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Nessa corrida para conclamar e impulsionar a sociedade a um comprome-
timento com a Pátria, o governo lançou mão da imprensa que realizou o papel fun-
damental da construção de uma “consciência patriótica.”
Sendo assim, Juvenal Galeno, um grande literato
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do período, publicou no
jornal O Cearense uma poesia sobre a Guerra, no intuito de desenvolver no povo
cearense o amor pela Pátria.
À Guerra
À guerra! Eis o brado que solta hoje a Pátria
Que soltem no Prata seus filhos gentis
Sofrendo os ultrajes de imbeles Estados,
Ingratos selvagens, traidores e vis; (...)
às armas! À guerra- Brasil, ó gigante,
És forte, qual vasto que imenso poder!
Tens ferro no seio pra armar os teus bravos,
E matas pra os mares de esquadra encher;
Assim quem te vence, quem pode curvar-te?
Só Deus, minha Pátria, te pode vencer:
À guerra, ò gigante! Aos campos da glória!
És forte, qual vasto que imenso poder! (...)
Mil vezes a morte que torpe existência...
É o brado de todos cumprindo o dever:
Avante! Eia, à luta, que certa a vitória
Espera os guerreiros, que sabem vencer
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(...)
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Juvenal Galeno da Costa e Silva nasceu em Fortaleza no dia 27 de setembro de 1836,
filho de próspero agricultor, José Antônio da Costa e Silva. Foi estudar no Rio de Janeiro e
ao retornar ao Ceará em 1856, trouxe seu primeiro livro impresso "Prelúdios Poéticos" que é
considerado como marco inicial da literatura cearense, livro típico do Romantismo a obra de
Juvenal Galeno teria o seu auge, já na maturidade do poeta, com o lançamento de Lendas e
Canções Populares, de 1865, e com uma nova edição em 1892, acrescida de Novas Lendas
e Canções. Esta principal obra é marcada pela Poesia simples, coloquial, dos poemas popu-
lares. Juvenal Galeno foi Um dos fundadores do instituto do Ceará, Patrono da Cadeira nº
23 da Academia Cearense de Letras, e ainda em vida, vê as duas filhas, Henriqueta e Julia-
na, criarem a Casa Juvenal Galeno, dedicada a assuntos literários e culturais. O poeta, que
ficara cego em 1906, por causa de um glaucoma, morre de uremia em Fortaleza no dia 7 de
março de 1931, aos 95 anos de idade.
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Juvenal Galeno. “A Guerra”, Jornal O Cearense, 28/01/1865.