanakura Y. 1990. The biology
of GM-CSF: regulation of production and interaction with its receptor. Int J Cell Cloning
8 (S1): 35-44.
Iwabuchi K, Handa K, Hakomori S. 1998. Separation of "glycosphingolipid signaling
domain" from caveolin-containing membrane fraction in mouse melanoma B16 cells and
its role in cell adhesion coupled with signaling. J Biol Chem 273: 33766–33773.
Kaucic K, Grovas A, Li R, Quinones R, Ladisch S. 1994. Modulation of human myelopoiesis
by human gangliosides. Exp Hematol 22: 52-59.
Kojima N, Hakomori S. 1991. Cell adhesion, spreading, and motility of GM3-expressing cells
based on glycolipid-glycolipid interaction. J Biol Chem 266 (26): 17552-17558.
Li R, Manela J, Ladisch S. 2000. Cellular gangliosides promote growth factor-induced
proliferation of fibroblasts. J Biol Chem 275: 34213-34223.
Li R, Liu Y, Ladisch S. 2001. Enhancement of epidermal growth factor signaling and
activation of Src kinase by gangliosides. J Biol Chem 276: 42782-42792.
Liu Y, Li R, Ladisch S. 2004. Exogenous ganglioside GD1a enhances epidermal growth
factor receptor binding and dimerization. J Biol Chem 279: 36481-36489.
Metcalf D. 1993. Hematopoietic regulators: redundancy or subtlety? Blood 82: 3515-3523.
Miljan EA, Bremer EG. 2002. Regulation of growth factor receptors by gangliosides.
SciSTKE 2002 (160): RE15.
66
Muller AM, Medvinsky A, Stroubolius J, Grosveld F, Dzierzak E. 1994. Immunity 1:
291-301.
Nakamura M, Tsunoda A, Sakoe K, Gu J, Nishikawa A, Taniguchi N, Satio M. 1992. Total
metabolic flow of glycosphingolipid biosynthesis is regulated by UDP-
GlcNAc:lactosylceramide beta 1Æ3 N-acetylglucosaminyltransferase and CMP-
NeuAc:lactosylceramide alpha2Æ3 sialyltransferase in human hematopoietic cell line HL-
60 during differentiation. J Biol Chem 267 (33): 23507-23514.
Nakamura O, Kirito K, Yamanoi J, Wainai T, Nojiri H, Saito M. 1991. Ganglioside GM3 can
induce megakaryocytoid differentiation of human leukemia cell line K562 cells. Cancer
Res 51; 1940-1945.
Nores GA, Mizutamari R, Kremer M. 1994. Chromatographic tank designed to obtain highly
reproducible HPTLC-chromatograms of gangliosides and neutral glycosphingolipids. J
Chromatography 686: 155-157.
Peterson GL. 1977. A simplification of the protein assay method of Lowry et al which is more
generally applicable. An Biochem 83: 346-356.
Prinetti A, Iwabuchi K, Hakomori S. (1999. Glycosphingolipid-enriched signaling domain in
mouse neuroblastoma Neuro2a cells. J Biol Chem 274: 20916-20924.
Rusnati M, Urbinati E, Tanghetti E, Dell’Era P, Lortat-Jacob H, Presta M. 2002. Cell
membrane GM1 ganglioside is a functional coreceptor for fibroblast growth factor 2. Proc
Natl Acad Sci USA 99: 4367-4372.
Saqr H, Lee MC, Burkman AM, Yates AJ. 1995. Gangliosides have a bimodal effect on DNA
synthesis in U-1242 MG human glioma cells. J Neurosci Res 41: 491-500.
Sczikowski M, Robertson D, Gordon MY. 1992. Synthesis and deposition of
glycosaminoglycans in the murine hematopoietic stromal cell line S17 – modulators of
hematopoietic microenvironment. Exp Hematol 20: 1285-1290.
67
Sietsma H, Nijhof W, Dontje B, Vellenga E, Kamps WA, Kok JW. 1998. Inhibition of
hemopoiesis in vitro by neuroblastoma-derived gangliosides. Cancer Res 58: 4840-4844.
Skoza L, Mohos S. 1976. Stable thiobarbituric acid chromophore with dimethylsulphoxide.
Bichem J 159: 457-462.
Svennerholm L. 1963. Chromatographic separation of human brain gangliosides. J
Neurochem 10: 613-623.
Tagami S, Inokuchi J, Kabayama K, Yoshimura H, Kitamura F, Uemura S, Ogawa C, Ishii A,
Saito M, Ohtsuka Y, Sakaue S, Igarashi Y. 2002. Ganglioside GM3 participates in the
pathological conditions of insulin resistance. J Biol Chem 277 (5): 3085-3092.
Wang X, Sun P, Al-Qamari A, Tai T, Kawashima I, Paller AS. 2001. Carbohydrate-
carbohydrate binding of ganglioside to integrin α5 modulates α5β1 function. J Biol Chem
276 (11): 8436-8444.
Wang X, Sun P, Paller AS. 2003. Ganglioside GM3 blocks the activation of epidermal growth
factor receptor induced by integrin at specific tyrosine sites. J Biol Chem 278 (49): 48770-
48778.
Wettreich A, Sebollela A, Carvalho MA, Azevedo SP, Borojevic R, Ferreira ST, Coelho-
Sampaio T. 1999. Acidic pH modulates the interaction between human granulocyte-
macrofage colony-stimulating factor and glycosaminoglycans. J Biol Chem 274 (44):
31468-31475.
Williams MA, McCluer RH. 1980. The use of Sep-Pak C18 cartridges during the isolation of
gangliosides. J Neurochem 35: 266-269.
Yamamura S, Handa K, Hakomori S. 1997. A close association of GM3 with c-Src and Rho
in GM3-enriched microdomains at the B16 melanoma cell surface membrane: a
preliminary note. Biochem Biophys Res Commun 236: 218–222.
68
Zheng M, Fang H, Tsuruoka T, Tsuji T, Sasaki T, Hakomori S. 1993. Regulatory role of
GM3 ganglioside in α5β1 integrin receptor for fibronectin-mediated adhesion of FUA169
cells. J Biol Chem 268 (3): 2217-2222.
Zhou Q, Hakomori S, Kitamuras K, Igarashi Y. 1994. GM3 directly inhibits tyrosine
phosphorylation and de-N-acetyl-GM3 directly enhances serine phosphorylation of
epidermal growth factor receptor, independently of receptor-receptor interaction. J Biol
Chem 269 (3): 1959-1965.
Ziulkoski AL, Andrade CM, Crespo PM, Sisti E, Trindade VMT, Daniotti JL, Guma FCR,
Borojevic R. 2006. Gangliosides of myelosupportive stroma cells are transferred to
myeloid progenitors and are required for their survival and proliferation. Biochem J 394:
1-9.
Ziulkoski AL, Zimmer AR, Zanettini JS, Trugo LC, Guma FCR. 2001. Synthesis and
transport of different sphingomyelin species in rat Sertoli cells. Mol Cel Biochem 219:
57–64.
Zon LI. 1995. Developmental biology of hematopoiesis. Blood 86: 2876-2891.
Zurita AR, Maccioni HJ, Daniotti JL. 2001. Modulation of epidermal growth factor receptor
phosphorylation by endogenously expressed gangliosides. Biochem J 355: 465-72.
69
Table 1. Sialic acid determination in lipids of the S17, SF and GRX cells.
Sialic acid
(nmol/ mg protein)
S17 cell line
10.0 ± 0.23
SF cells
0.95 ± 0.16
GRX cell line
5.2 ± 1.82
Lipids were extracted with chloroform/ methanol and the
sialic acid was determined by thiobarbituric acid assay. The
protein correspondent to lipid extract was quantified by
Lowry method modified by Peterson. Results represent mean
± SEM of tree experiments done in duplicate.
70
Table 2. Densitometric analysis of lipids synthesized and shed from S17, SF and
GRX cells.
% of total incorporation
S17 cells SF cells GRX cells
cells shedding cells shedding cells shedding
GD1a 5.3 Nd 40.7 33.1 27.8 25.8
GM1 1.3 Nd 6.7 10.2 14.0 18.9
GM2 1.4 Nd Nd Nd 13.1 2.3
GM3 64.3 80.0 52.6 35.9 10.9 13.1
PC 1.3 Nd Nd 12.9 23.7 33.6
CTH 24.5 13.2 Nd 3.1 5.7 Nd
CDH 0.7 6.9 Nd 4.7 1.4 Nd
CMH 1.1 Nd Nd Nd 3.3 6.3
Cell cultures were incubated 12 h with 0.5 µCi/ mL [
14
C]-galactose and the lipids were shed
to medium for 48 h. Lipids were extracted, purified, analyzed by HPTLC and visualized by
fluorography. Results are expressed as % of total radioactivity incorporated. GD1a, GM1,
GM2, GD3 and GM3: gangliosides; CTH: ceramide trihexoside; CDH: ceramide dihexoside;
CMH: ceramide monohexoside; PC: phosphatidylcholine; Nd: non detected.
