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VILMA MEURER
O PERFIL EMPREENDEDOR DO EMPRESÁRIO DA ÁREA DA SAÚDE:
estudo exploratório com empresários de Maringá
Maringá
2003
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2
VILMA MEURER
O PERFIL EMPREENDEDOR DO EMPRESÁRIO DA ÁREA DA SAÚDE:
estudo exploratório com empresários de Maringá.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Administração – PPA, da
Universidade Estadual de Maringá – UEM, para a
obtenção do título de Mestre em Administração.
Orientador: Dr. José de Jesus Previdelli
Maringá
2003
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3
A Deus,
pelas oportunidades e conhecimentos
Aos meus pais,
pelo exemplo de empreendedorismo e simplicidade em suas vidas
4
AGRADECIMENTOS
O desafio de elaborar um trabalho de pesquisa é muito grande e, sem sombra de dúvida, não
poderia se concretizar sem o apoio e a colaboração de pessoas, organizações e entidades, às quais
devo imenso agradecimento.
Ao professor Previdelli, que desde a graduação esteve presente em todas as etapas hoje
concretizadas; pela orientação, dedicação e incentivo.
Ao Bruhmer, pela atenção e apoio técnico.
Ao PPA, Programa de Pós-Graduação em Administração, pela oportunidade de realização do
mestrado.
Aos meus pais, Bertolino e Eunice, ao meu irmão Vilson, sua esposa Katriz, e seus filhos,
Vinícius e Nicole, ao meu irmão Vilmar e sua namorada Janaína, pelo carinho, apoio e
compreensão.
Aos colegas de mestrado, que também participaram deste desafio, pelo apoio.
Aos empresários que participaram desta pesquisa, pela colaboração.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
E a Deus, que me permitiu mais esta realização.
5
Em momentos de crise, a imaginação é mais importante que o conhecimento.
Albert Einstein
6
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS.................................................................................................................. 8
LISTA DE TABELAS................................................................................................................... 8
RESUMO........................................................................................................................................ 9
ABSTRACT ................................................................................................................................. 10
1 APRESENTAÇÃO................................................................................................................ 11
1.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 11
1.2 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA.............................................................................. 13
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................................. 16
1.3.1 Objetivo geral................................................................................................................... 17
1.3.2 Objetivos específicos........................................................................................................ 17
1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ................................................................................... 18
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ................................................................................... 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................ 23
2.1 EMPREENDEDORISMO.................................................................................................... 23
2.1.1 Evolução histórica ........................................................................................................... 24
2.1.2 Conceitos e características.............................................................................................. 29
2.1.3 Contribuições para o desenvolvimento econômico....................................................... 33
2.2 O EMPREENDEDOR.......................................................................................................... 35
2.2.1 Evolução histórica de conceitos do empreendedor....................................................... 36
2.2.2 Características empreendedoras.................................................................................... 43
2.3 O PERFIL DO EMPREENDEDOR..................................................................................... 58
2.3.1 Características ................................................................................................................. 59
2.3.1.1 Visão.................................................................................................................................. 59
2.3.1.2 Energia e flexibilidade....................................................................................................... 61
2.3.1.3 Criatividade, inovação e intuição ...................................................................................... 62
2.3.1.4 Liderança ........................................................................................................................... 66
2.3.1.5 Autoconfiança.................................................................................................................... 68
2.3.1.6 Independência e iniciativa ................................................................................................. 68
2.3.1.7 Motivação, entusiasmo, paixão ......................................................................................... 69
2.3.1.8 Otimismo, perseverança e persistência.............................................................................. 69
2.3.1.9 Comprometimento e dedicação ......................................................................................... 70
2.3.2 Habilidades....................................................................................................................... 71
2.3.2.1 Formador de equipes ......................................................................................................... 71
2.3.2.2 Lidar bem com o fracasso.................................................................................................. 72
2.3.2.3 Correr riscos calculados .................................................................................................... 73
2.3.2.4 Buscar informações e conhecimentos................................................................................ 73
2.3.2.5 Obter feedback................................................................................................................... 74
7
2.3.2.6 Orientação por metas e objetivos ...................................................................................... 75
2.3.2.7 Relacionamento interpessoal (persuasão e rede de contatos)............................................ 75
2.3.2.8 Saber buscar, utilizar e controlar recursos......................................................................... 75
2.3.2.9 Capacidade de decisão....................................................................................................... 76
2.3.2.10 Planejamento e Organização .......................................................................................... 76
2.3.2.11 Saber explorar oportunidades......................................................................................... 76
2.3.2.12 Capacidade de análise..................................................................................................... 77
2.3.2.13 Conhecimento do ramo................................................................................................... 77
2.3.2.14 Traduzir pensamentos em ação....................................................................................... 77
2.3.3 Valores.............................................................................................................................. 78
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................................... 80
3.1 MODELO TEÓRICO DA PESQUISA................................................................................ 80
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .............................................. 82
3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA .................................................................................... 86
3.4 TÉCNICAS DE COLETA E TRATAMENTO DE DADOS .............................................. 90
3.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA........................................................................................ 97
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA........................................................................................... 98
4 RESULTADOS DA PESQUISA .......................................................................................... 99
4.1 EMPRESÁRIO 1................................................................................................................ 100
4.2 EMPRESÁRIO 2................................................................................................................ 103
4.3 EMPRESÁRIO 3................................................................................................................ 107
4.4 EMPRESÁRIO 4................................................................................................................ 109
4.5 EMPRESÁRIO 5................................................................................................................ 111
4.6 EMPRESÁRIO 6................................................................................................................ 114
4.7 EMPRESÁRIO 7................................................................................................................ 117
4.8 EMPRESÁRIO 8................................................................................................................ 119
4.9 EMPRESÁRIO 9................................................................................................................ 122
4.10 EMPRESÁRIO 10.............................................................................................................. 125
4.11 EMPRESÁRIO 11.............................................................................................................. 127
4.12 EMPRESÁRIO 12.............................................................................................................. 130
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 134
5.1 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS.................................................................... 141
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA OS EMPRESÁRIOS .......................................................... 142
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 144
ANEXOS .................................................................................................................................... 150
1 CARTA DE APRESENTAÇÃO........................................................................................... 151
2 QUESTIONÁRIO ................................................................................................................. 152
8
LISTA DE QUADROS
Quadro 1:
D
efinições e atributos ao empreendedor de acordo com especialistas
d
istintos................................................................................................................... 42
Quadro 2:
C
omportamento do empreendedor segundo McClelland...................................... 45
Quadro 3:
C
aracterísticas dos empreendedores de sucesso, segundo Dornelas..................... 48
Quadro 4:
C
aracterísticas do empreendedor de sucesso, segundo Pereira e Santos.............. 50
Quadro 5:
V
irtudes do empreendedor, baseadas em Cunha e Pfeifer.................................... 52
Quadro 6:
C
aracterísticas do empreendedor, segundo Timmons e Hornaday....................... 54
Quadro 7:
O
trabalho do empreendedor e seus requisitos...................................................... 55
Quadro 8:
P
erfil do empreendedor......................................................................................... 59
Quadro 9:
C
omparação entre as concepções básicas de pesquisa.......................................... 81
Quadro 10:
C
lassificação da pesquisa...................................................................................... 90
Quadro 11:
F
atores relevantes no momento da tomada de decisão de criar a própria
e
mpresa................................................................................................................. 92
Quadro 12:
O
pção que melhor define o perfil do empreendedor............................................. 94
Quadro 13:
A
tributos que formam o perfil do empreendedor.................................................. 95
Quadro 14:
C
lassificação da pesquisa...................................................................................... 100
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
D
ados da área da saúde – Maringá versus OMS................................................... 12
Tabela 2:
E
mpresários pesquisados...................................................................................... 99
Tabela 3:
P
erfil empreendedor do Empresário 1.................................................................. 102
Tabela 4:
P
erfil empreendedor do Empresário 2.................................................................. 105
Tabela 5:
P
erfil empreendedor do Empresário 3.................................................................. 108
Tabela 6:
P
erfil empreendedor do Empresário 4.................................................................. 110
Tabela 7:
P
erfil empreendedor do Empresário 5.................................................................. 113
Tabela 8:
P
erfil empreendedor do Empresário 6.................................................................. 116
Tabela 9:
P
erfil empreendedor do Empresário 7.................................................................. 118
Tabela 10:
P
erfil empreendedor do Empresário 8.................................................................. 121
Tabela 11:
P
erfil empreendedor do Empresário 9.................................................................. 124
Tabela 12:
P
erfil empreendedor do Empresário 10................................................................ 126
Tabela 13:
P
erfil empreendedor do Empresário 11................................................................ 129
Tabela 14:
P
erfil empreendedor do Empresário 12................................................................ 131
Tabela 15:
P
erfil empreendedor dos empresários da área da saúde – Maringá, 2003............ 139
9
RESUMO
A condição de sucesso ou fracasso de um empreendimento parece não estar diretamente
relacionada com a formação básica do empreendedor, pois para Drucker (1987), empreender
refere-se a atividades sociais dos seres humanos. Assim, existe pouca diferença do espírito
empreendedor, qualquer que seja a esfera em que este atue. Diante desta percepção, o objetivo
deste trabalho é identificar, de forma exploratória, o perfil empreendedor do empresário da área
da saúde do município de Maringá. A escolha do tema se justifica por dois motivos principais: a
rápida expansão de estudos sobre empreendedorismo e a sua importância para o desenvolvimento
econômico de um país; e o papel que as empresas de pequena dimensão representam neste
processo de desenvolvimento. Justifica-se, ainda, pela necessidade de se compreender as razões
que estimulam as ações desempenhadas pelos empreendedores dentro de uma sociedade. A
metodologia embasou-se em uma revisão da literatura acerca do empreendedorismo e das
características, virtudes e comportamentos formadores do perfil do empreendedor. Buscou-se, a
partir da literatura existente, traçar um perfil para o empreendedor, atribuindo-lhe um conjunto de
características, habilidades e valores. De posse deste perfil, estabeleceu-se uma análise
comparativa da configuração dessa proposição em um grupo de empreendedores atuando na área
da saúde no município de Maringá. Assim, a pesquisa se caracteriza como um estudo
exploratório, interrogativo/comunicativo, ex post facto, descritivo, transversal, qualitativo e
realizado em condições de campo. Os resultados apontam para evidências surpreendentes do
ponto de vista do administrador tradicional, principalmente no que se refere aos aspectos
relacionados às características, habilidades e valores desses empreendedores. Os empresários
analisados na pesquisa podem ser caracterizados como empreendedores voluntários, pois
iniciaram o empreendimento, principalmente, para realizar o sonho de possuir um negócio
próprio e/ou para aproveitar oportunidades de mercado. Nenhum deles foi levado a entrar no
negócio por forças involuntárias. Apesar de, aparentemente, todos os empresários serem vistos
como empreendedores, por desenvolverem características diferenciadas da grande maioria dos
empresários, apenas oito deles podem ser caracterizados como empreendedores, a partir do
modelo utilizado na pesquisa. Estes empresários apresentam a maioria dos pré-requisitos
necessários para a formação do perfil do empreendedor. Por sua vez, quatro dos empresários
analisados desenvolvem uma menor quantidade de atributos do empreendedor. Alguns atributos
são comuns a um maior número de indivíduos pesquisados, enquanto que outros por uma
minoria. Apesar da formação profissional diferenciada pela qual passaram estes empresários da
área da saúde em relação ao processo de gestão, foi possível constatar que eles podem ser
considerados empreendedores, com maior ou menor identificação a partir do referencial utilizado.
Assim, a afirmação de Drucker (1987) de que as condições de sucesso ou fracasso de um
empreendimento independem da formação do empreendedor, legitima-se e constitui-se em
estímulo para a continuidade da investigação em torno desta área de conhecimento.
Palavras-chave: empreendedorismo, perfil empreendedor, características, habilidades.
10
ABSTRACT
Due to Drucker’s idea, the success or failure condition of an undertaking does not seem to be
directly related to the basic formation of an entrepreneur, for undertaking a business is
characterized as a human being social activity. Following this same thinking, there could be,
apparently, a little difference among entrepreneurial minds, no matter what field they work in.
Focusing this idea, the aim of this study was to identify, in an exploratory way, the
entrepreneurial profile of health care businessmen from Maringá city. It is possible to justify the
choice of this subject, first, due to the fact that researches about entrepreneurship have been
expanded too fast and because of its relevance to the economical development of a country;
second, also it is justified by the role small companies play in this same economical process. A
third reason consists of a necessity to understand the reasons that stimulate the entrepreneurs’
actions in a society. The utilized methodology was based on literature revision about
entrepreneurship and its features, emphasizing formative actions and virtues of an entrepreneur
profile. From the existent literature we tried to draw a profile to the entrepreneur, giving him a set
of features, abilities and values. Once it was defined, this profile was compared to an observed
profile of an entrepreneurs group who work in health care field in Maringá city. Thus, this
research is characterized as a descriptive exploratory study, ex post facto, which was carried out
in field conditions. The analyzed businessmen of this study could be considered as voluntary
entrepreneurs because when they started their undertaking, it was mainly to make the dream of
having their own business come true and /or to take advantage of market opportunities. Although
apparently all businessmen are seen as entrepreneurs for presenting different features from the
most of other businessmen, just part of the analyzed sample can be esteemed as entrepreneurs,
regarding to the model used in this study. These businessmen present most of the necessary
qualifications to an entrepreneurial profile formation. Some attributes are common to a large
number of studied individuals, as well as other qualities are common to a small number.
Although all of them have experienced different professional formation, it was possible to verify
that they may be considered as entrepreneurs, with a greater or smaller identification with the
utilized reference. Thus, Drucker’s assertion (1987) that success or failure conditions of an
undertaking do not depend on the entrepreneur formation is real and becomes an incentive for
investigation continuity on this knowledge study area.
Key words: entrepreneurship, entrepreneurial profile, health care businessmen, abilities.
11
12
1 APRESENTAÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
Apesar da ausência de consenso e uniformidade em sua definição e métodos, tem sido rápida a
expansão de estudos sobre o tema empreendedorismo. Ele se apresenta como objeto de estudo de
pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, principalmente, dentro do contexto
econômico e empresarial. O interesse pelo tema foi despertado, inicialmente, por um grande
número de economistas no século XVII. Desde então, tornou-se campo de estudo para diferentes
pesquisadores, tomando abrangência no campo acadêmico no final dos anos 70.
O conceito de empreendedorismo vem sendo muito difundido no Brasil e no mundo, pois é visto
como a percepção e aproveitamento de novas oportunidades, combinação de recursos, idéias e
habilidades de forma inovadora para a realização de um objetivo. Sendo assim, ser empreendedor
tem se tornado quase um imperativo para aumentar a competitividade, reduzir custos e manter-se,
com sucesso, no mercado. Mas vale lembrar que por trás de cada idéia inovadora, além de um
conjunto de qualidades e talentos individuais do empreendedor, o sucesso do empreendimento
depende de alguns elementos essenciais como análise, planejamento e capacidade de
implementação.
O empreendedorismo, assim como o planejamento e a capacidade de implementação, são fatores
de extrema relevância para a busca da competitividade e sobrevivência do empreendimento no
mercado. Com os empreendimentos da área da saúde, objeto deste estudo, este quadro não deixa
13
de ser diferente. Principalmente pelo fato de Maringá ser um centro de formação superior, com a
presença de uma Universidade Estadual e seis Instituições Particulares de Ensino Superior, onde
são ofertadas 652 vagas por ano na área da saúde, abrangendo um curso de Medicina, três de
Odontologia, um de Biomedicina, três de Enfermagem, dois de Farmácia, dois de Fisioterapia,
dois de Fonoaudiologia, um de Nutrição e dois de Psicologia (CRUZ JR, 2002).
Ainda segundo esse autor, existem, em Maringá, 211 empresas prestadoras de serviços médicos
entre Hospitais, Clínicas e Laboratórios. O indicador da quantidade de médicos por grupo de
1000 habitantes em Maringá é de 2,29 quando o recomendado pela Organização Mundial de
Saúde – OMS é de um médico por grupo de 1000 habitantes. Na área odontológica, há uma
média de 17,7 dentistas por grupo de 10.000 habitantes, quando o recomendado pela Organização
Mundial de Saúde é de 2,3 dentistas por grupo de 10.000 habitantes. A competitividade na área
da saúde se agrava com relação aos farmacêuticos, que ultrapassam 500 profissionais somente no
município de Maringá. De acordo com dados do Conselho Regional de Farmácia, Maringá conta,
atualmente, com uma farmácia para cada 1.400 pessoas, quando o recomendado é uma para cada
8.500 pessoas. Os dados mencionados podem ser visualizados na Tabela 1.
Tabela 1: Dados da área da saúde – Maringá versus OMS
Médicos por 1000
habitantes
Leitos hospitalares por
1000 habitantes
Dentistas por
10.000 habitantes
Farmácias por
10000 habitantes
Maringá
2,29 3,83 17,70 7,14
OMS
1,00 1,00 2,30 1,18
Fonte: Elaborado com base em Cruz Jr, 2002; Conselho Regional de Farmácia.
Os dados acima mostram com clareza o acirramento da competitividade entre os profissionais da
área da saúde no município em análise. Para buscar a sobrevivência no mercado, esses
14
profissionais devem contar, dentre outros fatores, com um perfil empreendedor capaz de
solucionar problemas e identificar oportunidades no mercado e na sociedade, bem como com
predisposição a correr riscos e a usar o seu talento em favor da concretização de uma idéia
criativa e inovadora.
1.2 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA
Abrir seu próprio negócio tem sido, e continua sendo, o grande sonho de uma parcela
significativa da população brasileira, pois torna mais palpável o desejo de autonomia, de
independência e de liberdade. Estes motivos estão associados à aparente vontade de ganhar mais
dinheiro, ser patrão em vez de empregado, dedicar mais tempo à família, sair da rotina, trabalhar
e tirar férias quando quiser, dentre outros aspectos. Entretanto, muitos acabam por abandonar
seus sonhos por falta de oportunidade ou outro motivo qualquer. Mas o empreendedor persegue
seu sonho, a fim de transformá-lo em realidade.
Para fazer os sonhos, visões e projetos se transformarem em realidade, o empreendedor utiliza a
própria capacidade de combinar recursos produtivos – capital, matéria-prima e trabalho – para
realizar obras, fabricar produtos e prestar serviços destinados a satisfazer necessidades de pessoas
(PEREIRA; SANTOS, 1995).
Mas, para montar um negócio de sucesso, o empreendedor necessita de uma variedade maior de
recursos, que podem ser classificados em seis tipos: humano, social, financeiro, físico,
15
tecnológico e organizacional (GREENE, et. al, 1997; GREENE e BROWN, 1997, apud BRUSH,
2002). Cada tipo de recurso tem diferentes dimensões de acordo com uma escala de
complexidade, que varia de simples a complexo. Recursos simples são tangíveis, descontínuos e
baseados na propriedade, enquanto que recursos complexos são intangíveis, sistemáticos e
baseados no conhecimento (PENROSE, 1959; AMIT e SHOEMAKER, 1993; MILLER e
SHAMSIE, 1996, apud BRUSH, 2002).
Por outro lado, os recursos podem ser caracterizados de acordo com sua aplicabilidade ao
processo produtivo, variando de utilitário a instrumental. Recursos utilitários são aplicados
diretamente no processo produtivo ou combinados para desenvolver outros recursos. Por
exemplo, recursos físicos como máquinas, caminhões ou escritório podem ser considerados
utilitários na produção do bem ou serviço. Recursos instrumentais são usados especificamente
para fornecer acesso a outros recursos. Recursos financeiros podem ser considerados
instrumentais, já que são flexíveis e podem ser usados para obter outros recursos, como pessoas
ou equipamentos (BRUSH, 2002). Na visão da autora, o conjunto das dimensões dos recursos, de
simples a complexo e de utilitário a instrumental, fornece a base para planejar as combinações
possíveis e aplicações dos recursos no início de um empreendimento.
Entretanto, além da vasta gama de combinações e aplicações de recursos, o sucesso de um
empreendimento, em muitos casos, está diretamente relacionado com atributos e comportamentos
de seus proprietários. A situação se complica pelo fato de que cada pessoa, ao iniciar um negócio
é, na realidade, três pessoas em uma: o empreendedor, o gerente e o técnico (GERBER, 1990).
Segundo o autor, o conflito está relacionado à falta de equilíbrio entre esses três personagens. Se
16
estivessem bem equilibrados entre si, o proprietário poderia ser descrito como uma pessoa
muitíssimo competente. O empreendedor estaria livre para avançar em novas áreas de interesse; o
gerente estaria consolidando a base de operações; e o técnico estaria executando o trabalho
técnico. Cada um se sentiria realizado com o trabalho que sabe fazer melhor, contribuindo para o
todo de uma forma mais produtiva. No entanto, Gerber menciona que poucas pessoas são
abençoadas com este equilíbrio. Pelo contrário, o pequeno empresário típico é apenas 10%
empreendedor, 20% gerente e 70% técnico.
Mas a existência de indivíduos conhecidos como empreendedores é condição básica para o
surgimento de novos empreendimentos, pois são os agentes responsáveis pelo desencadeamento e
condução do processo de criação de unidades produtivas. Estes, através de sua ação
empreendedora, mesmo que em empreendimentos de pequeno porte, inovam e desenvolvem o
universo empresarial, contribuindo para o desenvolvimento da economia.
Dentre esses empreendedores, poucos são administradores com formação na área. Muitos são
profissionais liberais, formados em medicina, odontologia, direito, veterinária, engenharia, entre
tantas outras formações. A condição de sucesso ou fracasso de um empreendimento parece não
estar diretamente relacionada com a formação básica do empreendedor, ou seja, existem
empreendimentos de sucesso, cujo empresário não é, necessariamente, formado na área de
Administração de Empresas. Para Drucker (1987), empreender diz respeito a atividades sociais
dos seres humanos. Sendo assim, existe pouca diferença no espírito empreendedor, qualquer que
seja a esfera em que se atue. O empreendedor na educação ou na saúde, por exemplo, faz
praticamente as mesmas coisas, usa praticamente os mesmos instrumentos e enfrenta
17
praticamente os mesmos problemas de um empreendedor em uma empresa.
Diante desta realidade, surge a necessidade de se estudar o perfil empreendedor dos empresários
não-administradores por formação. Desta forma, visando pesquisar empresários que atuam na
área da saúde, surge a seguinte questão básica:
Qual o perfil empreendedor do empresário com formação básica na área da saúde no
município de Maringá?
Para responder a esta questão, o trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um estudo com
estes empresários que, não sendo formados em Administração de Empresas, conseguem dar
continuidade a seus negócios de modo que os mesmos permaneçam, geralmente com sucesso, no
mercado. Assim, o presente trabalho se propôs a realizar um estudo com um conjunto de
empresários do Município de Maringá, da área da saúde, com a finalidade de identificar e
conhecer melhor o perfil deste empreendedor.
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
Uma vez que o sucesso ou fracasso do empreendimento está relacionado, principalmente, às
características comportamentais de seus empreendedores, a presente pesquisa buscou os seguintes
objetivos:
18
1.3.1 Objetivo geral
Identificar o perfil empreendedor do empresário da área da saúde do município de Maringá.
1.3.2 Objetivos específicos
Visando complementar e facilitar o alcance do objetivo principal da pesquisa, o trabalho também
procurou
elencar um conjunto de atributos pertinentes à pessoa do empreendedor, objetivando a
identificação do seu perfil;
identificar as características empreendedoras dos empresários, com a finalidade de
verificar se os mesmos apresentavam um perfil empreendedor;
analisar as razões do negócio empreendido pelos mesmos;
verificar a quem e como se atribuía a responsabilidade de administração do
empreendimento;
identificar, junto aos empresários, qual(is) causa(s) poderia(m) ser atribuída(s) ao
sucesso do empreendimento.
1.4 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
19
A importância do empreendedorismo e dos pequenos negócios tem crescido de forma
considerável nos últimos anos, devido ao fato de contribuírem significativamente para o
crescimento e desenvolvimento econômico. Dessa forma, o interesse no tema da presente
pesquisa se justifica, em especial, por dois motivos principais, quais sejam: a rápida expansão de
estudos sobre empreendedorismo e a sua importância para o desenvolvimento econômico de um
país; e o papel que as empresas de pequena dimensão (geralmente os empreendedores iniciam
pequenos negócios que, posteriormente, podem vir a tornar-se grandes corporações) representam
neste processo de desenvolvimento.
Em relação ao crescente interesse e a rápida expansão em estudos sobre empreendedorismo,
Filion (1999a), apresenta a seguinte contribuição:
Mais de mil publicações surgem anualmente no campo do empreendedorismo, em mais
de 50 conferências e 25 publicações especializadas. Áreas de especialização têm sido
criadas, em número considerável, incluindo inovação e criatividade, criação, início,
novos empreendimentos, abertura e fechamento de empresas, crescimento de empresas,
auto-emprego e microempresas, franquias, bem como as várias dimensões dos
empreendedores (comportamentos, sistemas de atividade, processos
empreendedorísticos, intraempreendedorismo e empreendedorismo corporativo,
tecnoempreendedores), o desenvolvimento regional, o empreendedorismo étnico, os
sistemas de apoio ao empreendedorismo e às políticas governamentais, o
empreendedorismo cooperativo, a formação em empreendedorismo, os empreendedores
do sexo feminino e, finalmente, a pesquisa de pequenos negócios e conseqüentemente
suas abordagens funcionais, incluindo finanças, marketing, gerenciamento de
operações, gerenciamento de recursos humanos, sistemas de informação e estratégia.
Além da importância para o desenvolvimento econômico de um país, o empreendedorismo está
se tornando, cada vez mais, tema de interesse de pesquisa, disciplinas para diversas áreas e fator
de importância fundamental para o desenvolvimento de pequenos negócios.
20
O mercado deixou de ser predominantemente composto por grandes corporações, passando a ter
a participação expressiva de micro e pequenos negócios. Nos últimos anos, o número de micro e
pequenas empresas vêm crescendo a taxas anuais de 10% ao ano (CUNHA e PFEIFER, 1997).
Este segmento da economia é composto por 3,5 milhões de empresas, que representam 98,3% do
total de empresas registradas e respondem por 20,4% do Produto Interno Bruto e por 59,4% da
mão-de-obra do país (SOUZA, 1995).
Para Cunha e Pfeifer, (1997, p. 14), existem muitas razões para o crescimento do número de
micro e pequenos negócios, os quais destacam:
A complexidade e a diversidade de nossa sociedade em constante crescimento
promovem, cada vez mais, mudanças no comportamento e nas expectativas das
pessoas;
Mudanças estruturais que vêm ocorrendo nas indústrias, associadas à utilização de
novas tecnologias de produção e gerência, resultam na eliminação de milhões de
empregos;
A nova concepção do Estado e a falência do setor público e estatal estão deixando de
absorver novos funcionários;
A própria mentalidade do brasileiro, que o leva a tentar ser “dono do próprio nariz”.
Uma pesquisa realizada em 1995 revela que o maior sonho dos brasileiros, hoje, é
montar o seu próprio negócio.
As empresas de pequena dimensão desempenham papel fundamental na economia, uma vez que
asseguram tanto o desenvolvimento quanto a estabilidade da economia de um país. Tais empresas
representam novas fontes de emprego, constituem-se em novas unidades geradoras de impostos
com capacidade de ampliar a oferta de produtos para o consumidor e estimulam a concorrência
de preços e qualidade, por meio de suas respectivas atuações no ambiente empresarial, dentre
outros. Os pequenos empreendimentos, que tradicionalmente ocupam papel relevante na
economia brasileira, são responsáveis tanto pela geração de renda quanto pela criação de
empregos, contribuindo assim, para uma economia saudável (LONGEN, 1997).
21
Esses pequenos negócios geralmente são criados por pessoas que apresentam características
diferentes da grande maioria. Pessoas que não se conformam em trabalhar como funcionários,
que anseiam por independência e liberdade, que são automotivadas, determinadas, visionárias,
líderes. Ou seja, pessoas com características empreendedoras. No entanto, o que aparentemente
ocorre é que grande parte das iniciativas empreendedoras, não está partindo de pessoas com
graduação em Administração de Empresas, mas sim por pessoas com pouca ou nenhuma
formação acadêmica específica na área.
O presente estudo se justifica, ainda, pela necessidade de se compreender as razões que
estimulam as ações desempenhadas pelos empreendedores dentro de uma sociedade. Segundo
Stoner e Freeman (1995), a atividade empreendedora pode trazer, em princípio, as seguintes
contribuições:
Estimula o crescimento econômico, já que pesquisas feitas nos Estados Unidos
constataram que quatro quintos da oferta total de novos empregos vêm das pequenas
empresas;
Aumenta a produtividade, principalmente devido à melhoria nas técnicas de produção;
Cria novas tecnologias, produtos e serviços.
Dessa forma, é essencial compreender como estas características empreendedoras são capazes de
criar e aproveitar oportunidades, melhorar processos e inventar negócios.
Além disto, apesar da importância desse assunto, observa-se uma relativa ausência de estudos
dedicados a compreender como os empreendedores administram seus negócios, principalmente,
quando não possuem formação na área administrativa. Assim sendo, torna-se importante
22
identificar o perfil do empreendedor da área da saúde e como se processa a administração de seu
empreendimento, já que este tem uma formação diferente da área administrativa.
