possíveis, como também o anúncio se converte numa realização estética” (Vestergaard e
Schroder, 1998, p.7).
Já Michel Foucault
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, pensador pós-moderno, trabalha aspectos da dominação social
presente nas diversas instituições, tais como escolas, presídios, hospícios e hospitais.
Desenvolve, nessa análise, a idéia dos micro poderes, espalhados por toda a estrutura social.
Afirma que, como a sexualidade também se origina no processo de produção (do discurso, da
fala e do desejo), não é de se surpreender que a sedução tenha sido ocultada.
Acompanhando os mecanismos de controle social e punição, que se tornaram cada
vez menos visíveis e mais racionalizados, o pensador pós-moderno caracterizou a sociedade
contemporânea como uma sociedade disciplinar. Nela prevalece a produção de práticas
disciplinares de vigilância e controles constantes, que se estendem a todos os âmbitos da vida
do homem. Exemplificando: nota-se o tratamento científico dado à sexualidade, no qual o
comportamento sexual é normatizado por meio do convencimento racional dos indivíduos
sobre os cuidados necessários à sua vida sexual. Instaura-se o recalque
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, deixando, portanto,
pouco ou nenhum espaço para o ato de seduzir, para os artifícios da sedução dos quais os
indivíduos poderiam lançar mão para conquistar seu objetivo final.
Temos vivido sempre na promoção da natureza – seja de uma outrora boa
natureza da alma, de uma boa natureza material das coisas ou ainda de uma
natureza física do desejo – a natureza persegue seu advento através de todas
as metamorfoses do recalcado, através da liberação de todas as energias,
sejam elas psíquicas, sociais ou materiais. Ora, a sedução nunca é da ordem
da natureza, ela é da ordem do artifício; nunca da ordem da energia, mas é da
ordem do signo e do ritual (BAUDRILLARD, 2000, p. 09).
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Para o francês Foucault, pensador do pós-modernismo, o poder se fragmentou em micro poderes e se tornou
muito mais eficaz. Em vez de se deter apenas no macro poder concentrado no Estado, Foucault analisou esses
micro poderes que se espalham pelas mais diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos por
uma rede imensa de pessoas que interiorizam e cumprem as normas estabelecidas pela disciplina social.
Exemplo: pais, porteiros, enfermeiros, professores, secretárias, fiscais, etc. Seu objetivo foi o de colocar à mostra
estruturas veladas de poder. Adotando como ponto de partida a noção de que os valores - o bem e o mal, o
verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o sadio e o doente, etc. – são consagrados historicamente em função de
interesses relativos ao poder dentro da sociedade. Em outras palavras, a definição do que é bom, do que é
verdade, do que é sadio depende das instâncias nas quais o poder se encontra.
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Exclusão inconsciente de certas idéias, sentimentos e desejos que o individuo não quisera admitir e que,
todavia, continuam a fazer parte de sua vida psíquica, podendo dar origem a graves distúrbios.