71
Table 3. FDC-P1 proliferation in presence of cytokines, stromas conditioned
mediums and gangliosides.
Medium suplementation Effect Reference
IL3* or GM-CSF
P
Carvalho et al., 2000
GM3
S
Andrade et al., 2006
GM-CSF + GM3
↑↑P
Andrade et al., 2006
IL3 + PDMP*
P
Ziulkoski et al., 2006
IL3 + DH2*
P
Ziulkoski et al., 2006
CM of stromas
AFT-024
P
Ziulkoski et al., 2006
S17
S
Present work
GR-IFNγ-R
%
P
Andrade et al., 2006
GRWT S Andrade et al., 2006
GRX S Present work
SF S Carvalho et al., 2000
CM of stromas treated with PDMP
AFT-024
S
Ziulkoski et al., 2006
GRWT and GR-IFNγ-R
%
S
Andrade et al., 2006
S17, GRX and SF
S
Present work
CM of stromas with 10% DH2 antibody
AFT-024
S
Ziulkoski et al., 2006
GRWT and GR-IFNγ-R
%
S
Andrade et al., 2006
S17, GRX and SF
S
Present work
CM of GR-IFNγ-R
%
stroma treated with PDMP
and supplemented with GM3
P
Andrade et al., 2006
CM of GRWT stroma supplemented with GM3
S
Andrade et al., 2006
CM of S17 stroma supplemented with GM-CSF
S
Present work
Proliferation of FDC-P1 cells in basal culture medium plus cytokines or gangliossides.
(*) medium conditioned by WeHi cells that contained IL3, with the addition of 10 µM
PDMP, a glycosiltransferase inhibitor, or 10% of DH2 monoclonal antibody anti-GM3.
P, proliferation induction; S, maintain the survival; S, survival reduction or cell death.
72
FIGURE LEGENDS
Figure 1 FDC-P1 cell survival and proliferation in coculture with different stroma cells.
FDC-P1 cells previously washed with CMF BSS were inoculated on to the semi-confluent
monolayers of S17, SF or GRX cells at 1 x 10
5
cells per well (above) and maintained by 24 h
(below). Phase contrast microscopy, scale bars: 20 µm.
Figure 2 Ganglioside synthesis and shedding by S17, SF and GRX cells. (A) synthesis of
glycosphingolipids in S17, SF and GRX cells. Cell cultures were incubated 12 h with 0,5 µCi/
mL [
14
C]-galactose. (B) glycosphingolipids shed by S17, SF and GRX cells. Cell cultures
were incubated 12 h with [
14
C]-galactose and the lipids were shed to medium for 48 h. Lipids
were extracted, purified, analyzed by HPTLC and visualized by fluorography. The radioactive
bands correspond to lipids indicated. GD1a, GD3, GM1, GM2, GM3: gangliosides; CTH,
ceramide trihexoside; CDH, ceramide dihexoside; CMH, ceramide monohexoside; PC,
phosphatidylcoline.
Figure 3 Inhibition of proliferation of FDC-P1 cells in conditioned medium of S17 and
GRX cells. (A) FDC-P1 cell proliferation in the presence of the supernatant of S17, GRX or
SF cells (white bars), of the supernatant of S17, GRX or SF cells treated with 10 µM PDMP
(gray bars) and supernatant of S17, GRX or SF cells in the presence of DH2 (a monoclonal
antibody to GM3) (black bars). FDC-P1 cells cultivated in medium with supernatant of WeHi
cells were the positive control. (B) FDC-P1 cell proliferation in the presence of supernatant of
S17 or in the presence of this supernatant supplemented with 2 µg/mL GM-CSF. The positive
control was RPMI 1640 with 2 µg/mL GM-CSF. Data are from two separated experiments,
each done in triplicate. Values are mean ± SEM. (a), (b) and (c), significant difference to P <
0.05.
73
FIGURE 1
74
FIGURE 2
75
c
b
b
a
0
50
100
150
200
250
300
350
400
C+
G
MCSF
S1
7
S17+GMCSF
% of inoculated cells
FIGURE 3
a
a
a
a
a
a
0
20
40
60
80
100
120
140
S17 GRX SF
% of inoculated cells
A
B
76
CAPÍTULO 4
Investigação imunocitoquímica do gangliosídio GM1 no estroma de medula óssea S17,
em fibroblastos de pele e em coculturas de células estromais AFT-024 com células
precursoras mielopoiéticas FDC-P1
(Dados preliminares)
77
INTRODUÇÃO
O sistema hematopoiético é altamente hierarquizado e todas as suas células derivam de
células-tronco, as quais devem estabelecer relações adesivas com o estroma medular, cujos
elementos compõem os microambientes específicos necessários para a progressão da cascata
hematopoiética (Heyworth et al., 1988). A regulação da proliferação, do comprometimento e
da diferenciação terminal das células precursoras hematopoiéticas ocorre normalmente no
microambiente da medula óssea. Durante o período fetal, este processo ocorre no fígado, baço
e região para-aórtica deslocando-se para os ossos longos e chatos durante o desenvolvimento
(Tavian et al., 1999). Em estados patológicos, nos quais o ambiente da medula óssea sofre
alterações, a hematopoiese pode ser deslocada para tecidos periféricos como o fígado e o baço
(Borojevic et al., 1993). A presença de células precursoras totipotentes e comprometidas em
tecidos periféricos indica a necessidade da regulação local da atividade dos fatores de
crescimento e citocinas envolvidos no controle da homeostasia da mielopoiese extramedular.
Supõe-se que a interação entre os fatores de crescimento produzidos pelo estroma e os
receptores correspondentes é controlada por complexos macromoleculares, que constituem
frações de membrana insolúveis em detergente e ricas em glicoesfingolipídios (GEMs), entre
eles os gangliosídios. Estudos anteriores demonstraram que a atividade biológica do GM-CSF
depende da sua associação com heparam sulfato, e essa interação molecular depende de
cargas polares negativas providenciadas por moléculas sialiladas presentes na membrana, cuja
distribuição espacial evoca a estrutura de rafts (Wettreich et al., 1999; Borojevic et al., 2003).
Também demonstramos que os gangliosídios contribuem para a determinação da capacidade
mielossuportiva de diferentes estromas (Ziulkoski et al., 2006; Andrade et al., 2006), sendo o
gangliosídio GM3 acumulado na maioria dos estromas. No entanto, os gangliosídios GM1 e
GD1a também são encontrados em várias das células estromais estudadas. Análises
imunocitoquímicas realizadas com células derivadas de estroma de fígado fetal murino
78
demonstraram a ocorrência de capping de GM3 e de GM1 para a região de contato entre
as células estromais e células precursoras mielóides (Ziulkoski et al., 2006)
Sendo assim, os objetivos deste estudo foram: (a) analisar a possível colocalização do
gangliosídio GM1 com moléculas envolvidas com a sinalização de GM-CSF ou com adesão
celular em células AFT-024; (b) determinar a distribuição subcelular deste gangliosídio na
linhagem celular mielossuportiva S17 (derivada de medula óssea murina) e em fibroblastos de
pele, os quais não sustentam a hematopoiese.
METODOLOGIA
Materiais
Os meios de cultivo celular DMEM e RPMI 1640, a colagenase, a tripsina, os padrões
lipídicos, a toxina colérica acoplada a fluoresceína, a subunidade B da toxina colérica e o
anticorpo anti-toxina colérica foram obtidos da Sigma-Aldrich; o soro fetal bovino (SFB) da
Cultilab; D-[U-
14
C]galactose (300 mCi/mmol) da Amersham Life Science; as garrafas e
placas plásticas para cultura da Nunc; o Fluorsave
®
da Calbiochem; o anticorpo policlonal
anti-GM-CSF-Rβ (rabbit) da Santa Cruz Biotechnology; e os anticorpos secundários anti-
mouse conjugado a CY3 e anti-rabbit acoplado a rodamina da Jackson Immuno Research. O
anticorpo anti-CD44 foi gentilmente cedido pela Drª Márcia Cury El-Cheikh, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Cultura de células
A linhagem precursora mielopoiética FDCP-1, dependente de IL-3 ou GM-CSF, foi
mantida em meio RPMI 10% SFB, suplementado com 10% de meio condicionado de WeHi
como fonte exógena de IL-3, a 37°C e atmosfera de 5% de CO
2
. As linhagens celulares S17
79
(derivada de medula óssea murina), e AFT-024 (derivada de fíguda fetal murino) foram
cultivada em meio RPMI suplementado com 10% SFB e mantidas nas mesmas condições
citadas acima. Para obtenção de coculturas, células FDC-P1 foram lavadas com CMF-BSS
para remover IL-3 e GM-CSF e inoculadas (1 x 10
5
células por poço) sobre as camadas semi-
confluente de células S17 ou AFT-024 cultivadas em placas de 24 poços. Culturas primárias
de fibroblastos de pele, os quais não sustentam a hematopoiese (Carvalho et al., 2000) foram
obtidas a partir de camundongos neonatos C3H/HeN. Os animais foram sacrificados e sua
pele dissecada e digerida com colagenase (1 mg/ mL em DMEM) por 1 h, a 37°C, sob
agitação). Este tratamento foi seguido por digestão com tripsina (0,125% em CMF BSS)
suplementada com EDTA 0,05%, por 30 min a 37°C. As células obtidas foram semeadas em
garrafas de cultura de 25 cm
2
em RPMI 1640 suplementado com 10% SFB e subcultivadas
por tripsinização, a qual elimina macrófagos resistentes à tripsina. Os fibroblastos de pele
assim obtidos, referidos como SF, foram mantidos em cultura como descrito para as linhagens
celulares S17 e AFT-024.
