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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A
NA
T
ERESA
C
OLENCI
T
REVELIN
A relação professor aluno estudada sob a ótica dos estilos de aprendizagem: análise em uma
Faculdade de Tecnologia - Fatec
São Carlos
2007
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A
NA
T
ERESA
C
OLENCI
T
REVELIN
A relação professor aluno estudada sob a ótica dos estilos de aprendizagem: análise em uma
Faculdade de Tecnologia - Fatec
São Carlos
2007
Tese apresentada ao
Departamento de Engenharia de
Produção da Escola de Engenharia de
São Carlos da Universidade de São
Paulo.
Área de Concentração:
Economia, Organizações e Gestão do
Conhecimento.
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DEDICATÓRIA
Wilder,
Simples palavras não são suficientes para expressar o quanto é maravilhoso
compartilhar minha vida com você! Te amo!
Alfredo e Ana,
O que dizer de pessoas tão maravilhosas? Nem em mil anos poderei retribuir tanto amor,
carinho, amizade e tudo o que vocês tem me proporcionado nessa vida! Adoro vocês!
Neto, Lú e agregados,
A vida torna-se mais gostosa quando convivemos com pessoas que torcem por nosso
sucesso e que nos querem tão bem!
A vocês dedico este trabalho!
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Associado Renato Vairo Belhot, meu querido orientador, profissional exemplar que
mesmo passando por um momento delicado conduziu este trabalho e me propiciou a
oportunidade de conquistar mais esta etapa de meu engrandecimento profissional.
À Dra. Nídia Pavan Kuri, formidável pessoa e grande amiga que me auxiliou nas revisões,
indicações de bibliografia e sugestões para a finalização do trabalho.
Ao Prof. Dr. Alfredo Colenci Júnior, meu grande mestre e inspirador, um idealista em se tratando
de Educação Superior Tecnológica.
Aos Professores e Funcionários da Fatec-Taquaritinga, pelo inestimável apoio e, principalmente
ao Professor X que se dispôs tão gentilmente a participar do estudo de caso.
Aos meus queridos alunos pela participação no estudo de caso e principalmente ao Zeno pela
ajuda na elaboração dos gráficos e na formatação do trabalho.
Ao grande amigo Rodrigo Gardelim pela elaboração da análise estatística.
À todos que direta ou indiretamente ajudaram-me na elaboração desta tese.
À Força Maior.
Muito Obrigada!
“Carregue um montinho de terra todos os dias e por fim terás uma montanha!”
Dalai Lama
VI
RESUMO
A educação hoje é uma prioridade visada em todo o mundo, principalmente na era do
capital intelectual, onde o conhecimento torna-se o item de maior importância na corrida pela
eficiência e maior competitividade. No Brasil, apesar de ser a educação superior de graduação
tecnológica um tema da maior importância para o processo de inclusão social, porque promove
o desenvolvimento de competências adequadas às demandas da economia globalizada, pode-se
constatar que ainda há muito que se fazer. Torna-se evidente que o conhecimento e o
desenvolvimento das competências, como a capacidade de processar informações, a criatividade
e a iniciativa, são essenciais para o desenvolvimento e para a modernidade. Este trabalho
investiga e analisa a maneira como o ensino tecnológico vem sendo ministrado em função das
competências exigidas do profissional, e como o conhecimento dos estilos de aprendizagem dos
alunos, ou seja, a maneira como percebem e processam as informações pode contribuir para a
elaboração de estratégias de ensino, tornando-o mais eficiente e significativo. Foram coletados
dados dos alunos e professores dos cursos de Tecnologia de Produção Industrial e Tecnologia
em Processamento de Dados da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga, utilizando os
inventários de Felder e Soloman e o de Keirsey e Bates. A partir da análise dos dados, buscou-se
traçar um perfil dos estilos de aprendizagem dominantes dos alunos e professores, compará-los e
em seguida fazer uma correlação com os dados do Sistema de Avaliação Institucional, o SAI, da
própria faculdade, no sentido de verificar se os altos índices de reprovação em determinadas
disciplinas podem ser explicados pela teoria dos estilos de aprendizagem e, em seguida, propor
estratégias educacionais e ações de melhoria focando a relação ensino-aprendizagem. Os
resultados da pesquisa revelaram que os estilos de aprendizagem podem interferir na relação
ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Estilos de Aprendizagem, Educação Superior Tecnológica, Formação de
Competências.
VII
ABSTRACT
The education today is a priority aimed in the entire world, mainly in the age of the
human capital, where the knowledge becomes the item of bigger importance in the race for the
efficiency and greater competitiveness. In Brazil, although to be the graduation in technological
superior education a subject of the biggest importance for the process of social inclusion,
because it promotes the development of adequate abilities to the demands of the globalized
economy, can be evidenced, that still it has very what to become. One becomes evident that the
knowledge and the development of the abilities, as capacity to process information, the creativity
and the initiative, are essential for the development and modernity. This work, argues the way as
technological education comes being given in function of the demanded abilities of the
professional, and as the knowledge of the styles of learning of the pupils, that is, the way as they
perceive and they process the information can contribute for the elaboration of education
strategies, becoming it more efficient and significant. They had been collected given of the pupils
and professors of the courses of Technology of Industrial Production and Technology in Data
processing of the College of Technology of Taquaritinga- SP, using the inventories of Felder and
Soloman and of Keirsey and Bates. From the analysis of the data, one searched to trace a profile
of the dominant styles of learning of the students and professors, to compare them and after that
to make a correlation with the data of the System of Institutional Evaluation, SAI of the proper
college in the direction to verify if some discipline with high index of retention can be explained
by the theory of the learning styles, and after that to consider educational strategies and action of
improvement the relation teach-learning.
Keywords: Learning Styles, Technological Superior Education, Competences.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema de referências para pesquisas qualitativas.................................................... 27
Figura 2 - Planejamento e processo de implementação – Izquierdo (1994).................................. 63
Figura 3 - Perceber e processar a informação, segundo Kolb ....................................................... 82
Figura 4 - As escalas bipolares propostas por Kolb [1984] e os estilos preferidos....................... 84
Figura 5 - Os quatro estágios da aprendizagem e os estilos decorrentes de sua composição,
segundo Kolb......................................................................................................................... 86
Figura 6 - Tela de entrada do sistema............................................................................................ 99
Figura 7 - Tela introdutória do sistema ......................................................................................... 99
Figura 8 - Tela de cadastro pessoal do sistema ........................................................................... 100
Figura 9 - Escolha dos questionários........................................................................................... 101
Figura 10 - Estilo de aprendizagem............................................................................................. 102
Figura 11 - Mapeamento dos estilos de aprendizagem................................................................ 103
Figura 12 - Mapeamento dos estilos de aprendizagem (continuação)........................................ 103
Figura 13 - Tela de login e senha ................................................................................................ 104
Figura 14 - Administração de usuários cadastrados.................................................................... 105
Figura 15 - Menu de administração............................................................................................. 106
Figura 16 - Análise estatística ..................................................................................................... 107
Figura 17 - Comparação completa .............................................................................................. 107
Figura 18 - Tela de filtragem....................................................................................................... 108
Figura 19 - Tela de resultados ..................................................................................................... 109
Figura 20 – Resultados do Prof. X .............................................................................................. 138
Figura 21 - Resultado para o Professor X.................................................................................... 140
Figura 22 - Os quatro quadrantes do Ciclo de Aprendizagem (Adaptado de Belhot, 1997)....... 160
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características chave das quatro sociedades básicas. (CRAWFORD: 1994).............. 14
Tabela 2 - Demanda por cursos de graduação............................................................................... 59
Tabela 3 - Diferentes enfoques do processo educacional (adaptado de VILORIA: 1996) ........... 70
Tabela 4 - Os quatro tipos básicos de temperamento e os dezesseis subtipos. Fonte: Silva (1999)
............................................................................................................................................... 91
Tabela 5 - Modelo de Estilos de Aprendizagem – Felder e Silverman, 1988, p. 67..................... 93
Tabela 6 - Distribuição dos alunos por curso.............................................................................. 110
Tabela 7 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de
PI e PD................................................................................................................................. 125
Tabela 8 - Distribuição de professores por curso e sexo............................................................. 126
Tabela 9 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de
PI e PD e dos professores.................................................................................................... 131
Tabela 10 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de
PI e PD e dos professores em comparação com o professor X ........................................... 136
Tabela 11 - Principais dificuldades encontradas pelos alunos .................................................... 144
Tabela 12 - Exigência da disciplina Y......................................................................................... 145
Tabela 13 - Pontos fortes e pontos fracos da disciplina Y........................................................... 146
Tabela 14 - Opinião dos alunos sobre a dificuldade da disciplina .............................................. 147
Tabela 15 - Sugestões de melhoria para a disciplina Y............................................................... 148
Tabela 16 - Metodologia adotada................................................................................................ 149
Tabela 17 - Relação da avaliação com o conteúdo da disciplina Y ............................................ 150
Tabela 18 - Análise estatística de correlação para alunos e professores..................................... 151
X
SUMÁRIO
RESUMO ......................................................................................................................................VI
ABSTRACT ................................................................................................................................ VII
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................VIII
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................................IX
SUMÁRIO......................................................................................................................................X
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................13
1.1 Delimitação do Tema e Formulação do Problema ........................................................ 21
1.2 Objetivos do Trabalho................................................................................................... 24
1.3 Método........................................................................................................................... 25
1.3.1 Seleção dos Participantes....................................................................................... 28
1.3.2 Coleta de Dados..................................................................................................... 28
1.3.3 Análise dos Dados................................................................................................. 29
1.4 Estruturação da tese....................................................................................................... 29
2 A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL...........................................................31
2.1 Introdução...................................................................................................................... 31
2.2 A Entrada na Segunda Onda.......................................................................................... 32
2.3 A Educação Superior Tecnológica................................................................................ 38
2.4 A Educação Profissional no Brasil (perspectiva histórica) ........................................... 39
2.4.1 Os primórdios da Educação Profissional no Brasil............................................... 40
2.4.2 A criação do sistema de ensino profissional no Brasil.......................................... 42
2.5 Características da Educação Superior Tecnológica (Graduação).................................. 52
2.5.1 O papel do Tecnólogo............................................................................................ 53
2.6 O Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS (2006) .......... 55
2.6.1 Um breve histórico do CEETEPS ......................................................................... 56
2.6.2 As Faculdades de Tecnologia do CEETEPS......................................................... 57
2.7 A FATEC – Taquaritinga.............................................................................................. 60
3 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E A FORMAÇÃO DE
COMPETÊNCIAS ........................................................................................................................62
3.1 A Formação de Competências....................................................................................... 64
3.2 O processo de ensino-aprendizagem ............................................................................. 66
XI
3.2.1 As teorias de ensino-aprendizagem....................................................................... 70
3.3 A relação professor-aluno.............................................................................................. 72
3.4 A construção de um novo paradigma............................................................................ 74
4 OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM...........................................................................76
4.1 Os tipos psicológicos de Carl Gustav Jung ................................................................... 77
4.1.1 Os Processos Racionais de Julgamento: Pensamento e Sentimento. .................... 78
4.1.2 Os Processos Mentais Irracionais de Percepção: Sensação e Intuição.................. 78
4.2 O indicador de Tipos Myers-Briggs Type Indicator (MBTI)........................................ 79
4.2.1 Aplicação do MBTI............................................................................................... 80
4.3 Modelo de Kolb............................................................................................................. 81
4.3.1 Aplicação do Modelo de Kolb............................................................................... 86
4.4 Modelo de Estilo de Aprendizagem em Keirsey e Bates .............................................. 86
4.5 Modelo de Estilo de Aprendizagem de Felder-Silverman ............................................ 91
4.5.1 Aprendizes Ativos e Reflexivos............................................................................ 93
4.5.2 Aprendizes Sensoriais e Intuitivos ........................................................................ 93
4.5.3 Aprendizes Visuais e Verbais................................................................................ 94
4.5.4 Aprendizes Seqüenciais e Globais......................................................................... 94
4.5.5 Aprendizes Indutivos e Dedutivos......................................................................... 94
4.6 Aplicações do Modelo de Felder-Silverman ................................................................. 95
5 O ESTUDO DE CASO ..................................................................................................97
5.1 Delineamentos Gerais.................................................................................................... 97
5.2 O site - http://www.prod.eesc.usp.br/aprende ............................................................... 98
5.3 Apresentação e análise dos resultados......................................................................... 109
5.3.1 Aplicação do ILS na amostra total dos alunos .................................................... 109
5.3.2 Aplicação do ILS- Curso de Tecnologia em Produção Industrial....................... 113
5.3.3 Aplicação do ILS- Curso de Tecnologia em Processamento de Dados .............. 115
5.3.4 Aplicação do Classificador de Temperamentos na amostra total dos alunos...... 116
5.3.5 Aplicação do Classificador de Temperamentos- Curso Tecnologia de Produção
Industrial ............................................................................................................................. 121
5.3.6 Aplicação do Classificador de Temperamentos- Curso Tecnologia em
Processamento de Dados............................................................................................................. 122
XII
5.3.7 Aplicação do ILS- na amostra total dos professores ........................................... 126
5.3.8 Aplicação do ILS no Professor X........................................................................ 132
5.3.9 Aplicação do Classificador de Temperamentos no Professor X ......................... 134
5.3.10 Investigação adicional utilizando o inventário de Kolb ...................................... 136
5.3.11 Entrevista com o professor X .............................................................................. 140
5.3.12 Entrevista com os alunos..................................................................................... 143
5.4 Análise Estatística ....................................................................................................... 150
5.4.1 Análise de Dependência para alunos......................Error! Bookmark not defined.
5.5 Análise Qualitativa...................................................................................................... 152
5.6 Ensinando ao redor ciclo ............................................................................................. 159
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................167
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................................173
APÊNDICE .................................................................................................................................181
Análise de Dependência para alunos........................................................................................... 181
Análise de Dependência para professores................................................................................... 193
1 INTRODUÇÃO
Mudanças no contexto geopolítico e socioeconômico repercutem diretamente nos
modelos de gestão organizacional e impactam a estrutura produtiva, as relações capital-trabalho e
alteram as tradicionais conceituações de emprego e renda, criando demandas totalmente novas de
perfil profissional.
