sejam legisladores ou executores das leis, são diametricamente opostos por
estarem numa posição excepcional.
Por mais democráticos que sejam seus sentimentos e suas intenções, atingida
uma certa elevação de posto, vêem a sociedade da mesma forma que um
professor vê seus alunos, e entre o professor e os alunos não há igualdade. De
um lado, há o sentimento de superioridade, inevitavelmente provocado pela
posição de superioridade que decorre da superioridade do professor, exercite
ele o poder legislativo ou executivo. Quem fala de poder político, fala de
dominação. Quando existe dominação, uma grande parcela da sociedade é
dominada e os que são dominados geralmente detestam os que dominam,
enquanto estes não têm outra escolha, a não ser subjugar e oprimir aqueles que
dominam. Esta é a eterna história do saber, desde que o poder surgiu no
mundo. Isto é, o que também explica como e porque os democratas mais
radicais, os rebeldes mais violentos se tornam os conservadores mais
cautelosos assim que obtêm o poder. Tais retratações são geralmente
consideradas atos de traição, mas isto é um erro. A causa principal é apenas a
mudança de posição e, portanto, de perspectiva.
Na suíça, assim como em outros lugares, a classe governante é completamente
diferente e separada da massa dos governados. Aqui, apesar da constituição
política ser igualitária, é a burguesia que governa, e é o povo, operários e
camponeses, que obedecem suas leis. O povo não tem tempo livre ou
educação necessária para se ocupar do governo. Já que a burguesia tem
ambos, ela tem de ato, se não por direito, privilégio exclusivo. Portanto, na
Suíça, como em outros países a igualdade política é apenas uma ficção pueril,
uma mentira.
Separada como está do povo, por circunstâncias sociais e econômicas, como
pode a burguesia expressar, nas leis e no governo, os sentimentos, as idéias, e