Imunocitoquímica
Camadas semi-confluentes de células SF, S17 e coculturas (mantidas por 12 h)
cultivadas sobre lamínulas foram fixadas com paraformaldeído 4% por 30 min, lavadas com
PBS e incubadas em PBS contendo 3% de albumina de soro bovino por 1 h a 37°C para
bloquear sítios de ligação inespecíficos. Os procedimentos imunocitoquímicos foram
realizados como descrito por Crespo e colaboradores (2004). Como anticorpos primários
foram utilizados: anticorpo monoclonal anti-GM3 (clone DH2, mouse), anticorpo policlonal
anti-GM-CSFRβ (1:200, rabbit) e anticorpo monoclonal anti-CD44 (1:100, mouse). Os
anticorpos secundários utilizados foram: anticorpo monoclonal anti-mouse conjugado a CY3
(1:1000) e anticorpo monoclonal anti-rabbit conjugado a rodamina (1:500). Após lavagem
final com PBS, as preparações foram montadas com Fluorsave
®
. Imagens confocais foram
80
obtidas usando microscópio confocal Carl Zeiss LSM5 Pascal (Facultad de Ciencias
Químicas, Universidad Nacional de Córdoba, Argentina) equipado com um laser de
argônio/hélio/neon e uma objetiva de imersão em óleo de 63 x (abertura de 1,4) (Zeiss Plan-
Apochromat). Para a imunodetecção de GM1 dois métodos foram utilizados: (a) células
fixadas foram incubadas com toxina colérica 4 µg/ mL (subunidade B, atóxica), seguida de
incubação com anticorpo monoclonal anti-toxina colérica (1;100, rabbit) e anticorpo
secundário anti-rabbit conjugado a rodamina (1:500); (b) células fixadas foram diretamente
incubadas com toxina colérica conjugada a fluoresceína (subunidade B, atóxica). Os demais
procedimentos imunocitoquímicos foram os mesmos descritos acima.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em estudo anterior demonstramos que o gangliosídio GM3 colocaliza-se
extensivamente com a cadeia α do receptor de GM-CSF, enquanto o gangliosídio GM1
apresenta apenas uma colocalização parcial, apesar de ambos apresentarem capping para a
região de contato entre as células AFT-024 e FDC-P1 (Ziulkoski et al., 2006). Trabalhos
recentes têm relatado que rafts enriquecidos em diferentes gangliosídios podem desempenhar
diferentes funções em um mesmo tipo celular (Gómez-Moutón et al., 2001; Chigorno et al.,
2000). Sendo assim, resolvemos analisar a possível colocalização de GM1 e GM3 em nosso
modelo de mielopoiese extramedular. Os resultados demonstraram a presença do gangliosídio
GM1 na membrana plasmática das células precursoras mielóides (Figura 1 A, D e G), em
conformidade com os resultados obtidos anteriormente (Ziulkoski et al., 2006). No entanto, a
sobreposição das imagens obtidas para GM1 e GM3 (Figura 1C) demonstrou pouca
colocalização entre estes dois gangliosídios, levando-nos a supor que esses gangliosídios
81
estejam em rafts diferentes e desempenhem papéis diferentes na interação entre células
estromais e células progenitoras mielóides.
Tendo em vista os indícios de uma função diferenciada para o gangliosídio GM1,
analisamos a possível colocalização deste gangliosídio com a cadeia β do receptor de GM-
CSF, a qual é compartilhada com os receptores para IL-3 e IL-5 (Hamilton, 2002). As
imagens obtidas nas coculturas também demonstram marcação típica de membrana
plasmática nas células FDC-P1 (Figura 1E), sendo possível visualizar o capping do receptor
para a região de contato com as células estromais. No entanto, a sobreposição das imagens
evidencia a ausência de colocalização significativa do gangliosídio GM1 com GM-CSF-Rβ
(Figura 1F), sugerindo que o GM1 não está envolvido com a transdução de sinal
desencadeada por esta subunidade.
Uma vez que o gangliosídio GM1 tem sido relacionado com moléculas de adesão como
o CD44 (Gómez-Moutón et al., 2001) e os resultados anteriores que demonstraram o capping
deste gangliosídio nas células estromais para a região de contato com as células precursoras
mielóides (Ziulkoski et al., 2006), resolvemos analisar a possível colocalização de GM1 e
CD44. Os resultados indicam a presença desta molécula de adesão na membrana das células
FDC-P1 (Figura 1H). No entanto, não observamos colocalização entre GM1 e CD44 (Figura
1I), indicando que o GM1 não está relacionado com a adesão celular mediada pelo CD44.
Todavia, são necessários novos estudos para determinar se este gangliosídio está envolvido ou
não com as interações adesivas existentes entre células estromais e células precursoras
mielóides.
Como os resultados obtidos na análise do perfil de gangliosídios por marcação
metabólica e HPTLC para fibroblastos de pele e para a linhagem S17 mostraram a presença
de GM1 (capítulo 3, Figura 2 e Tabela 2), ainda que em quantidades pequenas (6,7 e 1,3 %,
respectivamente), investigamos a distribuição subcelular deste gangliosídio nessas células
através de imunocitoquímica. Pode se observar uma marcação típica de membrana plasmática
82
em ambos os tipos celulares (Figura 2 A e B), ocorrendo capping de GM1 nas células
progenitoras mielóides quando estas são cocultivadas com as células estromais de medula
óssea S17 (Figura 2 C e D). Estes resultados contribuem para a hipótese de que o gangliosídio
GM1 participe do microambiente formado na região de contato entre as células mielóides e as
células estromais; entretanto, a elucidação de seu papel necessita de estudos adicionais.
REFERÊNCIAS
Andrade, C.M.B., Ziulkoski, A.L., dos Santos, A.X.S., Sisti, E., Trindade, V.M.T., Borojevic,
R., Guma, F.C.R. (2006) Gangliosides regulate the capacity of stromal cells to support
myelopoiesis. Manuscrito em preparação.
Borojevic, R., Carvalho, M.A., Corrêa-Junior, J.D., Arcanjo, K., Gomes, L., Joazeiro, P.P.,
Balduino, A., Wettreich, A., Coelho-Sampaio, T. (2003) Stroma-mediated granulocyte-
macrophage colony-stimulating factor (GM-CSF) control of myelopoiesis: spatial
organisation of intercellular interactions. Cell Tissue Res. 313, 55-62.
Borojevic, R., El-Cheikh, M.C., Alvarez-Silva, M., Almeida, K.G., Dutra, H.S. (1993)
Hepatic myelopoiesis associated with inflammation: liver connective tissue cells form a
myelopoietic stroma. In: Cells hepatic sinusoid. Kupfer Cell Fundation, Leiden, The
Netherlands, vol. 4, 130-133.
Carvalho, M.A., Arcanjo, K., Silva, L.C.F., Borojevic, R. (2000) The capacity of connective
tissue stromas to sustain myelopoiesis depend both upon the growth factors and the local
intercellular environment. Biol. Cell 92, 605-614.
Crespo, P.M., Zurita, A.R., Giraudo, C.G., Maccioni, H.J.F., Daniotii, J.L. (2004) Ganglioside
glycosyltransferases and newly synthesized gangliosides are excluded from detergent-
insoluble complexes of Golgi membranes. Biochem. J. 377, 561-568
83
Chigorno, V., Palestini, P., Sciannamblo, M., Dolo, V., Pavan, A., Tettamanti, G.,
Sonnino, S. (2000) Evidence that ganglioside enriched domains are distinct from caveolae
in MDCK II and human fibroblast cells in culture. Eur. J. Biochem. 267, 4187–4197.
Gómez-Moutón, C., Abad, J.L. Mira, E., Lacalle, R.A., Gallardo, E., Jiménez-Baranda, S.,
Illa, I. Bernad, A., Mañes, S., Martínez-A, C. (2001) Segregation of leading-edge and
uropod components into specific lipid rafts during T cell polarization. Proc. Natl. Acad.
Sci. USA 98, 9642-9647.
Hamilton, J.A. (2002) GM-CSF in inflammation and autoimmunity. Trends Immunol. 23,
403-408.
Heyworth, C.M., Ponting, I.L.O., Dexter, T.M. (1988) The response of hematopoietic cells to
growth factors: developmental implications of synergic interactions. J. Cell Sci. 91, 239-
247.
