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Apraz-me hoje, a cem anos de sua canonização, repropô-la como
sinal de esperança, especialmente para as famílias. Caras famílias
cristãs, que saibais também vós, imitando seu exemplo, encontrar na
adesão a Cristo a força para levar a termo vossa missão a serviço da
civilização do amor! Se perguntarmos a Rita qual é o segredo para
essa extraordinária obra de renovação social e espiritual, ela nos
responderá: a fidelidade ao Amor crucificado. Rita, com Cristo e
como Cristo, chegou à cruz sempre e só por amor. Como ela, então,
voltemos o olhar e o coração a Jesus morto na cruz e ressuscitado
pela nossa salvação. E ele, o nosso Redentor, que torna possível,
como fez para esta querida santa, a missão de unidade e de
fidelidade que é própria da família, também nos momentos de crises
e de dificuldades. É ainda ele que torna concreto o empenho dos
cristãos no construir a paz, ajudando-os a superar os conflitos e as
tensões, infelizmente tão freqüentes na vida cotidiana.
A santa de Cássia pertence às grandes fileiras das mulheres cristãs
que ''tiveram significativa incidência sobre a vida da Igreja, como
também sobre a da sociedade'' [Carta apostólica Mulieris dignitatem,
27]. Rita interpretou bem o “gênio feminino'': viveu-o intensamente,
quer na maternidade física, quer na espiritual. Recordava, no sexto
centenário de seu nascimento, que sua lição “se concentra nestes
elementos típicos de espiritualidade: a oferta do perdão e a aceitação
do sofrimento, não já por uma forma de resignação passiva [...], mas
pela força daquele amor por Cristo que sofreu justamente no
episódio da coroação, com as outras humilhações, uma atroz parodia
de sua realeza”. Caríssimos irmãos e irmãs, a devoção a santa Rita,
no mundo, é simbolizada pela rosa. E de esperar que também a vida
de todos os seus devotos seja como a rosa recolhida no jardim de
Roccaporena, no inverno que precedeu a morte da santa. Isto é, que
seja uma vida sustentada pelo amor apaixonado pelo Senhor Jesus;
uma existência capaz de responder ao sofrimento e aos espinhos
com o perdão e o dom total de si, para difundir por toda a parte o
bom perfume de Cristo [2 Cor. 2,15], mediante o anúncio coerente e
vívido do Evangelho. A cada um de vós, caros devotos e peregrinos,
Rita entrega novamente a sua rosa; recebendo-a espiritualmente,
empenhai-vos em viver como testemunhas de uma esperança que
não frustra e missionários da vida que vence a morte.
(BERGADANO, 2003, p. 110-112).
Em decorrência disso, se faz necessário ir à busca de subsídios, para compreender
como se deu a construção desta identidade, a partir da Idade Média, e levantar a
correspondência entre identidade e experiência religiosa, sua influência na
construção e apropriação do feminino. O pano de fundo do relato-mito de Santa Rita
de Cássia são os séculos 13 e 14 e o mundo moderno.