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UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS
-
GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
CURSO DE MESTRADO
ORLANDO ROGÉRIO CAMPANINI
PALINOLOGIA E DIVERSIDADE VEGETAL DE SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS GUARANI ASSOCIADOS A DEPÓ
SITOS ALUVIAIS
DO ALTO RIO PARANÁ
-
MS
MARINGÁ
-
PR
2006
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2
ORLANDO ROGÉRIO CAMPANINI
PALINOLOGIA E DIVERSIDADE VEGETAL DE SÍTIOS
ARQUEOLÓGICOS GUARANI ASSOCIADOS A DEPÓSITOS ALUVIAIS
DO ALTO RIO PARANÁ
-
MS
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual de Maringá, como requisito
parcial
para
a
obtenção do grau de Mestre em
Geografia
, área de concentração: Análise
Regional e Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. José Cândido Stevaux
Co
-
Orientadora: Prof
a
. Dra. Emília Mariko Kashimoto
MARINGÁ
– 2006
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3
Dedico este trabalho aos meus pais, José Orlando e Sônia,
que muitas vezes se privaram de sonhos, para poder investir em minha educação.
4
AGRADECIMENTOS
Em especial ao Prof. Dr. José Cândido Stevaux, pela orientação, confiança e apoio
dedicado, além dos ensinamentos e amizade que ficarão por toda a vida e, à Prof
a
. Dra. Emília
Mariko Kashimoto, pela co-orientação, incentivos, trabalhos de campo e aos conhecimentos
transmitidos, sempre com muito entusi
asmo e disposição.
À CAPES, órgão financiador da bolsa de estudo, muito útil e essencial para
continuidade do trabalho e, ao CNPq, pelo auxílio aos trabalhos de campo.
Ao programa de Pós
-
Graduação
Mestrado em Geografia e coordenadores, pelo apoio
e es
trutura oferecida e, à secretária Maria Aparecida Savi (Cida), sempre prestativa.
À três pessoas que, além do meu orientador, foram fundamentais no início de minha
caminhada na pesquisa acadêmica, Prof. Dr. Sergio Luiz Thomaz, que com sua calma e
atenção
me ensinou os primeiros passos na Palinologia, estando sempre a disposição, a Prof
a
.
Msc. Margarida Peres Fachini, que ofereceu a base em botânica, estando presente passo a
passo no início das pesquisas, disponibilizando seus materiais catalogados e muitas vezes
adquirindo materiais com os próprios recursos e, ao Prof. Fabrício Aníbal Corradini, amigo
leal e cômico, que iniciou essa caminhada comigo e na qual muito admiro.
À Maria de Moraes, técnica do laboratório de Sedimentologia do Grupo de Estudos
Multidisciplinares do Ambiente GEMA, Departamento de Geografia da Universidade
Estadual de Maringá DGE/UEM, pelo auxílio em todas as análises desenvolvidas e
principalmente pelos conselhos, ensinamentos e “puxões de orelha”, que favoreceram no
amadurecimento da pesquisa e em minha formação pessoal.
Aos professores, técnicos, funcionários, estagiários e acadêmicos do laboratório de
Palinologia e Paleobotânica “Prof. Dr. Murilo Rodolfo de Lima” da Universidade de
Guarulhos
- UnG, que com atenção me receberam e auxiliaram com tanto carisma. Em
especial à Bióloga Rosana Saraiva Fernandes, pela amizade, ensino e acompanhamento
durante as etapas de tratamento polínico, sempre prestativa e dedicada. À Bióloga Carla
Ferrolho, pelo auxílio a campo, gargalhadas e
experiências transmitidas.
Agradeço também à todas as pessoas que contribuíram e apoiaram para o
desenvolvimento do trabalho:
Prof. Dr. Francisco Silva Noelli, que iniciou o trabalho conosco mas infelizmente não
pode dar prosseguimento;
5
Prof. Dr. Luiz Felipe Machado Velho e sua equipe do laboratório de Zooplancton
Nupélia/DBI/UEM, à Bióloga Luzia Cleide Rodrigues e integrantes do laboratório de
Fitoplancton
– Nupélia/DBI/UEM, que disponibilizaram os equipamentos para as
microfotografias, contribuindo c
om dicas importantes;
Professores, técnicos e acadêmicos do Laboratório de Agroquímica e Meio Ambiente
do GEMA, Departamento de Química DQI/UEM, pelo espaço físico cedido para
processamento das amostras polínicas. Em especial à Sandra A. R. de Melo e Dir
seu
Galli.
Aos professores-doutores Nelson V. L. Gaspareto e Manoel L. dos Santos pelo
incentivo, apoio, sugestões e amizade;
Amigos e colegas do GEMA-UEM e do laboratório de Pesquisas Arqueológicas do
Museu Dom Bosco MS, pelas informações, amizade, trocas de experiências e
momentos de descontração. Gratidão especial ao amigo Ericson Hideki, pela força e
disposição sempre presente.
E por fim, mas não em menor importância, aos meus pais José Orlando e Sônia, minha
irmã e sua linda família, à Fernanda minha namorada e demais amigos, pela compreensão,
apoio e conselhos nesse período de estudo, que também propiciou momentos de dificuldades
e stress, onde algumas vezes acabei sendo ausente e grosseiro. A companhia e confiança de
vocês foram fundamentais.
Ao
meu Deus, pelo dom da vida e por todas essas pessoas que felizmente encontrei ao
longo dessa caminhada.
6
RESUMO
PALINOLOGIA E DIVERSIDADE VEGETAL DE SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
GUARANI ASSOCIADOS A DEPÓSITOS ALUVIAIS DO ALTO RIO PARANÁ
-
MS
Foram desenvolvidas análises palinológicas em sedimentos de sítios arqueológicos com
vestígios da sub-tradição Guarani, datados de 600±57 a 180±20 anos atrás (1400 a 1820 anos
AD), alocados na planície de inundação dos rios Baía, Araçatuba/Curutuba e Ivinheima,
tributários do alto rio Paraná MS, com o objetivo identificar a diversidade vegetal presente
nessa ocupação. Para confecção das lâminas foi necessário uma modificação na metodologia
padrão que constou de peneiramento na malha 100µm com o auxílio de água destilada, após
reação com o HF para reduzir a quantidade de areia presente. Foram encontrados táxons
polínicos de 67 espécies nos três sítios (63 de angiospermas e 4 de pteridophytas), sendo 17
arbóreas, 13 arbustivas, 27 herbáceas, 4 lianas, 1 epífita e 5 não determinadas. Poaceae,
M
yrtaceae,
Amaranthaceae, Mimosoideae, Rubiaceae e
Gleichenia
sp., representam uma
condição mais seca da vegetação, ao passo que a Apocynaceae, Sapindaceae, Meliaceae,
C
yatheae,
Microgramma
sp.,
Polypodium
sp. e Davilla rugosa estão associadas a condições
de maior umidade. Entre as 67 espécies identificadas, 45 representam plantas presentes
atualmente na área. Algumas espécies encontradas sugerem a possibilidade de cultivo pela
sub
-tradição Guarani (p. ex.
Ipomoea
sp. batata-doce e Zea sp. milho), bem como o
manejo de espécies como o Hibiscus sp. (quiabo), Chamissoa sp. (fumo-bravo) e
Psychotria
sp. (café
-do-
mato).
Palavras
Chave: palinologia; sítios arqueológicos; rio Paraná; diversidade vegetal; sub-
tradição Guarani.
7
ABSTRACT
PALYNOLOGY AND VEGETAL DIVERSITY IN ACHEOLOGICAL GUARANI SITES
ASSOCIATEDES TO UPPER PARANÁ RIVER ALUVIAL DEPOSITS, MATO GROSSO
DO SUL STATE, SW, BRAZIL
Palinological analyses carried out in sediments of archeological sites of indigenous G
uarani
sub
-
tradition, dated of the 1400 to 1820 AD (600±57 from 180±20 years) in the floodplain of
Baia, Araçatuba/Curutuba and Ivinhema rivers, tributaries of the Upper Paraná river (Mato
Grosso do Sul State, SW, Brazil) identified the vegetal diversity in this occupation. A new
procedure was introduced in traditional methods for thin section processes. Sediment was
passed in a 100µm sieve and water was extracted by centrifugation. In three studied sites 67
species have been identified (4 pteridophytas and 63 of angiosperms) being 17 arboral, 13
arbustive, 27 herbaceous, 4 liana, 1 epiphyte and 5 not determinated. Poaceae, Myrthaceae,
Amaranthacea, Mimosoideae, Rubiaceae and
Gleichenia
sp., are identified as typical of
saveana vegetation and Apocynaceae, Sapindaceae, Meliaceae, Cytheae,
Microgramma
sp.,
Polypodium
sp. and
Davilla
rugosa
characterize humid climate forest plants. Between all the
identified species, 45 of them are currently present in the area. It is important to consider the
possibility of cultivation for the Guarani sub-tradition of the species as
Ipomoea
sp. and Zea
sp., as well as the handled species as the
Hibiscus
sp.,
Chamissoa
sp. and
Psychotria
sp.
Key
-
Words:
palinology; archaeology sites; Paraná river; vegetal diversity; Guarani
sub
-
tradition.
8
Índice de Figuras
Figura 1. Área de localização. Planície de inundação do alto rio Paraná, PR MS,
2006 .................................................................................................................................. 06
Figura 2. Mapa geomorfológico da região de Porto Rico PR, desenvolvido por
Stevaux (1993) apud
Meurer (2004) ...............................................................................
07
Figura 3. Vista frontal da localização do Sítio Rio Baía 1 MS. Parte elevada
caracteriza a Unidade Fazenda Boa Vista Alta, 10 metros acima da margem do rio
Baía ..................................................................................................................................
13
Figura 4. Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba MS. Artefatos encontrados na
parte mais elevada, correspondente a unidade Fazenda Boa Vista Alta ..........................
14
Figura 5. Sítio Rio Ivinhema 1, Porto Caiuá MS. Vasilha cerâmica utilizada para
sepu
ltamento, encontrada entre as casas de moradores ...................................................
15
Figura 6. Correlação entre período, clima e ocupação dos povos indígenas na região de
Porto Rico
PR ................................................................................................................
19
Figura 7. Artefatos encontrados no sítio VN1, Porto Cauiá MS. Vasilhas cerâmicas
Guarani, utilizadas para sepultamento (A) e com pequenos potes, possivelmente
utilizado em eventos festiv
os (B) .....................................................................................
29
Figura 8. Trincheira 1 (A) e 2 (B), tio Rio Baía 1. Processo de decapagem sobre a
área com TPA (A). Distância visual entre e trincheira e o curso d’água mais próximo,
rio Baía (B) .......................................................................................................................
30
Figura 9. Trincheira 3. Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1. Aberta em local
sem a presença de TPA ....................................................................................................
30
Figura 10. Perfis representativos aos níveis e locais de coleta de materiais para
análises .............................................................................................................................
32
9
Figura 11. Comparação entre grão de pólen e partículas sedimentológicas. Reeditado
de Traverse 1988 ..............................................................................................................
36
Figura 12. Resultados das análises sedimentológicas ...................................................... 59
Figura 13. Correlações da Trincheira 1
Sítio Rio Baía 1, MS ......................................
62
Figura 14. Co
rrelações da Trincheira 2
Sítio Rio Baía 1, MS ......................................
63
Figura 15. Correlações da Trincheira 3 Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1,
MS .................................................................................................................................... 65
Figura 16. Correlações existentes nas análises das vasilhas cerâmicas –
Sítio Ivinhema,
MS ....................................................................................................................................
66
Figura 17. Possível formação vegetal da área de estudo durante a ocupação Guarani ....
71
Índice de Quadros
Quadro 1. Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do sítio Rio Baía 1
........................................................................................................................................... 38
Quadro 2. Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do tio Próximo
Canal Araçatuba/Curutuba 1 ............................................................................................
41
Quadro 3. Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do sítio Rio
Ivinhema 1 ........................................................................................................................
44
Quadro 4: Código LVD, amostra, procedência, profundidade, tratamento, dose anual,
paleodose e idade .............................................................................................................
57
10
SUMÁRIO
1.
INT
RODUÇÃO ................................................................................................. 1
2.
OBJETIVOS .......................................................................................................
4
3. ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................... 4
3.1 Característica do canal fluvial e geomorfologia da área .................................... 4
3.2
Solos ...................................................................................................................
9
3.3 Clima e Vegetação ............................................................................................. 9
3.4
Ocupação da Área ..............................................................................................
11
3.5 Localização dos Sítios Estudados ...................................................................... 13
4.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO
-
METODOLÓGICA ....................................
16
4.1
Aspectos da Ocupação
Pretérita .........................................................................
16
4.2
Palinologia: desenvolvimento e aplicação .........................................................
22
5.
METODOLOGIA ..............................................................................................
28
5.1
Trabalhos de Campo ...........................................................................................
28
5.2
Técnicas de Laboratório
.....................................................................................
33
6.
RESULTADOS E DISCUSSÕES .....................................................................
35
6.1
Adaptação da Metodologia Polínica para a Área de Estudo ..............................
35
6.2 Diversidade Vegetal Encontrada nos Sedimentos Correspondente a Ocupação
da Sub-
Tradição
Guarani ...................................................................................
38
6.2.1
Descrição dos palinomorfos ...............................................................................
46
6.3
Cronologia e Correlações Arqueológicas e Palinológicas .................................
57
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 67
8.
REFERÊNCIAS .................................................................................................
73
APÊNDICE A
- Estampas de Formas Polínicas .............................................................. 81
1.
INTRODUÇÃO
Muitos são os estudos de cunho ambiental e paleoambiental atualmente desenvolvidos
na região do alto curso do rio Paraná. Eles abordam conhecimentos físicos, ambientais, sócio-
culturais e outros, abrangendo uma série de
conteú
dos.
Entre as pesquisas, a utilização da
p
alinologia
na
análise ambiental torna-se cada vez mais constante, principalmente n
a
interpretação e caracterização paleoambiental.
Palinologia é o nome geral da ciência que estuda os microfósseis, constituídos por
esporos, pólen, algas e animais microscópicos, dispersos nos sedimentos, ar, colméias, entre
outros. Como relatou Bradley (1984), onde
os
grãos de pólen e esporos se
depositam
, um
registro
da vegetação fica preservado. Isso possibilita a interpretação da vegetação passada
por meio da análise palinológica aplicada nos antigos
depósitos
sedimentares,
podendo
identificar as mudanças ocorridas no clima e vegetação da área.
Ao
se aplicar uma análise
pontual em determinada camada de sedimento, pode-se inferir a respeito da vegetação
presente em dado momento, da mesma forma,
se realizar uma
análise da sucessão vertical dos
palinom
o
rfos
contidos nos sedimentos pode-se ter um registro bastante fiel da
s
mudanças
vegetacionais ocorridos em uma região no decorrer de um determinado intervalo do tempo
geológico
. Por isso, a análise polínica se constitui em um excelente método para a
reconstituição paleogeográfica de uma região, refletind
o climas e ambientes pretéritos.
Na área da planície de inundação do ato rio Paraná (P
R
- MS) registra-se uma série de
sítios arqueológicos que, segundo Kashimoto e Martins (2005a), marcam uma ocupação da
área
pelo menos 6.000 anos, apresentando
2
Dispondo
-se dos
todos
e resultados obtidos pela p
alinologia
,
é evidente
a
possibilidade de correlação entre esta ciência e as abordagens condizentes à a
rqueologia.
A
ciência responsável por essa interação é denominada de g
eoarqueo
logia. A geoarqueologia
utiliza
-
se
dos instrumentos das ciências da Terra na investigação arqueológica, propondo uma
perspectiva integrada e multidisciplinar, que por fim busca a compreensão das inter-
relações
entre o meio físico e as comunidades humanas do passado, através do estudo das
modificações do território, da utilização dos recursos naturais, do impacto antrópico, dos
processos de formação e conse
rvação dos sítios arqueológicos
(WATERS, 1992).
Dentro da geoarqueologia, a palinologia trata-se de uma ferramenta importantíssima,
uma vez que obtém seus dados de maneira direta, após análises desenvolvidas no material
coletado na área de estudo. Esses dados contêm informações que possibilitam o pesquisador
propor hipóteses a respeito da situação ambiental condizente ao período pretérito estudado.
Romagnolo (1996) refer
iu
-se que as análises dos grãos de pólen contidos em
sedimentos arqueológicos quaternários têm apresentado muitas informações sobre migração
de plantas, composição da vegetação e mudanças climáticas ocorridas durante a ocupação.
Isso capacita a análise palinológica
como
uma grande ferrame
nta na busca da confirmação das
plantas manejadas e introduzidas pelos grupos Guarani na região, servindo também para
correlações a respeito da paisagem cultural desses povos pretéritos.
Dimbleby (1976) relat
ou
que alguns arqueólogos que us
am
a p
alinologi
a para coleta
de informações, são freqüentemente surpreendidos por não encontrarem
amostras férteis e por
fim, não recebem nenhuma resposta do material. Isso se deve em grande parte por fatores
como
a possibilidade de distúrbio da antiga superfície por
pro
cessos naturais, biológicos e
físicos; pelo atual cultivo da área, que passa por processos de revolvimento do solo por
arados, ou pelas raízes das plantas; ou então pela influência dos diferentes níveis de ocupação.
O principal fator de ausência de grãos d
e
pólen
fica por parte da não preservação dos
palinom
o
rfos
no sedimento, que pode se oxidar em ambientes não adequados à sua
preservação,
sofre
isso
devido sua sensibilidade à pressão e à temperatura muito elevada,
ou
pode ser
removido do seu local origina
l.
Ao se dar ênfase sobre os sítios arqueológicos instalados na planície de inundação do
alto rio Paraná, caminha
-
se em busca de dados para obter o máximo de informações a respeito
das espécies presentes na região no período de ocupação da cultura Guarani e principalmente
em busca das espécies manejadas por esses povos. Não se trata de um trabalho com vista à
interpretação paleoclimática e sim à identificação das espécies
vegetais
existentes
na área de
entorno durante a ocupação Guarani. Com isso, torna-
se
possível verificar a possibilidade de
3
manejo
e de cultivares, como também a possibilidade se conhecer o uso dessas espécies por
esses povos
(
medicinais, matéria
-
prima
ou alimentação
).
A
seleção d
as
espécies inseridas no sedimento vem possibilitar futuras inferências a
respeito das características da paisagem cultural apresentada por Waters (1992). O autor
denominou
de cultutural lanscape o resultado da interação do homem com a paisagem
natural, na promoção de outra paisagem, onde são realizadas trocas e na qual o homem se
apropria dos recursos disponíveis. No entanto, para que se
obtenham
resultados satisfatórios,
faz
-se necessário a análise em diferentes tipos de amostras, uma vez que não é garantida a
presença de grãos de pólen em sítios arqueológicos, principalmente como no caso estudado
em que os sítios assentam-se em material arenoso de origem aluvial, que proporciona fácil
transporte das partículas.
Para diferenciar e compreender as
características
sedimentares que mais preservam os
palinomorfos nos sítios arqueológicos da planície de inundação do alto rio Paraná
aplic
aram
-
se
análises
palinológica
s
em
sedimentos
de sítios
com aspectos
geomorfológic
os
semelhantes
.
A
a
4
2.
OBJETIVO
O trabalho tem como objetivo verificar, por meio da análise palinológica, a
diversidade
vegetal existente nos
sedimentos
de
sítios arqueológicos do período de ocupação
da
sub
-tradição Guarani, alocados na planície de inundação do alto rio Paraná MS.
Em
um
primeiro momento deverá obter-
se
um catálogo descritivo com os táxons encontrados e em
seguida
determinar a correlação entre a
utilização
dessas plantas pela
sub
-
tradição Guarani.