Tavian, M., Cortes, F., Charbord, P., Labastie, M.C., Peault, B. (1999) Emergence of the
haemopoietic system in the human embryo and foetus. Haematologica 84, 1-3.
Wettreich, A., Sebollela, A., Carvalho, M.A., Azevedo, S.P., Borojevic, R., Ferreira, S.T.,
Coelho-Sampaio, T. (1999) Acidic pH modulates the interaction between human
granulocyte-macrophage colony-stimulating factor and glycosaminoglycans. J. Biol.
Chem. 274, 31468-31475.
Ziulkoski, A.L., Andrade, C.M., Crespo, P.M., Sisti, E., Trindade, V.M., Daniotti, J.L., Guma,
F.C., Borojevic, R. (2006) Gangliosides of myelosupportive stroma cells are transferred to
myeloid progenitors and are required for their survival and proliferation. Biochem J. 394,
1-9.
84
Figura 1 Imagens representativas da localização subcelular dos gangliosídios GM1 e
GM3, GMCSFRβ e CD44 em coculturas de células AFT-024 e FDC-P1. O GM1 foi
imunodetectado nas células AFT-024 com toxina colérica acoplada a fluoresceína, a detecção
do GM3 foi realizada com anticorpo monoclonal DH2, a da cadeia β do receptor de GM-CSF
com anticorpo policlonal anti-GMCSFRβ e a de CD44 com anticorpo monoclonal anti-CD44.
A, D e G, imunodetecção de GM1. B, imunodetecção de GM3. C, sobreposição das imagens
mostradas em A e B. E, imunodetecção da cadeia β do receptor de GM-CSF. F, sobreposição
das imagens mostradas em D e E. H, imunodetecção de CD44. I, sobreposição das imagens
mostradas em G e H. Secções confocais simples de 0,6 µm tomadas paralelamente às
preparações. Barras: 10 µm.
85
Figura 2 Imagens representativas da localização subcelular do gangliosídio GM1 em
fibroblastos de pele e na linhagem celular S17. As células foram imunodetectadas para
GM1 com toxina colérica e anticorpo monoclonal anti-toxina colérica. A, imunodetecção do
gangliosídio GM1 em fibroblastos de pele. B, imunodetecção do gangliosídio GM1 em
células S17. C e D, imunodetecção do gangliosídio GM1 em cocultura de células S17 e
células FDC-P1. Secções confocais simples xy de 0,6 µm foram tomadas paralelamente às
preparações nas figuras A e B. As imagens contidas em C e D correspondem a secções yz.
Barras: 10 µm.
86
PARTE III
87
DISCUSSÃO
O conjunto de resultados aqui apresentados demonstra que os gangliosídios
sintetizados e liberados pelas células estromais estão relacionados com a capacidade de
sustentação da proliferação e sobrevivência das células FDC-P1, utilizadas como sistema de
resposta para o monitoramento da disponibilidade e atividade local de GM-CSF. Todos os
estromas estudados sintetizam gangliosídios da série a e acumulam o gangliosídio GM3,
existindo uma tendência de maior quantidade deste gangliosídio nos estromas que apresentam
maior capacidade de sustentação mielopoiética nos sistemas de cocultivo. O único estroma
que não se enquadra nesta tendência são os fibroblastos de pele; porém, como a concentração
de ácido siálico nestas células foi a mais baixa, o acúmulo de GM3 pode não refletir a
quantidade absoluta real de GM3 e sim a velocidade de síntese dos gangliosídios neste tipo
celular. Interessantemente, a quantidade de GD1a é maior nos estromas que apresentam
menor capacidade mielossuportiva. Por outro lado, o perfil obtido para a linhagem de células
precursoras mielóides demonstra gangliosídios das séries a e b, mas com uma quantidade
relativa bastante pequena de GM3.
A transferência de GM3 das células de estroma de fígado fetal murino (linhagem AFT-
024) para as células precursoras mielóides foi evidenciada através de experimentos
imunocitoquímicos e com precursores radioativos e fluorescentes. Uma vez que este
gangliosídio sempre esteve presente nos meios condicionados de todos os estromas estudados,
é possível supor que este seja um fenômeno cooperativo comum entre os demais estromas e as
células precursoras mielóides. De fato, os ensaios de proliferação realizados com os
88
sobrenadantes obtidos dos estromas depletados em gangliosídios ou em que o GM3 foi
neutralizado pela adição de anticorpo monoclonal anti-GM3 apresentaram redução na
capacidade de sustentação da proliferação e sobrevivência das células FDC-P1. Além disso,
quando os sobrenadantes obtidos de estromas depletados em gangliosídios foram
suplementados com GM3 exógeno, verificou-se a recuperação da capacidade de sustentação
mielopoiética (Andrade et al., 2006). Os mesmos experimentos citados demonstraram que a
capacidade de sustentação das células FDC-P1 pelos meios condicionados dos diferentes
estromas pode diferir daquela obtida nos modelos de cocultivo, sugerindo diferenças no
ambiente de ligação ao receptor entre as formas solúvel e apresentada do fator de crescimento,
conforme previamente proposto por Borojevic e colaboradores (2003).
Os estudos imunocitoquímicos também revelaram o capping dos gangliosídios GM3,
GM1 e do receptor de GM-CSF para apenas um dos lados das células FDC-P1, resultado
condizente com a polarização e redistribuição de regiões de membrana especializadas que
ocorre durante o processo de diferenciação das células mielóides e seus progenitores (Giebel
et al., 2004). Essas imagens ainda evidenciam a colocalização da cadeia α do receptor de
GM-CSF com o gangliosídio GM3, sugerindo a participação deste gangliosídio no
microambiente necessário para que ocorra a ligação de GM-CSF ao seu receptor e/ ou na
sinalização celular mediada pelo mesmo. Já o gangliosídio GM1 apresenta apenas uma co-
distribuição parcial com a cadeia α de GM-CSF-R, e não foi detectada colocalização
significativa deste gangliosídio com a cadeia β deste receptor, com o próprio gangliosídio
GM3 ou com CD44. Esses dados indicam que os gangliosídios GM3 e GM1 estão localizados
em diferentes regiões da membrana plasmática ou em diferentes rafts, possivelmente
exercendo papéis diferentes na interação entre células estromais e células progenitoras
mielóides, como já proposto para células T polarizadas (Gómes-Mountón et al., 2001).
Finalmente, as análises dos glicoesfingolipídios das células AFT-024 e FDC-P1 após
tratamento dos lisados celulares com Triton X-100 demonstram a presença dos gangliosídio
89
GM3, GM1 e GD1a nas frações correspondentes a rafts. O fracionamento em gradiente
de sacarose confirma a presença de GM3 nas frações menos densas obtidas das células AFT-
024, demonstrando também a presença de GD1a em todas as frações coletadas. Esses
resultados sugerem a presença de rafts contendo tanto GM3 como GD1a nas células AFT-
024, ou de dois tipos de rafts diferentes: rafts enriquecidos em GM3 e rafts enriquecidos em
GD1a. Um desses gangliosídios pode estar interagindo com a β integrina detectada nas
frações mais densas e menos densa do gradiente, como previamente reportado em outros
estudos (Zheng et al., 1993, Kawakami et al., 2002).
Estudos anteriores de nosso grupo de pesquisa (Alvarez-Silva & Borojevic, 1993;
Carvalho et al., 2000; Borojevic et al., 2003) e os resultados relatados acima permitem propor
que a interação entre fatores de crescimento e os receptores correspondentes no sistema
hematopoiético é controlada por complexos macromoleculares, incluindo proteoglicanos
contendo heparam sulfato e gangliosídios. Esses conjuntos macromoleculares estariam
organizados na forma de rafts, os quais possuem a capacidade de migração no plano da
membrana celular (capping), gerando regiões com alta densidade de carga e de receptores
transmembranares na interface entre células do estroma e células hematopoiéticas. Sendo
assim, a organização espacial dos gangliosídios nas membranas celulares e/ ou sua associação
com outros componentes da membrana pode ser requerida para que um determinado estroma
estabeleça uma capacidade mielossuportiva elevada, como para a linhagem estromal derivada
de medula óssea S17 e, em menor grau, para o estroma derivado de fígado fetal murino AFT-
024. Por outro lado, o conjunto macromolecular formado na interface entre estroma e células
progenitoras mielóides pode não ser ideal ou até mesmo ser inibitório, fazendo com que a
sustentação mielopoiética, no contexto de uma sinalização justácrina, seja reduzida ou até
mesmo nula, como para a linhagem celular GRX e as culturas primárias de fibroblastos de
pele, respectivamente.