Diversos autores se preocupam em estabelecer estágios para esse processo evolutivo.
Drucker (1995), Schumpeter (1982) e Toffler (1995) em estudos que, ainda que não sejam
determinísticos, têm em comum, apresentar o sentido da mudança.
Crawford (1994), aborda esta evolução em uma perspectiva mais ampla onde demonstra
quatro tipos de sociedade e suas características com profundas mudanças na base da Economia e
da Estrutura Social Mundial. A Tabela 1 aponta as características-chave das quatro sociedades
básicas e as mudanças ocorridas.
Esta tabela ainda que simplificada revela a natureza evolutiva do homem premido pela
necessidade de sobrevivência numa condição de escassez de recursos, ensejando o que se
caracterizou de problema econômico.
Este passou a lhe exigir a busca equilibrada entre necessidades crescentes e ilimitadas
com recursos limitados: renováveis e não renováveis. Pode-se dizer que hoje em dia, mais que a
questão da escassez, a Economia deve apoiar-se na Distribuição Sócio-econômica da Produção.
Na sociedade primitiva, o homem agia de acordo com sua intuição, usava a descoberta
dos recursos que o rodeavam e preocupava-se exclusivamente com a própria sobrevivência,
utilizando recursos de caça, pesca e coleta. A primeira mudança ocorre justamente da transição
desta sociedade para a sociedade agrícola, que tem sua organização econômica e social baseada
na propriedade de recursos naturais e livre iniciativa com um ambiente de trocas pequeno e
estável e forma de produção artesanal.
14
Tabela 1 - Características chave das quatro sociedades básicas. (CRAWFORD: 1994)
Sociedade Primitiva Sociedade Agrícola Sociedade Industrial Sociedade do
Conhecimento
Tecnologia Energia, energia humana.
Materiais: peles de animais,
pedras.
Ferramentas: mínimas para
cortar/moer
Métodos de produção:
nenhum
Sistema de Transporte:
caminhar
Sistema de comunicação: voz
humana
Energia: energia natural (humana,
animal, vento).
Materiais: recursos renováveis
(árvores, algodão e lã).
Ferramentas: força muscular
humana ampliada (alavanca e
guinchos) ou forças naturais
dirigidas (navegação e roda d’agua)
Métodos de produção: artesanato
Sistema de transporte: cavalo,
carroça, barco à vela.
Sistema de comunicação:
manuscrito.
Energia: combustíveis fósseis
(óleo, carvão).
Materiais: recursos não renováveis
(metais, etc).
Ferramentas: máquinas para
substituir a força humana (motores)
Métodos de produção: linha de
montagem e partes intercambiáveis
Sistema de transporte: barco a
vapor, ferrovias, automóvel, avião.
Sistema de comunicação: imprensa,
televisão.
Energia: nuclear
Materiais: recursos
renováveis
Ferramentas: máquinas para
ajudar a mente
Métodos de produção: robôs
Sistema de transporte:
espacial
Sistema de comunicação:
comunicações individuais
ilimitadas através de meios
eletrônicos.
Economia Coleta, caça ou pesca. Economia local descentralizada e
auto suficiente cuja atividade
econômica central é a produção e o
consumo de alimentos, sem
atividades de mercado
significativas. Simples divisão do
trabalho em função da comunidade,
com poucos e bem definidos níveis
de autoridade. A terra é o recurso
fundamental da economia.
Economia de mercado nacional
cuja atividade econômica é a
produção de bens padronizados,
tangíveis com divisão entre
produção e consumo.
Divisão complexa da mão-de-obra
baseada em habilidades específicas,
modo de trabalho padrão e
organizações com vários níveis
hierárquicos.
Capitalismo é o recurso
fundamental
Economia global integrada
cuja atividade econômica
central é a provisão de
serviços de conhecimento
com maior fusão e entre
produtor e consumidor
Organizações
empreendedoras de pequeno
porte
Capital humano é o recurso
fundamental
Sistema Social Pequenos grupos ou tribos Esquema familiar estratificado com
definições claras das funções em
virtude do sexo
Educação: limitada à elite
Família nuclear com divisão de
papéis entre os sexos e instituições
imortais que sustentam o sistema.
Os valores sociais enfatizam
conformidade, elitismo e divisão de
classes.
A educação em massa é completa
na idade adulta
O indivíduo é o centro,
alusão dos papéis sexuais
com ênfase na auto-ajuda em
instituições mortais.
Os valores sociais enfatizam
a diversidade, o igualitarismo
e o individualismo.
A educação é individualizada
e contínua.
Sistema
Político
Tribo: unidade política
básica na qual os anciãos e o
chefe governam
Feudalismo. Leis, religião classes
sociais e políticos atrelados ao
controle das terras, com autoridade
transmitida hereditariamente; a
comunidade local é a unidade
política básica.
Capitalismo e Marxismo: leis,
religião, classes sociais e política
são modeladas de acordo com os
interesses da propriedade e do
controle do investimento de capital.
Nacionalismo; governos
centralizados e fortes tanto na
forma de governo representativo
quanto na forma ditatorial.
Cooperação global:
instituições modeladas com
base na propriedade e no
controle do conhecimento
com organizações
supranacionais.
Os governos locais, e a
democracia participativa
definem as normas.
Paradigma Mundo visto em termos
naturais
Conhecimento básico: matemática
e astronomia.
Idéias centrais: humanidade vista
como controlada pelas forças
superiores (deuses), religiosidade,
visão mística da vida (astrologia) e
sistema de valores com ênfase na
harmonia com a natureza.
Base do conhecimento: física,
química.
Idéias centrais: os homens se
colocam como controladores do
destino num mundo competitivo
com a crença de que uma estrutura
social racional pode produzir
harmonia num sistema de castigos e
recompensas.
Base do conhecimento:
eletrônica quântica, biologia
molecular, ecologia.
Idéias centrais: homens são
capazes de uma
transformação contínua e de
crescimento (pensamento
com cérebro integrado);
sistema de valores enfatiza
um indivíduo autônomo
numa sociedade
descentralizada com valores
femininos dominantes.
A segunda transição ocorre com a passagem da economia agrícola para a industrial. Na
era do trabalho mecânico, ocasionado pela Revolução Industrial, a contratação do trabalho se
fazia através dos detentores do capital, na qual prevalece a idéia de racionalização pela redução
de custos, estabelecendo-se a nova hierarquia social composta pelos capitalistas, burocratas e
15
trabalhadores. Assim, a organização social e econômica é baseada na propriedade do capital
físico e financeiro. O trabalhador que antes era considerado livre e detentor do conhecimento,
portanto dono de seu tempo perde sua autonomia em relação ao trabalho quando vai para as
fábricas e torna-se mão-de-obra, máquina braçal. As exigências mentais são mínimas.
Taylor antes de tudo, fez uma transferência de poder ao recolher e sistematizar o
conhecimento que antes era do trabalhador. Ao aplicar a divisão do trabalho e ao desenvolver o
método correto, passou o poder à fábrica, que usou em seu benefício essa prerrogativa.
Para o terceiro milênio, vislumbra-se a era do conhecimento, com valorização do capital
intelectual. Com o conhecimento totalmente disseminado e democratizado, colocado a serviço do
homem para a geração da produção, acúmulo de riqueza e para a melhoria de sua qualidade de
vida, realinha-se a imagem do trabalho como castigo e surge a atividade profissional como fonte
de prazer, permitindo que a sociedade se organize em um sistema de parceria onde todos tenham
a possibilidade de ganhar.
Neste sentido, atualmente as relações de trabalho estão mudando, as funções braçais,
rotineiras, pesadas e desgastantes, estão dando lugar a funções e tarefas mais intelectuais, de
tomada de decisão e estratégia de ação. É a chamada “era do capital intelectual”.
Hoje, em função da alta competitividade, mais do que nunca as empresas dependem dos
talentos e do capital intelectual de seus profissionais para poderem enfrentar um ambiente cada
vez mais dinâmico e explorar com sucesso as oportunidades de negócio.
A necessidade do uso da criatividade, da inovação, da flexibilidade, da solução para os
problemas exige cada vez mais a integração do conhecimento. Neste sentido, o papel da
Universidade se faz cada vez mais presente no sentido de preparar estes profissionais para uma
atuação produtiva na sociedade e também para o atendimento das novas exigências do mercado
de trabalho. As necessidades da sociedade também têm sofrido constantes mudanças, solicitando
desses profissionais, soluções criativas e diferentes das conhecidas. Isso significa que “novas
soluções” devem ser buscadas para os “novos problemas”. Assim, o ambiente educacional,
pautado nas relações de ensino-aprendizagem, vem merecendo cada vez mais, maior atenção de
pesquisadores a fim de maximizar o aproveitamento do conhecimento e o desenvolvimento de
habilidades dos formandos. Essas afirmações podem ser reforçadas pelos numerosos artigos que
vêm sendo anualmente publicados no Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia -
16
COBENGE e nas revistas internacionais que tratam da educação superior. Os pesquisadores das
questões do ensino têm discutido suas preocupações e apresentado os resultados obtidos em
diferentes áreas.
Um dos principais papéis da escola não deve ser o de selecionar os melhores, mas sim de
obter o máximo aproveitamento de seus alunos. Desta forma, vários são os autores que estudam a
relação ensino-aprendizagem a fim de otimizar a relação educacional.
Demo (1997) apresenta a idéia de que a aprendizagem, às vezes confundida simplesmente
com o ensino, deve ser vista como um fenômeno reconstrutivo onde a pesquisa representa seu
centro. O objetivo da educação é fazer com que o aluno aprenda por si mesmo, a conquistar a
verdade. Freire (1975) aponta que o aluno, através da educação deve adquirir uma postura crítica
frente à realidade, ter consciência de seu mundo, o que pode ser chamada de “educação
libertadora”. Para isso o simples armazenamento de informações também conhecido como
“educação bancária”, deve deixar de existir. Piaget (1969), em sua teoria aponta que o
pensamento é a base em que se assenta a aprendizagem e a inteligência que se manifesta através
desse processo é um fenômeno biológico condicionado à maturação do organismo. Essa
maturação é proveniente da interação do organismo com seu ambiente visando adaptar-se a ele,
sempre em construção contínua.
Educar, num sentido amplo significa formar cidadãos e cidadãs. Significa avaliar quais as
competências e habilidades que se deverá potencializar para que as pessoas delas façam uso na
superação dos problemas e empecilhos que surgirão em todos os campos de sua vida, seja
pessoal, social ou profissional. Tudo o que o professor faz em sala de aula, por menor que seja,
incide em maior ou menor grau na formação do aluno. A maneira de organizar a aula, o tipo de
incentivos, as expectativas depositadas ou os materiais utilizados.
O beneficiário imediato do processo ensino-aprendizagem sem dúvida é o aluno, mas no
médio e longo prazo é a própria sociedade, que receberá pelos seus préstimos a aplicação de sua
competência.
Neste ponto, é interessante frisar a atuação docente uma vez que podem estar ocorrendo
situações onde o grau de improvisação ou descompromisso é tão grande que gera um
descompasso nos esforços despendidos. Se não há planejamento e preparação, tem lugar a
improvisação, o que não é aceitável no caso. O docente, quanto ao seu comportamento e ao nível
17
das abordagens metodológicas propostas, desempenha um papel fundamental numa educação
funcional para o ambiente e para o desenvolvimento (Colenci 2000).