São também objetivos deste trabalho:
Verificar a eficiência do método palinológico quando aplicado a diferentes
locais e níveis estratigráficos de sítios arqueológicos alocados na planície
aluvial do alto rio Paraná;
Buscar correlações entre as características sedimentares (textura,
cor
e pH) e
a
quantidade de palinomórfos por
centímetro cúbico de se
dimento
;
Procurar correspondência entre camadas com maior concentração de pólen por
cm³
e
presença de artefatos.
3.
ÁREA DE ESTUDO
3.1. Característica do canal fluvial e geomorfologia da área
No decorrer do P
leistoc
eno
(últimos 1,8 milhão de anos) ocorreram vários períodos
glaciais,
principalmente no hemisfério norte. Na América do Sul, esses períodos
corresponderam a
intervalos
predominantemente de climas semi-áridos a áridos
(B
IGARELLA
et al,
1994
). Tais alterações produziram estados de desequilíbrio bioclimático,
resulta
ndo
na
diminuição da cobertura vegetal, incremento do intemperismo físico das rochas
e modificação da cobertura sedimentológica. Os paleoclimas áridos a semi-áridos do
Pleistoceno teriam propiciado intensa
coluviação
1
na região do alto rio Paraná, formando o
terraço colúvio
-
aluvial denominado por Stevaux (1993) de Unidade Taquaruçu.
Fruto dessa alteração climática, a planície aluvial do rio Paraná em seu alto curso
apresenta, em sua margem direita, terraços com diferentes níveis e composições formados
pelo avanço do canal do rio para a sua margem
esquerda.
A formação da planície
se
deve, em
1
Colúvio: material resultante da alteração de rochas e movimentado por gravidade lenta e de curto percurso.
5
grande parte,
às
mudanças climáticas ocorridas no Quaternário, que refletiram na modificação
do padrão de drenagem de anastomosado
2
(
anastomosed
) para um padrão de canal similar ao
entrelaçado
3
(
brailed
).
À medida que o canal principal foi migrando, canais e ilhas foram
sendo abandonados e porções de materiais sedimentar
es
foram sendo depositadas sobre e
entre estas formas. O resultado de todo este processo pode ser evidenciado hoje pela
superfície descontínua apresentada pela planície, onde as variações de altitude, embora suti
s,
são suficientes para controlar a dinâmica de inundação destas áreas (SOUZA FILHO;
STEVAUX, 1997).
De modo geral, abrangendo toda a área, o rio Paraná em seu alto curso apresenta um
padrão de canal bastante diferente dos tradicionais descritos na literatura. Se numa escala
mais abrangente pode-
se
classificá-lo como um rio com canal aproximadamente retilín
eo,
numa visão mais detalhada depara-
se
com um padrão anastomosado, onde relativamente
longas ilhas vegetadas separam o canal principal em canais secundários de diferentes
hierarquias
(Figura 1). A razão largura/profundidade nunca inferior a 200 e a ocorrência de
barras arenosas centrais e laterais dão ao mesmo tempo um caráter entrelaçado a alguns
trechos
(KRAMER, 1998).
No trecho estudado (Figura 1), o rio Paraná apresenta leito orientado no sentido
NE/SO
com canais múltiplos
de
1,2
a
4,0km
de largura e com vazão média de
8.600m
3
s
-1
(STEVAUX, 1994). Sua margem direita é composta por depósitos quaternários de planície de
inundação
, com altimetria variando entre 230 a 263
m,
ou seja aproximadamente 2 a 30m
acima do nível de água médio do rio. A margem esquerda é formada por um paredão de 10 a
20m de altura, constituído por arenitos bastante resistentes da Formação Caiuá (Cretáceo).
Esse paredão impede o desenvolvimento de planície de inundação ao longo do lado esquerdo
do canal
(KRAMER, 1998)
.
A planície aluvial desenvolvida ao longo da margem direita do canal fluvial
compõe
uma
faixa com cerca de 8 a 10km de largura. Esta planície é drenada por um sistema
anastomosado de canais formados pelos rios Baia, Curutuba, Araçatuba (que representam
antigos canais do rio Paraná) e na pa
rte jusante pelo rio Ivinheima
(Figura 1)
.
O relevo é constituído por um conjunto de superfícies planas, escalonadas,
topograficamente monótonas, com caimento suave em direção à calha do rio Paraná.
2
Padrão de canal fluvial caracterizado por vários canais curvilíneos menores, fluindo a baixa velocidade, ao
redor de ilhas aluviais permanentes e na maioria das vezes cobertas por vegetação.
3
Padrão de canal fluvial caracterizado por
canais que se bifurcam e se reencontram.
Figura
1.
Área de localização. Planície de inundaçã
o do alto rio Paraná, PR
MS
,
2006
. (AÇ1
Sítio Canal Araçatuba/Curutuba 1; PAÇ1
Sitio Próximo ao Canal
Araçatuba/Curutuba 1, BI1
Sitio Rio Baia 1; VN1
Sítio Rio Ivinhema 1)
Estas superfícies são formadas por uma cobertura arenosa inconsolidada oriunda da
alteração dos arenitos cretáceos (Unidades Taquruçu e Fazenda Boa Vista de Stevaux, 1994).
A planície de inundação do rio apresenta
áreas
que se diferenciam em termos altimétricos,
morfológicos
e pela freqüência com que são inundadas (SOUZA FILHO; STEVAUX, 1997).
Atualmente a
dinâmica de inundações est
á
sujeita ao controle de vazão da Usina Hidroelétrica
Sergio Motta.
Stevaux (1993)
realizou
um mapeamento e caracterizou a área em unidades
geomorfológicas diferenciadas ao longo da região (
Fig
ura
2
), sendo:
Figura
2
.
Mapa geomorfológico da r
egião de Porto Rico
-
PR
, desenvolvido
por Stevaux
(1993) apud
Meurer
(200
4)
Unidade Taquaruçu
corresponde a
o
terraço alto (acima de 40 metros
do nível do rio,
em média) a cerca de 10 a 20km de distância do rio. Representa um terraço colúvio-
aluviona
l
cujo sedimento de base é composto por cascalhos quartzíticos e areia subordinada,
tem
como
feição mais característica um grande número de lagoas circulares ou subcirculares, variando
de 100 a 6000 metros de diâmetro, originadas provavelmente por processo pseudocárstico em
clima mais seco que o atual. Datações por termoluminescência promovidas pelo autor,
revelaram que esses corpos d’água têm idade superior a 40.000 anos
A.P..
Constitui
-
se por ser
uma superfí
cie aplainada, com caimento suave para o rio, entre as cotas de 280 a 245 metros.
Unidade Fazenda Boa Vista denominada de terraço aluvial ou terraço baixo
,
se
desenvolve a cerca de 10 metros acima do nível médio do rio Paraná, entre cotas
altimétricas
8
em geral de 240 a 250m. Esta unidade tem morfogênese bastante complexa que se iniciou
aproximadamente 40ky A.P., podendo ser interpretada como um terraço colúvio-
aluvial
escavado pelo próprio
rio
Paraná. A
unidade
é marcada por um conjunto de paleocanais
,
parcialmente cobertos por leques aluviais. Constitui uma grande área de charcos, onde apenas
as áreas mais altas são
secas.
Assim, de acordo com essas diferenciações e características, esta
unidade foi dividida em três níveis, denominados de:
a)
Unidade Fazenda Boa Vista Leque, onde as superfícies apresentam-se parcialmente
recobertas por pequenos leques aluviais inativos;
b)
Unidade Fazenda Boa Vista Baixa, composta por uma série de cicatrizes de um antigo
sistema de canais fluviais pouco desenvolvidos;
c)
Unida
de Fazenda Boa Vista Alta, definida por uma faixa de 200 a 2.000 metros de
largura desenvolvida ao longo do limite com a planície de inundação, sendo recoberta
por pequenas colinas arenosas.
Unidade Rio Paraná
corresponde à planície aluvial do rio Paran
á, que se estende por
uma faixa de 6 a 12km e um comprimento de 90km, ocupando uma superfície plana onde a
cobertura vegetal é a principal forma de realce das formas de relevo. Constitui-se de três
associações faciológicas, cascalho polimítico arenoso, areia seixosa estratificada e lama
arenosa.
Na
área de estudo, encontra drenagem com sistema anastomosado formado pelos rios
Baia e Curutuba.
Unidade Porto Rico com relevo suave e colinas achatadas com caimento sutil em
relação ao rio e, cobertura constituída de depósitos coluviais, oriundos da superfície mais alta
e provavelmente pedogeneizado do arenito Caiuá. É marcante na margem esquerda do rio.
O rio Baía, inserido nesse sistema, segundo Souza Filho e Stevaux (1997), está
fortemente controlado pelo rio Paraná (Figura 1). O gradiente do fundo desse canal apresenta
inclinação na direção do referido rio, mas a velocidade e sentido do fluxo são controlados
pelo nível de água no canal principal. Dessa forma, embora a geometria dos canais desse
conjunto indique que o sistema é afluente ao rio Paraná, a observação do gradiente hidráulico
dos diversos segmentos mostra que o rio Paraná fornece água na maior parte do ano
.
Rocha (2002)
inser
iu
a
área
de entorno do rio Baía, na borda da “Zona de Inundação
do Rio
Baía”, apresentando
ambientes da planície fluvial/sistema anastomosado.
Segundo ele,
em tais ambientes, uma certa complexidade nos processos hidrodinâmicos que controlam
os ecossistemas locais, sendo importante os refluxos causados pela elevação do rio Paraná, as
precipitações locais e o fluxo dos córregos de baixa ordem. A velocidade das águas o mais
9
elevadas nos períodos de águas baixas. Nos períodos de cheia as velocidades diminuem e o
fluxo pode ser invertido a montante, graças a entrada de água do rio Paraná. O fluxo de água
normal é feito pelo canal Curutuba, que funciona como distributário do rio Paraná.
3.2. Solos
IBGE (1990) e EMBRAPA (1999),
apresenta
ra
m para a margem direita do rio a
ocorrência de solos aluviais eutróficos de textura argilosa em relevo plano, classificados na
categoria R-Neossolos. No conjunto dos diferentes subsistemas que ocorrem na planície de
inundação, segundo esses autores, porém, os solos são pouco desenvolvidos, com textura
argilosa, oriundos de sedimentos aluviais
e colúvio
-
aluviais não consolidados.
Nas áreas alagadas, ao longo dos vales fluviais e próximo às lagoas, Kramer (1998)
citou
a ocorrência de Planossolos, que são solos típicos de relevo plano e de área rebaixada,
com evidência de acentuado hidromorfismo. Na
unidade
Taquaruçu
(Figura 2
),
segundo
IBGE (1990) são encontrados Alissolos, caracterizados por diferenças texturais entre os
horizontes A e Bt, com fraco desenvolvimento estrutural e baixa cerosidade. Para esses
autores, ocorrem, também, variações dos Alissolos, de drenagem deficiente e com
modificações a partir do horizonte Bt, com presença de subhorizontes mosqueados e estrutura
indicando drenagem deficiente.
Além destes, podem ser encontrados nas partes que permanecem alagadas boa parte do
an
o os solos hidromórficos gleyzados indiscriminados, que incluem o Gley pouco Húmico, o
G
ley
Húmico, hidromórfico cinzento e areias hidromórficas. Caracterizam-se pelo excesso de
água no perfil, pelo acúmulo de matéria orgânica no horizonte superior ou pela presença de
cores cinzentas e mosqueadas nos horizontes inferiores (BARCZYSCZYN, 2001).
3.3. Clima e Vegetação
O clima da área apresenta-se controlado por massas de ar equatorial tropical e polar
(MONTEIRO, 1969; NIMER, 1977). A massa de ar polar, por ser dotada de grande
mobilidade, interfere o ano todo, porém com acentuada atividade dinâmica no período de
inverno, no sistema de circulação extra e intertropical brasileiro, provocam baixas
temperaturas e baixa umidade relativa do ar, ocorre
m
no verão o domí
nio das massas tropicais
marítimas, formam as correntes de norte e nordeste, com sucessivos avanços e recuos,
acompanhad
os de instabilidade. Nos meses de transição, especialmente no outono,
10
predominam as correntes de oeste,
que
origina
m a linha de
instabil
idade tropical. Maack
(2002
) estabeleceu para a região o tipo climático Cfa, clima pluvial temperado, segundo o
modelo de Koe
ppen,
caraterísticos por não apresentar estação seca e com verões quentes.
A
temperatura média
anual
permanece em torno de 20ºC e precipitação anual
é
superior a
1.
500mm.
Para
o IBGE (1991),
o clima pode ser classificado como tropical quente
.
A área localiza-
se
entre dois grandes domínios vegetacionais, o da Savana (C
errado
),
no Estado de Mato Grosso do Sul, e o da Floresta
Estaciona
l Semidecidual no Estado do
Paraná
(
FACHINI
, 2001). A região a
presenta
como elementos típicos desse ambiente,
as
várzeas e a vegetação ripária, além dos campos artificiais ou pastagens, decorrentes de
antropismos, tais como os desflorestamentos e incêndios em ambos o e
stados.
A distribuição
das espécies entre esses domínios vegetacionais est
á
relacionada à rede de drenagem do rio
Paraná e de seus afluentes, apresentando, ainda
que
em lastimável grau de devastação, uma
alta diversidade de espécies
(
S
OUZA, 19
98)
.
Campos
e Souza (1997) referindo-se a flora fanerogâmica,
mostraram
que está
representada por árvores de grande porte, tais como Albizzia hassleri, Anadenanthera
macrocarpa, Ficus obtosiuscula, Lonchocarpus guilleminianus, Sloanea monosperma, e
Tabebuia impetiginosa; de porte médio tais como Cecropia pachystachya, Croton urucurana,
Inga fagifolia, I. uruguensis, Ruprechtia lanciflora e Zygia cauliflora; por arbustos como
Cordia monosperma, Palicourea croccea, Psychotria carthagenesis e Randia hebecarpa; por
herbáceas tais como Melanthera latifolia e Rivina humilis, além de lianas
Adenocalymma
marginaturn
e
Smilax campertris
, sendo, entretanto, baixa a ocorrência de epífitas.
Os mesmos autores r
elata
ra
m
ainda
que as espécies arbóreas típicas da mata rip
ária,
tais como Cecropia pachystachya, Celtis iguanea, Croton urucurana, Ficus obtosiuscula,
Inga uruguensis, Nectandra falcifolia, Zygia cauliflora e Triplaria americana, para essa
região, constituem-se na forma de extensos cordões longitudinais junto às
margens
freqüentemente inundáveis. Porém, nas margens altas de arenito e ou solos de boa drenagem
são encontradas espécies da floresta estacional semidecidual como
Tabebuia
sp e
Anadenanthera macrocarpa, entre outras,
sendo
freqüente nesses ambientes a
pre
sença
de
c
actaceae.
A vegetação não-florestal está representada em áreas de formações pioneiras com
influência fluvial que, de acordo com IBGE (
1990), distribui
-
se ao longo das planícies fluviais
e ao redor das áreas deprimidas das planícies de inundação (pântanos e lagoas). Nos terrenos
úmidos e encharcados da planície, ressacos, canais secundários e lagoas, onde ocorre maior
sedimentação, encontra-se uma vegetação palustre representada por
Panicum
sp, Paspalum
11
repens, Sagitaria monotevidensis, Pontederia sp e Ludwigia spp. Às margens das lagoas da
planície de inundação e de canais secundários verificam-se principalmente gramíneas e
poligonáceas, as barras laterais arenosas do canal principal a vegetação é quase ausente
(CAMPOS;
SOUZA, 1997). A vegetação marginal está sob a influência do ritmo hidrológico,
cujos pulsos de inundação ocorrem normalmente nos meses de verão e condicionam a
elevação do nível do rio,
que
inunda
m
as áreas marginais e provoca
m
a submersão desta.
Ao
se
levar
em conta os processos de degradação da área, decorrente da ocupação dos
habitantes Guarani, sabe-se que ao se alojarem promoviam um relevante impacto ambiental,
uma vez que cada assentamento causava uma clareira no meio da mata, além da inserção de
espécies vegetais úteis, em forma de grandes roças. A abertura de clareiras, associada à
referida prática agrícola de coivara e ao transplante sistemático de várias espécies, resultava
em alteração fitossociológica e fitogeográfica. A repetição dessas práticas ao longo de 1.700
ano
s (ou mais), modificou as características da fisionomia da vegetação próxima do rio
Paraná e dos seus afluentes, ampliando a variedade das espécies e extinguindo outras. As
modificações não ocorriam apenas nas roças, a floresta era entrecortada por imensas redes de
trilhas, mantidas abertas para conectar os diversos locais de assentamento e exploração dentro
dos territórios de uma aldeia
(
NOELLI
et al.
2003)
.
3.4. Ocupação da Área
O inicio da colonização européia ocorreu a partir de 1930 (AGOSTINHO E
ZA
LEWSKI
,1996) e envolveu muitos conflitos decorrentes da posse da terra até 1960. Esse
processo foi aliado à implantação do café e outras culturas como algodão, mandioca e milho,
que aproveitavam a fertilidade inicial do solo após a derrubada das matas. Com
essas práticas,
um grande processo de degradação foi o desmatamento, juntamente ao ateamento de fogo,
realizados com o propósito de limpar a área para implantação agrícola e de favorecer a
vegetação herbácea, preparando o terreno para posterior introdução da pecuária, o que
promoveu
a compactação do solo, à erosão das margens e destruição
r
12
pelo aumento do escoamento superficial. Um dos locais de preferência para a implantação de
práticas agrícolas para subsistência se nas manchas de Terra Preta
Arqueológica
(TPA) ou
Terra Preta de Índio, como são conhecidas popularmente. Essas manchas caracterizam áreas
de alocações de antigos assentamentos e
têm
coloração bastante escura devido decomposição
de resíduos orgânicos
descartados no passado.
A planície de inundação do alto rio Paraná, destaca-se por apresentar grande potencial
arqueológico, citado por Martins et al (1999), Kashimoto (1997), Kashimoto e Martins
(2004), Chmiz (1982, 1984), Noelli (1999) Noelli et al (2003). Parte disso se deve em razão
da área apresentar um alto grau de heterogenei
dade,
possuindo
uma grande riqueza de
espécies devido a planície de inundação, que mantêm habitats lênticos
4
, lóticos
5
e semi-
aquáticos
6
, onde incluem rios, brejos, canais, lagos, ilhas e zonas de transição, assim, a
paisagem
é
constantemente modificada, o que fornece uma ampla variedade de alimento,
matéria prima e locais para habitação.
Noelli
et al
(2003) aleg
aram
que as populações não-
ceramistas da região do rio Paraná
pertenceram a dois grandes horizontes tecnológicos classificados na arqueologia brasileira
como tradição Umbu e tradição Humaitá, situados no sul do Brasil, parte do atual estado de
São Paulo e Misiones, na Argentina. O início da presença desses povos ao entorno do rio
Paraná, conforme as datações obtidas por Chmyz (1983, 1986, 1999
, cita
do por Prous,
1992) e
Noelli, (2000), foi por volta de 8.000 anos A.P. Kashimoto e Martins
(2005
a) confirma
ra
m a
presença do homem nessa região,
de forma indiscutível
, há pelo menos 6.000 anos.
Noelli (no prelo) destacou que as habitações dos assentamentos Guarani eram situadas
em uma clareira, usualmente com forma elíptica, ou distribuídas em várias clareiras contíguas.
À medida que a população crescia, as aldeias eram aumentadas ou se desdobravam em novos
espaços abertos nas matas vizinhas. Eventualmente poderia haver cisões que dividiam os
habitantes, com um ou mais grupos indo ocupar áreas manejadas na periferia dos tekohás
(neste caso definido como unidade territorial básica Guarani, composto pela área das
habitações, áreas de roça, de roça em pousio, de pesca, de caça, trilhas, cemitérios, porto das
canoas), formando novas aldeias, mais distanciadas daquelas que lhes deram origem.
4
Ambiente que se refere à água parada, com movimento lento ou estagnado
(exe
mplo: lagoas).