90
O extenso espectro de efeitos biológicos exercidos pelos gangliosídios pode ser
explicado pela interação direta destes com moléculas de sinalização ou por sua influência
sobre a formação de rafts (Simons et al., 1999). Ainda não se conhece exatamente como os
rafts participam da transdução de sinal, embora seja tema comum a teoria de que rafts
isolados agregam-se para conectar as proteínas residentes e promover a interação destas em
um complexo de sinalização. Três modelos são propostos: 1, subunidades dos receptores já
associadas com rafts no estado de equilíbrio seriam dimerizadas através da união ao ligante;
2, receptores isolados que possuem fraca afinidade por rafts sofreriam oligomerização após a
união ao ligante, o que levaria a um aumento do tempo de residência destes receptores em
rafts; 3, receptores ativados poderiam recrutar proteínas, as quais se ligariam a proteínas
residentes em outros rafts (crosslinking), resultando em um fenômeno de coalescência destes
microdomínios de membrana (Simons & Toomre, 2000). A formação de agregados de rafts
permite a organização espacial e temporal dos complexos de sinalização, facilitando as
interações entre proteínas adaptadoras, proteínas de ancoragem e scaffolds, levando à
amplificação do sinal através da concentração ou exclusão de moléculas sinalizadoras.
As diferenças encontradas na atividade mielopoiética dos diferentes estromas podem
estar relacionadas, entre outros fatores, com as diferenças no perfil e localização sub-celular
dos gangliosídios nestas células. Dessa forma, em nosso modelo experimental, os
gangliosídios poderiam estar contribuindo não só para a geração do ambiente ácido necessário
para a interação entre HSPGs e GM-CSF, como para a inclusão de receptores em GEMs ou
rafts, e para o controle da ativação, do turnover e da localização sub-celular dos componentes
envolvidos na sinalização celular mediada por fatores de crescimento (Miljan & Bremer
2002). Uma hipótese para tal é que o gangliosídio GM3, o qual se mostrou essencial para a
atividade mielopoiética dos estromas estudados, esteja envolvido na inclusão do receptor de
GM-CSF em rafts nas células progenitoras mielóides, ou de componentes da transdução de
sinal mediada por este fator. A associação de proteínas transdutoras com GM3 em GEMs já
91
foi demonstrada para linfócitos T (Sorice et al., 2004). Outra possibilidade é que o GM3
participe da exclusão de outros receptores dos rafts, ou ainda que exerça efeitos inibitórios
sobre esses receptores. Efeitos inibitórios do gangliosídio GM3 já foram descritos para PDGF
(Hynds et al., 1995) e para EGF (Rebbaa et al., 1996, Wang et al., 2001a), sendo proposto
que GEMs enriquecidas em GM3 retém o receptor de EGF em rafts e promovem sua
inativação (Miljan & Bremer, 2002).
Nesse sentido, a transferência de GM3 das células estromais para as células
precursoras mielopoéticas seria fundamental, pois as últimas acumulam uma quantidade
bastante baixa de GM3. De fato, existem relatos de que a adição de gangliosídios exógenos
pode levar a sua incorporação em rafts e, como resultado, causar também a dissociação de
proteínas desses rafts, tais como proteínas ancoradas a GPI (Simons et al., 1999; Simons &
Toomre, 2000), além de modificar a resposta biológica das células a vários fatores de
crescimento (Li et al., 2000). A transferência de gangliosídios de uma célula para outra é um
processo altamente eficiente (Olshefski & Ladisch, 1996) e classicamente pode ocorrer de três
formas: como monômeros, como micelas e através de vesículas enriquecidas em caveolina-1
(Kong et al., 1998; Dolo et al., 2000). Além disso, lipídios incorporados na face externa da
membrana plasmática são eficientemente distribuídos e secretados em associação com
exossomas, podendo inclusive estar arranjados na forma de rafts (de Gassart et al., 2003). Os
exossomas correspondem a endossomas formados por corpos multivesiculares e são liberados
para o meio extracelular após fusão com a membrana plasmática (Denzer et al., 2000). Visto
que encontramos um percentual importante de gangliosídios na fração exossomal isolada do
meio condicionados das células estromais AFT-024, é possível que esse tipo especializado de
transporte intercelular contribua para a transferência de GM3 detectada em nosso modelo de
mielopoiese extramedular. Skokos e colaboradores (2001) demonstraram que mastócitos
utilizam a secreção de exossomas como um vetor de comunicação intercelular para
92
desempenhar suas funções imunoregulatórias e inflamatórias, em adição ao contato
célula-célula e à liberação de citocinas.
A presença de gangliosídios, especialmente de GM3, nos meios condicionados se
mostrou importante não apenas para a inserção deste lipídio na membrana das células FDC-P1
como também para a habilidade de suporte mielopoiético dos próprios sobrenadantes mediada
por fatores de crescimento solúveis. Esse resultado contribui para a hipótese de que o
gangliosídio GM3 esteja envolvido com a segregação dos receptores de fator de crescimento
em rafts e/ ou com a transdução de sinal mediada pelos mesmos. Além disso, os próprios
agregados de glicoesfingolipídios podem iniciar a transdução de sinal através da interação
entre as porções lipídicas dos GSLs e as cadeias alifáticas das moléculas transdutoras
presentes nos microdomínios de membrana (Iwabuchi et al., 1998). Todavia, tem sido
sugerido que os efeitos de gangliosídios exógenos dependem do estado de confluência das
células em cultivo (Saqr et al., 1995) e que seus efeitos sobre a fosforilação das moléculas
envolvidas na sinalização celular se correlacionam com a concentração e o tempo de
permanência no meio de incubação (Li et al., 2001). A participação de gangliosídios do meio
extracelular sobre a regulação da cooperatividade entre células já foi demonstrada para
culturas de hepatócitos sincronizadas, onde a inibição do shedding de GM1 causou alterações
na síntese protéica (Brodsky et al., 2003). Finalmente, a ação de gangliosídios exógenos sobre
a diferenciação e sobrevivência de células hematopoiéticas já foi descrita para gangliosídios
liberados por células leucêmicas (Nakamura et al., 1991; McKallip et al., 1999), linfomas
(Barthi & Singh, 2000) e neuroblastomas (Sietsma et al., 1998).
Também existem relatos de que a adição de GD1a ao meio de cultura de fibroblastos
de pele humana aumenta a ligação de EGF ao seu receptor, a disponibilidade de receptores na
membrana plasmática, a sua dimerização (Liu et al., 2004) e a ativação de Src quinase (Li et
al., 2001). Tem sido proposto que a interação dos gangliosídios inseridos na membrana com
uma Src quinase pode ocorrer de duas formas: interação direta com uma Src quinase
93
localizada na face interna da membrana através de modificação lipídica N-terminal
(palmitoilação e miristalização), ou interação com moduladores negativos de Src quinase,
ocasionando a remoção dos mesmos e, conseqüentemente, a ativação da Src quinase (Simons
& Ikonem, 1997). Rafts enriquecidos em GM3 também tem sido relacionados com Src
quinases, além de com FAK e com Rho GTPases (Yamammura et al., 1997; Iwabuchi et al.,
1998; Chigorno et al., 2000).O GM3 também parece causar aumento da fosforilação de c-Src
e MAPK em neuroblastomas (Prinetti et al., 1999) e em fibroblastos de pele humana (Li et
al., 2001). Sendo assim, torna-se relevante o estudo futuro das ações dos gangliosídios sobre a
rota de sinalização mediada por GM-CSF, especialmente sobre o grau de fosforilação do
próprio receptor, de Src quinases e MAP quinases, uma vez que nossos resultados
demonstram um aumento na quantidade de GM3, paralelamente a uma diminuição na
quantidade de GD1a, a medida que aumenta a habilidade dos estromas em sustentar a
mielopoiese nos sistemas de cocultivo.
Comparando nossos resultados com os três modelos mecanísticos propostos por
Milján e Bremer (2002) para a ação de gangliosídios sobre receptores podemos encontrar
algumas semelhanças com o modelo de interação gangliosídio-ligante. Essa proposta de
interação entre gangliosídios e fatores de crescimento baseia-se nos resultados encontrados
para FGF, onde HSPGs são requeridos para a ligação de FGF a seu receptor. Células que não
produzem esses proteoglicanos se mostraramo-responsivas a FGF. No entanto, a adição de
GM1 exógeno restabeleceu a capacidade de resposta ao FGF dessas células, sugerindo que o
GM1 possa apresentar o FGF ao seu receptor de forma análoga ao descrito para os HSPGs
(Rusnati et al., 2002). Em nosso modelo de estudo, os HSPGs também se mostram
necessários para a apresentação do GM-CSF ao seu receptor (Alvarez-Silva & Borojevic,
1993; 1996), e os gangliosídios parecem contribuir para que essa interação ocorra. Todavia,
novos estudos são necessários para determinar se os próprios gangliosídios podem apresentar
esse fator de crescimento ao receptor.
94
Além dos possíveis efeitos sobre a ligação de GM-CSF ao seu receptor e a rota de
sinalização celular subseqüente, os gangliosídios também podem estar envolvidos nas
interações adesivas existentes entre células do estroma e células progenitoras mielóides. A
influência de gangliosídios sobre a ligação de moléculas de adesão aos receptores de integrina
tem sido extensivamente estudada, sendo encontrados resultados de promoção (Zheng et al.,
1993; Kawakami et al. 2002) e de inibição dessas interações (Wang et al., 2001b). Além
disso, a adesão de células de melanoma a células endoteliais parece ser um fenômeno
dependente de GM3 (Song et al., 1998), e este gangliosídio também têm sido associado ao
microdomínio de interação entre FGFR e integrina (Toledo et al., 2005). Uma vez que
encontramos gangliosídios e integrina nas mesmas frações obtidas de gradiente de sacarose,
torna-se interessante a realização de novos estudos em nosso modelo experimental para
elucidar essa questão.
