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macho lutando, o que vosmecê nunca fez na
vida, trempe, aquela força é uma fraqueza,
venha de lá fraqueza do governo, me solto,
me destaramelo, me vou e é assim mesmo, na
idéia umas lembranças, na mão uns
bacamartes, nos pés uma fincada, minha
vida e a laranjeira morta e a lua que
Luzinete mora, espie aí, coisa, é uma
fraqueza e miles homens desses é como nada
e como eu tem mais aqui, essa é uma terra de
macho, viu traste, e a terra que me pariu vai
me vomitar de novo, quantas vezes me
enterrarem, quem tem amigo nesse mundo,
ôi Amaro, viu Amaro, olhe que jias brancas
nos tijolos do chão, não estremeça, trem, veja
que terra essa, com a morte deslizando pelo
rio, as caras deles nem se enxerga, mas veja
que terra essa, com nós aqui plantados no
chão, não semos a mesma coisa? não semos a
mesma coisa? é engraçado como vem esses
homens e esses homens nenhum está
pensando nada, porque todos estão somente
sentindo, veja bem, eu sinto, eles sentem,
tudo sente, olhe essa água salgada, sujeito,
que veio lá de dentro dos matos de Sergipe e
vai chegando devagar Morcego, Cotinguiba,
Jacarecica, Ganhamoroba, Poxi, Pomonga e
o Vaza-barril e o Piauí e o Itamirim e o Siriri
e o Japaratuba, veja coisa, é até bonito essa
água vindo de lá de dentro, isso tudo não é
uma coisa só? a minha cara de cinza, o meu
cabelo de terra ... (SGO: p. 154-155)
can see a man fighting, which is something
you never did in your life, trash, that force is
a weakness. Come over here government
weakness, I let myself loose, I let go, I go and
that’s the way it is, in my mind some
memories, in my hand some shooting rods,
and my feet standing fast, my life and the
dead orange tree and the moon where
Luzinete lives, take a look, creature, it’s a
weakness and one thousand of those men are
like nothing and there are more like me here,
this is a man’s land, hear junk, and the land
that foaled me is going to vomit me back no
matter how many times I am buried, who
has a friend in this world. Hey Amaro, see
Amaro, look what white frogs on the floor
bricks. Don’t tremble, trinket, look what a
land and death sliding down the river, you
can’t even see their faces, but see what a land
this is with us planted here on the ground,
aren’t we the same thing? aren’t we the same
thing?
It’s funny how those men come over and
none of those men is thinking anything
because all are only feeling, look well, I feel,
they feel, everything feels, look at this salt
water, person, which came from in there,
from the wilds of Sergipe, and arrives slowly,
the rivers, Morcego, Cotinguiba, Jacarecica,
Ganhamoroba, Poxi, Pomonga and the
Vaza-barril and the Piauí and the Itamerim
and the Siriri and the Japaratuba, see
creature, it’s even beautiful this water
coming out from back there, isn’t all this one
single thing? my ash face, my hair of earth
… (SGT: p. 144-145)
Evidentemente, o impacto das alterações se reduz quando se tem acesso apenas a
alguns trechos do romance. Entretanto, posso afirmar depois de minha análise
comparativa entre o original e o texto autotraduzido que a pontuação do segundo
tem como efeito principal um ritmo de leitura menos veloz.
Outra alteração na pontuação em Sergeant Getúlio acontece com a marcação
explícita das falas dos personagens. No original, é Getúlio quem dá voz a eles e
não há marcas (travessões, no caso) de suas falas em grande parte da narrativa. Só
no terceiro capítulo um personagem tem sua fala introduzida por um travessão. Na
versão em inglês, por outro lado, as falas são sempre explicitamente marcadas
através do uso de aspas. O autor-modelo original prevê uma tarefa dupla para o
leitor-modelo: este precisa perceber as mudanças de turno que não estão
sinalizadas, para, em seguida, descobrir quem é o personagem que fala. O leitor-
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