5
Ambiente relativo a águas continentais moventes, com tempo de residência inferior a 2 dias (exemplo: rios).
6
Ambiente que passa por períodos inundados e períodos secos.
13
3.5. Localização dos Sítios Estudados
Os sítios estudados situam
-
se
nas
unidades
F
azenda
B
oa
V
ista
e T
aq
uaruçu
(Figura
1
).
O
sítio Rio Baía 1 BI1 encontra-
se
nas coordenadas 22º41’39”S e 53º15’42”W, na Fazenda
Bom Futuro, estado do Mato Grosso do Sul, margem direita do rio Baía, sobre as feições
geomorfológicas elevadas da planície de inundação dissecadas pela drenagem.
Contém
características de um horizonte Guarani apresentando material cerâmico e lítico lascado. Está
localizado
em área mais elevada, 10 metros acima do atual nível do rio Baía, na unidade
F
azenda
B
oa
V
ista
Alta
,
livre de inundações
e
com
boa visibilidade
(
Figura 3
).
Figura 3.
Vista frontal da localização do
Sítio Rio Baía 1
MS
.
Parte elevada caracteriza a
Unidade Fazenda
Boa Vista Alta,
10 metros acima da margem do rio Baía
É formado por uma superfície plana, topografiacamente monótona,
com
pequen
as
colinas arenosas identificadas como paleodunas (
PAROLIN
et al, 2006). Apresenta altitude
de 249m
(a.n.m.)
,
com
a mancha de alteração antrópica
a 105m do rio Baía
.
Este sítio se encontra em área atualmente com uso destinado à pastagem e apresenta
caract
erísticas do início do domínio do cerrado. A camada arqueológica esevidente em
superfície, com
cor
cinzento muito escuro (M
UNSELL
, 1
975)
, com base situada a
aproximadamente
20cm de profundidade podendo variar
conforme
a transição gradual para a
camada i
nferior.
O segundo sítio
dista
700 metros a oeste do sítio Canal Araçatuba/Curutuba 1 AÇ1
(apresentado por
Kashimoto
e Martins, 2004), nas coordenadas 22º46’21”S e 53º29’29”W
(Figura
1). Deno
minou
-
se
para
este sítio a
designação
PAÇ1 (
representando
“pr
óximo”
ao
14
sítio AÇ1). O sítio anteriormente descrito AÇ1 encontra-se atualmente modificado por uma
antiga olaria
.
O sítio PAÇ1 está localizado na margem direita do canal Curutuba, sobre a unidade
FBVA, em área destinada à pastagem, na qual se verifica cam
inhos
de
pisoteio do gado que
vão até a beira do canal. O canal do Curutuba, nesse local, apresenta uma vegetação ripária
que s
e estende por quase toda margem e
possui
largura
que varia de
6
a 1
0
m, o restante marca
o início do cerrado. Sua altitude em relação ao nível do mar é de 245m, 10 metros acima do
nível
médio
do rio Paraná (medidos na régua de Porto Rico, PR) e, 7 metros acima do nível
do canal Curutuba (
Fig
ura
4). Um fator que possivelmente favoreceu o assentamento nesta
área
foi
a presença de duas lagoas próximas, que pelas características recebem água do canal
em período de cheia,
que podem
servir de verdadeiros viveiros de peixes.
Figura 4.
Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba
MS
. Artefatos encontrado
s
na parte mais elevada,
correspondente
a unidade Fazenda Boa Vista Alta
A trincheira foi aberta
em
área de topo a 323m da lagoa de maior porte e 90m da
várzea
do canal Curutuba, onde se localiza a lagoa menor. O sítio
apresenta
material lítico
lascado e núcleos de matéria prima abundante,
com
poucos fragmentos de vasilhas ou potes
cerâmic
os. O que propõe a diferenciação desse tio com os demais é a ausência da camada
sedimentar mais escura que constitui a TPA, característica de sítios Guarani
.
O
terceiro
sítio é o Rio Ivinhema 1 VN1,
loca
liza
-se sobre o terraço da margem
direita do rio Ivinhei
ma
UTq
,
coordenadas 23º14’40”S e 53º42’53”W (Figura 1). Essa área
est
á dentro do vilarejo de Porto Caiuá MS. Apresenta um conjunto muito rico de material
15
cerâmico
próximo a 20
cm
de profundidade, alguns até aflorando na superfície (Figura 5)
.
N
as
proximidades verifica-se a presença
de
material lítico e ferramentas em níveis mais
prof
u
ndos
nos barrancos e áreas erodidas pelos rios. O sítio apresenta vasilhas cerâmicas
como yapepós
7
e cambuchis
8
e fr
agmentos
de diversos tamanhos, característicos da
sub
-
tradição Guarani. A escolha desse sítio para análise se dá pela diferenciação do
padrão
geomorfológico dos demais e, principalmente,
devido
aos
materiais nesse sítio ser
em
coletados do interior de
vasi
lhas cerâmicas
.
Figura 5.
Sítio Rio Ivinhema 1, Porto Caiuá
MS
. Vasilha cerâmica utilizada para sepultamento, encontrada
entre as casas de moradores
Os sítios arqueológicos estudados encontram-
se
na
área do projeto “Arqueologia das
várzeas dos rios Ivinheima e rio Paraná: registro e preservação do patrimônio cultural”
(UCDB/FUFMS), portaria IPHAN 90, de 14 de maio de 2002. Este projeto visa
correlacionar a paisagem e o patrimônio arqueológico num trecho de 250km e última área
livre de barra
gens
do rio Paraná no Brasil (entre o lago da U
sina
Hidrelétrica de Itaipu e a
barragem da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta
).
Esse grande projeto abrange uma
série de projetos subordinados e cadastrados no CNPq:
Sítio BI1: Pr
ojeto “Escavação Arqueológica do Sítio Rio Baía 1: contribuição à análise
do
s horizontes pré-cerâmicos e Guarani da margem direita do alto rio Paraná” (Processo
CNPq 402224/2004-3). Neste trabalho
são
analisados todos os artefatos coletados na área,
7
Vasilhas cerâmicas utilizadas como
panelas de cozinha.
8
Vasilhas
cerâmicas utiliz
adas
para
armazenar e servir bebida,
e depois utilizados como urnas
funerárias.
16
onde
correlaciona tecnotipologia e cronologia de ocupação pretérita regional,
e
busca
descortinar os distintos horizontes culturais arqueológicos do alto Paraná.
Sítio VN1: Projeto Conhecendo e Preservando o Patrimônio Arqueológico Local:
Escavações de sítios no contexto das várzeas do rio Ivinhema” desenvolvido no período de
agosto de 2004 a julho de 2006 (termo de outorga 41/100073/2004 firmado entre
FUNDECT/CNPq e UCDB). É testemunho de aldeia Guarani pretérita. Apenas o sítio PAÇ1
não se encontra ainda cadastrado.
4.
FUNDAMENTAÇ
ÃO TEÓRICO
-
METODOLÓGICA
4.1.
Aspectos da Ocupa
ção P
retérita
A
região de entorno do alto rio Paraná
apresenta
grande potencial arqueológico,
conforme
mencionado dMETODOLÓGICA
17
Chmyz (1986
9
,
apud
RODRIGUEZ,
2005) e Noelli (2000), a presença humana na área
foi
anterior a 8.000 A.
P.
. Chmyz (op. cit) localizou alguns sítios sob níveis datados p
róximos
de
7.000 A.P., que devem ser ainda mais antigos, uma vez que existem sítios dessas mesmas
tradições em outras áreas do Sul e do Sudeste do Brasil datados em até 12.000 A
.P..
Segui
n
do
trabalhos desenvolvidos por outros autores em áreas próximas e pelas datações arqueológicas
mais antigas obtidas durante a execução do Projeto Arqueológico Porto Primavera - MS,
Kashimoto
e Martins (2005a) confirma
ra
m a presença do homem nessa região, de forma
indiscutível há pelo menos 6.000 anos.
Não se
sabe
ao certo o período de ocupação de um ou outro grupo com exatidão.
dúvidas a respeito da transição entre essas tradições, que podem ter extinguido uma a outra,
terem se agrupado, ou então ter
em
feito a transferência pacífica adquirindo costumes e
novos
hábitos
.
Observa
m-se na área de estudo vestígios arqueológicos que registram a existência de
duas grandes realidades arqueológicas. A primeira, caracterizada como pré-
ceramista,
refere
-
se aos níveis mais profundos, geralmente com vestígios situados em profundidades superiores
a 1,5
m da superfície
e
que c
orrespondem a vestígios
datados
ent
re 4.000 a 7.000 anos atrás. A
segunda corresponde aos
ceramistas,
os
quais
, segundo datações (KASHIMO; MARTINS,
2005a
),
indicam
um intervalo entre 1.600±200 anos A.P. e 240±30 anos A.P.. Alguns desses
sítios apresentam a terra preta antropogênica, originada da matéria orgânica da área de
habitação e/ou de descarte desses povos, em níveis de profundidade desde a superfície até
próximo
a
50cm de profundidade
(KASHIMOTO; MARTINS, 2005a)
.
Os
pré-
ceramista
s são classificados como
coletores
-
caçadores
-
pescadores
”,
não
possu
iam
aldeias, não confecciona
vam
potes de cerâmica e produzi
am
ferramentas e armas
por meio de lascamento de rochas.
Estes
grupos eram compostos por algumas dezenas de
pessoas e não
permaneciam
em um mesmo local por muito tempo e
consumiam
bens
encontrados pela disponibilidade natural. Escolhiam as porções mais altas para
permanecerem,
preferencialmente
próximas a lagoas ou cascalheiras (RIBEIRO, 1999).
Os
registros arqueológicos indicam que no geral os sítios eram compostos por pequenos
a
campame
ntos, todos a céu aberto, e que suas práticas cotidianas não contribuíram para a
produção e descarte de materiais orgânicos que modificassem de modo notável a composição
química do perfil de solo. Aparentemente não praticaram
agricultura
nem manejo florest
al.
Entre os pré-ceramistas encontram-
se
indícios de materiais que representam duas tradições
9
CHMYZ, I; CHMYZ, J. Datações radiométricas em áreas de salvamento arqueológico no Estado do Paraná.
Arqueologia. Revista do Centro de Estudos e Pesquisas Arq
ueológicas. n. 5, 1986. p. 69
-
77
.
18
indígenas: os caçadores do campo e os caçadores de florestas, denominados de Tradição
Umbu e Humaitá respectivamente Noelli et al
(2003)
.
Aqueles da Tradição Umbu foram os mais antigos e senhores absolutos da área, com
presença que varia entre 9 mil e 4 mil anos A.P. (RIBEIRO, 1999 e RODRIGUEZ, 2005
).
Para se alojarem escolhiam as partes mais altas e planas nos locais elevados, próximos aos
cursos d’água, dificilmente atingidas pelas cheias. Além da água, obtinham os seixos,
matéria
-prima para a confecção de seus instrumentos e uma complementação da caça, pesca e
coleta de moluscos (RIBEIRO, 1999). Segundo Oliveira (2002), a matéria prima por eles
utilizada era vari
ada,
desde
basalto, arenito silicificado, sílex, quartzo, calcedônia entre
outros. A técnica de lascamento era a percussão direta e retoques por pressão. Seus
instrumentos mais típicos são as pontas de projéteis,
seguidos de
talhadores (“chopping
-
tools”
e
“choppers”
), ra
spadores, lesmas entre outros.
A Tradição Humaitá ter-
se
-ia fixado segundo Ribeiro (1999) e Rodriguez (2005),
no
período entre 7.000 a 3.000 anos A.P.,
ocupavam
os refúgios florestais existentes nos vales
dos rios, depressões, partes planas e encostas de morros. Oliveira (2002) afirmou que, para
essa tradição, a confecção de artefatos líticos utilizou preferencialmente o arenito silicificado
e/ou basalto, variando de região para região. A técnica de lascamento empregada foi por
percussão direta, inclusive com retoques, porém estes de maneira controlada e cuidadosa. O
conjunto de utensílios típicos é composto por minas de machado manual, lascadas
bifacialmente, talhadores, raspadores, facas e furadores.
A
parte inicial do período
de ocupaçã
o
dos grupos pré
-
ceramistas
condiz a um período
de aridez
,
relatado por Stevaux (2000), Iriondo
&
Garcia (1993)
e Latr
u
besse
et al
(2005
), que
favorec
eu
ao domínio da Tradição Umbu (Figura 6). O Primeiro Período de Aridez
(
STEVAUX,
1994, 2000) engloba o período de 13.000 e 8.000 A.P. e corresponde, no rio
Paraná
, a uma dinâmica de canal entrelaçado, com presença abundante de areia e cascalho,
num clima
mais árido que o
atual.
Quando as condições paleoambientais ating
iram
seu ápice de melhoria climática,
cerca de 5.000 a 6.500 anos
A.P.
, constituindo o denominado Estágio Hipsitérmico ou Ótim
o
Climático, ocorreu uma nova condição de expansão da cobertura vegetal, registrada pela
produção de turfa e areia orgânica, datadas de
14
C
4870±100 anos A.
P.
(
STEVAUX
et al
.,
1997). A mudança no clima e na vegetação demonstra certa correlação quando observados os
materiais arqueológicos encontrados, como materiais que condizem a Tradição Humaitá, ou
caçadores da floresta (Figura 6). A área de ocupação dessa tradição parece acompanhar a
expansão da floresta, como conseqüência do aumento da pluviosidade e do calor,
19
particularmente a partir de 6 mil anos A.P. (RIBEIRO,
1999
). A quase totalidade
do
período
de ocupação
dessa tradição
corresponde ao
Ó
timo
C
limático, referente ao Primeiro Período de
Umidade
demarcado entre 8.000 e 3.500 A.P. e identificado por Stevaux (2000), Iriondo e
Garcia (1993)
e
Latrubesse et al
(2005).
Figura
6
. C
orrelação entre período, clima e ocupação dos povos indígenas na região de Porto Rico
-
P
R
Não há resposta exata para a origem e destino dessas culturas pré
-
ceramistas
na região.
Algumas hipóteses alegam que estes grupos se sucederam entre si
,
onde mistura
ram os
costumes e conhecimentos, dando origem a cultura ceramista,
ad
vind
a
pelo menos 2.000
anos.
As populações ceramistas que ocuparam a área possu
íam
mais sítios e informações
que os pré-ceramístas, sobretudo históricas, sendo representadas por
p
20
técnicas de decoração da cerâmica compreendem pintura em vermelho e/ou preto sobre
engobo branco, engobo vermelho, corrugado, ungulado, penteado, inciso, acanalado,
escovado, entre outros, com variadas formas de vasos, desde tigelas até grandes vasilhas
carenadas. Somado a isso, enterros primários ou secundários em
vasilhas
cerâmicas, no sítio
ou nas proximidades, artefatos líticos lascados e polidos, tembetás em T de cristal-
de
-
rocha ou
resina e cachimbos, são comuns.
Noelli
10
(
no prelo
) descreve a organização Guarani da seguinte forma:
“a unidade territorial de domínio da aldeia é composto pela
área das habitações, áreas de roça, áreas de roça em pousio, áreas de
pesca
, áreas de caça, trilhas, cemitérios, porto das canoas, sempre
instaladas em clareiras no interior da floresta. As habitações de um
assentamento Guarani eram situadas em uma clareira, usualmente
com forma elíptica, ou distribuídas em várias clareiras contíguas. À
medida que a população crescia, as aldeias eram aumentadas ou se
desdobravam em novos espaços abertos nas matas vizinhas. Uma
aldeia podia ter uma ou várias famílias extensas, podendo formar
conjuntos de até 3 mil pessoas, especialmente nos pontos mais
estratégicos da região. As aldeias formavam redes de aliança para
fins matrimoniais, comerciais ou militares ofensivos/defensivos. As
análises mais conservadoras, com base na documentação histórica,
estimam que o tamanho da população Guarani no oeste do Estado do
Paraná, no primeiro quartel do século XVII, alcançaria até
1.500.000
pessoas (
MELIÀ
, 1986).
Os grupos de língua Tupi, segundo Blasis e Robrahn-Gonzáles (2001), iniciaram um
movimento de expansão
entre
3.000 e 2.000 anos atrás,
que
saíram
inicialmente da Amazônia
e atin
giram
a região estudada como sub-tradição Guarani. Noelli
11
(no prelo) citou a presença
Guarani, na região estudada, ao redor de 2.500 anos atrás. Esse período corresponde às
mudanças climáticas mencionadas por Stevaux (2000), Iriondo e Garcia (1993) e
Latr
u
besse
et al (2005) (Segundo Período de Aridez) entre 3.500 a 2.000 anos A.P.. Por ser um período
muito curto,
muito
embora
tenha
havido uma
modifica
ção na vegetação para cerrado,
a
vegetação florestal não desapareceu totalmente.
A
expansão das matas deu-
se
logo em
seguida
com a retomada do clima úmido (
Segundo Período de Umidade
)
após 2.000 anos A
.P.
(
STEVAUX,
2000)
,
o que
tornou o
ambiente favorável
à
sub
-
tradição
Guarani
(Figura 6)
.
Essa nova dinâmica propiciou o desenvolvimento de solos e a expansão da Floresta
Estacional Semidecidual Aluvial. Com isso cerca de 1.200 anos, povos agricultores
10
NOELLI, F. S.
No prelo
.
Catálogo de sítios arqueológicos de populações ceramistas do Brasil meridional (RS,
SC, PR, SP e MS), Uruguai, Paraguai oriental e nordeste da Argentina.
11
Idem.
21
ceramistas se tornaram hegemônicos
na
área, principalmente o Guarani, que ocuparam terras
onde antes se estabeleciam os
caçadores
-
coletores (KASHIMOTO;
MARTINS 2005
a
).
Para se compreender melhor o sistema de ocupação e demais informações a respeito
desses agrupamentos,
uma
ferramenta bastante utilizada é a análise da superposição das
camadas.
Baseando
-se nos princípios da estratigrafia, estudam-se os sedimentos, solos e
seus
contatos
na busca de in
formações
necessárias para a reconstrução e interpretação da paisagem
pretérita.
Esses estudos providenciam não somente descrições detalhadas dos sedimentos e
dos
solos
como também a sua relação estratigráfica. Essas relações que presentes entre
diferença de camadas, solo e artefatos encontrados, p
romove
m importantes informações
quanto à datação
re
lativa,
na qual descreve-
se
a relação dinâmica entre a paisagem e o
comportamento humano e, entre os processos do ambiente e o registro arqueológico
(WATERS, 1992). Os registros podem se resumir a informações como aterros, canais,
caminhos, depósitos de lixo, campos cultivados, artefatos e estruturas em geral, chegando a
representar a
sucessão
da ocupação dos agrupamentos que ali se alojaram como também as
características da paisagem nesse momento.
Sob essa ótica os perfis sedimentológicos realizados na ár
ea
de estudo mostram que
entre os níve
is
de ocupação ceramista e pré-ceramista, em geral uma camada,
de
poucos
centímetros a um m
etro,
estéril em termos arqueológicos. Essa camada normalmente
apresenta sedimentos depositados por ação eólica com rara presença de vestígios orgânicos,
devendo corresponder ao S
egundo
E
vento
Árido que ocorreu entre 3.500 e 2.500 anos AP no
alto Paraná (
STEVAUX
et al, 1997). Os últimos séculos desse período de aridez
correspondem ao início da ocupação dos povos ceramistas e ao desaparecimento dos sítios
pré
-ceramistas. Os dados permitem deduzir que essas mudanças climáticas possuem estreita
correlação com os processos de ocupação humana no entorno
do alto rio Paraná.
Esses assentamentos
são
estudados atualmente em diferentes enfoques referentes ao
salvamento do material, a análise e descrição dos objetos, reconstrução da cultura, padrão de
ocupação, datações e demais interesses. Porém algumas conclusões condizentes a situação
ambiental e climática na qual esses agrupamentos indígenas estabeleceram-se, bem como as
mudanças promovidas, são restritas algumas vezes por falta de dados
proxy
12
suficientes.