O gangliosídio GM1, cujo capping para a região de contato entre células do estroma e
células FDC-P1 foi evidenciado em nosso estudo, também tem sido relacionado a interações
adesivas. Em linfócitos T, rafts contendo CD44 e outras moléculas de adesão são
enriquecidos em GM1 e perdem GM3 (Gómez-Mountón et al., 2001). Além disso, o capping
de GM1 em linfócitos murinos é acompanhado pelo capping de α-actina, indicando uma
possível participação deste gangliosídio na reorganização do citoesqueleto imediatamente
abaixo da membrana plasmática (Kellie et al., 1983). As interações adesivas entre células
também podem ocorrer no contexto de um sistema de reconhecimento, independente do bem
conhecido sistema mediado por integrinas, onde carboidratos atuariam como moléculas de
reconhecimento (Kojima & Hakomori, 1991) e se organizariam em arranjos estruturais que
lembram as sinapses imunorregulatórias, sendo definidos por Hakomori (2002) como
glicosinapses. Esses arranjos exerceriam um papel central na definição de mudanças
fenotípicas após a adesão celular (Hakomori, 2003).
95
Concluindo, propomos que o estroma fornece os fatores de crescimento
requeridos para a sobrevivência e proliferação das células mielóides, assim como os
proteoglicanos necessários para a otimização da sinalização destes fatores. Providencia
também gangliosídios, os quais são transferidos do estroma para as células-alvo, gerando
domínios de membrana específicos contendo complexos macromoleculares que incluem os
receptores para fatores de crescimento envolvidos por moléculas associadas. Esse conjunto
seria essencial para colocar as células mielopoiéticas em um contexto adequado de sinalização
celular capaz de conduzi-las à proliferação e/ ou diferenciação celular.
96
PERSPECTIVAS
Os resultados obtidos neste estudo culminaram em uma proposta de participação dos
gangliosídios na determinação da capacidade de suporte mielopoiético de diferentes estromas,
especialmente no que diz respeito à sinalização mediada por GM-CSF. No entanto, muitas
questões ainda necessitam ser esclarecidas, as quais geram as seguintes perspectivas de
trabalho:
1. Estudar a influência do gangliosídio GM3 sobre a sinalização celular mediada por
GM-CSF, analisando tanto alterações da fosforilação do receptor de GM-CSF como a
possível interação molecular entre GM3 e GM-CSF.
2. Investigar o mecanismo de transferência de GM3 das células AFT-024 para as
células FDC-P1, verificando também se esse fenômeno se repete nos demais modelos de
mielopoiese in vitro estudados.
3. Verificar o papel do gangliosídio GM1 no microambiente estabelecido na região de
contato entre células do estroma e células progenitoras mielóides.
4. Avaliar a participação do gangliosídio GD1a na determinação da capacidade de
sustentação mielopoiética.
5. Isolar rafts de cocutluras nos modelos de mielopoiese estudados e determinar sua
composição em glicoesfingolipídios e proteínas.
97
REFERÊNCIAS
Allen, T.D., Dexter, T.M., Simmons, P.J. (1990) Marrow biology and stem cells. In: Dexter,
T.M., Garland, J.M., Testa, N.G. (Eds) Colony Stimulating Factors. Marcel Dekker,
New York, 1-38.
Alvarez-Silva, M., Silva, L.C., Borojevic. R. (1993) Cell membrane-associated proteoglycans
mediate extramedullar myeloid proliferation in granulomatous inflammatory reactions to
schistosome eggs. J. Cell. Sci. 104, 477-484.
Alvarez-Silva, M.; Borojevic, R. (1996) GM-CSF and IL-3 activities in schistosomal liver
granulomas are controlled by stroma associated heparan sulfate proteoglycans. J. Leuk.
Biol. 59, 435-441.
Andrade, C.M.B., Ziulkoski, A.L., dos Santos, A.X.S., Sisti, E., Trindade, V.M.T., Borojevic,
R., Guma, F.C.R. Gangliosides regulate the capacity of stromal cells to support
myelopoiesis. Manuscrito.
Arcanjo, K., Belo, G., Folco, C., Werneck, C.C., Borojevic, R., Silva, L.C. (2002)
Biochemical characterization of heparan sulfate derived from murine hematopoietic
stromal cell lines: a bone-marrow derived cell line S17 and a fetal liver-derived cell line
AFT024. J. Cell. Biochem. 87, 160-172.
Bharti, A.C., Singh, S.M. (2000) Induction of apoptosis in bone marrow cells by gangliosides
produced by a T cell lymphoma. Immunology Letters 72, 39-48.
Barthi, A.C.; Singh, S.M. (2001) Gangliosides derived from a T cell lymphoma inhibit bone
marrow cell proliferation and differentation. Int. Immunopharm. 1, 155-165.
98
Borojevic, R., Carvalho, M.A., Corrêa-Junior, J.D., Arcanjo, K., Gomes, L., Joazeiro,
P.P., Balduino, A., Wettreich, A., Coelho-Sampaio, T. (2003) Stroma-mediated
granulocye-macrophage colony-stimulating factor (GM-CSF) control of myelopoiesis:
spatial organisation of intercellular interactions. Cell Tissue Res. 313, 55-62.
Borojevic, R., El-Cheikh, M.C., Alvarez-Silva, M., Almeida, K.G., Dutra, H.S. (1993)
Hepatic myelopoiesis associated with inflammation: liver connective tissue cells form a
myelopoietic stroma. In: Cells hepatic sinusoid. Kupfer Cell Fundation, Leiden, The
Netherlands, vol. 4, 130-133.
Bretscher, V., Andreutti, D., Neuville, P., Martin, M., Martin, F., Lefebvre, O., Gilles, C.,
Benzonana, G., Gabbiani, G. (2000) GM-CSF expression by tumor cells correlates with
aggressivity and with stroma reaction formation. J. Submicroscop. Cytol. Pathol. 32, 525-
533.
Brodsky, V., Zvezdina, N., Nechaeva, N., Novikova, T., Gvasava, I., Fateeva, V., Gracheva,
H. (2003) Loss of hepatocyte co-operative activity after inhibition of ganglioside GM1
synthesis and shedding. Cell Biol. Int. 27, 935-942.
Carvalho, M.A., Arcanjo, K., Silva, L.C.F., Borojevic, R. (2000) The capacity of connective
tissue stromas to sustain myelopoiesis depends both upon the growth factors and the local
intercellular environment. Biol. Cell 92, 605-614.
Chigorno, V., Palestini, P., Sciannamblo, M., Dolo, V., Pavan, A., Tettamanti, G., Sonnino, S.
(2000) Evidence that ganglioside enriched domains are distinct from caveolae in MDCK
II and human fibroblast cells in culture. Eur. J. Biochem. 267, 4187–4197.
de Gassart, A., Géminard, C., Février, B., Raposo, G., Vidal, M. (2003) Lipid raft-associated
protein sorting in exosomes. Blood 102, 4336-4344.
Denzer, K., Kleijmeer, M.J., Heijnen, H.F., Stoorvogel, W., Geuze, H.J. (2000) Exosome:
from internal vesicle of the multivesicular body to intercellular signaling device. J. Cell
Sci. 113, 3365-3374.
99
Desmoulière, A., Tuchweber, B., Gabbiani, G. (1995) Role of myofibroblast
differentiation during liver fibrosis. J. Hepatol. 22, 61-64.
Dolo, V., Li, R., Dillinger, M., Flati, S., Manela, J., Taylor, B.J., Pavan, A., Ladisch, S.
(2000) Enrichment and localization of ganglioside G
D3
and caveolin-1 in shed tumor cell
membrane vesicles. Biochim. Biophys. Acta 1486, 265-274.
Fleetwood, A.J., Cook, A.D., Hamilton, J.A. (2005) Functions of granulocyte-macrophage
colony-stimulating factor. Crit. Ver. Immunol. 25, 405-428.
Franzen, R., Bouhy, D., Schoenen, J. (2004) Nervous system injury: focus on the
inflammatory cytokine “granulocyte-macrophage colony stimulating factor.” Neurosci.
Lett. 361, 76-78.
Giebel, B., Corbeil, D., Beckmann, J., Höhn, J., Freund, D., Giesen, K., Fischer, F., Kögler,
G., Wernet, P. (2004) Segregation of lipid raft markers including CD133 in polarized
human hematopoietic stem and progenitor cells. Blood 104, 2332-2338.
Gillard, B.K., Clement, R.G., Marcus, D.M. (1998) Vaiations among cell lines in the
synthesis of sphingolipids in de novo and recycling pathways. Glycobiology 8, 885-890.
