76
produzem húmus com a queda de suas folhas e têm a vantagem de enriquecer o
solo com azoto e abrigar inimigos naturais de pragas.” (SAES; SOUZA; OTANI,
2001, p.28). De acordo com os mesmos autores, citando Lima (1946), no ano de
1904, já era possível perceber uma presença marcante da ação regeneradora que
as ingazeiras causavam, assim “replantadas as falhas”.
Entretanto, em 1962, houve uma intensa redução da produção cafeeira
ocasionada pelo Programa de Erradicação de Cafezais, que buscava eliminar os
cafezais considerados inaptos (com produtividade abaixo de 6 sacas
beneficiadas/1.000 pés), implantado pelo Governo Federal através do Grupo
Executivo de Racionalização da Cafeicultura , GERCA (COOABRIEL, 2005). Dessa
maneira, eram incentivados outros cultivos agrícolas, entre os quais, o principal foi a
bananicultura, que perdura até hoje.
A cultura cafeeira, juntamente com o cultivo de cana-de-açúcar, nas áreas
de planície alveolares, definiu boa parte do processo de ocupação econômica, na
região serrana. Mesmo com as desvantagens topográficas, o solo e o clima foram
essenciais para a produção se efetivar, não havendo maior expansão, em
decorrência das dificuldades de transporte.
Em conseqüência do desenvolvimento econômico da região, a Vila erigida
(1763), formada e denominada Vila Real Monte Mor-o-Novo da América,
transformava-se em Cidade, com o nome de Baturité, pela Lei Provincial nº 844, de
09 de agosto de 1858. O nome, então, denominou toda a região.
O topônimo indígena Baturité, que empresta denominação ao Maciço,
passou a uso oficial apenas no século XIX. Revelando a valorização tardia
da língua do antigo habitante, essa apropriação simbólica do lugar pelo
colonizador foi difundida através do instinto de nacionalidade que moveu a
independência política no primeiro quartel daquele século. Esse impulso
político reforçou a utilização dos topônimos indígenas, revelando uma
paradoxal produção de sentido do ‘nativo sem nativo’. (...) A versão
etimológica de Gil Amora afirma que o nome original do lugar não era
Baturité e sim Batieté. Em apoio a essa versão, é resgatada a fala popular
de velhos habitantes do lugar, caboclos de origem indígena, que
pronunciavam (Batieté). Em tupi, esse topônimo vem a ser: bu (sair,
rebentar, sair da fonte), ty (água) e eté (boa), que exprime butieté (sair
água boa), em provável alusão às inúmeras fontes de água de qualidade
na área serrana do maciço. (IBAMA, 2002:73).
Enfim, vilas desmembram-se de Baturité, constituindo-se em municípios
pertencentes à região, a exemplo de Mulungu.