Desta forma, cabe indagar se a maneira como o professor desenvolve sua aula contempla
diferentes tipos de aprendizagem, uma vez que os alunos não são iguais em sua essência, e que a
nova tecnologia da informação, a Internet, tem permitido acesso fácil às informações. Desse
modo, os professores não poderão apenas transmitir conteúdos bem ou mal estruturados, mas
sim, mudar o foco de sua atuação como educadores, no sentido de orientarem os estudantes a
buscarem por si só os conteúdos através de suas próprias preferências.
Moreira (1986) aponta que o processo de ensino-aprendizagem não é composto apenas
pela figura do professor, ele apresenta mais três variáveis que merecem destacada atenção: o
aluno, o conteúdo e o ambiente educacional, cada um exercendo seu grau de influência
dependendo do contexto. Ao aluno, pode-se associar sua experiência e vivência anterior,
capacidade intelectual, disposição e boa vontade, interesse, condição sócio-econômica,
preferências de aprendizagem. Ao conteúdo se associa sua aplicabilidade prática e sua adequação
à realidade do aluno. À escola se coloca a própria cultura organizacional, ou seja, sua doutrina,
liderança e entendimento da essência do processo.
Assim, a formação do aluno, apesar de limitada por um tempo padrão, normas, regras,
infra-estrutura organizacional, conteúdos pré-determinados e programas a serem cumpridos, é
guiada pela interação professor-aluno que vai dirigir todo o processo educativo, segundo Santos
(2001). Conforme a maneira de interação entre esses dois pólos, a aprendizagem pode ser mais ou
menos facilitada.
Muitos professores ainda têm a visão do aluno, como se este fosse uma tábula rasa, sem
conhecimento e adotam métodos de ensino que acreditam ser o melhor para todos, ignorando o
fato de que estudantes são diferentes na maneira de perceber e processar as informações.
Segundo Kuri (2004), para se pensar em um ensino transformador, que permita a
construção de conhecimentos, é necessário conhecer aspectos não explícitos que interferem no
processo de ensino e aprendizagem e isso, naturalmente, leva à consideração do aluno como
sujeito cognoscitivo quais seus interesses, necessidades e estilo particular de aprender. A partir
dessa compreensão, o professor poderá auxiliá-lo a gerenciar sua própria aprendizagem,
18
instigando-o a construir novos conhecimentos e tornando-o capaz de utilizar ao máximo seus
próprios potenciais.
A forma como o professor ministra suas aulas, sua personalidade, a maneira como
apresenta as informações, os métodos instrucionais e os modos de avaliação utilizados afetam a
forma como os estudantes aprendem de maneiras diferentes, de acordo com as características de
personalidade e de aprendizagem de cada um.
De fato, todo o conhecimento do professor, enriquecido com suas experiências
profissionais de vida e suas convicções e motivações, se apresentam ao aluno na maioria das
vezes de uma única forma: informações. O processo de transformar essas e as inúmeras outras
formas de informações recebidas, de fontes diversas, em conhecimento é uma questão individual
e que se deve unicamente a cada aluno. Esse conhecimento ainda passa por quatro níveis:
ignorância inconsciente (II), ignorância consciente (IC), conhecimento consciente (CC) e
conhecimento inconsciente (CI) segundo Colenci Jr e Padroni (2007) e, somente neste quarto
estágio é que o formando está habilitado em transformar conhecimento em soluções úteis.
Quando se pensa que os alunos têm diferentes personalidades e aprendem de formas
diferentes, é importante que se conheça quais o essas variáveis que afetam a aprendizagem.
Refletir sobre a melhor maneira de ensinar e a forma como variar os métodos educacionais são
formas de se atingir o maior número de estudantes uma vez que o processo de ensino-
aprendizagem será modificado para gerar-lhes melhoria.
Assim, entre muitos autores que estudaram as diferenças individuais na aprendizagem no
sentido de melhor compreendê-las e melhorar a qualidade do processo educacional, serão
exploradas neste trabalho as contribuições de Keirsey (1990), Felder (1988) e Kolb (1984).
Kolb (1984), afirma que uma crença bastante comum no ambiente universitário é a de que
“os alunos aprendem da mesma maneira que o professor” ou “todo bom aluno aprende da mesma
maneira que o professor”. Assim, os alunos que apresentam diferentes estilos de aprendizagem do
professor, acabam sendo rotulados como desatentos e não cooperativos. Indagado por esta
questão e com a ajuda de educadores, Kolb desenvolveu um modelo de aprendizagem vivencial
que fornece um esquema para a compreensão dos estilos de aprendizagem, ou seja, das diferentes
formas como os aprendizes percebem e processam as informações e definiu os pontos finais
19
desses referenciais como “experiência concreta” (sentir) versus “conceituação abstrata” (pensar)
e “observação reflexiva” (observar) versus “experimentação ativa” (fazer).
Assim, os métodos de ensino e a postura do professor podem ter um papel crítico na
formação do aluno. Desta forma, identificar os tipos de personalidade e os estilos de
aprendizagem não dos estudantes como também dos próprios professores é fundamental para
uma melhor adequação do processo ensino-aprendizagem. Também os professores têm diferentes
maneiras de ensinar e utilizam técnicas e recursos de sua preferência. Alguns ressaltam a
importância da compreensão, enquanto outros a aplicação do novo material; outros, ainda,
incentivam os trabalhos individuais; enquanto outros, o trabalho em equipe.
De acordo com Felder e Silverman (1988), o quanto o aluno aprende em sala de aula é
governado, em parte pelas suas habilidades inatas e preparo anterior; e, em parte, pela
compatibilidade entre seu estilo de aprendizagem e o estilo de ensino do professor.
Desta forma, Felder e Silverman (1988), da Universidade Estadual da Carolina do Norte,
apresentaram, no American Institute of Chemical Engineers, uma forma de estudar diferentes
estilos de ensino e aprendizagem abordados no presente trabalho. O modelo de estilos de
aprendizagem desenvolvido por esses autores é de fundamental importância para a capacitação
docente, pois permite ao professor conhecer o perfil de seus alunos e as diferentes preferências de
aprendizagem e assim planejar as atividades instrucionais de forma a motivar e envolver seus
alunos nas tarefas de aprendizagem. Alunos motivados, interessados e valorizados apresentarão
melhor rendimento e assim, os índices de evasão e reprovação passarão a representar números
inexpressivos. Este modelo contém uma dimensão do MBTI de Myers e Briggs (1995), quando
descreve a dimensão sensorial/intuitiva, e contém uma dimensão do modelo de Kolb (1984),
quando aponta a dimensão ativa/reflexiva. Neste contexto, depois de um tempo, Richard Felder
juntamente com Bárbara Soloman desenvolveram em 1991 o Índice de Estilos de Aprendizagem
(Index of Learning Styles - ILS), que determina com base nas respostas às 44 questões nele
contidas, as preferências de aprendizagem relativas a quatro das cinco dimensões propostas, que
serão objeto da revisão da literatura.
Segundo Felder (1988), estudantes têm diferentes estilos de aprendizagem mas a
eficiência em qualquer atividade profissional e também na sociedade exige um bom desempenho
em todas as dimensões de estilos de aprendizagem. Se o professor ensinar apenas da maneira que
20
favoreça o estilo menos preferencial de seus alunos, poderá gerar um nível de desconforto que vai
interferir no rendimento do processo. Por outro lado, se o professor ensinar apenas pela maneira
preferencial dos alunos, eles poderão não desenvolver a destreza mental que necessitam para
enriquecer seu potencial na escola e profissionalmente.
Um dos objetivos da escola seria então o de ensinar os estudantes a desenvolverem suas
habilidades nos estilos de aprendizagem mais preferidos e menos preferidos, o que poderia ser
chamado de ensino ao redor do ciclo de aprendizagem, contemplando todos os estilos.
Além de compreender os estilos de aprendizagem dos estudantes e professores, é
fundamental entender o temperamento de uma pessoa para compreendê-la. Keirsey e Bates
(1990) afirmam que cada pessoa tem um temperamento próprio, ligado ao caráter e a própria
personalidade.
O Classificador de Temperamentos de Keirsey (Keirsey Temperament Sorter),
desenvolvido logo depois do Myers-Briggs Type Indicator - MBTI, de Myers e Briggs, fornece
uma estrutura para identificar as tendências naturais do comportamento humano. Baseado na
teoria psicológica de Jung, o instrumento criado por Keirsey e Bates procura definir como as
pessoas conscientemente preferem atender ao mundo, de acordo com seu temperamento. Estudos
demonstram que o tipo psicológico afeta a maneira como as pessoas ensinam e aprendem.
Considerando que o perfil dos estudantes tanto para atender a sociedade como o mercado
de trabalho tem mudado, e que a cada momento se percebe que a relação ensino-aprendizagem
tem interferido nos resultados é de fundamental importância estudar as teorias de aprendizagem e
os resultados que elas podem oferecer para favorecer a aprendizagem.
Neste contexto, a proposta deste trabalho é verificar as contribuições que os modelos dos
estilos de aprendizagem podem trazer para o bom desempenho das instituições superiores de
tecnologia uma vez que o conhecimento e a compreensão das diferentes preferências de
personalidade e aprendizagem podem contribuir para explicar o porquê da satisfação ou
insatisfação dos alunos quanto à prática docente em alguns cursos ou disciplinas, influindo nos
resultados institucionais.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi escolhida a Faculdade de Tecnologia de
Taquaritinga, instituição pública e de ensino gratuito, representativa do esforço governamental de
se difundir competências regionalmente. Trata-se de instituição com forte relevância social pela
21
sua atuação na educação superior tecnológica e representa para muitos jovens a única
oportunidade de formação em grau superior.
1.1
Delimitação do Tema e Formulação do Problema
Conforme salienta Mello (1998), a educação tem ocupado lugar central nas estratégias de
desenvolvimento dos países, seja em função do impacto tecnológico sobre a organização do
trabalho, seja em função das novas formas de cidadania. No Brasil esta afirmação pode
claramente ser reforçada pela criação e instalação de novas faculdades e universidades.
Disponibilizar novas vagas pode significar apenas uma mudança quantitativa sem, no entanto,
significar ensino de qualidade. Preocupadas com a melhoria da qualidade do ensino pautada nas
relações ensino-aprendizagem as universidades e faculdades têm se envolvido em muitos
programas e estudos objetivando alcançar eficiência e eficácia educacional. O próprio governo
brasileiro tem sido fortemente cobrado de resultados mais relevantes, numa comparação nacional
e internacional.
Esta preocupação se faz presente nas FATEC’s Faculdades de Tecnologia, que têm
sofrido uma grande expansão nos últimos anos em função de políticas de inclusão social mais de
que alinhamento estratégico. As FATEC’s, administradas pelo Centro de Educação Tecnológica
Paula Souza (CEETEPS) têm pautado suas ações na constante preocupação de melhorar, de
maneira qualitativa, a educação no que se refere às relações ensino-aprendizagem, aos conteúdos
educacionais e à própria infra-estrutura. Assim, foi implantado o SAI - Sistema de Avaliação
Institucional. Este apresenta indicadores gerais da faculdade e dos cursos, permitindo uma
comparação do desempenho de cada unidade ao longo dos anos e com valores médios do
CEETEPS. Estes indicadores podem nortear reflexões sobre possíveis mudanças de rotas, ou o
fortalecimento de procedimentos que contribuem com a melhoria da qualidade, definindo as
ações necessárias para tal. Assim, o SAI tem apresentado resultados que ainda refletem
fortemente uma insatisfação dos alunos quanto às práticas docentes em algumas disciplinas,
principalmente as de alto índice de reprovação.
Bordenave e Pereira (1983), ao ouvirem as insatisfações de alguns professores relataram
que eles têm uma boa percepção da distância entre o ensino ideal e o atual. A crítica mais comum
dos professores é a falta de participação quando estes fazem perguntas em sala de aula.
22
Dib (1994) salienta que as críticas ao modelo tradicional de ensino crescem a cada dia
devido à sua limitada adequação às necessidades dos alunos e da sociedade. O processo de ensino
é massificado, tratando a todos como iguais.
Assim, identificar os tipos de personalidade e os estilos de aprendizagem dos estudantes é
fundamental para que o processo de ensino e aprendizagem seja eficiente. Reconhecer a
discrepância entre as preferências individuais de aprendizagem dos estudantes, que podem ser
diferentes e muitas vezes incompatíveis com o método de ensino utilizado pelo professor, pode
ter um papel crítico no processo educacional e nas melhorias que possam advir.
Cada ser humano possui sua maneira de assimilar e processar as informações. Uns têm
mais facilidade com teorias, outros gostam de trabalhos práticos; ou ainda uns gostam mais de
informações visuais, tais como gráficos e desenhos; outros preferem as explicações faladas e
escritas.
O mapeamento dos estilos de aprendizagem tem sido uma ferramenta valiosa para
docentes, que passam a compreender a forma de aprendizado de seus alunos e até mesmo para
estudantes, no sentido de analisarem suas preferências de aprendizagem e perceberem possíveis
estratégias.