A
dificuldade de retirar dados
proxy
nesses assentamentos se pelo fato de que os níveis de
ocupação dos povos ceramistas e pré-ceramistas nesta área, em geral, apresentam-se em
sedimentos depositados por ação eólica e/ou fluvial, com rara presença de vestígios orgânicos,
12
Registros com informações indiretas contidas nas variáveis ambientais. Incluem estudos relacionados a
Palinologia, Sedimentologia, Geomorfologia, Paleopedologia, estudos de isótopos, de arqueologia e história.
22
salvo algumas exceções onde ocorre a formação da terra preta antropizada, ou pela descoberta
de uma antiga fogue
ira.
Para
favorecer as pesquisas atuais, maiores informações podem ser
obtidas
com o uso
da
p
alinologia, o que oferece como resposta o reconhecimento da vegetação predominante na
área no período de ocupação pretérita, para assim verificar a presença de cultivos e manejo,
além da
paisagem
vegetal
do entorno do assentamento.
4.2. Palinologia: Desenvolvimento e Aplicação
Informações
relativas às mudanças e
sucessões
climática
s, vegeta
is
e ocupaciona
is
,
são
estudada
s pela Geografia, que toma de posse as mais variadas ferramentas, unindo
diferenciados campos da ciência em busca de conhecimentos e respostas em comum. Nesse
caso, os grãos de pólen, objeto de estudo da Palinologia, vem a ser uma grande ferramenta de
trabalho.
O termo Palinologia foi usado pela primeira vez por Hyde e Williams em 1944
segundo Traverse (1988). A palavra foi provinda do g
rego
pa
(espalhar, borifar) relativo
à palavra l
ati
na
pollen (farinha fina, pó), no entanto, o uso mais aceito para Palinologia está
ligado ao uso funcional de seu emprego, sendo o estudo de microfósseis orgânicos
enc
ontrados em sedimentos e rochas. Assim define-
se
Palinologia como o nome geral da
ciência que estuda os microfósseis, constituídos por esporos, pólen, algas e animais
microscópicos, dispersos nos sedimentos, no ar, nas colméias, entre outros (TRAVERSE,
1988).
Segundo Brandley (1984), os princípios que fundamentam a aplicação da análise de
pólen
nos diferentes ambientes e materiais se dá, em primeiro lugar, pelo fato dos grãos
de
pólen serem extremamente resistentes,
onde
mantém
as
características morfológicas,
específicas a cada espécie e gênero de plantas. Em segundo lugar, são produzidos em vasta
quantidade e distribuídos no entorno da área de origem e, por fim, por refletirem a vegetação
natural
da área que circundam.
Pode
-se somar a isso, seu diminuto tamanho o que facilita
a
fossilização
nos mais diferentes sítios sedimentares como fundos lacustres, regiões deltáicas,
manguezais e terrenos palúdicos em geral, desde que em condições adequ
adas de
deposição.
No que tange mais especificamente aos estudos do Quaternário, a Palinologia pode ser
usada como
u
ma ferramenta de conjunto, uma
vez que
pode ser
aplicada integrando diferentes
23
ramos da Paleontologia, como a
Geogronologia
13
,
onde
os resultados po
dem
representa
r
parte
do ciclo de vida ou período de existência de plantas em ambientes diferenciados;
a
Bioestratigrafia
14
, favorecendo na obtenção de informações de horizontes ou camadas, ricas
em matéria orgânica,
pela
análise do sedimento para realizar a prospecção de petróleo
por
exemplo e; com a Paleoecologia
15
,
onde os palinomorfos indicam as características dos
ambientes pretéritos, devido
à
sua presença em ambientes deposicionais e, assim diferenciar a
vegetação do ambiente, por meio da sucessão de ambientes ao longo do perfil estratigráfico
(NEVES, 1991).
Ne
ssa última abordagem, o processo ocorre porque todos os anos, milhões de
toneladas de material orgânico são dispersos na atmosfera pelas plantas em seu momento de
reprodução. As plantas angiospermas e gimnospermas, ditas superiores, produzem grãos de
pólen contendo o material genético masculino e a sucessão da reprodução sexua
da
ocorre
se este material encontrar uma fêmea (órgão reprodutor feminino) da mesma espécie. As
briófitas e pteridófitas
(plantas sem flores verdadeiras) produzem esporos que contém material
genético necessário para o desenvolvimento independente para a geração de plantas
(BRANDLEY
, 1984). O transporte dessas diminutas partículas depende basicamente dos
mecanismos de polinização das plantas, que podem ocorrer de duas maneiras diferentes, a
abiótica ou biótica. Na polinização abiótica, os vetores envolvidos são a água (hidrofilia) e o
ven
to
(anemofilia), enquanto na polinização biótica, os agentes envolvidos são os organismos,
tais como insetos (entomofilia) providos por coleópteros, hemípteros, himenópteros,
lepidópteros, dípteros; pássaros; e a que envolve mamíferos como
Chiroptera
(chiropterofilia), primatas, marsupiais, roedores, etc (NEVES, 1998).
Desse modo, o
s grãos de
pólen durante a dispersão pode
m
ser levado
s
para localidades
distantes por correntes de ar, insetos, animais, pela água e até mesmo pelo homem, porém a
maior parte desses grãos caem nas proximidades do local de origem e, assim, caracterizam a
flora
regiona
l. Ao caírem em superfícies com sedimentos orgânicos ou inorgânicos
acumulam
-
se e são incorporados
ao sedimento
,
tornando
-
se parte do pacote sedimentar
.
A distância carre
gada
se deve,
principalmente
, ao tamanho diminuto dos grãos de
pólen,
que podem
perman
ecer no ar por grande período quando ocorrem correntes de ventos.
No entanto, como mencionado, a maioria dos grãos
depositam
-
se
próximo ao seu local de
13
Ramo da Paleontologia que tem por objeto o estudo das relações temporais da
Terra,
através da datação
absoluta e relativa dos diversos eventos geológicos
.
14
Ramo
da
Paleontologia que estuda, identifica e distingue estratos sedimentares pelo seu coteúdo fossilífero.
15
Ramo da Paleontologia que estuda as
relações
entre organismos antigos e seus ambientes, propondo-se a
compreender
os ambientes do passado.
24
origem
.
A
velocidade da
locomoção
dos grãos de pólen
ocorre
na
média
de
3cm/s, ou
aproximados 2m/min e, de acordo com as observações, a massa quase absoluta dos grãos
(cerca de
95%
) são depositados no entorno de 2.700m da planta original. A velocidade que
esse material irá se locomover depende, entretanto,
dos
obstáculos existentes,
no
tipo de
formação v
egetal e da estação do ano (TRAVERSE, 1988).
Grãos de pólen que eventualmente são encontrados distantes de sua vegetação de
origem
(5%), são conduzidos a outras áreas pelo fato de que
estes
possuem estruturas
biológicas
em sua forma e ornamentação, que propiciam o transporte aéreo desse material,
bem como a estação do ano, que pode apresentar períodos com ventos mais intensos. P
ode
-
se
observar es
te
efeito da dispersão dos grãos em pessoas alérgicas que, mesmo muito acima do
nível de floração das árvores, em prédios, ainda têm reações alérgicas ao ficarem expostas na
janela.
Como exemplo do fato apresentando, tem
-
se os e
studo
s
realizado
s
por Mandrioli
et al
.
(1982 apud
TRAVERSE, 1988
) que mostrou uma densidade de 12 grãos/cm³ em amostra a
800m acima do nível do mar, na Itália, sendo esse material proveniente da vegetação da
Yuguslavia
. Esse mesmo
autor
com
pleta que um fator
de
importância na dispersão polínica é
a densidade do grão de pólen.
O transporte pelo ar será maior e mais eficiente com a presença de grandes correntes
de vento e com maior turbulência. Logo, a velocidade de deslocamento é maior acima da
cobertura da mata que no seu interior, ou até mesmo quando próximo à superfície. Uma vez
que o grão de
pólen toca o solo, seu movimento será realizado com
maior
eficácia
na presença
de
água. Com isso as árvores polinizadas pelo vento, tendem a se adaptar às exigências para
reprodução. No caso da influência da água, locais com maior turbulência uma menor
quantidade de
grãos
,
logo, áreas com menos energia, baixa turbulência, o acumulo será
geralmente maior (NEVES, 1998).
Como relatou Traverse (1988), embora a chuva polínica fique caracterizada no
sedimento de entorno de sua área original, muitos são os grãos que representam vegetação de
outras áreas. O autor c
omplementa
afirmando
que McAndrews
16
(1984, apud
TRAVERSE,
1988
) apresentou ensaios a respeito de grãos de pólen encontrados em geleiras do norte do
Canadá que possuem sua origem a mais de 1.000km. Prossegue afirmando o fato de qu
e
16
McANDREWS, J. H.
Pollen analysis of the 1973 ice core from Devon Island glacier
.
Canadá: Quat. Res. 22.
1984. p. 68
-
76.
25
Birks
17
(1973, apud
TRA
VERSE,
1988
) apresentou dados coletados sob uma área de floresta,
que supostamente estaria representando seus caracteres, impedindo a entrada de material
externo, mas que no entanto apresenta 40% de pólen de gramíneas e vegetação alpina.
Pode-se afirmar qu
e
a proporção de grãos de pólen autóctones (original da área) varia
inversamente com o
tamanho da bacia
, devido ao aporte provindo da rede de drenagem.
Dessa
forma,
a chuva polínica deve ser questionada em três aspectos: o que foi produzido
localmente? O que foi preservado? O que veio do entorno? Desse princípio, segundo Brown
(2001)
provém uma das razões pela qual a análise palinológica foi evitada em áreas de
planície de inundação, mesmo quando junto a sítios arqueológicos, uma vez que um receio
quanto
ao transporte seletivo dos grãos de pólen pela água, tanto para dentro quanto para fora
do ponto de coleta.
A sucessão vertical dos pali
nom
o
rfos
nos
sedimentos pode representar um registro
bastante fiel das mudanças vegetacionais ocorridos em uma região no decorrer do tempo
geológico. Por isso, a análise polínica em uma determinada seqüência sedimentar se constitui
num excelente método para a reconstituição paleogeográfica de uma região, onde reflete
climas e ambientes pretéritos, além de permitir, em alguns casos, uma percepção
bioestratigráfica
.
Os melhores sedimentos para
a análise
palinol
ó
gi
c
a d
o
Quaternário
são
os siltosos e os
argilosos, preferencialmente em locais de condições acidificantes e redutoras
(
NEVES
, 1991)
.
Os palinomorfos geralmente preservam muito bem suas características morfológicas, isso
possibilita que, por comparação com base na sistemática de plantas atuais, determine-
se
sistematicamente
os palinomorfos quaternários em nível de família, gênero e a mesmo
espécie, quando há uma boa
preservação do material.
Segundo Traverse (1988), uma das primeiras aplicações da palinologia foi no campo
da arqueologia. A presença de grãos de pólen em alguns depósitos pode, algumas vezes, fazer
uma aproximação históric
a
quanto ao comportamento humano em relação às mudanças
ocorridas no clima e na vegetação. Assim a aplicação mostra-se importante principalmente no
que diz à análise do início da agricultura primitiva, marcando a primeira grande abundância
de introdução de espécies invasoras.
Para obter
resultados satisfatórios de
análises palinológicas em sítios arqueológicos, se
faz necessário que a própria evolução da ocupaçã
o de determinados sítios venha
a promover a
formação de camadas superpostas relativas aos eventos e processos de
uso. Nesse proc
esso de
17
BIRKS, H. J. B.
Past and present vegetation of the is
le of Skye:
a paleoecological study.
Cambridge:
Cambridge Universe Press. 1973.
26
formação
a superfície do sítio deve ter permanecido exposta por período suficiente que
permita aí a deposição de grãos de pólen.
Essa
camada
pode ser reconhecida devido à
diferença de coloração do sedimento, a existência de artefatos em um mesmo nível agora
soterrado e, pela quantidade superior de grãos de
pólen
encontrada, o que na verdade
caracteriza
um paleonível ou paleossolo.
No caso da Palinologia aplicada à Arqueologia, um aspecto de grande importância
para as informações a respeito da paleovegetação é a disseminação de espécies de outras
regiões,
como
feit
a pelos Guarani.
Acredita
-se que essas populações distribuíram um “pacote
de plantas” pelas regiões que colonizaram. Isto é, transportavam suas plantas da mesma
maneira que sua cultura material. P
ode
-se então dizer que eles espargiram um conjunto de
espécies vegetais por amplos territórios. Complementando a isso, Noelli et al
(2003)
inform
aram
qu
e cada família manejava várias roças simultaneamente, de diferentes idades. As
mais novas eram destinadas às plantas alimentícias de rápido crescimento, enquanto as mais
velhas eram destinadas ao cultivo de plantas medicinais, frutíferas e alimentares que vegetam
por longo tempo. Espécies produtoras de madeiras e palhas, úteis na confecção da cultura
m
aterial
,
t
ambém eram largamente manejadas
.
Considerando que os pré-ceramistas ocuparam a região por
seis
mil anos ou mais, é
possível que eles tenham causado algum tipo de modificação na vegetação, não sendo
improvável que tenham manejado algumas espécies vegeta
is
. Salgado-
Labour
iau (1973
)
relata que os estudos palinológicos em
registros
arqueológicos têm t
razido
interessantes
resultados para esclarecer o contexto biológico do nível de inserção de certos artefatos,
estabelecer correlações entre culturas humanas e modificações da vegetação causadas pelo
homem.
Um
dos
trabalho
s pioneiros na aplicação do estudo de grãos de pólen em sítios
arqueológicos, foi o desenvolvido por Iversen
18
(1941
apud
SALGADO
-
LABOUR
I
AU
,
196
2), que encontrou uma camada de carvão entre os sedimentos de um antigo lago em
Ordrup Mose, na Dinamarca e assim publicou um trabalho intitulado "Land occupation in
Denmark’s Stone Age”. O estudo m
ostrou
que este carvão provinha da queima das florestas
pelo homem neolítico, “que ocupou a terra e arrasou esta floresta primordial com machado e
fogo
”. Pela análise de pólen das camadas abaixo do carvão, via-se que a região era coberta
por uma floresta de
Quercus
sp.
, Tília
sp.
, Fraxinus
sp.
e
Ulmus
sp.
. Logo acima da camada
de carvão era marcante a predominância de grãos de pólen não-arbóreo. Nesta camada
foram
18
IVERSEN, J. Landnam i Danmarks Stenalder (Land occupation in Denmark’s Ston A
ge
).
Damork Geologisk
Undersgilse.
I
I Raekke 66:69, 9 pl. Copenhagem. 1941.
27
encontradas
espécies de cereais cultivados, os quais, ainda que em pequena quantidade,
ocorriam de modo contínuo em toda a camada. Ao lado dessas foram encontrados grãos de
pólen da espécie
Plant
ago
sp.
, que
encontra
-
se
sempre associado a perturbação da vegetação
causada pelo homem. Sendo que as análises acima desse vel
estudado,
mostraram a
recuperação pouco a pouco da floresta.
Para o ponto de vista arqueológico, os depósitos de grãos de
pólen
podem, em alguns
casos,
estar presentes em áreas onde haja uma incapacidade de ajuste, ou
unsuitable
(
DIMBLE
BY, 1985), não contendo então, material que seja utilizado para estudos
paleoecológicos
. O caso vem a ocorrer devido a perturbação do sedimento e alteração do
material polínico, mas que mesmo assim
oferece
informações
sobre as atividades humanas e
dinâmica ambiental
.
Favorecendo a esse inesperado desajuste está a possibilidade de destruição do grão de
pólen no sedimento. Embora a
exina
19
seja muito resistente, ela não é indestrutível. A
oxidaç
ão
, após a deposição do material, pode corroer ou, eventualmente, destruir os
palinom
ó
rfos
, devido à exposição do
grão
a ação
climática
, causado pela presença de
água
e
oxigênio ao longo do tempo. Com isso, o
cor
re a perda de
hidrogênio
e
o
xigênio
concomitantemente ao enriquecimento do c
arbono
, porém de forma mais lenta que em outras
substancias orgânicas. Na exina esse processo causa um escurecimento gradual do grão de
pólen
, passando do amarelo-palha, para o amarelo, laranja, marrom, marrom escuro e
finalmente o preto. Tudo isso devido à adesão do carbono ao material. É interessante
ressaltar
que nem todo material que possui palinomorfos pode ser completamente
utilizado para análise
polínica, uma vez que os micro
fósseis podem vir a apresentar baixo estado de preservação.
Devido sua característica multidisciplinar a Palinologia abrange vários campos da
ciência
, para o botânico sistemata, p. ex., o grão de pólen representa um caráter extra na
identificação e ajuda na elucidação de problemas, como por exemplo a origem das
angiospermas. Para o geólogo pode constituir um fóssil-
guia,
por meio do qual se pode traçar
horizontes de mesma idade e escalas cronológicas de referência. Para o paleoecologista esta
análise fornece dados fundamentais para o levantamento da vegetação e do clima de uma
época passada. Para o arqueólogo, ajuda na elucidação dos problemas dos povos que em
tempos antigos habitavam a Terra e muitas vezes modificaram a sua natureza, transformando
florestas
e paisagens diversas. Para a medicina é um meio de combater um mal, a alergia.
19
Camada principal, e
xterna, da membrana do pólen, geralmente resistente a acetólise.
28
Outras aplicações da palinologia abrangem a produção de mel, a criminalística, etc.
(
SALGADO
-
LABOUR
I
AU, 196
2
).
5.
METODOLOGIA
Vári
as foram as metodologias utilizadas para este trabalho dado a sua característica
multidisciplinar. Primeiramente foram levantadas as referências sobre a
arqueologia
e
etnologia local. O material bibliográfico dessa fase foi, em sua maior parte, obtido por meio
de Kashimoto (1997), Kashimoto e Martins (2004, 2005a e 2005b) e Noelli (1993, 1998a,
1998b, 1999 e 2000).
O estudo palinológico iniciou-se bem anteriormente na graduação do autor que junto
com a equipe do GEMA/UEM, elaborou o Atlas Polínico da Região e Porto Rico, PR
(
CAMPANINI
et al.
2004)
. A palinoteca gerada nestes estudos baseou-se nos levantamentos
florísticos elaborados por Souza (1998) e Fachini (2001) e nos trabalhos palinológicos
pioneiro de
T
homaz
(2000).
A escala geoarqueológica de abrangência foi
defi
nida
de acordo com a classifi
cação
de Butzer (1982)
como
de mesoambiente
,
levando
-
se
em conta que os
grãos de
pólen marcam
uma superfície de entorno
e
que podem, em alguns casos, estender-
se
a quilômetros de
distância
sua área de influência. A isso, soma-
se
a busca de correlação entre os sítios
alocados sobre
um
mesmo padrão geomorfológico e a característica de uma vegetação
predominante na área e existência de táxons repr
esentativos a biodiversidade regional.
Os trabalhos sobre a história paleoclimática da região foi obtida nos trabalhos de
Stevaux (1993, 1994, 2000
),
Stevaux et al. (1997
),
Barczysczyn (2001), Parolin, et al
.
(2006)
.
5.1.
Trabalhos de Campo
As
campanhas de campo
foram realizadas em três etapas. A primeira, no município de
Porto Caiuá - MS, no sítio Rio Ivinhema 1 VN1. Nesse sítio os materiais para análise de
sedimentologia, palinologia e pH, foram coletados de maneira diferente dos demais, sendo
este o fator de diferenciação para escolha de análises nesse ponto. Primeiramente abriu-
se
uma área de decapagem, onde v
isou
a retirada de vasilhas cerâmicas inseridas no sedimento,
29
em seguida retirou-se material sedimentar do interior dessas vasilhas e potes (Figura 7). As
vasilhas possuíam 60 e 40cm de diâmetro, com 25 e 20cm de profundidade respectivamente
(Figura 7
A
e B)
.