1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
O presente tópico apresenta a estrutura da dissertação, ou seja, a forma com que os capítulos
foram divididos e elaborados de maneira a atingir os objetivos da pesquisa. Desta forma, a
presente dissertação é composta por cinco capítulos, a saber: (1) apresentação, (2) fundamentação
teórica, (3) metodologia da pesquisa, (4) análise e tratamento dos dados da pesquisa e (5)
considerações finais e sugestões para futuras investigações.
O capítulo um, intitulado apresentação, traz os seguintes tópicos: introdução, tema e problema,
objetivos da pesquisa, justificativa e relevância da pesquisa e estrutura da dissertação. O assunto
empreendedorismo é introduzido e apresenta-se o tema e problema da pesquisa. Os objetivos –
geral e específicos – são tratados neste capítulo de forma a delinear o estudo, com o intuito de
não perder o foco da pesquisa. O tópico justificativa e relevância aborda o porquê da escolha do
tema e sua importância para o contexto atual. E, para finalizar, o presente tópico – estrutura da
dissertação – é elaborado com o propósito de definir e apresentar a estrutura da dissertação, a fim
de facilitar sua compreensão.
No capítulo dois, é apresentada a fundamentação teórica, que contextualiza o empreendedorismo,
assim como a figura do empreendedor para, posteriormente, subsidiar e traçar o perfil do
empreendedor. O tópico intitulado empreendedorismo apresenta a sua evolução histórica, assim
23
como conceitos e características, além de sua contribuição para o desenvolvimento econômico de
um país. Aborda-se também a evolução histórica de conceitos do empreendedor, de acordo com
os principais autores da época e, ainda, apresenta-se as características elaboradas por autores de
obras mais relevantes na área. Para finalizar, com base nas características apresentadas pelos
autores, tem-se subsídios para traçar o perfil do empreendedor, que serviram de suporte para o
estudo propriamente dito.
O capítulo três aborda os aspectos metodológicos da pesquisa, cujo objetivo é apresentar o
método da pesquisa, destacando os vários critérios de sua classificação, assim como a técnica de
coleta de dados, a delimitação e as limitações da pesquisa.
O resultado da pesquisa é apresentado no capítulo quatro, no qual são analisados os dados
coletados, a fim de identificar o perfil dos empresários da área da saúde, com o intuito de
verificar se estes realmente se enquadram no perfil empreendedor.
Por fim, o capítulo cinco apresenta as considerações finais do estudo, assim como sugestões para
futuras pesquisas e recomendações para os empresários.
24
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica da presente pesquisa serve-se, primeiramente, de um levantamento
bibliográfico a respeito do surgimento do empreendedorismo no Brasil e no mundo, assim como
procura conhecer as contribuições que este oferece para o desenvolvimento econômico do país e
da própria sociedade. Num segundo momento, a pesquisa aborda a evolução histórica de
conceitos pertinentes à figura do empreendedor para, posteriormente, definir as características
empreendedoras sob a perspectiva de vários autores, o que servirá como base para as análises que
serão desenvolvidas no capítulo 4.
2.1 EMPREENDEDORISMO
Por se tratar de um assunto relativamente recente, e por ser objeto de estudo de pesquisadores de
diferentes campos de pesquisa, o tema empreendedorismo ainda sofre uma falta de consenso e
uniformidade na determinação de sua definição e métodos. No entanto, a expansão desse campo
de estudo tem sido rápida. Por esse motivo, os tópicos a seguir objetivam apresentar a evolução
histórica do empreendedorismo nas suas diferentes áreas de atuação, assim como seus conceitos e
características, a fim de proporcionar um maior entendimento a respeito do tema.
25
2.1.1 Evolução histórica
Empreendedorismo como conceito começou a ser desenvolvido por um grande número de
economistas, desde o final do Século XVII. Desde então, tornou-se campo de estudo para
pesquisadores de diferentes áreas. Sendo assim, cada disciplina apresenta sua própria visão a
respeito do tema empreendedorismo e, relativamente, não sofre nenhuma influência de outras
disciplinas. No entanto, como campo acadêmico teve seu início recentemente, no final dos anos
70, concretizando-se apenas no início de 1980 (SEXTON e LANDSTRÖM, 2000).
Os primeiros cursos e conferências de que se tem notícia tinham maior foco na pequena empresa
do que em empreendedorismo. A Harvard Business School criou, em 1947, um curso sobre
gerenciamento de pequenas empresas. Peter Drucker, em 1953, montou um curso de
empreendedorismo e inovação na New York University. Em 1948, na Suíça, a St. Gallen
University promoveu a primeira conferência sobre a pequena empresa e seus problemas. Em
1956, durante uma conferência promovida pela University of Colorado sobre desenvolvimento de
pequenos negócios, surgiu o ICSB (International Concuil for Small Business), a maior associação
voltada para a pesquisa de empreendedorismo (DOLABELA, 1999a). Hoje, praticamente
inexistem escolas com cursos de gestão de negócios que não tenham pelo menos um curso de
empreendedorismo (STEVENSON e JARILLO, 1990).
O primeiro congresso internacional foi realizado em 1973 em Toronto, Canadá. Em 1978, o
Babson College, de Boston, instituiu a Academy of Distinguished Entrepreuners para premiar
empreendedores de “classe mundial”, que se tornou o protótipo de outros prêmios, como o
26
Entrepreneur of the Year Awards da Ernst & Young, hoje com uma versão brasileira. As
publicações científicas da área de empreendedorismo datam início em 1963, com o Journal of
Small Business Management, hoje órgão oficial do ICSB. Em 1981, o Babson College criou um
dos mais importantes congressos acadêmicos em empreendedorismo. Outra contribuição do
Babson College foi a criação do programa Price-Babson Fellows, apoiado pela Price
Foundation, através do qual foram levados para o campus de Babson empreendedores
experientes que tinham interesse em lecionar na área. Em Baylor, 1980, foi realizado o primeiro
congresso sobre o “estado da arte”, surgindo em decorrência, a Encyclopedia of
Entrepreneurship, editada por Karl Vésper e outros, que atualmente tem quatro volumes. O
número de instituições universitárias que oferecem conteúdo de empreendedorismo nos Estados
Unidos passou de 10, em 1967, para 1.064 em 1998. Em cinco Estados, o ensino de
empreendedorismo é obrigatório nos Estados Unidos (DOLABELA, 1999a).
Somente há três décadas é que se iniciaram trabalhos de políticas e ações que estimulam a criação
de empresas, dando-lhes subsídios e bases sólidas. Os Estados Unidos apresentam exemplos
inspiradores como o Silicon Valley e Route 128 (DORFMAN, apud DUTRA, 2002). Em 1987, o
Academy of Management criou uma divisão para estudos na área, inclusive com uma definição
própria de empreendedorismo (INÁCIO, 2002).
Segundo Dornelas (2001), o empreendedorismo tem sido o centro das políticas públicas na
maioria dos países. Sendo assim, o autor apresenta alguns exemplos de ações desenvolvidas no
mundo na década de 1990, baseados no estudo do Global Entrepreneurship Monitor (GEM
2000):
27
No final de 1998, o Reino Unido publicou um relatório a respeito do seu futuro
competitivo, o qual enfatizava a necessidade de se desenvolver uma série de iniciativas
para intensificar o empreendedorismo na região.
A Alemanha tem implementado um número crescente de programas que destinam
recursos financeiros e apoio na criação de novas empresas. Para se ter uma idéia, na
década de 1990, aproximadamente duzentos centros de inovação foram estabelecidos,
provendo espaço e outros recursos para empresas start-ups (iniciantes).
Em 1995, o decênio do empreendedorismo foi lançado na Finlândia. Coordenado pelo
Ministério de Comércio e Indústria, o objetivo era dar suporte às iniciativas de criação
de novas empresas, com ação em três grandes áreas: criar uma sociedade
empreendedora, promover o empreendedorismo como uma fonte de geração de
emprego e incentivar a criação de novas empresas.
Em Israel, como resposta ao desafio de assimilar um número crescente de imigrantes,
uma gama de iniciativas tem sido implementada por meio do Programa de Incubadoras
Tecnológicas, com o qual mais de quinhentos negócios já se estabeleceram em 26
incubadoras do projeto. Houve ainda uma avalanche de investimento de capital de risco
nas empresas israelenses, sendo que mais de cem empresas criadas em Israel
encontram-se com suas ações na NASDAQ (Bolsa de ações de empresas de tecnologia
e Internet, nos Estados Unidos).
Na França, há iniciativas para promover o ensino de empreendedorismo nas
universidades, particularmente para engajar os estudantes. Incubadoras com sede nas
universidades estão sendo criadas. Uma competição nacional para novas empresas de
tecnologia foi lançada e uma Fundação de Ensino do empreendedorismo foi
estabelecida.
No Brasil, o primeiro curso que se tem notícia na área de empreendedorismo surgiu em 1981, na
Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, por iniciativa do
professor Ronald Degen. Era uma disciplina do CEAG – Curso de Especialização em
Administração para Graduados, e chamava-se “Novos Negócios”. Em 1984, o curso foi estendido
para a graduação, sob o nome de “Criação de Novos Negócios – Formação de Empreendedores”.
Mais tarde, o curso de empreendedorismo foi inserido em cursos de mestrado, doutorado e MBA.
No mesmo ano, a USP – Universidade de São Paulo, começou a oferecer o ensino de
empreendedorismo com a disciplina “Criação de Empresas”, introduzida pelo professor Silvio
Aparecido dos Santos no curso de graduação em Administração na Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade. Ainda em 1984, o professor de informática Newton Braga Rosa,
do Departamento de Ciência da Computação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em
trabalho pioneiro, instalou uma disciplina de ensino de criação de empresas no curso de
28
bacharelado em Ciência da Computação. Em 1985, a FEA/USP ofereceu a disciplina de “Criação
de Empresas e Empreendimentos de Base Tecnológica”, no programa de Pós-graduação em
Administração (DOLABELA, 1999a).
Mas o movimento do empreendedorismo comou a tomar forma na década de 1990, com a
criação de entidades como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) e SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) (DORNELAS, 2001).
O Sebrae-MG apoiou, no início dos anos 90, a criação do GEPE – Grupo de Estudos da Pequena
Empresa, no Departamento de Engenharia de Produção da UFMG. Com o objetivo de
desenvolver estudos na área de empreendedorismo, o GEPE realizava várias atividades,
destacando o oferecimento de workshops nos anos de 1992 a 1994. Em 1993, o programa
SOFTEX do CNPq, através de seu núcleo mineiro, a Fumsoft, desenvolveu uma metodologia de
ensino de empreendedorismo que seria oferecida no curso de graduação em Ciência da
Computação da UFMG. A disciplina “O Empreendedor em Informática” foi experiência de
sucesso, gerando em média cinco empresas a cada oferecimento. A disciplina ampliou-se e
ganhou alcance nacional em 1996, através do programa Softex-Softstart, sendo hoje oferecida por
mais de cem departamentos de ensino em informática em 24 estados brasileiros. (DOLABELA,
1999a).
A Universidade Federal de Santa Catarina criou, em 1992, a ENE – Escola de Novos
Empreendedores, que veio, no decorrer do tempo, a se constituir em um dos mais significativos
projetos universitários de ensino de empreendedorismo no Brasil, com profunda inserção
acadêmica e envolvimento tanto com projetos e órgãos internos à UFSC como com outras
29
universidades e organismos internacionais. Também em 1992, o Departamento de Informática da
Universidade Federal de Pernambuco criava o CESAR – Centro de Estudos e Sistemas
Avançados do Recife, com o objetivo de ser um núcleo de aproveitamento industrial dos
resultados acadêmicos. Em 1995, a EFEI – Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em Minas
Gerais, criou o CEFEI – Centro Empresarial de Formação Empreendedora de Itajubá, com o
objetivo de inserir o ensino de empreendedorismo na instituição. No mesmo ano, a UNB –
Universidade de Brasília, criou a Escola de Empreendedores, que realiza anualmente um evento
de grande sucesso, a Semana do Empreendedor, mobilizando a comunidade acadêmica e grande
número de empresários.
Dornelas (2001), menciona alguns exemplos de ações recentes que visam desenvolver programas
de ensino ao empreendedorismo:
Os programas SOFTEX e GENESIS (Geração de Novas Empresas de Software,
Informação e Serviços), que apóiam atividades de empreendedorismo em software,
estimulando o ensino da disciplina em universidades e a geração de novas empresas de
software (start-ups).
Ações voltadas à capacitação do empreendedor, como os programas EMPRETEC e
Jovem Empreendedor do Sebrae. E ainda, o programa Brasil Empreendedor, do
Governo Federal, dirigido à capacitação de mais de um milhão de empreendedores em
todo país e destinado recursos financeiros a esses empreendedores, totalizando um
investimento de oito bilhões de reais.
Os diversos cursos e programas sendo criados nas universidades brasileiras para o
ensino do empreendedorismo. É o caso de Santa Catarina, com o programa Engenheiro
Empreendedor, que capacita alunos de graduação em engenharia de todo o país.
Destaca-se também o programa REUNE, da CNI (Confederação Nacional das
Indústrias), de difusão do empreendedorismo nas escolas de ensino superior do país,
presentes em mais de duzentas instituições brasileiras.
A recente explosão do movimento de criação de empresas de Internet no país,
motivando o surgimento de entidades como o Instituto e-cobra, de apoio aos
empreendedores das pontocom (empresas baseadas em Internet), com cursos, palestras
e até prêmios aos melhores planos de negócios de empresas start-ups de Internet,
desenvolvidos por jovens empreendedores.
Finalmente, não menos importante, o enorme crescimento do movimento de
incubadoras de empresas no Brasil. Dados da ANPROTEC (Associação Nacional de
Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas) mostram que
em 2000, havia mais de 135 incubadoras de empresas no país, sem considerar as
30
incubadoras de empresas de Internet, totalizando mais de 1.100 empresas incubadas,
que geram mais de 5.200 empregos diretos.
2.1.2 Conceitos e características
Para Cordeiro e Paiva (2002), o conceito de empreendedorismo tem sido aplicado em diferentes
níveis: indivíduos, grupos e “organizações como um todo”. Sendo assim, os autores citam três
autores, dos quais Kilby define empreendedorismo sob o escopo dos indivíduos, Birch apresenta
o empreendedorismo sob o ponto de vista de pequenos negócios (grupos) e Guth e Ginsberg sob
o aspecto corporativo. O termo empreendedorismo geralmente é concebido sob o escopo dos
indivíduos, por ser geralmente associado à criação de um invento revolucionário (KILBY, 1971).
Ele também é considerado por alguns teóricos que o aplicam ao domínio de pequenos negócios e
à geração de novos empreendimentos via entrada em mercados não explorados (BIRCH, 1979).
Recentemente, existe também uma ênfase no empreendedorismo corporativo como um meio de
crescimento e renovação para grandes empresas (GUTH e GINSBERG, 1990).
Em se tratando do tema empreendedorismo, Virtanen (s.d.b) menciona as diferenças entre os
seguintes conceitos:
1) entrepreneur = individual actor in the market, 2) entrepreneurial = behavior in the
market, 3) entrepreneurship = combines the actor (entrepreneur) and the behavior in the
market, and 4) entrepreneurial process = combines time dimension and behavior in the
market.
A definição de empreendedorismo para Virtanen é simples, pois combina o empreendedor com
seus comportamentos no mercado. Por outro lado, torna-se extremamente complexa, à medida
que surge a necessidade de se conhecer quais são os comportamentos do empreendedor no
mercado, pois ainda não se pode afirmar com exatidão quais são as características e os
31
comportamentos do empreendedor.
Richard Cantillon (1680-1734) descrevia empreendedorismo como o ato de adquirir, reembalar e
negociar produtos a preços imprecisos e incertos. Jean Baptiste Say (1767-1832) via o
empreendedor como aquele que reúne os fatores de produção, produz e vende o produto.
Enquanto que Joseph Schumpeter (1883-1950) afirmava que o sistema econômico de oferta e
procura estava em equilíbrio. E que o empreendedor era a pessoa responsável pela quebra desse
equilíbrio através da inovação, introduzindo novos produtos, novos métodos de produção e novos
mercados (SEXTON e LANDSTRÖM, 2000; STEVENSON e JARILLO, 1990).
Trazendo para um período mais recente, empreendedorismo é a habilidade de criar e constituir
algo a partir de muito pouco ou quase nada (BARRETO, 1998). Empreendedorismo é o processo
aparentemente descontínuo de combinar recursos para produzir novos bens e serviços (STONER
e FREEMAN, 1996). Há uma idéia geral de que os empreendedores desempenham uma função
social de identificar oportunidades e convertê-las em valores econômicos. Assim, o
empreendedorismo é visto como um processo que ocorre em diferentes ambientes e cenários,
causando mudanças no sistema econômico mediante as inovações trazidas pelos indivíduos que
geram ou respondem às oportunidades econômicas que criam valor (CHURCHILL e MUZYKA,
1996; apud CORDEIRO e PAIVA, 2002). Masi (1999) conceitua empreendedorismo como a
atividade realizada por pessoas que conseguem enxergar novas oportunidades e combinar
recursos, idéias e habilidades de uma maneira inovadora para a realização de um objetivo, o que
sem criatividade torna-se impossível. O empreendedorismo é um processo que ocorre em
diferentes ambientes e situações, e provoca mudanças através da inovação provocada pela
32
constante geração de idéias (COSTA e NIEDERAUER, s.d.b.). O que existe de comum entre
estes conceitos, e talvez um dos aspectos mais importantes do empreendedorismo, é o ato
criativo, de inovação e de visão de oportunidades.
Schumpeter também associa o empreendedorismo à inovação, aproveitamento de oportunidades e
combinações de recursos. Para Schumpeter,
“a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas
oportunidades no âmbito dos negócios (...) sempre tem a ver com criar uma nova forma
de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional
e sujeitos a novas combinações” (SCHUMPETER, 1928, apud FILION, 1999a).
Um aspecto de extrema importância a salientar refere-se à diferença entre empreendedorismo e
administração. Paul H. Wilken, citado por Stoner e Freeman (1996) analisa que:
“O entrepreneurship ... envolve combinações para iniciar mudanças na produção,
enquanto [a administração] envolve combinações para produzir. A administração,
portanto, refere-se à coordenação existente no processo de produção, que pode ser
visualizada como uma combinação contínua dos fatores de produção. Mas o
entrepreneurship é um fenômeno descontínuo, surgindo para iniciar as mudanças no
processo de produção...e desaparecendo em seguida, até reaparecer para iniciar outra
mudança”.
O empreendedorismo envolve, em primeiro lugar, o processo de criação de algo novo, de valor.
Em segundo, o empreendedorismo requer a devoção, o comprometimento de tempo e o esforço
necessário para fazer a empresa crescer. E em terceiro, o empreendedorismo requer ousadia, que
se assuma riscos calculados, que se tome decisões críticas e que não se desanime com as falhas e
erros (DORNELAS, 2001, p.38).
Pode-se dizer, então, que o empreendedorismo tem como característica a criatividade e a
necessidade de mudança, que se constituem como variáveis fundamentais para o processo de
33
empreender. Outra variável é a facilidade que o empreendedor tem de lidar com o desconhecido,
transformando possibilidades em grandes negócios. O empreendedor enxerga sempre além
daquilo que é visível aos olhos das demais pessoas. E onde os outros vêem ameaças, o
empreendedor vê oportunidade. Não se pode deixar de mencionar a facilidade que o
empreendedor tem de aprender com seus próprios erros e fracassos.
Dolabela (1999a, p.46-47), destaca um conjunto de atividades do empreendedorismo, a saber:
A disseminação da cultura empreendedora no sistema de ensino formal em todos os
níveis;
A disseminação da cultura empreendedora e o apoio à ação empreendedora entre grupos
sociais, tais como desempregados, minorias, alijados do processo econômico;
O empreendedorismo comunitário, em que sociedades desfavorecidas se articulam para
enfrentar a adversidade;
A sensibilização das forças da sociedade para a importância do empreendedorismo e da
pequena empresa;
A geração do auto-emprego;
A criação de empresas;
A identificação, criação e busca de oportunidades para empresas existentes e novas;
O financiamento de organizações emergentes e daquelas ameaçadas de
desaparecimento;
O intra-empreendedorismo (intrapreneurship) ou estudo do papel do
empreendedorismo em grandes corporações;
A promoção do desenvolvimento local;
A concepção e a adoção de políticas públicas de apoio e suporte à criação de empresas,
abrangendo práticas econômicas, legais, tributárias, de financiamento, etc;
O estabelecimento de redes de relações com universidades e com todas as forças
sociais.
Várias são as abordagens para se definir o empreendedorismo. Para simplificar a compreensão e
facilitar o estudo acerca do tema, pode-se dizer que empreendedorismo é a percepção e
aproveitamento de novas oportunidades; é a combinação de recursos, idéias e habilidades de
forma inovadora para a realização de um objetivo.
Devido à sua grande importância para o crescimento e desenvolvimento econômico, a educação
34
para o empreendedorismo está se tornando um componente importante na integração dos
programas acadêmicos de universidades e escolas, com nítida tendência à expansão propelida
pelas forças sócio-econômicas.
2.1.3 Contribuições para o desenvolvimento econômico
O empreendedorismo vem se firmando como tendência para solução dos problemas da economia
atual. Não se pode mais esperar das grandes empresas a solução para o desemprego e para a falta
de ocupação economicamente útil das pessoas. O empreendedor, como gerador de novas
empresas, passa a ser o eixo central da criação de novos postos de trabalho, intensificando
transações econômicas e contribuindo para a competitividade de uma nação (PANTZIER, s.d.t.).
As condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento precisam de empreendedores que as
aproveitem e que, através de sua liderança, capacidade e de seu perfil, disparem e coordenem o
processo de desenvolvimento, cujas raízes estão, sobretudo, em valores culturais, na forma de ver
o mundo. O empreendedor cria e aloca valores para indivíduos e para a sociedade, ou seja, é fator
de inovação tecnológica e crescimento econômico (DOLABELA, 1999a).
Um país cresce e melhora as condições de vida de seu povo, pelo esforço de indivíduos e
coletividades na construção de uma sociedade em que a segurança, a prosperidade, a justiça e a
liberdade de pensar e agir sejam direitos e possibilidades acessíveis a todos. Agindo de forma
independente ou associado a outros, encontra-se um indivíduo muitas vezes incompreendido nas
suas motivações, nos seus métodos de trabalho e na sua contribuição para o desenvolvimento
35
social e econômico de um país. Com reconhecimento recente na teoria econômica como agente
indispensável para a contínua transformação e adaptação de uma economia moderna, o
empreendedor passou a receber atenção e interesse crescentes na última década, pelo seu papel de
mobilizador das bases de recursos, de inovador tecnológico e, conseqüentemente, de gerador de
riqueza e emprego (GEM, 2001).
Segundo Paul Reynolds (s.d.b), um dos coordenadores do Relatório GEM, “(...) a principal ação
de qualquer governo para promover o crescimento econômico consiste em estimular e apoiar o
empreendedorismo, que deve estar no topo das prioridades das políticas públicas”. A pesquisa
GEM endossa o argumento de que o empreendedorismo faz grande diferença para a prosperidade
econômica e que um país sem altas taxas de criação de novas empresas corre o risco da
estagnação econômica (DOLABELA, 1999a).
Devido ao fato da forte associação entre empreendedorismo e crescimento econômico, a
preocupação em desenvolver e implementar estratégias que sustentam a atividade empreendedora
estava presente entre as políticas de vários países. O relatório GEM (2000, p. 3) apresenta os
seguintes casos:
Australia introduced a New Taxation System designed to encourage both domestic and
overseas investment in early-stage ventures, accompanied by significant reductions in
capital gains and company taxes;
In October 1999, the Brazilian Government introduced the “Brasil Empreendedor”
program, providing low-interest financing, professional training and other basic support
services to smaller businesses. To date, one million businesses have made use of the
program;
Denmark’s National Action Plan for Employment emphasizes entrepreneurship. A new
loan guarantee fund for entrepreneurs reduces the financial risk for lenders by 25
percent;
The German Federal Government has launched the European Recovery Program (ERP)
start-up and equity capital aid initiatives to ease restrictions on the flow and
accessibility of early-stage financing. In addition, the EXIST program, supporting R&D
36
transfers from universities, has been established in high potential regions;
In Ireland the government-backed report, “Entrepreneurship 2010”, outlines detailed
proposals for boosting the entrepreneurial sector;
Singapore’s Technopreneuship 21 program aims to significantly improve education,
regulations and financing for entrepreneurs;
Angel investors in Japan have been given new tax incentives and the government has
launched a National Forum on Start-ups and Venture Capital;
A Small Business Agency and a national Enterprise Insight Campaign have been
lunched in the Unit Kingdom.
Pode-se dizer, então, que vários países acreditam que o empreendedorismo seja a chave para a
abertura do crescimento econômico. E, para estimular o empreendedorismo, visando um
crescimento econômico, desenvolvem ações e programas, que envolvem treinamento
profissional, incentivos fiscais, suportes técnicos, dentre outros.
De acordo com a Organization for Economic Co-Operation and Development (OECD):
Entrepreneurship is central to the functioning of market economies and entrepreneurs
are essential agents of change who accelerate the generation, application and spread of
innovative ideas and in doing so…not only ensure efficient use of resources but also
expand the boundaries of economic activity. (GEM, 2000, p.3)
Por essa razão, o empreendedorismo é preocupação de governo e sociedade, pois contribui
fundamentalmente para o desenvolvimento e crescimento econômico de um país. Mas, apesar do
manifesto de muitos governos para impulsionar a atividade empreendedora, pouco se conhece
sobre a relação entre empreendedorismo e crescimento econômico.
2.2 O EMPREENDEDOR
Embora as pesquisas em empreendedorismo e a educação ao empreendedorismo sejam
relativamente recentes no campo de estudos acadêmicos, o conceito do termo empreendedor tem
37
sido apresentado por vários autores, principalmente no contexto econômico, desde o século XVII.
No entanto, os economistas identificados como pioneiros no campo do empreendedorismo –
Cantillon e Say – não estavam interessados somente em economia, mas também em empresas,
criação de novos empreendimentos, desenvolvimento e gerenciamento de negócios. Embora a
palavra entre-preneur tenha adquirido significado no século XVII, portanto, antes de Cantillon,
está evidente, conforme Schumpeter apontou, que ele foi o primeiro a oferecer clara concepção
da função empreendedora como um todo (FILION, 1999a). Desde então, o empreendedor foi
ganhando novas conotações, abordadas tanto no contexto econômico quanto no campo
empresarial. Entretanto, ainda não se pode afirmar a existência de um protótipo de empreendedor,
uma vez que os estudos são aparentemente recentes, e a opinião dos autores ainda é divergente,
em detrimento de suas áreas de atuação.
2.2.1 Evolução histórica de conceitos do empreendedor
O termo empreendedor foi originalmente utilizado pela língua francesa, para designar os homens
envolvidos na coordenação de operações militares. Posteriormente, passou a ser utilizado para
denominar as pessoas que se associavam com proprietários de terra e trabalhadores assalariados,
bem como para designar os aventureiros como construtores de pontes, empreiteiros de estradas
ou arquitetos (LONGEN, 1997).
Dornelas (2001) credita a primeira definição de empreendedorismo a Marco Polo, que tentou
estabelecer uma rota comercial para o Oriente. Como empreendedor, Marco Polo assinou um
38
contrato com um homem que possuía dinheiro (hoje conhecido como capitalista) para vender
suas mercadorias. Assim sendo, o capitalista assumia riscos de forma passiva, enquanto que o
empreendedor assumia papel ativo, correndo todos os riscos físicos e emocionais.
Os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram no século
XVII, em que o empreendedor estabelecia um acordo com o governo para realizar algum serviço
ou fornecer produtos. Como geralmente os preços eram prefixados, quaisquer lucros ou prejuízos
eram exclusivos do empreendedor (DORNELAS, 2001). O empreendedor buscava nichos de
mercado para investimentos mais lucrativos e centralizava-se na análise de risco para tomadas de
decisão.
O empreendedor era definido por Cantillon (1725) como aquele que comprava matéria-prima,
com o objetivo de processá-la e depois vender por um preço maior, não definido previamente.
Cantillon era basicamente um banqueiro, que hoje poderia ser descrito como um capitalista de
risco. Seus escritos revelam um homem em busca de oportunidades de negócios, preocupado com
o gerenciamento inteligente de negócios e a obtenção de rendimentos otimizados para o capital
investido (FILION, 1999a). O banqueiro empreendedor tinha como tarefa mobilizar o dinheiro
dos outros para alocá-lo em áreas de produtividade mais elevada e que oferecesse um maior
rendimento. A essência da atividade econômica para o banqueiro empreendedor é o
comprometimento de recursos atuais em expectativas futuras, o que significa incertezas e riscos,
conseguindo seus recursos através de venda de ações das companhias que havia financiado.
Cantillon via o empreendedor como alguém que além de lidar com a inovação também investia e
corria riscos com seu próprio dinheiro (ANTUNES e SENHORINI, 2002).