Gómez-Moutón, C., Abad, J.L. Mira, E., Lacalle, R.A., Gallardo, E., Jiménez-Baranda, S.,
Illa, I. Bernad, A., Mañes, S., Martínez-A, C. (2001) Segregation of leading-edge and
uropod components into specific lipid rafts during T cell polarization. Proc. Natl. Acad.
Sci. USA 98, 9642-9647.
Guthridge, M.A., Barry, E.F., Felquer, F.A., McClure, B.J., Stomski, F.C., Ramshaw, H.,
Lopez, A.F. (2004)The phosphoserine-585–dependent pathway of the GM-CSF/IL-3/IL-5
receptors mediates hematopoietic cell survival through activation of NF-κB and induction
of bcl-2. Blood 103,820-827.
Hakomori, S. (1981) Glycosphingolipids in cellular interaction, differentiation and
oncogenesis. An. Rev. Biochem. 50, 733-764.
100
Hakomori, S. (2002) Inaugural Article: The glycosynapse. Proc. Natl. Acad. Sci. U.S.A.
99, 225-232.
Hakomori, S. (2003) Structure, organization, and function of glycosphingolipids in
membrane. Curr. Opin. Hematol. 10, 16-24.
Hamilton, J.A. (2002) GM-CSF in inflammation and autoimmunity. Trends Immunol. 23,
403-408.
Hamilton, J.A., Anderson, G.P. (2004) GM-CSF biology. Growth Factors. 22, 225-31.
Hanai, N., Nores, G.A., MacLeod, C., Torres-Mendez, C., Hakomori, S. (1988) Ganglioside-
mediated modulation of cell growth. J. Biol. Chem. 263, 10915-10921.
Hansen, G.H., Niels-Christiansen, L., Thorsen, E., Immerdal, L., Danielsen, E.M. (2000)
Cholesterol depletion of enterocytes: efefct on the Golgi complex and apical membrane
trafficking. J. Biol. Chem. 275, 5136-5142.
Heyworth, C.M., Ponting, I.L.O., Dexter, T.M. (1988) The response of hematopoietic cells to
growth factors: developmental implications of synergic interactions. J. Cell Sci. 91, 239-
247.
Holgate, S.T. (2000) Epithelial damage and response. Clin. Exp. Allergy 30, 37-41.
Hynds, D.L., Summers, M., Van Brocklyn, O’Dorisio, M.S., E.G., Yates, A.J. (1995)
Gangliosides inhibit platelet-derived growth factor-stimulated growth, receptor
phosphorylation, and dimerization in neuroblastoma SH-SY5Y cells. J. Neurochem. 65,
2251-2258.
Iwabuchi, K., Handa, K.; Hakomori, S. (1998) Separation of "glycosphingolipid signaling
domain" from caveolin-containing membrane fraction in mouse melanoma B16 cells and
its role in cell adhesion coupled with signaling. J. Biol. Chem. 273, 33766–33773.
Kaucic, K., Grovas, A., Li, R., Quinones, R., Ladisch, S. (1994) Modulation of human
myelopoiesis by human gangliosides. Exp. Hematol. 22, 52-59.
101
Kawakami, Y., Kawakami, K., Steelant, W.F., Ono, m., Baek, R.C., Handa, K., Withers,
D.A., Hakomori, S. (2002) Tetraspanin CD9 is a “proteolipid”, and its interaction with α
3
integrin in microdomain is promoted by GM3 ganglioside, leading to inhibition of
laminin-5-dependent cell motility. J. Biol. Chem. 277, 34349-34358.
Kawishima, I., Ozawa, H., Kotani, M., Suzuki, M., Kawano, T., Gomibuchi, M., Tai, T.
(1993) Characterization of ganglioside expression in human melanoma cell:
immunological and biochemical analysis. J. Biochem. 114, 186-193.
Kierszenbaum, A.L. (2004) Histologia e biologia celular: uma introdução à patologia. Rio de
Janeiro: Elsevier, p. 173.
Klenk, E. (1942) Gangliosides, new group of sugar-containing cerebral lipids. Physiol. Chem.
273, 76.
Kojima, N., Hakomori, S. (1991) Cell adhesion, spreading, and motility of GM3-expressing
cells based on glycolipid-glycolipid interaction. J. Biol. Chem. 266, 17552-17558.
Kong, Y., Li, R., Ladisch, S. (1998) Natural forms of shed tumor gangliosides. Biochim.
Biophys. Acta 1394, 43-56.
Li, R., Liu, Y., Ladisch, S. (2001) Enhancement of epidermal growth factor signaling and
activation of Src kinase by gangliosides. J. Biol. Chem. 276, 42782-42792.
Li, R., Manela, J., Ladisch, S. (2000) Cellular gangliosides promote growth factor-induced
proliferation of fibroblasts. J. Biol. Chem. 275, 34213-34223.
Liu, Y., Li, R., Ladisch, S. (2004) Exogenous ganglioside G
D1a
enhances epidermal growth
factor receptor binding and dimerization. J. Biol. Chem. 279, 36481-36489.
Lopez, A.F., Vads, M.A., Woodcock, J.M., Milton, S.E., Lewis,A., Elliot, M.J., Gillis, D.,
Ireland, R., Owell, E., Park, L.S. (1991) Interleukin-5 interlekin-3 and granulocyte-
macrofage colony-stimulating factor cross-compete for binding to cell surface receptors
on human eosinophils. J. Biol. Chem. 266, 24741-24747.
102
Lucero, H.A., Robbins, P.W. (2004) Lipid rafts-protein association and the regulation of
protein activity. Arch. Biochem. Biophys. 426, 208-224.
Maccioni, H.J.F., Daniotti, J.L., Martina, J.A. (1999) Organization of ganglioside synthesis in
the Golgi apparatus. Biochim. Biophys Acta 1437, 101-118.
McKallip, R., Li, R., Ladisch, S. (1999) Tumor gangliosides inhibit the tumor-specific
immune response. J. Immunol. 163, 3718-3726.
Mann, A., Breuhahn, K., Schirmacher, P., Blessing, M. (2001) Keratinocyte-derived
granulocyte-macrophage colony stimulating factor accelerates wound healing: Stimulation
of keratinocyte proliferation, granulation tissue formation, and vascularization. J. Invest.
Dermatol. 117, 1382-1390
Metcalf, D. (1993) Hematopoietic regulators: redundancy or subtlety? Blood 82, 3515-3523.
Miljan, E.A., Bremer, E.G. (2002) Regulation of growth factor receptors by gangliosides.
SciSTKE, 2002 (160), RE15.
Millán, J. Qaidi, M., Alonso, M.A. (2001) Segregation of co-stimultory components into
specific T cell surface lipid rafts. Eur. J. Immunol. 31, 467-473.
Nakamura, O., Kirito, K., Yamanoi, J., Wainai, T., Nojiri, H., Saito, M. (1991) Ganglioside
GM3 can induce megakaryocytoid differentiation of human leukemia cell line K562 cells.
Cancer Res. 51, 1940-1945.
Nakamura, M., Tsunoda, A., Sakoe, K., Gu, J., Nishikawa, A., Taniguchi, N., Satio, M.
(1992) Total metabolic flow of glycosphingolipid biosynthesis is regulated by UDP-
GlcNAc:lactosylceramide beta 1Æ3 N-acetylglucosaminyltransferase and CMP-
NeuAc:lactosylceramide alpha 2Æ3 sialyltransferase in human hematopoietic cell line
HL-60 during differentiation. J. Biol.Chem. 267, 23507-23514.
Olshefski, R. Ladisch, S. (1996) Intercellular transfer of shed tumor cell gangliosides. FEBS
Letters 386, 11-14.
103
Rebbaa, A., Hurh, J., Yamamoto, K., Kersey, D.S., Bremer, E.G. (1996) Ganglioside
GM3 inhibition of EGF receptor mediated signal transduction. Glycobiology 6, 399-406.
Rusnati, M., Urbinati, E. Tanghetti, E., Dell’Era, P., Lortat-Jacob, H., Presta, M. (2002) Cell
membrane GM1 ganglioside is a functional coreceptor for fibroblast growth factor 2.
Proc. Natl. Acad. Sci. USA 99, 4367-4372.
Saito, M., Frielle, T. Benovic, J.L., Ledeen, R.W. (1995) Modulation by GM1 ganglioside
of βl-adrenergic receptor-induced cyclic AMP formation in Sf9 cells. Biochim. Biphys.
Acta 1267, 1-5.
Santos, A.N., Roentsch, J., Danielsen, E.M., Langner, J., Riemann, D. (2000) Aminopeptidase
N/CD13 is associated with raft membrane microdomains in monocytes. Biochem.
Biophys. Res. Commun. 269, 143-148.
Saqr, H., Lee, M.C., Burkman, A.M., Yates, A.J. (1995) Gangliosides have a bimodal effect
on DNA synthesis in U-1242 MG human glioma cells. J. Neurosci. Res. 41, 491-500.
Sietsma, H., Nijhof, W., Dontje, B., Vellenga, E., Kamps, W.A., Kok, J.W. (1998) Inhibition
of hemopoiesis in vitro by neuroblastoma-derived gangliosides. Cancer Res. 58, 4840-
4844.