Vários trabalhos têm sido desenvolvidos com o objetivo de mapear os estilos de
aprendizagem dos alunos e professores, e sua aplicação nas proposições de melhorias do processo
de ensino-aprendizagem. Wolk e Nicolai (1997) compararam os estilos de professores e alunos
de um curso de contabilidade. Felder (1993) analisou a aplicação dos questionários por diversas
vezes nos alunos de engenharia química com o propósito de observar melhoria de desempenho.
Kuri (2004) avaliou como o ensino de engenharia pode se beneficiar do reconhecimento de
diferentes estilos de aprendizagem entre os alunos. Terrell (2000) fez uma investigação sobre o
efeito dos estilos de aprendizagem em estudantes de sucesso na aprendizagem on-line.
Belhot (1997) aponta que estas diferentes maneiras de ser, compostas pelas características
que compõem o perfil do aluno com relação à motivação por aprender definem os chamados
estilos de aprendizagem. Ter acesso a estas informações é fundamental, pois auxiliam no
processo de conhecimento pessoal e no estabelecimento de estratégias adequadas propulsoras da
motivação educacional.
23
Levando em consideração que os alunos apresentam formas diferenciadas de ser e de
aprender e, que também os professores têm suas próprias preferências de personalidade e de
ensino, a proposta do presente estudo é analisar a relação professor-aluno quanto a seus
desempenhos baseando-se nas abordagens conceituais e estudos sobre o tema, com a finalidade
de propor ações de melhoria para a instituição, para os professores e também para os alunos.
Para a instituição, as melhorias poderão ser feitas através de uma reformulação curricular,
da proposição de novas estratégias de ensino-aprendizagem, da criação de um programa de
capacitação docente e da ação multidisciplinar e integradora de conteúdos para todas as unidades.
Para os professores, essas ações de melhoria poderão estar ligadas ao auto-conhecimento,
conhecimento dos estilos de aprendizagem de seus alunos e, desenvolvimento de novas
estratégias de ensino.
Para os alunos, as melhorias estarão evidentes com a melhoria da qualidade da
aprendizagem uma vez que o professor irá preparar as aulas escolhendo metodologias adequadas,
de acordo com as preferências dos estudantes e estes, através do auto-conhecimento poderão estar
aptos a envolverem-se mais ativamente com as atividades em sala de aula e também fora dela,
melhorando o aprendizado, aproximando-se dos objetivos pedagógicos de atingir adequadamente
o perfil profissional projetado.
Deve ficar claro que as formas diferenciadas de aprender dos estudantes e de ensinar dos
professores não se explicam apenas pelas diferenças entre estilos de aprendizagem e estilos de
ensino. Segundo Kuri (2004), traços de personalidade, tipo de temperamento, caráter e muitas
outras questões tais como conhecimentos anteriores, experiências de vida, metas pessoais, fatores
sociais e culturais também interferem no processo de aprendizagem e desenvolvimento dos
indivíduos. As diferenças individuais são muitas e podem ser tratadas e analisadas de variadas
formas. No presente estudo, tanto as diferenças de tipos de personalidade quanto de estilos de
aprendizagem serão utilizadas como ferramentas de investigação, pois se tem como pressuposto
que utilizando-se as duas abordagens a análise do indivíduo ficará mais completa no sentido de
auxiliar o professor na individualização da aprendizagem e no planejamento do ensino de forma a
beneficiar todos os tipos.
Nesse sentido e tendo como principal elemento a busca pela melhoria do desempenho
acadêmico, o problema de pesquisa se caracteriza por investigar se existe relação entre os estilos
24
de aprendizagem e o índice de reprovação em disciplinas. Para tanto algumas questões devem ser
examinadas:
- Há incompatibilidade entre estilos de aprendizagem de alunos e estilos de
ensino dos docentes?
- A incompatibilidade de estilos interfere no processo de aprendizagem e
conseqüentemente no índice de reprovação da disciplina?
- As preferências de personalidade e de aprendizagem podem estar interferindo
na escolha das estratégias, métodos e técnicas de ensino usadas pelo docente?
1.2
Objetivos do Trabalho
Dado que tanto os professores como os alunos apresentam estilos preferidos de
aprendizagem e diferentes tipos de personalidade que podem interferir diretamente sobre o
processo de ensino-aprendizagem, o presente trabalho tem por objetivos:
1) Mapear os tipos de personalidade, os estilos de aprendizagem e os estilos de
ensino predominantes em alunos e professores dos cursos de Tecnologia em
Produção Industrial e Tecnologia em Processamento de Dados da Faculdade de
Tecnologia de Taquaritinga – FATEC;
2) Comparar os tipos e estilos identificados relacionando-os com a(s) disciplina(s)
que apresenta(m) maior índice de reprovação utilizando-se o SAI e um relatório
técnico interno como base de referência;
3) A partir da análise dos resultados obtidos, fazer uma investigação adicional
mais aprofundada junto ao(s) professor(es) da(s) disciplina(s) que apresenta(m)
maior índice de reprovação aplicando o inventário de Kolb; e
25
4)
Usar a estratégia de “Ensinar ao redor do Ciclo (Kolb)” para propor ações de
melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem em função da análise dos
resultados obtidos nesta pesquisa.
Para atingir esses objetivos, as seguintes hipóteses de pesquisa serão examinadas através
de análise quantitativa e qualitativa:
Hipótese 1: A incompatibilidade de estilos de aprendizagem e das características de
personalidade dos alunos é indicativo de altos índices de reprovação;
Hipótese 2: A incompatibilidade de estilos de aprendizagem e características de
personalidade entre o professor e os alunos contribui para o insucesso dos alunos e a insatisfação
do professor;
Hipótese 3: A estratégia de “Ensinar ao redor do Ciclo” pode fornecer subsídios para
minimizar problemas ocasionados pela incompatibilidade de tipos e estilos nas disciplinas
“problema”.
1.3
Método
Com base pesquisa bibliográfica realizada sobre os estilos de aprendizagem e os tipos
psicológicos e partindo-se do pressuposto que a aprendizagem em sala de aula é afetada pelos
estilos de seus professores e alunos (preferências por ensinar e por aprender), o presente estudo
investiga tais suposições. Para isso, seguiu-se o esquema para pesquisas qualitativas exposto na
Figura 2, a seguir.
O estudo de caso foi realizado em uma Faculdade de Tecnologia do interior do Estado de
São Paulo, a FATEC. A amostra foi composta por alunos e professores do curso de Tecnologia
em Processamento de Dados e do curso de Tecnologia em Produção Industrial do período
matutino, do semestre ao semestre. O tempo para a realização da coleta de dados dos estilos
de aprendizagem e do classificador de temperamentos dos professores e alunos foi de um ano.
Uma vez que a legitimidade da análise estatística está associada com a quantidade e
qualidade dos dados disponíveis, utilizou-se um Banco de Dados, desenvolvido pelo grupo de
pesquisa Aprende do Departamento de Engenharia de Produção EESC-USP
26
(http://www.prod.eesc.usp.br/aprende) para facilitar a coleta de dados dos estilos de
aprendizagem dos sujeitos. O acesso ao site é feito da seguinte forma: o aluno ou professor
pesquisado entra no site, preenche uma página com seus dados pessoais e recebe instruções de
procedimento. Em seguida preenche o classificador de temperamentos de Keirsey e Bates e o
Índice de Estilos de Aprendizagem (ILS) de Felder e Soloman, qualquer um deles em primeiro
lugar, mas necessariamente os dois. Após a finalização, o respondente recebe via e-mail o
resultado de seu perfil e seus dados ficam registrados no banco de dados.
Estes dados foram utilizados para a realização desta e de futuras pesquisas.
A coleta de dados conforme exposto, foi feita através de dois instrumentos: o Índice de
Estilos de Aprendizagem (Index Learning Styles ILS) de Felder e Soloman (1991); e o
Classificador de Temperamentos (Keirsey Temperament Sort) de Keirsey e Bates (1990). Além
desses instrumentos o SAI, (Sistema de Avaliação Institucional SAI) da FATEC e um relatório
técnico produzido por Primo (2005), foram utilizados neste trabalho para acompanhar o processo
de avaliação das disciplinas que mais reprovam no curso. Num primeiro momento foi aplicado o
ILS em cada participante. A coleta foi feita via internet, por acesso individual e direto ao banco
de dados que contém os questionários e respectivas avaliações, na língua portuguesa e em inglês,
já que se trata de um projeto realizado em conjunto com a Universidade do Texas – EUA.
Em princípio foram escolhidos estes inventários por terem, os autores, oferecido grandes
contribuições nas teorias de aprendizagem e por terem seu uso sido autorizado pelos respectivos
autores sem custo e traduzidos para o português por Marcius Giorgetti e Nidia Pavan Kuri. O
inventário de Felder e Soloman (1991) classifica os estudantes da forma como percebem e
processam as informações e o inventário de Keirsey e Bates (1990) atua como um classificador
de temperamentos, ou seja, define a personalidade de cada um. Desta forma são inventários que
se complementam, pois um identifica as preferências de aprendizagem e o outro, os traços de
personalidade.
27
Figura 1 – Esquema de referências para pesquisas qualitativas
A pesquisa de campo constou de três partes. A primeira consistiu em verificar qual a
distribuição dos estilos de aprendizagem nos cursos em questão, tanto dos alunos quanto de seus
professores, com o propósito de permitir comparações e análise. Em seguida, após esta análise,
28
foi utilizado o Sistema de Avaliação Institucional SAI e o relatório técnico dos diários das
disciplinas produzido por Primo (2005) para identificar ao longo dos anos e nos respectivos
cursos, as disciplinas que apresentam maior índice de reprovação. Dessa relação foi escolhida a
disciplina com maior índice de reprovação. Escolhida a disciplina para análise e identificando o
professor responsável por ela, utilizou-se de forma a complementar a investigação, o inventário
de Kolb (1994) no sentido de situar o professor no modelo de aprendizagem vivencial, ou seja, de
verificar a forma como o professor prefere ensinar na tentativa de complementar a explicação dos
estilos como elemento de baixo aproveitamento de aprendizagem, além disso, foi realizada
complementarmente uma entrevista com o docente para triangular dados e obter informações
adicionais (como pensa, como vê e como atua na disciplina).
1.3.1 Seleção dos Participantes
A coleta de dados foi realizada na Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga - FATEC
São Paulo, nos laboratórios de informática.
Foram selecionados aproximadamente 150 alunos do Curso Superior de Tecnologia de
Produção Industrial do período matutino do semestre ao semestre, e aproximadamente 150
alunos do Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, do período vespertino, do
semestre ao semestre, o que um total de aproximadamente 300 alunos. Os professores de
ambos os cursos, num total de aproximadamente 40, foram convidados a participar da pesquisa.
A amostra foi assim definida para garantir uma significativa representação de professores e de
estudantes nos diferentes períodos da graduação e nos diferentes cursos oferecidos.
1.3.2 Coleta de Dados
A coleta de dados foi feita primeiramente através do SAI (Sistema de Avaliação
Institucional) e do relatório técnico produzido por Primo (2005) e de entrevistas com os
coordenadores dos cursos para verificar qual a disciplina que estava apresentando altos índices de
reprovação e de evasão, além de reclamações por parte dos alunos e dos professores. Depois de
verificada a disciplina em questão, outros dois instrumentos foram utilizados: o inventário dos
Estilos de Aprendizagem de Felder e Soloman (1991) e o Classificador de Temperamentos de
Keirsey e Bates (1990).
29
Num primeiro momento foi aplicado o questionário dos estilos de aprendizagem a cada
participante. A coleta foi feita via internet na presença da pesquisadora. Após a coleta e análise
dos dados, verificou-se a distribuição dos estilos em cada turma, qual o estilo de seus professores
e em seguida, verificou-se os dados das avaliações institucionais para a seleção de uma ou mais
disciplinas com alto índice de reprovação e rejeição para estudo complementar através do
inventário de Kolb (1984).
1.3.3 Análise dos Dados
Após a coleta dos dados referentes aos estilos de aprendizagem e da composição das
dimensões preferenciais do estilo predominante em cada turma e professores, os resultados foram
comparados com os dados da avaliação institucional.
A análise constou de duas partes. A primeira, estatística, baseada na análise dos resultados
de cada turma, dividindo seus membros, nos diferentes tipos de estilos de aprendizagem, assim
como os dados dos professores. Em seguida foi feita uma análise de caráter qualitativo dos
resultados.
Como a pesquisa é qualitativa e de natureza exploratória, novos dados ao longo da
pesquisa foram surgindo. A Figura 1, apresentada, ilustra a inter-relação entre as fases de
planejamento e de execução da pesquisa. Na pesquisa qualitativa há uma sobreposição entre essas
fases, fazendo com que o objetivo possa e deva ser revisto à luz de novas evidências coletadas.