39
O economista francês Jean Baptiste Say utilizou novamente o termo empreendedor em seu livro
Tratado de Economia Política, por volta de 1800. Nesta época, o empreendedor era responsável
por reunir todos os fatores de produção e descobrir, no valor dos produtos, a reorganização de
todo o capital que ele emprega, como valor dos salários, juros, aluguel, assim como o lucro que
lhe pertence (LONGEN, 1997). Para Jean Baptiste Say, o empreendedor era visto como o
indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de baixa produtividade para um setor de
alta produtividade e maior rendimento (ANTUNES e SENHORINI, 2002). Segundo Say, o
empreendedor deveria apresentar as seguintes características: julgamento, perseverança e um
conhecimento sobre o mundo e sobre os negócios. Deveria ter a arte da superintendência e da
administração (LONGEN, 1997). Say enfatiza que o empreendedor é a figura central da
economia com o papel de mediador, cuja função é combinar os meios de maneira a alcançar no
final a produção de uma mercadoria.
Conforme exemplificado por Haahti (1987), o empreendedor é o mediador entre o capitalista e o
senhor das terras, entre os cientistas e os trabalhadores, entre os fornecedores de produtos e
serviços e os consumidores (SEXTON e LANDSTRÖM, 2000). Say fazia distinção entre
empreendedores e capitalistas e entre os lucros de cada um. O empreendedor estava associado à
inovação e era visto como agente da mudança. Ele próprio era um empreendedor e foi o primeiro
a definir as fronteiras do que é ser um empreendedor na concepção moderna do termo. Como Say
foi o primeiro a lançar os alicerces desse campo de estudo, pode-se considerá-lo o pai do
empreendedorismo (FILION 1999a).
Dois autores ingleses dedicaram esforços para definir explicitamente a função do empreendedor
40
no desenvolvimento econômico, Adam Smith e Alfred Marshall. Smith denominou o
empreendedor como um proprietário capitalista, fornecedor de capital e administrador, que se
interpõe entre o trabalhador e o consumidor. Para Smith, o empreendedor era visto como a pessoa
que visa somente produzir dinheiro. Marshall caracterizou o empreendedor como uma pessoa que
se aventura e assume riscos, reunindo capital e trabalho requeridos para o negócio. Ou seja, o
empreendedor era visto como uma pessoa que supervisiona os mínimos detalhes, buscando a
convivência com o risco, a inovação e a gerência do negócio (LONGEN, 1997).
Mas a consolidação do termo empreendedor somente se fez presente no século XX, com Joseph
Alois Schumpeter, que denominava o empreendedor como o responsável pelo processo de
destruição criativa. Schumpeter partiu da abordagem de que o sistema econômico de oferta e
procura estava em equilíbrio. O empreendedor tendia a quebrar este equilíbrio através da
introdução de inovação dentro do sistema, na forma de novos produtos, novos métodos de
produção ou novos mercados. O empreendedor é visto por Schumpeter como o impulso
fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, que está constantemente
criando novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados. O empreendedor é o
motor da economia, o agente de inovação e mudanças, capaz de desencadear o crescimento
econômico. É a pessoa que está sobrepondo-se aos antigos métodos, menos eficientes e mais
caros. Aquele que realiza coisas novas e não, necessariamente, aquele que inventa.
Outros autores surgiram e o empreendedor é concebido como uma pessoa que inova, que toma
iniciativa, identifica e cria oportunidade de negócios, monta e coordena novas combinações de
recursos para extrair os maiores benefícios de suas inovações. Degen (1989) acredita que ser
41
empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade de realizar coisas novas, pôr em prática
idéias próprias, ter características de personalidade e comportamento que nem sempre são fáceis
de se encontrar. Para Peter Drucker (1987), o empreendedor é uma pessoa que está sempre
buscando a mudança, reage a ela e a explora como sendo uma oportunidade. Para o autor, a
inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual exploram a mudança
como uma oportunidade para um negócio diferente, pois é o empreendedor que cria algo novo,
diferente, inovando ou transformando valores e conseguindo conviver com as incertezas e riscos
inerentes ao negócio.
Shapero (1977) descreveu o empreendedor como sendo alguém que toma a iniciativa de reunir
recursos de uma maneira nova ou para reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização
relativamente independente, cujo sucesso é incerto. O empreendedor, para Lezana (1995), é o
indivíduo que tem criatividade, identifica novas oportunidades e com iniciativa própria busca
informações permanentemente, comunica-se de maneira persuasiva, entre outras características,
proporcionando satisfação pessoal e familiar, gerando empregos e riqueza (COSTA e
NIEDERAUER, s.d.b.).
Gerber (1990) relaciona o empreendedor à personalidade criativa, que está sempre lidando com o
desconhecido, investigando o futuro, transformando possibilidades em probabilidades, caos em
harmonia. A personalidade empreendedora transforma a condição mais insignificante numa
excepcional oportunidade. Zoghlin (1994) define os empreendedores como determinados,
inovadores, ousados iconoclastas que prezam sua independência. Não hesitam em modificar ou
passar por cima das regras para conseguir o que querem.
42
Longenecker (1997), por sua vez, visualiza os empreendedores como heróis populares da
moderna vida empresarial que não só introduzem inovações, como fornecem empregos e
estimulam o desenvolvimento econômico. Para o autor, o empreendedor deve ter autonomia de
determinar objetivos e tempo, a hora de procurar o ambiente e a organização de oportunidades.
Ele deve também prover recursos, avaliar e decidir entre as “paradas empreendedoras”, trabalhar
fora dos canais normais e controlar ou supervisionar os recursos após a sua aplicação. O autor
apresenta uma concepção mais ampliada da ação empreendedora, definindo-a tanto como aquela
relacionada a uma pessoa que inicia um negócio, como à que o opera e o desenvolve. Nessa
prática podem ser incluídos todos os gerentes e proprietários ativos da empresa. O conceito sob
esse prisma agrega inclusive os membros da segunda geração de empresas familiares e
proprietários-gerentes que compram empresas já existentes.
Dolabela menciona que ser empreendedor envolve características, atitudes, aprendizado e
relacionamento.
Ser empreendedor não é somente uma questão de acúmulo de conhecimentos, mas a
introjeção de valores, atitudes, comportamentos, formas de percepção do mundo e de si
mesmo voltados para atitudes em que o risco, a capacidade de inovar, perseverar e de
conviver com a incerteza são elementos indispensáveis. (...) O empreendedor é alguém
capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve saber persuadir terceiros, sócios,
colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma
situação confortável no futuro. (DOLABELA, 1999a, p.44).
Diante da vasta gama de autores de diversas áreas ou disciplinas que buscam definir o
empreendedor, a confusão reina no campo do empreendedorismo, porque não há consenso a
respeito do empreendedor e das fronteiras do paradigma. Por outro lado, se forem comparadas as
definições dadas por especialistas de uma mesma área, um consenso surpreendente é encontrado
(FILION, 1999a; DOLABELA, 1999a). O Quadro 1 mostra os distintos grupos de especialistas e
43
as definições ou características atribuídas ao empreendedor.
Quadro 1: Definições e atributos do empreendedor de acordo com diversos especialistas
Especialistas Definições e atributos ao empreendedor
Economistas
Os empreendedores estão associados à inovação e apresentam papel
fundamental para o desenvolvimento econômico.
Comportamentalistas
Atribuem aos empreendedores as características de criatividade,
persistência, internalidade (capacidade de influenciar e controlar
comportamentos de outras pessoas) e liderança.
Engenheiros e especialistas em
gerenciamento de operações
Vêem os empreendedores como bons distribuidores e coordenadores de
recursos.
Especialistas em finanças
Definem os empreendedores como pessoas capazes de calcular e medir
riscos.
Especialistas em gerenciamento
Os empreendedores são organizadores competentes e desembaraçados que
desenvolvem linhas mestras ou visões em torno das quais organizam suas
atividades, destacando-se em organizar e fazer uso de recursos.
Especialistas na área de marketing
Definem os empreendedores como pessoas que identificam oportunidades,
se diferenciam dos outros e têm o pensamento voltado para o consumidor.
Interessados em criação de novos
empreendimentos
Os melhores elementos para prever o sucesso de um empreendedor são o
valor, a diversidade e a profundidade da experiência e das qualificações
adquiridas por ele no setor em que pretende operar.
Fonte: Elaborado com base em DOLABELA 1999a; FILION, 1999a.
Apesar da falta de consenso (ou no caso de consenso apenas entre os especialistas de uma mesma
área) na definição do empreendedor, os estudos apontam para algumas conclusões a respeito do
assunto. A primeira conclusão é de que o empreendedor não é fruto, apenas, de herança genética,
mas sim um ser social, produto do meio em que vive (época e lugar). Sendo assim, o perfil do
empreendedor pode variar de região para região. A partir deste ponto, pode-se chegar a uma
segunda conclusão: que é possível aprender a ser empreendedor, desde que se utilizem métodos
adequados para isto. Se o indivíduo não nasceu com predisposição a ser empreendedor, pode
desenvolver e adquirir características que o possibilitarão ser um empreendedor bem sucedido.
No entanto, os pesquisadores ainda apresentam dificuldade em identificar o empreendedor, já que
o mesmo pode ser confundido com o empresário. Dolabela (1999a) considera como
empreendedores:
44
um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela;
uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações, assumindo riscos, seja
na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou fazer propaganda dos seus
produtos e/ou serviços, agregando novos valores;
um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o
surgimento de valores adicionais.
O autor não considera empreendedor aquele indivíduo que apenas adquire uma empresa, somente
gerenciando o negócio, sem introduzir qualquer inovação (seja na forma de vender, produzir, de
tratar os clientes).
2.2.2 Características empreendedoras
As características empreendedoras são vitais para o profissional que deseja iniciar um novo
negócio e/ou continuar no mercado de trabalho, já que ambas as situações exigem pessoas
criativas, que saibam assumir riscos, que possuam iniciativa própria para a resolução dos
conflitos e que sejam persistentes quanto aos seus objetivos. Essas características devem estar
presentes na vida do funcionário, do empresário e, principalmente, da pessoa que deseja entrar
em um novo ramo de negócio. Dessa forma, é essencial que as pessoas desenvolvam
características empreendedoras, capazes de criar e aproveitar oportunidades, melhorar processos
e inventar negócios, que tenham vontade e aptidão para realizar algo, a fim de deixar a sua marca
e fazer a diferença.
45
Existem diferentes correntes que abordam o empreendedorismo, e categorizações que se ampliam
ou diminuem conforme os autores. Geralmente elas são provocadas por autores que partem de
diferentes premissas (FILION, 1999a). O autor destaca as seguintes dimensões para o
empreendedor:
Comportamentos
Sistemas de atividade
Processos empreendedorísticos
Técnico-empreendedores
Intra-empreendedorismo
No entanto, duas correntes básicas são usualmente definidas: os economistas, que se iniciou com
Richard Cantillon (1680-1734) e Jean Baptiste Say (1767-1832) e se desenvolveu com Joseph A.
Schumpeter (1883-1950), associando o empreendedor ao desenvolvimento econômico, à
inovação e à busca de oportunidades; e a corrente dos comportamentalistas, desenvolvida a partir
dos estudos de David McClelland, que enfatiza os aspectos de atitude como a criatividade e a
intuição (GIMENEZ e INÁCIO, 2002; DUTRA, 2002).
A linha comportamentalista sobre o empreendedor surgiu em 1930. Formada por especialistas em
comportamento humano, é uma das primeiras e mais importantes teorias das raízes psicológicas
sobre empreendedorismo. Foi exposta no início dos anos 60, por David McClelland, e mostrava
que as pessoas que seguem carreiras semelhantes a de empreendedores têm uma alta necessidade
de realização social além de gostarem de correr riscos, fato que as levam a desprenderem maiores
esforços (GREATTI e SENHORINI, 2000). De acordo com McClelland, a necessidade de
46
realização e êxito e as características comportamentais associadas são o fator-chave para o
crescimento econômico das pessoas (SEBRAE,1998).
Pode-se dizer, então, que as pessoas devem conquistar e aprender as habilidades e funções do
empreendedor, para, na prática profissional e empresarial, realizar atitudes empreendedoras. Tais
atitudes foram descritas por McClelland (1961), que identificou os dez principais
comportamentos de pessoas empreendedoras e agrupou-os em três conjuntos distintos, conjunto
de realização, de planejamento e de poder. O Quadro 2 apresenta a descrição dos três conjuntos
de comportamentos do empreendedor.
Quadro 2: Comportamento do empreendedor segundo McClelland
Conjunto de Realização
Busca de
oportunidades e
iniciativa
O empreendedor deve possuir predisposição para identificar oportunidades, pois, onde os
outros vêem problemas, o empreendedor vê oportunidades. O empreendedor de sucesso
não cansa de observar negócios, é curioso e cuidadoso na análise de informações e suas
fontes. Observe as seguintes atitudes do empreendedor de sucesso: realiza atividades
antes de solicitado ou forçado pelas circunstâncias; busca novas áreas de atuação, com
produtos e serviços que venham ampliar seu empreendimento; aproveita oportunidades
fora do comum para começar um novo negócio, obtendo financiamentos, equipamentos,
local de trabalho ou assistência.
Persistência
A pessoa empreendedora deve caminhar em direção aos seus objetivos e ideais, suando a
camisa, superando os obstáculos e mantendo-se atuante mesmo diante de resultados
desanimadores. O empreendedor deve ser persistente, buscar novas alternativas de
realizar suas atividades, quando não são bem sucedidas. No entanto, há uma diferença
entre persistência e teimosia. O empreendedor não deve ser teimoso, ao insistir várias
vezes no mesmo erro, que o conduz a um desfecho mal sucedido. O indivíduo deve
apresentar as seguintes atitudes, que apontam para uma direção de esforços realmente
empreendedora: agir diante de dificuldades relevantes; insistir ou mudar de estratégia com
a finalidade de enfrentar desafios ou dificuldades; responsabilizar-se pessoalmente pelo
cumprimento dos objetivos estabelecidos. Porém, deve ter a capacidade de analisar
resultados e aprender com seus fracassos, evitando persistir teimosamente.
Correr riscos
calculados
Para ser um empreendedor de sucesso, o indivíduo precisa fazer cálculos cuidadosos no
que diz respeito às chances de sucesso e de fracasso do seu empreendimento. Este aceita
assumir riscos calculados, buscando a prova de que suas chances de sucesso são maiores
que de fracasso. As atitudes realizadas pelo empreendedor são as seguintes: analisa as
alternativas e calcula riscos cuidadosamente; age para diminuir riscos ou controlar
resultados; coloca-se em situações que implicam desafios moderados, principalmente,
para que ele possa ter controle sobre os fatores que determinarão o sucesso do
empreendimento.
Exigência de qualidade
e eficiência
Você e sua empresa deverão se destacar pelo vel de qualidade mais apropriado de suas
atividades. É essencial buscar constantemente maneiras de realizar tarefas com maior
rapidez, menor custo e maior qualidade. Veja algumas atitudes fundamentais da pessoa
empreendedora: age de forma a executar melhor as coisas, mais rapidamente ou mais
47
barato; procede de forma a realizar coisas que satisfaçam ou excedem aos padrões de
excelência; assegura que o trabalho seja terminado a tempo e atenda aos padrões de
qualidade previamente combinados, já que o empreendedor geralmente se destaca pelo
nível de qualidade mais alto de seus trabalhos, resultado de seus padrões de excelência e
energia para trabalhar duro.
Comprometimento
O empreendedor se compromete de tal maneira com o seu empreendimento, que muitas
vezes é obrigado a fazer sacrifícios pessoais, com um imenso esforço para complementar
suas tarefas. O comprometimento relaciona-se às seguintes atitudes do empreendedor:
sacrifica-se pessoalmente ou depende de um grande esforço para completar uma tarefa
contratada; trabalha junto com seus empregados ou os substitui caso seja necessário
terminar uma tarefa; prima em manter os clientes satisfeitos e coloca em primeiro lugar a
boa vontade a longo prazo, em vez de lucro a curto prazo.
Conjunto de Planejamento
Busca de informações
Buscar informações é essencial para qualquer tipo de negócio. Por isso, questione sempre,
a fim de tornar seus objetivos claros e definidos, pois a tendência do empreendedor é
realizar uma cuidadosa busca de informações que possam fundamentar a elaboração de
um plano de negócio, voltado ao sucesso. O empreendedor deve apresentar as seguintes
atitudes: pesquisar pessoalmente informações de clientes, fornecedores e concorrentes;
analisar a melhor maneira de fabricar um produto ou oferecer um serviço; solicitar
orientação de especialistas para obter assessoria técnica ou comercial e assim fundamentar
e possibilitar a elaboração de estratégias racionais, com boas chances de êxito.
Estabelecimento de
metas
O empreendedor deve procurar definir objetivos de longo prazo e estabelecer metas de
curto prazo, que lhe permitam reunir condições necessárias para a realização de seus
projetos mais amplos. É necessário estabelecer objetivos claros e com datas determinadas
para a sua realização. O empreendedor deve colocar em prática as seguintes atitudes
empreendedoras: fixar objetivos que lhe proporcionem desafios e que tenham significado
pessoal; estabelecer metas a longo prazo, claras e específicas; determinar objetivos de
curto prazo e mensuráveis, pois, um objetivo quando escrito tem um aumento de 60% na
probabilidade de ser atingido.
Planejamento e
monitoramento
sistemáticos
Para que os objetivos sejam alcançados, é de primordial importância planejar e monitorar
as ações a serem realizadas, visando controlar os resultados. Observe mais algumas
atitudes do empreendedor: planeja um trabalho grande, dividindo-o em partes mais
simples e com prazos definidos; acompanha e revisa seus planos, embasados em
informações sobre o desempenho real e em novas circunstâncias; mantém registros
financeiros e os utiliza para tomar decisões. A energia para este trabalho geralmente vem
do alto padrão de excelência do empreendedor e do compromisso com os próprios
objetivos. Como precisa de feedback constante, busca atividades que forneçam
informações contínuas e concretas sobre o próprio desempenho.
Conjunto de Poder
Independência e
autoconfiança
Pessoas autoconfiantes aceitam correr riscos e assumem responsabilidade pessoal por seu
sucesso ou fracasso, independentemente das pessoas que estão a sua volta. Veja mais
algumas atitudes de pessoas empreendedoras: busca autonomia em relação a normas e
controles de outros; mantém suas decies, mesmo quando outras pessoas se opõem,
diante de resultados desanimadores; mostra-se confiante na sua própria capacidade de
completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio. Geralmente o empreendedor
analisa as situações-problema, no sentido de avaliar as fraquezas e as ameaças às suas
ações, buscando formas de exercer controle para eliminá-las ou amenizá-las.
Persuasão e rede de
contatos
O empreendedor deve ser um catalisador de mudanças, alguém que transforme condições
ambientais em função da realização de seus próprios objetivos. Tem necessidade de
exercer controle sobre a situação, buscando certa influência sobre as pessoas, a fim de
obter colaboração e apoio para a realização de seus objetivos. As atitudes do
empreendedor são as seguintes: usa de estratégias para influenciar ou persuadir os outros;
cerca-se de pessoas influentes para atingir seus próprios objetivos; procura desenvolver e
manter relações comerciais.
Fonte: Elaborado com base em SEBRAE, 1998; BERTOGLIO, 1998.
48
Conforme menciona o autor, os empreendedores são indivíduos totalmente comprometidos,
determinados e perseverantes. Estão preparados para abrir mão de objetivos pessoais em prol de
seu trabalho. Possuem um intenso desejo de superar obstáculos, barreiras, resolver problemas e
completar o trabalho. Não são intimidados pela dificuldade da situação. Também não têm
precipitação na superação dos obstáculos que possam impedir seu negócio. No entanto, são
realistas em reconhecer o que podem e o que não podem e onde encontram ajuda para resolver
uma tarefa difícil, mas necessária.
Os empreendedores são os próprios iniciadores. São dirigidos internamente pelo forte desejo de
competir, de exceder contra os próprios limites, perseguindo-os para obter resultados
desafiadores. São orientados e dirigidos por metas altas em sua busca e execução de atividades,
porém que sejam atingíveis. Isso os habilita a focalizar suas energias e serem seletivos na sua
escolha de oportunidades. Estabelecer metas e direção também os ajuda a definir prioridades e
provê-los com medidas de seu desempenho. Os empreendedores colocam-se em situações nas
quais são pessoalmente responsáveis pelo sucesso ou fracasso de operações. Gostam de tomar
iniciativa na resolução de problemas.
Dornelas (2001) menciona que ao se analisar estudos sobre o papel e as funções, assim como a
abordagem processual do trabalho do administrador, pode-se dizer que existem muitos pontos em
comum entre o administrador e o empreendedor. Para o autor, o empreendedor é considerado um
administrador, mas com diferenças consideráveis em relação aos gerentes ou executivos de
organizações tradicionais. O empreendedor de sucesso possui características extras, além dos
atributos do administrador. Possui atributos pessoais que, somados a características sociológicas e
49
ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa. Pode-se dizer que os empreendedores
são mais visionários que os gerentes.
O autor elabora e apresenta algumas características inerentes ao empreendedor de sucesso, as
quais são apresentadas no quadro a seguir.
Quadro 3: Características dos empreendedores de sucesso, segundo Dornelas
São visionários
Eles têm a visão de como será o futuro para seu negócio e sua vida e, o mais
importante: eles têm a habilidade de implementar seus sonhos.
Sabem tomar decisões
Eles não se sentem inseguros, sabem tomar as decisões corretas na hora certa,
principalmente nos momentos de adversidade, sendo isso um fator chave para o seu
sucesso. E mais: além de tomar decisões, implementam suas ações rapidamente.
São indivíduos que fazem a
diferença
Os empreendedores transformam algo de difícil definição, uma idéia abstrata, em
algo concreto, que funciona, transformando o que é possível em realidade (Kao,
1989; Kets de Vries, 1997). Sabem agregar valor aos serviços e produtos que
colocam no mercado.
Sabem explorar ao máximo
as oportunidades
Para a maioria das pessoas, as boas idéias são daqueles que as vêem primeiro, por
sorte ou acaso. Para os visionários (os empreendedores), as boas idéias são geradas
daquilo que todos conseguem ver, mas não identificaram algo prático para
transformá-las em oportunidade, por meio de dados e informação. Para Schumpeter
(1949), o empreendedor é aquele que quebra a ordem corrente e inova, criando
mercado com uma oportunidade identificada. Para Kirzner (1973), o empreendedor
é aquele que cria um equilíbrio, encontrando uma posição clara e positiva em um
ambiente de caos e turbulência, ou seja, identifica oportunidades na ordem
presente. Porém, ambos são enfáticos em afirmar que o empreendedor é um exímio
identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento a informações,
pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.
São determinados e
dinâmicos
Eles implementam suas ações com total comprometimento. Atropelam as
adversidades, ultrapassando os obstáculos, com uma vontade ímpar de “fazer
acontecer”. Mantêm-se sempre dinâmicos e cultivam um certo inconformismo
diante da rotina.
São dedicados
Eles se dedicam 24 horas por dia, 7 dias por semana, ao seu negócio.
Comprometem o relacionamento com amigos, com a família, e até mesmo com sua
própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando energia para continuar,
mesmo quando encontram problemas pela frente. São incansáveis e loucos pelo
trabalho.
São otimistas e apaixonados
pelo que fazem
Eles adoram o trabalho que realizam. E esse amor ao que fazem é o principal
combustível que os mantém cada vez mais animados e autodeterminados,
tornando-os os melhores vendedores de seus produtos e serviços, pois sabem, como
ninguém, como fazê-lo. O otimismo faz com que sempre enxerguem o sucesso, em
vez de imaginar o fracasso.
São independentes e
constroem o próprio destino
Eles querem estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino. Querem
ser independentes, em vez de empregados, querem criar algo novo e determinar os
próprios passos, abrir os próprios caminhos, ser o próprio patrão e gerar empregos.
Ficam ricos
Ficar rico não é o principal objetivo dos empreendedores. Eles acreditam que o
dinheiro é conseqüência do sucesso dos negócios.
São líderes e formadores de
Os empreendedores têm um senso de liderança incomum. E são respeitados e
50
equipes
adorados por seus funcionários, pois sabem valorizá-los, estimulá-los, e
recompensá-los, formando um time em torno de si. Sabem que para obter êxito e
sucesso, dependem de uma equipe de profissionais competentes. Sabem ainda
recrutar as melhores cabeças para assessorá-los nos campos onde não detêm o
melhor conhecimento.
São bem relacionados
(networking)
São organizados
Os empreendedores sabem construir uma rede de contatos que os auxilia no
ambiente externo da empresa, junto a clientes, fornecedores e entidades de classe.
Os empreendedores sabem obter e alocar os recursos materiais, humanos,
tecnológicos e financeiros, de forma racional, procurando o melhor desempenho
para o negócio.
Planejam,
Planejam,
Planejam
Os empreendedores de sucesso planejam cada passo de seu negócio, desde o
rascunho do plano de negócios até a apresentação do plano a investidores,
definição das estratégias de marketing do negócio etc., sempre tendo como base a
forte visão de negócio que possuem.
Possuem conhecimento
São sedentos pelo saber e aprendem continuamente, pois sabem que quanto maior
o domínio sobre um ramo de negócio, maior é sua chance de êxito. Esse
conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em
publicações especializadas, em cursos, ou mesmo de conselhos de pessoas que
montaram empreendimentos semelhantes.
Assumem riscos calculados
Talvez essa seja a característica mais conhecida dos empreendedores. Mas o
verdadeiro empreendedor é aquele que assume riscos calculados e sabe gerenciar o
risco, avaliando as reais chances de sucesso. Assumir riscos tem relação com
desafios. E para o empreendedor, quanto maior o desafio, mais estimulante será a
jornada empreendedora.
Criam valor para a sociedade
Os empreendedores utilizam seu capital intelectual para criar valor para a
sociedade, com a geração de empregos, dinamizando a economia e inovando,
sempre usando sua criatividade em busca de soluções para melhorar a vida das
pessoas.
Fonte: DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro: Campos,
2001.
Dornelas (2001) menciona ainda que as habilidades requeridas do empreendedor podem ser
classificadas em três áreas: técnicas, gerenciais e características pessoais. As habilidades técnicas
envolvem saber escrever, saber ouvir as pessoas e captar informações, ser bom orador, ser
organizado, saber liderar e trabalhar em equipe e possuir know-how técnico na sua área de
atuação. Por sua vez, as habilidades gerenciais incluem as áreas envolvidas na criação,
desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa: marketing, administração, finanças,
operacional, produção, tomada de decisão, controle das ações da empresa e ser um bom
negociador. Já as características pessoais incluem disciplina, assumir riscos, ser inovador, ser
orientado para mudanças, ser persistente e ser um líder visionário.
51
Pereira e Santos (1995) também mencionam algumas características que traçam o perfil do
empreendedor de sucesso, as quais são descritas no Quadro 4:
Quadro 4: Características do empreendedor de sucesso, segundo Pereira e Santos
É motivado pelo desejo de realizar;
Corre riscos viáveis, possíveis;
Tem capacidade de análise;
É igual às outras pessoas quanto à moralidade, que é questão de caráter;
Precisa de liberdade para agir e para definir suas metas e os caminhos para atingi-las;
Sabe aonde quer chegar;
Confia em si mesmo;
Não depende dos outros para agir; sabe, porém, atuar conjuntamente;
É tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades;
É otimista, sem perder o contato com a realidade;
É flexível sempre que preciso;
Administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar;
É corajoso; porém, não é temerário;
Sabe postergar, deixando para depois a satisfação de suas necessidades;
Mantém a auto-motivação, mesmo em situações difíceis;
Aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros;
É capaz de recomeçar de novo, se necessário;
Mantém a auto-estima, mesmo em situações de fracasso;
Tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais;
É capaz de exercer a liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao trabalho;
É criativo, na solução de problemas, de todos os tipos;
É capaz de delegar;
É capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas e o enfrentamento
de dificuldades;
Usa a própria intuição e a de outras pessoas para escolher os melhores caminhos, corrigir a sua atuação
dele, descobrir lacunas a serem preenchidas no mercado, para avaliar a tendência dos negócios e a
variação deste; também a emprega para escolher pessoas, sejam elas sócios, fornecedores ou funcionários;
Procura sempre qualidade;
Acredita no trabalho como participação e contribuição social;
Tem prazer em realizar o trabalho e em observar seu próprio crescimento empresarial;
É capaz de administrar bem o tempo;
Não busca, exclusivamente, posição e reconhecimento social;
É independente, seguro e confiante, na execução de sua atividade profissional;
É capaz de desenvolver recursos de que necessita e de conseguir as informações que precisa;
Tem desejo de poder, como todos temos, consciente ou inconscientemente.
Fonte: PEREIRA, Heitor José; SANTOS, Silvio Aparecido dos. Criando Seu Próprio Negócio: como desenvolver
o potencial empreendedor. Brasília: Ed. SEBRAE, 1995.
As características apresentadas por Pereira e Santos (1995) pouco diferem daquelas apresentadas
por outros estudiosos. Os autores apresentam o empreendedor como um indivíduo motivado,
52
otimista, persistente e criativo. Usa sua intuição para desempenhar suas atividades. É líder aceito
pelos seus seguidores. Lida bem com o fracasso, encarando-o como uma forma de aprendizado.
Tem aptidão para correr riscos, desde que sejam previamente calculados.
Por outro lado, pode-se dizer que o empreendedor apresenta algumas virtudes, as quais são
classificadas em virtudes de apoio e virtudes superiores. As virtudes de apoio são importantes e
necessárias, mas as virtudes superiores são privativas apenas aos grandes empreendedores
(CUNHA e PFEIFER, 1997). O Quadro 5 apresenta as virtudes do empreendedor, classificadas
nos dois grupos: de apoio e superiores.
53
Quadro 5: Virtudes do empreendedor, baseadas em Cunha e Pfeifer
Virtudes de Apoio
Visão
Jornada mental que liga o hoje (conhecido) ao amanhã (desconhecido), criando o futuro
a partir de uma montagem de fatos, esperanças, sonhos, oportunidades e perigos. Ter
visão significa mapear o curso de ação para uma direção preestabelecida, facilitando a
definição das metas e as maneira de se alcançar esta direção (objetivo).
Energia
O indivíduo que age com energia e têm objetivos atrai oportunidades. É com energia e
objetivos claros que se torna possível superar as ameaças encontradas no caminho, e
aproveitar as oportunidades que surgem.
Comprometimento
O empreendedor está disposto a se sacrificar ou despender esforço pessoal fora do
comum para concretizar um projeto. Esmera-se em manter os clientes satisfeitos e está
comprometido em ter uma relação de amizade com funcionários e clientes.
Liderança
O empreendedor é capaz de agregar as pessoas em torno de si e movê-las em direção
aos objetivos por ele determinados. Para alcançar seus ideais e objetivos, emprega
estratégias conscientes ou inconscientes, buscando influenciar ou persuadir os outros.
Obstinação
O empreendedor é um guerreiro obstinado. Gosta de competir e, quando entra em uma
disputa por uma causa, só sai como vencedor. Não conseguindo vencer da primeira vez,
não desiste. Volta com estratégias alternativas, a fim de enfrentar os desafios e superar
os obstáculos.
Capacidade de
decisão/concentração
Com um senso apurado de prioridade, o empreendedor se concentra naquilo que
realmente é importante, facilitando o cálculo dos riscos. Avalia as estratégias
alternativas e calcula riscos deliberadamente, estando sempre preocupado em reduzi-los
e em controlar os resultados.
Virtudes Superiores
Criatividade
A criatividade é uma das principais armas utilizadas pelo empreendedor. O
empreendedor cria novos produtos, novos métodos de produção, desbrava novos
mercados. Tem uma personalidade criativa que está sempre buscando novas formas de
satisfazer os clientes e, muitas vezes, criando novas necessidades. A criatividade está
acompanhada da capacidade de execução, de inovação.
Independência
O empreendedor é um ser independente, que não gosta de seguir normas e estar sob
controle dos outros. A autonomia é um dos seus objetivos, e se apresenta autoconfiante
na busca deste e de outros objetivos. Mantém seu ponto de vista, mesmo diante da
oposição ou de resultados desanimadores. Expressa confiança na capacidade de realizar
tarefas difíceis e de enfrentar grandes desafios. Os empreendedores bem-sucedidos são
os que pensam e se movem por iniciativa própria.
Entusiasmo/paixão
Os empreendedores são entusiasmados, apaixonados por aquilo que fazem, e inspiram
outras pessoas para que aceitem seus sonhos. “O entusiasmo é um estado de espírito
que inspira e incita o indivíduo à ação. Nada é tão contagioso quanto o entusiasmo. Ele
afeta de maneira vital não somente o apaixonado, como também os que entram em
contato com ele” (Hill, 1991).
Fonte: Elaborado com base em CUNHA, C. J. C. A.; PFEIFER, S. S. O Empreendedor. Capítulo I, p.13-37. In
CUNHA, C. J. C. A.; FERLA, L. A. (Ed) Iniciando seu próprio negócio. Florianópolis, I.E.A., 1997.
As virtudes apresentadas por Cunha e Pfeifer (1997) estão muito próximas do comportamento
traçado por McClelland (1961), em que o empreendedor é visto como um indivíduo
comprometido, persistente e independente. Sua capacidade de liderança atrai pessoas altamente
comprometidas com os seus ideais. É apaixonado e entusiasmado pelo que faz, contagiando os
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seus seguidores. Sua capacidade de concentração e decisão o auxilia na concentração de esforços
para as atividades que realmente são importantes para o bom desempenho de seu negócio.
Uma vez que as características pertinentes ao perfil do empreendedor não estejam completamente
definidas na literatura, e contando com a colaboração de diversos autores e pesquisadores da área,
não se pode atribuir um perfil exato ao empreendedor; várias são as características atribuídas a
ele. Dolabela (1999a) apresenta um resumo do perfil do empreendedor segundo Timmons (1994)
e Hornaday (1982), conforme mostra o quadro abaixo.
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Quadro 6: Características do empreendedor, segundo Timmons e Hornaday
Tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia.
Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização.
Trabalha sozinho. O processo visionário é individual.
Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos.
Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios erros.
É capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar resultados.
Sabe fixar metas e alcançá-las; luta contra padrões impostos; diferencia-se.
Tem capacidade de descobrir nichos.
Tem forte intuição: como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que se faz.
Tem sempre alto comprometimento: crê no que faz.
Cria situações para obter feedback sobre o seu comportamento e sabe utilizar tais informações para seu
aprimoramento.
Sabe buscar, utilizar e controlar recursos.
É um sonhador realista: é racional, mas usa também a parte direita do cérebro.
Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um “líder de banda”, que dá liberdade
a todos os músicos, mas consegue transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo um objetivo.
É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo.
Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho.
Tece “rede de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para
alcançar seus objetivos; considera a rede de relações internas (com sócios, colaboradores) mais importante
que a externa.
Conhece muito bem o ramo que atua.
Cultiva a imaginação e aprende a definir visões.
Traduz seus pensamentos em ações.
Define o que aprender (a partir do não-definido) para realizar suas visões. É pró-ativo: define o que quer e
onde quer chegar; depois, busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo.
Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e afeto não são determinantes
para explicar seu interesse. Aprende indefinidamente.
Tem alto grau de “internalidade”, que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a
crença de que conseguirá provocar mudanças nos sistemas em que atua.
Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimizá-lo. É inovador e criativo. (Inovação
está relacionada ao produto. É diferente da invenção, que pode não dar conseqüência a um produto.)
Tem alta tolerância à ambigüidade e à incerteza.
Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de
negócios.
Fonte: DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Ed. Cultura, 1999a.
Pode-se dizer que as características de personalidade, comportamentos e talentos do
empreendedor preenchem um padrão predeterminado que, geralmente, o leva a agir de tal forma
que o sucesso é conseqüência do resultado de seu trabalho. Mas para ser um empreendedor de
sucesso o indivíduo deve, além de buscar o desenvolvimento das capacidades empreendedoras,
trabalhar, trabalhar e trabalhar; e, aprender, aprender e aprender. Somente assim o empreendedor
realiza seus sonhos e alcança os seus objetivos.
56
Várias são as atividades realizadas pelo empreendedor. E, para que o empreendedor alcance
sucesso na realização do seu trabalho, cada atividade demanda certas características,
competências e, até mesmo, aprendizagens. O Quadro 7 apresenta a relação entre a atividade
desempenhada pelo empreendedor e os requisitos vinculados a ela.
Quadro 7: O trabalho do empreendedor e seus requisitos.
Atividades Características Competências Aprendizagem
Descoberta de
oportunidades
Faro, intuição. Pragmatismo, bom senso,
capacidade de reconhecer o
que é útil e dá resultados.
Análise setorial. Conhecer as
características do setor, os clientes e o
concorrente líder.
Concepção de
visões
Imaginação,
independência,
paixão.
Concepção, pensamento
sistemático.
Avaliação de todos os recursos necessários
e dos respectivos custos.
Tomada de
decisões
Julgamento,
prudência.
Visão. Obter informações, saber minimizar o
risco.
Realização de
visões
Diligência (saber
“se virar”),
constância
(tenacidade).
Ação. Saber obter informações para realizar
ajustes contínuos, retroalimentação.
Utilização de
equipamentos
(principalmente
de tecnologia da
informação)
Destreza. Polivalência (no começo, o
empreendedor faz de tudo).
Técnica.
Compras Acuidade. Negociação. Saber conter-se
nos próprios limites,
conhecer profundamente o
tema e ter flexibilidade para
permitir que todos ganhem.
Diagnóstico do setor, pesquisa de
compras.
Projeto e
colocação do
produto/serviço
no mercado
Diferenciação,
originalidade.
Coordenação de múltiplas
atividades: hábitos de
consumo dos clientes,
publicidade, promoção.
Marketing, gestão.
Vendas Flexibilidade para
ajustar-se aos
clientes e às
circunstâncias,
buscar fedback.
Adaptação às pessoas e
circunstâncias.
Conhecimento do cliente.
Formação de
equipes e
conselheiros
Ser previdente,
projeção a longo
prazo.
Saber construir redes de
relações internas e externas.
Gestão de recursos humanos, saber
compartilhar.
Delegação de
tarefas
Comunicação,
capacidade de
aprender.
Delegação. Saber dizer o que
deve ser feito e por quem;
saber acompanhar, obter
informações.
Gestão de operações.
Fonte: DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Ed. Cultura, 1999a.
57
Diante de todas as características que formam o perfil do empreendedor, Filion (1999a) apresenta
seis tipos diferentes de empreendedor, de acordo com um estudo realizado com base em uma
análise de campo com mais de 100 proprietários-gerentes de pequenos negócios. O autor
classifica os empreendedores em:
O lenhador: é o tipo mais comum de proprietário-gerente de pequenos negócios. O
empreendedor lenhador é aquele indivíduo que não gosta de multidões, de estar
em presença de muitas pessoas. Para ele, o ato de falar com as pessoas é
considerado como perda de tempo. É ambicioso e tem aptidão para o trabalho
duro. Gosta de fazer as coisas, não espera pelos outros. Quando trabalha para um
empregador, produz o dobro dos outros empregados. Dessa forma, é convencido
de que deveria trabalhar por conta própria, ser patrão. É voltado para a produção.
O sedutor: é aquele que se entrega de corpo e alma para os negócios, mas seu
entusiasmo nunca dura muito. Os sedutores lançam negócios e logo os vendem,
pois gostam que as coisas aconteçam rápido. Enxergam tudo de um ponto de vista
bem particular. Estilos, gostos e interesses mudam de tempos em tempos, estando
sempre estimulados por novidades.
O jogador: indivíduo que encara a empresa como um suporte financeiro, ou seja,
um meio de ganhar o suficiente para fazer o que realmente quer da vida. É um
indivíduo que gosta de atividades de lazer. Uma vez que o esporte é tido como
elemento vital em sua vida, o jogador prefere campos de atuação sazonais ou
cíclicos, podendo conciliar o esporte e o trabalho. Dessa forma, trabalha duro em
certos períodos, podendo dedicar-se ao esporte e lazer em outros. Não é um
indivíduo comprometido. Geralmente limita-se às atividades lucrativas.
58
O hobbysta: é o indivíduo que encara o trabalho como um hobby. Dedica toda a
sua energia e tempo livre aos negócios. O negócio é seu hobby principal, vendo
nele a possibilidade de auto-realização.
O convertido: é aquele que encontrou a grande descoberta. Tudo na vida do
convertido gira em torno dessa descoberta fundamental; e isto geralmente significa
o começo de uma nova carreira. Para o convertido, o negócio apresenta um status
sagrado. Por isso, investe nele uma profunda carga emocional. Prefere fazer as
coisas a ver os seus resultados. Em todas as tarefas e atividades realizadas, o
convertido acredita estar a um passo em direção ao melhoramento da raça humana.
Tem dificuldade de delegar, a menos que a outra pessoa prove ser merecedora de
sua confiança.
O missionário: geralmente está sozinho em seu negócio. Tem profundo
conhecimento do produto e do mercado em que atua. Tem paixão pelo que faz.
Possui visão clara e tem capacidade para organizar os negócios com relativa
rapidez. Tem plena capacidade de delegar. Age de tal modo que, mesmo diante de
um pequeno negócio, este pode funcionar em sua ausência ou, pelo menos, sem a
sua presença diária. Está aberto a novas idéias e enxerga o negócio como
organismo vivo.
Diante do exposto, observa-se que o proprietário-gerente denominado de missionário é o tipo de
empreendedor que apresenta um maior número de características tidas como formadoras do perfil
do empreendedor. No entanto, segundo Filion (1999a), os proprietários-gerentes encontrados no
cotidiano, gerenciando os seus negócios, apresentam um perfil que combina dois ou três tipos
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diferentes. São poucos aqueles que se enquadram em um desses tipos em seu estado puro. De
acordo com o autor, essa tipologia tem se mostrado útil na identificação do sistema de valores, na
intenção do indivíduo, na compreensão do modo de tomar decisões, orientações estratégicas e no
desenvolvimento do processo visionário.
2.3 O PERFIL DO EMPREENDEDOR
Com a realização do levantamento bibliográfico sobre o tema, pode-se dizer que o perfil do
empreendedor não está completamente definido pela literatura, uma vez que os autores
apresentam posições um pouco diferenciadas com relação às características e aos pré-requisitos
para a formação de tal perfil. Algumas características são mais marcantes, sendo assim, são
mencionadas por vários autores como formadoras do perfil do empreendedor. Com base nestes
autores, buscou-se selecionar uma gama de pré-requisitos para formar um perfil de
empreendedor, próprio para o objeto de estudo da presente pesquisa. Estes pré-requisitos estão
subdivididos em características, habilidades e valores, os quais podem ser visualizados no
Quadro 8 e descritos a seguir.
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Quadro 8: Perfil do empreendedor
Características
Visão
Energia e flexibilidade
Criatividade, inovação e intuição
Liderança
Autoconfiança
Independência e iniciativa
Motivação, entusiasmo, paixão
Otimismo, perseverança e persistência
Comprometimento e dedicação
Habilidades
Formador de equipes
Lidar bem com o fracasso
Correr riscos calculados
Buscar informações e conhecimentos
Obter feedback
Orientação por metas e objetivos
Relacionamento interpessoal (persuasão e rede de contatos)
Saber buscar, utilizar e controlar recursos
Capacidade de decisão
Planejamento e organização
Saber explorar oportunidades
Capacidade de análise
Conhecimento do ramo
Traduzir pensamentos em ação
Valores
Exigência de qualidade e eficiência
Fonte: Elaboração da autora.
2.3.1 Características
É sabido que para apresentar um perfil empreendedor, é necessário que o indivíduo apresente
algumas características, ou seja, um conjunto de atributos que formam sua personalidade, neste
caso, empreendedora. O conjunto de características que formam a personalidade ou o perfil
empreendedor estão descritos a seguir.
2.3.1.1 Visão
A visão é uma característica importante e deve estar presente no perfil do empreendedor, pois é
através da visão que o empreendedor irá projetar o futuro do seu empreendimento, conforme
61
menciona Filion.
Visão é definida como uma projeção: uma imagem, projetada no futuro, do lugar que o
empreendedor deseja que seu produto venha a ocupar no mercado. É, também, uma
imagem do tipo da empresa necessária para alcançar esse objetivo. Em suma, visão
refere-se a onde o empreendedor deseja conduzir seu empreendimento. (FILION,
1993:52)
O empreendedor que possui visão tem a habilidade de ligar o hoje (conhecido) ao amanhã
(desconhecido), criando o futuro a partir de uma montagem de fatos, esperanças, sonhos,
oportunidades e perigos (CUNHA e FERLA, 1997). Ter uma visão significa saber para onde se
deseja ir, permitindo ao empreendedor definir os caminhos para se chegar lá. Pela definição de
visão, o empreendedor estabelece seu rumo a longo prazo, tem a visão de como será o futuro
tanto para seu negócio quanto para a sua vida. Através da visão de futuro fica mais fácil para o
empreendedor implementar seus sonhos. A visão permite que o empreendedor se posicione e
posicione seu empreendimento para criar e aproveitar oportunidades.
Guiado pela visão, o empreendedor busca idéias e conceitos que possibilitem caminhar segundo
uma direção preestabelecida, mapeando um curso de ação que possibilite a mudança e ajude-o a
responder às mudanças no ambiente. A visão possibilita ao empreendedor definir o que quer e
onde quer chegar, para assim buscar o conhecimento que lhe permita atingir o seu objetivo.
As pessoas habituadas a definir visões normalmente são pró-ativas. São pessoas que fazem as
coisas acontecerem independentemente de serem pressionadas ou forçadas pelas circunstâncias.
Contrariamente aos reativos que são conduzidos pelos sentimentos, circunstâncias, condições e
ambiente, os pró-ativos e visionários se guiam pelos seus valores, cultivados e interiorizados.
62
2.3.1.2 Energia e flexibilidade
Os empreendedores são seres que estão constantemente buscando alguma coisa para fazer.
Dedicam grande parte de seu tempo ao trabalho. São indivíduos carregados de energia que estão
dispostos a aceitar a luta, mesmo conscientes das incertezas. Eles têm plena consciência de que,
para ter sucesso, é necessário ter energia e estar disposto a se sacrificar para atingir objetivos,
caso seja necessário.
Filion (1993) menciona que a energia é o tempo alocado em atividades profissionais e a
intensidade com que elas são executadas. Inclui, não apenas o número de horas trabalhadas, mas
também a intensidade ou conhecimento dedicados ao trabalho.
A energia despendida pelo empreendedor em seu trabalho afeta diretamente os resultados de suas
atividades e tarefas. A energia confere, por exemplo, mais liderança ao empreendedor, pode levá-
lo a dedicar mais tempo para criar e preservar relacionamentos ou articular uma visão. Quanto
mais tempo e energia o empreendedor despender no desenvolvimento de sua visão mais
benefícios receberá, pois as diretrizes que vier a desenvolver irão gerar motivação e energia
naqueles que o cercam. A energia despendida na criação e manutenção de relacionamentos
posicionará o empreendedor num sistema de relações lucrativas, que contribuirá com fluxos de
informações.
O indivíduo que age com energia e tem objetivos atrai oportunidades, pois é com energia e
objetivos claros que se torna possível superar as ameaças e aproveitar as oportunidades que
63
surgem.
Além de possuir energia para realizar pessoalmente suas atividades, o empreendedor é um ser
flexível que tem a habilidade de se adaptar às exigências do mercado. O empreendedor mantém
sua empresa em formato possível de modificação, conforme o ambiente e as exigências de
mudança. Ser flexível significa comprometer-se a avançar, adaptar-se e mudar de acordo com as
exigências de mudança em seu ambiente. Para o empreendedor, a visão da mudança não deve
representar uma ameaça, mas sim uma oportunidade a ser perseguida avidamente. A agilidade na
tomada de decisão e o foco na satisfação do cliente são a diretriz mestra da flexibilidade. A
incapacidade de conhecer o futuro não trará medo se o empreendedor for capaz de, rapidamente,
com agilidade e inteligência, mudar e adaptar-se. Ser capaz de mudar processos, preços, produtos
e serviços mais rápido que a concorrência transforma-se em um denominador importante de
sucesso organizacional.
2.3.1.3 Criatividade, inovação e intuição
A habilidade de pensar e agir de forma criativa tem se tornado um diferencial competitivo para os
empreendedores em relação a seus concorrentes. O empreendedor usa a criatividade como uma
das principais armas para criar novos produtos, novos métodos de produção, descobrir novos
mercados, dentre outros. Através da personalidade criativa o empreendedor está constantemente
buscando novas formas de satisfazer os clientes e, muitas vezes, criando neles novas
necessidades.
64
Para Cunha e Ferla (1997), a criatividade pode ser utilizada de duas maneiras: combinando coisas
já existentes ou gerando coisas novas. No primeiro caso, pode-se combinar velhos conceitos,
idéias ou planos em novas configurações, trabalha-se com o material da experiência, educação e
observação com que a criatividade é alimentada. Já no segundo caso, são criadas coisas
efetivamente novas. Para Dolabela (1999b), a criatividade surge durante o processo de solução de
problemas, e depende do conhecimento, incluindo certa espécie de conhecimento que permite ao
especialista compreender situações rápida e produtivamente.
Amabile (1998) acredita que pensar de modo criativo envolve, necessariamente, a capacidade de
analisar e julgar as idéias e, sobretudo, envolve motivação. A autora lembra que o indivíduo pode
apresentar potencial para criar novas perspectivas para velhos problemas, mas se não estiver
motivado, não alcançará êxito. Em suas pesquisas sobre as condições no ambiente de trabalho
que têm impacto na criatividade, a autora identificou as seguintes qualidades ambientais que
promovem a criatividade: liberdade, estilo de gerenciamento, flexibilidade, recursos, apoio de
grupos de trabalho, encorajamento, reconhecimento e tempo adequado para a realização das
tarefas. Por outro lado, os seguintes fatores inibem a criatividade: o clima organizacional pobre, o
excesso de avaliação e pressão, um projeto inadequado de gerenciamento, os recursos
insuficientes e a competição acirrada (INÁCIO, 2002).
Alencar (1996) e Ostrower (1984) consideram a criatividade como um potencial próprio da
natureza humana. Pela definição dos autores, a criatividade nada tem de inata ou mágica, ela é
um processo que combina múltiplos aspectos intelectuais e emocionais (INÁCIO, 2002). A
percepção de que a criatividade pode ser aprendida é de grande importância na atividade
65
empreendedora. Tal afirmação se deve ao fato de a vida do indivíduo ser estruturada e definida
por valores externos (como sistema educacional, instituições e comunidade), os conteúdos
intelectuais e o rigor do pensamento lógico, juntamente com as pressões sociais, constituem uma
séria ameaça ao processo criativo (DOLABELA, 1999a).
Inovação é outra função essencial para o processo empreendedor. A inovação é o instrumento
pelo qual os empreendedores exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio
diferente ou um serviço diferente, podendo ser apresentada como uma disciplina, ser aprendida e
ser praticada (DRUCKER, 1987). A inovação está relacionada à criação de algo novo, diferente,
com o objetivo de mudar ou transformar valores.
Criatividade e inovação são entendidas, por muitos autores, como sinônimos. Para outros, são
conceitos muito próximos e estão intimamente ligados. Para Alencar (1996), criatividade é um
componente da inovação. O conceito de criatividade tem sido mais usado para sintetizar os
processos de elaboração de novas idéias, por parte do indivíduo ou grupo de indivíduos. Já o
conceito de inovação engloba a concretização e aplicação de novas idéias e tem sido um termo
mais utilizado para descrever as ações das organizações. Alencar (1996) considera inovação
como a adoção e implementação de novas idéias (processos, bens ou serviços) em uma
organização, em resposta a situações-problema, transformando uma nova idéia em algo concreto.
(INÁCIO, 2002). Toda inovação inicia-se com uma idéia criativa. Implantações bem sucedidas
de novos programas, introdução de novos produtos, ou novos serviços dependem de uma boa
idéia, e esta idéia deve ser desenvolvida até que se torne uma inovação (AMABILE, 1999). Para
Levitt (1986), a criatividade imagina as coisas, e a inovação as faz (CUNHA e FERLA, 1997).
66
No entanto, a criatividade e a inovação têm a intuição como forte aliada. Além da lógica e da
racionalidade, o empreendedor deve dar espaço e atenção à intuição, para que esta se desenvolva
e se torne refinada. Vieliczko (2000) afirma que a intuição é um fator diferencial num mercado
em que a qualificação técnica é cada vez mais comum. Segundo o autor, essas tendências são
comprovadas por uma pesquisa da equipe do professor John Mihalasky do New Jersey Institute of
Tecnology de Newark, EUA, publicada no suplemento "Careers" do Wall Street Journal. De
acordo com o estudo, a tomada de grandes decisões está estritamente ligada à habilidade intuitiva
do profissional.
Para René Descartes (s.d.b) “todas as descobertas e invenções resultam exclusivamente de
intuições. A idéia genial sempre resulta de um lampejo espontâneo que faz brotar no consciente
uma verdade que jamais pode ser atingida pelo raciocínio”. O uso da intuição é um dos talentos
mais importantes do administrador de sucesso, pois o auxilia a perceber as oportunidades de
negócios, lacunas no mercado que podem ser preenchidas, a tendência das necessidades do
mercado e suas variações, dentre outras.
De acordo com o professor Ari Rehfeld, psicoterapeuta e supervisor da clínica de psicologia da
PUC-SP, o conceito de intuição nasceu na filosofia e consiste em atingir a verdade não pela
razão, mas pela apreensão da realidade por meio dos sentidos. Segundo ele, a idéia do “insight
ou intuição é a de que uma pessoa tem uma dúvida ou problema aparentemente sem solução, e de
um momento para outro consegue chegar a uma reposta, porém sem qualquer explicação lógica
para isso. O professor menciona que “tudo acontece porque absorvemos conhecimentos tanto de
forma consciente, como não-consciente”. Explica que, “um dado qualquer da realidade que foi
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percebido, mas não passou pela consciência pode, de repente, emergir ou influenciar o nível
racional, reconfigurando assim as informações conscientes e levando o indivíduo a encontrar uma
solução”. No entanto, o professor alerta que decisões importantes não devem ser tomadas
baseando-se apenas na intuição. O ideal é valorizar a intuição, porém jamais agir antes de analisá-
la racionalmente (VIELICZKO, 2000).
A intuição pode ser vista como um primeiro passo, para, posteriormente, pesquisar e buscar
dados e informações que possibilitem avaliar melhor a situação e se chegar a uma decisão
acertada.
2.3.1.4 Liderança
Stoner e Freeman (1996) consideram a liderança como um processo de dirigir e influenciar as
atividades relacionadas às tarefas dos membros de um grupo. No entanto, essa definição acarreta
três implicações: primeiro, a liderança envolve outras pessoas (subordinados e seguidores);
segundo, a liderança envolve uma distribuição desigual de poder entre os líderes e os membros
do grupo; e por fim, liderança é a capacidade de usar as diferentes formas de poder para
influenciar de vários modos o comportamento dos seguidores.
Sheedy (1996) menciona que um verdadeiro líder efetivo deve apresentar algumas características,
que o difere dos gerentes. Baseando-se em sua obra, as principais características do líder efetivo
são:
Íntegro e Confiável: Líderes são justos. Não procuram recompensa pessoal em
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detrimento de seus funcionários e não favorecem ninguém. Pagam o justo e
procuram dar recompensa tanto em dinheiro quanto em reconhecimento. O líder
trata seus pares e subordinados da mesma forma. É sensível às inseguranças,
medos e sonhos das pessoas. Vê as pessoas por inteiro, não por estereótipos.
Comprometimento e responsabilidade: entende seu papel e aceita facilmente
suas obrigações. O líder se compromete com o futuro. Não o perde de vista, nem
se permite estacionar no presente pela ansiedade, medo ou insegurança. Nunca
culpa os outros pela suas derrotas ou fracassos.
Visão: Possui visão de futuro. Não se limita pelas circunstâncias atuais nem por
detalhes. É orientado para a ação e para mover-se para a frente.
Motivação e comunicação: o líder é comunicador, fala clara e honestamente.
Envolve seu pessoal intelectual e emocionalmente. Não tem programa de trabalho
secreto.
Autoconfiança: É autoconfiante. Tem orgulho sem ser orgulhoso.
Dá mais do que espera receber: O líder é generoso. Não economiza seu tempo,
elogio ou empatia quando a situação demanda.
É sereno: o líder tem compostura. Não se abate, não se deprime nem se esconde
no escritório quando algo vai mal. Sabe que nessas horas a liderança é mais
necessária.
A liderança é um privilégio garantido pelos liderados. O líder não consegue o apoio dos liderados
se estes não quiserem seguí-lo.
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2.3.1.5 Autoconfiança
A autoconfiança é própria das pessoas que possuem capacidade de assumir responsabilidade
pessoal por seu sucesso ou fracasso, portanto, aceitam a condição de assumir riscos. O
empreendedor autoconfiante tem consciência de seu valor, sente-se seguro em relação a si
mesmo, agindo com firmeza e tranqüilidade. Mesmo diante de resultados desanimadores e
contando com a oposição de outras pessoas, o empreendedor mantém suas decisões e segue seu
caminho em busca da realização de seus objetivos. A crença em si mesmo faz com que o
empreendedor autoconfiante arrisque mais, ouse e realize tarefas desafiadoras. O empreendedor é
um indivíduo que não se deixa intimidar por situações difíceis. Sua autoconfiança e otimismo
fazem com que o impossível apenas pareça estar mais longe de ser alcançado.
2.3.1.6 Independência e iniciativa
O empreendedor é um ser independente. Uma característica forte dos empreendedores é a busca
da autonomia em relação às normas e controle dos outros. A autonomia se constitui em objetivo
permanente do empreendedor. Expressa confiança na sua capacidade de realizar tarefas difíceis e
de enfrentar grandes desafios.
De acordo com Lezana e Tonelli (1998:44), o empreendedor necessita considerável liberdade
para:
impor seu próprio enfoque no trabalho;
obter grande flexibilidade em sua vida profissional e familiar;
controlar seu próprio tempo;
confrontar-se com problemas e oportunidades de analisar e fazer crescer uma nova firma;
crer que é o momento de sua vida.
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O empreendedor necessita ser dono de sua própria vida, dirigindo-se para os objetivos que ele
mesmo escolheu. Não permite que influências externas o desestimulem ou desanimem. Por ser
independente, o empreendedor se move por iniciativa própria. Ele próprio realiza suas atividades,
antes mesmo de serem solicitadas.
2.3.1.7 Motivação, entusiasmo, paixão
O empreendedor é um ser motivado, entusiasmado e tem paixão pelo que faz. Tem a capacidade
de persistir e se manter otimista, mesmo diante de resultados desanimadores. Dedica sua vida a
uma nova idéia, até que esta se torne o seu ideal, ou seja, um novo negócio. O empreendedor é
automotivado com relação aos desafios e tarefas a serem realizadas.
Ao tratar deste tema na sua obra A Lei do Triunfo, o escritor Napoleon Hill ensina que “o
entusiasmo é um estado de espírito que inspira e incita o indivíduo à ação. Nada é tão contagioso
quanto o entusiasmo. Ele afeta de maneira vital não somente o apaixonado, como também, os que
entram em contado com ele.” (Hill, 1991, apud CUNHA e FERLA, 1997).
2.3.1.8 Otimismo, perseverança e persistência
O otimismo faz com que os empreendedores persigam seus objetivos, mesmo que se depare com
situações contrárias à sua vontade. O otimismo o leva a lutar pelos seus ideais e a atrair pessoas
com o mesmo propósito. Todo grande líder é otimista, pois deve transmitir coragem para os seus
seguidores. Como o empreendedor deve ser um líder, o otimismo deve estar sempre presente em
71
seu perfil.
Além de otimista, o empreendedor é perseverante, persistente. A persistência é a mola propulsora
que faz o empreendedor trabalhar duro para atingir seus objetivos. É o motor que o leva à ação
diante de dificuldades relevantes. Entretanto, a persistência não deve ser cega. O empreendedor
deve saber o momento exato de mudar de estratégia, com o objetivo de enfrentar desafios ou
vencer dificuldades. Deve ter a capacidade de analisar resultados e aprender com seus fracassos,
reformulando objetivos quando necessário.
2.3.1.9 Comprometimento e dedicação
O empreendedor aceita naturalmente o sacrifício pessoal ou a realização de um grande esforço
para alcançar seus objetivos e metas. Não mede esforços para completar uma tarefa contratada
para a plena satisfação de seus clientes. O empreendedor sabe que para conduzir um grupo de
pessoas por caminhos nem sempre fáceis, é necessário juntar-se a elas ou até mesmo substituí-las
para terminar uma tarefa.
Os empreendedores se comprometem de corpo e alma na manifestação de uma visão e se
propõem a fazer o que for necessário para que isso ocorra. O comprometimento gera uma energia
que permite ao sonho virar meta e esta se transformar em realidade.
72
2.3.2 Habilidades
Para se tornar um empreendedor de sucesso, o indivíduo deve apresentar algumas habilidades,
que o ajudarão no desempenho de suas atividades diárias. Segundo Lezana e Tonelli (1998), as
habilidades correspondem às facilidades para utilizar as capacidades físicas e intelectuais.
Manifesta-se através de ações executadas a partir do conhecimento que o indivíduo possui, por já
ter vivido situações similares. À medida que se pratica ou enfrenta repetidamente uma
determinada situação, a resposta que a pessoa emite vai se incorporando ao sistema cognitivo.
Além de incorporar a resposta, pode ocorrer que o indivíduo incorpore o método utilizado para
emitir esta resposta. Isso significa que ele terá adquirido uma outra habilidade que poderá utilizar
para enfrentar situações diversas. Sendo assim, o empreendedor deve apresentar as habilidades
descritas a seguir.
2.3.2.1 Formador de equipes
O desejo de autonomia e independência não impede o empreendedor de formar uma poderosa
equipe empreendedora. Os empreendedores sabem que, para obter êxito e sucesso, dependem de
uma equipe de profissionais competentes. Os empreendedores de sucesso possuem uma equipe
altamente qualificada e motivada que os auxiliam no desenvolvimento e contribuem para o
crescimento de seu empreendimento. Por isso, o empreendedor deve ter habilidade para recrutar
indivíduos que compartilhem de sua visão e objetivos e portadores de conhecimentos para
assessorá-lo nos campos onde não possui grande domínio; pois, enquanto o empreendedor tem
uma clara visão do que é o seu negócio e onde quer chegar, sua equipe trabalha dia-a-dia
73
implementando suas idéias e desafios.
O empreendedor é líder inato, por isso é respeitado e adorado por seus funcionários. Por saber
valorizar seus funcionários, estimulá-los e recompensá-los, o empreendedor forma uma equipe
comprometida com seus ideais; proporciona autonomia aos colaboradores, ajudando, assim, o seu
desenvolvimento pessoal e profissional, valendo-se sempre de uma crítica construtiva.
2.3.2.2 Lidar bem com o fracasso
A palavra fracasso não existe no dicionário do empreendedor, já que ele possui capacidade de
transformar o fracasso em aprendizado. O empreendedor assume seus erros, aprende com os
mesmos e não se abate perante um resultado desanimador. Considera o fracasso um resultado
como outro qualquer. Se não obteve resultado satisfatório pela primeira vez, analisa e reformula
suas estratégias e tenta novamente.
O empreendedor se empenha para não fracassar, mas não se deixa atormentar pelo medo
paralisante. Por isso, apesar de ser extremamente persistente, é realista em reconhecer o que ele
pode e o que não pode fazer. Sendo assim, o empreendedor procura ajuda de sua equipe quando
está diante de situações e tarefas difíceis.
Os empreendedores são realistas o suficiente para aceitar e contornar as dificuldades. Não se
tornam desapontados, desencorajados e, muito menos, deprimidos pelo fracasso. Pelo contrário,
diante das dificuldades, eles procuram por oportunidades. Eles próprios acreditam que aprendem
74
mais pelos seus erros do que pelo sucesso alcançado.
2.3.2.3 Correr riscos calculados
O empreendedor não é um jogador, um aventureiro em busca de situações arriscadas. Nem,
tampouco, tem aversão ao risco. Quando o empreendedor se habilita a entrar em um negócio, ele
o faz de maneira calculada, cuidadosamente planejada. O empreendedor é um indivíduo com
capacidade de avaliar as alternativas e calcular os riscos envolvidos, procurando, sempre,
minimizá-los. Busca por situações que implicam desafios ou riscos moderados. Faz o possível
para transformar o desconhecido em informações a seu favor, evitando os riscos desnecessários.
Para Degen (1989), os riscos são parte integrante de qualquer atividade e o sucesso do
empreendedor está na sua capacidade de conviver com eles e sobreviver a eles. Para isso, é
preciso aprender a administrá-los. O plano de negócios e o planejamento constante permitem ao
empreendedor identificar os possíveis riscos de seu empreendimento, proporcionando uma prévia
solução. A melhor maneira de calcular e minimizar os riscos consiste em identificá-los
previamente e antecipar-se a eles.
2.3.2.4 Buscar informações e conhecimentos
Em um ambiente instável e competitivo, a posse de informações sobre mercados, processos
gerenciais, processos produtivos, avanços tecnológicos, etc., permite à empresa uma posição de
vantagem em relação à concorrência. Por esse motivo, o empreendedor deve estar apto a buscar
75
informações e conhecimentos que permitirão acompanhar as mudanças e adaptar seu negócio às
novas exigências do mercado. O empreendedor dedica esforço pessoal na busca de informações
de clientes, fornecedores e concorrentes. No entanto, o empreendedor deve tomar cuidado com o
excesso de informação, que pode ser tão prejudicial quanto a falta dela. O empreendedor deve
manter suas informações sempre atualizadas e ter a capacidade de filtrá-las, a fim de descartar
informações que não trarão contribuição para o seu negócio.
O empreendedor é sedento pelo saber e busca o aprendizado constante. Sabe que quanto maior o
domínio sobre um ramo de negócio, maior é sua chance de êxito. O conhecimento pode ser
adquirido pela experiência prática, através de informações obtidas em publicações especializadas,
cursos, ou mesmo em conselhos de pessoas que montaram empreendimentos semelhantes.
2.3.2.5 Obter feedback
Ao contrário de muitas pessoas, o empreendedor tem um grande desejo em saber como eles estão
realizando suas atividades e o quê/como eles podem fazer para melhorar o seu desempenho e de
seu empreendimento. Por isso, está, constantemente, buscando obter feedback de sua pessoa e seu
empreendimento. Além de se auto-avaliar, o empreendedor busca a avaliação externa, criando
situações para obter feedback sobre seu comportamento, e sabe como utilizar tais informações
para seu aprimoramento (DOLABELA, 1999b). O feedback é uma ferramenta de aprendizado e
correção de seus erros.
76
2.3.2.6 Orientação por metas e objetivos
O empreendedor estabelece metas de longo prazo, claras e específicas, e fixa objetivos de curto
prazo, mensuráveis, que estejam em sintonia com as mesmas. As metas deverão servir,
necessariamente, ao alcance de objetivos que proporcionem desafios e que tenham significado
pessoal. Assim, o empreendedor planeja um trabalho grande dividindo-o em partes mais simples
e com prazos definidos. Faz acompanhamento e revisão de seus planos embasado em
informações sobre o desempenho real e em novas circunstâncias.
2.3.2.7 Relacionamento interpessoal (persuasão e rede de contatos)
O relacionamento interpessoal é uma habilidade que visa auxiliar o empreendedor a conseguir o
apoio de outras pessoas para alcançar os seus objetivos, pois para transformar uma idéia em
realidade, o empreendedor deve convencer outras pessoas a se associarem ao novo negócio. O
empreendedor necessita de parceiros, fornecedores, clientes, investidores, dentre outros, que
farão com que o negócio se concretize. Sendo assim, o empreendedor deve contar com a
habilidade de persuasão, oral ou escrita, para fazer com que as pessoas tornem-se aliadas em seu
objetivo de negócio.
2.3.2.8 Saber buscar, utilizar e controlar recursos
O empreendedor, a partir de sua rede de relacionamentos, sabe onde recorrer quando da
necessidade de recursos. Tem a capacidade de controlar os recursos, utilizando-os da melhor
77
forma possível, buscando maximizar a qualidade e minimizar os custos.
2.3.2.9 Capacidade de decisão
Com um senso apurado de prioridade, visão, julgamento e prudência, o empreendedor se
concentra naquilo que realmente é importante, facilitando o cálculo dos riscos. Obtém
informações, avalia as estratégias alternativas e calcula riscos deliberadamente, estando sempre
preocupado em reduzi-los e em controlar os resultados. Sua decisão somente é tomada após a
análise da situação.
2.3.2.10 Planejamento e Organização
Um indivíduo com perfil empreendedor deve apresentar a capacidade de planejar as atividades,
definir prioridades e gerir recursos, esforçando-se, sempre, numa melhoria contínua. Os
empreendedores de sucesso planejam cada passo do seu negócio, definem estratégias e se
organizam para alcançar os resultados almejados. Para que seus objetivos sejam alcançados, o
empreendedor planeja e monitora as ações a serem realizadas, procurando sempre controlar os
resultados.
2.3.2.11 Saber explorar oportunidades
O empreendedor é um indivíduo com capacidade para identificar novas oportunidades de
produtos, serviços e mercados. Tem a habilidade de ver o que os outros não vêem. Com esta
78
habilidade, o empreendedor está apto a descobrir novos nichos de mercado, novos produtos,
incorporar novas tecnologias, dentre outros. Contando com a criatividade, inovação e o contato
com a realidade que o cerca, o empreendedor sabe o momento exato de explorar tais
oportunidades, transformando-as em possibilidades de negócios.
2.3.2.12 Capacidade de análise
O empreendedor tem a capacidade de lidar com situações complexas. Analisa os problemas de
forma a contribuir para a sua solução e transparência. Somente toma uma decisão após a análise
de todas as possibilidades. Com a capacidade de análise o empreendedor está apto a avaliar
opções e soluções em situações de risco, e exercer julgamento nas decisões importantes.
2.3.2.13 Conhecimento do ramo
Para que sua empresa ocupe um lugar considerável no mercado, o empreendedor necessita
apresentar alguns conhecimentos técnicos a respeito do seu negócio. Conhecer o projeto do
produto, o processo de produção, o mercado em que atua, dentre outros fatores, é imprescindível
para o sucesso de um negócio. Se o empreendedor não possui tais conhecimentos, deve
desenvolvê-los tão logo seja possível ou buscar um sócio ou um técnico que os possua.
2.3.2.14 Traduzir pensamentos em ação
Com a habilidade de traduzir pensamentos em ação, o empreendedor tem concentração e ambição
79
para atingir os objetivos e para procurar desafios, demonstrando tenacidade e tolerância ao stress.
Procura implementar suas ações com total comprometimento, atropelando as adversidades,
ultrapassando os obstáculos. O empreendedor apresenta uma vontade ímpar de fazer as coisas
acontecer. É dinâmico e cultiva um certo inconformismo diante da rotina.
2.3.3 Valores
O empreendedor, como outro indivíduo qualquer, possui certos valores, ou seja, princípios ou
padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe, sociedade. Os valores são entendidos
como um conjunto de crenças, preferências, aversões, predisposições internas e julgamentos que
caracterizam a visão de mundo do indivíduo. Constituem-se num dos aspectos culturais que mais
contribuem para o desenvolvimento das características individuais.
Além de características e habilidades, pode-se dizer que o empreendedor possui dois valores
principais que, na maioria das vezes, estão presentes em suas atividades e tarefas realizadas. O
empreendedor tem exigência pela qualidade e eficiência. Está sempre buscando maneiras de
realizar tarefas com maior rapidez, menor custo e maior qualidade. Procura agir de maneira a
fazer as coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência, desenvolvendo e utilizando
procedimentos para assegurar que o trabalho seja terminado a tempo ou que o trabalho atenda aos
padrões de qualidade previamente combinados. O empreendedor busca constantemente a
excelência na qualidade de seus produtos e serviços, a economia de tempo e recursos e o
envolvimento e desenvolvimento da sua equipe de trabalho.
80
Com o conjunto de atributos elencados na presente pesquisa procurou-se criar um modelo ideal
para o perfil empreendedor, que serviu de base para a análise e compreensão dos casos
pesquisados. Com a elaboração desse perfil ideal, a pesquisa se caracteriza como um modelo
tipológico, conforme pode ser observado no capítulo 3, que trata dos aspectos metodológicos
envolvidos no trabalho.
81
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
A importância do método utilizado na pesquisa é fundamental para a validação e entendimento
das informações apresentadas na divulgação de seus resultados. A opção por determinados
métodos em detrimento de outros está diretamente relacionado aos objetivos da pesquisa e ao tipo
de fenômeno a ser estudado. A metodologia adotada na presente pesquisa contou, primeiramente,
com a revisão da literatura sobre o tema empreendedorismo, sua evolução histórica e definições
segundo os autores mais importantes da área, assim como, as características que formam o perfil
empreendedor. Posteriormente, foi possível criar subsídios para desenvolver uma pesquisa com o
objetivo de observar, empiricamente, se o empresário da área da saúde apresenta o perfil
empreendedor. A presente seção apresenta a forma como a pesquisa foi conduzida para melhor
alcançar os objetivos por ela definidos.
3.1 MODELO TEÓRICO DA PESQUISA
Várias são as classificações de níveis de pesquisas. Para Santos (2001), a pesquisa pode ser
dividida, em relação a seus objetivos, em exploratórias, descritivas e explicativas. Malhotra
(2001) divide a pesquisa em exploratória e conclusiva, sendo esta última classificada em
descritiva e causal. Por sua vez, Cooper e Schindler (2000) classificam a pesquisa em
exploratória e formal, e esta em descritiva e causal. Dessa forma, a pesquisa pode ser classificada
82
apenas em exploratória, descritiva e causal. O quadro a seguir mostra a comparação entre estas
concepções de pesquisa.
Quadro 9: Comparação entre as concepções básicas de pesquisa.
Pesquisa Exploratória Descritiva Causal
Objetivo
D
escobrir futuras tarefas de
p
esquisa
D
esenvolver hipóteses ou
p
erguntas para futuras pesquisas
Descreve fenômenos ou
características de uma
população
Estima proporções da
população que apresentam
estas características
Descobre associações
entre variáveis diferentes
Determina relações de
causa e efeito
Características
Estrutura frouxa, livre
Flexível, generalizada
Com freqüência, o início da
pesquisa
Marcada pela formulação
prévia de hipóteses
específicas
Estudo pré-planejado e
estruturado
Manipulação de uma ou
mais variáveis
independentes
Controle de outras
variáveis indiretas
Métodos
Entrevistas com peritos
Pesquisa-piloto
Análise de dados secundários
Pesquisa qualitativa
Investigação de experiências
Dados Secundários
Pesquisa
Painéis
Dados de observações e
outros dados
Experimentos
Técnica de controle de
variáveis
Fonte: elaborado com base em Malhotra ( 2001); Cooper e Schindler (2000).
Ao estudar as características do empresário da área da saúde e verificar se o mesmo apresenta um
perfil empreendedor, a presente pesquisa foi classificada como “pesquisa exploratória” que,
segundo Cooper e Schindler (2000), tende em direção a estruturas frouxas, soltas, com o objetivo
de descobrir futuras tarefas de pesquisa. Os estudos exploratórios são utilizados com o objetivo
de oferecer uma visão aproximada, preliminar, sobre um determinado fenômeno. Na maioria das
vezes, os trabalhos de cunho exploratório procuram criar o alicerce para uma futura investigação,
mais profunda, mais consistente.
83
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA
A ciência é caracterizada como uma forma de conhecimento, com o objetivo de encontrar a
veracidade dos fatos. Dessa forma, pode-se afirmar que não há ciência sem o emprego de
métodos científicos (LAKATOS e MARCONI, 1991). Para as autoras,
o método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança
e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do
cientista. (LAKATOS e MARCONI, 1991, p.83).
A importância do método é percebida à medida que se torna necessário para se atingir resultados
confiáveis, conforme os objetivos pretendidos e para que um estudo possa ser considerado
verdadeiramente científico, pois não há conhecimento válido sem procedimentos ordenados e
racionais. Existe um grande número de métodos científicos apresentados por estudiosos como
Coopler e Schindler (2000), Lakatos e Marconi (1991, 2000) e Malhotra (2001). Dentre os
diversos métodos existentes, pode-se destacar os seguintes:
Método indutivo: indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo
de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas (LAKATOS e MARCONI, 2000).
Sendo assim, o método indutivo parte da observação de fatos particulares para tirar
conclusões generalizadas. O método indutivo, assim como o dedutivo,
fundamenta-se em premissas. Entretanto, no método dedutivo, premissas
verdadeiras levam inevitavelmente à conclusão verdadeira, enquanto que, no
indutivo as premissas conduzem apenas a conclusões prováveis ou atribuem certa
84
verossimilhança a sua conclusão. Assim, quando as premissas são verdadeiras, o
melhor que se pode dizer é que sua conclusão é, provavelmente, verdadeira. A
indução, segundo Lakatos e Marconi (2000), realiza-se em três etapas: observação
dos fenômenos, descoberta da relação entre eles e generalização da relação.
Método dedutivo: o método dedutivo parte de uma teoria geral para explicar o
particular. Assim, o método dedutivo apresenta duas características: se todas as
premissas são verdadeiras, a conclusão também deve ser verdadeira; e toda a
informação ou conteúdo factual da conclusão já estava, pelo menos
implicitamente, nas premissas. Lakatos e Marconi (2000) mencionam dois
argumentos condicionais válidos para o método dedutivo: afirmação do
antecedente e negação do conseqüente.
Método hipotético-dedutivo: a partir de um conhecimento prévio, o método
hipotético-dedutivo, formula hipóteses que serão testadas ou falseadas. Se a
hipótese não superar os testes, será falseada, refutada, e exige nova formulação do
problema e da hipótese. Em contrapartida, se a hipótese superar os testes
rigorosos, estará corroborada, confirmada provisoriamente, não definitivamente
como querem os indutivistas. (LAKATOS e MARCONI, 1991). As etapas do
método hipotético-dedutivo são as seguintes: colocação do problema, construção
de um modelo teórico, dedução de conseqüências particulares, testes das hipóteses
e adição ou introdução das conclusões na teoria.
Método dialético: em uma tentativa de unificação, Lakatos e Marconi (2000)
apresentam quatro leis fundamentais da dialética: ação recíproca, unidade polar ou
“tudo se relaciona”; mudança dialética, negação da negação ou “tudo se
85
transforma”; passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa; e
interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.
Os métodos acima, como abordam Lakatos e Marconi (2000), podem ser agrupados no método
de abordagem, caracterizando-se em uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais
elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade. Por sua vez, os métodos de procedimentos
seriam etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de
explicação geral dos fenômenos e, portanto, menos abstratos. Pressupõem uma atitude concreta
em relação ao fenômeno e estão limitados a um domínio particular. São utilizados na área restrita
das ciências sociais, destacando os seguintes:
Método histórico: consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições
do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições
alcançariam sua forma atual por meio de alterações de suas partes componentes ao
longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. O
estudo deve remontar aos períodos de sua formação e de suas modificações.
Método comparativo: realiza comparações com a finalidade de verificar
similitudes e explicar divergências. É utilizado tanto para comparações de grupos
no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto entre
sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
Método monográfico: partindo do princípio de que qualquer caso que se estude
em sua profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até
de todos os casos semelhantes, o método monográfico consiste no estudo de
determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou
86
comunidades, com a finalidade de obter generalizações. A investigação deve
examinar o tema escolhido, observando todos os fatores que o influenciam e
analisando-o em todos os seus aspectos.
Método estatístico: permite obter, de conjuntos complexos, representações
simples e constatar se estas verificações simplificadas têm relações entre si.
Assim, o método significa redução de fenômenos sociológicos, políticos,
econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite
comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua
natureza, ocorrência ou significado.
Método tipológico: ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria
tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de aspectos essenciais do
fenômeno. A característica principal do ideal é não existir na realidade, mas servir
de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, realmente existentes.
Método funcionalista: levando-se em consideração que a sociedade é formada por
partes componentes, diferenciadas, inter-relacionadas e interdependentes,
satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida social, e que as partes são
mais bem entendidas compreendendo-se as funções que desempenham no todo, o
método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas
unidades, isto é, como um sistema organizado de atividades.
Método estruturalista: parte da investigação de um fenômeno concreto, eleva-se,
a seguir, ao nível abstrato, por intermédio da constituição de um modelo que
represente o objeto de estudo, retornando, por fim, ao concreto, dessa vez como
uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social.
87
Lakatos e Marconi (2000) abordam o uso concomitante de diversos métodos. Analisando o
modelo da pesquisa pôde-se caracterizá-la como método monográfico, também denominado
estudo de caso, uma vez que o estudo teve por objetivo a análise em profundidade de poucos
elementos da população. O estudo de caso permite a consideração de um grande número de
variáveis, as quais não necessitam ser predeterminadas, como no caso de uma survey ou
experimento. (CAVAYE, 1996, apud ROESCH, 1999).
O estudo pôde ser classificado, ainda, como um método tipológico, pois procurou criar, de
acordo com a literatura existente, um perfil ideal para o empreendedor. E, a partir deste perfil
ideal, procurou-se identificar, dentre os empresários da área da saúde, aqueles que apresentavam
perfil semelhante ao ideal.
3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA
Um estudo é composto pela definição de vários critérios que ajudam a compreender melhor a
forma como a pesquisa é realizada. Alguns instrumentos utilizados na pesquisa já foram
contemplados nos tópicos anteriores. Com base nos estudos de Cooper e Schindler (2000),
estabeleceram-se alguns critérios de classificação da pesquisa.
Um primeiro critério para a classificação de uma pesquisa diz respeito à maneira com que as
questões de pesquisa são formuladas. Dessa forma, o estudo pode ser visto como exploratório ou
formal, depende do tipo de estrutura e dos objetivos imediatos da pesquisa. O estudo exploratório
88
visa desenvolver hipóteses ou questionamentos para pesquisas futuras. Já o estudo formal inicia-
se onde a exploração termina e envolve procedimentos precisos e fontes específicas de dados. O
presente trabalho enquadrou-se como um estudo exploratório, por se tratar de uma investigação
ainda nos primeiros estágios e que procurou obter informações objetivas e subjetivas dos
empreendedores.
O segundo critério refere-se ao método de coleta de dados, compreendendo processos de
monitoração e interrogação/comunicação. A coleta de dados pode ser realizada através de dois
métodos: observacional e modo de interrogação/comunicação. O método observacional consiste
na inspeção das atividades do objeto ou na natureza de algum material, sem a tentativa de colher
respostas de ninguém. Já o método de interrogação/comunicação, o pesquisador indaga o objeto e
coleta suas respostas por meios pessoais ou impessoais. A coleta de dados pode resultar de:
entrevista por telefone; instrumentos de auto-resposta, enviados via e-mail ou outros meios; e
instrumentos aplicados antes ou após uma condição de tratamento ou estímulo em um
experimento (COOPER e SCHINDLER, 2000). Quanto ao método de coleta de dados, o trabalho
consistiu-se em um modelo de interrogação/comunicação, uma vez que foi possível questionar os
assuntos e coletar suas respostas através de meios pessoais e impessoais. Os dados coletados
vieram, principalmente, por meio de questionário e entrevista.
Um terceiro critério classifica a pesquisa em relação ao controle que o pesquisador exerce sobre
as variáveis, podendo ser uma pesquisa experimental ou ex post facto. Na pesquisa experimental,
o pesquisador procura controlar ou manipular as variáveis do estudo. É utilizada quando o
pesquisador deseja descobrir o efeito que certas variáveis exercem sobre outras. Por sua vez, na
89
pesquisa ex post facto o pesquisador não exerce controle sobre as variáveis, no sentido de
manipulá-las. O pesquisador apenas reporta o que aconteceu ou está acontecendo. Em relação ao
controle das variáveis, o trabalho se enquadrou em uma pesquisa ex post facto, já que não foi
exercido nenhum tipo de controle sobre as variáveis, no sentido de manipulá-las. Apenas foi
relatado o que aconteceu ou o que estava acontecendo com o empreendedor.
O quarto critério classifica uma pesquisa, de acordo com os seus objetivos, em descritiva ou
causal. Segundo Cooper e Schindler (2000), a diferença essencial entre estudos descritivos e
causais reside em seus objetivos. Os autores apontam que, se a pesquisa está preocupada em
descobrir quem, o que/qual, onde, quando/quanta, então o estudo é descritivo. No entanto, se a
pesquisa se preocupa em aprender o porquê, isto é, como uma variável produz mudanças em
outra, trata-se de um estudo causal. A pesquisa em questão foi caracterizada como um estudo
descritivo, uma vez que sua preocupação consistia em descobrir qual o comportamento e o perfil
empreendedor do empresário da área da saúde.
O quinto critério de classificação de uma pesquisa leva em consideração a dimensão tempo,
podendo apresentar corte transversal ou longitudinal. No que diz respeito à dimensão do tempo, o
estudo pôde ser caracterizado como transversal. Para Cooper e Schindler (2000), estudos
transversais representam uma foto instantânea de um ponto no tempo, ao passo que estudos
longitudinais são repetidos por um longo período de tempo.
Um sexto critério classifica a pesquisa quanto ao seu escopo: em largura, chamado de estudo
estatístico; e em profundidade, chamado estudo de caso. Como a pesquisa não esteve preocupada
90
com a amplitude, mas sim com a profundidade em âmbito do tópico estudado, o estudo
caracterizou-se como um estudo de caso, uma vez que enfatizou uma completa análise contextual
de um número menor de eventos.
Segundo Hartley, apud Cassell & Symon (1994), o estudo de caso consiste em uma investigação
detalhada, geralmente com dados coletados no decorrer de um certo tempo, permitindo que se
faça uma análise processual, contextual e geralmente longitudinal das várias ações e significados
que acontecem e que são construídos dentro das organizações. Sua finalidade é fornecer uma
análise do contexto e dos processos envolvidos no fenômeno sob estudo, e não isolar o fenômeno
estudado de seu ambiente.
A pesquisa foi caracterizada como um estudo de casos múltiplos, uma vez que objetivou estudar
o perfil e o comportamento de um conjunto de empresários da área da saúde, abordando,
principalmente, médicos, dentistas e farmacêuticos. Estudo de múltiplos casos geralmente
envolvem comparação entre os casos. Sendo assim, os critérios de seleção dos casos podem
basear-se em similaridades ou em diferenças entre as unidades pesquisadas (ROESCH, 1999).
Dessa forma, a seleção dos casos baseou-se em similaridades, pois se procurou selecionar os
empresários que tinham pré-disposição a apresentar o perfil empreendedor, uma vez que seus
empreendimentos ofereciam um diferencial competitivo em relação a outros empreendimentos do
mesmo porte.
Finalmente, o sétimo critério classifica a pesquisa com relação ao ambiente em que a mesma é
realizada. O estudo pode ser dito sob condições de campo quando a pesquisa é realizada sob as
91
condições atuais do ambiente. Por outro lado, é tida como condições de laboratório quando é
realizada sob outras condições. Uma vez que o estudo ocorreu sob condições ambientais reais,
consistiu-se em um estudo de campo, e não um estudo de laboratório.
Tendo em vista tais critérios de classificação de uma pesquisa, o Quadro 10 apresenta,
resumidamente, a classificação da presente pesquisa.
Quadro 10: Classificação da pesquisa
Critério de classificação Classificação
Forma do estudo Exploratório
Método de coleta de dados Interrogação/comunicação
Controle das variáveis Ex post facto
Propósito da pesquisa Estudo descritivo
Dimensão de tempo Transversal
Escopo da pesquisa Estudo de caso
Ambiente da pesquisa Condições de campo
Fonte: Elaborado com base em Cooper e Schindler (2000).
3.4 TÉCNICAS DE COLETA E TRATAMENTO DE DADOS
Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a
habilidade para usar esses preceitos ou normas; é a parte prática (LAKATOS e MARCONI,
1991). Várias são as técnicas aplicadas em uma pesquisa. Lakatos e Marconi (1991) apresentam
as seguintes técnicas de pesquisa:
Documentação indireta: recolhe informações prévias sobre o campo de interesse,
através do levantamento de dados de fontes variadas. A pesquisa indireta pode ser
realizada de duas formas: a) pesquisa documental, onde a coleta de dados restringe-se
a documentos, escritos ou não; e b) pesquisa bibliográfica, estudando a bibliografia
92
que já se tornou pública em relação ao tema de estudo.
Documentação direta: consiste no levantamento de dados no local onde o fenômeno
ocorre. A pesquisa direta pode ser realizada das seguintes formas: a) pesquisa de
laboratório, caracterizada como um procedimento de investigação mais difícil, porém
mais exato; e b) pesquisa de campo, utilizada com o propósito de conseguir
informações a respeito de um problema.
Observação direta intensiva: é realizada através de duas técnicas: a) observação, que
consiste em ver, ouvir e examinar fatos ou fenômenos; e b) entrevista: encontro entre
duas pessoas, a fim de que uma delas (pesquisador) obtenha informações a respeito de
determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional e assim
coletar os seus dados de análise.
Observação direta extensiva: realiza-se através de questionário, formulário, medidas
de opinião e atitudes e de técnicas mercadológicas.
Algumas técnicas foram utilizadas para a coleta de dados e realização da pesquisa, tais como:
pesquisa bibliográfica, consulta e análise de documentos, entrevistas, observação direta e
observação não participante. Para a fase de desenvolvimento do referencial teórico sobre o
assunto específico e assuntos correlatos, a pesquisa utilizou-se de bibliografias disponíveis em
livros, artigos em revistas especializadas, Internet, dissertações, teses e anais de congressos.
Para o levantamento de dados da pesquisa propriamente dita, foi realizada consulta junto à
Associação de Classes, Sindicatos, Conselhos, etc, a fim de identificar os
empreendedores/empresários da área da saúde. Uma vez identificados os empresários, foram
93
aplicados questionários com os mesmos, visando analisar o seu perfil de empreendedor. O
questionário, conforme apresentado no Anexo 02, foi elaborado com o propósito de levantar
informações a respeito do empreendedor, tais como sexo, idade e experiência anterior. Visou-se,
ainda, conhecer o histórico da criação do empreendimento, como o planejamento e estudo de
viabilidade, origem do capital empregado na abertura do negócio, responsabilidade pela tomada
de decisão. Para cumprir com tais propósitos, foram elaboradas questões fechadas.
Para determinar se o empresário realmente possui um perfil empreendedor, foram elaboradas
questões, utilizando-se a escala de Likert, conforme pode ser observado nos quadros a seguir.
Quadro 11: Fatores relevantes no momento da tomada de decisão de criar a própria empresa.
12345
A Definir objetivos claros e específicos de longo prazo
B Fazer sacrifício pessoal ou esforços extraordinários para a realização de uma tarefa.
E Mostrar confiança na própria capacidade de realizar uma tarefa difícil ou enfrentar um difícil
desafio.
F Fazer pessoalmente pesquisas sobre como fornecer seus produtos ou serviços.
J Utilizar pessoal-chave/agentes para atingir seus objetivos.
L Calcular deliberadamente os riscos e avaliar as alternativas.
M Buscar pessoalmente informações sobre clientes fornecedores ou concorrentes.
N Buscar e documentar informações comprobatórias.
O Revisar o plano de negócios periodicamente, levando em conta a performance e fazer as
mudanças necessárias.
P Utilizar estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir outros.
Q Encontrar maneiras de fazer as coisas da melhor forma possível, mais barato.
S Dividir as tarefas em sub-tarefas com prazos bem definidos.
S Manter os registros financeiros e utilizá-los para tomar decisões de negócio.
T Tomar medidas para estender o negócio a novas áreas, produtos ou serviços.
T Identificar oportunidades únicas para iniciar o negócio, obter equipamentos e espaços físico para
instalar a sua empresa.
U Tomar medidas repetidas vezes ou mudar para uma estratégia alternativa, a fim de enfrentar
desafios ou superar obstáculos.
Z Tomar medidas para atender ou exceder os padrões de qualidade dos produtos/serviços
ofertados ao mercado.
Fonte: Elaboração da autora.
Com as frases afirmativas do Quadro 11, o empresário poderia atribuir um peso de acordo com a
ordem de importância em que os fatores citados foram relevantes no momento da tomada de
94
decisão de criar o seu empreendimento, levando-se em consideração: (1) nenhuma importância;
(2) pouca importância; (3) média importância; (4) muita importância; e (5) extremamente
importante.
No Quadro 12 podem ser visualizadas as questões afirmativas que melhor definem o perfil do
empreendedor. Neste caso, os empresários atribuíam para as questões abaixo: (1) nunca; (2) raras
vezes; (3) algumas vezes; (4) muitas vezes; e (5) sempre.
95
Quadro 12: Opção que melhor define o perfil do empreendedor.
12345
A Objetivos por escrito para este negócio são cruciais
A Saber a direção onde se deseja chegar é fundamental para um negócio
B Sei definir metas, garantir sua execução e corrigir problemas com agilidade
B Tenho jogo de cintura para sair bem de situações complicadas
B Sei reconhecer o que é melhor e mudar tudo, se for preciso, em busca da excelência
C Aprecio o desafio de inventar
C Procuro por novas maneiras de fazer as coisas
D Sei delegar responsabilidades
D As pessoas aceitam as minhas delegações
D Destaco-me em meus grupos de trabalho
D Sei valorizar um funcionário
E Tenho confiança na minha habilidade de atingir metas
E Conheço minha capacidade de obter sucesso em um novo desafio
F Prefiro fazer as coisas a pedir que outros as façam
F Sei me envolver com o trabalho de uma forma objetiva
G Tenho disposição para me dedicar ao trabalho, com todo entusiasmo
G Dedico-me à empresa com motivação
H Tenho visão de sucesso
H Tenho ambição em minhas metas
I Sei lutar por minhas idéias
I Tenho satisfação em minhas conquistas e sempre pretendo outras
J Procuro pessoas parecidas comigo para trabalhar em meu negócio
J As pessoas que trabalham para mim sabem das metas e objetivos do negócio
K Sei ganhar e perder
K Consigo superar dificuldades com equilíbrio
L Gosto de enfrentar desafios e os limites da minha capacidade
L Para exceder a concorrência procuro assumir alguns riscos
L Sou capaz de deixar uma situação segura, para arriscar novas oportunidades
M Procuro aprender mais sobre o meu negócio
M Diante de situações novas, procuro colher o máximo de informações
N Procuro saber o que os funcionários pensam sobre o seu trabalho
N Procuro saber a opinião dos clientes sobre o meu negócio
P Sei influenciar as pessoas em suas decisões, sem deixar resquícios emocionais
R Gosto de tomar decisões
R Gosto de agir prontamente, mesmo diante de uma situação difícil
S Sei planejar recursos de forma organizada, lógica e racional
S Gasto uma boa parte do tempo planejando o meu negócio
T Sei transformar situações de risco em oportunidades
T Sei identificar tendência e oportunidades de futuro
U Gosto de abordar situações de uma maneira analítica
V Estou atualizado com as novidades empresariais no meu ramo de negócio
X Gosto de competir
X Consigo transformar meus sonhos em realidade
Z Desejo que meu negócio seja melhor que o dos concorrentes
Z Procuro fazer o melhor para o meu cliente
Fonte: Elaboração da autora.
Cada uma das questões apresentadas nos quadros acima, relaciona-se a uma característica,
habilidade ou valor que, juntos, formam o perfil do empreendedor, estabelecido pela autora, com
96
base no presente estudo. A relação entre as questões e os atributos formadores do perfil
empreendedor foi estabelecida pela letra alfabética que os antecede, conforme pode ser observado
no Quadro 13, e comparados aos dois quadros antecedentes.
Quadro 13: Atributos que formam o perfil do empreendedor.
Características
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Visão
Energia e flexibilidade
Criatividade, inovação e intuição
Liderança
Autoconfiança
Independência e iniciativa
Motivação, entusiasmo, paixão
Otimismo, perseverança e persistência
Comprometimento e dedicação
Habilidades
J
K
L
M
N
O
P
Q
R
S
T
U
V
X
Formador de equipes
Lidar bem com o fracasso
Correr riscos calculados
Buscar informações e conhecimentos
Obter feedback
Orientação por metas e objetivos
Relacionamento interpessoal (persuasão e rede de contatos)
Saber buscar, utilizar e controlar recursos
Capacidade de decisão
Planejamento e organização
Saber explorar oportunidades
Capacidade de análise
Conhecimento do ramo
Traduzir pensamentos em ação
Valores
Z Exigência de qualidade e eficiência
Fonte: Elaboração da autora.
À medida que o empresário apresentasse pontuação igual ou superior a 4,0 (quatro) pontos para
uma determinada característica, habilidade ou valor, afirmou-se que o empresário desenvolveu tal
característica, habilidade ou valor. Dessa forma, quanto maior o número de características,
habilidades e valores desenvolvidos pelo empresário, mais desenvolvido foi o seu perfil
empreendedor. Alguns dos atributos puderam ser verificados a partir de mais de uma questão do
questionário. Sendo assim, para identificar a pontuação de tal atributo, utilizou-se a média
aritmética simples.
Uma breve entrevista foi realizada com o objetivo de coletar informações adicionais. A entrevista
97
foi do tipo focal e espontânea. Para Yin (2001), a entrevista focal é realizada em um curto
período de tempo, com caráter de uma conversa informal, mas segue um conjunto de perguntas
elaboradas previamente. A entrevista foi gravada e transcrita, para fins comprobatórios,
objetivando, ainda, não perder nenhuma informação coletada. Na entrevista espontânea, o
entrevistado assume o papel de informante, fala sobre sua rotina, dos fatos que acontecem e emite
opiniões, dentre outros. Foram utilizados, ainda, os métodos de observação direta e observação
não participante, a fim de analisar como os empreendedores/empresários se portam diante de seus
empreendimentos.
Uma vez que a ênfase das questões de pesquisa consistia em conhecer e descrever o perfil do
empreendedor da área da saúde, os dados coletados tiveram maior ênfase na área qualitativa. A
fim de aumentar a confiabilidade dos dados qualitativos, Yin (2001), orienta a elaboração de um
processo de triangulação entre as fontes de evidências, para dar maior consistência e
credibilidade às conclusões da pesquisa. O processo de triangulação consiste no fato de ouvir
mais de uma pessoa, a fim de comparar a veracidade dos fatos mencionados pelo entrevistado.
Simultaneamente à coleta de dados, foi constituído um banco de dados, a fim de armazenar e
organizar as evidências coletadas. Yin (2001) menciona a importância do banco de dados, pois
tem a finalidade de não limitar o estudo de caso em relatórios escritos, aumentar a confiabilidade
do estudo e permitir que os interessados neste estudo consultem as evidências coletadas.
3.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
98
A pesquisa em questão restringiu-se ao estudo do empreendedorismo e das características
empreendedoras, a fim de identificar o perfil empreendedor do empresário da área da saúde no
município de Maringá. Uma vez que a população de profissionais da área da saúde é
relativamente grande, englobando médicos, dentistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas,
nutricionistas, dentre outros profissionais, o estudo procurou selecionar apenas alguns casos de
sucesso. Sendo assim, a pesquisa concentrou-se em pesquisar empreendimentos médicos, como
clínicas médicas, hospitais, laboratórios, planos de saúde, clínicas odontológicas e farmácias.
Como o objetivo da pesquisa consistiu em um estudo mais aprofundado, foram selecionados doze
casos, os quais puderam contemplar médicos, dentistas e farmacêuticos.
Além de identificar o perfil do empreendedor, alguns tópicos foram abordados na coleta de dados
com os entrevistados, que visaram identificar: o motivo que levou o empresário a iniciar o seu
empreendimento; a quem está delegada a responsabilidade pela sua administração; e a que o
empresário atribui o sucesso de seu negócio, contribuindo assim para o alcance dos objetivos
propostos pela pesquisa. Fatores relacionados ao processo administrativo do empreendimento não
foram abordados no estudo.
3.5 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Apesar de a pesquisa estar claramente delimitada, o estudo contou com algumas limitações.
Primeiramente, por se tratar de um estudo exploratório com um número limitado de casos, não há
possibilidade de se fazer generalização em relação aos resultados alcançados. Outra limitação do
99
estudo relaciona-se ao fato de que a definição do perfil empreendedor dos empresários da área da
saúde baseou-se em opiniões dos próprios empresários, que fizeram uma auto-percepção de sua
pessoa. Dessa forma, alguns empresários se portaram de forma modesta ao responder ao
questionário, subestimando sua capacidade, e conseqüentemente, seu perfil empreendedor. Ao
contrário de outros, que atribuíram nota máxima para quase todos os atributos analisados. Uma
vez que o estudo não permitiu a possibilidade de outras pessoas, diretamente ligadas aos
empresários, opinarem em relação às questões abordadas no questionário, torna-se difícil
identificar a exatidão das respostas obtidas pelo mesmo.
100
4 RESULTADOS DA PESQUISA
De posse do modelo ideal para o perfil do empreendedor, foi possível a realização da pesquisa
com os empresários selecionados. Várias são as profissões relacionadas à área saúde, como
fonoaudiologia, fisioterapia, nutrição, psicologia, dentre outras formações. No entanto, a maioria
destes profissionais possui um consultório particular, formalizando a abertura da empresa apenas
para fins legais. Diante desta realidade, a pesquisa foi realizada com doze empresários, dentre
eles médicos, dentistas e farmacêuticos. Um terço dos empresários analisados deixou de
apresentar o perfil empreendedor. A Tabela 2 mostra o número de profissionais pesquisados,
discriminando aqueles que apresentaram o perfil empreendedor e aqueles que deixaram de
desenvolver tal perfil.
Tabela 2: Empresários pesquisados
Médicos Farmacêuticos Dentistas Total
Empreendedores
422
8
Não-empreendedores
220
4
Total 6 4 2 12
O quadro a seguir mostra com detalhamento os empreendimentos pesquisados, assim como a
formação básica do empresário.
101
Quadro 14: Classificação dos empreendimentos
Profissional Empreendimento
Clínica de Diagnóstico por Imagem
Clínica de Especialidades médicas
Clínica de Endocrinologia e Estética
Hospital e Plano de Assistência Médica
Laboratório de Análises Clínicas
Médico
Clínica de Diagnóstico por Imagem, Clínica de Estética e Centro de
Endocrinologia
Centro de Especialização Odontológica
Dentista
Clínica Odontológica e Revista Científica
Drogaria
Farmácia de Manipulação
Laboratório de Análises Clínicas
Farmacêuticos
Laboratório de Análises Clínicas
Fonte: Elaborado com base nos casos selecionados
Dentre os empreendimentos citados no Quadro 14, os empresários que deixaram de apresentar
um perfil empreendedor foram os três proprietários de Laboratório de Análises Clínicas, dentre
eles um médico e dois farmacêuticos e o proprietário da Clínica de Diagnóstico por Imagem, com
formação em medicina. O resultado da pesquisa é apresentado na análise a seguir, que visa
detalhar o perfil dos empresários da área da saúde.
4.1 EMPRESÁRIO 1
O Empresário 1, médico e sócio de uma empresa que atua no ramo de diagnóstico por imagem,
terminou sua residência em 1994, em Medicina Nuclear. Identificou a oportunidade de entrar
como sócio no empreendimento em um Congresso em Brasília, quando ficou sabendo que dois
médicos de Maringá queriam montar um serviço de Medicina Nuclear na cidade. Tal fato foi de
grande interesse ao Empresário, que gostaria de entrar no mercado de trabalho como sócio e não
102
como funcionário. Isso o estimulou a entrar em contato com os médicos, a conhecer a cidade e a
colher informações sobre o negócio.
Em poucos meses, e com capital próprio, os empresários estavam montando seu novo
empreendimento. Foram realizados pesquisa de mercado e um estudo de viabilidade econômico-
financeira do negócio, para a comprovação da necessidade do serviço na cidade.
A empresa está no mercado há oito anos e meio e, durante este tempo, o empreendimento passou
por algumas dificuldades, uma vez que seus sócios não possuíam conhecimentos administrativos
do negócio. Para sanar esta dificuldade, os empresários estão se especializando na área
administrativa e profissionalizando a empresa. Existe um contador interno e um administrador.
Outra dificuldade, com a qual a empresa está se deparando, está vinculada aos convênios, que
não reajustam suas tabelas há nove anos. Uma vez que a empresa realiza exames
complementares, o seu maior movimento se dá através de convênios, os quais contribuem com
90% do seu faturamento. O empresário acredita que uma maneira de buscar força para solucionar
este problema, seja a união das clinicas de diagnóstico e laboratórios, para juntos batalhar com
esses convênios e conseguir uma remuneração melhor.
O empresário em questão pode ser apresentado como empreendedor, uma vez que desenvolve a
grande maioria dos atributos relacionados ao perfil empreendedor. Conforme pode ser observado
no quadro a seguir, o empreendedor apresenta alguns atributos mais desenvolvidos que outros. A
Tabela 3 mostra como os atributos estão desenvolvidos no perfil do empreendedor.
103
Tabela 3: Perfil empreendedor do Empresário 1
Características Pontuação
Visão 5.00
Energia e flexibilidade 4.00
Criatividade, inovação e intuição 4.00
Liderança 4.00
Autoconfiança 5.00
Independência e iniciativa 4.00
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 5.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 4.33
Lidar bem com o fracasso 4.00
Correr riscos calculados 3.75
Buscar informações e conhecimentos 4.00
Obter feedback 5.00
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 3.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 4.50
Planejamento e organização 3.75
Saber explorar oportunidades 3.25
Capacidade de análise 3.00
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 5.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.33
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 1.
Como pode ser visualizado no quadro acima, o empresário apresenta todas as características de
um empreendedor. Sua visão de futuro o orienta na definição de objetivos claros e específicos,
uma vez que tem plena convicção do direcionamento de seu negócio. Tem energia para o
trabalho e flexibilidade para reconhecer o que é melhor para o negócio e mudar tudo, se preciso
for. Possui criatividade e inovação, fazendo com que busque novas maneiras de realizar suas
tarefas, apreciando o desafio de inventar. Sua capacidade de liderança, comprometimento e
dedicação fazem com que os colaboradores sejam seus seguidores, contribuindo para o alcance
de seus objetivos e metas. É autoconfiante, otimista, motivado, entusiasmado e tem paixão pelo
que faz, agindo sempre com independência e iniciativa.
104
Quanto às habilidades atribuídas ao perfil do empreendedor, o Empresário 1 apresenta a grande
maioria. É um indivíduo orientado por metas e objetivos e, para atingi-los, está constantemente
buscando novas informações e conhecimentos, apesar de conhecer bem o mercado em que atua.
Uma vez que sabe ganhar e perder, tem habilidade de lidar bem com o fracasso, supera as
dificuldades com equilíbrio e aprende sempre com os erros. O empreendedor tem muita
capacidade de decisão, apesar de sua capacidade de análise não ser tão desenvolvida.
Algumas habilidades, no entanto, não foram completamente desenvolvidas pelo empreendedor,
que prefere não correr riscos em seu negócio. Por não ter formação administrativa, o
empreendedor possui pouca habilidade de planejamento e organização e, também, tem
dificuldade de persuasão em sua rede de contatos. A sua maior dificuldade relaciona-se à
capacidade de análise. O empreendedor preza pela qualidade e eficiência no que diz respeito às
atividades da empresa.
O Empresário atribui o sucesso da empresa à honestidade dos sócios, à sua dedicação ao trabalho,
visando sempre colocar a empresa em primeiro plano e ao espírito de querer crescer.
4.2 EMPRESÁRIO 2
O Empresário 2 foi levado a montar o negócio pela formação na área técnica e científica como
farmacêutico bioquímico. Segundo o empresário, “o bioquímico ou vai montar seu negócio ou
vai trabalhar de empregado em um laboratório”. Assim, identificou a oportunidade de ter o seu
105
próprio negócio, uma vez que os antigos proprietários do laboratório estavam desfazendo a
sociedade. Montou uma equipe e, com capital próprio, tornaram-se os novos sócios do negócio.
Durante os 30 anos que estão no mercado, depararam-se com muitas dificuldades. Um período
crítico foi quando chegaram à conclusão de que deveriam parar de atender a previdência social,
pois o volume de trabalho era muito e o retorno era pouco. No entanto, a adaptação com a
redução do movimento foi difícil, sendo preciso dispensar alguns funcionários e reestruturar a
empresa. Outra dificuldade citada pelo empresário foi em questão ao trabalho realizado em um
hospital na cidade de Maringá, em sistema de plantões. Os plantões eram constantes e o retorno
não era suficiente, não trazia lucratividade para a empresa. Também foi uma fase difícil, mas a
decisão de encerrar o sistema de plantões amenizou o problema.
Atualmente, a empresa enfrenta uma fase de constante aumento nos custos, sem poder repassá-los
para os clientes, uma vez que a maior parte de sua receita provém de convênios, e desde 1994 não
há reajuste nas tabelas de preços. As margens de lucro estão caindo, mas a empresa luta para não
sacrificar a qualidade do serviço. O que o empresário está fazendo, no sentido de melhorar a
lucratividade, é captar mais movimento, tentando adequar os seus custos.
Uma vez que o empresário apresentou pontuação inferior a 4,0 (quatro) pontos para uma maior
quantidade dos atributos analisados, este não apresentou um perfil empreendedor. Apenas alguns
dos atributos foram desenvolvidos pelo Empresário 2, conforme pode ser visualizado na tabela a
seguir.
106
Tabela 4: Perfil empreendedor do Empresário 2
Características Pontuação
Visão 3.33
Energia e flexibilidade 3.75
Criatividade, inovação e intuição 4.00
Liderança 4.25
Autoconfiança 3.67
Independência e iniciativa 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 4.00
Comprometimento e dedicação 4.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.00
Lidar bem com o fracasso 4.50
Correr riscos calculados 3.25
Buscar informações e conhecimentos 3.50
Obter feedback 4.00
Orientação por metas e objetivos 1.00
Relacionamento interpessoal 3.00
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 4.00
Capacidade de decisão 3.50
Planejamento e organização 3.50
Saber explorar oportunidades 3.50
Capacidade de análise 3.50
Conhecimento do ramo 4.00
Traduzir pensamentos em ação 3.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.33
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 2.
De acordo com os dados visualizados na tabela acima, o empresário apresenta algumas
características e algumas habilidades do empreendedor. Os valores estão presentes em seu perfil,
uma vez que o empresário prima pela qualidade do serviço ofertado, buscando tomar medidas
para exceder os padrões de qualidade do concorrente, oferecendo sempre o melhor para os
clientes.
O Empresário 2 é um indivíduo motivado, entusiasmado e tem paixão pelo trabalho que
desenvolve. Busca a criatividade e a inovação como aliadas para desenvolver novas maneiras de
satisfazer os clientes. Seu comprometimento e dedicação fazem com que contagie os funcionários
a seguirem seus objetivos e metas. Sabe buscar, utilizar e controlar os recursos necessários para o
107
bom desempenho do seu negócio. Procura saber com clientes e colaboradores como está o seu
desempenho e do seu negócio, visando identificar as possíveis falhas, a fim de buscar a melhoria
contínua. Quando se depara com algum fracasso, procura aprender com os erros, a fim de não
cometê-los no futuro.
Várias características e habilidades não foram completamente desenvolvidas pelo empresário. Por
não apresentar uma aguçada capacidade de análise, não consegue visualizar e distinguir
oportunidades. Assim, tem dificuldade para traduzir seus pensamentos em ação. No entanto, a
habilidade que o empresário menos desenvolve é a orientação por metas e objetivos, já que a
administração fica a cargo de uma terceira pessoa.
Parte do sucesso do negócio pode ser atribuído ao proprietário anterior, que era um profissional
idôneo e muito bem preparado. O empresário e seus sócios apenas deram continuidade ao serviço
e ao nome que já estava, de certa forma, consolidado no mercado. Mas o empresário também tem
seu mérito, pois possui uma equipe harmônica, com vontade de servir bem. O empresário sabe
que “o sucesso do negócio está em não pôr o foco em primeiro lugar no dinheiro, mas em
primeiro lugar no atendimento, e o dinheiro ser uma conseqüência do bom atendimento (...) isso a
gente procura fazer.” O empresário não faz distinção entre clientes particulares e conveniados;
procura dar o mesmo atendimento a todos os clientes.
108
4.3 EMPRESÁRIO 3
Guiado pela vocação e pelo sonho de montar seu próprio negócio, o Empresário 3 transformou
uma idéia em um negócio. Em poucos meses, e com capital próprio, o empresário e um sócio
montaram um laboratório de análises clínicas, que está no mercado há três anos. Durante os
primeiros dois anos, o empresário encontrou dificuldades com capital de giro, que podem ser
encaradas normais em um empreendimento, até se atingir o ponto de equilíbrio. Segundo o
empresário, construir um nome sólido no mercado também é de extrema dificuldade.
A administração do negócio fica a cargo do sócio, que cursou administração. Mas, segundo o
empresário, a administração, na área da saúde, torna-se um pouco complicada; bem diferente de
qualquer outro setor, pois não se trabalha com qualquer item. Deve-se buscar por produtos de
qualidade, visando oferecer o melhor para o cliente e isso acarreta maiores custos. Uma vez que
um sócio trabalha com a parte técnica e outro com a parte administrativa, os dois tentam conciliar
as duas posições, principalmente no que diz respeito a custos, para chegar a uma decisão
satisfatória para o negócio.
O Empresário 3 também apresentou uma menor quantidade de características e habilidades
encontradas no perfil do empreendedor, não se enquadrando, portanto, no perfil estabelecido pela
pesquisa. A Tabela 5 mostra a pontuação obtida pelo Empresário 3 em cada um dos atributos
pesquisados.
109
Tabela 5: Perfil empreendedor do Empresário 3
Características Pontuação
Visão 3.67
Energia e flexibilidade 3.00
Criatividade, inovação e intuição 4.00
Liderança 1.75
Autoconfiança 5.00
Independência e iniciativa 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão 2.50
Otimismo, perseverança e persistência 4.00
Comprometimento e dedicação 4.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.33
Lidar bem com o fracasso 3.00
Correr riscos calculados 2.50
Buscar informações e conhecimentos 3.75
Obter feedback 3.00
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 2.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 2.00
Capacidade de decisão 4.00
Planejamento e organização 3.50
Saber explorar oportunidades 3.50
Capacidade de análise 5.00
Conhecimento do ramo 3.00
Traduzir pensamentos em ação 4.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 5.00
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 3.
O Empresário 3 apresentou em seu perfil, criatividade e inovação, pois procura sempre por novas
maneiras de realizar suas atividades e aprecia o desafio de inventar. Seu otimismo, perseverança
e persistência fazem aumentar o comprometimento e a dedicação em relação ao trabalho
realizado, fazendo traduzir os pensamentos em ação. É orientado por metas e objetivos e sua
capacidade de análise o auxilia na tomada de decisão. Assim como os outros empresários, o
Empresário 3 também preza pela qualidade e eficiência no serviço prestado aos clientes.
O empresário disse que está satisfeito com o seu negócio, acha que sua empresa ocupa uma
posição satisfatória no mercado. Atribui o sucesso, em parte, à divulgação, através de um
marketing direcionado principalmente aos médicos, pois são eles que indicam o serviço aos
110
pacientes. Outra parte do sucesso pode ser atribuída ao empenho de todos na empresa em realizar
um trabalho que busque a satisfação do cliente em todos os aspectos, desde a qualidade do
produto em si até o atendimento, buscando sempre oferecer um preço acessível como aliado na
busca pelo sucesso.
4.4 EMPRESÁRIO 4
Trabalhando como autônomo e em outra empresa, o Empresário 4 resolveu abrir o seu próprio
negócio para aproveitar uma oportunidade em um bairro no município de Maringá. Em um
período de três a seis meses, com capital próprio e sem a realização de um estudo de viabilidade
econômico-financeira, a clínica foi aberta, prestando atendimento à comunidade em várias
especialidades médicas.
Analisando o perfil do Empresário 4, é permitido considerá-lo um empreendedor pois, de acordo
com o instrumento utilizado na pesquisa, o mesmo apresenta a maior parte dos atributos que
formam o perfil do empreendedor. Algumas características e habilidades são apresentadas em
maior, outras em menor grau, conforme pode ser visualizado na tabela a seguir.
111
Tabela 6: Perfil empreendedor do Empresário 4
Características Pontuação
Visão 4.00
Energia e flexibilidade 4.25
Criatividade, inovação e intuição 4.50
Liderança 4.50
Autoconfiança 4.33
Independência e iniciativa 3.33
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 5.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 4.00
Lidar bem com o fracasso 5.00
Correr riscos calculados 4.25
Buscar informações e conhecimentos 3.75
Obter feedback 5.00
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 4.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 5.00
Planejamento e organização 4.50
Saber explorar oportunidades 4.25
Capacidade de análise 4.50
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 4.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.67
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 4.
Conforme mostra a tabela, algumas características são mais marcantes na personalidade do
empreendedor, que é um indivíduo motivado, entusiasmado e apaixonado pelo trabalho que
desenvolve. É otimista, perseverante e dedica-se com comprometimento, buscando sempre novas
conquistas para o seu trabalho. Sua liderança inata permite-lhe formar equipes seguidoras de suas
idéias, que geralmente são traduzidas em ação. Procura obter feedback para identificar os
possíveis erros. Quando se depara com o fracasso, busca tirar um aprendizado da situação. A
exigência de qualidade e eficiência são valores cruciais para o desenvolvimento do trabalho do
Empresário 4.
112
Enfim, o empresário apresenta uma grande gama dos atributos formadores do perfil
empreendedor. Apresentou apenas dois atributos menos desenvolvidos. O empreendedor prefere
trabalhar em equipe, pois não tem muita iniciativa e independência para a realização de trabalhos
mais individualizados, assim como tem uma menor habilidade para buscar informações e
conhecimentos.
4.5 EMPRESÁRIO 5
O Empresário 5 foi levado a montar seu empreendimento pela vontade de ser dono do próprio
negócio. Trabalhava na Universidade Estadual de Maringá, como técnico de laboratório, e depois
da tentativa de outros dois cursos, optou pelo curso de Farmácia. Como técnico de laboratório era
um funcionário diferenciado, que não se acomodava como as outras pessoas; estava sempre
procurando fazer o melhor e, na maioria das vezes, não era reconhecido pelo trabalho que
desempenhava, o que o deixava frustrado. A idéia de montar sua própria farmácia ocorreu no
segundo ano do curso, justamente para que o empresário pudesse desenvolver um trabalho que,
dentro da Universidade, era um pouco limitado.
Em menos de três meses de planejamento e com capital próprio, o empresário e um sócio
adquiriram sua primeira farmácia há oito anos. Suas dificuldades mais críticas ocorreram nos
primeiros anos, pois o empresário cursava farmácia e continuava trabalhando como técnico de
laboratório. Sendo assim, o empresário tinha pouco tempo para administrar o negócio e faltava-
lhe conhecimentos gerenciais.
113
Seis meses após, o empresário conseguiu comprar a parte de seu sócio e mudou a localização da
farmácia para um bairro, considerado uma cidade dentro de Maringá. A farmácia ocupava o
melhor local desse bairro. Nessa localização, o empreendimento cresceu e o empresário aprendeu
muito.
Hoje, com quatro farmácias, o empresário conta com o apoio de um escritório gerencial, onde
trabalham uma contadora e um auxiliar de contabilidade que, juntos, fazem toda a parte gerencial
e financeira do negócio. Conta também com seu irmão, contador na universidade, que o auxilia
nos relatórios semanais e, uma vez por mês reúne todos os funcionários e o empresário para fazer
o fechamento. Conta ainda, com um consultor particular que realiza projetos de viabilidade para
transações mais arriscadas. O empresário está viabilizando a abertura de uma farmácia de
manipulação, ainda para este ano.
O Empresário 5 se enquadra perfeitamente no perfil empreendedor delimitado pela pesquisa.
Apresentou todas as habilidades e valores de um empreendedor. Deixou de desenvolver apenas
uma das características analisadas, conforme pode ser observado na tabela a seguir.
114
Tabela 7: Perfil empreendedor do Empresário 5
Características Pontuação
Visão 4.33
Energia e flexibilidade 4.25
Criatividade, inovação e intuição 5.00
Liderança 5.00
Autoconfiança 4.67
Independência e iniciativa 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 5.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 5.00
Lidar bem com o fracasso 4.50
Correr riscos calculados 4.75
Buscar informações e conhecimentos 4.50
Obter feedback 4.00
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 5.00
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 4.50
Planejamento e organização 4.25
Saber explorar oportunidades 5.00
Capacidade de análise 4.50
Conhecimento do ramo 4.00
Traduzir pensamentos em ação 4.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.67
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 5.
Independência e iniciativa não são as características mais marcantes da personalidade do
Empresário 5, justamente porque conta com uma equipe que o apóia em seus negócios.
Conforme pode ser analisado na tabela, o empresário possui uma pontuação bastante elevada para
uma grande maioria dos atributos analisados.
É um líder inato, um indivíduo que, estando constantemente motivado, entusiasmado e
apaixonado pelo seu trabalho, contagia sua equipe. É otimista, perseverante e dedica-se com
comprometimento, buscando sempre novas conquistas para o seu trabalho. Sabe buscar, utilizar e
controlar recursos, tendo aptidão para correr riscos calculados ao explorar novas oportunidades.
Procura obter feedback da equipe e do mercado para identificar as possíveis falhas e, quando
115
estas acontecem, busca aprender com o fracasso. Preza pela exigência de qualidade e eficiência
no desenvolvimento do seu trabalho.
O sucesso de seu empreendimento é atribuído, em primeiro lugar, à grande vontade de fazer o
melhor. Não tem a pretensão de ficar rico, milionário, e também não quer se aparecer. Acha que o
dinheiro é conseqüência do seu trabalho - mais uma característica do empreendedor. Como o
empresário atua na área da saúde, seu objetivo é melhorar a qualidade de vida das pessoas, tendo
uma empresa ética.
4.6 EMPRESÁRIO 6
O Empresário 6 é dentista e resolveu montar um negócio para aproveitar uma oportunidade de
mercado e, também, realizar um sonho seu e de sua família, já que a empresa é familiar. Segundo
o empresário “a clínica já era um sonho tanto nosso que estávamos cursando odontologia quanto
do meu pai que estava há 30 anos na área de odontologia”. Foi quando observaram o mercado e
perceberam que a odontologia estava tendo um desenvolvimento técnico e científico muito
grande. Identificaram a necessidade de um centro de especialização, onde os profissionais de
Maringá pudessem se especializar, atualizar seus conhecimentos, uma vez que estes profissionais
procuravam pelo serviço em outros centros, como a faculdade de odontologia de Bauru, da USP-
Ribeirão Preto e USP-Curitiba. Esses profissionais tinham que se deslocar para procurar esses
cursos fora de Maringá.
116
Foi assim que surgiu um centro de odontologia, que atua em três linhas de ação. A primeira delas
é o centro de aperfeiçoamento, que traz profissionais de fora e alguns de Maringá, inclusive da
UEM. A segunda linha de ação é o atendimento particular, que conta com os seguintes serviços:
o empresário, como dentista restaurador e estético dental; seu pai na área de prótese e implante;
sua mãe na área de endeologia; e sua irmã como clínica geral. O terceiro mix é o plano
odontológico, que visa atender uma camada menos abastada da população, que não tem
condições de se favorecer de um atendimento particular. Sendo assim, o Sistema Odonto de
Assistência Odontológica, é um produto um pouco mais massificado, mas não deixa de ser uma
odontologia de alto nível. “É uma odontologia mais geral, não está centrada na estética, no
implante. É aquela odontologia que cuida da cárie, problema gengival, dentre outros serviços,
voltados para o pessoal que precisa ir ao dentista e não tem condições de fazer um tratamento
particular”, diz o empreendedor.
Durante os 16 anos no mercado, a principal dificuldade encontrada foi quando da construção da
estrutura física da empresa, um prédio de 750 metros de área construída, com 15 consultórios,
uma clínica toda informatizada. Foi imobilizado um capital muito grande, tendo que buscar
recursos de terceiros. Mas o empresário contava com um projeto de viabilidade econômica
favorável ao empreendimento, apontando que as receitas cobririam o financiamento. O
empresário conta com uma gerente administrativa, mas a decisão final é tomada pelos sócios,
principalmente por seu pai.
Uma vez que apresenta a grande maioria dos atributos formadores do perfil empreendedor, o
Empresário 6 pode ser considerado um empreendedor, conforme mostra a Tabela 8.
117
Tabela 8: Perfil empreendedor do Empresário 6
Características Pontuação
Visão 4.67
Energia e flexibilidade 4.00
Criatividade, inovação e intuição 5.00
Liderança 4.50
Autoconfiança 4.33
Independência e iniciativa 3.33
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 4.50
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.33
Lidar bem com o fracasso 3.00
Correr riscos calculados 4.50
Buscar informações e conhecimentos 4.75
Obter feedback 3.50
Orientação por metas e objetivos 5.00
Relacionamento interpessoal 4.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 4.50
Planejamento e organização 4.50
Saber explorar oportunidades 4.75
Capacidade de análise 3.50
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 4.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 5.00
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 6.
Das características atribuídas ao empreendedor, o empresário em questão possui menos
familiaridade com a independência e iniciativa. As demais características encontram-se bem
desenvolvidas na personalidade do empreendedor, que é uma pessoa motivada e apaixonada pelo
que faz. Tem visão de futuro, o que facilita transformar seus pensamentos em ação. Usa da
criatividade e inovação para realizar suas tarefas diárias de maneira diferente. Sabe buscar,
utilizar e controlar recursos à medida que pretende explorar novas oportunidades. No entanto, o
empresário tem pouca aptidão para correr riscos. E, apesar de possuir um alto grau de liderança,
possui pouca capacidade para formar equipes.
118
O sucesso do empreendimento é atribuído ao trabalho desenvolvido pelo seu pai junto à
comunidade. Sempre esteve envolvido com a sociedade. Foi secretário de saúde do município,
secretário da ação social, atuou também na questão de projetos da assembléia legislativa do
estado. Foi presidente da Associação Maringá de Odontologia por duas gestões, esteve envolvido
com o Conselho Regional de Odontologia por 18 anos, fez um trabalho junto à comunidade, junto
ao meio empresarial e criou um nome que hoje é respeitado.
4.7 EMPRESÁRIO 7
O que levou o Empresário 7 a montar o seu negócio foi, em primeiro lugar, o fato de ter
terminado a residência e precisar trabalhar em Maringá. O segundo motivo foi para aproveitar
uma oportunidade, uma vez que estava terminando a especialização. Em menos de três meses, e
com parte de capitais de terceiros, o empresário montou uma clínica que presta serviços de
endocrinologia e estética.
Está no mercado há quase um ano e neste tempo se deparou com algumas dificuldades rotineiras.
Mas a dificuldade crítica aconteceu no início deste ano. A empresa passou por um momento
difícil, pois em janeiro e fevereiro as pessoas estavam viajando, o que acarretou uma queda
brusca no movimento e, conseqüentemente, no faturamento; o que complicou a situação, pois as
contas a pagar chegaram normalmente. Após o término das férias a situação se estabilizou.
119
O empresário conta com o serviço de outros profissionais, como psicóloga, nutricionista, dentre
outros. Está ampliando o número de médicos e profissionais da área e fechando novos convênios.
A administração é de responsabilidade de seu irmão, que está cursando o último ano de
Administração.
O empresário em questão pode ser caracterizado como um empreendedor, uma vez que apresenta
os quesitos para tal perfil. A Tabela 9 mostra a pontuação obtida pelo Empresário 7 em cada
quesito.
Tabela 9: Perfil empreendedor do Empresário 7
Características Pontuação
Visão 4.33
Energia e flexibilidade 3.75
Criatividade, inovação e intuição 5.00
Liderança 4.50
Autoconfiança 4.67
Independência e iniciativa 4.00
Motivação, entusiasmo e paixão 4.50
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 5.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 4.67
Lidar bem com o fracasso 4.50
Correr riscos calculados 4.25
Buscar informações e conhecimentos 4.75
Obter feedback 5.00
Orientação por metas e objetivos 5.00
Relacionamento interpessoal 4.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 4.00
Planejamento e organização 4.25
Saber explorar oportunidades 4.25
Capacidade de análise 4.50
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 5.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 5.00
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 7.
Como pode ser observado na tabela acima, o empresário possui quase todos os atributos bem
desenvolvidos, pois obteve pontuação alta em todas as habilidades e nos valores atribuídos ao
120
perfil do empreendedor, segundo modelo apresentado na pesquisa. Apenas uma das
características não está completamente desenvolvida, mas mesmo assim, quase atingiu a
pontuação mínima. Pelo instrumento de pesquisa utilizado, o Empresário 7 demonstrou não ter
muita energia e flexibilidade, encarando a mudança com certa restrição.
Mas é um indivíduo orientado por metas e objetivos bem definidos que, aliados ao conhecimento
do negócio, consegue traduzir seus pensamentos em ação. Com criatividade e inovação, busca
obter feedback do mercado, a fim de identificar as possíveis falhas, visando corrigi-las. Sua visão
de futuro o auxilia a buscar, utilizar e controlar os recursos necessários para o bom desempenho
de suas atividades. É comprometido com o seu trabalho, prezando sempre pela qualidade e
eficiência no serviço prestado.
O sucesso de seu empreendimento pode ser atribuído ao comprometimento com o trabalho,
voltando-se para a qualidade e a vontade de oferecer sempre o melhor para seus pacientes.
4.8 EMPRESÁRIO 8
O Empresário 8 foi levado a montar o seu negócio pela necessidade e oportunidade de mercado,
já que, quando chegou em Maringá com seus sócios, a cidade, ainda muito provinciana, não
contava com um hospital que pudesse oferecer um serviço mais especializado. Para o empresário,
esta necessidade do mercado, aliada ao “sonho de ter o que a gente chamava na época de centro
de trabalho, um local onde você pudesse desenvolver aquilo que você aprendeu” fez com que o
121
grupo se reunisse e montasse o Hospital. Oito anos mais tarde, o empresário visualizou a
oportunidade de montar um plano de assistência médica, percebida, também pela necessidade do
mercado.
Há vinte anos no negócio com o Hospital e doze com o plano de saúde, o empresário passou por
algumas dificuldades. Em relação ao Hospital, por pertencer a um setor comercial, os sócios
enfrentam a falta de conhecimento administrativo. O empresário visualiza a necessidade de o
Hospital, por ser da área da saúde, se enquadrar no chamado terceiro setor. O empresário se
defrontou com a oposição das pessoas para montar o negócio, mas mesmo assim acreditou no seu
sonho e tornou-o viável.
A administração dos empreendimentos é realizada por uma pessoa da área. O hospital sempre
contou com um administrador. Quanto ao plano de assistência médica, também tem um grupo
responsável pela administração. O empresário, que inicialmente calculava os custos de cada
plano e ajudava nas vendas, hoje apenas toma as medidas de decisão.
Analisando as respostas obtidas com o instrumento de pesquisa, o empresário pode ser visto
como um empreendedor, pois apresentou pontuação superior a 4,0 (quatro) pontos para a grande
maioria dos atributos analisados. Observando a Tabela 10, é possível visualizar o perfil
empreendedor do Empresário 8.
122
Tabela 10: Perfil empreendedor do Empresário 8
Características Pontuação
Visão 4.33
Energia e flexibilidade 3.25
Criatividade, inovação e intuição 2.50
Liderança 4.00
Autoconfiança 4.00
Independência e iniciativa 3.00
Motivação, entusiasmo e paixão 4.50
Otimismo, perseverança e persistência 4.00
Comprometimento e dedicação 4.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.67
Lidar bem com o fracasso 4.00
Correr riscos calculados 3.50
Buscar informações e conhecimentos 4.00
Obter feedback 4.00
Orientação por metas e objetivos 5.00
Relacionamento interpessoal 4.00
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 5.00
Capacidade de decisão 4.00
Planejamento e organização 3.50
Saber explorar oportunidades 4.00
Capacidade de análise 3.50
Conhecimento do ramo 4.00
Traduzir pensamentos em ação 4.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.00
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 8.
O empresário apresentou apenas duas habilidades com a pontuação máxima. É um indivíduo com
bastante aptidão em buscar, utilizar e controlar recursos e, também, muito orientado por metas e
objetivos. Preza pela qualidade e eficiência no desenvolvimento de seu trabalho, buscando
sempre oferecer o melhor para seus clientes. Possui visão de futuro, conhecimento no ramo que,
aliados ao comprometimento e dedicação, ajuda-o a traduzir seus pensamentos em ação. É um
indivíduo otimista, perseverante e conta com sua liderança e bom relacionamento interpessoal
para alcançar aquilo que almeja.
A característica menos desenvolvida pelo empresário foi a criatividade e inovação. É uma pessoa
que não possui muita flexibilidade em relação à mudança, encarando-a com certa resistência.
123
Além de não possuir muita independência e iniciativa, o empresário não tem muita habilidade
para formar equipes, que o auxiliem em seu trabalho. Tem pouca aptidão para correr riscos,
dando preferência para situações mais conservadoras.
O sucesso do empreendimento pode ser atribuído à preocupação em aumentar a satisfação do
cliente. O empresário se preocupa em contar com os profissionais mais competentes, altamente
motivados para realizar um trabalho sério, oferecer realmente o melhor serviço para o cliente.
Uma vez que a cobertura dos planos de saúde deve ser igual, já que, por lei, a cobertura é
universal, a preocupação do empresário está em oferecer como diferencial, um bom atendimento.
4.9 EMPRESÁRIO 9
Trabalhando desde os quinze anos de idade em laboratório de análises clínicas como técnico de
laboratório, o Empresário 9 precisava se manter e manter sua família. Entrou na faculdade de
Medicina, mas precisou continuar trabalhando para ajudar na renda familiar. Desde o primeiro
dia de aula, seu objetivo era se formar e montar o seu próprio laboratório. Com vistas a realizar
seu sonho, veio para o interior do Paraná e procurou por um serviço que já existia. Primeiro foi
para Paranavaí e, depois, para Maringá, que era um centro maior e oferecia melhores
oportunidades de mercado.
Há vinte e dois anos no mercado em Maringá, sempre conseguiu superar os problemas críticos.
Seus principais problemas sempre foram os impostos que, por possuir um amplo quadro de
124
funcionários, são altos. Outra dificuldade enfrentada pelo empresário está relacionada aos altos
custos de seus produtos, que são importados. Mas a dificuldade maior é que, desde 94 os
convênios não reajustam suas tabelas de preços. Com a falta de reajuste, o empresário não
consegue remunerar melhor seus funcionários, oferecer melhores cursos de especialização, apesar
de todos terem oportunidade de fazê-los. Segundo o empresário, a empresa poderia estar em uma
situação melhor.
A parte administrativa, econômica e financeira fica a cargo de um economista contratado para tal
função. Este funcionário apresenta em detalhes os custos de todos os produtos, o que auxilia o
empresário a planejar o futuro da empresa. Há pouco tempo, o empresário montou um laboratório
de análise de alimentos e de análise de água. Entraram também na área veterinária. Essas
oportunidades foram detectadas a partir dos planejamentos econômico-financeiros que o
economista realiza. O empresário é responsável pela área técnica e científica.
Apesar de, aparentemente, o empresário estar preocupado com o futuro e ter detectado
oportunidades de mercado, o mesmo não pode ser visto como um empreendedor, de acordo com
os atributos levados em consideração pelo instrumento da pesquisa. A Tabela 11 mostra a
pontuação obtida em cada atributo pelo Empresário 9.
125
Tabela 11: Perfil empreendedor do Empresário 9
Características Pontuação
Visão 3.67
Energia e flexibilidade 3.50
Criatividade, inovação e intuição 5.00
Liderança 3.75
Autoconfiança 4.67
Independência e iniciativa 3.00
Motivação, entusiasmo e paixão 5.00
Otimismo, perseverança e persistência 4.50
Comprometimento e dedicação 5.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.33
Lidar bem com o fracasso 4.50
Correr riscos calculados 4.00
Buscar informações e conhecimentos 2.75
Obter feedback 5.00
Orientação por metas e objetivos 1.00
Relacionamento interpessoal 2.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 1.00
Capacidade de decisão 5.00
Planejamento e organização 2.50
Saber explorar oportunidades 2.50
Capacidade de análise 3.00
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 4.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 3.67
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 9.
Conforme pode ser observado na tabela, foram poucos os atributos desenvolvidos pelo
Empresário 9, que foi o único a apresentar uma pontuação abaixo da mínima para o atributo
qualidade e eficiência no serviço. O atributo menos desenvolvido pelo empresário é a orientação
por metas e objetivos. O Empresário possui pouca energia e flexibilidade para encarar as
mudanças, não apresenta muita capacidade de liderança, nem, tampouco, capacidade de formar
equipes que compartilhem com seus objetivos.
No entanto, o Empresário é altamente motivado, entusiasmado e comprometido com o seu
trabalho. Sua criatividade e inovação lhe permitem aprender com os fracassos. Não se incomoda
de correr riscos, desde que sejam calculados. Possui pleno conhecimento do ramo em que atua.
126
Segundo o Empresário, a empresa sempre se destaca nas pesquisas que são realizadas, inclusive
pela Top Mine que é realizada pela Folha de São Paulo. “Nós sempre estivemos em primeiro
lugar desde 1999, a gente vem mantendo uma grande diferença em relação aos concorrentes”,
menciona o Empresário. Em relação aos médicos, a empresa também tem sempre uma boa
aceitação. Sendo assim, o sucesso é atribuído à persistência no trabalho, ao desenvolvimento
tecnológico e ao bom atendimento ao cliente. O Empresário busca sempre apresentar melhorias
em todos os processos dentro do laboratório.
4.10 EMPRESÁRIO 10
O Empresário 10, para realizar um sonho de faculdade, montou uma farmácia de manipulação.
Percebeu que é uma área que tem crescido bastante ultimamente, devido ao fato de o consumidor
estar procurando um melhor preço, principalmente os mais idosos, que possuem um gasto muito
alto com medicação. O Empresário percebeu, também, que a farmácia de manipulação oferece
maior lucratividade que as drogarias.
Há dois anos no mercado, a maior dificuldade foi com a alta do dólar, pois 85% das matérias-
prima são importadas, o que acarreta aumento nos custos. O empresário percebeu, também, uma
queda brusca no movimento no período de eleições, mas que após as eleições retomaram seu
patamar normal.
127
A responsabilidade pela administração do negócio fica a cargo de seu sócio, que é formado em
Administração e Marketing. A empresa passou por um processo de planejamento, com a
realização de pesquisa de mercado e estudo de viabilidade econômico-financeiro por um período
de quase um ano.
Conforme pode ser observado na Tabela 12, o Empresário 10 apresenta um perfil empreendedor,
uma vez que obteve pontuação alta para a maioria dos atributos analisados pelo instrumento da
pesquisa.
Tabela 12: Perfil empreendedor do Empresário 10
Características Pontuação
Visão 4.67
Energia e flexibilidade 4.50
Criatividade, inovação e intuição 4.50
Liderança 4.75
Autoconfiança 4.00
Independência e iniciativa 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão 4.00
Otimismo, perseverança e persistência 5.00
Comprometimento e dedicação 4.50
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 4.00
Lidar bem com o fracasso 3.50
Correr riscos calculados 4.75
Buscar informações e conhecimentos 3.50
Obter feedback 4.00
Orientação por metas e objetivos 5.00
Relacionamento interpessoal 4.00
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 4.00
Capacidade de decisão 5.00
Planejamento e organização 4.75
Saber explorar oportunidades 4.25
Capacidade de análise 4.00
Conhecimento do ramo 5.00
Traduzir pensamentos em ação 4.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.67
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 10.
128
O Empresário 10 é um indivíduo visionário que, com energia, flexibilidade e conhecimento do
ramo de negócio em que atua, tem grande facilidade de traduzir seus pensamentos em ação. Tem
aptidão para correr riscos calculados. Sua capacidade de análise o auxilia na tomada de decisão. É
criativo e gosta de inovar, fazer as tarefas de maneira diferente para sair da rotina. Orientado por
metas e objetivos, busca obter feedback para identificar as falhas e erros. No entanto, não gosta
muito de lidar com o fracasso. É motivado, apaixonado e comprometido, buscando sempre a
qualidade e eficiência no desempenho de suas atividades. Independência e iniciativa não são
características muito desenvolvidas no perfil do Empresário 10, que prefere formar uma equipe
para o auxiliar em suas atividades. Também não tem muita aptidão para buscar informações e
conhecimentos que fogem de sua rotina.
O sucesso do empreendimento, segundo o Empresário, pode ser atribuído à confiança que a
empresa busca oferecer para o consumidor. De acordo com o empresário, a farmácia de
manipulação está mais propensa a cometer erros. Então, a empresa está buscando uma maior
confiança por parte tanto dos médicos quanto dos pacientes, pois o cliente tem que ter confiança
na farmácia com que trabalha. O empresário já ouviu elogio dos clientes que, quando buscavam o
serviço em outras farmácias, não tinham o mesmo resultado encontrado na empresa.
4.11 EMPRESÁRIO 11
O Empresário 11 foi levado a empreender pela sua própria necessidade e oportunidade de
mercado. Era um profissional clínico que tinha necessidade de ler, e o material oferecido no
129
mercado era todo em inglês. Fez uma tradução para que pudesse aproveitar as revistas
estrangeiras e acabou virando um negócio. Ao saber da tradução, um amigo se interessou em ler,
depois outras pessoas demonstraram interesse pelo material traduzido. Foi assim que o
empresário visualizou a oportunidade de elaborar um periódico, que acabou se transformando em
uma revista científica na área odontológica. Hoje, além da revista o empresário atua na área de
especialização para profissionais da área.
Há 12 anos no mercado, sua principal dificuldade está relacionada à falta de preparo para a
administração do negócio, uma vez que tem formação na área odontológica. Segundo o
empresário, “o profissional liberal não está preparado para o mercado, para administração,
trabalhar com juros, buscar financiamento, a gente não sabe onde buscar...”. O empresário
comenta que, se tivesse uma orientação, o caminho poderia ter sido mais fácil. Por não contar
com conhecimentos de gestão, o empresário delega a função administrativa para uma terceira
pessoa.
O Empresário 11 pode ser visto como um empreendedor, uma vez que apresenta grande parte dos
atributos desenvolvidos em seu perfil. A tabela a seguir mostra como estão desenvolvidos esses
atributos.
130
Tabela 13: Perfil empreendedor do Empresário 11
Características Pontuação
Visão 4.33
Energia e flexibilidade 3.00
Criatividade, inovação e intuição 3.50
Liderança 4.25
Autoconfiança 2.67
Independência e iniciativa 3.33
Motivação, entusiasmo e paixão 4.50
Otimismo, perseverança e persistência 4.00
Comprometimento e dedicação 4.00
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 4.00
Lidar bem com o fracasso 4.00
Correr riscos calculados 3.50
Buscar informações e conhecimentos 3.75
Obter feedback 4.50
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 4.00
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 4.00
Capacidade de decisão 4.00
Planejamento e organização 4.25
Saber explorar oportunidades 4.00
Capacidade de análise 4.50
Conhecimento do ramo 4.00
Traduzir pensamentos em ação 3.50
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.00
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 11.
Apesar de não ter obtido pontuação máxima para nenhum dos atributos, o Empresário 11
apresenta um perfil empreendedor desenvolvido. É um indivíduo que possui visão de futuro. Sabe
onde deseja chegar, estabelecendo metas e objetivos para tal. Tem uma capacidade de liderança e
de formar equipes interessadas em seus objetivos. Por saber lidar bem com o fracasso, sempre
aprendendo com os erros, o Empresário 11 procura obter feedback tanto do seu negócio quanto
de sua pessoa. É uma forma de identificar os erros e falhas e aprimorar o desempenho de suas
atividades. É motivado, entusiasmado, um indivíduo otimista que, com comprometimento e
dedicação, consegue um bom relacionamento pessoal. Tem capacidade de análise da situação, o
que facilita o processo de tomada de decisão. É orientado para a busca da qualidade e eficiência
nos serviços prestados.
131
No entanto, a característica com menor pontuação pela análise realizada foi autoconfiança, uma
das principais características do empreendedor. Possui pouca iniciativa e flexibilidade. Também
não é um indivíduo inovador e criativo, como a maioria dos demais empresários analisados.
O Empresário atribui o sucesso de seu empreendimento ao fato de nunca ter encarado como um
negócio, pois nunca teve a pretensão de ganhar dinheiro com o mesmo. O empresário construiu
uma marca, que busca sempre a qualidade, desde o papel, que é alemão, a diagramação que é
bem feita, o fotolito é da melhor qualidade, as fotos são sempre as melhores. Nunca houve atrasos
no fechamento da edição e o preço nunca foi excessivo. O cliente sempre foi prestigiado com
todos esses benefícios. Os cursos sempre contam com os melhores profissionais, a melhor
bibliotecária da cidade, os melhores computadores, os melhores programas, dentre outros itens
que buscam a qualidade.
4.12 EMPRESÁRIO 12
Chegando em Maringá em 1986, com formação em Medicina Nuclear em Curitiba, o Empresário
12 visualizou a oportunidade de montar um serviço na cidade, uma vez que o serviço mais
próximo era encontrado em Londrina. Não havia um serviço nesta área, principalmente,
direcionado à tireóide. Sendo assim, o empresário e seus sócios, com capital próprio, montaram o
serviço de Medicina Nuclear, que atua no mercado desde 1987. Em 1994 a empresa ampliou seu
mix, realizando outros exames laboratoriais. E, em 1998 começou a atuar em outras áreas de
diagnóstico. A empresa foi pioneira na atuação em osteoporose.
132
Durante esse período no mercado, a empresa encontrou sua primeira dificuldade crítica em 1998,
com a mudança do câmbio. Houve um aumento significativo na parte de insumos, aumentando os
custos. Os preços dos exames não acompanharam a alta dos custos, na verdade, não há reajuste
desde 1994. Com isso, a empresa ainda está passando por um período complicado.
Para a administração cotidiana, o Empresário conta com o auxílio de uma pessoa contratada.
Quanto ao processo de planejamento e controle o Empresário é quem toma a decisão final.
O Empresário 12 desenvolveu um número restrito de atributos relacionados ao empreendedor.
Sendo assim, de acordo com o instrumento utilizado na pesquisa, o empresário não apresentou
um perfil empreendedor, conforme pode ser visualizado na Tabela 14.
133
Tabela 14: Perfil empreendedor do Empresário 12
Características Pontuação
Visão 3.33
Energia e flexibilidade 3.50
Criatividade, inovação e intuição 4.00
Liderança 3.75
Autoconfiança 4.00
Independência e iniciativa 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão 3.50
Otimismo, perseverança e persistência 3.50
Comprometimento e dedicação 3.50
Habilidades Pontuação
Formador de equipes 3.00
Lidar bem com o fracasso 2.50
Correr riscos calculados 4.00
Buscar informações e conhecimentos 3.75
Obter feedback 4.00
Orientação por metas e objetivos 4.00
Relacionamento interpessoal 2.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos 4.00
Capacidade de decisão 4.00
Planejamento e organização 3.50
Saber explorar oportunidades 3.50
Capacidade de análise 3.50
Conhecimento do ramo 2.00
Traduzir pensamentos em ação 3.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência 4.67
Fonte: Elaborado com base no questionário respondido pelo Empresário 12.
Dentre as características analisadas, apenas duas foram desenvolvidas pelo empresário, que
procura desenvolver suas atividades com criatividade e inovação. É autoconfiante em relação a
seus objetivos e metas, mesmo diante da oposição de outras pessoas. É um indivíduo altamente
comprometido com a qualidade e eficiência no desenvolvimento de seu trabalho, procurando
oferecer o que há de melhor a seus pacientes.
Não tem receio de correr riscos, desde que possam ser previamente calculados. Orientado por
metas e objetivos, o empresário busca obter feedback do mercado para identificar as possíveis
falhas. Apesar de buscar corrigir as falhas, quando estas ocorrem, o empresário não possui a
habilidade de lidar com o fracasso, encarando-o de uma maneira negativa. Por ser o responsável
134
pelo processo de planejamento e controle da empresa, o empresário desenvolveu a capacidade de
decisão. Sabe buscar, utilizar e controlar os recursos quando necessário.
A pontuação adquirida para a habilidade conhecimento do ramo foi a mais baixa apresentada pelo
Empresário 12. Mas, neste caso, o empresário se refere ao conhecimento administrativo do
negócio, pois o conhecimento técnico sobre o negócio é muito grande.
Apesar de não ter apresentado um perfil empreendedor, o empresário pode ser visto como bem
sucedido no mercado e, normalmente, apresenta idéias inovadoras. O sucesso de seu negócio é
atribuído, segundo o empresário, ao fato de fazer as coisas na hora certa. Ter a percepção para
mudar e fazer os ajustes quando o mercado solicitar; e, ainda, a vontade de produzir, de inovar,
ao desafio de buscar o crescimento. Em busca desse crescimento, a empresa tem passado, nos
últimos dois anos, por um processo de profissionalização.
135
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O empreendedorismo tem se tornado cada vez mais foco de interesse entre os pesquisadores.
Estudos e publicações na área têm crescido consideravelmente e colaborado com a excepcional
diversidade de conceituação do empreendedor. Devido à diversidade de pesquisadores de áreas
diferentes atuando sobre o tema, existe uma ausência de consenso na conceituação e definição do
perfil do empreendedor.
Apesar da diversidade de autores que tratam do tema, os estudos em empreendedorismo podem
ser divididos em três correntes de pensamento, a saber: os economistas, os comportamentalistas
(behavioristas) e os demais que não se enquadram nestas duas categorias. No primeiro grupo, os
pesquisadores estão preocupados com os resultados da ação do empreendedor. A questão
principal é “o que acontece quando os empreendedores agem?”. É geralmente o ponto de vista
dos economistas. Dentre os economistas, destacam-se Cantillon, Jean Baptiste Say, Schumpeter,
Kirzner e Casson. Nesta primeira corrente, os economistas associam o empreendedor à inovação.
A segunda corrente, relacionada com fenômeno psicológico ou sociológico do empreendedor, é
fundamentada nos estudos desenvolvidos por David McClelland (1961) e Collins Moore (1964).
Desde os anos 70 até meados dos anos 80, os behavioristas dominaram a área do
empreendedorismo, associando o empreendedor à criatividade. A questão central dos
behavioristas consiste em saber “quem é o empreendedor; por que ele age?”.
136
Finalmente, a terceira corrente preocupa-se em analisar as características dos empreendedores e
como eles são capazes de alcançar seus objetivos e visões. Na segunda metade dos anos 80,
vários pesquisadores propuseram uma outra questão central da pesquisa, “o que faz e como age o
empreendedor?”. No final dos anos 80, o empreendedorismo se tornou tema de estudo em quase
todas as áreas (FILION, 1999a, 2000; STEVENSON e JARILLO, 1990).
Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber as
idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em uma oportunidade de
negócio, motivação para pensar conceitualmente, e capacidade para ver, perceber a mudança
como uma oportunidade (LEITE, 2000. p.16). O empreendedor, segundo Dornelas (2001), não
necessita saber “como fazer” as coisas, mas compreender o que precisa ser feito.
Os empreendedores são orientados para realizações, gostam de assumir a responsabilidade por
suas decisões e não gostam de trabalhos rotineiros e repetitivos. Possuem altos níveis de energia e
altos graus de perseverança e imaginação que, combinados com a disposição para correr riscos
calculados, os capacitam a transformar o que começa com uma idéia muito simples e mal
definida em algo concreto. Geram entusiasmo contagiante em uma organização e transmitem um
senso de propósito e de determinação. Dessa forma, conseguem convencer os outros e sabem
liderar uma organização e dar-lhe impulso (KETS de VRIES, 2001).
Várias são as características atribuídas ao empreendedor e, apesar de não ser possível estabelecer
cientificamente um perfil psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que
concorrem na sua formação, pode-se concluir que o empreendedor é fruto do meio social em que
137
vive. Estudos indicam que o empreendedorismo é um fenômeno regional. O tempo e o lugar
influenciam na formação do perfil do empreendedor, já que os seres humanos são produtos do
ambiente e, assim sendo, os empreendedores refletem as características do período e lugar onde
vivem. As culturas, as necessidades e os hábitos de uma região concorrem para a determinação
do comportamento do empreendedor.
Também influem a experiência de trabalho, o nível de educação, a religião, a cultura familiar. O
perfil do empreendedor certamente será diferente em função do tempo em que está no mercado.
Se uma pessoa está num ambiente em que ser empreendedor é visto como algo positivo, terá
motivação para criar o seu próprio negócio, principalmente se tiver um “modelo”, uma pessoa
que o influencie, seja na família ou na sociedade na qual está inserido.
Assim, a crença de que o empreendedor é fruto, apenas, de herança genética não é aceita pela
maioria dos pesquisadores, pois grande parte dos empreendedores se torna empreendedor graças
à influência de um modelo no seu meio familiar ou social, um modelo com o qual o
empreendedor se identifica. Pode-se dizer que o empreendedor adquire uma cultura
empreendedora, também, pela prática.
Filion (1990a) caracteriza dois tipos de empreendedores, o voluntário e o involuntário. O
empreendedor voluntário é aquele que tem motivação para empreender, enquanto que o
empreendedor involuntário é forçado a empreender por motivos alheios à sua vontade
(desempregados, imigrantes, etc.). Pode-se dizer que o empreendedor voluntário é aquele que
decide iniciar um novo negócio porque não pode ignorar seus próprios sonhos, suas visões e está
138
disposto a arriscar a segurança advinda pelo ganho financeiro. Já o empreendedor involuntário é
impelido por circunstâncias fora do seu controle, como o corte de pessoal por parte de uma
empresa ou é frustrado pelas limitadas oportunidades de promoção.
Observando os tipos de empreendedores apresentados por Filion (1999a), os empresários
analisados na pesquisa podem ser caracterizados como empreendedores voluntários, pois
iniciaram o empreendimento, principalmente, para realizar o sonho de possuir um negócio
próprio e/ou para aproveitar oportunidades de mercado. Nenhum deles foi levado a entrar no
negócio por forças involuntárias.
Quase a totalidade dos empresários é do sexo masculino e iniciaram o seu negócio com capital
próprio. O tempo médio para o processo de criação da empresa durou de três a seis meses e a
realização de um plano de negócios formalizado foi praticamente inexistente dentre os
empreendimentos. A principal dificuldade relatada pelos empresários está relacionada ao
processo administrativo, uma vez que os mesmos não apresentam conhecimentos mais sólidos na
atividade administrativa. Alguns dos empresários foram buscar tal conhecimento em cursos de
especialização na área de gestão.
Apesar de, aparentemente, todos os empresários serem vistos como empreendedores, por
desenvolverem características diferenciadas da grande maioria dos empresários, apenas oito deles
podem ser caracterizados como empreendedores, a partir do modelo utilizado na pesquisa. Estes
empresários apresentam a maioria dos pré-requisitos necessários para a formação do perfil do
empreendedor. Por sua vez, quatro dos empresários analisados desenvolvem uma menor
139
quantidade de atributos do empreendedor. O perfil dos empresários da área da saúde pode ser
visualizado na Tabela 15, que resume a pontuação obtida pelos empresários em cada um dos
atributos (características, habilidades e valores).
Tabela 15: Perfil empreendedor dos empresários da área da saúde – Maringá, 2003.
E01 E02 E03 E04 E05 E06 E07 E08 E09 E10 E11 E12
Características Pontuação
Visão
5.00
3.33 3.67
4.00 4.33 4.67 4.33 4.33
3.67
4.67 4.33
3.33
Energia e flexibilidade
4.00
3.75 3.00
4.25 4.25 4.00
3.75 3.25 3.50
4.50
3.00 3.50
Criatividade, inovação e intuição
4.00 4.00 4.00 4.50 5.00 5.00 5.00
2.50
5.00 4.50
3.50
4.00
Liderança
4.00 4.25
1.75
4.50 5.00 4.50 4.50 4.00
3.75
4.75 4.25
3.75
Autoconfiança
5.00
3.67
5.00 4.33 4.67 4.33 4.67 4.00 4.67 4.00
2.67 4.00
Independência e iniciativa
4.00
3.67 3.67 3.33 3.67 3.33
4.00
3.00 3.00 3.67 3.33 3.67
Motivação, entusiasmo e paixão
5.00 5.00
2.50
5.00 5.00 5.00 4.50 4.50 5.00 4.00 4.25
3.50
Otimismo, perseverança e persistência
5.00 4.00 4.00 5.00 5.00 5.00 5.00 4.00 4.50 5.00 4.00
3.50
Comprometimento e dedicação
5.00 4.00 4.00 5.00 5.00 4.50 5.00 4.00 5.00 4.50 4.00
3.50
Habilidades Pontuação
Formador de equipes
4.33
3.00 3.33
4.00 5.00
3.33
4.67
3.67 3.33
4.00 4.00
3.00
Lidar bem com o fracasso
4.00 4.50
3.00
5.00 4.50
3.00
4.50 4.00 4.50
3.50
4.00
2.50
Correr riscos calculados 3.75 3.25 2.50
4.25 4.75 4.50 4.25
3.50
4.00 4.75
3.50
4.00
Buscar informações e conhecimentos
4.00
3.50 3.75 3.75
4.50 4.75 4.75 4.00
2.75 3.50 3.75 3.75
Obter feedback
5.00 4.00
3.00
5.00 4.00
3.50
5.00 4.00 5.00 4.00 4.50 4.00
Orientação por metas e objetivos
4.00
1.00
4.00 4.00 4.00 5.00 5.00 5.00
1.00
5.00 4.00 4.00
Relacionamento interpessoal 3.50 3.00 2.50
4.50 5.00 4.50 4.50 4.00
2.50
4.00 4.00
2.50
Saber buscar, utilizar e controlar recursos
5.00 4.00
2.00
5.00 5.00 5.00 5.00 5.00
1.00
4.00 4.00 4.00
Capacidade de decisão
4.50
3.50
4.00 5.00 4.50 4.50 4.00 4.00 5.00 5.00 4.00 4.00
Planejamento e organização 3.75 3.50 3.50
4.50 4.25 4.50 4.25
3.50 2.50
4.75 4.25
3.50
Saber explorar oportunidades 3.25 3.50 3.50
4.25 5.00 4.75 4.25 4.00
2.50
4.25 4.00
3.50
Capacidade de análise 3.00 3.50
5.00 4.50 4.50
3.50
4.50
3.50 3.00
4.00 4.50
3.50
Conhecimento do ramo
5.00 4.00
3.00
5.00 4.00 5.00 5.00 4.00 5.00 5.00 4.00
2.00
Traduzir pensamentos em ação
5.00
3.50
4.50 4.50 4.50 4.50 5.00 4.00 4.50 4.00
3.50 3.00
Valores Pontuação
Exigência de qualidade e eficiência
4.33 4.33 5.00 4.67 4.67 5.00 5.00 4.00
3.67
4.67 4.00 4.67
Fonte: Elaborado com base na análise dos questionários respondidos pelos empresários.
Conforme visualização da tabela, alguns atributos são comuns a um maior número de indivíduos
pesquisados. Os empresários possuem visão de futuro, sabem como direcionar o seu
empreendimento para atingir os objetivos estabelecidos. São indivíduos que buscam a
criatividade, a inovação e a intuição como aliadas, e contam com a liderança e a autoconfiança
para envolver os colaboradores em seus objetivos. São pessoas motivadas, otimistas,
perseverantes e persistentes, e o entusiasmo e a paixão pelo que fazem, aumentam o
comprometimento e a dedicação pelo trabalho. Sabem lidar com o fracasso e buscam feedback
para identificar os pontos fortes e fracos, tanto individual como do empreendimento. São
orientados por metas e objetivos, tendo um bom relacionamento interpessoal com pessoas que
facilitam a busca, a utilização e o controle de recursos. Têm pleno conhecimento do ramo de
negócio em que atuam, o que facilita a capacidade de decisão. Buscam, sempre, pela qualidade e
eficiência no serviço.
Exigência de qualidade e de eficiência foram os atributos mais desenvolvidos pelos empresários,
que buscam sempre oferecer produtos e serviços de excelência para os clientes. Apenas o
Empresário 9 apresentou este atributo menos desenvolvido em seu perfil.
Por outro lado, outros atributos são desenvolvidos por uma minoria dos pesquisados. Poucos
deles apresentam independência e iniciativa, são flexíveis em relação aos objetivos e metas
traçados para o desenvolvimento do seu negócio e buscam novas informações e conhecimentos.
Formar equipes e correr riscos calculados são habilidades encontradas em um número mais
expressivo de empresários, mas não em sua maioria.
Os Empresários 5 e 7 foram os que desenvolveram um maior número de atributos relacionados
142
ao perfil do empreendedor. O Empresário 5 deixou de apresentar independência e iniciativa,
enquanto que o Empresário 7 tem pouca energia e flexibilidade. Por sua vez, o Empresário 12
apresentou o menor número de atributos desenvolvidos em seu perfil. E em seguida, os
Empresários 3, 2 e 9.
O fato de quatro dos empresários terem apresentado menos de 50% das características analisadas
não permite afirmar que os mesmos não sejam empreendedores. Estes, apenas não
desenvolveram um grande número de qualidades apresentadas como formadoras do perfil
empreendedor. No entanto, eles se diferenciam, de alguma forma, dos demais empresários, uma
vez que tiveram uma idéia inovadora, souberam aproveitar uma oportunidade de mercado,
correram riscos ao acreditarem na concretização de um sonho, dentre outros fatores.
Em síntese, apesar da formação profissional diferenciada pela qual passaram estes empresários da
área da saúde em relação ao processo de gestão, foi possível constatar que eles podem ser
considerados empreendedores, com maior ou menor identificação a partir do referencial utilizado.
Assim, a afirmação de Drucker (1987) de que as condições de sucesso ou fracasso de um
empreendimento independem da formação do empreendedor, legitima-se e constitui-se em
estímulo para a continuidade da investigação em torno dessa área de conhecimento.
5.1 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Empreendedorismo tem se apresentado como um campo de pesquisa em plena expansão, o que
proporciona, principalmente aos acadêmicos, a oportunidade de estudo sob diversos enfoques. A
143
presente pesquisa, por se tratar de um estudo exploratório sobre o perfil empreendedor do
empresário da área da saúde, pode ser vista como a precursora de futuros estudos
correlacionados. Pode-se citar, como complementação do estudo proposto, um estudo mais
abrangente a respeito do perfil empreendedor do empresário da saúde, permitindo-se, assim, fazer
generalizações.
Seguindo a afirmação de Drucker (1987), de que as condições de sucesso ou fracasso de um
empreendimento não estão relacionadas à formação básica do empreendedor, abre-se campo para
outras futuras pesquisas. Uma vez que a pesquisa teve delimitação no município de Maringá, o
estudo pode ser realizado em outras localidades, contribuindo para futuras comparações. Análise
do perfil empreendedor de empresários formados em Administração, comparada com o perfil
empreendedor de empresários com formação em outra área, pode também, trazer grandes
contribuições para o tema. Enfim, partindo-se de um estudo exploratório, uma imensa gama de
possibilidades e oportunidades para futuros estudos pode surgir.
5.2 RECOMENDAÇÕES PARA OS EMPRESÁRIOS
Com a finalização do estudo, cabe, primeiramente, fazer um agradecimento aos empresários, pela
atenção e disponibilidade em contribuir com pesquisa, pois este trabalho somente foi possível de
ser realizado com a colaboração dos mesmos. Por outro lado, acredita-se que o estudo possa
trazer contribuições também aos empresários, uma vez que os mesmos terão acesso aos
resultados da pesquisa. Sendo assim, poderão analisar o seu perfil empreendedor, com o
propósito de buscar desenvolver cada vez mais os atributos que ainda não foram completamente
144
desenvolvidos. Para tal propósito, poderão buscar auxílio em entidades promotoras da formação
empreendedora. Haja vista que o empresário não possui formação na área administrativa,
recomenda-se, ainda, que os empresários, ao se depararem com alguma dificuldade de cunho
administrativo, procurem por entidades de apoio para eventuais assessorias.
145
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Administração: um estudo de caso. Brusque: Fundação Educacional de Brusque, s.d.t.
PEREIRA, Heitor José; SANTOS, Silvio Aparecido dos. Criando Seu Próprio Negócio: como
desenvolver o potencial empreendedor. Brasília: Ed. SEBRAE, 1995.
PINCHOT III, Gifford. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para tornar-
se um empreendedor. São Paulo: Harbra, 1989.
PORTER, M. E. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1989.
PREVIDELLI, José de Jesus. A Influência de Fatores Sócio-culturais nas Decisões de
Investimento de Capital e na Rentabilidade da Pequena Indústria. Dissertação (mestrado).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-Graduação em Administração –
PPGA, 1981.
QUENTAL, Camilla; WETZEL, Ursula. Equilíbrio Trabalho-Vida e Empreendedorismo: a
Experiência das Mulheres Brasileiras. In. XXVI ENCONTRO NACIONAL DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 2002, Salvador. Anais..., Salvador-BA.
RAMOS, Ricardo Corrêa de Oliveira. Perfil do Empreendedor: uma investigação sobre as
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ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Admnistração: guia
para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. 2.ed. São Paulo: Atlas,
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Michael Porter às Universidades empreendedoras, o elogio da inovação e da aglomeração de
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150
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1996.
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SOUZA, Maria de Azevedo F. de. Pequenas e médias empresas na reestruturação industrial.
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em: <http://www1.uol.com.br/folha/dimenstein/sonosso/gd260400.htm> acesso em: 28/11/2002.
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ZOGHLIM, Gilberto G., De Executivo a Empreendedor. São Paulo: Makron Books, 1994.
YIN, Robert K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.
151
ANEXOS
152
1 CARTA DE APRESENTAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
Centros de Ciências Sociais Aplicadas
Departamentos de Administração
Mestrado em Administração
Prezado(a) Senhor(a),
Na condição de professor orientador, quero apresentar a mestranda Vilma Meurer, que está cursando o Mestrado em
Administração, do Programa de Pós-graduação em Administração da UEM.
Ela está desenvolvendo sua dissertação sobre o tema empreendedorismo. Seu objetivo, a partir de uma pesquisa
empírica com os empresários da área da saúde, é identificar se os mesmos apresentam um perfil empreendedor.
Para que possamos cumprir com este objetivo, solicitamos a gentileza de nos atender, respondendo ao questionário.
Ao preenchê-lo, o(a) senhor(a) estará prestando uma grande contribuição ao andamento da pesquisa. Lembramos que
sua identidade não será divulgada. É importante lembrar que quanto mais fidedignos forem os dados aqui
apresentados, maior será a contribuição que estará sendo oferecida para o cumprimento do objetivo proposto para o
presente estudo.
Sua participação é muito importante. Contamos com seu apoio e desde já agradecemos a atenção dispensada.
José de Jesus Previdelli
Pesquisador do CNPq, Professor Associado do Departamento de Administração da Universidade Estadual de
Maringá, Diretor da Faculdade de Apucarana, Doutor em Administração pela FEA/USP.
Vilma Meurer
Administradora de Empresas, Professora e Coordenadora do Curso de Administração com ênfase em Marketing
da Faculdade de Apucarana, Mestranda em Administração pelo PPA UEL/UEM.
e-mail: vilma.m[email protected].br
Fones: (44) 267-7969 / (43) 9108-4548
153
2 QUESTIONÁRIO
Questionário n
o
I. INFORMAÇÕES SOBRE O EMPREENDEDOR
1.1. Sexo: 1 ( ) feminino 2 ( ) masculino
1.2. Idade
( ) menos de 30
( ) de 30 a 39
( ) de 40 a 49
( ) 50 e mais
1.3. O senhor ou algum dos sócios possuía(am) experiência anterior no ramo de negócio
escolhido:
( ) Sim
( ) Não
( ) Superficialmente
1.4. Se respondeu “sim” ou “superficialmente”na questão anterior, obteve como:
( ) diretor/gerente de outra empresa
( ) sócio/proprietário de outra empresa
( ) trabalhava como autônomo no ramo
( ) empregado de outra empresa
( ) alguém na família tinha um negócio similar
1.5. Participou na criação de outras empresas anteriormente?
( ) Sim ( ) Não
Se positivo, qual o seu papel nela? Especifique________________________________________
II. INFORMAÇÕES SOBRE O EMPREENDIMENTO
2.1. O processo de criação da empresa durou quanto tempo, desde o momento em que
iniciou até o dia da criação?
( ) Até um mês
( ) De um mês a três meses
( ) De três a seis meses
( ) De seis meses a doze meses
( ) Mais de doze meses
154
2.2. A empresa iniciou suas atividades com:
( ) 100% capital próprio
( ) 100% capital de terceiros
( ) 50% capital próprio e 50% capital de terceiros
( ) maior parte capital próprio
( ) maior parte capital de terceiros
2.3. Antes de iniciar as atividades, o senhor:
SIM NÃO
Realizou/encomendou pesquisa de mercado ( ) ( )
Realizou/encomendou estudos de viabilidade
econômico-financeira do negócio ( ) ( )
Realizou/encomendou estudos de viabilidade técnica do negócio ( ) ( )
Realizou estudos ambientais ou de responsabilidade social ( ) ( )
2.4. Atualmente a sua empresa:
( ) Possui empresas associadas ou subsidiadas
( ) Participa de um grupo empresarial maior
( ) Possui outra empresa com capital, mesmo que de forma minoritária
( ) Possui outras ligações empresas/grupos
( ) Não tem ligações com empresas ou grupos empresariais
2.4. A empresa fez novos investimentos (ampliação, modernização, etc.) nos últimos três
anos?
( ) sim
( ) não
2.6. Quem toma as principais decisões na empresa?
( ) o dono, sócio ou diretor principal
( ) os diretores
( ) os diretores e subordinados
III. PERFIL DO EMPREENDEDOR
3.1. Em que ordem de importância os fatores abaixo foram relevantes no momento da
tomada de decisão de criar a sua própria empresa?
1- Nenhuma importância
2- Pouca importância
3- Média importância
4- Muita importância
5- Extremamente importante
155
12345
A Definir objetivos claros e específicos de longo prazo
B Fazer sacrifício pessoal ou esforços extraordinários para a realização de uma
tarefa.
E Mostrar confiança na própria capacidade de realizar uma tarefa difícil ou
enfrentar um difícil desafio.
F Fazer pessoalmente pesquisas sobre como fornecer seus produtos ou serviços.
J Utilizar pessoal-chave/agentes para atingir seus objetivos.
L Calcular deliberadamente os riscos e avaliar as alternativas.
M Buscar pessoalmente informações sobre clientes fornecedores ou concorrentes.
M Buscar e documentar informações comprobatórias.
O Revisar o plano de negócios periodicamente, levando em conta a performance e
fazer as mudanças necessárias.
P Utilizar estratégias deliberadas para influenciar ou persuadir outros.
Q Encontrar maneiras de fazer as coisas da melhor forma possível, mais barato.
S Dividir as tarefas em sub-tarefas em prazos bem definidos.
S Manter os registros financeiros e utilizá-os para tomar decisões de negócio.
T Tomar medidas para estender o negócio a novas áreas, produtos ou serviços.
T Identificar oportunidades únicas para iniciar o negócio, obter equipamentos e
espaços físico para instalar a sua empresa.
U Tomar medidas repetidas vezes ou mudar para uma estratégia alternativa, a fim
de enfrentar desafios ou superar obstáculos.
Z Tomar medidas para atender ou exceder os padrões de qualidade dos
produtos/serviços ofertados ao mercado.
3.2. Marque com um “X” a opção que melhor define o seu perfil
1- Nunca;
2- Raras vezes;
3- Algumas vezes;
4- Muitas vezes;
5- Sempre.
12345
A Objetivos por escrito para este negócio são cruciais
A Saber a direção para onde se deseja chegar é fundamental para um negócio
B Sei definir metas, garantir sua execução e corrigir problemas com agilidade
B Tenho jogo de cintura para sair bem de situações complicadas
B Sei reconhecer o que é melhor e mudar tudo, se for preciso, em busca da
excelência
C Aprecio o desafio de inventar
C Procuro por novas maneiras de fazer as coisas
D Sei delegar responsabilidades
D As pessoas aceitam as minhas delegações
D Destaco-me em meus grupos de trabalho
156
D Sei valorizar um funcionário
E Tenho confiança na minha habilidade de atingir metas
E Conheço minha capacidade de obter sucesso em um novo desafio
F Prefiro fazer as coisas a pedir que outros as façam
F Sei me envolver com o trabalho de uma forma objetiva
G Tenho disposição para me dedicar ao trabalho, com todo entusiasmo
G Dedico-me à empresa com motivação
H Tenho visão de sucesso
H Tenho ambição em minhas metas
I Sei lutar por minhas idéias
I Tenho satisfação em minhas conquistas e sempre pretendo outras
J Procuro pessoas parecidas a mim para trabalhar em meu negócio
J As pessoas que trabalham para mim sabem das metas e objetivos do negócio
K Sei ganhar e perder
K Consigo superar dificuldades com equilíbrio
L Gosto de enfrentar desafios e os limites da minha capacidade
L Para exceder a concorrência procuro assumir alguns riscos
L Sou capaz de deixar uma situação segura, para arriscar novas oportunidades
M Procuro aprender mais sobre o meu negócio
M Diante de situações novas, procuro colher o máximo de informações
N Procuro saber o que os funcionários pensam sobre o seu trabalho
N Procuro saber a opinião dos clientes sobre o meu negócio
P Sei influenciar as pessoas em suas decisões, sem deixar resquícios emocionais
R Gosto de tomar decisões
R Gosto de agir prontamente, mesmo diante de uma situação difícil
S Sei planejar recursos de forma organizada, lógica e racional
S Gasto uma boa parte do tempo planejando o meu negócio
T Sei transformar situações de risco em oportunidades
T Sei identificar tendência e oportunidades de futuro
U Gosto de abordar situações de uma maneira analítica
V Estou atualizado com as novidades empresariais no meu ramo de negócio
X Gosto de competir
X Consigo transformar meus sonhos em realidade
Z Desejo que meu negócio seja melhor que o dos concorrentes
Z Procuro fazer o melhor para o meu cliente
3.4. Se houvesse outra oportunidade, começaria seu negócio novamente?
4.4.1. ( ) Sim 4.4.2. ( ) Não
Por quê: _______________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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