Figura
7.
Artefatos
encontrad
os
no sítio VN1, Porto Cauiá
MS
. Vasilhas cerâmicas Guarani, utilizadas para
sepultamento (A) e com pequenos potes, possivelmente utilizado em eventos festivos (B)
A segunda
campanha
desenvolveu-se no Sítio Rio Baía 1 BI1, nas dependências da
Fazenda Bom Futuro MS. As coletas de materiais foram realizadas por meio de abertura de
trincheiras. Trabalhou-se em uma área de decapagem,
com
a abertura de duas trincheiras. A
primeira com dimensão de 5 x 5m e 1,80m de profundidade. Foi c
oletado
todo material
arqueológico
encontrado, em seguida retirou-se amostras para análises de sedimento, pH e
palinologia
e aproveitou-
se
para representação em croquis dos veis estratigráficos
encontrados e dos respectivos materiais (Figura 8 - A). A segunda foi desenvolvida com 1m
de largura, 5m de comprimento e 1,80m de profundidade (Figura 8 - B). Os locais para
abertura das trincheiras no sítio BI1 foram escolhidos por estar em ponto mais elevado
na
topografia
e por
apresentarem
maior evidência de constituir um nível de paleossolo segundo
o conceito de
Barczyscyn (2001)
.
Na terceira campanha, desenvolvida no Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1, as
coletas, informações e amostras apresentaram o mesmo padrão encontrado no sítio BI1.
Inicialmente
nessa área
foram abertos
quatro pontos de amostragem
, op
tou
-
se
pelo
localizado
exatamente na parte mais alta, com visão privilegiada do entorno e entre duas lagoas. A
trincheira nesse ponto atingiu 1m de profundidade. Esse sítio não apresenta a mancha de
alteração antrópica, sendo o que caracteriza a existência de um nível de ocupação a presença
de fragmentos cerâmicos e de grandes núcleos de matéria prima lítica e lascas (Figura 9
).
A
B
30
Foram feitas sondagens a trado até 3m de profundidade sem contudo obter-se êxito quanto a
ocorrência de material arqueológico ou de interesse ao trabalho.
Figura 8.
Trincheira 1 (A) e 2 (B),
s
ítio Rio Baía 1
. Processo de decapagem sobre a área com TPA (A).
Distância visual entre e trincheira e o curso d’
água mais próximo, rio Baía (B)
Figura 9.
Trincheira 3. Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1
. Aberta em local sem a presença de TPA
Uma
primeira caracterização dos sítios foi efetuada ainda em campo incluindo as
informações sobre: compartimento
topográfico
em que situavam o sítio; distância do sítio ao
rio Paraná; altitude do sítio em relação ao vel do rio
Paraná;
cor do solo arqueológico;
posição da base da camada arqueológica. Essas informações foram obtidas mediante uso de
A
B
31
Sistema de Posicionamento Global - GPS, clinômetro, estádia, trena, tabela de cores
(
MUNSELL
, 1975), enxadão,
pá e
trado.
As
trincheiras foram abertas no sentido norte-sul, seguindo metodologia das
superfícies amplas descrita por Leroi-
Gourhan
20
(1983, apud
KASHIMOTO
; MARTINS,
2005a), com a abertura de trincheiras em áreas de decapagem, visando evidenciar, por meio
de abertura horizontal e vertical do terreno, vestígios que possam contribuir para a leitura de
traços do comportamento cultural dos grupos pretéritos que ali viveram. Cada uma recebeu
divisões em quadrículas, com um metro quadrado cada, sendo escavado de 10 em 10 cm,
para poder diferenciar o material arqueológico em futura análise e reconstituição. Após esse
processo, retir
am
-se os materiais necessários para demais análises,
como
palinologia
,
sedimentologia
e
datação, em diferentes profundidades. (Figura 10).
Em todas as trincheiras foram
diferencia
das
camadas
, levando
-
se e conta a
cor, tipo de
material, natureza do sedimento, granulação dos componentes e, sobretudo,
pela
ausência ou
presença de artefatos arqueológicos líticos e/ou cerâmicos. Nisto consiste a estratigrafia d
e
um
sítio
arqueológico
e
a partir
dela pode
-
se avaliar diferentes condições de
sedimentação
e o
número de ocupações humanas que se
sobre
puseram.
As amostras para análise sedimentológicas foram recolhidas de forma seriada,
deformadas de baixo para cima, obedecendo aos níveis de alterações (Figura 10) conforme
Suguio (1973). A coleta foi realizada com o auxílio de
uma
espátula ou faca, depositando o
material dentro de sacos plásticos devidamente vedados e etiquetados. A cor do material foi
determinada por Munsell (1975) conforme proposto por Kas
himoto e
Martins (2004).
As amostras para a palinologia fo
ram
colet
adas
em frascos de preservação de filmes
fotográficos
comercial que apresentam boa condição de preservação do material amostrado
.
Posteriormente estas amostras foram acondicionadas em geladeira para evitar o
desenvolvimento de fungos. As amostras foram retiradas entre os níveis de alteração e locais
de significância arqueológica
e não em distância padronizada (Figura 10)
.
O material cerâmico coletado no sítio Rio Baía 1 foi datado pelo método da
termoluminescência (TL) cujo processamento deu-se no Laboratório de Vidros e Datação da
Faculdade de T
ecnologia de São Paulo
LVD/
FATEC
.
20
LEROI
-
GOURHAN, A.
Los primeros artistas de Europa
:
Introducción al arte parietal paleolítico.
Madrid.
1983
.
Figura 10.
Perfis representativos aos níveis e locais de coleta de materiais para análises
32
5.2. Técnicas de Laboratório
A análise textural do sedimento foi feita
com base
na metodologia descrita por
Suguio
(1973
) e EMBRAPA (1997), com peneiramento para os termos arenosos e a pipetagem para
os lamosos.
Nas amostras
com
muita matéria orgânica realiz
ou
-
se
primeiramente
a queima
da
matéria orgânica com H
2
O
2
a 15% (S
UGUIO,
1973)
. Foi também medido o pH em amostras
dos
rios
níveis
sedimentares
, conforme as especificações da
EMBRAPA
(1997)
.
As análises polínicas foram desenvolvidas no laboratório de Palinologia do Grupo de
Estudos Multidisciplinares do Meio Ambiente
GEMA
, da Universidade Estadual de
Maringá, Maringá – PR. Foram coletadas amostras de 2
cm³
de sedimento (o dobro do
padrão)
devido a baixa possibilidade de palinomorfos a serem encontrados. Dada as
características do material, foram
testada
s variações sobre a metodologia padronizada
por
Ybert,
et al
(1992)
e
Bruch
e Pross (1999). O tratamento químico foi feito segundo técnicas
usuais
, utilizando com
o
reagentes:
1.
HF
: eliminação dos silicatos. O ácido fluorídrico foi utilizado primeiramente a frio,
8ml
para cada amostra, permanecendo por 24 horas em temperatura ambiente. Em
seguida
foi
colocado as amostras em banho-maria por mais 2 horas, agitou-
se
a
amostra, com bastonete de polipropileno ou madeira, a cada 10 minutos.
2. HCl: dissolução dos carbonatos. Utilizou-
se
8ml de ácido clorídrico, a 10%, por 10
minutos em banho
-maria;
3. C
2
H
3
O
2
H: substituição de H
2
O e redução da ação do H
2
SO
4
na exina. Inseriu-se o
ácido acético glacial até completar 12ml no tubo de ensaio, agitou-
se
e levou para
centrifuga por 5 minutos, des
cartando o excesso. R
epetiu
-
se o procedimento.
4.
ace
tólise de Erdtman (
1943)
: uma mistura de nove partes de C
2
OH
2
para uma de
H
2
SO
, visa retirar o material contido no interior do pólen e destacar
sua
estrutura
.
Colocou
-
se
6ml da mistura, agitou
-
se e levou a banho
-
maria por 8 minutos.
A
pós vários testes,
foi
introdu
zida na metodologia padrão,
uma etapa de peneiramento
do material (malha 100
µm)
após
seu tratamento com HF. V
isou
-se com isso a
redu
ção do
tempo de permanência da amostra em HF, uma vez que era bastante significante a
porcentagem de areia con
tida na amostra.
As lâminas microscópicas (26 x 76
mm
) foram preparadas misturando o material
processado
com
glicerina bi-
destilada
líquida C
3
H
5
(OH)
3
, sendo cobertas por lamínulas (22
x 22
mm)
e
lutadas com parafina. Estas lâminas foram
estudadas em micr
oscópio
t
ipo LEITZ
33
34
WETZLAR, HM-
LUX,
sendo os palinomorfos identificados e contados. As fotomicrograf
ias
foram
efetuadas com
o
microscópio binocular invertido OLYMPUS modelo BX51, com
equipamento fotográfico digital
e filtro
s LBD OP / LBD ND6 e, o microscópio binocular
invertido
ZEIZZ / GERMANY modelo AXYOVERT 135 MC100 SPOT, com
equipamento fotográfico com filme de exposição ASA100, e as dimensões foram
atribuídas
em micrômetros
- m
(Nupélia
- UEM).
Os palinomorfos encontrados foram descritos (item 6.2.2), fotomicrografados
(
Apêndice
formas polínicas) e identificados
conforme
a unidade polínica, tamanho e forma
do grão, tipo, posição e forma da abertura (fenda) e da ornamentação, e espessura da exina
(parede celular externa). O formato desses grãos seguiu metodologia de Erdtman (1952)
obtendo
-
se
a relação entre a dimensão do eixo polar sobre o eixo equatorial (P/E). Para a
identificação,
utilizou
-
se
a palinoteca de referência do Laboratório de Palinologia do GEMA
.
Além
disso, na identificação do palinomorfos foram utilizados também os trabalhos de
Erdtman (1952
),
Rivas
(1978), Barth (1963, 1972a, 1972b, 1975), Barth e Barbosa (1975a,
1975b
),
Salgado-Labouriau (1973), Markgraf e D’Antoni (1978), Anzo
35
hábito,
trabalhos como Schultz (1963) e Souza et al
(1997),
além de bases on line
como:
Árvores Brasileiras (
http://www.arvores.brasil.no
m.br/
), Rede Semente Sul
(
http://www.sementesul.ufsc.br/novo/secao_especies/index.asp
) e Pequi famílias da flora
do cerrado (
http://www.pequi.org.br/Cerrado/flora/index.htm
). Para as informações de cunho
Guarani, a base utilizada foi o trabalh
o desenvolvido por Noelli (1993, 1998a).
6. RESULTADOS
E DISCUSSÕES
6.1 Adaptação da Metodologia Polínica para a Área de
Estudo
Como dito, alguns arqueólogos que acreditam no uso da palinologia para coleta de
informações, são freqüentemente surpreendidos por não encontrarem amostras férteis, não
tendo nenhuma resposta do material. Todo solo recebe junto a seus sedimentos a chuva
polínica da vegetação fanerógama de seu entorno, o que
irá
acontece
r com esse material
polínico
vai depender principalmente da atividade biológica presente no sedimento e das
características quím
icas e físicas do mesmo.
A probabilidade de obter resultados satisfatórios nos sedimentos analisados é bastante
incerto,
primeiro por ser uma área que sofre influência direta da dinâmica do rio, segundo
devido
à composição sedimentar, bastante arenosa, o que geralmente não preserva os
palinomorfos, além da possibilidade de percolação desses para as camadas mais profundas.
Procedendo com o uso da metodologia padrão apresentada por Ybert, et al (1992) e,
Bruch
e
Pross (1999), ocorreram algumas
divergências
na
qualidade final do material, principalmente
pelo
fato do material estar muito escuro, impossibilitando a identificação e
descrição
taxonômica
.
O
s
problemas
com a qualidade dos grãos de pólen, até certo ponto, é normal, porém
alguns fatores podem contribuir para o agravamento como, por exemplo, o
trata
mento
recebido pelo material. Como a quantidade de areia era muito elevada, a amostra permane
cia
por um longo período em HF, tanto a frio como a quente, somado a necessidade de agitação
do material,
o que
certamente
favorece
u
para a degradação
dos grãos de pólen.
Para
contornar
esse problema,
realizaram
-
se vários testes,
onde modificou
o período
de atuação dos reagentes
para a destruição
dos silicatos.
36
Nos procedimentos em que houve a redução do período de destruição da areia,
a
qualidade das
lâminas
foi prejudicada pelo aumento da presença de grãos de quartzo.
O
objetivo foi então o de
busca
r formas de destruir a areia sem comprometer o materia
l.
Algumas referências como Uesugui (1979), Ybert, et al (1992) e
Bruch
e
Pross (1999) trazem
informações a respeito de uma etapa de peneiramento do material em malhas de 250, o que
nos pareceu interessante na busca de reduzir a quantidade de areia das amostras. Com
essa
metodologia a quantidade de areia das amostras oscilava em torno de 90 a 96%. A análise
textural do material indicava que a maioria da fração arenosa era
constituí
da de areia muito
fina à média (malhas entre 63 e 354 µm). Isso resultaria em nenhuma diferença na seleção do
material ao passar as amostras pela peneira com malha de 250µm, pois estaria reti
rando
apenas a areia média a cima.
Comparando
então a granulometria das partículas com os
grãos
de
pólen,
percebe
u-se que es
tes
correla
cionam
-
se mais fortemente com o
silte
(F
igura 11
).
Figura 1
1
.
Comparação entre grão de pólen e partículas sedimentol
ógicas. Reeditado de Traverse 1988
A grande maioria dos microfósseis apresentam tamanho relativo a partícula do silte,
muito embora haja espécies relacionadas a proporção de areia fina e muito fina. Com isso,
define
-
se que a grande maioria dos grãos de p
ólen e esporos possuem medida de até 100µm, o
que representa um pólen grande (pólen grande: de 80-100µm) segundo Erdtman (1952).
O
que faz o pólen apresentar comportamento semelhante ao silte é sua densidade, próximo à
37
1,4
g/cm
3
, sendo menor que a da areia
(2,5g/cm
3
). Além do mais, por não serem rijos, tendem
a se espalhar, o que facilita sua sedimentação junto a camada de silte.
Esses fatos apresentados relativos a característica dos grãos de
pólen,
obrigaram
a
introdução de uma etapa extra nas análises co
nvencionais
. Introduziu-se um peneiramento do
sedimento
após
su
a reação com o HF a frio, somando um período de duas horas de
tratamento a quente. Para escolha da malha ideal
foram
desenvolvidas
análises com as malhas
100 e 63µm. Para verificar a perda de material polínico,
confeccionaram
-se lâminas com o
resíduo retido nas peneiras. A malha com melhores resultados foi a com abertura 63
µm
, a
mesma d
as
partículas menores que areia muito fina. Contudo devido a ocorrência de grãos de
pólen
significativos com
tamanho acima de 63µm,
foi necessário
continuar
a
utiliza
r
a peneira
de
100µm.
Para
minimizar a perda, peneirou-se o material com o auxílio de água destilada,
depositando o conteúdo em becker. Em seguida, centrifugou-se o conteúdo peneirado a
2500rpm por cinco minutos, descartando o excedente de água (
CAMPANINI
et al., 2006)
.
Com o
material resultante
prosseguiu
-
se a
metodologia padrão em palinologia.
A grande quantidade de areia presente nas amostras iniciais estava prejudicando os
resultados e tornando
-
se um empecilho para aplicação da palinologia na área estudada. Com o
uso da peneira, os resultados passaram a ser mais satisfatórios, chegando a ponto de obter
material polínico em camadas mais profundas, onde anteriormente o haviam s
ido
encontrado
s grãos de pólen e, reduz
iu
a quantidade de grãos com ruptura na membrana. A
aplicação
da peneira que, até certo ponto, parece perder muito material durante seu
processamento, mostrou-se eficiente, satisfazendo as necessidades o que permitiu a
continuidade da p
esquisa.
Dimbleby (1976) aleg
ou
que existem alguns pontos na topografia onde a análise
polínica pode ser mais bem representada, ou poderão servir para esclarecimento da estrutura
do relevo, quando correlacionadas à estratigrafia, e com isso descreveu
cinc
o pontos ideais: na
antiga superfície; em turfeiras; no meio do monte ou colina; sub-superficialmente ao relevo e;
valas ou lagoas, drenadas ou não. Com isso optou-se por pontos semelhantes existentes na
área de trabalho para desenvolvimento das análises, tomando cuidado para não fugir do
âmbito de áreas de interesse para a Arqueologia
.
Neste caso o
s resultados obtidos foram:
Na antiga superfície
ou paleossolo
:
resultados satisfatórios
em todos os casos;
No meio de uma camada sedimentar
:
nem sempre apresenta resultados satisfatórios,
podendo apresentar amostras estéreis
;
Sub
-
superficialmente no relevo:
praticamente somente
grãos de
p
ólen
atuais
;
38
Valas ou lagoas:
apresentaram os
resultados mais significativos.
6.2. D
iversidade
Vegetal Encontrada nos Sedimentos Correspondente a Ocupação da
Sub
-
Tradição
Guarani
Nas áreas analis
ad
as
os depósitos com vestígios de ocupação da
sub
-tradição Guarani
estudada, foram:
Sítio Rio Baía 1: amostras retiradas de trincheiras, na camada correspondente a
mancha escura, antrópica, com características Guarani, que se estende da superfície
até 22 centímetros de profundidade (Figura 8). Esse ponto possivelmente foi ocupado
por povos pretéritos por um período relativamente longo, devido coloração escura e
apresenta como característica grande quantidade de fragmentos de peças cerâmicas. O
período desses fragmentos datam por volta de 380±40 e 180±20 A.P.. Material de
reserva armazenado no Laboratório de Palinologia do Gema/UEM, com o registro
inicial de BI1, seguido do número da análise polínica e da amostra (Trincheira 1: BI1
1.1, 2.2, 3.4, 4.5, 5.7, 6.8, 7.12, 8.15a. Trincheira 2: BI1 9.15b, 10.16, 11.17,
12.18,13.19, 14.20, 15.21, 16.22). Somando-se os resultados obtidos nas trincheiras 1
e 2, os sedimentos analisados apresentam táxons de 35 famílias diferentes, somando
56 espécies, sendo 52 de
angio
spermas e apenas 4 de pterido
fi
tas. Dentre elas,
14
espécies são de
hábito
arbóreo, 11 de arbustivas, 22 herbáceas, 3 lianas e uma epífita,
outras
5 não foram classificadas por ter-se alcançado na taxonomia até a família,
tornando
difícil
afirmar o
hábito
. Tendo como base os levantamentos da vegetação
atual,
39 dessas espécies
encontram
-se presentes na área da planície atualmente.
Referindo
-se ao conhecimento Guarani das espécies vegetais, entre as encontradas no
sítio, 34 são conhecidas apresentando diversas funções, sendo que 5
com
fins
alimentares, 5 de matéria-
prima,
19 como medicinal e duas com dupla função, sendo
uma para matéria
-
prima e medicinal, outra como alimentar e medici
nal
(Quadro
1
).
Quadro
1.
Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do sítio Rio Baía 1
Família
Espécie
Nome
G
uarani
Funçã
o A
tual
Nome
P
opular
Hábito
Pteridophyta
CYATHEA
CEA
E
Cyathea
sp.
arbu.
39
Cyatheae tipo 1
arbu.
GLEICHENIAC
EAE
Gleichenia
sp.
herb.
POLYPODIACEAE
Microgramma
sp
M X
erva
-
salvina
epífita
Angisos
per
m
ae
ACANTHACEAE
Ruellia
sp
Amá
X
herb.
AMARANTHACEAE
Chamissoa
sp
M
fumo
-
bravo
herb.
Pfaffia glomerata
Ka'a pari
M X
ginseng
-
brasileir
o
arbu.
APIACEAE
Eryngium
sp
Karaguata'y
M X
gertrudes /
gravatá
herb.
ARACEAE
Araceae t
ipo 1
Pistia
?
herb.
