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●Primeiro Estágio: Sensório-motor (0 – 2 anos).
Pode-se dizer que esse período é decisivo para todo o curso da evolução
psíquica, pois representa a conquista, por meio da percepção e dos movimentos, de
todo o universo prático que cerca a criança. No início desse desenvolvimento, o
recém-nascido traz tudo para si, para seu corpo, no final, com o aparecimento da
linguagem e do pensamento, ele se coloca, praticamente, como um elemento ou
corpo entre os outros (PIAGET, 1993).
Esse período caracteriza-se por uma inteligência prática, baseada na ação,
no movimento e nas percepções. Inicialmente, a capacidade da criança é puramente
reflexa, suas únicas ferramentas são os atos biológicos que gradativamente vão se
modificando.
A modificação dos reflexos é através do seu próprio funcionamento que aos
poucos vão se tornando esquemas sensório-motores. Por exemplo, da necessidade
de sugar para sobreviver à fome, que inicialmente é um ato reflexo, esse primeiro
sugar vai se transformar num ato voluntário, num “saber sugar”, que pode ser
aplicado a outros objetos como o brinquedo, a roupa, o canudinho, etc. e não
somente ao seio materno. Assim, a criança desenvolve ações para se adaptar cada
vez melhor ao meio em que vive, como ver, ouvir, tocar, etc. que também são postos
a funcionar (ASSIS, 2003).
Esses esquemas, que inicialmente permitem a criança organizar os estímulos
ambientais, ao final desse estágio, darão a criança condições de lidar, mesmo que
de modo rudimentar, com uma variedade de situações.
Durante esse período, o bebê desenvolve a permanência do objeto, ou seja, a
compreensão de que os objetos do ambiente existem mesmo que ele não os
perceba ou toque e torna-se capaz de representá-los mentalmente.
No ponto de partida da evolução mental, não existe, certamente, nenhuma
diferenciação entre o eu e o mundo exterior, isto é, as impressões vividas e
percebidas não são relacionadas nem à consciência pessoal sentida como
um “eu”, nem a objetos concebidos como exteriores. São simplesmente
dados em um bloco indissociado, ou como que expostos sobre um mesmo
plano, que não é nem interno nem externo, mas meio caminho entre esses
dois pólos. Estes só se oporão um ao outro pouco a pouco. Ora, por causa
desta indissociação primitiva, tudo que é percebido é centralizado sobre a
própria atividade. O eu, no início, está no centro da realidade, porque é
inconsciente de si mesmo e à medida que se constrói como uma realidade
interna ou subjetiva o mundo exterior vai-se objetivando. Em outras
palavras, a consciência começa por um egocentrismo inconsciente e