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das Assembléias de Deus. O crescimento da igreja, à luz da Bíblia, é conseqüência de
evangelismo, discipulado e oração; e o avivamento, fruto de jejum, oração e de
arrependimento, e não resultado de usos, costumes e tradição.
Nem tudo que é extra bíblico é antibíblico. Nem tudo que nos interessa é condenado e
pecado. Não podemos julgar ou condenar outros grupos porque adotaram liturgias
estranhas e costumes diferentes dos nossos, e nem alcunhar nossos companheiros de
ministério de liberais, pois “liberal” é uma palavra ofensiva. Os liberais sãos os que
não acreditam na inspiração e autoridade das Escrituras, os que negam o nascimento
virginal de Jesus, não reconhecem a existências de verdades absolutas. Discordar
deles é uma coisa, mas agredir é outra muito diferente, e fere o espírito cristão do
amor fraternal. Devemos, sim, preservar os nossos costumes.
A salvação é um ato da graça de Deus pela fé em Jesus. A Bíblia ensina que somos
salvos pela fé em Jesus (Rm 3.28; Gl 2.16; Ef 2.8-10; Tt 3.5). Todos os crentes são
salvos porque um dia ouviram alguém falar de Jesus e creram nessa mensagem.
Ninguém fez nada, absolutamente, para ser salvo, a não ser a fé em Jesus. Como
conseqüência da salvação temos o fruto do Espírito (Gl 5.22). A vida de santificação
é resultado da nova vida em Cristo, e não um meio para a salvação. Cristianismo é
religião de liberdade no Espírito e não um conjunto de regras e de ritos. Acrescentar
algo mais que a fé em Jesus como condição para salvação é heresia e desvio da fé
cristã (Gl 5.1-4). Mas, ir além da liberdade cristã, extrapolando os limites é
libertinagem (Gl 5.13). A fé cristã requer compromissos e por isso vivemos uma vida
diferente do mundo, do contrário essa fé seria superficial e não profunda, como
encontramos no apóstolo Paulo (Gl 2.20). Não existe instituição sem normas, nós
temos as nossas.
Quando os gentios de Antioquia se converteram à fé cristã a igreja de Jerusalém
enviou Barnabé para discipular aqueles novos crentes (At 11.20-22). Ele Entendia
que os costumes só devem ser mantidos quando necessários, pois ensinar costumes,
culturas e tradições como condição para salvação, é heresia e caracteriza seita.
Barnabé sabia que a tradição judaica era mais uma forma de manter a identidade
nacional e que isso em nada implicaria na salvação desses novos crentes, portanto,
não seria necessário observar o ritual da lei de Moisés (At 15.19, 20).
Os judeus não eram mais crentes do que os gentios por causa dos seus costumes e
nem consideravam os gentios menos crentes do que eles. Pedro pregava aos judeus o
“evangelho de circuncisão”, enquanto Paulo o da “incircuncisão”, ou seja, Pedro
pregava aos judeus e Paulo aos gentios (Gl 2.7-9). Não se trata de dois evangelhos,
mas de um só evangelho, apresentado de forma diferente. Isso é muito importante
porque as convicções religiosas são pessoais e o apóstolo Paulo respeitava essas
coisas. Havia os irmãos que achavam que devia guardar dias e se abster de certos
alimentos, outros consideravam iguais todos os dias e comiam de tudo (Rm 14.1-8).
Ele não procurou persuadir a ninguém dessa ou da outra maneira.
Diante disso, aprendemos que nenhum pastor deve persuadir o crente para deixar de
observar os costumes da igreja. Isso é algo de foro íntimo. Da mesma forma, um não
deve criticar o outro, porque o que ambos fazem é para Deus, além disso, o apóstolo
via que se tratava de uma questão cultural (Rm 14.6-10). Proibições sem a devida
fundamentação, principalmente bíblica, é fanatismo. Quem faz de sua religião o seu
Deus não terá Deus para sua religião.
Isso nos mostra que o nossos costumes não são condição para a salvação, eles devem
ser mantidos para a preservação de nossa identidade como denominação. Não
devemos criticar os outros e nem forçar ninguém a crer contra suas próprias
convicções religiosas. Há pastores que agridem o rebanho e desrespeitam seus
companheiros porque querem demolir nosso patrimônio histórico-espiritual a todo
custo. Deus quer a Assembléia de Deus como ela é, na sua maioria. As outras
denominações foram chamadas como elas são, é assim que Deus quis, Ele é soberano.
O mesmo Jesus que chamou Mateus disse para outros que não o seguissem. A
vontade de Deus para a minha vida não a mesma para a vida de outras pessoas.