ASTERACEAE
Asteraceae Tipo 1
Baccharis
sp
X voadeira
herb.
Conyza
sp
X voadeira
herb.
Mikania
sp
Ysypo cati
M X
guaco
herb.
Vernonia
sp
Yagua ra'í
M X
assapeixe /
cambará
-
guassu
herb.
BIGNONACEAE
Bignoniaceae
Tipo 1
CAPRIFOLIACEAE
Sambucus
sp.
Yva guasu
A
sabugueiro
arbu.
CECROPIACEAE
Cecropia
sp
X
embaúba
arbo.
CONVOLVULACEAE
Ipomoea
sp.
Jety
A X
batata
-
doce
herb
.
CYPERACEAE
Cyperus
sp.
Piri guasu
MP
X
tiririca /
junquinho
herb.
EUPHORBIACEAE
Alchornea
sp.
Tapia guasu'y
MP
X
caixeta /
tapiá
-
mirim
arbo.
Chamaesyce hirta
X
erva
-
santa
-
luzia
herb.
Sebastiana
sp
Yvyra sayju
M X
momoninha
arbu.
FABACEAE
Fabace
ae Tipo 1
Fabaceae Tipo 2
FLACOUTIACEAE
Flacourtiaceae
t
ipo 1
arbo.
GUTTIFERAE
Guttiferae t
ipo
kielmeyra
X
pau
-
santo
arbo.
40
LAMIACEAE
Lamiaceae
t
ipo 1
Marsypianthes
?
LAURACEAE
Nectandra sp.
Ayu'y
M / MP
X c
anela
arbo.
LEGUMINOS
AE
CAESALPINOIDEAE
Bauhinia
sp.
1
pata de vaca
arbo.
Tipo
Cássia
MP
cássia
-
aleluia
arbo.
LEGUMINOSAE
MIMOSOIDEAE
Mimosa
sp. 1
Yukery
M X
malícia
-
de
-
boi
arbu.
Mimosa
sp. 2
Yukery
M X
malícia
-
de
-
boi
arbu.
LYTHRACEAE
Cuphea
sp.
Ysypo peré
M X
sete
-
sangrias
herb
MALPIGHIACEAE
Tetrapteris
sp 1
X
trepadeira
liana
Tetrapteris
sp 2
X
trepadeira
liana
MELASTOMATACEAE
Miconia
sp
Mondururu
X
jacaritião
-
açú
arbo.
Tibouchina
sp
Kuipeyu
X
douradinha /
quaresmeira
arbo.
MELIACEAE
Melia azed
arach
X
santa
-
bárbara
/ cinamomo
arbo.
MYRSINACEAE
Ardisia
sp.
MP
arbu.
MYRTACEAE
Eugenia
sp. 1
Yva viju
A X
cerejeira /
guamirim
-
vermelho
arbo.
Eugenia
sp. 2
Yva viju
A X
cerejeira /
guamirim
-
vermelho
arbo.
Psidium
sp.
Arasa
A / M X
goiabeira
a
rbo.
PLANTAGINACEAE
Plantago
sp
X
tanchagem
herb.
POACEAE
Poaceae tipo 1
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb.
Poaceae tipo 4
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb.
Poaceae tipo 5
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb.
Zea
Avati
A
milho
arbu.
POLYGONA
CEAE
Polygonum
sp
Ka'atay
M X
erva
-
de
-
bico
herb.
Rumex
sp
X
azedinha /
lingua
-
de
-
vaca
herb.
41
RUBIACEAE
Borreria
sp 1
Typycha po'y
M X
herb.
Borreria
sp 2
Typycha po'y
M X
herb.
Psychotria
sp
Ypaka'a
M X
café
-
do
-
mato
/ ipeca
arbu.
SAPINDACEAE
Cup
ania
Ysypo timbó
MP
caboatá
-
vermelho
arbo.
SMILACACEAE
Smilax
sp
Yuapeká
M X
salsaparrilha
liana
STERCULIACEAE
Melochia
sp
X
bucha
arbu.
TYPHACEAE
Typha
sp
Ava katu
Ka'a
M X
taboa
herb.
Sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1: amostras retiradas de trincheira, da
camada correspondente a metragem onde foram encontrados artefatos cerâmicos e
líticos, entre 20 e 60cm de profundidade (Figura 9). Não diferenciação de cor na
camada com presença de artefatos. Material de reserva armazenado no Labora
tório de
Palinologia do Gema/UEM, com o registro inicial de AÇ1, seguido do número da
análise polínica e da amostra (Trincheira 3: AÇ1 17.1, 18.2, 19.3, 20.4, 21.5, 22.7,
23.8, 24.9, 25.10). Nessa área, apresentada pela trincheira 3 os sedimentos analisa
dos
apresentam
grãos de
pólen
de
24 famílias, representadas pelo total de 39
espécies,
sendo
36 de
angios
permas e 3 pterido
fi
tas. Entre os táxons, 7 representam espécies de
hábito
arbóreo, 10 de arbustivo,
16
de herbáceas e 1 de lianas, restando 5 não
det
erminadas. De acordo com os levantamentos atuais, 23 dessas espécies encontram-
se na área da planície atualmente. A
sub
-tradição Guarani possui conhecimento de 21
dessas espécies, utilizando 2 para alimento, 2 para matéria-
prima,
14 como medicinal
e uma como alimentar e matéria-prima. Entre as espécies de conhecimento Guarani,
foi encontrado o nome Guarani de 18
(Quadro
2
).
Quadro
2.
Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do sítio
Próximo Canal Araçatuba/Curutuba 1
Família
Espécie
Nome
G
uaran
i
Funçã
o Atual
Nome
P
opular
bito
Pteridophyta
CYATHEA
CEA
E
Cyathea
sp.
arbu.
Cyatheae tipo 1
arbu.
POLYPODIACEAE
Microgramma
sp
. M X
erva
-
salvina
herb.
42
Angiosper
mae
ACANTHACEAE
Ruellia
sp
.
Amá
X
herb.
Sanche
z
ia
s
p.
trepadeira
arbu.
AMARANTHACEAE
Chamissoa
sp
. M
fumo
-
bravo
herb.
Pfaffia glomerata
Ka'a pari
M X
ginseng
-
brasileiro
arbu.
APOCYNACEAE
Tabernae
montana
sp.
Sapirangy
MP
X
leitera
arbo.
ARACEAE
Araceae tipo 1
pistia ?
herb.
ASTERACEAE
Aste
raceae Tipo 1
Ñmby eté
Conyza
sp
X voadeira
herb.
Mi
kania
sp
Ysypo cati
M X
guaco
herb.
BIGNONACEAE
Bignoniaceae
Tipo 1
CAPRIFOLIACEAE
Samb
u
cus
sp.
Yva guasu
A
sabugueiro
arbu
.
CECROPIACEAE
Cecropia
sp
. X
embaúba
arbo.
EPHEDRACEAE
E
phedra
sp
efedra
herb.
EUPHORBIACEAE
Alchornea
sp.
Tapia guasu'y
MP
X c
aixeta /
tapiá
-
mirim
arbo.
Chamaesy
ce h
irta
X
erva
-
de
-
santa
-
luzia
herb.
FABACEAE
Fabaceae tipo 1
Fabaceae t
ipo
2
FLACOUR
TIACEAE
Flacourtiaceae
tipo 1
arbo.
LAMIACEAE
Lamiaceae Tipo 1
Marsypianthes
?
LEGUMINOSAE
-
CAESALPINOIDEAE
Bauhinia
sp. 1
pata de vaca
arbo.
Bauhinia
sp. 2
pata de vaca
arbo.
LEGUMINOSAE
MIMOSOIDEAE
Mimosa
sp. 1
Yukery
M X
malícia
-
de
-
boi
arbu.
Mimosa
sp. 2
Yukery
M X m
alícia
-
de
-
boi
arbu.
MALVACEAE
Hibiscus
sp.
A
/M
X
quiabo
arbu.
MYRTACEAE
Eugenia
sp. 1
Yva viju
A X
cerejeira /
arbo.
43
guamirim
-
vermelho
POACEAE
Poaceae tipo 2
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb
Poaceae tipo 3
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb
Poa
ceae tipo 5
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb
POLYGONACEAE
Polygonum
sp
Ka'atay
M X
erva
-
de
-
bico /
pimenta
-
do
-
brejo
herb.
Rumex
sp
X
azedinha /
lingua
-
de
-
vaca
herb.
RUBIACEAE
Borreria
sp. 1
Typycha po'y
M X
herb.
Borreria
sp. 2
Typycha po'y
M X
herb.
Psychotria
sp
Ypaka'a
M X
café
-
do
-
mato
/ ipeca
arbu.
S
permacoce
sp
poeia
-do-
campo
herb.
SMILACACEAE
Smilax
sp
Yuapeká
M X
salsaparrilha
liana
STERCULIACEAE
Melochia
sp.
X
bucha
arbu
.
Sítio Rio Ivinhema 1: amostras retiradas do interior de vasilhas cerâmicas Guarani
(Figura 7). Essas vasilhas encontravam-se a poucos centímetros abaixo do nível atual,
contendo sedimento com coloração mais avermelhado que da área de entorno.
Esse
material de acordo com Kashimoto e Martins (2005b), aprese
ntou
datações de 570±40
e 600±57 A.P.. Material de reserva armazenado no Laboratório de Palinologia do
Gema/UEM, com o registro inicial de VN1, seguido do número da análise polínica e
da amostra (Vasilha 1 vasilha utilizada como urna funerária: VN1 26.2, 29.2.
Vasilha 2 potes para bebida: VN1 27.4, 30.4. Vasilha 3 vasilha com potes no
interior: 28.5, 31.5). Nesse sítio, o conteúdo palinológico encontrado no interior das
vasilhas
foi
agrupado, apresentando 33 famílias em
um
total de 42 espécies,
39
angios
permas e 3 pterido
fi
tas, nas quais, 8 espécies d
e
hábito
arbóreo, 9 arbustivo, 18
herbáceo,
2 lianas e uma epífita, sendo 4 indeterminadas quanto ao
hábito.
De acordo
com os
levantamentos
das espécies
atuais,
27 dessas espécies
encontram
-se presente
s
44
na área da planície atualmente. Do conhecimento Guarani, 26 entre as 43
são
de
conhecimento dessa tradição, apresentando 3 de uso alimentar, 6 para matéria-
prima
,
11 como medicinal e uma como alimentar e matéria-prima. Entre as esperices de
conhecimento
Guarani, 21 foram denominadas segundo a língua.
(Quadro
3
).
Quadro
3.
Biodiversidade encontrada no sedimento arqueológico do sítio
Rio Ivinhema 1
Família
Espécie
Nome
G
uarani
Funçã
o Atual
N
ome
P
opular
Hábito
Pteridophyta
CYATHEA
CEA
E
Cyathea
sp
arbu
.
GLEYCHENIACEAE
Gleychenia
sp.
herb.
POLYPODIACEAE
Microgramma
sp
M X
erva
-
salvina
epífita
Angios
permae
ACANTHACEAE
Ruellia
sp
Amá
X
herb
.
ALISMATACEAE
E
ch
inodorus
sp.
Taya
ova
X
erva
-do-
brejo
herb
.
AMARANTHACEAE
Chamisso
a
sp
. M
fumo
-
bravo
herb
.
Pfaffia glomerata
Ka'a pari
M X
ginseng
-
brasileiro
arbu
.
APIACEAE
Eryngium
sp
.
Karaguata'y
M X
gertrudes /
gravatá
herb
.
APOCYNACEAE
Tabernae
montana
sp
Sapirangy
MP
X
leitera
arbo.
ARACEAE
Araceae tipo 1
pistia ?
AS
TERACEAE
Conyza
sp.
X voadeira
herb
.
Mi
kania
sp
.
Ysypo cati
M X
guaco
herb
.
Vernonia
sp
.
Yagua ra'í
M X
assapeixe /
cambará
-
guassu
herb
.
BIGNONACEAE
Tabebuia
sp.
Yvyraty
MP
X i
arbo
.
CAPRIFOLIACEAE
Samb
u
cus
sp.
Yva guasu
A
sabugueiro
arbu
.
CE
CROPIACEAE
Cecropia
sp
. X
embaúba
arbo.
CONVOLVULACEAE
Ipomoea
sp.
Jety
A X
batata
-
doce
herb.
CYPERACEAE
Cyperus
sp.
Piri guasu
MP
X
tiririca /
junquinho
herb.
DILLENIACEAE
Davilla rugosa
Kari'o
M X
cipó
-
fogo
liana
45
EPHEDRACEAE
Ephedra
sp
efedra
h
erb.
EUPHORBIACEAE
Chamaes
y
ce h
irta
X
queba
-
pedra
-
rasteira
herb.
Sebastiana
sp
Yvyra sayju
MP
X
mamoninha
arbu
.
FABACEAE
Fabaceae Tipo 1
Fabaceae Tipo 2
FLACOUR
TIACEAE
Flacourtiaceae
tipo 1
arbo
.
LAMIACEAE
Lamiaceae Tipo 1
Marsypia
nthes
?
LEGUMINOS
AE
-
CAESALPINOIDEAE
Bauhinia
sp. 1
pata de vaca
arbo
.
LEGUMINOSAE
MIMOSOIDEAE
Mimosa
sp. 2
Yukery
M X
malícia
-
de
-
boi
arbu
.
MALPIGHIACEAE
Tetrapteris
sp. 1
X
trepadeira
liana
MALVACEAE
Hibiscus
sp.
M
/ A
X
quiabo
arbu
.
MEL
A
STOMATACEAE
Miconia
sp.
Mondururu
X
jacaritião
-
açú
arbo
.
MELIACEAE
Melia azedarach
X
santa
-
bárbara
/ cinamomo
arbo.
MYRSINACEAE
Ardisia
MP
arbu.
POACEAE
Poaceae tipo 1
Kapi'i akua
M X
capim /
grama
herb
.
Poaceae tipo 5
Kapi'i akua
M X
capim
/
grama
herb
.
Zea
sp
Avati
A
milho
arbu.
POLYGONACEAE
Polygonum
sp
.
Ka'atay
M X
erva
-
de
-
bico /
pimenta
-
do
-
brejo
herb.
Rumex
sp.
X
azedinha /
lingua
-
de
-
vaca
herb.
RUBIACEAE
Borreria
sp. 1
Typycha po'y
M X
herb.
Spermacoce
sp
poeia
-do-
campo
herb.
SAPINDACEAE
Cupania
sp.
Ysypo timbó
MP
caboatá
-
vermelho
arbo.
STERCULIACEAE
Melochia
sp
. X
bucha
arbu.
46
6.2.1
. Descrição dos palinomorfos
Pteridophyta
Família:
47
Família:
ACANTHACEAE
Estampa I: 6
Gênero:
Sanchesia
Tipo:
Sanchesia
sp
.
Diâmetro:
44 X 32 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato, exina reticulada grande.
Família:
ALISMATHACEAE
Estampa I: 7a, 7b
Gênero:
Echinodorus
Tipo:
Echinodorus sp.
Diâmetro:
20 x 20 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, poliporado. Ex
ina
formada por
minúsculas
culas. Poro com abertura igual a 3µm.
Família:
AMARANTHACEAE
Estampa I: 8
Gênero:
Chamissoa
Tipo:
Chamissoa
sp.
Diâmetro:
18 x 18 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, esferoidal, tetraporado e com exina microrreticulada.
Poro
diâmetro igual a 2,4µm.
Família:
AMARANTHACEAE
Estampa I: 9a, 9b
Gênero:
Pfaffia
Tipo:
Pfaffia
sp.
Diâmetro:
14 x 14 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, pantoporado, fenestrado.
Família:
APOCYNACEAE
Estampa I: 11
Gênero:
Tabernamontana
Tipo:
Tabernamontana
sp.
Diâmetro:
24 x 27µm
Pólen mônade, médio, isopolar, oblato-esferoidal, triporado, com pseudo-colpos e, com
exina reticulada. Poro com 5µm.
Família:
APIACEAE
Estampa I: 10
Gênero:
Eryngium
Ti
po:
Eryngiun
sp.
Diâmetro:
35 x 27 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, perprolato, tricolporado e com exina psilada.
48
Família:
ARACEAE
Estampa I: 12
Gênero:
Areceae
Tipo:
Araceae tipo 1
P
istia
sp. ?
Diâmetro:
20 x 13 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, prolato
-
esferoidal, di
porado, escabrada. Poro = 3µm.
Família:
ASTERACEAE (COMPOSITAE)
Estampa I: 13a, 13b
Gênero:
Conyza
Tipo:
Conyza
sp
.
Diâmetro:
25 x 26 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, oblato-esferoidal, tricolporado e com a exina apresentando
pequenas espículas. Es
pículas com 5µm.
Família:
ASTERACEAE (COMPOSITAE)
Estampa II: 1a, 1b
Gênero:
Baccharis
Tipo:
Baccharis
sp.
Diâmetro:
20 x 23 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, suboblato, tricolporado e com exina tectada-equinada.
Espículos com 1,5µm
Família:
AST
ERACEAE (COMPOSITAE)
Estampa II: 2a, 2b
Gênero:
Mi
kania
Tipo:
Mi
kania
sp.
Diâmetro:
19 x 18 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, prolato-esferoidal, tricolporado e com exina equinada.
Espículos com 2µm.
Família:
ASTERACEAE (COMPOSITAE)
Estampa II: 3
a, 3b
Gênero:
Vernonia
Tipo:
Vernonia
sp. 1
Diâmetro:
43 x 42 µm
Pólen mônade, médio, apolar, prolato
-
esferoidal com exina equinada
-
fenestrada.
Família:
ASTERACEAE (COMPOSITAE)
Estampa II: 4a, 4b
Gênero:
Asteraceae
Tipo:
Asteraceae tipo 1
Diâmet
ro:
30 x 27 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato-esferoidal, tricolporado, com exina equinada
fenestrada. Espículos com 3µm.
49
Família:
BIGNONIACEAE
Estampa II: 5a, 5b, 5c
Gênero:
Tabebuia
Tipo:
Tabebuia
sp.
Diâmetro:
29 x 27 µm
Pólen mônade, mé
dio, isopolar, prolato
-
esferoidal, tricolporado, com exina baculada.
Família:
BIGNONIACEAE
Estampa II: 6
Gênero:
Bignoniaceae
Tipo:
Bignoniaceae tipo 1
Diâmetro:
45 x 43 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato-
esferoidal, tricolporado, com a exina
baculada.
Família:
CAPRIFOLIACEAE
Estampa II: 7a, 7b
Gênero:
Sambucus
?
Tipo:
Sambucus
sp. ?
Diâmetro:
17 x 16 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, prolato
-
esferoidal, tricolporado, exina baculada.
Família:
CECROPIACEAE
Estampa II : 8
Gênero:
Ce
cropia
?
Tipo:
Cecropia
sp. ?
Diâmetro:
14 x 10 µm
Pólen mônade, peque
no, isopolar, prolato, diporado,
exina psilada. Poro próximo a 2µm.
Família:
CONVOLVULACEAE
Estampa II: 9a, 9b
Gênero:
Ipomoea
Tipo:
Ipomoea
sp.
Diâmetro:
62 x 62 µm
Pólen môn
ade, grande, apolar, esferoidal, pantopotado, equinado. Espículos com 11µm
Família:
CYPERACEAE
Estampa III: 1
Gênero:
Cyperus
Tipo:
Cyperus
sp
.
Diâmetro:
25 x 20µm
Pólen mônade, pequeno, heteropolar, subprolato, ulcerado, exina escabrada.
Família:
DILLENIACEAE
Estampa III: 2
ª, 2b
Gênero:
Davilla
Tipo:
Davilla rugosa
Diâmetro:
21 x 17
µm
50
Pólen mônade, pequeno, isopolar, subprolato, tricolp
51
Pólen mônade, pequeno, isopolar, suboblato, tricolporado, exina reticu
lada.
