A política social é também:
Parte, precisamente, do processo estatal de alocação e distribuição de valores. Está, portanto, no
centro do confronto entre interesses de grupos e classes , cujo objeto é a reapropriação de recursos
extraídos dos diversos segmentos sociais, em proporção distinta , através da tributação. Ponto
crítico para o qual convergem as forças vitais da sociedade de mercado, desenhando o complexo
dilema político-econômico entre os objetivos de acumulação e expansão, de um lado, e as
necessidades básicas de existência dos cidadãos, como de busca de eqüidade, de outro
(ABRANCHES, 1994, p. 10).
As políticas de saúde, enquanto políticas sociais de caráter específico têm suas diretrizes
voltadas para o planejamento e organização do sistema de saúde, em todos os níveis de atenção à
saúde. Inclui aspectos voltados à organização dos serviços, às políticas de recursos humanos e
tecnológicos, instâncias de participação da população, financiamento, dentre outros.
Neste sentido, é importante discutir os modelos assistenciais que aconteceram e que
acontecem no Brasil. O sistema de saúde do país vem sofrendo constantes mudanças desde o
século passado, acompanhando as transformações econômicas, socioculturais e políticas da
sociedade brasileira. Analisando sua trajetória, identificam-se quatro principais tendências nas
políticas de saúde no Brasil. A primeira foi denominada de sanitarismo campanhista, porque tinha
nas campanhas sanitárias sua principal estratégia de atuação e vigorou do início do século XX até
1945. O período de 1945 a 1960 pode ser considerado como de transição para o período seguinte,
quando se consolida, até o início dos anos 1980, o modelo médico assistencial privatista. Segue-
se o modelo plural, hoje vigente, que inclui, como sistema público, o Sistema Único de Saúde
(MENDES, 1996). É importante ressaltar que os modelos assistenciais de saúde não foram se
“sucedendo” no tempo, pois temos o modelo campanhista até hoje presente em algumas práticas.
Historicamente, o Brasil convive com os problemas de saúde da população. Um fato que
confirma esta afirmação é a vinda dos portugueses para o Brasil que com eles trouxeram doenças
mortais para os índios, o que contribuiu para o desenvolvimento de epidemias como a da varíola.
Já em 1889, com a Proclamação da República, instituiu-se a saúde pública no país, sendo que o
serviço público era totalmente desorganizado, facilitando a ocorrência de novas ondas epidêmicas
no país.
No início do século XX, era o tempo da chamada Primeira República, cuja economia
baseava-se na agricultura, tendo como principal produto o café, produzido com a finalidade de
exportação. Portanto, era de fundamental importância que os espaços de circulação desta
mercadoria fossem saneados (sobretudo os portos), e que as doenças que prejudicassem as