1.4
Estruturação da tese
Para alcançar os objetivos propostos, a tese está dividida em cinco capítulos. O conteúdo
deles é dado a seguir.
O capítulo 1, que é este, faz a introdução do assunto, apresenta os objetivos, as
justificativas, hipóteses e metodologia para a realização do trabalho.
O capítulo 2 contextualiza a Instituição FATEC, escolhida para a aplicação prática,
trazendo um histórico de sua existência e dados quantificados, além de uma discussão sobre o
Ensino Superior Tecnológico.
30
O capítulo 3 discorre sobre a sociedade do conhecimento e as novas exigências
apresentando um panorama que engloba competências, habilidades e a construção de um novo
paradigma, além de traçar um panorama da relação professor-aluno.
O capítulo 4 apresenta uma revisão acerca dos estilos de aprendizagem e seus quatro
principais modelos frisando o modelo proposto por Richard Felder e Bárbara Soloman (1991) que
será utilizado no trabalho.
O capítulo 5 demonstra os resultados da pesquisa aplicada e, finalmente
O capítulo 6 aponta as considerações finais do trabalho e discute a respeito de
possibilidade de novas investigações.
2 A EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA NO BRASIL
2.1
Introdução
Dadas às circunstâncias de instalação do processo de industrialização no Brasil, as
políticas educacionais claramente não se alinham como não se alinharam desde o início ao
desenvolvimento estratégico nacional e conseqüentemente passaram a produzir resultados
caracterizados pela pouca objetividade, grande dispersão, elevados custos e de efeitos tardios e
pouco significativos, frente às demandas sociais e mercadológicas. O próprio Estado atuando em
condições subalternas por não dominar os fatores estratégicos, tais como capital, conhecimento
(know how e know why) e empreendedorismo (liderança para o processo empresarial), segundo
Colenci Jr (1992) não define com soberania o seu destino e não o fazendo, compromete os
esforços estratégicos por impossibilidade de definir e otimizar políticas públicas e os programas
decorrentes em Educação, Ciência e Tecnologia, Indústria, Saúde, entre outras dimensões. Assim,
à deriva, os esforços se dispersam e os resultados mais relevantes passam a serem percebidos
apenas pontualmente e não como um movimento desenvolvimentista harmônico, integrado e
direcionado para objetivos pré-estabelecidos e de interesse nacional.
Com foco no ambiente educacional e por força da forte dispersão constatada, as
indefinições se propagam em várias direções simultaneamente:
Dificuldade de conceituação entre educação profissional e educação superior tecnológica;
Dificuldade de se estabelecer prioridades de atendimento de demandas nos diferentes
níveis de ensino: fundamental, médio, superior e profissional e baixa integração entre esses
níveis, como também entre o ensino superior acadêmico e o ensino superior tecnológico, este,
marginalizado;
Dificuldade de se alinhar ciência, tecnologia e inovação com a educação superior
tecnológica e com os mecanismos de fomento;
Inexistência de programas de formação e de atualização da docência superior tecnológica,
a partir de adequadas contextualizações metodológicas.
32
Estes aspectos serão apresentados neste capítulo, dentro de uma visão histórica, crítica e
propositiva.
2.2
A Entrada na Segunda Onda
Durante o governo Juscelino Kubitschek (1955-1960), o mundo desenvolvido focalizou as
potenciais oportunidades do mercado brasileiro e assim, passou a investir no Brasil, dentro dos
critérios da racionalidade empresarial capitalista que considera a garantia dos investimentos, o
baixo risco e a otimização assegurada de retorno.
Nesse sentido, encontrou na figura presidencialista de JK um forte aliado, que não
dispondo de melhor alternativa, criou e manteve as condições exigidas, podendo assim acolher os
novos investimentos nos setores de energia, petroquímica, transporte rodoviário, aço e na
produção de bens de capital e de consumo.
Segundo Colenci Jr. & Guerrini apud Cavalcanti 2007, a industrialização trouxe consigo
marcantes implicações na cultura empresarial, uma vez que, à época, não se dispunha dos fatores
essenciais para a implementação, no tempo desejado, de um novo parque industrial, capaz de
transformar o país, de uma enorme fazenda em uma emergente potência mundial.
Assim, segundo Colenci Jr. (2007) sem contar com os fatores capital, conhecimento e
liderança empresarial, o Brasil se viu condicionado a adquirir tecnologias em sua maioria
obsoletas em seus países de origem, remunerando-as como novas e competitivas, ou seja,
superfaturando-as, além de oferecer todas as garantias e proteções mercadológicas. Esse fato de
origem fortalece o futuro competidor capitalizando-o indevidamente ao remunerar o obsoleto
como novo e ao se lançar no mercado oferecendo soluções tecnológicas defasadas, para uma
competição direta com a oferta atualizada das fábricas do Primeiro Mundo. Mais que isso, fortes
barreiras de entrada passam a inibir ações empreendedoras locais, mal estruturadas, para
enfrentar as pressões desse mercado.
Demonstrando assim certa ingenuidade política, esperava-se, como foi propagado, atingir-
se um crescimento da economia e sua subseqüente redistribuição social, o que não ocorreu,
dando-se o inverso, pois a concentração do poder econômico se fez acompanhar da concentração
do poder político com distribuição heterogênea e grande crescimento no número de excluídos.
33
O processo de industrialização recente no Brasil não nasce das Universidades e dos
Institutos de Pesquisa através de concepções tecnológicas apropriadas ao interesse nacional.
Segundo Colenci Jr. (2007), surge tardiamente de soluções tecnológicas obsoletas
disponibilizadas pelos países industrializados através das matrizes das empresas multinacionais.
De fato, ainda segundo Colenci Jr (2007), o Arranjo Produtivo do Conhecimento em Ciência e
Tecnologia, constituído de instituições e seus agentes, no caso brasileiro, acha-se inconcluso,
com poucas intervenções construtivas entre si, num inter-relacionamento quase estanque e com
forte dispersão.
Os movimentos inovadores ao longo desse arranjo produtivo, via de regra, assim se
caracterizam:
1. De fato o papel das universidades e dos institutos de pesquisa apresenta-se mal delineado,
com desempenho preponderante de formação de pessoas, para o exercício profissional
num ambiente de execução e de manutenção de um status quo”, estrategicamente
definido nos países de origem. As matrizes internacionais corporativas dialogam com as
universidades e institutos no exterior e definem suas ações e soluções, transferindo-as
para o mercado brasileiro, na medida de seu interesse;
2. Inversamente, dada à falta de integração das instituições e de seus agentes, na cadeia
produtiva do conhecimento, as inovações produtivas são absorvidas pelas filiais
brasileiras e incorporadas, após a aprovação da matriz internacional, que passa a aplicá-
las mundialmente. São inovações produtivas graduais e em grande volume, mas que se
desenvolvem sem o prestígio da propriedade intelectual, local;
3. Pesquisa na universidade e nos institutos de pesquisa têm, principalmente, um significado
de absorção, digestão e domínio de um conhecimento disponível que passa a ser
difundido, com certa antecipação. Pouco se faz em concepção e criação, a ponto de não se
ter destaque para inovações de ruptura, sistematicamente desenvolvidas para produção de
34
royalties à universidade geradora e ao País. De fato, não uma contabilização sistêmica
desses resultados;
4. Nesse ambiente de dispersão, mostra-se ingênua a insistente cobrança dos organismos
superiores de regulamentação da produção acadêmica, de publicações relevantes, uma vez
que a publicação passa a representar a disponibilização gratuita dos resultados de
pesquisas sem a sua conseqüente incorporação produtiva, ou seja, disponibiliza-se o
resultado de esforços e dos custos de pesquisa sem se obterem resultados social e
economicamente produtivos do país. Fato que o ocorre no mundo desenvolvido. Cabe,
assim uma revisão e uma sistematização desse procedimento no sentido de se proteger o
conhecimento aqui gerado, antes de sua livre difusão.
5. Baixa integração e pouca ou nenhuma intercomunicação entre instituições, entre
instituições e empresas e entre empresas e empresas conforme salienta Perussi (2006).
6. Dificuldade de rápida implementação de soluções de interesse nacional. Cabe citar o
Programa Pró-Álcool, iniciado nos anos setenta e ainda não plenamente consolidado.
Enfim, o alinhamento estratégico permitirá diagnosticar e solucionar tais inter-relações
para objetivos de interesse nacional, o que repercutirá diretamente na Política Educacional,
principalmente na Educação Superior Tecnológica e nos Programas de Sustentação.
WERTHEIN E BUARQUE (1999) afirmam que:
“É certo que a universidade brasileira, desde os seus primórdios, nos
anos vinte e trinta do culo XX, luta incessantemente para ampliar
sua relevância pública e construir sua identidade. E não quem isso
não possa reconhecer. São inúmeros seus feitos para a ciência e para
a sociedade. Sempre pautou sua conduta com responsabilidade,
35
competência e ética científica. É certo que, nessa luta, ela se apoiou
em modelos estrangeiros. E nem poderia ter sido diferente, pois a
Universidade no Brasil comparativamente às de outros países das
Américas e da Europa, surgiu tardiamente. Em que pese isso, ela
avançou tanto do ponto de vista científico quanto do social. O Brasil
possui hoje, excelentes centros de ensino e de pós-graduação e a
extensão de serviços à comunidade amplia de forma crescente e
promissora. Credenciou-se e amadureceu para dar um salto de
qualidade e relevância”.
Mais além:
“Em que pese, esses avanços, os conhecimentos e saberes gerados
pela universidade continuam restritos, via de regra, aos segmentos
mais privilegiados da população, não por sua culpa, mas antes,
devido a modelos excludentes de desenvolvimento que sonegam às
camadas mais pobres a educação e os conhecimentos necessários à
sua emancipação”.
O desenvolvimento de uma nação pode ser explicado pelo nível de educação dado ao
povo e também à tecnologia empregada que é produto da universidade. Assim, é fundamental que
se pense a universidade, não de maneira isolada e sim estrategicamente no sentido de luta pela
cidadania.
Em conseqüência, a ineficiência de atuação estratégica dos institutos e dos principais
agentes dos arranjos produtivos, que deveria alimentar e manter todos os demais dando-lhes
suporte na geração e difusão de soluções tecnológicas inovadoras e produtivas faz-se com forte
dispersão e sem foco no alinhamento estratégico.
36
Adicionalmente, ao se buscar as tendências evolutivas deste processo de industrialização,
iniciado com cerca de cinqüenta anos de atraso, feito às avessas da produção para a engenharia
e com foco preponderantemente na produção e apenas hoje em dia, com visão integradora da
produção, distribuição, consumo e reintegração ambiental, se percebem sinais de profundas
mudanças em determinados setores como produção de bens de capital, de consumo durável e de
consumo, no interesse do capital internacional, migrando para a Ásia, preponderantemente para a
China. Deverão prevalecer no Brasil os setores que demandam fatores estratégicos indispensáveis
como energia, clima, solo, água, mão-de-obra intensiva, cabendo ao país acolher o ônus do
descarte ambiental, o que significa prestigiar as atividades da economia primária e enfraquecer a
indústria, fortalecendo-se a Logística e Distribuição de bens e serviços. Mas que a indústria em
si, deve-se focalizar o negócio onde a indústria se insere, não isoladamente, mas em um arranjo
produtivo ou em uma cadeia produtiva e isso muda o foco de formação superior tecnológica.
Se à época da industrialização ocorrida nos países desenvolvidos, ocorreu forte
condicionamento restritivo por falta de competência tecnológica e pelo fato desses países
disporem de fontes de energia e de matérias primas, hoje em dia, dois movimentos se verificam:
- Os países desenvolvidos evoluíram seu foco para a produção do conhecimento (a Terceira
Onda), concentrando-se na oferta de soluções tecnológicas inovadoras e produtivas e,
através dela, garantindo seu sucesso pela dependência tecnológica e econômica, o que
lhes proporciona a supremacia, também política;
- Os países asiáticos, ingressantes na era industrial, altamente dependentes de matérias
primas brasileiras, que garantem ao Brasil pautas significativas de exportação, mas em
setores primários e não condizentes ao desenvolvimento.
Como se vê, esse flutuar aleatório repercute nas definições doutrinárias do Estado
brasileiro e impede de se estabelecerem respostas às questões estratégicas: O que somos? O que
queremos ser? Como chegar lá? Com que? Em quanto tempo? Em que condições? Do que se
dispõe?
37
Sem discussão destes aspectos fundamentais, o processo educacional acha-se submetido a
um tratamento inadequado, ficando impossibilitado de responder às seguintes questões: Educar
quem? Para que? Como? Com que? Em quanto tempo?
Fica clara a indissociabilidade do planejamento estratégico nacional com o
estabelecimento das políticas públicas condizentes ao desenvolvimento do país.
De fato, sem que se atinja plenamente o domínio do processo de industrialização e de
desenvolvimento convivendo ainda com uma forte atuação no setor primário da economia, se
tem evidências de um enorme passivo herdado desse movimento e de sua migração para o
mercado asiático. Concomitantemente surgem significativos esforços para a entrada na Era do
Conhecimento, com atuação marcada pelas Tecnologias da Informação, de Serviços e Operações
e de Logística com desdobramentos em todas as áreas de atuação funcional: Saúde, Transporte,
Produção, Distribuição, Finanças, Educação, etc. A monitoração prospectiva desse movimento e
sua incorporação nas políticas públicas deve merecer um tratamento sistêmico e no tempo certo,
sob risco de se agravar o atual gap em tecnologia e gestão.
Os principais pesquisadores de estratégias sustentáveis para a competitividade global
ressaltam ser indispensável estabeleceram-se estratégias de atuação. Slack (1993) refere-se aos
parâmetros: qualidade, custo, inovação, flexibilidade e pontualidade. Kaplan e Norton (1997)
referem-se às perspectivas: econômica, do cliente, da inovação e dos processos internos de
aprendizagem organizacional. A essas perspectivas cabe adicionar a Social e a Ambiental,
proposta por Colenci Jr e Yashitake (2001). Reforça-se ainda a necessidade de estarem alinhados:
capital, conhecimento e empreendedorismo, com auto-sustentação e usando estratégias de ão,
segundo Colenci Jr (2004). Sachs (2000) coloca a necessidade de se estabelecer a
competitividade sistêmica integrando-se os níveis de competência empresarial, setorial e
estrutural, o que amplia consideravelmente o foco de atuação funcional dos gestores.
Um pergunta fundamental neste aspecto é saber se a educação tem produzido resultados
capazes de colocar o Brasil à frente da tecnologia de ponta entre os principais deres de mercado
ou se tem servido para perpetuar a condição de dependência econômica.
O processo educacional não pode se afastar dos objetivos nacionais e não deve ser tratado
de forma isolada. Deve existir um alinhamento estratégico, principalmente no que diz respeito à
formação superior tecnológica. Mais que nunca se faz necessária à integração do mundo
38
acadêmico com o mundo mercadológico e com as tecnologias de ponta, ou seja, o mundo
acadêmico pesquisando e concebendo soluções e o ambiente tecnológico difundindo e aplicando
esse conhecimento, produtivamente.
2.3
A Educação Superior Tecnológica
A expressão Educação Superior Tecnológica, não apresenta consenso quanto ao seu
significado uma vez que, segundo Grinspun (1994) pode-se direcionar o conceito tanto para os
aspectos inerentes à educação e ao ensino técnico como também pode referir-se aos mecanismos
e processos advindos do desenvolvimento científico e tecnológico.
Mas conforme salienta Colenci Jr. (2004),
“Constitui-se a Educação Superior Tecnológica um dos mais
importantes capítulos da grande obra organizacional de uma nação que
pretende ser estrategicamente competitiva”.
A Educação Superior Tecnológica está localizada em duas áreas de formação superior,
conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação LDB 9394/96: na educação formal e
acadêmica, sujeita as normas e procedimentos administrados pelo SESU/MEC, de natureza
predominantemente acadêmica, congregando as áreas tradicionais de Ciências Exatas, Humanas e
Sociais, na formação profissional de engenheiros, matemáticos, físicos, químicos, enfim, de
bacharéis, condizente, portanto aos cursos de graduação, cujo entendimento é aceito e está
consolidado na cultura geral da população. Está também paradoxalmente contida no capítulo da
Educação Profissional, de natureza eminentemente técnica, entendida como Educação
Complementar, condizente ao diploma de Tecnólogo, àquele que obtiver formação de graduação
em Cursos Superiores de Tecnologia.
Pode-se verificar, portanto, numa ampla abordagem, que a formação de profissionais
voltados para uma atuação tecnológica pode se dar nos consolidados e tradicionais cursos
acadêmicos de graduação como também em cursos superiores de graduação em tecnologia,
obedecidas suas especificidades, conforme Colenci Jr. (2004).
39
Aqui reside talvez a mais grave das confusões conceituais aplicadas no tratamento da
Educação Superior Tecnológica, gerada pelo pouco entendimento da importância estratégica de
sua atuação no desenvolvimento nacional. Em decorrência, a Educação Superior Tecnológica é
confundida com outro importante capítulo que é o da Educação Profissional e passa a merecer
tratamento discriminatório na gestão do processo educacional acadêmico e na gestão do
desenvolvimento.
Afinal, o que é o Tecnólogo? O que o diferencia do Bacharel? O que o diferencia do
Técnico? Qual o seu perfil profissiográfico?
Com a preocupação de melhor esclarecer essas questões é preciso fazer um retrospecto
sobre a educação profissional no Brasil, como será apresentado a seguir:
2.4
A Educação Profissional no Brasil (perspectiva histórica)
Historicamente, as relações da aristocracia com o trabalho, sempre se mostraram
controversiais. A realização do trabalho sempre esteve afeita a aspectos degradantes e de
importância secundária, garantindo-se desde o início dos tempos aos senhores da terra a maior
relevância. O enfraquecimento da aristocracia, o surgimento da burguesia, a Revolução
Industrial, a advinda Terceira Onda, provocaram mudanças do fato, gerador de poder para algo
abstrato: o conhecimento, mais que o patrimônio físico e este situa-se nas pessoas
individualmente ou em equipes de pessoas organizadas para o alcance de fins específicos. Assim,
novos modelos de gestão e de geração e domínio de informações que levam ao conhecimento, de
relações sociais e de modelos de distribuição social e de riquezas representam as urgentes
demandas a exigir mudanças nas formas de organização político-econômico e social.
Sem grande risco, pode-se afirmar que o equilíbrio do mundo está ameaçado pela
iminência de uma ruptura das atuais práticas que polarizam o poder econômico e o poder político
para poucos e distribuem pobreza e alienação para muitos, excluindo-os da população
economicamente ativa e da cidadania, além de ameaçar o equilíbrio ambiental, segundo Kurz
(1992) e Colenci Jr. (2004).
40
2.4.1 Os primórdios da Educação Profissional no Brasil
A formação de pessoas para o exercício de atividades profissionais voltadas para a
execução de tarefas teve como alvo as chamadas classes menos favorecidas, marcando
fortemente a distinção entre os detentores do saber e do poder e os executores do trabalho.
Aos primeiros detentores do saber e do poder era reservada a educação formal, acadêmica
e aos “desvalidos da sorte”, segundo Matias (2004), a formação para o trabalho.
Conforme salienta Brasil (2001), essa visão que é resultante do processo histórico de
formação da sociedade brasileira foi fortalecida desde o início pelo exercício da escravidão em
conceitos polarizadores que se estenderam até hoje que embora difusos ainda predominam
culturalmente.
A ação jesuítica sobre os indígenas, representa fortemente o desejo dos detentores do
saber e do poder de se desincumbir das tarefas mais árduas. Até o final do século XVIII a
Educação Profissional não se constituía numa necessidade a ser desenvolvida formalmente, pois
era uma habilidade a ser transmitida pessoa a pessoa, no aprender fazendo, muitas vezes em
ambientes de engenho e casas de ofícios artesanais. No culo XIX com o enfraquecimento da
agricultura, surgem manifestações de interesses externos pelo desenvolvimento de pequenas
indústrias no país, segundo Silva (1991).
A vinda da família real para o Brasil, propiciou a criação do Colégio das Fábricas, em
1809, por meio de um decreto do Príncipe Regente futuro D. João VI. Em 1816, foi proposta a
criação de uma Escola de Belas Artes, com o propósito de articular o ensino das ciências e do
desenho para ofícios mecânicos, segundo Brasil (2001). A partir de 1840, foram construídas dez
Casas de Educandos e Artífices em capitais das províncias, com o objetivo de atender
prioritariamente menores abandonados para se promover a diminuição da “criminalidade” e da
“vagabundagem”.
Ainda segundo Brasil (2001) em 1854, por Decreto Imperial, se criava estabelecimentos
especiais para menores abandonados, os denominados Asilos da Infância dos Meninos
Desvalidos, cujos internos, após aprenderem as primeiras letras eram encaminhados às oficinas
públicas e particulares, onde aprendiam um ofício, mediante contratos fiscalizados pelo Juizado
de Órfãos.
41
Como conseqüência da industrialização e da concentração urbana ocorridas no início do
século XX, no Brasil, por força das novas demandas, ocorreu uma primeira sistematização do
chamado ensino profissional, levando o governo federal, já republicano, a criar em quase todos os
estados brasileiros as Escolas de Aprendizes Artífices, com a finalidade de preparar pessoas para
o processo produtivo atendendo assim, os interesses do capital que se concentrava, dando origem
à formação das primeiras indústrias, cujo foco era a substituição de importações para atendimento
ao mercado interno, de acordo com Silva (1991).
Segundo Oliveira (2003), as Escolas de Aprendizes Artífices foram criadas em 19 Estados
pelo Decreto 7.566/1909, por iniciativa de Nilo Peçanha. Essas escolas se localizavam nas
capitais dos estados e não nos pólos manufatureiros, evidenciando a preocupação política e não as
justificativas econômicas. Campos, no Rio de Janeiro, recebeu a única escola fora das capitais,
por ser a terra natal de Nilo Peçanha. A clientela atendida por essas instituições, eram os órfãos e
desvalidos da sorte, o que acentuava o tratamento preconceituoso atribuído à realização do
trabalho e ao ensino profissional, fortalecendo a dualidade de formação como reflexo da
dualidade da organização social brasileira, conforme salienta Romanelli (1978).
Por imposição da Primeira Guerra, ao final da primeira década do século XX, ocorreu
uma diminuição da corrente migratória e uma maior necessidade de substituição de importações o
que provocou um crescimento da indústria e uma necessidade maior de mão-de-obra capacitada.
Apesar da retomada da predominância agrícola, a questão da formação dos trabalhadores passou
a ser tratada pelos industriais, segundo Queluz (2000).
No período compreendido entre 1920 a 1964, aconteceram significativas turbulências
político-econômicas e sociais no Brasil, que culminaram em revoluções e movimentos armados,
segundo Romanelli (1978), que refletiam com certo atraso, movimentos de outros países e que
tiveram como objetivo maior, a implantação do capitalismo e como decorrência a mudança no
processo de organização do trabalho. Essa mudança ocorreu principalmente ao rompimento
político e econômico com a velha oligarquia rural, dando origem à burguesia industrial. Como
resultado dessa reorganização, os primeiro quarenta anos do século XX foram marcados por uma
estratégia de substituição de importações para atendimento do mercado interno, fortalecendo o
processo de industrialização local e passou a exigir uma melhor qualificação profissional. Cabe
observar que o mundo desenvolvido se achava fortemente inserido nos conceitos de
42
industrialismo da Segunda Onda de Toffler: produção em massa, padronização, racionalização do
trabalho, visão de negócios, etc.
O conceito de formação profissional absorvera os conceitos de assalariados urbanos e
em 1921 surgem os cursos de mecânica. Junto às ferrovias surgem as escolas de formação de
artífices, voltadas para a formação de pessoal para suas demandas de operação e de manutenção.
Com a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930, as Escolas de
Aprendizes e Artífices, anteriormente vinculadas ao Ministério da Agricultura, passam a ser por
ele coordenadas. Entretanto, segundo Oliveira (2003) até o final de 1941, o ensino industrial não
se caracterizava como um Sistema Educacional. Essas escolas eram mantidas pelo governo
federal e funcionavam de forma concomitante com o ensino primário. Neste mesmo período os
estados também mantinham suas próprias escolas industriais, com organização própria, o mesmo
ocorrendo com as forças armadas que atuavam com doutrinas próprias, segundo Cunha (2000).
2.4.2 A criação do sistema de ensino profissional no Brasil
Objetivando sistematizar o ensino de ofícios e atender as demandas por mão-de-obra
qualificada, a Reforma Capanema procurou organizar nacionalmente o ensino técnico-
profissional, estruturando-o formalmente. A Lei Orgânica do Ensino Industrial (1942); a Lei
Orgânica do Ensino Comercial (1943) e a Lei Orgânica do Ensino Agrícola (1946) ofereceram as
bases para o tratamento sistêmico, permitindo que os diversos cursos passassem a ser
reconhecidos pelo Ministério da Educação. Cunha (2000) salienta que as mudanças ocorridas na
indústria brasileira no período e por força da Segunda Guerra Mundial ocorreram decisivamente
para que se organizasse o ensino industrial enquanto um sistema.
Á partir de 1942, as escolas de Aprendizes e Artífices foram transformadas em Escolas
Técnicas Industriais. Nessa época foram criadas as escolas técnicas de Ouro Preto, Rio de Janeiro
e Pelotas.
Essa nova legislação estabeleceu que o ensino industrial fosse dividido em dois ciclos,
sendo o primeiro destinado ao curso industrial básico e o segundo aos cursos técnicos abrangendo
diferentes modalidades, como Metalurgia, Mecânica e outras. O nível dos cursos técnicos eram
de segundo ciclo. Para acesso ao curso básico industrial era necessária a conclusão do ensino
primário e a aprovação e exame de admissão, enquanto para acesso ao curso cnico era
43
necessária a conclusão do primeiro ciclo do ensino secundário ou do curso básico industrial e a
aprovação de exames em vestibulares. O primeiro ciclo do ensino secundário, posterior ao ensino
primário, era dividido em duas partes: o ramo secundário e o ramo profissional, compreendendo
o industrial, o comercial e o agrícola.
Essa divisão não correspondia à convencional distinção entre trabalho manual e trabalho
intelectual. A categoria trabalho intelectual abrangia tanto o ensino secundário e o superior
quanto ao segundo ciclo dos ramos profissionais, que se destinavam a formar técnicos industriais,
agrícolas e comerciais. Apenas o primeiro ciclo dos ramos profissionais estava destinado a
formar propriamente trabalhadores manuais. Para este nível estavam destinados os jovens
oriundos das classes “menos favorecidas” de que falava a Constituição Federal de 1937, segundo
Cunha (2000).
Adicionalmente, a Reforma Capanema criou o Serviço Nacional de Aprendizagem
industrial – SENAI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC.
As duas instituições se desenvolveram paralelamente ao sistema regular de ensino, como
um sistema privado de formação profissional para a indústria e para o comércio, resultantes,
entretanto, de uma renúncia fiscal do governo federal, oferecida como estímulo à
institucionalização de um sistema nacional de aprendizagem custeado em parte pelas empresas e
em parte pelo alunado, para atender as suas próprias necessidades, o que caracteriza uma
ambigüidade a ser melhor discutida e assimilada pela sociedade brasileira, ao contrário do que
afirma Kuenzer (1997).
Aqui, mais uma vez se localizam ambigüidades no trato de políticas educacionais, pois o
sistema S, hoje ampliado para outros ramos, como o rural (SENAR); o de transportes (SENAT) e
o de gestão de negócios como o SEBRAE, embora devessem ser instituições publicas, por terem
sidos criados por Decretos-Lei inicialmente, e por Decreto após 1988, e tem provimento
econômico a partir da renúncia fiscal do governo federal e são de fato instituições privadas,
administradas pela Confederação Nacional da Indústria e pelos Sindicatos Patronais que cobram
dos alunos pela sua formação.
A ambigüidade entre as esferas pública e privada se mostra muito mais profunda e
envolve outros aspectos e interesses institucionais, sendo comum, entretanto, a baixa integração
44
entre si e o baixo endereçamento de esforços em direção aos objetivos estratégicos nacionais,
atuando preponderantemente para atendimentos pontuais.
Cabe salientar que a Reforma Capanema introduziu uma diferenciação de formação entre
as escolas industriais e as da rede Senai e Senac. Nas escolas industriais os alunos recebiam uma
formação mais completa, para um ofício que demandava maior capacitação enquanto nas do
Senai e Senac, um treinamento mais específico, par exercerem seus ofícios, segundo Oliveira
(2003).
Faz-se necessário destacar que por meio da Lei 3552/59, foi criada a rede federal de
escolas cnicas representada pelas escolas técnicas industriais, que passaram a ter autonomia
didática, administrativa e financeira, segundo Matias (2004). A partir dessa autonomia, as escolas
técnicas federais, tiveram um grande crescimento na oferta de vagas e no número de
matriculados, resultantes da melhoria da qualidade dos cursos, do aumento da produtividade dos
recursos e da capacidade das instituições em atenderem as especificidades das demandas locais e
regionais, conforme salienta Cunha (2000). Ainda segundo Cunha (2000), uma das primeiras
conseqüências da autonomia das escolas federais foi a progressiva eliminação dos cursos básicos,
fazendo com que a quase totalidade das escolas restringissem sua atuação aos cursos técnicos que
as caracterizavam. Novamente, uma ambígua recorrência, de interesse imediatista e não
respaldado por uma discussão conseqüente e análise de impactos.
O período de 1960 a 1980 ficou marcado pela busca de superação de uma proposta dual
no ensino médio. Em 1961, houve a incorporação dos cursos técnicos de nível médio ao sistema
regular de ensino, tendo sido estabelecida uma equivalência plena entre os cursos regulares e os
profissionalizantes, reunindo em uma mesma estrutura os dois sistemas, o que foi determinado
pela Lei nº 4024/61, de acordo com Brasil (1991). Assim, segundo Matias (2004), o ensino médio
passou a possuir dois ramos diferenciados mas equivalentes.
Do ponto de vista formal, aparentemente elimina-se a dualidade entre a formação geral e a
formação especial, o que, de acordo com Kuenzer (1997) em termos efetivos não ocorreu,
mantendo-se a distribuição do alunado conforme sua origem de classe social. Silva (1991) afirma
que a busca pela integração se deu para o atendimento de uma necessidade do setor produtivo,
que passou a exigir uma minoria de trabalhadores com formação para atuar em concepção,
coordenação, supervisão e manutenção de máquinas, num processo de consolidação de sua base
45
técnica voltada para a eletromecânica. Acompanhando as demandas de um mercado em crescente
desenvolvimento, a Educação passa a merecer maior consideração sendo objeto de estudos do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Banco Internacional para a Reconstrução
e o Desenvolvimento (BIRD), entendida como fator direto de desenvolvimento humano, base
indispensável para o desenvolvimento social e econômico. Reforça-se o apoio ao ensino
profissionalizante, com fomento desses organismos no financiamento de projetos que envolvem a
formação de técnicos para o setor produtivo conforme ressalta Fonseca (1998).
Segundo Brasil (1991) em 1971, o Governo Federal pela Lei 5692, promulgou uma
nova legislação para a educação, reformulando o ensino de e graus, tornando compulsória a
profissionalização do ensino médio. Essa medida, de acordo com Romanelli (1978) objetivou
oferecer à educação média a possibilidade de antecipação ao mercado de trabalho e reduzir a
busca por cursos superiores, ou seja, passou a ensejar um caráter de terminalidade.
De acordo com Matias (2004) houve uma tentativa de romper a dualidade estrutural,
reunindo em uma estrutura o ensino acadêmico e profissional, porém o resultado prático não
atingiu os objetivos desejados e pior, esgarçou o conceito de qualidade, o conseguindo realizar
a formação profissional e perdendo o foco da formação acadêmica. Mais grave ainda foi o início
do processo degenerativo, ainda não recuperado, da perda de identidade cultural do “ser técnico”,
a auto-estima nascida da valorização do “saber fazer” com competência e habilidade.
Silva (1998) aponta que na rede privada de ensino pouca coisa mudou, pois as instituições
encontraram meios para contornar a exigência legal da profissionalização compulsória.
A deterioração do ensino de 1º e 2º graus nas escolas públicas foi deliberada e orquestrada
pelos proprietários de escolas particulares que ocupavam os cargos de decisão junto ao Ministério
e às Secretarias de Educação e com base no aparato de poder do estado, legislaram em causa
própria, chegando a determinar as condições de expansão das redes públicas de ensino, além de
criarem vários incentivos para a multiplicação de seu capital, segundo Cunha (2000). Para este
autor foram exceções os colégios militares, os colégios de aplicação das universidades e as
escolas técnicas. Os dois primeiros foram defendidos pelas respectivas instituições, enquanto as
razões de sobrevivência das escolas técnicas ainda estão por serem investigadas. Supõe-se que o
argumento principal se prenda à própria cultura de formação técnica, que valoriza a competência
46
e a habilidade do “saber fazer”, uma mentalidade forjada ao longo dos anos, capaz de caracterizar
uma marca altamente valorizada e reconhecida pela sociedade.
Ao examinar-se o outro lado da questão, as escolas mais tradicionais que atendiam a uma
classe social pouco interessada na profissionalização de nível médio e que ofereciam alta
qualidade em sua formação gratuita, foram forçadas a inventar habilitações de fachadas de acordo
com Matias (2004), que incomodavam seus alunos cujo objetivo era alcançar a formação geral
com qualidade e gratuita e ingressar no nível superior. Estes travaram uma luta aberta pela
revogação da profissionalização compulsória como aponta Silva (1998).
Ao mesmo tempo entendeu-se erroneamente que a obrigação da formação do ensino
médio era uma responsabilidade dos sistemas regulares de educação, o que fez com que as
escolas técnicas se desincumbissem dessa obrigação, focalizando apenas a formação técnica. Essa
decisão permitiu trazer de volta para os bancos escolares um alunado de idade mais avançada,
que retornou em busca da capacitação técnica, agora oferecida em três semestres mais o período
de estágio (cerca de 1600 horas-aula). Solução que ampliou a oferta de vagas, pela concentração
da ação, mas que gerou novas questões como a quebra do paradigma de formação da “cultura do
técnico”, como filosofia pessoal e profissional, dado o pouco tempo de intervenção, ao perfil do
novo estudante, maduro, com deficiências de conhecimento básico em função das
metodologias educacionais adotadas mais pontuais que interdisciplinares e pouco voltadas para o
desenvolvimento de habilidades na aplicação do conhecimento na resolução de problemas
práticos. Adicionalmente, toda a rede física de estabelecimentos das escolas técnicas passou a
apresentar grande ociosidade de ocupação nos períodos matutino e vespertino, além da
ociosidade do período noturno por apresentar um calendário letivo de 200 dias, num ano civil de
365 dias, o que tem conduzido a ofertas semestrais de 100 dias, quando poderia pelo menos,
serem quadrimestrais de 80 dias, ou seja, com aumento na oferta de vagas em 33,34%, sem
acréscimos proporcionais de custos ao orçamento público.
Pode-se dizer que a formação pública ficou restrita às instituições especializadas, tais com
as Escolas Técnicas Federais e Estaduais, as Escolas Agrotécnicas Federais e Estaduais, os
Centros Federais de Educação Tecnológica e ao Centro de Educação Tecnológica Paula Souza.
Nas Escolas Técnicas Federais se manteve os cursos integrados com os alunos obtendo em um
único curso os diplomas de 2º grau e o de técnico. No Centro Paula Souza optou-se pela
47
formação técnica preponderantemente, mantendo-se a formação integral em apenas parte de suas
instituições, porém com a perspectiva de se focalizar preponderantemente na formação técnica e
na qualificação básica. Uma recorrência adotada mais por força das limitações orçamentárias.
Nova investida se deu para a expansão da rede federal do ensino profissional, criando
mais de duzentas escolas, muitas das quais nunca foram implantadas, fato este que ocorreu no
Governo Sarney em meados de 1987. A expansão da rede federal de ensino profissional, passou a
ser feita por meio de Unidades Descentralizadas de Ensino (UNEDs). No Estado de São Paulo foi
criada em Cubatão, a primeira UNED, vinculada à Escola Técnica Federal de São Paulo. As
UNEDs, não se constituem unidades autônomas, sendo dependentes jurídica, administrativa e
financeiramente, de acordo com Matias (2004).
A prioridade dos organismos internacionais em investimentos em Educação, inicialmente
se manifestou a partir dos anos sessenta, para a educação profissional, volta-se a partir da década
de 80, para a educação fundamental redirecionando seus investimentos para esse vel de ensino
e reduzindo aqueles do ensino profissionalizante, segundo Fonseca (1998).
Relatório do Banco Mundial de novembro de 1989, a respeito do ensino de graus no
Brasil, recomenda, segundo Cunha (2000), a necessidade de se melhorar a relação custo-
benefício, sugerindo ao governo brasileiro que se estabeleça a cobrança de anuidades segundo a
situação sócio-econômica dos alunos e a expansão na oferta de vagas para se reduzir o custo
aluno-ano. Adicionalmente, as escolas técnicas federais deveriam concentrar seus currículos nas
ciências básicas e na matemática, reduzindo em conseqüência a ênfase profissional e tecnológica
conforme aponta Matias (2004).
2.4.2.1 A nova legislação
A evolução das decisões no ensino profissional, sempre se fazem em função das
demandas percebidas junto ao mercado de trabalho e à sociedade, ainda que de forma ambígua e
tardiamente.
A influência da corrente neoliberal, iniciada com Margareth Tatcher, na Grã-Bretanha em
1979, que pontificava a redução da presença do Estado na Economia; enfraquecimento das
garantias trabalhistas e dos movimentos sindicais, redução de impostos sobre grandes fortunas,
redução de investimentos em seguridade social, abolição dos controles sobre fluxos financeiros e
48
ampliação do processo de privatização, se estendeu aos EUA (1980), à Alemanha (1982), à
Dinamarca (1983) e avançou aos países do Leste Europeu e atingiu a América do Sul, iniciando-
se pelo Chile, segundo Martins (2000).