Família:
FLACOURTIACEAE
Estampa III: 9
Gênero:
Flacourtiaceae
Tipo:
Flacourtiaceae tipo 1
Diâmetro:
32 x 25 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, forma subprolata, tricolpo
rado, exina reticulada.
Família:
GUTTIFERAE
Estampa
III
: 10
Gênero:
Tipo
Kielmeyera
Tipo:
Tipo
kielmeyera
sp.
Diâmetro:
45 x 64 µm
Pólen em tétrades, grande, isopolar, tricolporado e com exina psilada/tegilada. Diametro
acima representa a tétrade.
Família:
LAMIACEAE
Estampa: 11a, 11b, 11c
Gênero:
Lamiaceae
Tipo:
Tipo
Marsypianthes
sp.
Diâmetro:
23 x 32 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, oblato, estefanocolpado e com exina reticulada.
Família:
LAURACEAE
Estampa III: 12a, 12b, 12c
Gênero:
N
ectandra
Tipo:
Nectandra
sp
Diâmetro:
23 x 23 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, inaperturado, exina baculada/clavada.
Família:
LEGUMINOSAE
CAESALPINOIDEAE
Estampa III: 13a, 13b
Gênero:
Tipo
Cassia
Tipo:
Tipo
Cassia
sp.
Diâmetro:
40
x 25 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato, tricolporado, exina psilada com 2µm.
Família:
LEGUMINOSAE
CAESALPINOIDEAE
Estampa IV: 1
Gênero:
Bauhinia
Tipo:
Bauhinia
sp. 1
Diâmetro:
30 x 30 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, esférico, tricolpo
rado e com exina equinada/pilosa.
52
Família:
LEGUMINOSAE
CAESALPINOIDEAE
Estampa IV: 2a, 2b
Gênero:
Bauhinia
Tipo:
Bauhinia
sp. 2
Diâmetro:
53 x 55 µm
Pólen mônade, grande, isopolar, oblato-esferoidal, tricolporado e com exina
equinada/pilosa.
Fa
mília:
LEGUMINOSAE
MIMOSOIDEAE
Estampa IV: 3
Gênero:
Mimosa
Tipo:
Mimosa
sp. 1
Diâmetro:
20 x 13 µm
Pólen em tétrades, pequeno, grãos apolar, tetragonal alongado, exina psilada/granulada.
Medidas se referem a tétrade.
Família:
LEGUMINOSAE
MIMOS
OIDEAE
Estampa IV: 4
Gênero:
Mimosa
Tipo:
Mimosa
sp. 2
Diâmetro:
10 x 12 µm
Pólen em tétrades, pequeno, grãos apolar, tetragonal, exina psilada. Medidas se referem a
tétrade.
Família:
LYTHRACEAE
Estampa IV: 5a, 5b
Gênero:
Cupea
Tipo:
Cupea
sp.
D
iâmetro:
20 x 19 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, prolato
-esferoidal, sincolporado, exina estriada.
Família:
MALPIG
H
IACEAE
Estampa IV: 6a, 6b
Gênero:
Tetrapteris
Tipo:
Tetrapteris
sp. 1
Diâmetro:
42 x 42 µm
Pólen mônade, médio, apolar, esférico, pericolporado, exina psilada. Poro com 10µm de
abertura.
Família:
MALPIG
H
IACEAE
Estampa IV: 7a, 7b
Gênero:
Tetrapteris
Tipo:
Tetrapteris
sp. 2
Diâmetro:
17 x 17 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, pericolporado, exina psilada/escabrada. Poro
53
igual a 3µm.
Família:
MALVACEAE
Estampa IV: 8
Gênero:
Hibiscus
Tipo:
Hibiscus
sp.
Diâmetro:
70 x 70 µm
Pólen mônade, grande, apolar, esférico, pantoporado e com exina equinada. Espículos com
16µm.
Família:
MELASTOMATACEAE
Estampa IV:
9
Gênero:
Miconia
Tipo:
Miconia
sp
.
Diâmetro:
18 x 12 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, prolato, heterocolpado e com exina psilada
Família:
MELASTOMATACEAE
Estampa IV: 1
0
a, 1
0b
Gênero:
Tibouchina
Tipo:
Tibouchina
sp
.
Diâmetro:
14 x 10 µm
Pólen mônade, p
equeno, isopolar, prolato, heterocolpado, exina psilada.
Família:
MELIACEAE
Estampa IV: 11a, 11
b
Gênero:
Melia
Tipo:
Melia azedarach
Diâmetro:
36 x 32 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato-esferoidal, tetracolporado e com exina
lisa/escabrada
.
Família:
MYRSINACEAE
Estampa IV: 12
Gênero:
Myrsinaceae
Tipo:
Tipo 1
Ardisia
?
Diâmetro:
16 x 13 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, subprolato, tricolpado e com exina escabrada (micro-
reticulada?)
Família:
MYRTACEAE
Estampa IV: 13a, 13
b
G
ênero:
Eugenia
Tipo:
Eugenia
sp. 1
Diâmetro:
17µm (equatorial)
54
Pólen mônade, pequeno, isopolar, amb. triangular, sincolporado, com exina escabrada.
Família:
MYRTACEAE
Estampa IV: 14a, 14
b
Gênero:
Eugenia
Tipo:
Eugenia
sp. 2
Diâmetro:
22µm (equato
rial)
Pólen mônade, pequeno, isopolar, amb. triangular, sincolporado, exina escabrada.
Família:
MYRTACEAE
Estampa V: 1a, 1b
Gênero:
Psidium
Tipo:
Psidium
sp.
Diâmetro:
16µm (equatorial)
Pólen mônade, pequeno, isopolar, amb. triangular, sincolporado
e com exina escabrada.
Família:
MYRTACEAE
Estampa V: 2a, 2b
Gênero:
Myrtaceae
Tipo:
Myrtaceae tipo 1
Diâmetro:
17 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, sincolporado, exina escabrada.
Família:
PLANTAGINACEAE
Estampa V: 3a, 3b, 3c
Gênero:
Plantag
o
Tipo:
Plantago
sp.
Diâmetro:
20 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, periporado, exina verrugada. Poros medindo 2µm.
Família:
POACEAE
Estampa V: 4
Gênero:
Poaceae
Tipo:
Poaceae tipo 1
Diâmetro:
28 µm
Pólen mônade, médio, heteropolar, esférico, monoporado, exina escabrada. Anulado. Poro
igual a 3µm com ânulo.
Família:
POACEAE
Estampa V: 5
Gênero:
Poaceae
Tipo:
Poaceae tipo 2
Diâmetro:
30 µm
Pólen mônade, médio, heteropolar, esférico, monoporado, com exina escabrada. Poro
medindo 4
µm.
55
Família:
POACEAE
Estampa V: 6
Gênero:
Poaceae
Tipo:
Poaceae tipo 3
Diâmetro:
43 µm
Pólen mônade, médio, heteropolar, esférico, monoporado, exina escabrada. Poro anulado
igual a 5µm.
Família:
POACEAE
Estampa V: 7
Gênero:
Poaceae
Tipo:
Poac
eae tipo 4
Diâmetro:
24 µm
Pólen mônade, médio, heteropolar, esférico, monoporado, exina escabrada. Poro anulado
medindo 3µm.
Família:
POACEAE
Estampa V: 8
Gênero:
Poaceae
Tipo:
Poaceae tipo 5
Diâmetro:
42 µm
Pólen mônade, médio, heteropolar, monoporado, esférico, exina escabrada. Poro anulado
medindo 5 µm.
Família:
POACEAE
Estampa V: 9a, 9b
Gênero:
Zea
Tipo:
Zea
sp.
Diâmetro:
82 µm
Pólen mônade, grande, heteropolar, esférico, monoporado e com exina escabrada. Poro
anulado medindo 8µm.
Fam
ília:
POLYGONACEAE
Estampa V: 10a, 10b
Gênero:
Rumex
Tipo:
Rumex
sp.
Diâmetro:
29 x 28 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato-esferoidal, tricolporado e com exina micro-
reticulada. Poro igual a 4µm.
Família:
POLYGONACEAE
Estampa VI: 1
a, 1b, 1c
G
ênero:
Polygonum
Tipo:
Polygonum
sp.
Diâmetro:
41 µm
56
Pólen mônade, médio, apolar, esférico, periporado e com exina reticulada.
Família:
RUBIACEAE
Estapa VI: 2a, 2b
Gênero:
Borreria
Tipo:
Borreria
sp. 1
Diâmetro:
23 x 25 µm
Pólen mônade, pequen
o, isopolar, oblato
-esferoidal, estefanocolporado, baculado.
Família:
RUBIACEAE
Estampa VI: 3a, 3b
Gênero:
Borreria
Tipo:
Borreria
sp. 2
Diâmetro:
17 x 19 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, oblato-
esferoidal, estefanocolporado, exina baculada.
Fa
mília:
RUBIACEAE
Estampa VI: 4a, 4b
Gênero:
Psychotria
Tipo:
Psychotria
sp.
Diâmetro:
19 x 20 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, subesferroidal, tricolporado e com exina escabrada.
Família:
RUBIACEAE
Estampa VI: 5a, 5b
Gênero:
Supermacoce
Tipo:
Supermacoce
sp
.
Diâmetro:
13 x 16 µm
Pólen mônade, pequeno, isopolar, suboblato, estefanocolporado, baculada/psilada.
Família:
SAPINDACEAE
Estampa VI: 6
Gênero:
Cupania
Tipo:
Cupania
sp.
Diâmetro:
11 x 21 µm
Pólen monade, pequeno, isopolar, oblato
, sincolporado, com exina psilada.
Família:
SMILCACEAE (LILIACEAE)
Estampa VI: 7a, 7b, 7c
Gênero:
Smilax
Tipo:
Smilax
sp
.
Diâmetro:
16 µm
Pólen mônade, pequeno, apolar, esférico, provavelmente inaperturado, exina espinhosa,
minúsculos espículos.
57
F
amília:
STERCULIACEAE
Estampa VI: 8a, 8b
Gênero:
Melochia
Tipo:
Melochia
sp.
Diâmetro:
49 x 47 µm
Pólen mônade, médio, isopolar, prolato-
esferoidal, tricolporado, com exina microreticulada.
Exina igual a 2µm. Poro com abertura de 10µm.
Família:
TYPH
ACEAE
Estampa VI: 9a, 9b, 9c
Gênero:
Typha
Tipo:
Typha
sp.
Diâmetro:
42 x 28µm (tétrade)
Pólen em tétrade, tetragonal, com grãos apolar, prolato-esferoidal, monoporado, exina
microrreticulada/reticulada, medindo 27 x 26µm.
6.3
. C
ronologia e C
orrela
ções
Arqueológicas e
Palinológicas
.
Os resultados das datações mostram que uma correlação temporal no período de
ocupação dos sítios. Os fragmentos cerâmicos do sitio Rio Baia 1 e sítio Rio Ivinhema 1
obtiveram o
s
seguinte
s
resultado
s:
Quadro
4
:
Cód
igo LVD, amostra, procedência, profundidade, tratamento, dose anual, paleodose e idade
Código
LVD
Amostras
de
cerâmica
Procedência
Profundidade
Tratamento
de superfície
(decoração)
Dose
anual
(µgy/ano)
P
(gy)
TL
Idade
(TL)
1517
BA1
-1
Área de
decapagem 1
quadrícula 5C
20
a
30 cm
E
scovada
2159
49
0,8
380
40
1516
BA1
-2
Área de
decapagem 1
quadrícula 2D
20
a
30 cm
C
orrugada
4339
115
0,8
180
20
VN1
Área de
decapagem
570
40
VN1
Área de
decpagem
600
57
Os resultados obtido
s mostra
m
que o período de ocupação do sítio Rio Baía 1 refere
-
se
a características climáticas semelhantes ao período atual, com influência de clima úmido. O
sítio Lagoa do Custódio 1 – CD1 (22°23’04”S 52°52’08”W, sítio G
uarani
similar), localizado
na Unid
ade
Fazenda Boa Vista Alta (STEVAUX, 1993), de acordo com as datações
fornecidas por Kashimoto (com. pe
s.)
apresentou os seguintes valores: 10 a 20cm = 350 e
58
375 anos; 20 a 30cm = 445 e 480 anos; 30 a 40cm = 595 anos. Assim ao comparar
os
resultados, acei
ta
-
se
valor obtido pela amostra BA1
-
1 (380±40)
como sendo razoável
.
De acordo com Kashimoto e Martins (2005b) os fragmentos cerâmicos do sítio Rio
Ivinhema 1
(Quadro
4
)
apresentou idades de 570±40 e 600±57,
portanto
mais antigo que o
sítio Rio Baía 1. Ess
e
tio
também está inserido a um clima
úm
ido durante o período de
ocupação. Algo que colabora com a diferenciação do período de ocupação trata-se do tio
Rio Ivinhema 1 estar localizado sobre a unidade geomorfológica Taquaruçu, que segundo
Stevaux (1993)
é mais antiga que a
unidade Fazenda Boa Vista Alta.
N
ão
se
obteve diferenciação notável nos resultados referentes ao pH tanto nas
diferentes profundidades de uma mesma trincheira como em sítios diferentes. Os valores
obtidos
permaneceram em torno de 5,8 e 6,8, sendo relativamente mais baixo apenas na
trincheira 3 (sítio
P
AÇ1) 4,8 e 5.
Para Bigarella et al
21
(1996, apud
THOMAZ
, 2000), o solo na mata pode apresentar
pH entre 3,0 a 3,5
devido
à decomposição da matéria orgânica. Na zona de transição da mata
para o cerrado o pH é de 4,1 e 4,8. Nesse caso, os valores obtidos nas amostras
mostram
maiores correlações ao pH de solo em zona de transição do que de zona de mata. Os
resultados palinológicos apresentam táxons de espécies tanto de cerrado quanto de mata,
como
também de áreas
alagadas
, o que colabora na confirmação de que a área durante o
período de ocupação Guarani, correspondia a uma zona intermediária entre a Savana (cerrado)
e a Floresta Estacional Semidecidual.
A análise textural dos perfis revelam acumulo maior de argila e silte nas camadas
próxima
s à
superfície (primeiros 20cm) ou então na parte apical das camadas mais duras, com
grande quantidade de sedimentos de areia fina e muito fina. Esse acúmulo, não favoreceu a
permanência de material políni
co, salvo a 90 cm de profundidade na trincheira 1 –
sítio BI1.
Em toda trincheira 1, sítio Rio Baía 1, registrou-
se
pequena
quantidade de silte e
argila
, tendo apresentado predomínio de areia fina e média. O teor de lama (silte + argila)
reduz
gradativame
nte
após 100 cm de profundidade, partindo de 13%, para 3% na superfície.
A diferença corresponde a mudança
onde o material
que
se encontra
mais compactado
e passa
a ser mais friável, o que aparentemente corresponde que o material mais friável facilita a
pe
rda dessas partículas. O
restante
do perfil
permanece o mesmo padrão (Figura 12).
21
BIGARELLA, J. J. et al
.
Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. In:
Intemperismo
biológico, pedogênese, laterização, bauxitização e concentação de bens minerais. Florianópolis: Editora da
UFSC, vol 2, 1996. p. 431
-
875.
59
Figura 12.
Resultados das análises sedimentológicas
Na trincheira 2, sítio Rio Baía 1, a quantidade se lama apresenta-se reduzida nas
camadas mais profundas (6%), o percentual aumenta a medida que aproxima-se da superfície
(~10%), sendo que a concentração de areia fina é predominante em todo perfil, próximo aos
80% (Figura 12).
60
Na trincheira 3, sítio Canal Araçatuba/Curutuba 1, apresentou um perfil semelhante ao
da
trincheira 1. Iniciou-se a 100cm com teor de lama em torno de 17% e reduziu a
concentração próximo a camada mais dura, entre 20 e 30cm de profundidade, para 10%
(Figura 12). As variações nas porcentagens de areia
fina
relativamente se mantê
m,
uma vez
que
ini
cia
-se a 100cm com concentração máxima, 55%, reduzindo para 53%. Essa redução
nas concentrações de lama e areia fina, reflete no aumento da areia média (de 27 para 36
%)
no ápice da camada mais dura, a 20cm de profundidade. A fração areia grossa é estável e
pouco expressiva
(1%)
.
No interior das vasilhas cerâmicas encontradas no sítio Rio Ivinhema 1 a textura e
específica e diferente dos outros perfis (Figura 12).
F
oram encontrados os mais altos teores de
lama entre todos os sítios analisados, talvez pela impossibilidade de lavagem desse material
por estar contido em recipientes.
No geral,
as amostras
possu
em
percentuais de 4
3
% da fração
argila, 10% de silte, 27% de areia fina, 15% de areia média e 5% de areia grossa. Não
apresentando distorções entre as vas
ilhas.
Com os resultados obtidos foi possível estabelecer uma correlação possível de maior
freqüência de palinomorfos próximo ao início da camada relativamente mais dura. Este fato
deve ser explicado pela dificuldade de percolação da água junto a essa camada e, por
conseguinte, de carregamento do grão de p
ólen
. Esse fato foi observado nas trincheiras 1 e 2
do tio Rio Baía 1, próximo a 90cm e 40cm respectivamente e, na trincheira 3, sítio Canal
Araçatuba/Curutuba 1, próximo a 20cm de profundidade, o que concorda com Dimbleby
(1976).
Nos casos amostrados, as camadas com maior
densidade
de palinomorfos
apresenta
ra
m geralmente cores mais escuras, como no caso da camada cinza muito escura
(
superficial
20cm, trinheira 1), bruno acinzentado (10 30cm, trincheira 2), bruno (10
40cm, trincheira 3) e bruno avermelhado (vasilhas, sítio Ivinhema 1), além da concentração
de
grãos de pólen ocorridos em camadas mais profundas do sítio Rio Baía 1 com cor
bruno
amarelado.
Assim
, a coloração, nos sedimentos de sítios arqueológicos alocados na planície
de inundação do alto rio Paraná, pode servir de guia para se prever a possibilidade de maior
ocorrência de
grãos de
pólen no sedimento.
A presença de vestígios arqueológicos como fogueiras, carvões, fragmentos líticos e
cerâmicos,
por sua vez,
propõe a confirmação de um nível de solo anteriormente ocupado, que
ficou exposto por um tempo e posteriormente sofreu sedimentação, caracterizando um
paleossolo.
Prosseguindo a pesquisa, na trincheira 1 do sítio Rio Baía 1 (F
igura
13), com as
escavações, foi possível determinar duas camadas de vestígios arqueológicos, uma entre 45
61
55cm de profundidade, com material lítico, possivelmente correspondente a ocupação pré-
ceramista e, uma concentração de artefatos cerâmicos na base da camada de TPA
característica da sub-tradição Guarani (20cm de profundidade). Algo interessante a destacar é
a presença de uma camada com partículas de carvão próximo a 80cm de profundidade
(
F
igura
13).
Na trincheira 2 (Figura 14), sítio Rio Baía 1, também foram encontradas camadas
diferenciadas com vestígios arqueológicos. A primeira a 160cm de profundidade com
presença de fragmentos líticos, a segunda,
semelhante
a trincheira 1, sítio Rio Baía 1, próximo
aos 20cm de profundidade, e apenas um artefato a 50cm de profundidade. Nessa trincheira
(TR2
– BA1) detecta-se uma camada com fragmentos de carvão entre 100 e 110cm de
profundidade (
F
igura 14).
Observando ambas as trincheiras, trincheira 1 e 2, sítio Rio Baía 1 (Figuras 13 e 14)
,
pode
-se fazer uma correlação entre ambas de acordo com as camadas com vestígios
arqueológicos encontrados. Então, para ca
racterizar
se esses vestígios realmente
correspondem
a um nível de ocupação, deve-se verificar se o n
ível
estudado
permaneceu
em
superfície
tempo suficiente
de
para receber a chuva polínica. Para isso
aplicaram
-se análises
polínicas nesses veis. A concentração de pólen no sedimento (pólen/cm³) apresentou
correlação direta com a existência dos artefatos encontrados, ou seja, nas camadas onde
apresentam
-se os vestígios, a concentração de grãos de pólen por centímetro cúbico de
sedimento te
ve
uma maior representação (F
iguras 13 e 14).