Sietsma, H., Kamps, W.A., Dontje, B., Hendriks, D., Kok, J.W., Vellenga, E., Nijhof, W.
(1999) Leukemia-induced bone marrow depression: effects of gangliosides on erythroid
cell production. Int. J. Cancer 82, 92-97.
Simons, K, Ikonem, E. (1997) Functional rafts in cell membranes. Nature 387, 56-772.
Simons, M., Friedrichson, T., Schulz, J.B., Pitto, M., Masserini, M., Kurzchalia, T.V. (1999)
Exogenous administration of gangliosides displaces GPI-anchored proteins from lipid
microdomains in living cells. Mol. Biol. Cell. 10, 3187–3196.
Simons, K., Toomre, D. (2000) Lipid rafts and signal transduction. Nature reviews 1, 31-39.
Singer, S.J., Nicholson, G.L. (1972) The fluid mosaic model of the structure of cell
membranes. Science 175, 720-731.
104
Skokos, D., Le Panse, S., Villa, I., Rousselle, J.C., Peronet, R., David, B., Namane, A.,
Mécheri, S. (2001) Mast cell-cependent B and T lymphocyte activation is mediated by the
secretion of immunologically active exosomes. J. Immunol. 166, 868-876.
Song, Y., Withers, D.A., Hakomori, S. (1998) Globoside-dependent adhesion of human
embryonal carcinoma cells, based on carbohydrate-carbohydrate interaction, initiates
signal transduction and induces enhanced activity of transcription factors AP1 and CREB.
J. Cell. Biol. 273, 2517-2525.
Sorice, M., Longo, A., Garofalo, T., Mattei, V., Misasi, R., Pavan, A. (2004) Role of GM3-
enriched microdomains in signal transduction regulation in T lymphocytes. Glycoconj. J.
20, 63–70.
Svennerholm, L. (1956) Composition of gangliosides from human brain. Nature 177, 524-52.
Svennerholm, L. (1963) Chromatographic separation of human brain gangliosides. J.
Neurochem. 10, 613-623.
Tagami, S., Inokuchi, J., Kabayama, K., Yoshimura, H., Kitamura, F., Uemura, S., Ogawa, S.,
Ishii, A., Saito, M., Ohtsuka, Y., Sakaue, S., Igarashi, Y. (2002) Ganglioside GM3
participates in the pathological conditions of insulin resistance. J. Biol. Chem. 277, 3085-
3092.
Tavian, M., Cortes, F., Charbord, P., Labastie, M.C., Peault, B. (1999) Emergence of the
haemopoietic system in the human embryo and foetus. Haematologica 84, 1-3.
Tettamanti, G. (2004) Ganglioside/glycosphingolipid turnover: new concepts. Glyconj. J. 20,
301-317.
Toledo, M.S., Suzuki, E., Handa, K., Hakomori, S. (2005) Effect of ganglioside and
tetraspanins in microdomains on interaction of integrins with fibroblast growth factor
receptor.
Varki, A. (1994) Selectin ligands. Proc. Natl. Acad. Sci. USA 91, 7390–7397.
105
Wang, X., Rahman, Z., Sun, P., Meuillet, E., George, D., Bremer, E.G., Paller. A.S.
(2001a) Gangliosides modulates epidermal growth factor receptor action by altering
ligand bind. J. Invest. Dermatol. 116, 69-76.
Wang, X., Sun, P., Al-Qamari, A., Tai, T., Kawashima, I., Paller, A.S. (2001b)
Carbohydrate-carbohydrate binding of ganglioside to integrin alpha(5) modulates
alpha(5)beta(1) function J. Biol. Chem. 276, 8436-8444.
Wang, X, Sun, P., O’Gorman, M., Tai, T., Paller, A.S. (2001c) Epidermal growth factor
receptor glycosylation is required for ganglioside GM3 binding and GM3-mediated
suppression of activation. Glycobiology 11, 515-522.
Wettreich, A., Sebollela, A., Carvalho, M.A., Azevedo, S.P., Borojevic, R., Ferreira, S.T.,
Coelho-Sampaio, T. (1999) Acidic pH modulates the interaction between human
granulocyte-macrophage colony-stimulating factor and glycosaminoglycans. J. Biol.
Chem. 274, 31468-31475.
Wisniewska, A., Draus, J., Subczynski, W.K. (2003) Is a fluid-mosaic model of biological
membranes fully relevant? Studies on lipid organization in model and biological
membranes. Cell. Mol. Biol. Lett. 8, 147-159.
Yamamura, S., Handa, K., Hakomori, S. (1997) A close association of GM3 with c-Src and
Rho in GM3-enriched microdomains at the B16 melanoma cell surface membrane: a
preliminary note. Biochem. Biophys. Res.Commun. 236, 218–222.
Yamashita, T., Hashiramoto, A., Haluzik, M., Mizukami, H., Beck, S., Norton, A., Kono, M.,
Tsuji, S., Daniotti, J.L., Werth, N., Sandhoff, R., Sandhoff, K., Proia, R.L. (2003)
Enhanced insulin sensitivity in mice lacking ganglioside GM3. Proc. Natl. Acad. Sci.
USA 100, 3445-9.
Zheng, M., Fang, H., Tsuruoka, T., Tsuji, T., Sasaki, T., Hakomori, S. (1993) Regulatory role
of GM3 ganglioside in α5β1 integrin receptor for fibronectin-mediated adhesion of
FUA169 cells. J. Biol. Chem. 268, 2217-2222.
106
Zon, L.I. (1995) Developmental biology of hematopoiesis. Blood 86, 2876-2891.
107
ANEXO 1 – LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
Figura 1. Estrutura química de alguns gangliosídios .......................................................
06
Figura 2. Representação esquemática da síntese de gangliosídios ..................................
07
Figura 3. Esquema de um raft na membrana plasmática .................................................
13
Figura 4. Esquema representativo da hematopoiese .........................................................................
16
CAPÍTULO 1
Figure 1. Myelosupportive activity of AFT-024 cells for survival and proliferation of
FDC-P1 cells .....................................................................................................................
25
Figure 2. Inhibition of FDC-P1 cell survival and proliferation in co-culture with AFT-
024 cells in which ganglioside synthesis was inhibited by PDMP ...................................
26
Figure 3. Analysis of glycosphingolipids in AFT-024 and FDC-P1 cells .......................
26
Figure 4. Subcellular location of GM3 and GM-CSF-R
α
in cell cultures and co-culture
systems ..................................................................................................................................................
28
Figure 5. Subcellular location of GM1 and GM-CSF-R
α
in cell cultures and co-culture
systems ..................................................................................................................................................
29
Figure 6. Analysis of FDC-P1 uptake of ganglioside GM3 and GD1a from AFT-024-
cell-conditioned medium ..................................................................................................
29
108
CAPÍTULO 2
Figura 1. Imagens representativas de esfingolipídios marcados com ceramida
fluorescente em células AFT-024 .....................................................................................
45
Figura 2. Imagens representativas da transferência de esfingolipídios das células AFT-
024 para as células FDC-P1 em sistemas de cocultivo .....................................................
46
Figura 3. Solubilidade de glicoesfingolipídios das linhagens AFT-024 e FDCP-1 a
Triton X-100 .....................................................................................................................
47
Figura 4. Distribuição de gangliosídios (A) e imunodetecção de
β
integrina (B) nas
frações obtidas do gradiente de sacarose contínuo (5 - 35%) após lise das células AFT-
024 com Triton X-100 a 4°C ...........................................................................................................
48
CAPÍTULO 3
Figure 1. FDC-P1 cell survival and proliferation in coculture with different stroma cells
73
Figure 2. Ganglioside synthesis and shedding by S17, SF and GRX cells ......................
74
Figure 3. Inhibition of survival and proliferation of FDC-P1 cells in conditioned medium
of S17, SF and GRX cells ...................................................................................
75
CAPÍTULO 4
Figura 1. Imagens representativas da localização subcelular dos gangliosídios GM1 e
GM3, GMCSFRβ e CD44 em coculturas de células AFT-024 e FDC-P1 .......................
84
Figura 2. Imagens representativas da localização subcelular do gangliosídio GM1 em
fibroblastos de pele e na linhagem celular S17 .................................................................
85
109
ANEXO 2 – LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Table 1. Densitometric analysis of metabolically labelled lipids from AFT-024 cells ....
27
CAPÍTULO 2
Tabela 1. Análise densitométrica das bandas autorradiográficas dos glicoesfingolipídios
das frações solúvel e insolúvel a Triton X-100 de células AFT-024 e FDC-P1 ...............
44
CAPÍTULO 3
Table 1. Sialic acid determination in lipids of the S17, SF and GRX cells …………….
69
Table 2. Densitometric analysis of lipids synthesized and shed from S17, SF and GRX
cells ...................................................................................................................................
70
Table 3. FDC-P1 proliferation in presence of cytokines, stromas conditioned mediums
and gangliosides ...................................................................................
71
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo