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FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO - FPL
ÁREA DE GESTÃO DA INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE
Programa de Mestrado Profissional em Administração
CLEVERTON DE SANTA RITA
O PAPEL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS
DE BASE TECNOLÓGICA NO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
“MODA” OU REALIDADE?
Pedro Leopoldo - Minas Gerais
2007
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CLEVERTON DE SANTA RITA
O PAPEL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS
DE BASE TECNOLÓGICA NO DESENVOLVIMENTO
REGIONAL:
“MODA” OU REALIDADE?
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Administração das Faculdades
Integradas de Pedro Leopoldo - FPL, para
obtenção do título de Mestre em Administração.
Orientadora: Professora Dra. Adelaide Maria
Coelho Baêta.
Pedro Leopoldo - Minas Gerais
Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo - FPL
2007
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CLEVERTON DE SANTA RITA
O PAPEL DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS DE BASE
TECNOLÓGICA NO DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
“MODA” OU REALIDADE?
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Administração pelas Faculdades
Integradas de Pedro Leopoldo - FPL, para
obtenção do título de Mestre em Administração.
Orientadora: Professora Dra. Adelaide Maria
Coelho Baêta.
APROVADA EM ____/_____/ 2007.
Banca Examinadora
_____________________________________________________________________
Profa.Dra. Adelaide Maria Coelho Baêta – Orientadora (FPL)
____________________________________________________________________
Profa. Dra. Conceição Vedovello
___ ______________________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Aureliano Gama de Andrade (FPL)
AGRADECIMENTOS
À Prof
a
. Dra. Adelaide Maria Coelho Baêta, pela competente, criteriosa, oportuna e valiosa
orientação acadêmica, que permitiu finalizar este trabalho, e pelo incentivo na construção do
conhecimento.
Ao corpo de mestres que compõem o programa de Mestrado Profissional em Administração
das Faculdades Integradas Pedro Leopoldo, por tão habilmente saberem transformar todos os
nossos encontros aos “sábados” em momentos de muito aprendizado, amizade e, sobretudo,
de muito prazer em aprender.
À minha família, particularmente à minha esposa, Aparecida, que soube silenciosamente
compreender e dedicar-se com mais intensidade a cuidar do nosso precioso Thales para que
eu pudesse estar, em muitos momentos, fisicamente ausente, dedicando-me a este projeto.
RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo analisar o papel das incubadoras de empresas
de base tecnológica no processo de desenvolvimento das regiões em que atuam, por meio da
análise de alguns indicadores e na percepção dos gestores e empreendedores entrevistados. O
texto apresenta, após a Introdução, um capítulo sobre o Referencial Teórico, no qual se
realizou uma pesquisa na teoria existente para descrever o processo de atuação das
incubadoras de empresas de base tecnológica. O terceiro capítulo descreve os procedimentos
metodológicos que orientaram o estudo. No quarto capítulo, as incubadoras integrantes da
pesquisa são apresentadas e analisadas sob a ótica do modelo de referência proposto por
pesquisadores anteriores. O quinto capítulo contextualiza a atuação das incubadoras
brasileiras nos dias atuais e aponta novas tendências. O capítulo seis apresenta e analisa os
dados coletados no trabalho, identificam-se os serviços que são disponibilizados pelas
incubadoras, os fatores que mais atraem os empresários e os impactos decorrentes da atuação
destas na perspectiva dos gerentes e dos empreendedores. Finalmente, nos capítulos seguintes,
são fornecidas as conclusões, considerações e sugestões finais da pesquisa. O estudo concluiu,
ao examinar incubadoras consideradas consolidadas, que muitas ainda não atingiram a auto-
sustentabilidade econômico-financeira. Elas sofrem com a descontinuidade na gestão e com a
descrença dos mecanismos de apoio. Disputam para si recursos escassos das agências de
fomento e enfrentam baixa cultura brasileira de investidores particulares nas empresas
(notadamente para capital semente). Têm dificuldades de lidar com as questões de
internacionalização das empresas e não possuem planos de marketing estruturados. Neste
contexto, as incubadoras da presente pesquisa constituem-se em uma realidade em seus
diferentes estágios de desenvolvimento. Considera-se que são uma relevante alternativa de
contribuição à melhoria das condições socioeconômicas das regiões, por meio da participação
efetiva na geração de mais empresas competitivas e potencialmente mais duradouras. Estas
são, por sua vez, provedoras de postos de trabalho mais qualificados, distribuidoras de renda e
favorecedoras da criação de uma atmosfera indutora de novos negócios, alicerçados em uma
cultura inovadora e necessariamente integradora.
Palavras chaves: Incubadora de Empresas; Desenvolvimento Regional; Empreendedorismo.
ABSTRACT
This paper has as objective to analyze the role of the technological incubators of
companies in the process of development of the regions where they act by some indicators
and point of vew the incubators managers and enterpreneurs. The text after presents the
Introduction, a chapter on the Theoretical Referencial which if it carried through sweepings in
the existing theory to describe the process of performance of the technological incubators.
The third chapter describes the Methodology Procedures that had guided the research. In the
fourth chapter the integrant incubators of the research are presented and analyzed under the
optics of the model of reference considered for previous researchers. The fifth chapter
discribe the performance of the Brazilian incubators in the current days and points new trends.
Chapter six presents and analyzes the data collected in the work, identifies the services that
are proved by the incubators, the factors that more attract the entrepreneurs, the decurrent
impacts of the performance of these in the perspective of the controlling and the
entrepreneurs. Finally, in the following chapters, is supplied the conclusions, considers and
final suggestions of the research. The study it concluded when examining considered
consolidated incubators, that many had not yet reached the sustentability economic-financier.
They suffer with the discontinuity in the management and the incredulity of the support
mechanisms. They dispute for itself scarce resources of the promotion agencies and face low a
Brazilian culture of particular investors in the companies. They have difficulties to deal with
the questions of internationalization of the companies and they do not possess structuralized
plans of marketing. In this context, the incubators of the present research consist in a reality in
its different periods of training of development. It is considered that they are an excellent
alternative of contribution to the improvement of the partner-economic conditions of the
regions, by means of the participation accomplishes in the generation of more companies
potentially more lasting. These they are in turn suppliers of more qualified ranks of work,
distributer income and they favor the creation of an inductiver atmosphere of new businesses,
necessarily based in an innovative and integrator culture.
Key words: Incubators; Regional Development; Enterpreneurship.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANPROTEC Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
APL Arranjo Produtivo Local
BIOMINAS Biotecnologia, Química Fina e Informática Aplicada
BNB Banco do Nordeste do Brasil
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social
C&T Ciência e Tecnologia
CDT Centro de Desenvolvimento Tecnológico
CEFET Centro Federal de Tecnologia
CESAR Centro de Estudos de Sistemas Avançados do Recife
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico E Tecnológico
COPPE Coordenação dos Programas de Pós-graduação em Engenharia
CRITT Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia
CSES
Center for Strategy & Evaluation Services European
FAP Fundação de Apoio à Pesquisa
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FPL Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo
FUMSOFT Sociedade Mineira de Software
GEM
Global Entrepreneurship Monitor
HP
Hewlett & Packard
IBM
International Business Machine
IBT Incubadora de Base Tecnológica
IEBT Incubadora de Empresa de Base Tecnológica
IEL Instituto Euvaldo Lodi
INATEL Instituto Nacional de Telecomunicações
INCAMP Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade de
Campinas
INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial
INSOFT Incubadora de Empresas de Software de Belo Horizonte
ISO
International Starndard Organization
ITCG Incubadora Tecnológica de Campina Grande
MCT Ministério de Ciência & Tecnologia
MIT
Massachussets Institute of Technology
MPME Micro, Pequena e Media Empresas
MPMEI Micro, Pequena e Média Empresa Inovadora
OECD
Organization for Economic Cooperation and Development
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PaqTcPB Fundação Parque Tecnológico da Paraíba
PaqTcPB Parque Tecnológico da Paraíba
PEBT Pequena Empresa de Base Tecnologia
PIB Produto interno bruto
PITCE Política Industrial Tecnológica e de Comércio Exterior
PROINTEC Programa Municipal de Incubação de Empresas
PUC-MINAS Pontifícia Universidade Católica de Minas
ROL Receita operacional liquida
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro & Pequenas Empresas
SOFTEX Software para Exportação
TDRI Teoria do Desenvolvimento Regional Inovador
TI Tecnologia de informação
UFG Universidade Federal de Goiás
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UnB Universidade de Brasília
UNICAMP Universidade de Campinas
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura
Figura 1 - Fatores que influenciam o início da internacionalização das empresas
emergentes internacionais........................................................................................
45
Gráficos
Gráfico 1 - Empreendimentos gerados pelas incubadoras da pesquisa.......................... 82
Gráfico 2 - Localização das empresas graduadas.......................................................... 83
Gráfico 3 - Principais contribuições das incubadoras para o desenvolvimento local.... 84
Gráfico 4 - Contribuição das incubadoras para o desenvolvimento local...................... 87
Quadros
Quadro 1 - Tipologias de incubadoras de empresas....................................................... 25
Quadro 2 - Serviços oferecidos pelas Incubadoras de Base Tecnológica brasileiras
segundo Baêta (1999)...............................................................................................
30
Quadro 3 - Serviços oferecidos pelas Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica
brasileiras segundo Lahorgue (2004).......................................................................
31
Quaro 4 - Os vários papéis de um gerente de incubadora.............................................. 34
Quadro 5 - Diferenças básicas entre as formações gerencial e empreendedora............ 40
Quadro 6 - Fatores críticos de sucesso para internacionalização das empresas............. 43
Quadro 7 - Características do empreendedorismo internacional................................... 44
Quadro 8 - Características de sucesso para o empreendedorismo internacional das
empresas emergentes proporcionadas pelas incubadoras tecnológicas...................
46
Quadro 9 - Incubadoras participantes da pesquisa ........................................................ 56
Quadro 10–Análise da estruturação das IEBTs segundo os fatores críticos de sucesso 73
Quadro 11 - Fatores favoráveis à ampliação da atuação de parques e incubadoras...... 78
Quadro 12 - Empresas participantes da pesquisa ......................................................... 81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Tipos de incubadoras brasileiras – 1999-2005 (em %)................................. 26
Tabela 2 - Distribuição de incubadoras por região e estados em 2005.......................... 26
Tabela 3 - Informações sobre as incubadoras participantes da esquisa........................ 80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 13
1.1 Breve histórico......................................................................................................... 13
1.2 A pergunta orientadora da pesquisa......................................................................... 15
1.3 Objetivos.................................................................................................................. 16
1.3.1 Objetivos específicos............................................................................................ 16
1.4 Delimitação do estudo.............................................................................................. 16
1.5 Relevância do estudo............................................................................................... 17
1.6 Definição de termos................................................................................................. 18
1.7 Estrutura do texto..................................................................................................... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 21
2.1 Sistemas de infra-estruturas tecnológicas (pólos tecnológicos, parques
tecnológicos e incubadoras de empresas de base tecnológica - IEBTS)........................
21
2.2 Incubadoras de Base Tecnológica (IEBTS) ou incubadoras tecnológicas............... 23
2.2.1 Fatores críticos de sucesso para as IEBTs............................................................ 27
2.2.2 Serviços oferecidos pelas IEBTS.......................................................................... 28
2.2.3 Fatores de atratividade do processo de incubação de empresas............................ 31
2.2.4 A gestão das IEBTS.............................................................................................. 32
2.3 Empreendedorismo tradicional e tecnológico e sua contribuição para o
desenvolvimento regional..............................................................................................
34
2.3.1 A formação gerencial e a formação empreendedora............................................. 39
2.3.2 Alguns aspectos sobre o ensino do empreendedorismo........................................ 40
2.3.3 Internacionalização das empresas em incubação.................................................. 42
2.3.4 Depoimentos de empresas de sucesso acerca do desenvolvimento das
operações internacionais................................................................................................
48
2.4 O desenvolvimento regional.................................................................................... 49
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS................................................................ 55
3.1 Tipo de pesquisa....................................................................................................... 55
3.2 Universo e seleção das unidades de pesquisa.......................................................... 55
3.3 Coleta de dados........................................................................................................ 56
3.3.1 Pesquisa de campo................................................................................................ 57
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS IEBTs........................................................... 58
4.1 Incubadora de Empresa de Base Tecnológica em Biotecnologia, Química Fina e
Informática Aplicada (BIOMINAS)..............................................................................
58
4.2 Incubadora de empresas e projetos do INATEL...................................................... 59
4.3 Incubadora Municipal de Santa Rita do Sapucaí (PROINTEC - Programa
Municipal de Incubação de Empresas)..........................................................................
61
4.4 Incubadora de Software de Belo Horizonte (INSOFT–BH).................................... 62
4.5 Incubadora Tecnológica de Campina Grande (ITCG)............................................. 63
4.6 Incubadora do Centro de Estudos em Sistemas Avançados do Recife (CESAR).... 64
4.7 Incubadora de Base Tecnológica do Centro Regional de Inovação e
Transferência de Tecnologia (IBT/CRITT)...................................................................
66
4.8 Incubadora Gênesis da Universidade Federal de Juiz de Fora - Gênesis/JF............ 67
4.9 Multiincubadora de empresas do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da
Universidade de Brasília (CDT/UnB)............................................................................
68
4.10 Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (INCAMP).............. 69
4.11 Análise das incubadoras considerando-se fatores críticos de sucesso................... 70
5 SITUAÇÃO ATUAL E NOVAS TENDÊNCIAS NO MOVIMENTO DE
INCUBAÇÃO NO BRASIL..........................................................................................
74
5.1 Aspectos positivos.................................................................................................... 74
5.2 Aspectos negativos................................................................................................... 75
5.3 Desafios e tendências............................................................................................... 75
6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS........................................................ 80
7 CONCLUSÕES.......................................................................................................... 90
8 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA.......................................................................... 92
9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA.................................................................................. 93
10 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS.......................................................... 94
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 95
APÊNDICES.................................................................................................................. 98
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Breve histórico
No início da década de 1930, a Universidade de Stanford, situada em Palo Alto
na Califórnia, incentivava seus graduados a iniciar empreendimentos na região cuja economia
dependia da fruticultura, na tentativa de que os estudantes não migrassem para outras áreas
economicamente mais atraentes. A Universidade oferecia bolsas de estudos, insumos, espaço
físico e acesso aos laboratórios acadêmicos, principalmente para os estudantes dos cursos de
pós-graduação que desejassem criar empreendimentos para produzir equipamentos oriundos
de suas pesquisas. O desenvolvimento das empresas emergentes passou a exigir instalações
mais adequadas. A resistência dos empresários em deixar o ambiente de inovação motivou a
criação, em 1950, no campus da Universidade, do primeiro parque tecnológico de que se tem
noticia. O seu crescimento deu visibilidade ao fenômeno do desenvolvimento regional por
meio da criação de empreendimentos intensivos em tecnologia, o que posteriormente tornaria
a região mundialmente conhecida como o “Vale do Silício”.
Paralelamente, na região que ficou mais tarde conhecida como “Route 128” em
Boston (Massachussets), incubadoras apareceram nas Universidades de Harvard e do
Massachussets Institute of Technology (MIT), como meio de incentivar universitários recém-
graduados a comercializar suas invenções tecnológicas e a criar o espírito empreendedor. O
mecanismo que combinava ação acadêmica, forte apoio financeiro do governo e estreita
relação com empresas já atuantes traduziu-se em oportunidades para os jovens iniciarem as
suas empresas. Além disso, foram disponibilizados: infra-estrutura física, assessoramento
gerencial, jurídico, administrativo e tecnológico, configurando o que hoje é conhecido como
uma incubadora de empresas de base tecnológica. Destas iniciativas desenvolveram-se
empresas mundialmente reconhecidas, como a International Business Machine (IBM),
Hewlett & Packard (HP), Xérox, entre outras.
Consagra-se, na década de 1970, um modelo de parceria capaz de promover a
geração do conhecimento e a sua transformação em produtos revolucionários e competitivos
no mercado internacional, especialmente mediante a contínua criação de empresas
inovadoras. Iniciava-se uma corrida em âmbito mundial para reproduzir os ambientes do Vale
do Silício e da Route 128, entre os quais: as incubadoras de empresas, os parques
14
tecnológicos frutos da combinação entre o poder público, o setor empresarial e a academia
(BAÊTA, 1999, p.95; BIAGIO, 2006, p.21-23; LAHORGUE, 2004; LEMOS, 1998, p.9;
MEDEIROS et al., 1992, p.24; SANTOS, 1987, p.17; SPOLIDORO, 2001, p.15-16;
STAINSACK, 2003, p.9; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2001, p.349 ).
Verifica-se, também, que o modelo precursor do processo de geração de
empreendimentos, que hoje se conhece com o nome de incubação de empresas, surgiu no
estado de Nova Iorque (EUA), em 1959, quando uma fábrica da Massey Ferguson foi
fechada, deixando significativo número de pessoas desempregadas. Joseph Mancuso,
comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas
iniciantes que podiam compartilhar equipamentos e serviços. Adicionalmente ao uso
compartilhado da infra-estrutura física, Mancuso acrescentou um conjunto de serviços que
poderia ser utilizado pelas empresas instaladas, como: secretaria, contabilidade, marketing e
outros. Naturalmente, esse compartilhamento de serviços reduzia o custo operacional das
empresas e aumentava a sua competitividade. Uma das primeiras empresas instaladas na área
foi um aviário, que mais tarde sugeriu ao prédio a designação de “incubadora” (BIAGIO,
2006, p.21; MOVIMENTO DAS INCUBADORAS, 2005).
Na Europa, o movimento existe desde a década de 1970, tendo sido iniciado na
Inglaterra e em 2002 contava com mais de 300 agências de apoio a pequenas empresas e 40
parques tecnológicos. Na Alemanha, as incubadoras surgiram na década de 1980, segundo
Santos (1987) e Lahorgue (2004). Há registros de experiências de incubação no final dos anos
1980 na Holanda, na Irlanda, França, Reino Unido, Japão e também na China no início dos
anos 1990 (BAETA, 1999; MEDEIROS et al., 1992).
No Brasil, as primeiras incubadoras surgiram na década de 1980 quando, por
iniciativa do então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico E
Tecnológico (CNPq), Professor Lynaldo Cavalcanti, fundações tecnológicas foram criadas em
Campina Grande-PB, Manaus-AM, São Carlos-SP, Porto Alegre-RS e Florianópolis-SC.
Após a implantação da Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos, em dezembro de
1984, começou a funcionar a primeira incubadora de empresas do Brasil, a mais antiga da
América Latina, com quatro empresas instaladas. Logo, naquela década quatro incubadoras
foram constituídas no país, nas cidades de São Carlos-SP, Campina Grande-PB,
Florianópolis-SC e Rio de Janeiro-RJ (MOVIMENTO DAS INCUBADORAS, 2005).
Em dezembro de 1987, foi constituída a Associação Nacional de Entidades
Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), cujo objetivo era coordenar
todas as iniciativas em direção à criação de parques tecnológicos e incubadoras de empresas.
15
A crise econômica mundial no final da década de 1970 e início de 1980 afetara de forma
relevante o crescimento de diversos países, particularmente do Brasil, onde se convivia com
elevadíssimas taxas de inflação, carência de recursos para investimentos, deficiência de
capacidade competitiva das empresas nacionais frente à competição global, entre outros. Tudo
isto, aliado a problemas de avaliação estratégica, fez com que alguns dos projetos pioneiros
não tivessem êxito. Entretanto, a partir das mudanças políticas e econômicas ocorridas na
década de 1990, o ambiente tornou-se mais favorável. Observou-se crescimento consistente
da criação de empresas baseadas em tecnologia, de porte médio e pequeno, contrapondo-se ao
modelo anterior que se caracterizava por grandes empresas estatais e grandes complexos
econômicos industriais (GUEDES; BERMÚDEZ, 1996)
1
.
O alto desempenho do processo de desenvolvimento estrutural do movimento
brasileiro de incubação tem sido reconhecido por estudiosos nos Estados Unidos e Europa. O
aval internacional concretizou-se com a escolha do Brasil para sediar o primeiro congresso
global sobre o tema, que aconteceu no Rio de Janeiro no ano de 2001. Ao examinar os
fundamentos que alicerçaram esse crescimento virtuoso do movimento de incubação de
empresas no Brasil, Plonski
2
identifica três pilares: a) a visão dos pioneiros, que há mais de
uma década acreditaram no que se configurava como a inovação do processo de inovação; b)
o rigor nos conceitos, nos critérios e cuidados para fazer com que uma boa idéia possa se
transformar em um negócio bem sucedido; c) a instauração de mecanismos de aprendizagem
coletiva, tais como: seminários, cursos, encontros, missões, uso dos recursos da teia global
possibilitada pela internet e publicações informativas.
1.2 A pergunta orientadora da pesquisa
Como as Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica (IEBTs) contribuem para
o desenvolvimento regional?
1
Apud Guedes e Formica (1997, p.150-154).
2
Apud Dornelas (2002), prefácio.
16
1.3 Objetivos
Estudar as Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica e identificar quais são as
contribuições efetivas para o desenvolvimento regional das comunidades onde atuam.
1.3.1 Objetivos específicos
Analisar a participação das Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica na geração
de novos empreendimentos e novos postos de trabalho;
Analisar como as IEBTs se estruturam para atender às micro, pequena e média
empresas (MPEs) e as redes de cooperação que estabelecem;
Identificar os fatores dificultadores e facilitadores do processo de incubação.
1.4 Delimitação do estudo
A pesquisa será limitada à atuação das incubadoras de base tecnológica abaixo
relacionadas, tendo como objetivo analisar o papel das mesmas no processo de
desenvolvimento das regiões em que atuam, por meio da análise de alguns indicadores e na
percepção dos gestores e empreendedores entrevistados:
Biotecnologia, Química Fina e Informática Aplicada (BIOMINAS) e Incubadora de
Empresas de Software de Belo Horizonte (INSOFT) em Belo Horizonte-MG;
Incubadora de Empresas e Projetos do Instituto Nacional de Telecomunicações
(INATEL) e Incubadora Municipal de Empresas, ambas em Santa Rita do Sapucaí-
MG;
Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (CRITT) e o programa
Gênesis, em Juiz de Fora;
a Multiincubadora de Empresas da Universidade de Brasília;
o Centro de Estudos de Sistemas Avançados do Recife (CESAR);
a Incubadora Tecnológica de Campina Grande (ITCG), Incubadora do Parque
Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), situada na cidade de Campina Grande;
17
e a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade de Campinas
(UNICAMP) - (INCAMP).
1.5 Relevância do estudo
O empreendedorismo exige muito mais que uma boa idéia, um novo produto ou
serviço para que se consiga êxito empresarial. Requer competências nas diversas áreas do
conhecimento, tais como: práticas modernas de gestão, finanças, marketing, contabilidade,
gestão do capital intelectual, entre outras. Sabe-se que cerca de 80% das pequenas empresas
não sobrevivem sozinhas ao primeiro ano de existência; porém, quando pertencentes a um
ambiente de incubação, esse nível de mortalidade se reduz drasticamente, chegando a
aproximadamente 20% nos Estados Unidos, Europa, e também no Brasil. Isto se deve à
estrutura de apoio existente para capacitar os empreendedores nas competências descritas,
além de outros auxílios, como o compartilhamento de infra-estrutura administrativa, acesso a
novas tecnologias, à rede e sistemas de informação, a mercados.
A relação custo/benefício torna-se muito mais vantajosa para o empreendedor
apoiado pelo programa de incubação, que consegue transformar essa vantagem técnica e
operacional em uma forte vantagem competitiva no momento crucial do nascimento do seu
empreendimento (MEDEIROS et al., 1992. p.40).
O crescimento quantitativo e qualitativo de incubadoras no Brasil só é comparável
ao verificado nos Estados Unidos na década de 1980. O destaque qualitativo deve-se à
influência que as incubadoras exercem sobre o desenvolvimento das regiões e locais onde
foram instaladas. Para a Anprotec, trata-se de um fenômeno que representa a alavancagem do
desenvolvimento da economia nas sociedades contemporâneas (LAHORGUE, 2004, p.93).
As incubadoras de empresas, que têm sido implementadas em todos os países
desenvolvidos e em desenvolvimento, configuram-se, na atualidade, como um local adequado
para dar abrigo e apoio às MPMEs, tendo como foco principal de suas ações possibilitar-lhes
acesso a instalações físicas subsidiadas, serviços de apoio compartilhado, treinamentos
gerenciais, ampliação da rede de contatos, atualização tecnológica e noções sobre os aspectos
legais que envolvem os produtos de inovação. Além da facilitação aos canais de fomento para
apoio financeiro, as incubadoras promovem a sinergia entre todos esses fatores, criando um
ambiente favorável ao fortalecimento e crescimento das empresas nascentes e elevando
consideravelmente as possibilidades de esses empreendimentos incubados tornarem-se
18
empresas graduadas de sucesso. Entretanto, o financiamento desses novos empreendimentos
mostra-se fator crítico, principalmente quando se trata de países em desenvolvimento
(VEDOVELLO et al., 2001, p. 189).
Outro aspecto relevante desta pesquisa relaciona-se ao fato de que o estado de
Sergipe, do qual o pesquisador é oriundo, tem em implantação um Parque Tecnológico que
conta com três incubadoras de base tecnológica; uma vinculada à Universidade Federal, outra
vinculada à Universidade Tiradentes e uma ligada ao Centro Federal de Tecnologia (CEFET).
Em face da estreita relação que possuem as Incubadoras de Base Tecnológica com as
Universidades, com os Parques Tecnológicos e com os demais constituintes do sistema de
inovação de uma região, tornou-se então oportuno direcionar este projeto de pesquisa para o
estudo do processo de Incubação de Empresas de Base Tecnológica e sua contribuição ao
desenvolvimento regional que ocorre em outras regiões brasileiras, objetivando servir de fonte
de consulta para gestores do empreendimento citado, como também oferecer oportunidades
profissionais para o pesquisador.
1.6 Definição de termos
Desenvolvimento Regional – conjunto de ações integradas pelo poder público, que leva uma
região a adquirir capacidade de inovação suficiente para influenciar a dinâmica econômica,
social, tecnológica e a qualidade de vida (ANPROTEC; SEBRAE, 2002).
Desenvolvimento Regional Sustentável – processo de desenvolvimento regional promovido
pela parceria entre Estado e sociedade, por meio de ações multissetoriais integradas. A
metodologia inclui capacitação para gestão, diagnóstico e planejamento participativos,
articulação da oferta pública de programas com a demanda social da localidade,
monitoramento, avaliação do processo e fomento ao empreendedorismo (ANPROTEC;
SEBRAE, 2002).
Empreendedorismo tecnológico – o empreendedorismo tecnológico caracteriza-se por um
empreendedor mais bem qualificado (em termos de formação, mas não necessariamente de
experiência profissional), pela presença de equipes empreendedoras e pela maior necessidade
19
de recursos para bancar o desenvolvimento e constante atualização tecnológica dos produtos e
serviços (BORGES, BERNASCONI, FILION, 2003)
3
.
Incubadora de empresas - segundo Medeiros et al. (1992), as incubadoras de empresas são
núcleos que abrigam empresas recém-criadas durante um período que varia de dois a quatro
anos. Trata-se de um espaço comum, subdividido em módulos, que costuma localizar-se
dentro ou muito próximo de Universidades ou Institutos de Pesquisa para que as empresas se
beneficiem dos seus laboratórios e recursos humanos. As empresas compartilham infra-
estrutura administrativa (telefone, fax, internet, entre outros) por baixo custo, recebem
treinamentos e consultorias gerenciais e têm acesso facilitado a entidades de
fomento.Basicamente, existem três tipos de incubadoras de empresas: as denominadas de
incubadoras de base tecnológica, que abrigam empresas nas quais os produtos (processos ou
serviços) são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas. Nestas, a tecnologia e
inovação são características predominantes, normalmente gerando pequeno número de
empregos, porém os seus produtos possuem alto valor agregado, e estão quase sempre
intimamente ligadas às Universidades ou Centros de Pesquisa. As de setores tradicionais
abrigam empresas ligadas aos setores tradicionais da economia, detentoras de tecnologia
largamente difundidas, como alimentação, confecções, outras manufaturas, são pouco
inovadoras, enfrentam grande concorrência, raramente exportam. As mistas abrigam empresas
dos dois tipos descritos.
Incubadora de Empresas de Base Tecnológica – são organizações que abrigam
empreendimentos nascentes, geralmente oriundos de pesquisa científica, cujo projeto implica
inovações. Essas organizações oferecem espaços e serviços subsidiados que favorecem o
empresariamento e o desenvolvimento de produtos ou processos de alto conteúdo científico
tecnológico nas áreas de Informática, Biotecnologia, Química Fina, Novos Materiais,
Mecânica de Precisão, etc. (BAÊTA, 1999, p.30). Kuttner (1990)
4
, afirma que a incubadora é
um local onde o empreendedor concebe o seu empreendimento, imagina e planeja os
negócios.
3
Apud Baêta et al. (2004).
4
Apud Baêta (1999, p.31).
20
Inovação – introdução, no mercado, de produtos, processos, métodos ou sistemas não
existentes anteriormente ou com alguma característica nova e diferente daquela até então em
vigor, com fortes repercussões socioeconômicas (ANPROTEC; SEBRAE, 2002).
Parques Tecnológicos – complexo industrial de base científico-tecnológica planejado, de
caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja produção se baseia em
pesquisa tecnológica desenvolvida em centros de planejamento e desenvolvimento (P&D)
vinculados ao Parque (ANPROTEC; SEBRAE, 2002).
Pólos Tecnológicos – área que reúne empresas com vínculos operacionais com instituições de
ensino e pesquisa e agentes locais (ANPROTEC; SEBRAE, 2002).
1.7 Estrutura do texto
O texto apresenta, após a Introdução, um capítulo sobre o Referencial Teórico, no
qual se realizou uma pesquisa na teoria existente para descrever o processo de atuação das
incubadoras de empresas de base tecnológica. O terceiro capítulo descreve os procedimentos
metodológicos que orientaram o estudo. No quarto capítulo, as incubadoras integrantes da
pesquisa são apresentadas e analisadas sob a ótica do modelo de referência proposto por
pesquisadores anteriores. O quinto capítulo contextualiza a atuação das incubadoras
brasileiras nos dias atuais e aponta novas tendências. O capítulo seis apresenta e analisa os
dados coletados no trabalho, identificam-se os serviços que são disponibilizados pelas
incubadoras, os fatores que mais atraem os empresários e os impactos decorrentes da atuação
destas na perspectiva dos gerentes e dos empreendedores. Finalmente, nos capítulos seguintes,
são fornecidas as conclusões, considerações e sugestões finais da pesquisa.
21
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Sistemas de infra-estruturas tecnológicas (pólos tecnológicos, parques tecnológicos e
incubadoras de empresas de base tecnológica - IEBTS)
Entende-se por infra-estruturas tecnológicas o conceito descrito por Vedovello e
Figueiredo (2003), que explicita:
Infra-estrutura tecnológica é aqui definida como um conjunto de arranjos
institucionais organizados com o objetivo básico de facilitar a disseminação
de tecnologia e outros conhecimentos relacionados, de fontes relevantes para
as empresas e outras organizações, para auxiliá-las no desenvolvimento de
suas competências tecnológicas e na adoção, produção e comercialização de
inovações. Estes arranjos institucionais cobrem uma diversidade de
mecanismos e processos que servem de apoio para a provisão de serviços
tais como contratos de pesquisa, assistência técnica, certificação, consultoria,
treinamento. Assim, as “fontes relevantes” incluem, entre outras,
Universidades e seus diversos departamentos, institutos públicos e privados,
bancos de dados e empresas de consultoria. Em geral, estes arranjos
institucionais são criados e/ou mantidos por provisão de recursos
(financeiros) públicos que permitem que a oferta de serviços acima
mencionada ocorra a um preço abaixo do de mercado (VEDOVELLO;
FIGUEIREDO, 2003).
Para Medeiros et al. (1992), os pólos tecnológicos, parques e as Incubadoras de
Base Tecnológica viabilizam a interação entre as instituições de ensino e pesquisa, as
empresas e os governos em seus diversos níveis no processo que se caracteriza pela inovação
tecnológica. Deve-se procurar estimular essa interação nas empresas de tecnologia de ponta e
também nas empresas ditas tradicionais para que seja possível acelerar o processo de
modernização tecnológica em ambos os setores.
Os parques tecnológicos, incubadoras e os pólos, assim como outros mecanismos
de apoio ao desenvolvimento de novas empresas, têm como objetivo utilizar os recursos da
comunidade, os sistemas educacionais e de pesquisa para o crescimento econômico e
vitalidade da área (LALKAKA; BISHOP, 1995, p.63).
22
Nos anos recentes, a infra-estrutura tecnológica tem despertado crescente interesse
em diversos segmentos políticos e socioeconômicos: governantes, agências de
desenvolvimento, empreendedores e comunidade acadêmica. Tais atores institucionais têm se
interessado em entender esses mecanismos cujo foco é o fortalecimento da performance
competitiva das empresas. Contudo, existem fatores de natureza macroambientais e
diretamente ligados às políticas de Ciência e Tecnologia (C&T), de inovação e industrial que
interferem decisivamente no desempenho dessas infra-estruturas. Verifica-se que o
relacionamento entre os atores institucionais citados não é equilibrado, sendo sua interação
altamente intrincada e ainda não homogeneamente clara para estes (VEDOVELLO et al.,
2001, p.184-187).
Constata-se que, no Brasil, a partir da década de 1990, houve acelerado
crescimento das infra-estruturas tecnológicas, particularmente das incubadoras de empresas
de base tecnológica. De acordo com Baêta (1999), elas eram em torno de nove em 1992, 14
em 1996 e, em 2007, com base no levantamento da Anprotec, já são aproximadamente 160.
Os parques tecnológicos, que hoje são em torno de 42 empreendimentos, eram
praticamente inexistentes no início da década de 1990. Os pólos passaram a ser incluídos no
planejamento público das políticas Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do
Governo Federal, sob a designação de arranjos produtivos locais (APLs) ou como projetos de
tecnópoles (ANPROTEC, 2005; LAHORGUE, 2004, p.12).
Para Lunardi (1997)
5
, do ponto de vista teórico percebe-se certa hierarquia entre os
dispositivos da infra-estrutura tecnológica composta de quatro níveis em ordem decrescente:
tecnópoles, que podem conter um ou mais pólos que, por sua vez, abrigam um ou mais
parques que possuem, cada qual, uma ou mais incubadoras.
De maneira geral, a lógica para a implementação e suporte a incubadoras, segundo
a Organization for Economic Cooperation and Development OECD (1997)
6
, resume-se em:
Promover o desenvolvimento econômico (p. ex: expansão da base de negócios e
diversificação da economia local);
Promover a comercialização de tecnologias (comercialização de novas idéias, novos
artefatos e novos negócios);
Promover o desenvolvimento de propriedades imobiliárias;
Fomentar o empreendedorismo.
5
Apud Stainsack (2003, p.23).
6
Apud Vedovello et al., (2001, p.188).
23
A geração de empregos, promoção de auto-suficiência econômica para grupos de
população, transferência de tecnologia entre Universidades e corporações e o
compartilhamento de experiências entre empresários novos e os já estabelecidos são outros
objetivos relevantes.
2.2 Incubadoras de Base Tecnológica (IEBTS) ou incubadoras tecnológicas
Neste estudo adota-se o conceito de Incubadoras de Empresas de Base
Tecnológica (IEBTs) descrito por Baêta (1999, p.30) como organizações que abrigam
empreendimentos nascentes, geralmente oriundos de pesquisa científica, cujo projeto implica
inovações. Essas organizações oferecem espaços e serviços subsidiados que favorecem o
empresariamento e o desenvolvimento de produtos ou processos de alto conteúdo científico
tecnológico nas áreas de Informática, Biotecnologia, Química Fina, Novos Materiais,
Mecânica de Precisão, entre outras.
Para Medeiros et al., (1992, p.37), uma incubadora é um empreendimento, uma
solução que transforma o conhecimento em produtos que satisfazem os consumidores em
termos de utilidade, qualidade, desempenho e preço e também trazem boas rentabilidades
para as suas empresas.
As IEBTs são um meio de incrementar o crescimento a partir de incentivos à
criação de empresas de bens e serviços de base tecnológica e do atendimento às necessidades
de desenvolvimento regional.
Uma incubadora é como se fosse o primeiro tijolo do desenvolvimento a
longo prazo de um parque tecnológico e possui o potencial de contribuir
para o sucesso do futuro parque ao fornecer prova tangível de atividades
empresariais rápidas e de custos baixos. Além disso, a incubadora é uma
fonte contínua para os meios de comunicação e um ambiente para
professores universitários e estudantes de pós-graduação participarem da
criação de novas empresas (LALKAKA; BISHOP, 1995, p.60).
As IEBTs são reconhecidas como um dos mecanismos que viabilizam a
transformação do conhecimento em produtos, processos e serviços, considerando-se como
imprescindível a participação ativa da comunidade, que realiza pesquisas e atividades
tecnológicas, geralmente localizadas nas Universidades e em instituições de pesquisa.
Reconhece-se, ainda, que num contexto atual em que o conhecimento, a eficiência e a rapidez
no processo de inovação passam a ser elementos diferenciais para a competitividade das
24
economias, o processo de incubação via incubadoras é crucial para que a inovação se
concretize, suprindo em tempo as demandas do mercado (BRASIL, 2002).
Constata-se que as IEBTs favorecem o acesso a conhecimentos científicos e
tecnológicos, não apenas pelo fato de geralmente estarem próximas de determinada
Universidade ou centro de pesquisa, mas também por acabarem se transformando em um
ponto de contatos formais e informais com as áreas afins da Universidade parceira e de outras
Universidades nacionais e até de fora do país, configurando-se num sistema de troca de
informações e conhecimentos que envolve os setores produtores de pesquisa científica.
Assim, a IEBT exerce o papel de facilitador do processo que se pode caracterizar como um
fluxo bilateral de informações e conhecimentos (BAÊTA, 1999, p.37).
As IEBTs oferecem múltiplos serviços de apoio às empresas em incubação. Mais
de 60% disponibilizam orientação empresarial, salas de reunião, secretaria, consultoria em
marketing e finanças, suporte em informática, apoio para cooperação entre Universidades e
centros de pesquisa, assistência jurídica, biblioteca, auditório e auxílio no conhecimento sobre
propriedade intelectual. Em menor proporção são disponibilizados serviços como apoio à
exportação de produtos, serviços laboratoriais especializados, show-room e restaurante
(LAHORGUE, 2004, p.94).
Zedtwitz (2003, p. 185-191) desenvolve uma tipologia de incubadoras de empresas
não estática, ou seja, elas podem apresentar algumas características que se sobrepõem umas às
outras, conforme indicado na descrição representada no QUADRO 1.
25
QUADRO 1
Tipologias de incubadoras de empresas
Fonte: elaborado por Vedovello e Figueiredo (2005), baseado em Zedtwitz (2003).
Para o período 1999-2005, segundo a TAB. 1, observa-se queda na proporção
de incubadoras tecnológicas e tradicionais, aumento das incubadoras mistas, ou seja, aquelas
que abrigam tanto empresas de base tecnológica como de tecnologias tradicionais, e o
TIPOS DE
INCUBADORAS
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Incubadoras
Comerciais
Independentes
Emergem como resultado de atividades prospectivas desenvolvidas
por empresários ou empresas vinculadas ao capital de risco. Gozam
de maior liberdade para desenvolver seus próprios modelos de
negócios. Orientadas para o lucro, estas incubadoras se baseiam
fortemente nas suas competências internas e focam suas atividades
em uma dada tecnologia, indústria ou região (por exemplo, software
de reconhecimento de linguagem; mercado japonês).
Incubadoras Regionais Geralmente estabelecidas pelos governos locais ou organizações com
interesses econômicos e políticos regionais similares, buscando
prover espaço e apoio logístico para os negócios iniciantes em uma
dada comunidade. Objetivam acoplar seus resultados aos interesses
delineados pelas políticas públicas: geração de empregos,
aprimoramento da indústria local ou aprimoramento da imagem
pública de uma dada região.
Incubadoras
vinculadas às
Universidades
Universidades podem ser consideradas berço de novas
invenções/inovações e tecnologia de ponta. Estas incubadoras podem,
ou não, estar vinculadas a parques tecnológicos já implantados – e
atuam como laboratórios desenhados para aprimorar e fortalecer a
colaboração entre acadêmicos e industrializados.
Incubadoras Intra-
empresariais
Vinculadas às atividades de P&D corporativas, têm como principais
objetivos lidar com a descontinuidade tecnológica, incrementar a
comunicação entre as funções técnicas e corporativas, minimizar a
inflexibilidade das estruturas organizacionais e gerenciais e aprimorar
a habilidade de alinhar a visão de longo prazo da corporação com as
necessidades de curto prazo.
Incubadoras Virtuais Diferentemente das incubadoras tradicionais, as virtuais não oferecem
espaço físico ou apoio logístico. Buscam, porém, construir e
fortalecer plataformas e redes de acesso a empresários, investidores e
consultores. Esta modalidade de incubadora tem sido considerada
adequada para estágios de negócios muito iniciais e,
preferencialmente, vinculados às tecnologias de informação.
26
surgimento e expressivo crescimento de incubadoras culturais, agroindustriais e cooperativas,
agrupadas na classificação outras.
TABELA 1
Tipos de incubadoras brasileiras – 1999-2005 (em %)
TIPOS DE
INCUBADORA
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Tecnológicas
64 59 55 57 52 55 40
Tradicionais
22 23 31 29 25 19 18
Mistas
14 18 14 14 20 18 23
Outras
0 0 0 0 3 8 18
Fonte: Anprotec (1999 a 2005).- Pesquisa em 297 incubadoras - Total de incubadoras em operação em 2005:
339.
Em termos de distribuição geográfica, de acordo com a pesquisa
panorama Anprotec (2005), a Região Sul é a que apresenta o maior número de incubadoras
em operação, com 123, seguida pela Região Sudeste, que possui 120, o Nordeste em terceiro
lugar com 56 incubadoras, em quarto lugar o Centro-Oeste com 26 e em quinto lugar a região
Norte com 14 incubadoras. A distribuição por estados segue a TAB. 2.
TABELA 2
Distribuição de incubadoras por região e estados em 2005
REGIÃO
SUL SUDESTE NORDESTE CENTRO-OESTE NORTE
PR 24
ES 05 AL 10 DF 06 AC 01
RS 82
MG 26 BA 11 GO 05 AM 03
SC 17
RJ 27 CE 05 MT 06 AP 01
SP 62 MA 02 MS 09 PA 04
PB 05 RO 01
PE 12 TO 04
27
RN 03
SE 03
TOTAL
123 120 56 26 14
Fonte: Adaptado de Panorama Anprotec (2005). Organização Jailton Costa (2007).
2.2.1 Fatores críticos de sucesso para as IEBTs
Para Medeiros et al. (1992), uma Incubadora de Base Tecnológica só deve ser
constituída em determinada cidade ou região se forem atendidos 10 requisitos específicos,
classificados de acordo com a sua importância em: requisitos mínimos, recomendáveis e
desejáveis, como se segue:
Requisitos mínimos
a) Existência de empreendedores interessados;
b) Viabilidade técnica e comercial das propostas;
c) Parceiros comprometidos com o empreendimento;
d) Apoio político à incubadora e disponibilidade de laboratório e recursos humanos.
Requisitos recomendáveis
a) Espaço físico apropriado;
b) Existência de incentivos e de linhas de financiamento apropriadas;
c) Gestão da incubadora a cargo do setor privado e participação governamental
minoritária e decrescente.
Requisitos desejáveis
a) Tradição na geração de empresas de base tecnológica;
b) Clima favorável (aceitação) e “personificação” (compromisso individual) de
projetos;
c) Localização da incubadora nas instalações de ensino e pesquisa ou imediações.
As condições mínimas ou essenciais são aquelas fundamentais para o sucesso da
IEBT. As condições recomendáveis são as que permitem melhor enquadramento das
propostas de IEBTs pelos organismos responsáveis pelo planejamento e gestão da mesma. Por
28
último, os requisitos desejáveis, embora menos críticos, conferem mais possibilidades de
êxito e consolidação mais rápida às IEBTs.
Stainsack (2003) realiza uma análise de três modelos teóricos de referência para
funcionamento de uma IEBT: modelos de Bolton, Smilor e Gill; e o modelo de Mathews e
Rice; e, a partir dos pontos em comum entre eles, propõe um modelo de referência geral que
aponta 10 fatores críticos de sucesso para o funcionamento das IEBTs:
Localização e infra-estrutura física: refere-se à qualidade das instalações e sugere que
estas precisam refletir a percepção de sucesso da incubadora;
Planejamento e gestão: referem-se à qualidade dos recursos de apoio administrativo e
gerencial que a IEBT deve oferecer. Esta deve possuir um especialista local em
administração de negócios e um programa de metas com procedimentos e políticas
claras;
Oferta de serviços especializados: apoio ao acesso a fundos de capital inicial ou de
risco (venture capital) e outros serviços personalizados;
Rede de relacionamento (networks): desenvolver cooperação com Universidades,
centros de pesquisa, empresas, órgãos governamentais, etc.;
Empreendedorismo: desenvolver a cultura do empreendedorismo, disseminando-a
através de cursos, visitas técnicas, etc.;
Marketing da incubadora: necessita ser desenvolvido um plano de marketing para
atrair novos negócios e parceiros;
Processo de seleção: possuir um estruturado processo de seleção para detectar as
melhores potencialidades de sucesso;
Capitalização da incubadora: incubadora como facilitadora de acesso ao capital para
empresas incubadas na busca, por ser auto-sustentável;
Equipe da incubadora: gerência e diretoria experiente e comprometida com o sucesso
da incubadora;
Influências políticas e econômicas: buscar suporte da comunidade (legitimidade), ser
elemento de plano de desenvolvimento local, ser elo entre instituições interessadas no
desenvolvimento regional.
2.2.2 Serviços oferecidos pelas IEBTS
29
Medeiros et al. (1992) classificam os serviços oferecidos pelas IEBTs em dois
tipos:
Infra-estrutura física e administrativa
Prédio com módulos de uso individual;
Hall de entrada e show room;
Áreas comuns, como recepção, secretaria, salas de reunião, de serviços de apoio e de
treinamento;
Serviços de secretaria, datilografia (digitação) e mensageiros;
Serviços de comunicação: fax, rede de informática, telefone e correio;
Serviços de limpeza e segurança (portaria e vigilância);
Almoxarifado, vestiário, sanitário e copa.
Serviços especializados
Gestão tecnológica e orientação empresarial;
Informações mercadológicas;
Orientação jurídica;
Serviços de contabilidade;
Registro e legalização da empresa;
Compras conjuntas de materiais e equipamentos;
Divulgação e marketing;
Utilização de laboratórios das Universidades e centros de pesquisa;
Contratação de assessorias;
Informações tecnológicas via livros técnicos e acesso à base de dados;
Elaboração de documentos técnicos;
Empréstimo de equipamentos;
Cadastro e homologação de órgãos governamental;
Registro de marcas e patentes.
Pesquisa realizada por Baêta (1999), em incubadoras brasileiras, examinou os
serviços que eram oferecidos pelas mesmas, conforme o QUADRO 2:
30
QUADRO 2
Serviços oferecidos pelas Incubadoras de Base Tecnológica brasileiras
segundo Baêta (1999)
1. Local;
2. Serviços de escritório;
3. Aconselhamento técnico empresarial;
4. Parceria adequada;
5. Ambiente de cooperação;
6. Acesso a financiamento;
7. Acesso a laboratórios universitários;
8. Acesso a laboratórios de empresas;
9. Acesso à informação técnico-científica;
10. Comunicação com órgãos internacionais;
11. Acesso a agências governamentais;
12. Cursos e seminários;
13. Oportunidades de mercado;
14. Participação em feiras e exposições.
Fonte:Adaptado de Baêta (1999).
O resultado da pesquisa demonstrou que nem todos os serviços eram oferecidos
pelas incubadoras e em algumas delas mesmo os serviços disponíveis não eram considerados
satisfatórios na opinião dos empreendedores.
Pesquisa semelhante realizada por Lahorgue (2004), em 20% das incubadoras em
operação no Brasil, apontou que mais de 60% delas disponibilizam os seguintes serviços:
31
QUADRO 3
Serviços oferecidos pelas Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica brasileiras
segundo Lahorgue (2004)
1. Orientação empresarial;
2. Salas de reunião, auditório e secretaria;
3. Consultoria em marketing e finanças;
4. Suporte na área de informática;
5. Apoio para cooperação com Universidades e centros de pesquisa;
6. Assistência jurídica;
7. Biblioteca;
8. Auxílio na área de propriedade intelectual.
São disponibilizados em menor proporção os serviços:
1. Serviços laboratoriais especializados;
2.. Apoio à exportação;
3. Show room e restaurante.
Fonte: Adaptado de Lahorgue (2004).
2.2.3 Fatores de atratividade do processo de incubação de empresas
Em pesquisa realizada em 1997 com 52 empreendedores de empresas residentes
em IEBTs, Lemos (1998) identificou que o tópico que mais atraiu os empreendedores foi a
infra-estrutura material e administrativa disponibilizada a custos baixos. Isto pode ser
explicado pela carência dos recursos financeiros existentes, típica dos pequenos empresários
iniciantes, além da necessidade de canalizar a maior parte desses recursos para a atividade
principal de P&D.
O segundo aspecto mais importante destacado pela pesquisa referiu-se ao vínculo
formal com a Universidade ou centro de pesquisa, cuja proximidade cria a expectativa de que
32
sejam facilitados acessos ao apoio tecnológico e institucional, principalmente pelo aval junto
a outras entidades.
O terceiro aspecto observado foi a formação gerencial propiciada pelas
incubadoras, visto que os empreendedores, em sua maioria oriundos dos laboratórios de
pesquisa das Universidades, deparam-se com a necessidade de desenvolver habilidades até
então desconhecidas por eles, em particular aquelas relacionadas aos temas mercadológicos,
financeiros, entre outros, comuns a qualquer gestor organizacional.
O tema considerado menos impactante no apoio das IEBTs foi a intermediação
com agências de apoio à inovação, devido ao desconhecimento inicial dos empresários em
relação aos mecanismos governamentais existentes para apoiar os pequenos empreendimentos
de base tecnológica, disponíveis em linhas especiais de financiamento junto ao CNPq,
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e (SEBRAE).
2.2.4 A gestão das IEBTS
Este tópico busca examinar como ocorre a gestão das incubadoras de empresas
tendo em vista sua contribuição para o desenvolvimento local e qual a relevância do papel dos
gestores nesse processo.
Neste trabalho adota-se o conceito de gestor de incubadora encontrado em Baeta
(1999, p 84), indivíduo que exerce atividade gerencial atuando como elo entre os vários
parceiros da incubadora e as empresas apoiadas pelo programa.
As IEBTs são, por sua natureza, um ambiente singular em que predomina a
complexidade e a incerteza do processo de inovação, aliadas à rapidez das transformações
tecnológicas. Acrescente-se a isto o fato de uma Incubadora de Base Tecnológica
normalmente estar de perto associada a institutos ou departamentos de pesquisa em
Universidades, onde convivem pesquisadores de cultura altamente voltada para publicação
acadêmica e pouquíssimo viés empreendedor, agências de fomento provedoras de recursos
para o desenvolvimento das pesquisas e empresas focadas em resultados rápidos, lucro e
necessidade de lançamentos constantes de novos produtos e serviços. Gerenciar uma
incubadora implica, portanto, lidar com situações bastante diferenciadas, buscando-se
constantemente desenvolver com agilidade estratégias para convergir e otimizar os esforços
de diferentes setores da sociedade (BAÊTA, 1999, p.85 A 88).
33
Em pesquisa realizada com gestores de incubadoras brasileiras, a mesma
pesquisadora conclui que há problemas de entendimento do papel e de efetiva atuação dos
gerentes. Alguns não conseguem demonstrar objetividade e outros mostram-se presos a
estruturas excessivamente burocratizadas e centralizadoras Esses aspectos chamam a atenção
para uma reflexão quanto à escolha e preparação desse agente primordial para o êxito de um
programa de incubação de empresas.
Estudos semelhantes realizados nos Estados Unidos, em 1993, por Rice e Abetti
7
,
concluíram que a maioria dos administradores de incubadoras não estava bem preparada em
termos de formação, experiência e orientação efetiva para serem eficientes na aplicação de
recursos e no suporte às empresas, pela aplicação das modernas práticas de gestão.
Outras investigações sobre as práticas de incubação, realizadas por Wilcocks
(1999)
8
, identificaram, entre os fatores que influenciam a qualidade dos serviços das
incubadoras, a necessidade da boa formação dos gerentes, especialmente para as incubadoras
de base tecnológica.
Novas avaliações realizadas nos Estados Unidos, em 2003, pelo Departamento de
Incubadoras de Boston, reconheceram que o gerenciamento era uma das causas da onda de
falhas no processo de incubação ocorrida naquela região: “The real added value is
in…management advice and not in real state or facilities” […] “success depends on the kind
of services they offer and the quality of persons offering them”
(CARROZ, 2001)
9
.
Em uma revisão da literatura mundial, Hannon e Chaplin (2000)
10
identificaram
que os fatores críticos para o processo de incubação são a formação dos gestores e o grau de
implementação das políticas do programa de incubação.
The critical input factors in incubator practice would appear to be the incubator
management, and the approach adopted by the incubator managers and staff in the
implementation of incubation policies. Developing the capacity and capability of
managers /management will be crucial to enhancing quality and raising industry
standards in governance, management, policy and practice (HANNON; CHAPLIN,
2000)
11
.
Hannon (2003) descreve os múltiplos papéis que são esperados de um gerente
eficiente de incubadora (QUADRO 4).
7
Apud Hannon (2003, p. 450).
8
Op. Cit., p.450
9
Op. Cit.
10
Op. Cit.
11
Op. Cit.
34
QUADRO 4
Os vários papéis de um gerente de incubadora
Consultor de negócios Gerente de projetos Forte faro comercial
Orientação legal gratuita Todo mundo quer prioridade Fonte de todo conhecimento
Expert em computador Organizador da casa Inesgotável fonte de contato
Consultor sobre saúde e
segurança
Conselheiro de confiança Cobrador de material
emprestado
Promotor social Embaixador de todos Juiz
Fonte: Traduzido e adaptado de Hannon (2003, p. 450).
2.3 Empreendedorismo tradicional e tecnológico e sua contribuição para o
desenvolvimento regional
Para detectar oportunidades de negócio, é preciso ter intuição, a qual exige
entendimento, que requer um nível mínimo de conhecimento do setor. Os elementos básicos
do processo visionário, entendendo esse processo como a projeção no futuro do espaço a
ocupar no mercado e o tipo de organização necessária para fazê-lo, são: o entendimento do
setor, a habilidade de identificar uma necessidade não satisfeita e a imaginação para analisar e
construir uma forma diferente de atender a um determinado nicho (FILION, 1999, p.11).
Filion (1999) afirma que a próxima era será a do empreendedorismo, isto porque a
velocidade das mudanças tecnológicas está diretamente relacionada com as habilidades dos
indivíduos de gerenciar de forma empreendedora, ou seja, de modo criativo e ágil. Os
empreendedores criativos freqüentemente começam um empreendimento a partir de uma idéia
simples e não muito bem definida, que transformam em algo concreto, porque possuem altos
níveis de energia, imaginação e perseverança. Esses aspectos, combinados com a disposição
de correr riscos calculados, capacitam-no a estar sempre inovando e realizando.
Tidd, Bessant e Pavitt (2001, p.355), afirmam que a criação de uma empresa de
base tecnológica depende da interação entre habilidades individuais, disposição,
características tecnológicas e mercado.
35
Nos Estados Unidos, estudos sobre o empreendedorismo enfatizaram o papel das
características pessoais, como os antecedentes familiares, a orientação para o sucesso,
personalidade e a motivação, enquanto que no Reino Unido os estudos examinaram o papel
das estruturas tecnológicas e de mercado.
A decisão de iniciar uma Pequena Empresa de Base Tecnologia (PEBT)
geralmente se inicia com o desejo de conquistar a independência e escapar da burocracia
presente nas grandes organizações, quer seja no setor público ou privado. Assim, os
antecedentes familiares, o perfil psicológico e as experiências técnicas e profissionais do
empreendedor técnico contribuem para a decisão de criar uma empresa baseada em
tecnologia.
Com base nas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, onde foram examinados
156 empreendedores de empresas de base tecnológica originárias do MIT e que examinaram
131 empreendedores de empresas de base tecnológica do Reino Unido, entre outras, Tidd,
Bessant e Pavitt (2001) descreveram os seguintes fatores que interferem na decisão para a
criação de empresas baseadas em tecnologia:
Quanto à personalidade do empreendedor
a) alto desejo de sucesso;
b) alto controle (compromisso/disciplina);
c) independência.
Quanto aos antecedentes familiares
a) possui algum parente empreendedor;
b) alto nível de educação familiar;
c) presença de valores religiosos (fator controverso).
Quanto ao contexto pessoal
a) solteiro ou divorciado;
b) poucos compromissos familiares;
c) apoio do cônjuge
Quanto ao contexto profissional
a) relevante nível de experiência;
b) alguma frustração anterior;
c) mais de uma experiência.
Suportes institucionais
a) experiência em incubação;
36
b) existência de capital de risco;
c) apoio governamental.
Contextos tecnológicos e de mercado.
a) incertezas;
b) necessidades de capital;
c) produtos inovadores.
No mesmo estudo, Tidd, Bessant e Pavitt (2001) demonstraram que os fatores
nível educacional e tempo de treinamento são os que mais distinguem os empreendedores
tecnológicos dos demais. Para esses, o nível de formação média nos Estados Unidos é o
mestrado. Observa-se, ainda, que esses empreendedores possuem alto nível de produção
acadêmica em termos de publicações e de patentes garantidas. Em acréscimo ao nível de
mestrado, em média, o empreendedor tecnológico possui aproximadamente 13 anos de
experiência profissional antes de iniciar a empresa. No caso específico dos empreendedores
oriundos do MIT, verificou-se que as empresas eram normalmente originárias do processo de
incubação da Universidade. Para os do Vale do Silício, a pesquisa demonstrou que eles
possuíam experiência em várias empresas antes de iniciar suas próprias. Não se sugere que o
modelo ideal seja a obtenção de experiências profissionais anteriores. Contudo, esse aspecto
parece ser mais importante do que experiência somente em pesquisa básica, afirmam os
pesquisadores: “This suggests there is no ideal pattern of previous work experience. However,
experience of development work appears to be more important than work in basic research”
(TIDD; BESSANT; PAVITT, 2001).
Como resultado do tempo necessário para o cumprimento da educação formal e
aquisição da experiência necessária, o típico empreendedor tecnológico terá idade entre 30 e
40 anos ao estabelecer o seu primeiro empreendimento. Isto é relativamente tardio em
comparação com outros negócios, o que se deve à necessidade de combinação dos fatores
competências adquiridas, formação e oportunidade.
Empreendedores são tipicamente motivados pela necessidade de alcançar
resultados. Esse comportamento está associado à capacidade de correr riscos moderados.
Outro estudo, nos Estados Unidos, que avaliou mais de 300 cientistas e
engenheiros e quase 130 empreendedores tecnológicos revelou que a necessidade de
conquistar a independência é mais motivadora para os empreendedores tecnológicos do que o
desejo de obter sucesso (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2001, p.353-355).
37
Para Borges, Bernasconi e Filion (2003)
12
, o empreendedorismo tecnológico, em
comparação com o empreendedorismo tradicional, caracteriza-se por um empreendedor
melhor qualificado, em termos de formação, mas não necessariamente em termos de
experiência profissional, pela presença de equipes empreendedoras e pela necessidade de
maior volume de recursos para bancar o desenvolvimento e constante atualização tecnológica
dos produtos e serviços.
Maculan (2004), em pesquisa realizada pela Coordenação dos Programas de Pós-
graduação em Engenharia (COPPE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 103
empresas graduadas em 38 incubadoras distribuídas quanto à área de atuação em empresas
industriais (51), de serviços (21) e de informática (29), observou que a base do desempenho
inovador das PEBTs é formada por empreendedores jovens. Eles tiveram acesso ao ensino
superior (88% têm graduação completa e 35% pós-graduação), com formação acadêmica em
Engenharia ou Informática e algum tipo de iniciação à pesquisa. Em muitos casos (28% das
PEBTs), os vínculos entre sócios nasceram da colaboração durante o período de estudos
acadêmicos ou de pesquisa.
As empresas analisadas são de pequeno porte tanto em nível de venda quanto de
diversificação da produção ou de geração de empregos (15, em média). A metade das
empresas gerou receita operacional liquida (ROL) de até R$ 500 mil, em 2000. A inserção
principal no mercado ocorre essencialmente no próprio estado, poucas empresas vendem para
outras regiões do Brasil e somente alguns casos isolados exportam em ínfima quantidade.
As empresas têm poucos fornecedores (média de cinco) e poucos compradores
(média de sete). A maioria oferece em torno de cinco produtos e três serviços, mas, em geral,
80% do faturamento derivam da comercialização de um a dois produtos ou serviços. Dois
terços das empresas analisadas (67%) tinham se graduado nos últimos quatro anos. Destaca-
se, na pesquisa, que os empreendedores ainda enfrentam dificuldades nos processos de
desenvolvimento dos produtos, viabilidade econômica e acesso ao mercado. Também foi
observado que, não obstante as empresas terem sido submetidas a um processo de
aprendizado coletivo na fase de incubação, somente 12% delas mantinham alguma relação
com associações industriais, pólos ou parques tecnológicos, o que evidenciou nesse grupo a
perda do legado cooperativo.
Stainsack (2003, p.29-33) descreve avaliação feita em 2001 pelo projeto Global
Entrepreneurship Monitor (GEM), em vários países do mundo, incluindo o Brasil, que
12
Apud Baêta et al. (2004).
38
buscou reunir alguns dos principais especialistas mundiais para, conjuntamente, tentar
compreender o fenômeno do empreendedorismo e seu papel no processo de desenvolvimento
e crescimento econômico dos países. O Brasil apareceu em quinto lugar entre os países mais
empreendedores, com 14,2% da população adulta, que estavam criando ou administrando uma
nova empresa quando a pesquisa foi realizada. Investigaram-se duas medidas: as taxas de
empreendedorismo por oportunidade e por necessidade. Na maioria dos países estudados, há
predominância do empreendedorismo por oportunidade, entre eles a Nova Zelândia, Austrália
e Estados Unidos. As mais altas taxas de empreendedorismo por necessidade foram
observadas em países em desenvolvimento, como a Índia, México e Brasil, indicando que a
decisão para empreender, para grande parte da população, está associada à necessidade de
suprir as necessidades de manutenção da família. Verificou-se que a maioria dos
empreendimentos pesquisados é de pequeno porte, explorando diversas áreas tradicionais de
baixo uso de tecnologia intensiva e capital.
Os maiores problemas apontados pelos especialistas do projeto GEM 2001 em
relação ao estímulo ao empreendedorismo no Brasil referem-se à dificuldade de acesso às
linhas de crédito, ao excesso de regulamentações e à sobrecarga de tributos, que prejudicam o
crescimento e o desenvolvimento das empresas. Problemas com a capacidade de
gerenciamento dos negócios por parte dos empresários iniciantes também foram observados,
sendo esta caracterizada como conseqüência de um sistema educacional pouco voltado para a
criação de uma cultura empreendedora.
Foram também identificadas as ações que mais contribuíram para a elevação do
processo de empreendedorismo no Brasil. Primeiro, a ação de incubadoras e parques
tecnológicos, que favoreceram particularmente o desenvolvimento da base tecnológica do
país; em seguida, apontaram-se outras iniciativas de âmbito federal, estadual e municipal, com
o envolvimento das Universidades, centros de pesquisas e outras instituições públicas e
privadas, a exemplo do programa Gênesis, concebido para a criação de empreendimentos na
área de softwares, informação e serviços, criado em 1995 pelo programa brasileiro de
Software para Exportação (SOFTEX 2000); e, por fim, a ampliação dos programas e cursos
sobre empreendedorismo efetuados nas instituições públicas e privadas.
Os especialistas relataram ainda outros fatores que impedem o maior surgimento
de empreendimentos no Brasil:
A instabilidade do mercado de capitais;
A falta de tradição em projetos de alto risco;
39
A falta de regulamentação mais adequada em consonância com a prática internacional
que protege as partes envolvidas;
O custo de capital mantido em patamares incompatíveis com a capacidade de retorno
de empreendimentos novos.
Constata-se, ainda, uma quase ausência de capitais de suporte inicial privado em
atividades de risco, conhecidos como venture capital, também do investidor conhecido como
angel (pessoa física que se dispõe a investir em projetos inovadores). Esses tipos de
investidores são comuns em países como os Estados Unidos e se constituem numa relevante
fonte de financiamento de empreendimentos inovadores naquele país. Este item contribuiu
muito negativamente na avaliação dos especialistas em relação à cultura empreendedora do
Brasil.
A mesma pesquisa do projeto GEM, em 2004, colocou o Brasil em sétimo lugar
em termos de percentual da população adulta que atuava em algum negócio próprio. Em 2000
e 2001 o Brasil ocupava o primeiro e o quinto lugares, respectivamente. Apesar desta perda
em número de posições, em termos absolutos, o Brasil está somente atrás dos Estados Unidos
em número de empreendedores.
Sabe-se que as micro, pequenas e médias empresas no Brasil são as maiores
empregadoras do país. Também são as que possuem o maior número de falências decretadas
ou concordata deferida. Existe aí uma relação probabilística direta com a quantidade de
empreendimentos; mas, sabe-se que são elas as mais frágeis no quesito gestão do capital de
giro e que sofrem influência mais forte de qualquer sobressalto. Segundo dados do SEBRAE,
80% das empresas que são criadas no Brasil desaparecem no primeiro ano de atividade
(PACHECO, 2005).
2.3.1 A formação gerencial e a formação empreendedora
Para Gasse
13
, o que normalmente se enfatiza no ensino geral é a aquisição de
conhecimentos, enquanto na educação gerencial é a aquisição de know-how e, na educação
voltada ao empreendedorismo, a aquisição de autoconhecimento.
13
Apud Filion (2000, p.4).
40
QUADRO 5
Diferenças básicas entre as formações gerencial e empreendedora
FORMAÇÃO GERENCIAL FORMAÇÃO EMPREENDEDORA
Baseada em cultura de afiliação Baseada em cultura de liderança
Centrada em trabalho de grupo e
comunicação de grupo
Centrada na progressão individual
Desenvolve ambos os lados do cérebro
com ênfase no lado esquerdo
Desenvolve ambos os lados com ênfase no
lado direito
Desenvolve padrões que buscam regras
gerais e abstratas
Desenvolve padrões que buscam regras
gerais e aplicações específicas e concretas
Baseada no desenvolvimento do
autoconhecimento com ênfase na
adaptabilidade
Baseada no desenvolvimento do
autoconhecimento com ênfase na
persistência
Fonte: Filion (2000).
2.3.2 Alguns aspectos sobre o ensino do empreendedorismo
Em qualquer programa educacional, deve-se ter em conta que o mais importante
não é somente o que se aprende, mas como é aprendido. Um programa de empreendedorismo
deve, portanto, concentrar-se mais no desenvolvimento do conceito de si, dos alunos e na
aquisição de know-how do que na simples transmissão de algum conhecimento. O conceito de
si a ser trabalhado deverá funcionar enfocando autonomia, autoconfiança, perseverança,
determinação, criatividade, liderança e flexibilidade.
A atividade principal dos empreendedores é a definição das situações,
caracterizada pelas ações de: identificar as oportunidades de negócios, selecionar os objetivos,
imaginar as visões, projetar, estruturar e dar vida à organização. O know-how básico do
gerenciamento também é útil, acrescentando-se às atividades de planejamento, organização,
41
desenvolvimento e controle as noções sobre contabilidade, finanças, marketing, sistemas de
informação, etc.
Recomenda-se cuidado porque muito freqüentemente programas de
empreendedorismo e pequenos negócios assumem enfoque somente gerencial devido ao fato
de os criadores dos programas geralmente estarem habituados a esta realidade. As
incubadoras de empresas não estão de fora desse contexto. Acrescente-se a isto muitas
estarem inseridas em ambiente fortemente acadêmico, que pode negligenciar os aspectos
vivenciais recomendados à formação dos empreendedores.
Na educação básica, os programas devem estar voltados para a melhora do
autoconhecimento. O objetivo é desenvolver a capacidade empreendedora, ou seja, prepará-
los para criarem os seus próprios negócios. No grau universitário, a ênfase deverá ser dada em
ambos: autoconhecimento e know-how. Experiências mostram que o autoconhecimento e o
know-how empreendedores são mais efetivamente ensinados com exercícios de definição de
contextos, trazendo empreendedores já estabelecidos para apresentarem os seus depoimentos
pessoais e em estudos de casos baseados em entrevistas com outros empreendedores.
Para Filion (2000), assiste-se, nos últimos anos, à proliferação dos cursos básicos
sobre empreendedorismo. Fez-se necessário efetuar algumas divisões entre as várias áreas do
empreendedorismo e segmentar a educação empreendedora. A relação que se segue sugere
alguns caminhos.
Diferentes áreas do empreendedorismo e da formação empreendedora:
Empreendedores - inovação, visão, crescimento e projeto;
Auto-empregados e microempresas - orientação de mercado, ecologia pessoal,
equilíbrio pessoal;
Pequenos negócios - atividades gerenciais, tais como marketing, finanças,
gerenciamento de operações, gerenciamento de sistemas de informações e de recursos
humanos, num panorama em que os recursos, incluindo o tempo, são restritos;
Empreendedor de risco - avaliação de oportunidades, gerenciamento de riscos,
processos gerenciais complexos;
Intra-empreendedores - inovação, sistemas de suporte, manutenção de
relacionamentos;
Empresas familiares - sócio-sistemas, instrumentalidade;
Tecnoempreendedor - trabalho em equipe, orientação de mercado, redes de trabalho,
globalização, consultoria virtual.
42
Conclui-se que a educação empreendedora deve estar voltada para a aprendizagem
do autoconhecimento e do know-how, de forma a permitir ao futuro empreendedor uma
estrutura de trabalho mental empreendedora (FILION, 2000).
2.3.3 Internacionalização das empresas em incubação
Vários estudos sobre o processo de internacionalização das pequenas e médias
empresas enfatizam que a etapa de internacionalização acontece numa fase posterior ao
processo de criação, ou seja, as empresas normalmente não nascem com a intenção de
exportar. Contudo, Oviatt e Mc Dougall (1995)
14
posicionam-se de forma diferente. Para
estes, algumas empresas, em face das oportunidades visualizadas, já surgem com a ambição
de serem globais e, para tanto, desde cedo estabelecem contatos com clientes, fornecedores e
outros parceiros no exterior, o que evidentemente concorre para o desenvolvimento da região
na medida em que trazem para o ambiente metas e estratégias de padrões internacionais.
Empresas que atuam com padrões de desempenho globais são, em sua maioria, menos
suscetíveis às mudanças do ambiente e, por conseguinte, são mais duradouras, adotam
comportamentos pró-ativos, tecnologicamente bem supridas e geralmente detentoras de
conhecimento singular em determinada área tecnológica. Adotam também padrões de
capacitação de pessoal em nível global, o que acaba por conferir à região em que atuam níveis
de remuneração e qualificação diferenciados.
No entanto, como será visto em alguns depoimentos de experiências da
internacionalização de empresas atualmente bem sucedidas, não se constitui em tarefa óbvia
a atuação internacional. Diversos tipos de barreiras são observadas, algumas delas de ordem
natural, como a língua falada na região que se deseja explorar, costumes e crenças, até as
barreiras não naturais, como sobretaxação tributária, exigências sanitárias, requisitos técnicos
próprios, ações de defesa dos competidores já atuantes nos mercados de interesse, entre
outras.
Para as empresas que desejam ser globais, recomenda-se atenção aos fatores
críticos apontados em estudo de Mc Dougall e Oviatt (1995), conforme o QUADRO 6:
14
Apud Baêta et al. (2004, p.5).
43
QUADRO 6
Fatores críticos de sucesso para internacionalização das empresas
1. Visão global desde o início do projeto;
2. Equipe de direção com experiência no mercado internacional;
3. Rede de relação de negócios internacionais;
4. Escolha de mercados ou tecnologias proeminentes;
5. Controle sobre algum recurso intangível único;
6. Estreita ligação entre produtos e serviços;
7. Coordenação global.
Fonte: Adaptado Oviatt e Mc Dougall (1995, apud BAÊTA et al., 2004).
Posteriormente, Mc Dougall, Oviatt e Shrader (2003)
15
, a fim de efetuarem um
estudo comparativo entre novas empresas internacionais e as domésticas, propuseram - a
partir de uma revisão extensa da literatura e de outras pesquisas que realizaram - 14 hipóteses
que sintetizam as principais características do empreendedorismo internacional (QUADRO
7). Ressaltaram que alguns aspectos também são verificados em outros tipos de
empreendedorismo.
15
Op. Cit.
44
QUADRO 7
Características do empreendedorismo internacional
1. O empreendedorismo internacional distingue-se pela experiência de equipe,
estratégia e estrutura organizacional.
2. A equipe tem alto nível de experiência internacional.
3. A equipe tem alto nível de conhecimento do ramo industrial em que atua.
4. A equipe tem alto nível de experiência de mercado
5. A equipe tem experiência técnica anterior.
6. A equipe tem experiência anterior de start-up.
7. A equipe demonstra alto nível em estratégias agressivas.
8. Não enfatiza baixo custo.
9. O empreendedorismo internacional enfatiza a inovação como forma de
diferenciação no mercado.
10. o empreendedorismo internacional enfatiza a qualidade do produto.
11. O empreendedorismo internacional enfatiza o serviço.
12. O empreendedorismo internacional enfatiza o mercado.
13. O empreendedorismo internacional opera em parceria com empresas
globais.
14. O empreendedorismo internacional opera em indústrias que têm alto grau
de mudança tecnológica.
Fonte: Adaptado Mc Dougall, Oviatt e Shrader (2003).
Johnson (2004)
16
analisou o processo de internacionalização das empresas no
Reino Unido e nos Estados Unidos e elaborou um quadro de análise que contém fatores
externos, internos e facilitadores (FIG. 1). Verifica-se que algumas das proposições, em
16
Op. Cit. p.6.
45
particular em relação aos “fatores internos”, são semelhantes às de Oviatt e Mc Dougall
(1995) e de Mc Dougall, Oviatt e Shrader (2003)
17
.
FIGURA 1 - Fatores que influenciam o início da internacionalização das empresas
emergentes internacionais.
Fonte: Johnson (2004)
18
.
A partir dos estudos dos autores anteriormente citados e com o objetivo de
comparar as condições disponibilizadas pelas Incubadoras Brasileiras de Base Tecnológica às
empresas incubadas e, ainda, visando à criação de uma empresa com operações
internacionais, Baêta et al. (2004) realizaram um estudo baseado em pesquisas próprias e de
outros autores acerca de empresas brasileiras. O QUADRO 8 indica as características
encontradas no estudo.
17
Op. Cit., p.6.
18
Op. Cit., p.7.
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internacionais
46
QUADRO 8
Características de sucesso para o empreendedorismo internacional das
empresas emergentes, proporcionadas pelas incubadoras tecnológicas
1. Visão global desde o inicio do projeto ***
2. Equipe de direção com experiência no mercado internacional **
3. Rede de relação de negócios internacionais **
4. Escolha de mercados ou tecnologias proeminentes **
5. Controle sobre algum recurso intangível único **
6. Estreita ligação entre produtos e serviços ***
7. Acesso a financiamento de risco *
Fonte: Baêta et al., (2004, p. 10).
Legenda :
*** Característica presente
** Característica poucas vezes presente
* Característica ausente
Os autores apresentam as seguintes conclusões:
As incubadoras brasileiras não apresentam orientação para o mercado internacional, de
acordo com as características analisadas;
Ausência de experiência internacional dos empreendedores;
Não se constatou qualquer treinamento ou estágio no exterior visando a desenvolver
ou estreitar a visão dos empreendedores sobre o tema;
A rede de relacionamento com negócios internacionais é bastante tímida, ainda que se
verifiquem algumas participações em feiras, exposições e seminários;
O controle sobre recurso intangível único é precário, grande parte das tecnologias
implementadas utiliza conhecimento público e inovações de caráter incremental;
Ausência de capital de risco ou capital empreendedor.
47
A pesquisa destaca como principal fator dificultador da criação de
empreendimentos tecnológicos a dificuldade de obtenção de capital, seja na forma de
empréstimos ou recursos próprios. Verifica-se uma lacuna entre o desejo de criação dos
empreendimentos e as fontes de financiamento para o mesmo. Isto poderia ser preenchido por
investidores particulares ou privados na forma de capital acionário, o chamado capital de
risco.
Acredita-se que a baixa ênfase no mercado internacional explica-se pelo tamanho
do mercado doméstico que existe no Brasil, considerando-se a sua extensão e população.
Todavia, devem ser observados os aspectos da desigual distribuição de renda existente no
país, o que limita o acesso do número de pessoas aos bens de alta tecnologia. Outro fator a se
considerar é que o mercado competitivo global não possibilita que apenas empresas regionais
detenham os mercados domésticos. Registra-se o esforço que o governo brasileiro vem
realizando no sentido de estimular a exportação. Observa-se que a velocidade das mudanças
requer dos empreendedores atuação mais contundente no sentido de buscarem o mercado
internacional, principalmente em se tratando de empresas de base tecnológica e intensivas em
tecnologia, uma vez que os produtos e, conseqüentemente, os mercados com os quais esse
tipo de empresa está ligado caracterizam-se por serem dinâmicos, globais e altamente
competitivos (BAÊTA et al., 2004).
Os mesmos autores sugerem mudanças de atitude com vistas à obtenção de melhor
performance das incubadoras brasileiras no processo de estimulo e auxílio ao processo de
internacionalização das empresas brasileiras de base tecnológica:
O processo de seleção deve refletir a visão da incubadora e atrair empreendedores com
visão global.
O processo de incubação deve enfatizar a inovação como forma de diferenciação no
mercado.
Manter e ampliar a relação intensa com os centros de pesquisa de modo a favorecer e
estimular a inovação continuada.
Dar maior ênfase à qualidade do produto e do serviço, exigindo a adoção dos
processos de certificação International Standard Organization (ISO).
O monitoramento e acompanhamento de empresas no estágio de incubação,
embora essenciais, não são suficientes. Há que se prestar o acompanhamento e favorecer a
manutenção e ampliação das redes de relacionamento das empresas graduadas e promover a
48
aproximação e o conhecimento com investidores de risco, de modo a favorecer, com os
mesmos, o acesso e a parceria. Atualmente, eles investem em empresas brasileiras. Todavia,
convém ter a clareza de que se associar a um capitalista de risco requer competência para a
parceria, disposição de abrir mão de regalias e exigir comprometimento e lealdade.
2.3.4 Depoimentos de empresas de sucesso acerca do desenvolvimento das operações
internacionais
Durante a realização do XV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e
Incubadoras de Empresas e em paralelo ao XIII Workshop Anprotec, ocorrido em setembro de
2005 na cidade de Curitiba, aconteceu a exposição de casos de sucesso de empreendimentos
oriundos do processo de incubação em incubadoras universitárias. Em três dos casos, as
empresas já desenvolviam operações internacionais, contudo, o caminho que cada uma
percorreu mostrou-se diferenciado. A primeira a se apresentar tinha como produto principal
um programa (software) de ensino de línguas estrangeiras à distância, que se construiu na
incubadora da Universidade de Brasília (UnB). A equipe de empresários era composta de um
mestre em Educação e graduado em Física e outros dois mestres em Ciência da Computação.
A empresa foi criada com o intuito de exercer operações internacionais,
empolgada com o estímulo que o governo brasileiro apresentava aos empresários com este
desejo materializado no programa Softex. Para isto, os empresários realizaram várias viagens
ao exterior participando de eventos onde fosse possível expor o seu produto. O sócio e diretor
comercial da empresa relatou que os resultados foram fracos, sobretudo em relação aos
players internacionais. Depois de algum tempo de insistência, recuaram, voltaram-se para o
mercado local, desenvolveram um produto para atender às demandas locais de treinamento no
segmento empresarial, desenvolveram outros produtos a partir de outras oportunidades que
foram descobrindo e a empresa cresceu. Agora se voltam mais uma vez para o mercado
internacional de forma mais planejada e cautelosa.
Outro caso relatado foi o de um empreendimento spin-off de uma empresa com 30
anos de atividade no segmento educacional e que até mesmo desenvolvia softwares
educacionais e hardwares. Os empreendedores criaram um produto constituído de um
software de treinamento de língua estrangeira para crianças, o qual interagia com o usuário
em uma mesa de atividades dinâmicas. O produto baseava-se no princípio da aprendizagem
por estímulo-resposta. A divulgação internacional do produto se deu por meio da participação
49
em eventos fora do país. Porém, o diretor de marketing da empresa relatou que a tranqüilidade
que eles sentiram em lançar-se no mercado externo estava lastreada à garantia que possuíam
da empresa mãe para financiar a produção em escala maior e à segurança em relação à
utilização interna do produto no caso das operações não concretizadas.
Em outro caso apresentado, a empresa surgiu como spin-off de um grupo de
pesquisa da Universidade, composto de doutores, mestres, professores e alunos. O grupo era
especializado no desenvolvimento de softwares de aplicações gerais que normalmente são
utilizados nos sistemas operacionais de produtos de outras empresas, denominados softwares
embarcados. A internacionalização das atividades comerciais, inclusive da fabricação dos
produtos desenvolvidos, transcorreu da necessidade de obtenção de custos que lhe
possibilitassem poder competir de forma igualitária com os oponentes globais, uma vez que
ela desenvolveu produto inovador que viabilizou a utilização do sistema de votação eletrônica
e informatizada, experiência pioneira em todo o mundo. Para continuar fornecendo os
softwares utilizados nas urnas, a empresa teve que adaptar a sua logística de produção de
forma a obter custos de produção competitivos. E isto só se tornou possível via
internacionalização de parte de sua cadeia produtiva.
2.4 O desenvolvimento regional
A constante evolução científica e tecnológica é tão importante para a autonomia de
uma nação, que nos países mais desenvolvidos o estado, notadamente no continente europeu e
na América do Norte, tem assumido o papel fundamental de fomentar esse processo e
estimular a transferência e disseminação de inovações tecnológicas que resultem em
benefícios sociais.
Por conseguirem acumular maior acervo de conhecimento científico-tecnológico,
os países desenvolvidos possuem vantagens competitivas que os diferenciam dos outros,
processos produtivos mais automatizados e adequados, melhor aproveitamento das matérias-
primas disponíveis e substituição de materiais escassos. Isso tudo lhes possibilita, também,
mais eficácia na geração de empregos, na melhor utilização da sua força de trabalho, na
melhoria da qualificação de seus recursos humanos, no aproveitamento de novos mercados
externos e na utilização mais racionalizada de seus recursos naturais.
São vários os benefícios decorrentes da atuação de empresas de tecnologia
avançada em um país: a substituição de importações de produtos com base tecnológica; a
50
influência no estabelecimento de uma cultura de proximidade entre pesquisadores e empresas;
a construção de mecanismos de transferência de tecnologia; a redução da fragilidade
tecnológica com a inserção do país em setores inovadores (considerados de alto potencial
econômico); o fortalecimento dos sistemas de inovação; a geração de empregos (ainda que em
menor escala quando comparados com os setores tradicionais); e o surgimento de empresas
mais competitivas diante do fato destas possuírem a pesquisa, a busca pela inovação constante
e noções de trabalho cooperativo, trabalho em rede em seu gene (SANTOS, 1987, p.14-16).
Para Medeiros et al. (1992, p. 18), a parceria entre pesquisa, empresas e governo
que caracteriza os projetos de pólos, parques e incubadoras é uma das formas mais eficazes de
possibilitar a melhoria da qualidade de vida da população, retirando essa exclusividade da
elite privilegiada. Além disso, essas iniciativas reduzem o tamanho da lacuna até a fronteira
do conhecimento científico-tecnológico mundial existente entre os países de industrialização
tardia, como o Brasil e os países desenvolvidos.
Kauffmann e Petra (2005, p.582-584), ao avaliarem a relação entre o
desenvolvimento regional e o processo de inovação, observaram que mudanças estruturais
que permitam maior participação das empresas em seus mercados requerem que as mesmas
sejam mais competitivas e que ofereçam produtos de maior valor agregado para os clientes. E
isto é impossível para os autores sem que estas empresas atuem de forma inovadora em seus
processos, produtos e serviços. Numa maior amplitude, as mudanças estruturais em uma
região serão mais significativas quanto mais intensos forem os processos de geração de novas
empresas inovadoras que explorem os setores mais atrativos e quanto maior for a capacidade
das empresas já consolidadas na região de reagirem às mudanças do ambiente.
Sabe-se que as incubadoras são um dos dispositivos utilizados para promover e
estimular a criação de micro e pequenas empresas e que estas contribuem para o
desenvolvimento socioeconômico de uma região, pois é nesses empreendimentos que se
encontra a maior parte da produção industrial e dos postos de trabalho no país. De acordo com
dados do SEBRAE, as PMEs constituem 98% dos empreendimentos existentes, são
responsáveis por 60% da absorção de mão-de-obra disponível, geram 42% da renda produzida
pelo setor industrial e contribuem com 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
Constata-se que, para uma cidade ou região, são muitos os benefícios decorrentes
da atuação eficiente de incubadoras. Verificam-se a coordenação e a mobilização dos recursos
locais já existentes e o surgimento de novos empreendimentos. Observa-se, também, que
mesmo se as empresas intensivas em tecnologia utilizassem baixo número de mão-de-obra, no
51
longo prazo seria constatada a criação de empregos diretos e indiretos decorrentes da
proliferação dos empreendimentos.
Nota-se, também, aumento gradual da arrecadação local de impostos, na medida
em que os empreendimentos vão deixando a incubadora e consolidando-se como empresas
bem-sucedidas (BRASIL, 2002, p.13-14).
Spolidoro, Fisher e Côrtes (2002) desenvolveram uma teoria cujo objetivo é
subsidiar e inspirar o planejamento e a ação da sociedade na busca de um desenvolvimento
regional mais digno e sustentável. A denominada Teoria do Desenvolvimento Regional
Inovado (TDRI) procura oferecer às forças da sociedade, em particular na esfera dos
municípios brasileiros e das suas regiões, instrumental que lhes permita ampliar a capacidade
de percepção dos desafios que devem enfrentar. Também viabiliza propostas de construção de
respostas eficazes para superá-los, reunindo as forças da sociedade organizada para a
construção de um projeto que pertença a ela mesma e não ao poder político do momento. Os
autores dessa teoria a denominam de Projeto Regional para o Futuro.
Entende-se por Desenvolvimento Regional Inovador o processo de
desenvolvimento que é democrático, socialmente justo, conducente ao pleno
exercício da cidadania, ético, sustentável do ponto de vista ecológico e
social, promotor da identidade e cultura regional e nacional, gerador de
elevada qualidade de vida, competitivo na economia globalizada da
Sociedade do Conhecimento e integrado ao imaginário coletivo
(SPOLIDORO; FISHER; CÔRTES, 2002).
Para os autores, sistemas de incubadoras de empresas, parques tecnológicos e
transformações tecnopolitanas (tecnópoles) podem ser iniciativas estruturantes, ou seja, ações
planejadas do Projeto Regional para o Futuro. As características desses sistemas e suas
intervenções, tais como o estímulo ao empreendedorismo, à inovação em todos os domínios e
à promoção da sinergia entre as forças da sociedade (Universidades, empresas e governos),
podem induzir regiões a efetuar saltos significativos no seu processo de desenvolvimento.
Destacam-se algumas experiências estimulantes em direção à criação de uma cultura
empreendedora, como a disseminação do ensino do empreendedorismo em todos os níveis de
educação no programa Patinho Emprendedor, programas de alfabetização digital, revisão dos
currículos escolares à luz das novas necessidades do mercado - ambas as iniciativas
desenvolvidas no município de Pato Branco, no Paraná. Outras iniciativas podem ser
mencionadas: a atuação frente a candidatos a cargos eletivos, que se desenvolve no município
de Itajubá em Minas Gerais, que visa a sensibilizá-los ao tema; a formação de comunidades
52
virtuais de municípios, como ilustrado pela Rota Tecnológica - Itajubá Tecnópole, Santa Rita
do Sapucaí, Pouso Alegre, Poços de Caldas - MG e Lorena-SP, entre outras iniciativas. .
Os autores alertam que há dificuldades na caminhada em busca do
desenvolvimento regional. Existem casos em que a mudança dos mandatários municipais e
regionais acarreta dificuldades para a evolução do projeto. Contudo, verifica-se que,
progressivamente, os governantes que se mostravam anteriormente contrários ao projeto
parecem entender o potencial que têm nas mãos e passam a apoiá-lo.
Finalmente, cumpre relembrar que respostas eficazes aos desafios trazidos
por um novo paradigma não emergem dos conceitos e instrumentos vigentes
no paradigma exaurido. Ao contrário, sua estruturação requer coragem para
questionar dogmas e comportamentos consagrados, ousadia intelectual para
sonhar além de qualquer limite e capacidade de migrar para as realidades
desconhecidas da nova era - de efetuar, em suma, um salto paradigma
(SPOLIDORO; FISHER; CÔRTES, 2002, p.10).
Osório (2001, p.12)
19
descreve uma pesquisa efetuada em nove incubadoras e 101
empresas incubadas, residentes e graduadas (81% do total de empresas), realizada no estado
do Paraná nos anos de 2001 e 2002 pelo instituto PROINTER, sociedade civil que busca
facilitar a interação entre governos, Universidades e empresas. Ela demonstrou que 87% das
empresas consideraram importante o processo de incubação para o sucesso de seus
empreendimentos, avaliando de forma positiva os serviços prestados pelas incubadoras.
Encontrou-se, ainda, que a principal fonte de financiamento das empresas são os recursos
próprios, entretanto, os empresários reconheceram que há aumento da participação de outros
agentes. O estudo mostrou ainda que:
Para cada R$ 1,00 gasto nas incubadoras até o ano de 2000, as empresas incubadas
geraram R$ 4,60 em impostos sobre a produção e circulação de produtos;
Para cada emprego gerado na incubadora, as empresas incubadas criaram 6,5
empregos diretos;
Para cada emprego gerado pelas empresas, pode-se estimar que outros 3,7 empregos
indiretos estão sendo criados na economia brasileira.
Em pesquisa realizada em 12 incubadoras brasileiras, Lahorgue (2004) observou
que o principal objetivo delas é contribuir para a competitividade e criação de emprego local.
Além disso, ajudar Universidades e centros de pesquisa a comercializar know-how, incentivar
19
Apud Stainsack (2003, p. 20).
53
o empreendedorismo, contribuir para a inovação tecnológica nas empresas e para a
disseminação de incubadoras em rede.
Na mesma avaliação, observou-se que os principais pontos fortes reconhecidos
pelos empreendedores incubados foram: disponibilidade de serviços de apoio profissional,
boa imagem e localização (geralmente junto a Universidades ou centros de pesquisa),
proximidade e oportunidade de trabalho em rede com negócios similares, qualidade, preço e
cláusulas flexíveis para as unidades incubadas. A maior parte da mão-de-obra utilizada nas
empresas residentes nas incubadoras da amostra é de moradores da própria localidade, numa
participação que varia de 80 a 100% do total de funcionários. O crescimento típico das
empresas incubadas, medido com base no faturamento, situou-se entre 10 e 20% ao ano em
dois terços das incubadoras. Outro aspecto contribuidor para a constatação de que as
incubadoras contribuem para o desenvolvimento da região onde atuam é o fato de os
fornecedores das empresas incubadas estarem localizados, na maioria dos casos, na mesma
localidade da incubadora, ampliando, assim, as oportunidades de emprego e renda. As
empresas avaliadas atuam mais intensamente no âmbito local, no entanto, um pouco mais de
50% delas concorrem internacionalmente.
As 12 incubadoras pesquisadas por Lahorgue (2004) graduaram ao todo 166
empresas desde que começaram a operar, numa média de 13,83 empresas por incubadora. No
que se refere à localização das empresas graduadas, de maneira geral elas permanecem na
mesma localidade. A contribuição ao desenvolvimento regional dada pelas incubadoras é
percebida como relativa ajuda à criação de novos negócios de alta qualidade, pela
contribuição ao desenvolvimento de novos produtos e serviços e pela ajuda à melhoria da
competitividade dos negócios existentes.
Em recente investigação realizada pela Anprotec - em comemoração aos seus 20
anos de atuação, utilizada também para responder a algumas questões sobre a eficácia do
movimento de criação de incubadoras e parques tecnológicos no Brasil, impostas pelos
principais apoiadores financeiros institucionais, notadamente a FINEP, o SEBRAE e o CNPq,
apresentada durante o XVII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de
Empresas em setembro, na cidade de Belo Horizonte, verificou-se que o país conta hoje com
cerca de 400 incubadoras e que 88% destas priorizam em suas ações o desenvolvimento
regional por meio da criação de novas empresas, incentivo ao empreendedorismo e geração de
emprego e renda. Demonstrou-se, também, que durante esses 20 anos foram colocadas no
mercado aproximadamente 1.500 empresas, as quais contribuem anualmente para o país com
faturamento estimado de 1,6 bilhão de reais que se revertem para a sociedade em tributos da
54
ordem de 400 milhões. São 4.500 empresas que se relacionam com as incubadoras, entre
residentes, não-residentes, graduadas e em processo de aceleração. Verifica-se que a taxa de
mortalidade das organizações que passaram pelo processo de incubação está abaixo de 20%.
Encontrou-se, ainda, que as empresas em incubação contribuem anualmente com faturamento
estimado de 400 milhões de reais e que totalizam um universo de 4.800 empresas de algum
modo relacionadas com as incubadoras (incubadas residentes e não-residentes, empresas em
fase de aceleração e graduadas) e que geraram 31 mil postos de trabalho direto. O total de
investimentos financeiros realizados pelos principais apoiadores foi da ordem de 150 milhões
de reais, que resultaram em um investimento médio de 70 mil reais por empresa.
55
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa realizada para este estudo é de natureza qualitativa. Como descrevem
Lüdke e André (1986) e Triviños (1987), a análise qualitativa é caracterizada pela utilização
de entrevistas, depoimentos e citações que comprovem resultados e ofereçam pontos de vista.
A pesquisa qualitativa permite explicações bem fundamentadas sobre processos locais e mais
flexibilidade ao pesquisador para adequar a estrutura teórica ao fenômeno pesquisado.
Adotou-se o método de estudo multicasos. “O estudo de caso é circunscrito a uma
ou poucas unidades, entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma
empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país”. Tem caráter de
profundidade e detalhamento (VERGARA, 2000).
Considerando-se ainda o critério de classificação de pesquisa proposto por Cruz e
Ribeiro (2004) e Vergara (2000), trata-se, quanto aos objetivos, de uma pesquisa explicativa,
pois visa a esclarecer quais fatores contribuem de alguma maneira para a ocorrência do
fenômeno estudado, buscando torná-lo compreensível.
A pesquisa foi desenvolvida em duas fases: a 1ª fase foi constituída de
levantamento bibliográfico e documental; a 2ª fase foi constituída por uma pesquisa de campo
que utilizou diferentes técnicas para a coleta de dados:
Entrevistas com gestores das IEBTs, empreendedores residentes e graduados;
Observação direta – nas visitas às incubadoras e empresas;
Participações em eventos ligados ao tema em estudo;
Aplicação de questionários aos gerentes e empreendedores (residentes e graduados).
3.2 Universo e seleção das unidades de pesquisa
56
O universo da pesquisa é constituído por 135 Incubadoras de Empresas de Base
Tecnológica em operação no Brasil no período de realização do estudo.
As incubadoras (QUADRO 9) foram selecionadas por método não probabilístico e
optou-se pela seleção por acessibilidade em face da elevada dispersão territorial em que se
encontram as incubadoras no Brasil.
QUADRO 9
Incubadoras participantes da pesquisa (2005)
NOME DA INCUBADORA LOCALIZAÇÃO
Incubadora Tecnológica do Centro Regional de Inovação e
Transferência de Tecnologia-IBT/CRITT
Juiz de Fora-MG
Incubadora Gênesis da Universidade Federal de Juiz de
Fora
Juiz de Fora-MG
Incubadora Municipal de Empresas de Base Tecnológica
Santa Rita do Sapucaí-MG
Centro de Estudos Avançados do Recife - CESAR Recife-PE
Incubadora de Empresas e Projetos do INATEL Santa Rita do Sapucaí-MG
Incubadora de Emp. de Base Tecnológica em
Biotenologia, Química Fina e Informática Aplicada -
BIOMINAS
Belo Horizonte-MG
Incubadora Tecnológica de Campina Grande - ITCG Campina Grande-PB
Multiincubadora de Empresas do Centro de
Desenvolvimento Tecnológico da UnB
Brasilia-DF
Incubadora de Empresas de Software de Belo Horizonte -
INSOFT
Belo Horizonte-MG
Incubadora de Emp. de Base Tecnológica da Unicamp-
INCAMP
Campinas-SP
TOTAL 10
Fonte: Dados da pesquisa realizada em 2005-2006.
3.3 Coleta de dados
57
Na coleta dos dados foram realizadas entrevistas com 10 gerentes de incubadoras e
15 empreendedores, sendo eles de empresas incubadas e graduadas. Também foram aplicados
questionários baseados no instrumento utilizado pelo Center for Strategy & Evaluation
Services European (CSES), que também foi utilizado por Lahorgue (2004) em pesquisa
semelhante realizada no Brasil nos anos 2003-2004. Para este trabalho, adotou-se, também, a
observação in loco a fim de levantar outros dados não detectados nas entrevistas. Outros
dados secundários foram obtidos em pesquisa bibliográfica por meio da leitura de livros,
artigos, revistas, dissertações e teses que versam sobre o assunto, além de dados e anotações
de palestras, trabalhos e casos apresentados em seminários e workshops relacionados com a
área em estudo.
3.3.1 Pesquisa de campo
Entrevistas e aplicação dos questionários de pesquisa
Nesta etapa, durante os meses de dezembro de 2005 a fevereiro de 2006 foram
realizadas visitas às incubadoras da pesquisa, quando foram entrevistados os gerentes e
aplicados questionários aos empreendedores, sendo que 14 questionários foram pessoalmente
aplicados aos responsáveis pelas empresas graduadas e aos empreendedores residentes. Além
disso, foram realizadas entrevistas e visitações às instalações das incubadoras e das empresas.
Somente numa incubadora, a INCAMP, a pesquisa se concretizou com o preenchimento
eletrônico dos questionários e conversas por telefone, perfazendo um total de 15 questionários
aplicados a empreendedores.
Acompanhamento de depoimentos de empreendedores de empresas graduadas em
incubadoras com atuação nacional e internacional, apresentados em workshops e
Congressos, conforme relato na apresentação dos resultados.
58
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS IEBTs
4.1 Incubadora de Empresa de Base Tecnológica em Biotecnologia, Química Fina e
Informática Aplicada (BIOMINAS)
A Biominas é uma incubadora de base tecnológica, ligada à Fundação de
Pesquisas em Biotecnologia, Biominas. Tem seu foco nas atividades de biotecnologia,
química fina e informática aplicada à biotecnologia. Localiza-se na região metropolitana de
Belo Horizonte e está em operação desde o ano de 1997. Até o final de 2005 graduou 13
empresas e possui atualmente nove em processo de incubação.
Dentre os principais serviços oferecidos pela incubadora, estão: a pré-incubação, o
auxílio na constituição da empresa, auxílio no acesso a fontes de financiamento, assessoria
para o licenciamento de produtos, facilitação do estabelecimento de contatos com os
mercados de interesse das empresas e disponibilização de diversos cursos de capacitação
gerencial nas áreas de finanças, marketing, contabilidade, plano de negócio, entre outras.
A Biominas facilita ainda para as empresas residentes o acesso a equipamentos
laboratoriais de uso compartilhado e também serviços básicos de infra-estrutura, tais como:
sala de reuniões, um mini-auditório, recepção, acesso à internet, telefonia, serviços de
secretaria, etc.
A equipe de gestores da incubadora é formada por cinco pessoas, três das quais
com experiência empreendedora própria e todas com formação nas áreas de gestão, marketing
e vendas. As funções da administração rotineira foram apontadas como sendo a atividade de
maior consumo do tempo da gerência, seguida do networking com outras incubadoras e
demais instituições de apoio e de assessoria às empresas.
Dada a natureza dos empreendimentos predominantes na incubadora Biominas ser
do campo da biotecnologia de última geração, o perfil mais comum encontrado dos
empreendedores foi de profissionais de altíssimo nível, a exemplo dos principais executivos
das empresas visitadas; a Excegen Genética e a Linhagem Produtos e Serviços em
Biotecnologia, na primeira um profissional com doutorado no exterior e na segunda uma
59
profissional com larga experiência no segmento e com doutorado em microbiologia na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A escolha dos projetos a serem apoiados pela incubadora dá-se, principalmente,
pela análise do plano de negócio e de elementos como o potencial técnico-mercadológico e
econômico, além do grau de inovação que representa.
A promoção dos serviços da incubadora, com o objetivo de atrair novos projetos,
dá-se através da divulgação em eventos empresariais, feiras, conferências e pela aproximação
direta com clientes potenciais.
Na opinião da principal gestora da incubadora respondente, a principal fonte de
atração dos empreendedores para a incubação na Biominas são os serviços profissionais
oferecidos, seguido do preço e qualidade dos mesmos e da imagem e localização da
incubadora.
Ainda que os produtos e serviços típicos das empresas da incubadora tenham
espectro de atuação e competição global, não se observou a existência de um programa
específico de apoio à internacionalização dos mesmos.
4.2 Incubadora de empresas e projetos do INATEL
A incubadora do INATEL, como é mais conhecida, é para empresas de base
tecnológica. Localizada na pequena cidade de Santa Rita do Sapucaí, sul de Minas Gerais,
abriga tipicamente projetos de empresas nos campos da eletrônica e informática. Isto ocorre
em face da proximidade e ligação com o Instituto Nacional de Telecomunicações, um dos
centros de referência no país nas áreas da eletrônica e informática aplicadas à
telecomunicação.
A incubadora do INATEL está instalada no interior do Instituto Nacional de
Telecomunicação, dispõe de uma estrutura capaz de abrigar 11 projetos de empresas e seus
empreendimentos são, em sua maioria, oriundos de projetos das pesquisas dos alunos do
instituto. Desde a sua fundação, em 1995, já graduou 24 empresas e contabiliza taxa de
permanência das empresas no mercado de 92%.
Durante o período de incubação, que dura normalmente 24 meses, é
disponibilizada às empresas uma gama de serviços profissionais, tais como: a pré-incubação,
treinamentos gerenciais, assessoria contábil e jurídica, assessoria na busca por fontes de
financiamento, auxílio no acesso aos mercados, entre outros. Além dos serviços de assessoria,
60
as empresas contam também com uma infra-estrutura administrativa auxiliar, como serviços
de secretaria, acesso gratuito à internet, telefone, fax, serviço de office boy e uma sala de
convivência com livros, fitas, DVDs. Outro aspecto relevante é a possibilidade de utilização
dos laboratórios do instituto pelas empresas.
A equipe gestora da incubadora conta com quatro pessoas, todas com experiência
administrativa anterior, destacando-se o gerente, que possui experiência empreendedora
prévia, formação na área da Engenharia e pós-graduação em Administração. Foram apontadas
pelo coordenador da incubadora como atividades que demandam mais atenção: a
administração rotineira, a assessoria constante às empresas e o estabelecimento de contatos
com instituições de apoio, outras incubadoras e Universidades consideradas importantes para
funções dos gestores.
A seleção dos projetos para a incubação dá-se, principalmente, pela análise do
plano de negócio, por uma banca de examinadores. Consideram-se como principais requisitos:
o caráter inovador do projeto, a existência de capital semente por parte dos empreendedores e
o potencial de crescimento do negócio. A Universidade, por intermédio do seu núcleo de
empreendedorismo, desenvolve ao longo do ano algumas atividades que visam à captação de
projetos para a incubadora, a exemplo da olimpíada do empreendedor, na qual os vencedores
ganham como prêmio certo número de pontos que favorecem na disputa por uma vaga na
incubadora. Outra iniciativa bastante significativa é o fato de existirem na grade dos cursos do
instituto três disciplinas que abordam e disseminam o tema empreendedorismo e incubação.
Essas disciplinas são estrategicamente posicionadas no 1°, 4° e 9° períodos.
Para divulgar as atividades desenvolvidas na incubadora, visando a atrair projetos,
são desenvolvidas ações de promoção na mídia local, participação em eventos empresariais,
conferências e feiras, aproximação com clientes potenciais e visitas a outras instituições.
Na opinião do coordenador da incubadora, os aspectos que mais atraem os
empreendedores são, em igualdade de peso: qualidade dos serviços prestados, preço, imagem
e localização favoráveis da incubadora.
As seguidas conquistas de prêmios pela incubadora e pelas empresas do INATEL,
além dos impactos positivos decorrentes da sua atuação na comunidade local - seja pela
reconhecida geração de emprego e renda, seja pela criação de oportunidades concretas de
obtenção de renda por meio do desenvolvimento dos próprios negócios pelos jovens da
pequena Santa Rita do Sapucaí - têm conduzido a incubadora e suas empresas à exposição na
mídia brasileira, e até internacional, propiciando-lhe condição destacável do ponto de vista da
61
quantidade e qualidade dos projetos apoiados por ela. Ressalta-se que as empresas do
INATEL já patentearam em seu conjunto 12 produtos.
Não foi evidenciado, entre as atividades de apoio às empresas, programa de
preparação para a internacionalização das mesmas. Houve a indicação de apoio interno da
incubadora para a empresa exportar.
4.3 Incubadora Municipal de Santa Rita do Sapucaí (PROINTEC - Programa Municipal
de Incubação de Empresas)
A Incubadora Municipal de Santa Rita do Sapucaí, em operação desde 1999, foi
uma iniciativa do poder público local, buscando seguir e ampliar o já bem-sucedido programa
de empreendedorismo que ocorria na cidade, decorrente das atividades pioneiras da
incubadora do INATEL.
A Incubadora Municipal caracteriza-se por ser multitemática, abrigando
empreendimentos nas áreas de informática, eletrônica e telecomunicações. Os
empreendedores são normalmente oriundos da escola técnica da cidade, da Universidade de
Administração e Informática e do INATEL.
Com capacidade para abrigar até 10 empreendimentos, a incubadora localiza-se no
centro comercial de Santa Rita do Sapucaí (em instalações da prefeitura), adaptada para
receber as empresas. São oferecidos serviços básicos de infra-estrutura, tais como; recepção,
telefone e fax, acesso à internet e serviços de secretaria. Além desses serviços básicos, a
incubadora oferece, por meio de convênios e contratações, assessoria às empresas nas áreas de
pré-incubação, capacitação gerencial, acesso a fontes de financiamento, assessoria contábil e
jurídica, pesquisas de mercado, entre outros.
A equipe gestora da incubadora é composta de quatro pessoas, sendo que duas já
tiveram experiências próprias de empreendedorismo. O gerente é engenheiro eletricista com
vasta experiência em telefonia e com pós-graduação em Administração. Segundo ele, a
administração das rotinas da incubadora consome, na maior parte, o tempo de atuação dos
gestores, seguido da assistência às empresas, a busca por recursos e o estabelecimento de
contatos com outras incubadoras e instituições de apoio.
O processo de seleção dos projetos a serem apoiados pela incubadora ocorre pela
avaliação de propostas por uma banca examinadora composta do seu conselho consultivo: seu
gerente e o Secretário Municipal de Ciência e Tecnologia. Na avaliação, são priorizados os
62
itens existência de um plano de negócio, caráter inovador, potencial de crescimento e duração
do projeto.
Para a divulgação das atividades, com o objetivo de atrair empreendedores, são
principalmente utilizadas promoções na mídia local e regional, realização de convenções com
exposição dos empreendimentos em andamento e a aproximação com empreendedores
potenciais.
Na opinião do gerente, o fator mais atraente para os empreendedores buscarem a
Incubadora Municipal são os serviços profissionais oferecidos, seguidos da imagem e
localização, do preço dos serviços e da facilidade de acesso a linhas de crédito.
Desde o início de sua operação a incubadora graduou 16 empresas, todas ainda
atuando no mercado. Vale salientar que a prefeitura de Santa Rita do Sapucaí está
implantando um condomínio municipal de empresas, próximo da Incubadora, que tem a
finalidade de oferecer espaço apropriado para receber as empresas egressas da mesma.
No que diz respeito à preparação para a atuação em âmbito internacional pelas
empresas, a Incubadora Municipal ainda não dispõe de programa específico para esse fim.
4.4 Incubadora de Software de Belo Horizonte (INSOFT–BH)
A Incubadora de Software de Belo Horizonte atua desde 1996, está localizada na
região metropolitana de Belo Horizonte e caracteriza-se por ser monotemática, abrigando
exclusivamente projetos de empresas na área de desenvolvimento de softwares e outros
serviços ligados à área da informática. Encontra-se abrigada em um prédio pertencente ao
poder público estadual e se constitui numa parceria entre o poder público local e outras
instituições como a prefeitura de Belo Horizonte, SEBRAE, Instituto Euvaldo Lodi (IEL),
UFMG, Sociedade Mineira de Software (FUMSOFT), entre outros.
Conta com estrutura administrativa composta de três pessoas, estando sua
coordenação a cargo de uma profissional com formação na área de negócios e pessoas. O
tempo dos gestores é distribuído, em sua maior parte, na interlocução com as instituições de
apoio à incubadora, seguido das tarefas de rotinas administrativas, assistência às empresas e
busca por oportunidades de negócios para as empresas apoiadas no programa de incubação.
Essa Incubadora disponibiliza para os empreendimentos residentes na mesma uma
infra-estrutura básica, dotada de serviços de secretaria, recepção, acesso à internet, telefonia,
sala de reunião, entre outros. Além desses serviços, são proporcionados serviços especiais de
63
pré-incubação, capacitação gerencial nas diversas áreas, assessoria contábil e jurídica,
pesquisa de mercado, auxílio no acesso aos mercados de interesse, entre outros.
A seleção dos projetos a serem apoiados pela incubadora é realizada com base da
análise da proposta por banca examinadora, em que se avalia prioritariamente a existência de
um plano de negócio prévio, o caráter inovador e o potencial de crescimento do negócio
A promoção das atividades da incubadora, com vistas à captação de novos projetos
a incubar, dá-se principalmente a partir da participação em eventos empresariais, conferências
e feiras, indicação de projetos por outras instituições e aproximação direta com
empreendedores potenciais existentes em Universidades parceiras, como a Universidade
Federal de Goiás (UFG) e a Pontifícia Universidade Católica (PUC) Minas.
Na opinião da coordenadora da incubadora, os fatores que mais atraem
empreendedores são os serviços profissionais disponibilizados, seguidos de imagem e
localização favoráveis, preço favorável dos serviços e possibilidade de estabelecimento de
contatos com clientes e instituições de apoio.
Desde o seu início de operação, a incubadora graduou 21 empresas. Atualmente,
conta com oito projetos de incubação. Em conversa com a coordenadora do programa de
incubação, obteve-se o relato da carência por bons projetos a incubar, suscitando uma revisão
na forma de atração, seleção e aprovação dos empreendimentos.
4.5 Incubadora Tecnológica de Campina Grande (ITCG)
A Incubadora Tecnológica de Campina Grande é uma das primeiras do Brasil.
Nasceu em 1988, já graduou mais de 60 empresas e é multitemática, abrigando
empreendimentos nas áreas de informática, eletrônica, telecomunicações, agronegócios, entre
outras. Além disso, desenvolve um programa de incubação social avançado, levando
empreendedorismo para geração de renda em diversas comunidades carentes do interior da
Paraíba. Está instalada no interior do projeto do Parque Tecnológico de Campina Grande,
vizinho à Universidade Estadual da Paraíba. Atualmente, conta com oito empreendimentos
residentes, aos quais são disponibilizados serviços básicos de infra-estrutura, como: o acesso à
internet, laboratório de eletrônica e informática, auditório, secretaria, telefonia, sala de
reuniões. Além destes, as empresas apoiadas contam com serviços profissionais nas áreas de
pré-incubação, capacitação gerencial nas diversas áreas da administração de empresas,
64
pesquisa de mercado, assessoria contábil e jurídica, auxílio no acesso a fontes de
financiamento, entre outros.
A equipe gestora da incubadora conta com quatro profissionais, todos com
treinamento em programas de incubação. Três deles já montaram seus próprios negócios e
dois com experiências anteriores em consultoria a pequenas empresas. Segundo a
coordenadora do programa, a maior parte do tempo da equipe gestora é dedicada à
administração da rotina da incubadora, seguida da assistência às empresas e relacionamento
com outras incubadoras e instituições de apoio.
A seleção de projetos para serem apoiados pelo programa de incubação da ITCG
dá-se pela análise dos mesmos por banca examinadora, em que são verificados,
principalmente, a existência do plano de negócio, o caráter inovador do projeto, o potencial de
crescimento do empreendimento e a sua adequação à atuação da incubadora.
A divulgação das atividades da incubadora, objetivando atrair novos projetos de
empresas, verifica-se principalmente pela promoção na mídia local, participações em eventos
empresariais, conferências, feiras, contato com empreendedores potenciais e indicações de
instituições de apoio.
Segundo a coordenadora, os empreendedores são atraídos principalmente pelos
serviços e apoio profissionais que são disponibilizados para as empresas, seguidos de
interação com a Universidade, preço acessível dos serviços e imagem.
No âmbito da internacionalização dos produtos e serviços desenvolvidos pelas
empresas, o Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB) possui um núcleo do programa Softex,
que auxilia as empresas nele instaladas e as da incubadora.
A Incubadora Tecnológica de Campina Grande mantém relacionamento com
empresas que já a deixaram e desejam continuar usufruindo os seus serviços. Essas empresas
recebem a denominação de associadas. Interessam-se principalmente pelos cursos de
capacitação, pelas informações dos diversos programas dos órgãos de fomento e pelos eventos
que a incubadora patrocina.
4.6 Incubadora do Centro de Estudos em Sistemas Avançados do Recife (CESAR)
O Centro de Estudos em Sistemas Avançados do Recife conta com uma
Incubadora de Empresas de Base Tecnológica monotemática, que abriga exclusivamente
empreendimentos na área de informática. Está localizada no centro comercial revitalizado da
65
cidade de Recife, no interior de um projeto de parque tecnológico urbano denominado Porto
Digital. Surgiu de uma parceria entre o poder público do estado, a Universidade Federal de
Pernambuco e o setor privado.
Além dos serviços básicos de infra-estrutura, tais como: de secretaria, telefonia,
acesso à internet, sala de reuniões, um miniauditório com equipamentos multimídia para
vídeo conferências, a incubadora disponibiliza totalmente para o pessoal interno outros
serviços profissionais, como: assessoria contábil e jurídica, capacitação gerencial nas diversas
áreas da administração de negócios, pesquisas de mercado, acesso a fontes de financiamento,
acesso a investidores, sistemas de informações gerenciais, entre outros. São fornecidos ainda
alguns serviços técnicos, como: administração de sistemas, administração de banco de dados,
suporte à rede local. Esse provimento de serviços difere-se da maneira como é disponibilizado
em outras incubadoras, pelo fato de estar incluso na taxa que as empresas pagam à incubadora
para participarem do programa de incubação.
A equipe gestora é formada por quatro profissionais com formação nas áreas de
administração, finanças e contabilidade. Segundo o gerente, a maior parte do tempo da
gerência é dedicada à assistência às empresas, à busca de oportunidades de negócios e contato
com outras incubadoras e, por último, à administração das rotinas da incubadora.
A seleção de novos empreendimentos a serem apoiados pelo CESAR é feita a
partir da avaliação dos projetos, pela equipe gestora da incubadora, que prioriza os itens
relativos à existência de plano de negócio prévio, ao caráter inovador da proposta e ao seu
potencial de crescimento. Uma vez aprovado na análise prévia, o projeto será avaliado com
mais profundidade nos aspectos de viabilidade técnico-econômica, grau de inovação e perfil
dos empreendedores. Vencida esta etapa, o projeto é submetido ao conselho do CESAR para
conhecimento e decisão final.
A promoção das atividades da incubadora, visando prioritariamente à captação de
novos projetos a incubar, dá-se essencialmente pela aproximação com empreendedores
potenciais e pela participação em eventos empresariais, conferências e feiras.
Segundo a opinião da gerência, os fatores de atratividade para os empreendedores
são: disponibilidade dos serviços e apoio profissional, imagem e localização favoráveis da
incubadora, além de qualidade e preço dos serviços oferecidos.
Desde a implantação, o Centro de Estudos Avançados do Recife graduou oito
empresas, tendo atualmente em seu programa de incubação a presença de oito
empreendimentos. Sabe-se que o CESAR mantém contatos e convênios com grandes
companhias multinacionais dos setores de telecomunicação e informática, o que cria para os
66
empreendimentos apoiados pelo programa de incubação uma forte proximidade com
mecanismos de internacionalização de seus produtos e serviços.
4.7 Incubadora de Base Tecnológica do Centro Regional de Inovação e Transferência de
Tecnologia (IBT/CRITT)
A Incubadora de Base Tecnológica está localizada na cidade de Juiz de Fora, em
Minas Gerais, é um dos braços do Centro Regional de Inovação e Transferência de
Tecnologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Está instalada no interior do campus da
Universidade, acolhendo os empreendimentos originários das pesquisas ali desenvolvidas e
também de projetos da comunidade.
A Incubadora de Base Tecnológica do CRITT é multitemática, abriga
empreendimentos das áreas de Eletrônica, Química, Biotecnologia e Informática. A IBT
possui capacidade para abrigar até 12 empreendimentos, atualmente com seis projetos em
incubação, está em operação há 11 anos e nesse período já graduou 12 empresas.
A incubadora disponibiliza serviços básicos de infra-estrutura, tais como;
secretaria, telefonia, acesso à internet, limpeza dos ambientes, entre outros. São
disponibilizados serviços profissionais nas áreas: elaboração do plano de negócio, capacitação
gerencial, assessoria contábil e jurídica, acesso a fontes de financiamento, acesso a mercados
e outros.
A equipe gestora da incubadora é composta de uma profissional de administração
patrocinada por uma bolsa da Fundação de Apoio à Pesquisa em Minas Gerais.
O processo de seleção das empresas a serem apoiadas no programa de incubação
ocorre via edital de convocação, em que os candidatos apresentam suas propostas de
empreendimentos. Estes são previamente avaliados por uma comissão formada por
profissionais da Universidade e externos. Os aprovados nessa etapa seguem para a realização
de uma dinâmica de grupo que visa à avaliação das características empreendedoras. Após essa
fase, os candidatos obrigatoriamente participam de um curso de formação empresarial nas
diversas áreas da administração para que, em seguida, elaborem com ou sem ajuda de
instrutores o seu plano de negócio, que deve ser apresentado para julgamento por uma banca
de examinadores, constituindo-se na fase final do processo de seleção.
A incubadora conta com a proximidade de um núcleo do Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI), que está instalado no interior do CRITT.
67
A incubadora não possui programa estruturado de apoio à internacionalização dos
produtos e serviços desenvolvidos pelos empreendimentos apoiados pelo programa de
incubação.
As empresas participantes do programa de incubação da IBT/CRITT podem
dispor, de maneira negociada, dos laboratórios da Universidade para desenvolver suas
pesquisas.
4.8 Incubadora Gênesis da Universidade Federal de Juiz de Fora - Gênesis/JF
A Incubadora Gênesis de Juiz de Fora é uma incubadora monotemática, de base
tecnológica, focada em empreendimentos da área de informática. Ela faz parte do programa
nacional Softex (software para exportação), que busca fortalecer empreendimentos nessa área
em todo o país, visando principalmente à exportação dos produtos desenvolvidos pelas
empresas de informática.
A Gênesis disponibiliza, para empresas participantes do programa, serviços
básicos de infra-estrutura, tais como: salas individuais, acesso à internet, telefonia, entre
outros. São ainda proporcionados serviços profissionais nas áreas de pré-incubação,
capacitação gerencial nas diversas áreas da administração de empresas, assessoria contábil e
jurídica, consultoria para desenvolvimento de novos produtos e serviços, acesso a fontes de
financiamento, auxílio à exportação de produtos, entre outros.
A equipe gestora é formada por um profissional com sólidos conhecimentos em
tecnologia da informação (TI) e com experiência empreendedora na área, patrocinado por
uma bolsa da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, um gerente de
tecnologia e assessorias de marketing, financeira e administrativa.
Para ter acesso ao programa de incubação, os candidatos participam de um edital
de convocação em que serão previamente avaliados. Os aprovados na primeira fase passam
inicialmente por um curso de formação em elaboração de plano negócio, após a realização do
curso e a elaboração do plano de negócio. O candidato submete o seu projeto a exame oral por
uma banca examinadora que dá o parecer final sobre o projeto.
A incubadora Gênesis/JF está em operação desde 1994, possui capacidade para
abrigar nove projetos e já graduou até o ano de 2005 14 empresas.
68
4.9 Multiincubadora de empresas do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da
Universidade de Brasília (CDT/UnB)
A Multiincubadora da UnB é uma incubadora mista que abriga empreendimentos
das áreas de Informática, Geologia, Engenharia, Veterinária, design e iniciativas sociais.
Semelhantemente à ITCG, é uma das primeiras do país, atuando desde 1989. Em 2005, já
havia graduado 36 empresas, com taxa de sobrevivência de 70%. Atualmente apóia 20
projetos, sendo nove residentes e 11 à distância.
Disponibiliza para os empreendimentos residentes os serviços básicos de apoio,
tais como: serviços de secretaria, acesso à internet, telefonia, limpeza e outros. São
disponibilizados também os serviços profissionais nas áreas de pré-incubação, capacitação
gerencial nas diversas áreas, assessorias contábil e jurídica, consultorias específicas a
depender das necessidades das empresas, acesso a fontes de financiamento, auxílio à
comercialização, assessoria de comunicação, entre outros.
A equipe gestora é composta de 10 profissionais de diversas áreas, todos bolsistas.
O coordenador possui formação e experiência profissional em Administração e mestrado em
Sociologia. Segundo um dos membros da equipe gestora, a maior parte do tempo da gerência
é gasta nos contatos com as instituições de apoio, seguido da administração de rotina da
incubadora e da assistência às empresas.
Com o objetivo de melhorar o processo de seleção dos empreendimentos a serem
apoiados pela incubadora, foi introduzido na equipe de avaliação dos projetos um profissional
da Psicologia. Com isto, atribuiu-se mais importância à seleção do empreendedor com perfil
mais apropriado.
A seleção de novos projetos a serem apoiados pela incubadora ocorre via chamada
pública com a avaliação prévia das propostas por uma banca examinadora, que avalia
inicialmente o caráter inovador da proposta e o potencial de crescimento. Os aprovados nesta
etapa passam obrigatoriamente por treinamento para elaboração do plano de negócio que,
uma vez elaborado, é apresentado e examinado por uma banca de profissionais e acadêmicos.
A promoção dos serviços oferecidos pela incubadora visando principalmente à
captação de novos projetos a incubar dá-se pela participação em eventos empresariais, feiras e
conferências e pela aproximação direta com potenciais empreendedores.
Na opinião de um dos gestores, o fator de mais atratividade dos empreendedores é
a disponibilidade de serviços de apoio profissional, seguido da qualidade, preço dos serviços e
imagem e localização favoráveis.
69
As empresas que necessitam fazer pesquisa em laboratório para desenvolver seus
produtos o fazem de forma negociada com os coordenadores dos laboratórios da
Universidade.
A incubadora não possui um programa estruturado para a internacionalização dos
produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas apoiadas pelo programas de incubação.
4.10 Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (INCAMP)
A Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp está localizada na cidade de
Campinas, no estado de São Paulo. Foi fundada em 2001, com início de operação em 2002 e
caracteriza-se por ser politemática e abrigar empresas das áreas de informática, eletrônica,
geoprocessamento, biotecnologia, entre outras.
A Incamp disponibiliza aos empreendimentos por ela apoiados os serviços
especiais de assessoria técnica para a elaboração ou atualização do plano de negócio. Oferece
treinamento empresarial nas diversas áreas da administração e auxílio à captação de recursos
financeiros junto aos órgãos de fomento. Também oferece assessoria técnica para registro de
propriedade intelectual e licenciamento de produtos, auxílio na aproximação com o mercado,
auxílio na interação com as unidades de ensino e pesquisa da Unicamp. No seu espaço são
disponibilizados ainda os serviços básicos compartilhados de secretaria, acesso à internet,
telefonia, fax, limpeza das áreas comuns, sala de reunião, auditório, entre outros.
O processo de seleção de projetos a serem apoiados pela incubadora ocorre
inicialmente com a pré-seleção dos mesmos, observado o critério da natureza de base
tecnológica. Após isto, é fornecido curso de formação empresarial para a elaboração de um
plano de negócio. A etapa seguinte é a avaliação do plano de negócio por comitês técnicos das
áreas de economia, venture capital, área técnica do projeto, além de entrevista. A incubadora
já graduou nove empresas, das quais oito continuam em atuação, contando atualmente com 12
projetos em incubação
A equipe gestora é composta de dois profissionais, sendo um coordenador,
profissional com formação em Engenharia Eletrônica, que atua há vários anos na interação
Universidade-empresa, e uma assessora, que possui formação na área do Direito. Segundo o
coordenador, a maior parte do tempo da equipe gestora é gasta na realização de interação com
os parceiros e prestação de informações sobre o desempenho do programa de incubação,
seguidos da rotina administrativa e da assistência às empresas.
70
Na opinião do coordenador do programa de incubação, o principal fator de atração
das empresas é a sua imagem e localização favoráveis, seguido dos preços praticados e dos
serviços especiais disponibilizados.
O perfil dos empreendedores que procuram a Incamp é diversificado, sendo
composto, em sua maioria, de profissionais com pós-graduação e idade média próxima de 30
anos.
A Incubadora da Unicamp possui forte interação com o Núcleo de Transferência
de Tecnologia e Inovação da Universidade, recorrendo a este sempre que as empresas
necessitam de auxílio em relação ao patenteamento e licenciamento de seus
desenvolvimentos. Contudo, não existe um programa estruturado voltado para a preparação
das empresas para a competição global.
4.11 Análise das incubadoras considerando-se fatores críticos de sucesso
As incubadoras desta pesquisa foram analisadas em relação à sua estruturação,
segundo os fatores críticos de sucesso apontados por Stainsack (2003), que levou em
consideração os modelos de referência descritos por Smilor e Gill, Bolton e Mathews e Rice.
Em síntese, o modelo de referência geral descreve como as incubadoras devem satisfazer a 10
fatores críticos para que obtenham êxito em seu programa de apoio às MPMEs. Segundo o
modelo, elas devem possuir uma infra-estrutura física disponível, ofertar serviços
especializados, possuir interações sólidas com instituições de apoio, disseminar a cultura
empreendedora, ter um modelo de gestão voltado para a obtenção de resultados, possuir um
plano de marketing, ter processo estruturado para seleção dos projetos, contar com uma
equipe gerencial experiente, ser capaz de captar recursos para si e para as empresas que apóia
e ter alguma capacidade de influenciar politicamente.
Constata-se que, em relação à localização e infra-estrutura física, as incubadoras
da pesquisa não apresentam problemas. Sete ocupam instalações pertencentes a Universidades
ou outras entidades do poder público.
No tocante ao item planejamento e gestão das incubadoras, verifica-se que 60%
delas possuem à frente dos trabalhos um profissional com formação e experiência na gestão
de negócios, 20% optam por utilizar profissionais com perfil e experiência técnica na área de
foco e 20% utilizam profissionais com formação em gestão de negócios, porém com pouca
vivência profissional. Todas elas possuem algum tipo de avaliação das empresas,
71
normalmente vinculado ao atingimento de algumas metas de crescimento, como faturamento,
ampliação do banco de clientes, inserção de novos produtos e capacitação do empreendedor.
Não se avaliou a efetividade do acompanhamento.
A oferta de serviços especializados de apoio profissional dá-se em sua quase
totalidade pela contratação de consultores nas áreas específicas em que as empresas
demandam ou por iniciativa dos gestores da incubadora. Os consultores podem ou não
pertencer aos quadros das instituições de apoio, excetuando-se uma incubadora em que todos
os serviços especializados são fornecidos por pessoal de seu próprio quadro. Em relação à
proximidade com os fundos de apoio financeiro empreendedor, na forma de fundos de capital
de risco, de capital semente ou mesmo de anjos investidores, o que se verifica é que a maioria
das incubadoras não possui essa ligação próxima. Somente duas demonstraram tal
estreitamento e atuação mais focada em atrair investidores, principalmente os constituintes de
fundos de capital de risco, que geralmente buscam empresas com grande potencial de
crescimento, mas que já apresentam certo nível de desenvolvimento em governança e
conhecimento de seu mercado.
As incubadoras da presente pesquisa atuam em ambiente de forte interação com
diversas instituições. Geralmente iniciam-se dentro de uma Universidade ou são fruto de
articulação política entre esta, o poder público local e instituições de apoio ao
empreendedorismo, como o SEBRAE, o IEL e órgãos de fomento como Fundação de Apoio à
Pesquisa (FAP), FINEP, CNPq e, ainda, instituições financeiras, como alguns Bancos
estaduais, regionais - como o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) - e mais recentemente com
a aproximação do Banco do Brasil e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social
(BNDES). Ressalte-se que as incubadoras estão reunidas em associação própria, a Anprotec,
que capitania as ações de articulações políticas e reinvidicações coletivas.
No que se refere à disseminação da cultura empreendedora, as iniciativas são
distintas. Incubadoras que estão localizadas no interior das Universidades ou muito próximas
delas participam dos eventos que estas realizam, tentam influenciar nas grades dos cursos e
buscam constantemente divulgar seus casos de sucesso empreendedor, visando a contagiar e a
atrair mais projetos. Entretanto, ouviu-se, em algumas ocasiões, que atualmente elas
ressentem-se da oferta de bons projetos, o que se confirma no fato de sua maioria não estar
plenamente ocupada. As incubadoras que não estão fisicamente próximas de uma
Universidade buscam manter ligações com estas, realizando visitações, participando de
eventos no intuito de rastrear os projetos.
72
No tocante ao plano de marketing desenvolvido pelas incubadoras, verifica-se que
não existe em quase a totalidade delas um plano devidamente estruturado. São mais comuns
as divulgações em site próprio, participações em eventos como feiras, congressos e
seminários e a utilização de mecanismos mais agressivos, como a mídia paga e promoção de
rodadas de negócio. Não se observou o uso de assessoria de imprensa totalmente voltada para
a incubadora.
O processo de seleção dos projetos a serem apoiados dá-se predominantemente por
edital em que normalmente estão contempladas as fases de seleção prévia dos projetos. Aí se
examinam o potencial mercadológico e seu grau de inovação, surgindo um paradoxo: de um
lado, o que se deseja são projetos mais inovadores possíveis; de outro, aumento da dificuldade
de se prever o potencial de crescimento do negócio, principalmente em se tratando de
inovações radicais. Avalia-se também, nesta fase, o perfil dos empreendedores. A etapa
seguinte é, normalmente, um treinamento obrigatório para a elaboração de um plano de
negócio, o qual posteriormente é avaliado por uma equipe de profissionais das áreas técnica e
de gestão.
O processo de capitalização das incubadoras ocorre predominantemente pela
capitação de recursos junto aos órgãos de fomento locais e nacionais. As mantenedoras
contribuem, geralmente, com as despesas operacionais, como energia, telefonia, limpeza,
segurança, manutenção dos equipamentos e instalações e, em alguns casos, com os salários
dos gestores, embora se perceba neste item o avanço da utilização de remuneração via bolsas,
o que se transforma num ponto delicado da gestão das incubadoras, dada a natureza frágil
desse tipo de remuneração no tocante à capacidade de fixação do profissional. A gestão de
uma incubadora é um processo de médio a longo prazo de maturação, necessitando de um
profissional de visão sistêmica, boa dedicação e alguma experiência na condução de negócios.
Nesta pesquisa, verificou-se que somente uma incubadora atingiu nível de
sustentabilidade própria por meio da obtenção de receitas pela cobrança dos serviços
prestados e da locação de espaços.
Em relação à equipe gestora, o presente trabalho entrevistou, quase em sua
totalidade, os gerentes. Estes profissionais demonstraram elevado nível de dedicação ao
programa, perseguem continuamente o progresso de seus empreendimentos e almejam a auto-
sustentação da incubadora. A pesquisa demonstrou que 60% dos gestores são homens e os
demais são mulheres, todos com alguma experiência profissional anterior. Não foi avaliado o
grau de comprometimento com o programa de incubação das diretorias dessas incubadoras.
73
Observou-se que a capacidade de influência política exercida pelas incubadoras
visitadas é ainda pequena, salvo em alguns programas existentes em municípios pequenos,
onde a iniciativa de implantação partiu da prefeitura ou de instituições próximas desta, como
no caso particular do programa das incubadoras do município de Santa Rita do Sapucaí, em
Minas Gerais. Exceção também pode ser percebida na incubadora CESAR, em Recife, que
surgiu de uma iniciativa de diversas instituições, com forte participação do poder público
daquela localidade, dentro de um programa maior de organização do cluster de informática. A
maioria das incubadoras articula-se com as instituições de apoio ao empreendedorismo e
busca convencê-las continuamente de que é merecedora de seu apoio.
No QUADRO 10, sintetiza-se o conjunto de fatores críticos de sucesso analisados,
e a forma como as icubadoras do estudo estão estrtuturadas em relação aos mesmos.
QUADRO 10
Análise da estruturação das IEBTs secundo os fatores críticos de sucesso
Legenda :
*** Característica presente
** Característica poucas vezes presente
* Característica ausente
Elaborado por Santa Rita,2007. Adaptado de Baêta et al., (2004, p. 10).
Elas devem possuir uma infra-estrutura física disponível;
Ofertar serviços especializados;
Possuir interações sólidas com instituições de apoio;
Disseminar a cultura empreendedora;
Ter um modelo de gestão voltado para a obtenção de resultados;
Possuir um plano de marketing;
Ter processo estruturado para seleção dos projetos;
Contar com uma equipe gerencial experiente;
Ser capaz de captar recursos para si e para as empresas que apóia;
Ter alguma capacidade de influenciar politicamente.
***
***
***
***
**
*
***
***
**
**
74
5 SITUAÇÃO ATUAL E NOVAS TENDÊNCIAS NO MOVIMENTO DE
INCUBAÇÃO NO BRASIL
Em evento promovido pela Anprotec, que aconteceu em junho de 2007, reuniram-
se algumas lideranças do movimento de incubadoras. Foram apresentadas aos seus
representantes estaduais as sugestões da instituição anfitriã para um novo modelo de atuação a
partir da análise do que está ocorrendo em incubadoras de outros países e, em decorrência,
também das pressões internas exercidas principalmente pelos atuais órgãos financiadores,
como SEBRAE e FINEP.
Na percepção dos dirigentes da associação em relação ao desempenho das
incubadoras brasileiras, apurou-se:
5.1 Aspectos positivos
Resultados de eficiência/eficácia das Incubadoras acima da média de outros
mecanismos/programas.
Quantidade de programas e entidades engajados é extremamente representativa, 377
incubadoras e 42 parques tecnológicos, segundo pesquisa da Anprotec em 2006”
Considerando a eficiência e eficácia dos programas de incubação em comparação
com outros programas, toma-se como ponto de apoio o fato de que a taxa de mortalidade das
empresas nos programas de incubação está entre 20 e 40%. Sabe-se que, no Brasil, 40% das
empresas iniciantes deixam de existir no primeiro ano de vida e 60% no terceiro ano. A
elevação da taxa de permanência das empresas impacta diretamente o aumento de postos de
trabalho e do nível de renda e o incremento de arrecadação tributária.
Quanto ao número expressivo de incubadoras e parques, pesquisa recente
demonstrou que as incubadoras já totalizam cerca de 400 unidades em todo o país e que a
curva que representa a taxa de surgimento de novas incubadoras atinge o nível de
estabilização, indicando que se inicia um período de consolidação. Para os 42 parques
tecnológicos registrados, o estudo ressaltou que menos de 10% estão efetivamente
funcionando. Este dado foi interpretado com bastante preocupação, suscitando durante o XVII
75
Seminário da Anprotec discussões e orientações bastante relevantes sobre todos os fatores que
devem ser considerados no momento em que se opta pela implantação de um projeto de
parque tecnológico. O que se percebe é que, em diversas iniciativas, a efetiva construção de
um lócus que congregue a pesquisa, a geração de empreendimentos e a convivência com
empresas já bem posicionadas é subjugada, sem adentrar nas questões relativas a projeto de
Estado versus projeto de governo, em que toma força a promoção ante a ação planejada.
5.2 Aspectos negativos
Relevância dos resultados deixa a desejar em termos de abrangência e impacto na
sociedade e baixa exploração do potencial de conhecimento e efeito multiplicador das
incubadoras de empresas.
Constatou-se nesta pesquisa que as incubadoras são mecanismos normalmente
ligados a instituições públicas de ensino e/ou pesquisa ou configuram-se como organismos
privados, mas sem fins de lucro, pois, se assim não fosse, estariam terminantemente alijados
de acessar os recursos públicos de apoio em condições atrativas.
As estruturas de pessoal nas incubadoras são extremamente reduzidas, grande
parte remunerada por bolsas das fundações estaduais, o que certamente impede a exploração e
multiplicação do conhecimento e das oportunidades contidas nos programas de incubação.
Entende-se que a cultura proibitiva em relação à utilização de recursos públicos
para instituições que visam ao lucro impede investimentos mais relevantes e volumosos que
alavancariam maior número de ambientes de incubação e, conseqüentemente, teriam maior
abrangência e impacto na geração de emprego e renda nas regiões.
O estudo constatou que as incubadoras da pesquisa mantêm
5.3 Desafios e tendências
Dificuldades de sobrevivência e/ou viabilização das incubadoras e parques: é
sabido que, em nosso país, para que as incubadoras desempenhem o papel de facilitador da
alavancagem das MPMEs, dependem de recursos externos aos mantenedores, sabe-se
também, que é no momento de seu start up que a maioria de nossas empresas necessitam de
algum aporte financeiro, normalmente utilizado para a aquisição de equipamentos como:
equipamentos, computadores, impressoras, móveis. Também se verifica a necessidade de
76
recursos para a divulgação dos produtos e/ou serviços oferecidos. Os programas de
treinamento dos empreendedores consomem uma expressiva e contínua parcela de recursos,
pois ainda que algumas instituições possuam um corpo gerencial experiente e de formação
compatível com as necessidades gerenciais das empresas, este não pode suprir todos os
treinamentos e necessidades destas. É necessário que os órgãos de fomento reconheçam
definitivamente esta necessidade inerente à ação das incubadoras, disponibilizando recursos
para o auxílio à operacionalidade desta. Em nossa pesquisa verificamos que a quase
totalidade das incubadoras não consegue operacionalizar mecanismos de recebimento de
receitas oriundas das empresas graduadas.
Pressões sociais e políticas por resultados/qualidade e escala/impacto: neste
aspecto, verifica-se que se exigem das incubadoras respostas semelhantes aos mecanismos
tradicionais de apoio ao empreendedorismo, como o que realiza o SEBRAE, por exemplo. Há
que se considerar que esses dois mecanismos, ainda que possuam objetivos semelhantes, são
de naturezas diferentes, têm públicos diferentes e principalmente formas de atuação
diferentes. O processo de incubação caracteriza-se pela estreita relação com os projetos
apoiados, que são abrigados, contratualmente, pelo prazo médio de 24 meses, recebendo,
durante esse período, toda a atenção e investimento disponível.
O programa de incubação deve ser encarado como um mecanismo diferenciado de
alavancagem das empresas, no qual se emprega um regime de atenção e de investimento nelas
focado. Analogamente, pode-se pensar nos dois programas tradicionais (SEBRAE) e
incubadora como dois sistemas de coaching, no qual o primeiro atua em escala, com
atendimentos rápidos e servindo mais como uma ponte entre as necessidades do
empreendimento e do empreendedor e as possíveis soluções e auxílios existentes no mercado;
e o segundo mecanismo, a incubação, atua de forma mais personalizada, dedicada a atletas de
alto potencial, mas normalmente iniciantes no esporte. Configura-se num processo de
acompanhamento próximo, com resultados em médio e longo prazos.
Utilização limitada da capacidade instalada (técnica, institucional, física),
potencial de geração de escala X resultado, marca/histórico, rede de articulação, etc.: mais
uma vez percebe-se a pressão por resultados em termos da quantidade de empreendimentos
gerados. Provavelmente essa exigência é exercida pelos órgãos de fomento, que ainda não
perceberam que o programa de incubação é mecanismo de apoio à criação de
empreendimentos e conseqüente geração de emprego e renda diferenciados e de natureza
distinta. Nota-se também que os mecanismos de fomento ainda não se convenceram de que o
programa de incubação é complexo, diferenciado e que a maioria das incubadoras instaladas
77
não possui infra-estrutura física e pessoal para apoiar elevado número de empreendimentos. O
crescimento se dá à medida que a incubadora consegue obter receitas oriundas da atuação das
empresas que por ela passaram ou quando consegue compartilhar os resultados comerciais
dos produtos e serviços desenvolvidos pelas empresas ainda incubadas, o que efetivamente só
acontece no longo prazo.
Surgimento de políticas “pró empreendedorismo e inovação” - Política Industrial
Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), Lei do Bem, Lei da Inovação, foco em APLs,
etc.: acrescente-se a estas iniciativas o descontingenciamento progressivo do orçamento
previsto para os mecanismos de apoio financeiro à pesquisa, inovação e empreendedorismo,
por meio dos fundos setoriais que, sem dúvida, representam um passo relevante de apoio às
ICTs, incubadoras e empresas.
Tendência de crescimento do país, com fortalecimento de sua posição externa e da
capacidade de atração de investimentos: o período recente de estabilidade político-econômica
no Brasil permite concluir que cada vez mais se fortalecerá o ambiente para o surgimento e
novas empresas de origem e atuação local ou internacional. Observa-se em particular que o
ambiente econômico vivido propicia condições mais favoráveis aos investimentos de médio e
longo prazos e estimula o surgimento de empresas em contraponto aos ganhos com aplicações
financeiras. Esses fatores, associados aos esforços de programas de emprendedorismos nas
escolas, Universidades e empreendimentos, independentes, traduzem a ampliação das
iniciativas de criação de novas empresas.
Espaço Janela/oportunidade na área de empreendedorismo e inovação: é nítido o
entendimento, quando se vê o desenvolvimento de outros países, de que crescimento sólido e
sustentável só se consegue com conhecimento tecnológico de alto valor agregado e este, por
sua vez, só se dá com investimentos fortes e contínuos nos sistemas de inovação existentes.
Empresas inovadoras realizam e utilizam as pesquisas desenvolvidas dentro e fora delas. Esse
círculo virtuoso conduz a uma cultura de contínua elevação de valor de produtos e serviços e
à conseqüente evolução dos sistemas de formação de pessoas, geração de empregos e renda e
de benefícios à sociedade. Segundo Fiates (2007), os motivos listados no QUADRO 11
permitem que as incubadoras e parques ampliem e fortaleçam seu foco de atuação.
78
QUADRO 11
Fatores favoráveis à ampliação da atuação de parques e incubadoras
“Microambiente” favorável
Conceito de operação em rede
“Referência física” de empreendedorismo e inovação
Experiência na utilização de soluções de parceiros (Ministério de Ciência &
Tecnologia - MCT/CNPq/FINEP, SEBRAE, FAPs, etc.)
Rede de relacionamento (network) no meio “Processo de Incubação de Negócios”
Marca reconhecida em segmento chave da região
Experiência no uso de solução Web/TI
Familiaridade com programas e entidades de apoio
Sintonia e convergência de missão com APLs
Crescimento do interesse por parte das classes política e acadêmica
Todavia, verifica-se que há fortes obstáculos à determinação de ampliação em
escala da atuação das incubadoras. Sabe-se que a maioria das incubadoras instaladas é dotada
de estrutura gerencial e corpo técnico mínimo e apresenta dificuldades de montar equipes que
permitam a ampliação do atendimento às empresas. São causas dessas dificuldades: a escassez
de recursos oriundos das instituições patrocinadoras, certo ceticismo em relação ao retorno
dos investimentos nas empresas, cultura de obtenção de resultados em curto prazo - o que
impele os gestores das incubadoras à busca por novas e continuadas fontes de financiamento
para seus programas de apoio às empresas.
A Anprotec, nesse momento, apresenta como resposta às demandas impostas pelos
parceiros, notadamente o SEBRAE - um dos principais financiadores dos programas de
incubação do país -, um projeto denominado “Projeto Movimenta”, em que se tenta
disseminar a idéia de que, para continuar obtendo recursos financeiros que possibilitem a
continuidade da maioria dos programas de incubação do Brasil, é necessário promover
aumento no volume de empresas atendidas pelos programas de incubação, o que é visto com
ressalva, dada a questão da provável perda da qualidade dos empreendimentos gerados.
Reconhece-se que a obtenção de bons projetos de empreendimentos inovadores
que consigam se transformar em boas empresas inovadoras passa por um arranjo de ações
institucionais que vão desde a lenta criação de um lócus favorável ao surgimento de empresas
(em que se disponibilizam efetivas condições para pesquisa e desenvolvimento de novos
79
produtos e serviços, de modo que o empreendedorismo seja enfrentado sem receio como uma
real alternativa de obtenção de renda) até a efetiva estruturação de mecanismos capazes de
fornecer auxílio financeiro a essas empresas no momento de seu nascimento, sejam eles
mecanismos públicos, privados ou mistos, pois, como já se sabe, o capital especulador
somente se atrai por empresas noutra fase de desenvolvimento organizacional.
Para o que considera um novo posicionamento, a Anprotec sugere novo modelo de
atuação, que tem como orientação:
Incubadoras de empresas, parques tecnológicos e outros mecanismos desta
natureza devem se consolidar como plataformas estratégicas, institucionais
e operacionais para atuarem, juntamente com seus parceiros, nas
prioridades para o desenvolvimento das regiões, setores e do país por meio
da promoção do empreendedorismo inovador - atividade empreendedora,
inovação/agregação de valor via diferencial competitivo (FIATES, 2007).
O novo modelo é, na verdade, um resgate do objetivo original das incubadoras e
infra-estruturas tecnológicas de apoio ao desenvolvimento regional, tendo em vista que em
sua raiz o movimento de incubação surgiu como um instrumento de melhoria das condições
regionais de emprego e renda por meio de apoio ao surgimento de empresas inovadoras,
competitivas e, por isto, duradouras e rentáveis, que permitiu a fixação e a atração de mais
capital social empreendedor. Isto originalmente só aconteceu em função da conjunção de
esforços da academia, do poder público e de entes privados.
Há que se considerar o esforço que a Anprotec realiza para efetuar um salto
qualitativo na atuação das incubadoras e parques tecnológicos do Brasil, haja vista que o
fenômeno atinge a linha da maturidade em termos quantitativos, mas é cobrado por seu
desempenho em relação aos impactos que produziu na sociedade ante os investimentos que
esta realizou e realiza com mecanismos públicos de financiamento.
80
6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Ao buscar analisar a atuação das Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica,
realizou-se pesquisa por intermédio de contatos presenciais e eletrônicos em 10 incubadoras
de empresas situadas no Distrito Federal (uma); Minas Gerais (seis), São Paulo (uma),
Pernambuco (uma) e Paraíba (uma). A TAB. 3 relaciona-as nominalmente e apresenta
informações quanto ao número de empresas que já lançaram no mercado e àquelas que se
encontram ainda participando do programa de incubação no momento da realização do
presente estudo.
TABELA 3
Informações sobre as incubadoras participantes da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa realizada em 2005 e 2006.
Objetivando captar a percepção dos atores principais do movimento de incubação,
foram entrevistados, além dos gerentes de cada incubadora, 15 empreendedores, sendo seis
proprietários de empresas já graduadas e nove ainda em fase de incubação (QUADRO 12).
Nome
Local
Emp.
residentes
Emp.
graduadas
Incubadora Tecnológica do Centro Regional de
Inovação e Transferência de Tecnologia-IBT/CRITT
Juiz de Fora-MG
4
12
Incubadora Genesis da Universidade Federal de Juiz
De Fora
Juiz de Fora-MG
4
14
Incubadora Municipal de Empresas de Base
Tecnológica
Sta.Rita Sapucaí-MG
9
13
Centro de Estudos Avançados do Recife - CESAR Recife-PE 8 8
Incubadora de Empresas e Projetos do INATEL
Sta.Rita Sapucaí-MG
10
24
Incubadora de Emp. de Base Tecnológica em
Biotenologia, Química Fina e Informática Aplicada -
BIOMINAS
Belo Horizonte-MG
9
13
Incubadora Tecnológica de Campina Grande ITCG
Campina Grande-PB
8
60
Multiincubadora de Empresas do Centro de
Desenvolvimento Tecnológico da UnB
Brasília-DF
10
44
Incubadora de Empresas de Software de Belo
Horizonte-INSOFT
Belo Horizonte-MG
7
18
Incubadora de Emp. de Base Tecnológica da
UNICAMP-INCAMP
Campinas-SP
12
9
TOTAL 10 81 215
81
QUADRO 12
Empresas participantes da pesquisa
Empresa Incubadora Status
Tempo
(meses)
Atuação
TECHCHROM INCAMP Graduada 6 TIC/Eletrônica
SEA Tecnologia
CDT/UnB
Graduada
6
TIC/Treinamento
em TI
Zeus Rio Solution CRITT Graduada
24
TI
TSDA Tecnologias Digitais
Aplicadas
INATEL Graduada 6 Eletrônica
Habeis Soluções INATEL Graduada 40 Eletrônica
Doctor SYS INSOFT Graduada 12 TI
M Action TI INSOFTT Residente 6 TI
3J Tecnologia Eletrônica
INC.
MUNICIPAL
Residente 30
Eletrônica
Keeper CRM CESAR
Residente
6
TI
Pacto 4 Tecnologia EM
Software
ITCG
Residente 24
TI
Excegen Genética BIOMINAS Residente 6 Biotecnologia
AGT Technologies Prod.
Eletrônicos
INATEL
Residente 7
Eletrônica
Linhagen BIOMINAS Residente 6 Biotecnologia
Amicus Soluções INATEL Residente 3 Eletrônica
Allagi INCAMPI
Residente
24
Consultoria em
P&D
Fonte: Dados da pesquisa realizada em 2005-2006.
Considerando as limitações de recursos, procurou-se visitar as incubadoras às
quais se possuí facilidade de acesso, tentando conciliar prioritariamente a investigação
naquelas consideradas maduras em função do tempo em que estão em atuação. Pôde-se
verificar que as incubadoras analisadas já graduaram em seu conjunto 215 empresas (GRÁF.
1). Vale ressaltar que, deste universo, mais de 60 empresas foram graduadas pela incubadora
de Campina Grande, que se caracteriza por ser uma das primeiras iniciativas de apoio às
pequenas empresas, baseadas no modelo de incubação, atuando há mais de 20 anos. Outro
número bastante expressivo foi registrado na incubadora da Universidade Federal de Brasília,
que já graduou outras 44 empresas e está em operação há mais de 15 anos. As demais
incubadoras atuam por período que varia entre cinco e 10 anos e graduaram, em média, 13
empresas cada uma.
82
EMPREENDIMENTOS GERADOS
9
44
13
8
60
18
24
13
12
14
215
0
50
100
150
200
250
INCAMP
C
DT
BI
OMINAS
CESAR
ITCG
I
N
SO
F
T
/BH
INATEL
IN
C
.MUNICI
PA
L
CRITT
GENESIS-JF
TOTAL
INCUBADORAS
N. EMPRESAS
GRADUADAS
GRÁFICO 1- Empreendimentos gerados pelas incubadoras da pesquisa.
Outro aspecto constatado foi que a maioria das empresas que deixam a incubadora
instala-se em locais próximos ou na mesma região, seja em áreas destinadas a futuros parques
tecnológicos, distritos seja em condomínios empresariais (GRÁF. 2).
Observou-se, ainda, que se empresas pesquisadas se configurarem como
demandantes de mão-de-obra especializada, é da comunidade local que elas se abastecem
prioritariamente, atuando inclusive como formadora dessa mão-de-obra especializada e
chegando a atrair trabalhadores de outras regiões próximas, como é o caso do pequeno
município mineiro de Santa Rita do Sapucaí (pergunta 2.3 do questionário aplicado aos
gerentes, ratificado na pergunta 3 do questionário aplicado aos empreendedores). Houve duas
indicações de pessoas contratadas em outros países. Das 15 empresas pesquisadas, 10
declararam recrutar 100% de seu pessoal na própria localidade; em quatro a maioria era da
localidade e ainda contavam com um pequeno percentual (no máximo 30%) de regiões
próximas; e apenas uma empresa indicou que recrutava a maior parte de seu pessoal de
regiões próximas do local onde funcionava.
83
GRÁFICO 2 - Localização das empresas graduadas.
Percebeu-se que os gerentes das incubadoras identificam a geração de novos
negócios como sendo a principal contribuição de sua atuação, seguido da criação de novos
produtos e serviços, citando em terceiro lugar a geração de emprego e renda. Os gerentes têm
a clareza de que as empresas tipicamente de base tecnológica não são grandes geradoras de
postos de trabalho. Neste estudo, detectou-se uma maior concentração na faixa de geração de
três a 10 postos de trabalho por empresa, com média de sete, contudo, é, com efeito, da
multiplicação, permanência e crescimento das empresas que se obtém também a multiplicação
dos empregos. A contribuição para a melhoria da competitividade das empresas e sua
internacionalização foram citadas, porém em níveis mais baixos (GRÁF. 3).
Localização das empresas graduadas
6
3
1
0
0
1
2
3
4
5
6
7
Outro lugar
na área
local
Instalações
próximas
Outro lugar
na região
Outro lugar
no país
Ranking de localização
Indicações
84
Principais contribuições das incubadoras ao
desenvolvimento local na perceão dos
gerentes
6
33
4
1
0
1
2
3
4
5
6
7
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator4 Fator5
Impactos percebidos
Indicações
GRÁFICO 3 - Principais contribuições das incubadoras para o desenvolvimento local.
Fator 1 – Ajuda a criação de novos negócios de alta qualidade; Fator 2 – Ajuda a melhoria da competitividade
dos negócios existentes; Fator 3 – Contribuição à geração de emprego e renda; Fator 4 – Contribuição para o
desenvolvimento de novos produtos e serviços; Fator 5 – Contribuição à internacionalização dos negócios na
área. Mais de um fator poderia ser indicado como mais relevante
Neste trabalho, buscou-se identificar os fatores dificultadores e facilitadores do
processo de incubação e, conseqüentemente, da promoção da cultura empreendedora. Não
obstante, alguns autores, como Maculan (2004), Stainsack (2003), Vedovello et al. (2001), já
haviam descrito as dificuldades financeiras como um fator crítico para a ação eficaz das
incubadoras, devido à sua forte dependência em relação às suas instituições gestoras e aos
mecanismos públicos de fomento que, mesmo disponibilizando recursos crescentes, estes são
sabidamente escassos e seu crescimento não acompanha o vigor do fenômeno do surgimento
de incubadoras. Tal dependência financeira em relação às entidades gestoras e aos programas
de apoio locais e dos mecanismos federais continuam existindo (observado nas perguntas 1.2
e 1.3 do questionário de pesquisa – aplicado aos gerentes).
Percebeu-se, também, que a carência financeira inicial das empresas constitui-se
numa das maiores barreiras para o seu desenvolvimento, pois micro e pequenas empresas são
quase que unanimemente originárias de empreendedores que tentam concretizar suas
organizações a partir de sonhos, dispondo, em sua maioria, de muita disposição,
conhecimento técnico, capacidade de aglutinar outros indivíduos, mas são literalmente
desprovidos de recursos financeiros iniciais ou capital semente (seed money). Os
empreendedores iniciantes contam normalmente com o auxílio dos familiares ou de recursos
próprios. Estes geralmente não são capazes de acompanhar as necessidades evolutivas da
85
empresa. Aliado a isto, está o fato de o acesso ao crédito no Brasil ainda ser difícil e
culturalmente amedrontador, sendo nossos empreendedores totalmente avessos ao
endividamento e não sabem lidar com os mecanismos de alavancagem financeira. Neste
aspecto, a maioria das incubadoras não consegue ser os agentes financiadores, pois não se
disponibilizam recursos para tanto.
Há, no Brasil, crescente apoio ao surgimento de fundos de investimentos em
empresas potencialmente lucrativas (fundos de venture capital). Sabe-se, todavia, que estes
mecanismos só são atraídos por empresas que já se encontram em estágios mais avançados
em seu ciclo de vida e o problema maior está justamente na necessidade de apoiar
financeiramente as empresas nascentes ou start ups, para fazê-las superar as dificuldades bem
iniciais, quando ainda não têm receita alguma que lhes possibilite arcar com investimentos
básicos como mobiliário, funcionários, equipamentos em quantidades adequadas e melhoria
em sua infra-estrutura de atendimento aos clientes. Estes recursos são fundamentais para que
se materialize o projeto dos empreendedores. Iniciativas-piloto já existem no sentido de
propiciar esse acesso facilitado ao capital fundador, citando-se os programas de linhas de
crédito do BNDES, com liberação de pequenas quantias a taxas bem abaixo do mercado
tradicional e sem a exigência de garantias. Há também o programa “Juro Zero”, outra
iniciativa piloto, proporcionada pela da FINEP, que possibilita financiamentos com
parcelamento em longo prazo (100 vezes) e sem cobrança de juros, mas este se encontra em
fase de testes somente em algumas regiões do país.
Outro fator que se constitui em um ponto frágil no que tange à operação eficaz das
incubadoras é o fato de algumas, principalmente aquelas originárias de programas públicos,
possuírem equipes gestoras incompletas e rotativas. Percebe-se tendência a se trabalhar com
profissionais bolsistas, temporários e, por conseguinte, com possibilidade de
comprometimento da continuidade dos programas (observação local em três incubadoras
visitadas).
Ainda no âmbito dos elementos dificultadores de ação mais eficaz das
incubadoras, está a dificuldade que estas apresentam de atender a um forte anseio das
empresas iniciantes em relação à sua promoção no mercado, nacional e internacional, para
aquelas que competem nesse ambiente. A maioria das incubadoras da pesquisa não dispõe de
um programa consolidado de ações efetivas que facilitem o acesso aos mercados para as suas
empresas. As iniciativas são pontuais e se fortificam na medida em que a incubadora
amadurece e consegue projetar sua marca por meio dos concursos nacionais, tais como:
prêmio FINEP, Anprotec, Siemens, Dell, fazendo com que o mercado passe a conhecê-la e
86
procurá-la. No âmbito da competição internacional, verifica-se que não há nenhuma ação
planejada nas incubadoras visitadas.
Outro ponto de investigação foi a identificação dos fatores que atraem os
empreendedores para as incubadoras, entendendo ser a resposta a esta curiosidade uma forte
fonte de oportunidade de intensificação de ações e conseqüente elevação do nível de atração
de projetos para as incubadoras e, de outro lado, uma importante fonte para o direcionamento
das ações corretivas por parte dos gerentes. Lemos (1998) observou, em pesquisa que realizou
com 52 empresas ainda residentes, que o aspecto mais atraente a se instalar nas incubadoras
estava relacionado ao oferecimento de infra-estrutura material e administrativa
disponibilizada a preços baixos. Em segundo lugar, a imagem e localização favoráveis. Em
terceiro lugar, os serviços de apoio profissional disponibilizados. De acordo com a pergunta
número um, para aqueles que já passaram pela incubadora, ou seja, para as empresas
graduadas, o fator mais valorizado foram os serviços profissionais proporcionados. Tais
serviços, materializados em cursos de capacitação e assessoramento gerencial, deixaram em
segundo lugar a imagem e a localização favoráveis e em terceiro o aspecto qualidade e o
preço dos serviços administrativos oferecidos.
Já na resposta dos empreendedores ainda residentes, o fator imagem e localização
favorável foi considerado o mais atrativo, com a disponibilidade de serviços e apoio
profissional em segundo. E, semelhantemente às empresas graduadas, o aspecto custos mais
baixos ficou em terceiro lugar. Parece lógico que a imagem e localização favoráveis tenham
sido os aspectos mais atraentes para as empresas residentes, uma vez que a maioria delas não
conhece todos os programas de capacitação e apoio que ainda lhes serão proporcionados.
Chama a atenção o fato de os custos mais baixos não terem sido mencionados por nenhum
dos dois grupos pesquisados como o item mais atrativo. Acredita-se que isto se deva a que
algumas incubadoras procuram obter algum tipo de receita com os serviços e programas
oferecidos, de maneira a ajudá-las a reduzir a dependência financeira das instituições gestoras
e de apoio. Essa medida reduz o impacto relativo à vantagem custos operacionais para as
empresas, mas ainda assim estão bem abaixo dos preços praticados pelo mercado tradicional.
Considerando a resposta das empresas já graduadas, entende-se que estas percebem melhor o
valor da contribuição proporcionada pelo auxílio profissional, via treinamento e
assessoramento, em comparação com o benefício importante, mas não suficiente para a
continuidade da empresa, custos operacionais mais baixos. Outros fatores como: acesso aos
pesquisadores, laboratórios e ambiente propício à inovação, ainda que em menor número,
foram registrados.
87
Quando se analisou a taxa de crescimento anual das empresas, concluiu-se que,
para as graduadas (quatro do total de seis avaliadas), são acima de 20% ao ano. Já as
residentes apresentam, em sua maioria, crescimento não mensurável ou nulo (cinco), uma
declarou crescimento menor que 10% e três com crescimento acima de 20%.
Na avaliação da percepção dos empreendedores em relação à contribuição da
atuação das incubadoras para o desenvolvimento da região (GRÁF. 4), o resultado foi igual
àqueles indicados pela percepção dos gerentes das incubadoras (GRÁF. 3).
Contribuição das incubadoras para o
desenvolvimento local na visão das empresas
10
2
5
6
2
0
2
4
6
8
10
12
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
Fa tor es
Indicações
GRÁFICO 4 - Contribuição das incubadoras para o desenvolvimento local.
Fator 1 – Ajuda a criação de novos negócios de alta qualidade; Fator 2 – Ajuda a melhoria da competitividade
dos negócios existentes; Fator 3 – Contribuição à geração de emprego e renda; Fator 4 – Contribuição para o
desenvolvimento de novos produtos e serviços; Fator 5 – Contribuição à internacionalização dos negócios na
área. Mais de um fator poderia ser indicado como mais relevante.
O conjunto de empresas pesquisadas (15 no total), entre residentes e graduadas,
fatura, em média, 240 mil reais por ano por empresa, empregando, também em média, sete
pessoas cada.
Entre os principais mecanismos de auxílio ao funcionamento das incubadoras,
destaca-se a crescente articulação e apoio por meio da cessão de recursos financeiros, ainda
que sobre estes se questionem a quantidade e a qualidade de sua aplicação, na medida em que
prevalecem os mecanismos de acesso por intermédio de editais previamente direcionados aos
interesses das instituições promotoras e não necessariamente alinhados às verdadeiras
necessidades das empresas. São importantes auxílios também os treinamentos e consultorias
88
fornecidos pelos parceiros constituintes das redes estaduais de estímulo e apoio ao
empreendedorismo. Há ligação forte e visível das incubadoras e mecanismos, como o
SEBRAE, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), as fundações de apoio a pesquisas (FAPs) e as
Universidades, donde normalmente se originam.
No âmbito federal, ainda que com limitações sérias em termos dos recursos
necessários, como fora antes mencionado, as ligações se replicam e mais alguns parceiros
fundamentais entram em cena: FINEP e CNPq, ambos braços do MCT. Surge também a
Anprotec, que reúne, de forma associativa, todas as incubadoras, pólos e parques tecnológicos
do país, proporcionando interação entre eles. São disponibilizados também: acesso a boas
práticas, cursos de capacitação para os gerentes, levantamentos estatísticos de avaliação anual
dos resultados de todas as instituições participantes, servindo de importante fonte de consulta
para todos os interessados em conhecer e avaliar os impactos produzidos pelas ações destes
organismos. Além disso, a Anprotec articula e capitania todas as ações que envolvem os
interesses dos programas de incubação do país, participando da elaboração dos editais de
fomento e dos diversos fóruns de discussão das políticas futuras que afetarão as ações do
movimento. Essas associações são bastante relevantes e ainda vitais para o bom
funcionamento das incubadoras, não só pelo fato de propiciarem ajuda financeira, técnica e a
disseminação de experiências, mas também por possibilitarem a avaliação constante dos
resultados obtidos pelas mesmas, o que certamente conduz à melhoria dos processos.
No tocante aos aspectos mais atrativos que fazem os empreendedores procurarem
as incubadoras, o reconhecimento pelos serviços de apoio profissionais oferecidos destaca-se,
seguido pela imagem e localização favoráveis e, por último, pela qualidade, preço e cláusulas
flexíveis para as empresas. Numa análise posterior à pesquisa, concluiu-se que a pergunta
relativa à qualidade, ao preço e às cláusulas flexíveis oferecidas pelas incubadoras poderia ser
desmembrada, o que, acredita-se, conferiria maior quantidade positiva de respostas ao item
preço, pois o custo de operação para as empresas na incubadora, que é sabidamente bem mais
baixo que os preços reais do mercado, constitui um item de vantagem competitiva bastante
relevante aos empreendimentos iniciantes.
Ressalte-se o esforço que a Anprotec realiza para efetuar um salto qualitativo na
atuação das incubadoras e parques tecnológicos do Brasil, visto que o fenômeno atinge a linha
da maturidade em termos quantitativos, mas é cobrado por seu desempenho em relação aos
impactos que produziu na sociedade ante os investimentos que realizou e realiza com
mecanismos públicos de financiamento. Ocorre que esses mecanismos, na busca de
cumprirem suas missões institucionais, vêem-se obrigados a obter respostas que justifiquem
89
os recursos aportados. O aporte de recursos financeiros não reembolsáveis possibilita a
criação de infra-estruturas que abrigam as empresas nascentes, permite que se invista na
capacitação gerencial do empreendedor, reduz os custos operacionais para as mantenedoras
das incubadoras e viabiliza o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. Isto tudo
certamente eleva as chances de sucesso dos empreendimentos, mas não assegura o êxito a
todos eles. Sabe-se da intensa carga tributária que não poupa, de maneira alguma, as empresas
em incubação, a escassez de recursos para auxiliar as empresas start ups sob a forma de
capital semente, a competição intensa em âmbito regional e global, a escassez de mão-de-obra
qualificada, entre outros desafios que todas as empresas, e em especial as MPMES, têm que
enfrentar cotidianamente. Neste sentido, as incubadoras são uma opção para o enfrentamento
coletivo dessas dificuldades, mas, sobretudo, são uma alternativa estratégica e não a solução
assegurada.
90
7 CONCLUSÕES
As 10 Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica pesquisadas neste trabalho
colocaram no mercado, desde a sua criação, aproximadamente 215 empresas, que se iniciaram
pequenas e se desenvolveram ou estão se desenvolvendo. Num país em que 99,2% do
universo empresarial é constituído de MPE e que estas são responsáveis por conceder 60%
dos postos formais de trabalho e 20% de participação no PIB (dados Palestra SEBRAE –
Aracaju Fev-2007 - Lei Geral das MPEs), entende-se serem bastante relevantes as iniciativas
que buscam contribuir para a redução da taxa de mortalidade das empresas e,
conseqüentemente, para a manutenção dos postos ocupados e do nível de renda gerado.
Sabendo-se que a taxa de permanência no mercado para as empresas participantes de um
programa de incubação é próxima de 90% (ANPROTEC 2005), neste trabalho pôde-se
identificar que cerca de 80% das graduadas há mais de dois anos continuam no mercado.
Conclui-se que as incubadoras exercem papel fundamental para a geração e
permanência de novos empreendimentos e de suas conseqüências benéficas, tais como: a
geração continuada de emprego e renda, o estímulo para que outros empreendedores
coloquem em prática os seus projetos, a contribuição para o desenvolvimento de novos
produtos e serviços competitivos e a criação de um lócus de desenvolvimento de empresas
inovadoras - alicerçadas na cultura da necessária integração com as instituições de pesquisa, o
poder público e seus pares empreendedores.
O processo de incubação, como um ciclo virtuoso, só se atinge num horizonte de
tempo médio ou em longo prazo, como se pode observar nesta pesquisa. Ao examinar
incubadoras consideradas consolidadas, verificou-se que muitas ainda não atingiram a auto-
sustentabilidade. Elas sofrem com a descontinuidade de propósitos dos gestores de momento
e com a descrença dos mecanismos de apoio. Disputam para si recursos escassos das agências
de fomento e enfrentam a baixa cultura brasileira de investidores particulares nas empresas
(notadamente para capital semente). Têm dificuldades de lidar com as questões de
internacionalização das empresas, não possuem planos de marketing estruturados e lutam para
afirmarem-se como programas efetivos na geração de empreendimentos inovadores,
competitivos e duradouros, condição de ápice do sucesso da atuação da incubadora. Neste
contexto, as incubadoras da presente pesquisa constituem-se em uma realidade em seus
diferentes estágios de desenvolvimento.
91
O provimento de recursos para a manutenção dos programas de incubação
continua sendo insuficiente, em parte em face do crescimento geométrico do número de
incubadoras. Considera-se este um dos principais fatores que dificultam sua efetiva ação, pois
elas têm como atividade principal o fornecimento de serviços de apoio ao desenvolvimento da
formação do empreendedor na forma de treinamentos, consultorias especializadas,
participação em eventos e missões e rodadas de negócios. Ademais, para o fornecimento de
serviços de auxílio à operacionalidade das empresas - estes na forma de subsídios locacionais,
serviços de secretaria, comunicação, acesso a laboratórios, entre outros -, as incubadoras
contam, fundamentalmente, com os recursos de suas mantenedoras, mas têm dificuldades para
proporcionar apoio financeiro às empresas para outras necessidades, como, por exemplo, para
a confecção de material promocional, para o financiamento do desenvolvimento de um novo
produto, para a aquisição de equipamentos mais adequados, para a contratação de pessoal para
os projetos de P&D, etc. Os investidores anjos, que se interessam por empresas bem
iniciantes, sabidamente mais numerosos em outras partes do mundo, não foram identificados,
o capital de risco só é atraído por um reduzido contingente de empresas. A tão almejada auto-
sustentabilidade da incubadora não foi alcançada, mesmo para as veteranas. Apenas uma
declarou não utilizar recursos de agências de fomento para custear seus gastos correntes. Os
mecanismos de obtenção de receitas adicionais para a incubadora baseados no reembolso das
empresas graduadas não se confirmam eficazes (p. ex. royalties, participação societárias).
Finalmente, concluiu-se que as incubadoras de empresas, no caso particular as de
base tecnológica analisadas por esta pesquisa, não obstante a necessidade de melhorias em
todo o processo e até do alcance natural da curva de maturidade, constituem-se em uma real e
relevante alternativa de contribuição à melhoria das condições socioeconômicas das regiões,
por meio da participação efetiva na geração de mais empresas inovadoras, competitivas e,
conseqüentemente, potencialmente mais duradouras. Elas são provedoras de postos de
trabalho mais qualificados, distribuem renda e favorecem a criação de uma atmosfera indutora
de novos negócios, alicerçados em uma cultura inovadora e necessariamente integradora.
92
8 CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA
Esta pesquisa revisitou diversos autores que trataram do tema apoio ao
desenvolvimento local por meio do programa de incubação de empresas, em especial os
empreendimentos de base tecnológica (desde sua origem ao estágio atual), forneceu
elementos atuais da realidade do funcionamento de incubadoras experientes e de algumas
menos experientes. Preocupou-se em colher a percepção de dois dos principais autores do
processo: os gerentes das incubadoras e os empreendedores. Estes últimos, residentes ainda
no processo de incubação, e os graduados, que já passaram pelo programa, são considerados
fundamentais doadores de informações para a crítica construtiva e o aprimoramento do
processo.
Espera-se que este trabalho sirva de instrumento de consulta para estudantes,
professores e a academia em geral, para os gestores de incubadoras (principalmente os
iniciantes) e para os empreendedores que desejam conhecer um pouco mais sobre o programa
no qual eles significam ser parte principal. Também aos gestores públicos e não públicos que
estão envolvidos nesse tipo de mecanismo de apoio ao empreendedorismo e se interessam
pelo seu aperfeiçoamento contínuo.
Finalmente, este trabalho configurou-se numa viagem de extrema satisfação para
este pesquisador, servindo, inclusive, de ferramenta para um salto profissional em sua
carreira. A partir dele, passou a coordenar o núcleo de negócios de um importante instituto de
pesquisa do estado de Sergipe, que possui em sua estrutura duas incubadoras sob sua
supervisão, e também passou a lecionar disciplinas ligadas ao tema empreendedorismo.
93
9 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Ainda que a pesquisa tenha se realizado em incubadoras maduras e com
localização em diferentes regiões geográficas do nosso país, é possível observar que grande
número delas não foram incluídas nesta investigação. Deve-se levar em conta também que nas
entrevistas optou-se por adotar questionário já utilizado em outros estudos, que necessita de
ajustes, uma vez que se identificaram questões com objetivos e opções de respostas
incompatíveis.
94
10 SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Para outros trabalhos, sugere-se que seja intensificado o olhar do ponto de vista
das empresas graduadas, pois estas já passaram por todo o processo e estão no mercado
exercendo suas atividades e colocando em prática todo esforço e investimento que foram
empregados durante o processo de incubação. Por meio de suas opiniões, pode-se obter retro-
alimentações mais significativas para interferir de forma mais assertiva no processo de
preparação das empresas, objetivando-se elevar o nível de eficácia dos programas.
A pesquisa deteve-se nas incubadoras que atuam em empreendimentos de base
tecnológica, entretanto, no Brasil há o crescimento de outros tipos de incubadoras, em
especial as de cunho social, que, por sua natureza mais complexa, carecem de mais estudos.
95
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LALKAKA, Rustam; BISHOP, Jack L. Parques Tecnológicos e incubadoras de empresas: O
potencial de sinergia. In: GUEDES, Mauricio; FORMICA, Piero (editores), 1997.
Conferência Mundial de Parques Tecnológicos. Pequim, China, 1995.
LEMOS, Marcelo Verly. O papel das incubadoras de empresas na superação das
principais dificuldades das pequenas empresas de base tecnológica. Rio de janeiro.
(Dissertação de Mestrado). Engenharia de Produção - COPPE/UFRJ, 1998.
Lüdke, Menga et André, Marli. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU,
1986.
MACULAN, Anne Marie. Como aprendem e inovam as pequenas empresas de base
tecnológica? Revista Gestão e Tecnologia, v.3: p.30-52, 2004.
MEDEIROS, José Adelino et al. Pólos, parques e incubadoras: a busca da modernização e
competitividade. Brasília: CNPq, IBICT, SENAI, 1992.
MOVIMENTO DAS INCUBADORAS. Disponível em <
http:www.redeincubar.anprotec.org.br > acessado em 26/03/2005.
PACHECO, Paula. Quero ser grande: as dificuldades econômicas levam mais brasileiros sem
preparo a sonhar com o próprio negócio. Revista Carta Capital, v.338, 2005. Disponível em
< http:// cartacapital.terra.com.br> acessado em 19/04/2005.
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risco, e os bancos de desenvolvimento. São Paulo: Pioneira, 1987.
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experiências e perspectivas. Blumenau: Editora da Funadação Regional de Blumenau, 2001
(Pré-Projeto do SergipeTec- Sergipe Parque Tecnológico, SEIC e SEPLANTEC, Governo do
Estado de Sergipe, Aracaju,Se, 2004).
SPOLIDORO, Roberto; FISHER, Helena; CÔRTES, Zulema P. Desenvolvimento regional
inovador. In: XII Seminário Nacional de Parques e Incubadoras de Empresas. São Paulo-
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(Dissertação de mestrado). Administração. Curitiba: CEFET-PR, 2003.
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97
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Entrepreneurship and Innovation Management. UK, v.3, n.1/2: p.176-196, 2003.
98
APÊNDICE E ANEXOS
APÊNDICE A
Roteiro de participação no XV Congresso ANPROTEC
1- Qual a participação das Incubadoras de Empresas de Base tecnológica na geração
de empreendimentos e no fomento da cultura empreendedora de inovação?
2- Quais os aspectos atrativos para que as empresas se instalem em incubadoras?
3- Quais os fatores dificultadores e facilitadores do processo de incubação na
promoção da cultura empreendedora?
4- Quais os modelos de gestão e organização das IEBTs?
5- Qual a relação das IEBTs e desenvolvimento regional?
6- Como ocorre o processo de internacionalização nas IEBTs?
7- Observação de casos.
99
APÊNDICE B
FUNDAÇÃO PEDRO LEOPOLDO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
Mestrando: Cleverton de Santa Rita
Orientador(a): Prof. Dra. Adelaide Coelho Baêta
Tema: As Incubadoras de Empresa de Base Tecnológica e o desenvolvimento regional
Questionário para os Gerentes de Incubadoras (Baseado em Lahorgue, 2004/Anprotec)
DADOS DA INCUBADORA
Nome:
Endereço:
Nome de contato/posição:
Detalhes de contato: Telefone/Fax:
E-mail/Site:
GRUPO 1 - Fatores-chave de sucessos na instalação e operação de incubadoras
Busca-se examinar os fatores que determinam com quanto sucesso operam as incubadoras,
incluindo-se os aspectos financeiros
1.1 – Como a incubadora cobre seus custos? Por favor, distinga entre fontes de financiamento
para: a) ajudar a montar a incubadora; b) ajudar a cobrir os custos correntes.
Custos operacionais custos iniciais (%) custos correntes (%)
Subsídios – Governo municipal, estadual.................................( )..........................( )
Subsídios – Entidades financ. nacionais e agências públicas..( )..........................( )
Aporte de Bancos e outras org. do setor privado......................( )..........................( )
Aporte de Universidades e outras org. de P & D......................( )..........................( )
Renda de taxas de utilização e outras taxas..............................( )..........................( )
Outra renda, por exemplo, de prestação de serviços.................( )..........................( )
Renda de investimentos. Por ex. royalties, part. societárias......( ).........................( )
Outras fontes. Por favor, especifique.........................................( )........................ ( )
100
1.2 Que tipo de instalações prediais tem a incubadora?
( ) nova adaptada/convertida ( ) outra( )..............................................
1.3 Que tipos de serviços profissionais oferecem à incubadora? Por favor, faça a marcação
apropriada das caixas e indique se os serviços são providos por: a) o pessoal da
incubadora; b) pessoal externo:
Serviços profissionais Interno Externo
Serviços de pré-incubação....................................................................( )..............( )
Plano de negócio/apoio à formalização da empresa.............................( ) .............( )
Treinamento empresarial (empreendedorismo)....................................( )..............( )
Contabilidade, serviços jurídicos e outros............................................( )..............( )
Pesquisa de mercado, vendas e marketing............................................( )..............( )
Ajuda com exportação e/ou procura de sócio no exterior.....................( )..............( )
Ajuda com e-business ou outros aspectos TIC......................................( )..............( )
Consultoria em desenvolvimento de novos produtos e serviços.......... ( )..............( )
Ajuda com financiamento bancário, capital semente e de risco............( )..............( )
Fundo de capital semente/de risco de incubadora, rede de angels........( )............. ( )
Consultoria em recrutamento de pessoal e administração de pessoal...( )..............( )
Networking, com outros empresários, clientes potenciais.....................( )..............( )
Contato com profissionais sênior...........................................................( )..............( )
Outros serviços. Por favor, especifique..................................................( )..............( )
GRUPO 2 - Avaliação dos fatores de atratividade e dos impactos da atuação das incubadoras
2.3 – De onde vem a maioria das pessoas atualmente empregadas nas empresas incubadas?
Por favor, se possível, faça um detalhamento da força de trabalho:
Origem dos recrutados %
Recrutados na mesma localidade..................................................................................( )
Recrutados em outro lugar, na região...........................................................................( )
Recrutados em outro lugar, no país...............................................................................( )
Recrutados em outros países.........................................................................................( )
100%
2.8 – Quantas empresas se graduaram desde que a incubadora entrou em operação?
101
2.9 – Onde as empresas graduadas se localizam? Por favor, indique os destinos mais comuns,
classificando as possibilidades seguintes em ordem de relevância (onde 1 = mais comum e 4 =
menos comum):
Destino das empresas graduadas ranking
Instalações próximas a incubadora, por exemplo, um parque tecnológico....................( )
Em outro lugar na área local..........................................................................................( )
Em outro lugar na região...............................................................................................( )
Em outro lugar no país...................................................................................................( )
2.10 – Como a incubadora contribui para o desenvolvimento local? Por favor, classifique os
impactos seguintes de 1 = mais importante a 6 = menos importante:
Contribuição para o desenvolvimento local ranking
Ajuda na criação de novos negócios de alta qualidade..................................................( )
Ajuda na melhoria da competitividade dos negócios existentes....................................( )
Contribuição à geração de emprego e renda..................................................................( )
Contribuição para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.............................( )
Contribuição á internacionalização dos negócios na área..............................................( )
Outros papéis. Por favor, especifique.............................................................................( )
102
APÊNDICE C
FUNDAÇÃO PEDRO LEOPOLDO
MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO
Mestrando: Cleverton de Santa Rita
Orientador(a): Prof. Dra. Adelaide Coelho Baêta
Tema: As Incubadoras de Empresa de Base Tecnológica e o desenvolvimento regional
Questionário para os empreendedores (Baseado em Lahorgue, 2004/Anprotec)
DADOS DA EMPRESA
Nome:
Endereço:
Nome de contato/posição:
Detalhes de contato:
Incubadora em que se graduou ou é residente:
Tempo de graduação
1.0 – O que, na sua opinião, faz da incubadora um local atraente para negócios? Por favor,
indique os fatores seguintes em ordem de importância (onde 1 = mais importante e 5 = fator
menos importante):
Pontos fortes da incubadora ranking
Imagem e localização favoráveis....................................................................................( )
Qualidade, preço e cláusulas flexíveis para as unidades incubadas...............................( )
Disponibilidade de serviços de apoio profissionais........................................................( )
Outros fatores – por favor, especifique...........................................................................( )
2.0 – Quantas pessoas atualmente são empregadas na empresa incubada/graduada?
1-3 pessoas ( ) 3-10 ( ) 10-20 ( ) mais de 20 pessoas ( ) Total................
3.0 – De onde vem a maioria das pessoas atualmente empregadas na empresa? Por favor, se
possível, faça um detalhamento da força de trabalho: Origem dos recrutados
%
Recrutados na mesma localidade..................................................................................( )
Recrutados em outro lugar, na região...........................................................................( )
103
Recrutados em outro lugar, no país..............................................................................( )
Recrutados em outros países.........................................................................................( )
4.0 – Qual é o faturamento da empresa?
Faturamento
Zero................................................................................................................................( )
Entre 0 e R$ 180 mil......................................................................................................( )
Entre R$ 180 mil e R$ 360 mil......................................................................................( )
Entre R$ 360 mil e R$ 540 mil......................................................................................( )
Entre R$ 540 mil e R$ 720 mil......................................................................................( )
Entre R$ 720 mil e R$ 1.200 mil...................................................................................( )
Entre R$ 1.200 mil e R$ 3 milhões................................................................................( )
Acima de R$ 3 milhões..................................................................................................( )
5.0 – Se possível, por favor, indique as taxas de crescimento de faturamento que a empresa
tem alcançado nos últimos anos.
Não é possível ( ) Abaixo de 10% ( ) entre 10 e 20 % ( ) acima de 20% ( )
6.0 – Onde estão localizados os fornecedores da empresa?
Área local ( ) em outro lugar, no país ( ) em outros países ( )
7.0 – Onde estão localizados os competidores da empresa?
Área local ( ) em outro lugar, no país ( ) em outros países ( )
8.0 – Como a incubadora, em sua opinião, contribui para o desenvolvimento local? Por favor,
classifique os impactos seguintes de 1 = mais importante a 6 = menos importante:
Contribuição para o desenvolvimento local ranking
Ajuda na criação de novos negócios de alta qualidade.................................................( )
Ajuda na melhoria da competitividade dos negócios existentes...................................( )
Contribuição à geração de emprego e renda..................................................................( )
Contribuição para o desenvolvimento de novos produtos e serviços............................( )
Contribuição à internacionalização dos negócios na área.............................................( )
Outros papéis. Por favor, especifique............................................................................( )
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