A maior concentração no sítio Rio Baía 1 ocorreu nas camadas superficiais de ambas
as trincheiras (1 e 2) até 20cm, com valores médios de 5000p/cm³, sendo 3500pólen/cm³ na
trincheira 1 e 6500pólen/cm³ na trincheira 2 (Figuras 13 e 14). Essa camada, corresponde a
TPA, apresenta alterações visíveis na sua coloração e na quantidade de fragmentos cerâmicos
da sub-tradição Guarani.
Próxi
mo aos 50cm de profundidade da trincheira 1, uma grande
quantidade de vestígios líticos foram encontrados, o que não ocorreu na trincheira 2, que
apresent
ou apenas 1
fragmento
. Logo, ao desenvolver as análises polínicas nessa
profundidade, de ambas as trin
cheiras, observou
-se que há de fato uma maior concentração de
material polínico, que fica em média de 1750pólen/cm³ (figura 13 e 14), o que confirma a
presença de um paleonível.
Figura 13.
Correlações da Trincheira 1
Sítio Rio Baía 1, MS
62
Termoluninescência:
380
± 40 anos
(material cerâmico entre 20 e 30cm de prof.)
63
Figur
a 1
4
.
Correlações da Trincheira 2
Sítio Rio Baía 1, MS
Termoluninescência:
180
±
20
anos
(material cerâmico entre 20 e 30cm de prof.)
Um
resultado
diferenciado,
do sítio Rio Baía 1, ocorreu próximo a 160cm de
profundidade, que na trincheira 2 apresentava vestígios líticos, não ocorrendo o mesmo na
trincheira 1. Com as análises polínicas caracterizou-
se
a continuidade da camada e um antigo
nível de ocupação, porém o resultado
diferenciado
se que na trincheira 2, onde se
encontrara
fragmentos, a concentração de grãos de pólen por centímetro cúbico foi pouco
expressiva, sendo que o que determinou a camada de deposição foi a concentração mais
elevada da trincheira 1, próximo aos 2000pólen/cm³, que não apresenta fragmento algum
(Figuras 13 e 14).
Os níveis intermediários entre a ocorrência dos artefatos (entre 40 e 160cm)
aparentav
am ser estéreis, uma vez que o sedimento constituía-se de 90% de areia,
razoavelmente dura. Porém ocorreu uma concentração de pólen significativa entre 80 e 100cm
de profundidade, com média de 1300p/cm³. Essa concentração corresponde a profundidade
onde foram identificados pequenos fragmentos de carvão, com isso, sugere-
se
um outro
período de estabilidade da superfície e acúmulo de grãos de pólen. Nas demais profundidades
a concentração ficou entre 180 e 600p/cm³ (Figuras 13 e 14).
Na trincheira 3, tio Canal Araçatuba/Curutuba 1, a maior concentração de grãos de
pólen
foi encontrada
na camada superficial até 20cm, porém essa camada apresent
ou sinais de
impacto antrópico atual (aração do solo), o que pode ter sido
contaminado
com a chuva
polínica atual. No limite onde foram encontrados artefatos cerâmicos e grandes núcleos de
matéria
-prima lítica, a concentração de pólen foi superior a
s
demais com média de 1300
p/cm³
. Os núcleos de matéria-
prima
sugerem ser este um local de confecção de ferramentas
pela sub-
tradição
Guarani
, o que confirmaria um período mais longo de exposição superficial
(Figura 15). Mais a baixo, em direção a base da trincheira, as concentrações reduziram
para
uma média de
250p/cm³.
No sítio Rio Ivinhema 1, o material proveio das vasilhas e a concentração de
palinomorfos ficou
próxim
a aos 1700
p/cm³
para todas as amostras, o que de certa forma
garant
e que ambos artefatos devem ter sido enterrados, ou abandonados, em um mesmo
período. O pequeno pote de bebida no interior de uma das vasilhas, apresentou concentrações
menores, cerca de 800 p/cm³ (Figura 16). A quantidade de pólen e esporos encontrados no
sedimento pode ter como motivo de variação a característica da área, tanto quando pela
sedimentação,
quanto a chuva polínica do período em que esse solo esteve exposto. Esses
resultados poderão ser incorporados futuramente a pesquisas relacionadas
à
dispersão polínica
de diferentes tipos de vegetação e, assim apresentar modelos relativos a deposição, bem como
auxiliar a Arqueologia na interpretação espacial da área.
64
Figura 1
5
.
Correlações da Trincheira
3
Sítio Próximo Canal Araçatu
ba/Curutuba 1, MS
65
66
Figura 1
6
.
Correlações existentes na
s
análises das vasilhas cerâmicas
Sítio
rio
Ivinhema
1
, MS
Te
rmoluninescência: 570 ± 40 e 600 ± 57 anos (material cerâmico
da área de decapagem
.)
7. CONSIDER
A
ÇÕES
FINAIS
As análises sedimentológicas desenvolvidas nos sítios arqueológicos alocados sobre a
planície de inundação do alto rio Paraná apresentam como característica uma grande
quantidade de areia contida em seu sedimento, esse fator dificulta o processamento químico
para as
análises
palinológicas
devido ao longo período que o material amostrado tem
de
permanecer exposto
a reagentes.
Soma
-
se ainda
o período de aquecimento
em que
as amostras
são submetidas, favorecem a degradação e escurecimento da exina. Análises desenvolvidas
com a metodologia padrão (YBERT, et al
,
1992, BRUCH; PROSS, 1999) nas camadas
com
características
da sub-
tradição
Guarani, quando possuíam resultados
satisfatórios
(não estéril)
resultavam em um material muito escuro, com grãos de pólen com a exina
opaca
ou rompida
.
Isso
se deve
possivelmente à
degradação
que os palinomorfos sofrem pela oxidação natural no
sedimento, que provoca a perda de hidrogênio e oxigênio, caracterizando a carbonização
sofrida, ou seja a perda de voláteis.
Para obtenção de resultados satisfatórios, alterou-se a metodologia padrão por meio de
uma
pré
-
seleção
do material, a fim de reduzir a quantidade de areia das
amostras.
Essa
alteração
aumentou sensivelmente o sucesso da a análise polínica em sedimentos arenosos,
principalmente no
caso daqueles associados à planície aluvial do alto rio Paraná
.
Nos ambientes estudados, a densidade de palinomorfos não mostrou relação com as
variáveis texturais e nem com o
pH
dos sedimentos
(Figuras 13, 14, 15 e 16). A única
variável
mais
efetiva é a cor do sedimento. Os sedimentos com coloração mais escura, nesse caso,
freqüentemente apresentaram maior concentração de palinomorfos. A presença do material
polínico nos sítios estudados mostra
ra
m que a concentração de pólen no sedimento
correlaciona
-
se
positivamente
ao período de exposição d
a
superfície
, à dispersão polínica da
vegetação de
entorno
e ao tempo de soterramento desse material.
Assim,
pontos ideais para as
coletas de material para
interpretação
polínica em tios
arqueológicos
estão nas cama
das
típicas de
TPA, com características de sedimento antropizado.
As
concentrações
de palinomorfos do sítio Rio Baía (Figuras 13 e 14)
ocorre
ra
m em
quatro níveis, o que sugere a existência de quatro períodos de
estabilidade
paleoambiental
para a área. O primeiro vai desde a superfície até próximo aos 25cm de profundidade, e
sse
paleossolo apresenta como característica marcante a existência de fragmentos
cerâmicos
datados de 180±20 e 380±40, com
alteração da
coloração
do sedimento que caracteriza a TPA
e densidade polínica com media de 5000 p
ólen
/cm³.
Mais abaixo densidade se reduz a
67
68
500p/cm³. Entre 40 e 50cm de profundidade quantidade de material polínico apresenta outra
elevação, não tão expressiva como no primeiro caso, mas com valores médios entre 1000 e
1800p/cm³. Concomitante a isso, na trincheira 1
,
para esse nível,
há inúmeros ves
tígios líticos
,
que não existem na trincheira 2, porém a quantidade de palinomorfos é correspondente.
Observando esse valor, defini-se essa camada, entre 40 e 50cm de profundi
dade,
como um
segundo período onde houve estabilidade paleoambiental, que certamente favoreceu a
ocupaç
ão da área por povos pretéritos, confirmado pelos artefatos líticos, encontrados na
transição de sedimentos compostos predominantemente por areia fina muito friável, para uma
camada mais compactada, mais dura.
Entre 70 e 150cm de profundidade o sedimento constitui-se de partículas de areia
muito fina, maciça e homogênea. Acredita-se que esse material pode evidenciar condições
não
favoráveis para a preserv
ação
dos palinomorfos por estar provavelmente associado à
intensa
atividade
eólica
num clima mais seco. Esse período provocou intensa remobilização
de
sedimentos, com provável destruição de palinomorfos e de matéria orgânica. Ne
ssa
camada a
densidade
de pa
linomorfos
foi inferior a 500p/cm³, salvo a profundidade entre 90 e
100cm, onde ocorreu uma maior concentração, atingindo o máximo de 1500
p/cm³. Essa maior
concentração propõe um terceiro período de estabilidade paleoambiental, favorecendo a
deposição do material polínico. Nessa camada juntamente com o aumento da densidade de
palinom
o
rofos há a presença de
pequenos
fragmentos
de carvão
que pode sugerir a ocorrência
de queimadas em clima ligeiramente mais seco, ou por atividades antrópicas pretéritas que
ocu
pavam a região. Pouco abaixo de 150cm de profundidade a concentração de areia muito
fina têm uma leve redução, essa mudança é marcada pela existência de materiais líticos
representados na trincheira 2 (Figura 14). Nessa profundidade as análises palinológic
as
apresentaram uma maior concentração de pólen, logo não ultrapassou a quantidade de
1000p/cm³. Na trincheira 1, nessa mesma profundidade, não foi encontrado nenhum artefato,
mas
a quantidade de
palinomorfos teve uma elevação para próximo de 1800p/cm³ (Fi
gura 13),
o
que
caracteriza
um
a quarta zona
,
de maior deposição polínica
,
encontrada.
No caso do sítio Próximo Canal Araçatuba/Curutuba não evidencia de TPA em
superfície. As amostras de superfície e subsuperfície (0 20cm) apresentaram uma
concentraç
ão próxima aos 2000p/cm³, porém esse material constitui-se em sua maioria de
material recente. Entre 30 e 40cm alguns artefatos cerâmicos foram encontrados. Abaixo de
40cm até 55cm, presença de material lítico lascado e de grandes núcleos de matéria pri
ma.
Essa proximidade entre os materiais líticos e cerâmicos, se corresponderem a um mesmo
período de ocupação,
propõe a possibilidade de ser uma área de confecção de artefatos líticos,
69
ferramentas e coleta de matéria prima, ou então um local de acampamento para caça.
Os
resultados da concentração palinológica para essas profundidades mostram uma concentração
próxim
a aos 1800p/cm³ com artefatos cerâmicos, e próxima aos 1600p/cm³ com materiais
líticos
(Figura 15). O fato
constatado
é que entre esses materiais, as análises polínicas
apresentaram uma redução acima de 50% de pólen no sedimento.
Isso
sugere a possível
ocorrência de um período de pouca sedimentação,
erosão
ou oxidação. Com essa informação,
pode
-se propor que esse material lítico abaixo dos 40cm corresponda ao mesmo período do
material encontrado no sítio Rio Baía 1, na mesma profundidade.
As concentrações obtidas nas vasilhas cerâmicas do sítio Rio Ivinhema 1, datadas em
570±40 e 600±57, apresentam uma concentração sempre próxima a 1600p/cm³, que sugere
terem sido enterradas em períodos semelhantes ou próximos. Quando comparado com os
outros níveis analisados com material cerâmico, essas amostras apresentam uma baixa
concentração, fato que pode estar correlacionado à degradação natural, uma vez que esse
ponto apresenta datações e características geomorfológicas que antecedem os demais pontos
de coleta.
A diversidade
vegetal
existente nos sedimentos dos sítios arqueológicos com
características
da sub-tradição Guarani, levantada neste trabalho, identifica a presença de 40
famílias, representadas por 67 espécies diferentes, somando-
se
os três sítios, sendo 63 de
angios
permas e 4 de pteridophytas. Entre essas espécies, 17 possuem o hábito arbóreo, 13
arbustiv
o,
27
herbáceas, 4 lianas, 1 epífita e 5 não foram determinadas. Entre as 67 espécies
identificadas, 45
encontram
-se atualmente na
área
de estudo
.
Entre as espécies identificadas, existem exemplares que caracterizam tanto uma
vegeta
ção de clima mais úmido quanto de clima mais seco, representando bem as transições
climáticas existente
s.
E
spécies
encontradas
como
as
da família A
pocynaceae
, Sapindaceae,
Meliaceae,
Loranthaceae
, Cytheae e, espécies como
Microgramma
sp.,
Polypodium
sp. e
Davilla rugosa caracterizam a influê
ncia
de
umidade
e temperatura alta (SCHULTZ, 1963 E
SOUZA
et al.,
1997)
, possivelmente formando uma vegetação densa, com predomínio de
espécies arbóreas
70
estar presente nessa área à um longo período, que favoreceu a presença da mesma espécie
nos
dois
ambientes
.
Os resultados das dataçõe
s
(180±20 e 380±40 para o sitio Rio Baía 1, 570±40 e
600±57 para o sítio Rio Ivinhema e outras apresentadas por KASHIMOTO e MARTINS,
2005b
)
mostra
m que os sedimentos Guarani estudados t
iveram
ocupação em um período com
predo
mínio de clima úmido. De acordo com as espécies encontradas nos sedimentos, tendo
como base os as espécies mais representativas na constituição do ambiente de mata para a
região como apresentado por S
ouza
(1998), é possível pensar na reconstituição da
provável
paisagem vegetativa for
mada
pela
s
espécies encontradas
, auxiliando em futuras interpretações
da
cultural landscape.
Assim,
na área de entorno dos rios e
das
lagoas ocorreriam espécies
como
Cyperus
sp.,
Polygonum
sp. e Typha
sp.,
que
caracterizam um ambiente próximo a
corpos d’água,
com
influência
dos níveis de cheia e vazante, marcando a presença dessas
espécies em solos hidromórficos ou de encosta, que passam longo períodos alagados. Em um
nível intermediário, nas áreas inundadas
periodicamente
, seria destacada a presença de
herbáce
as como po
aceae, asteraceae,
Chamaesyce hyssopifolia,
Echinodorus
sp.,
novamente o
Cyperus
sp. e também arbustos como a
Pfaffia
sp. Junto a essas espécies, com o hábito
diferenciados
, iriam apresentar espécies arbóreas como o
Celtis
sp.,
Cecrópia
sp. e Nec
tandra
sp. que geralmente estão aloca
da
s próximas a margens de cursos d’água e sugerem relação a
existência de uma vegetação ripária, acompanhada em seguida da presença da
Davilla
rugosa
e
Psychotria
sp.. Caso houvesse a presença de diques, além das anteri
ores,
poderia apresentar
como vegetação característica espécie como a
Pístia
sp.. Entre as espécies que geralmente
ocupam as partes mais elevadas, melhor drenadas,
registra
ria-se a presença de
Tabernaemontana
sp.,
Eugen048 Tf0.09765 0 0 -0.09765 1402 6086 Tm9765 3273 9191 Tm99.91 Tz((e)Tj0.09765 0 0 -0.09760 -0.09765 8502 6776 Tm100.06 Tz(Pfaffia )Tj/F0 2040 71-0.09765 140065 0 0 6776 Tm100.06 Tz(Pfaffia )Tj/F0 2045030 Tz( )Tj/F/F0 204bebu -0.09765 5803 8501 Tm(s)Tj0.09765 0 0 -0.09765 5881 50 Tz( )T)Tj/F0 2048 Tf0.09765 0 0 1890 Tz( )T
Figura 17.
Possível formação vegetal da área de estudo
dur
ante a ocupação Guarani
71
Felipim (2001) afirmou que os Guarani, ao mesmo tempo em que reproduziam em
outras localidades seus cultivares trazidos pelos grupos em suas migrações, incorporavam ao
acervo de plantas úteis outros itens, provenientes das trocas de experiências com outros
grupos, ou até do reconhecimento do espaço ocupado.
A presença de algumas espécies encontradas é de grande importância, como o caso da
Convolvulaceae,
Ipomo
ea
sp., que mostra a possibilidade de manejo dessa espécie, tanto
como
fonte de alimentação (batata-
doce,
Ipomoea batatas), sendo uma das bases da
alimentação, principalmente para mulheres em dieta, após terem filhos, como também para
uso medicinal como emoliente ou para gargarejos. Outra espécie de grande representação é o
caso da espécie de Zea sp., que representa a possibilidade de cultivo do milho nas mediações.
Felipim (2001) afirmou para os Guarani o cultivo de até 21 espécies de batata-doce e de 13
qualidades diferentes de milho. O fato das espécies de
Ipomoea
sp. e Zea sp. estarem
representadas tanto no sítio Rio Ivinhema 1, quanto no sítio Rio Baía 1, que possuem datações
distanciadas em aproximados 200 anos, pode
-
se indicar a possibilidade de manejo permanente
dessas espécies, sugerindo a confirmação do transporte desse material junto a ocupação de
novas áreas. O mesmo fato possivelmente ocorra com a espécie de Chamissoa sp, que
freqüentemente indica o manejo de vegetação.
Outras espécies que indicam a ação de manejo Guarani para a área são as espécies
Chamissoa sp.,
Psychotria
sp. e Hibiscus sp., que representam o fumo-bravo, café-do-mato e
o quiabo respectivamente. A Chamissoa sp. possui funções medicinais como c
icatrizante,
diurética, emoliente, mucilaginosa, como também estava presente nos mais diferentes rituais.
A
Psychotria
sp. tem uso classificado como medicinal e alucinógena para eventos festivos e, a
espécie de
Hibiscus
sp. tem função alimentar e medicinal (NOELLI, 1998a
).
Outro fato
importante é a presença da espécie
Plantago
sp., que está sempre associada a perturbação d
a
vegetação causada pelo homem.
Algumas espécies tinham uso constante pelos Guarani devido às várias funções
(NOELLI, 1998a), mas seu uso geralmente provinha da disponibilidade da planta no
ambiente, não dependendo do cultivo ou manejo, entre essas espécies se destacam a
Borreria
sp.
emética,
Polypodium
sp. a
dstringente
, antidiarreica e antiinflamatória,
Ocotea
sp.
a
dstringente
e
tônica,
Cyperus
sp.
a
ntidisentérica
e balsâmica,
Miconia
sp.
a
romática
e
tônica,
Baccharis
sp.
– a
frodi
síaca, anticefalálgica, anti-térmica, diurética, estomáquica e
tônica
, entre outras.
Os Guarani também utilizavam vários tipos de cipós na confecção de artesanato, para
composição de armadilhas e para construção de suas casas. Segundo Felipim (2001), eles
72
73
retiravam essas plantas do interior das matas, plantando-as e cultivando-as próximo as casas.
As informações das espécies encontradas, quando relacionas com seu uso, hábito,
função e demais informações apresentadas na literatura, mostram que
integrantes
da sub-
tradição
G
uarani
certamente contribuíram para a dispersão de espécies na área, contribuindo
para formação da paisagem e diversidade atual. Assim, com os dados referentes a descrição
palinológica e correlação de uso, hábito e função das espécies, irão contribuir como base na
análise comparativa com outros sítios arqueológicos alocados na região favorecendo na
criação de um panorama regional da vegetação.
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81
APÊNDICE
A
Estampas de
Fo
rmas
P
olínicas
83
84
85
86
87
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