Essa visão neoliberal passou a interferir nas decisões políticas interferiu também na
sociedade, na cultura e sem dúvida na educação, que perde seu caráter público universal e passa a
cumprir novas determinações impostas pelo mercado, ainda segundo Martins (2000). Ampla
reforma educacional se deu na Grã-Bretanha, em decorrência. No Brasil, a propalada Reforma
Universitária é tema complexo e os projetos apresentados se mostram plenos de inadequações
fortemente apoiados em casuísmos.
Em sua condição subalterna, o Brasil aderiu ao neoliberalismo, a partir dos anos 90,
obrigando-se a abrir seu mercado à economia global sem nenhuma preparação para os impactos
que isso proporcionou, o que criou situações complexas e incontroláveis para as empresas
nacionais e a intensificação à dependência tecnológica.
Pressionadas pelos fatos e visando superar-se, as empresas brasileiras, até então
protegidas, passaram a introduzir mudanças nos processos tecnológicos e de gestão mais como
uma inevitável e tardia recorrência, de modo a se adequarem à nova ordem mundial do que como
resultado de ações estratégicas de um modelo político-econômico e social previamente
estabelecido. Embora as empresas brasileiras que sobreviveram em sua constituição básica
tivessem conseguido melhorar sua qualidade e produtividade para atuar competitivamente com
seus produtos, não conseguiram de fato sobrepujar o atraso tecnológico entre os produtos
lançados no país e aqueles vigentes no mundo desenvolvido, consolidando a condição de
dependência tecnológica, segundo Colenci Jr (2001).
A modernização dos processos de produção e os novos estágios dos produtos oferecidos,
intensivos em tecnologia, deslocou a importância relativa dos fatores de produção nas decisões
estratégicas. A mão-de-obra intensiva agora preterida na atividade industrial, lugar à
tecnologia intensiva e as habilidades de execução de tarefas lugar às novas habilidades de
aplicação do conhecimento na oferta de soluções social e economicamente produtivas. Surge o
profissional da Era do Conhecimento, preconizados por Drucker (1995) e Toffler (1995). Surgem
novos concorrentes para bens de consumo durável e bens de consumo baseados na Ásia, o que
enfraquece ainda mais a força competitiva do produto nacional. Surge o movimento pelas
49
pequenas e médias empresas, mais como uma recorrência para a geração de ocupações
remuneradas, formais e informais, onde se verifica uma ação empreendedora de sobrevivência
mais que de competência, com menores barreiras de entrada. Dado o alto índice de mortalidade, a
baixa maturidade gerencial, a pequena influência individual no desempenho setorial, constitui-se
este movimento numa ação de guerrilha mais que numa ação estratégica.
Novamente se caminha em direção à formação profissional de forma tardia pela não
percepção da evolução das condições geopolíticas e econômicas. Assim, mais uma vez se percebe
que não há alinhamento estratégico entre desenvolvimento e educação.
De acordo com Matias (2004) com a base técnica de produção migrando, nesta fase, de
eletromecânica para microeletrônica, as indústrias tiveram que se adaptar às novas demandas de
gestão e de tecnologia, fato que repercutiu diretamente na oferta de novos perfis profissionais. A
organização da Educação Profissional, sem a existência de um objetivo claro para se nortear, pela
falta de um planejamento estratégico nacional de desenvolvimento, adota mais uma vez medidas
pontuais e paliativas.
Para Saviani (2002), foi a partir do final dos anos 80 que entram em cena as reformas
educacionais ditas neoliberais. Sob a ótica e inspiração do Toyotismo, busca-se flexibilizar e
diversificar a organização das escolas e o trabalho pedagógico assim como as formas de
investimento.
Para acelerar o processo de mudanças na Educação Profissional, mesmo antes da
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que se achava em discussão, o governo
federal encaminhou o Projeto de Lei 1603/96, à Câmara dos Deputados. Propunha organizar a
Educação Profissional e reformular aspectos da rede federal de escolas técnicas, segundo Cunha
(2000), destacando-se a separação entre o ensino propedêutico e o profissional, separando assim a
formação geral da formação especial, sob a alegação de que o ensino técnico integrado
representava alto custo e era utilizado fundamentalmente como meio de acesso à universidade
pelos alunos de classe média e baixa.
Foi um período de intensa movimentação da sociedade no sentido de alterar ou substituir
o referido projeto.
Para Martins (2000) fica clara a contestação sobre a decisão de se quebrar a integração
entre o ensino médio e o ensino profissional contida no Projeto de Lei nº 1603/96.
50
A aprovação pelo Congresso Nacional do projeto de Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional oriundo do Senado e sancionado pelo Presidente da República, em dezembro
de 1996 (Lei 9394/96), permitiu ao governo interpretar que a Educação Profissional poderia
ser regulamentada sem a necessidade de nova lei, mas por decreto, segundo Cunha (2000).
Assim sendo, retirou-se de pauta o PL 1603/96 e baixou-se o Decreto 2208/97, com
conteúdo de mesmo teor do PL 1603/96, não se levando em conta definitivamente os anseios
da sociedade.
A análise evolutiva da legislação que rege a Educação Profissional após a Lei º 9394/96,
mostra que as legislações complementares são determinadas com rapidez, por decreto e sem a
participação do Congresso Nacional, ou seja, autocraticamente, o que segundo Sampaio (2002),
chegam a criar situações desastrosas uma vez que as mudanças impostas não são entendidas e
assimiladas ou otimizadas pela comunidade escolar.
Uma vez mais se estabelece a ambigüidade ora criada pela Lei 9394/96 e pelo Decreto nº
2208/97, que regulamenta a implantação da Reforma da Educação Profissional, tendo como
principal decisão à desvinculação entre o ensino regular e o ensino profissional, restabelecendo a
dualidade estrutural existente desde 1961, o que chega a descaracterizar a formação da “cultura
do técnico” como já se apresentou neste trabalho.
A CUT Central Única dos Trabalhadores manifesta-se criticamente contra a separação,
argumentando que a medida cria uma modalidade de ensino que dissocia a educação geral da
educação profissional e, em certos casos, prescindem da educação básica.
Brasil (2001) aponta que o financiamento para expansão, ampliação, reforma, aquisição
de materiais e capacitação de funcionários passa a ser feito através do Programa de Educação
Profissional – PROEP, conforme Portaria MEC nº 646/97.
Este procedimento se fez sem o macro planejamento estratégico capaz de alinhar a
educação profissional com o desejado desenvolvimento regional e nacional, representando, de
fato, iniciativas isoladas das unidades educacionais naquilo que se entendia como necessária
atualização.
Muito se perdeu nos ganhos de escala e de escopo, na priorização de investimentos, na
adequação dos equipamentos para o suporte ao processo ensino-aprendizagem o que se
51
caracteriza em perdas pela dispersão e mal uso de investimentos públicos. Determinadas unidades
da educação profissional contam hoje com equipamentos sofisticados, superdimensionados para
as funções requeridas, utilizados apenas parcialmente, com baixa freqüência visto que sua
operação envolve custos não suportáveis pela unidade. Novamente ambigüidade na condução do
processo.
Avançando na analise, o processo de adequação intensifica as resoluções baixadas de
cima para baixo visto que passa a existir uma maior preocupação com a Educação Profissional,
por pressão das demandas do setor produtivo.
A Lei 9649/98 regulamenta formas de Credenciamento de Novos Centros de Educação
Profissional, envolvendo agora a participação do segmento comunitário, com obrigatoriedade de
criação de uma instituição mantenedora que se responsabilize pela geração de recursos pela
manutenção da instituição, segundo Matias (2004).
2.4.2.2 A origem dos Cursos Superiores de Tecnologia
Nos muitos estudos sobre o processo de industrialização no Brasil consideram, de modo
geral, a tecnologia como o parâmetro integrante do capital, não se dando conta de situar com a
devida profundidade a natureza complexa da relação entre tecnologia e desenvolvimento
econômico e o caráter indissolúvel de integração entre tecnologia e o sistema produtivo, de
acordo com Motoyama (1994), sendo este o ponto fundamental do processo educacional.
Como se apresentou anteriormente neste trabalho, a atividade técnica sempre se fez
presente no cotidiano da humanidade, parte inerente da vida cultural, social e econômica ou
política. Romano (1994) salienta que o fato do ser humano ser bípede foi condição indispensável
para que, tendo livre os membros superiores, deles pudesse fazer uso em tarefas que lhes
exigissem habilidades. Porém, foi somente a partir da Revolução Industrial que as novas
maneiras de produzir se associaram biunivocamente às novas maneiras de se ganhar e acumular
dinheiro.
Assim, o novo conhecimento gera capital e o capital incentiva à pesquisa e a descoberta
de novas soluções comercializáveis. Esse novo conhecimento, voltado para o atendimento de
necessidades humanas passa a se denominar tecnologia, o novo produto da economia com valor
de uso, a quem dele se apropria e aplica e com valor de troca, disponível a quem deseja
remunerá-lo pelo direito de uso. As novas fábricas são os laboratórios e as instituições de
52
pesquisa, desenvolvimento e inovação e os novos trabalhadores são os pesquisadores, os
tecnólogos.
2.5
Características da Educação Superior Tecnológica (Graduação)
Segundo Grinspun (1994), a Educação Tecnológica diz respeito à formação do indivíduo
para viver na área tecnológica, de forma mais crítica e mais humana ou aquisição de
conhecimentos necessários à formação profissional assim como às questões tecnológicas
envolvendo tanto a invenção como a inovação tecnológica.
A Educação Tecnológica é uma das responsáveis pela ação de se acelerar, com
competência, a transformação de resultados de pesquisas em produtos e serviços, mobilizando e
otimizando todos os processos e recursos, em direção ao atendimento de necessidades, de acordo
com Peterossi (1998).
A educação superior é compromissada com o sistema produtivo. Com currículos flexíveis,
compostos por disciplinas básicas e humanísticas, de apoio tecnológico e de formação específica
da área de atuação do Tecnólogo, seus cursos têm carga horária média de 2.700 (duas mil e
setecentas) horas, com duração média de 3 (três) anos. Projetos, estudos de casos e laboratórios
específicos, aparelhados para reproduzir as condições do ambiente profissional, permitem ao
futuro Tecnólogo participar de forma inovadora das diversas atividades de sua área.
O modelo pedagógico para os Cursos Superiores de Tecnologia tem como pressupostos:
flexibilidade; inovatividade metodológica; capacidade de atendimento às novas demandas;
competência de atuação através de múltiplas propostas educacionais; tratamento sistêmico.
O profissional a ser oferecido pela nova ação educacional deverá ser aquele que poderá
modificar o perfil do mercado, mais do que simplesmente, reproduzi-lo.
A formação profissional através do modelo de ensino superior tecnológico integrado ao
ensino técnico, pós-médio, representa a melhor alternativa de: tempo versus qualidade da
competência adquirida versus custo de formação, caracterizando-se como uma ampla resposta às
demandas sociais de: capacitação profissional adequada; competência laboral; segurança e
estabilidade familiar.
53
Os Cursos Superiores de Tecnologia devem ser atualizados sistematicamente em função
das novas demandas. Cursos Superiores de Tecnologia devem ser adequadamente apoiados por
Oficinas e Laboratórios que apresentem condições efetivas de oferecer a conceituação básica e
fundamental nas suas áreas.
O desenvolvimento do Planejamento Estratégico apóia-se em princípios e valores
intrínsecos, tais como: Intensificar o Uso dos Recursos Materiais Disponíveis; Promover a
Formação de Docentes e Pesquisadores Tecnológicos; Concentrar Esforços em Locais Definidos
por Vocação Tecnológica; Promover Maior Interação com o Setor Produtivo; Liberar-se da
Estratificação e da Burocracia.
2.5.1 O papel do Tecnólogo
Segundo Colenci Jr. (1999), neste contexto contemporâneo de atuação, consolida-se o
TECNÓLOGO, como um importante profissional capaz de desenvolver a competitividade, pela
melhoria da produtividade e da qualidade, sendo este um dos fatores de indução da gestão
acadêmica do CEETEPS.
Sendo o Tecnólogo:
O agente de desenvolvimento do processo de capacitação tecnológica;
O elemento cuja atuação profissional transformará suas habilidades em soluções
frente às necessidades empresariais e sociais, faz-se necessário ampliar a oferta de
possibilidades de atuação.
A interdisciplinaridade de sua formação e a multifuncionalidade de seu desempenho o
conduzem a um envolvimento contínuo com o processo de investigação, e com a ampliação dos
seus conhecimentos, habilidades, aptidões e sensibilidades, não no âmbito tecnológico como
na atuação comunitária, em harmonia com o meio ambiente.
Para que sua formação seja plenamente atingida, torna-se necessário desenvolver no
futuro Tecnólogo indispensáveis atributos que o caracterizem posteriormente em seu
desempenho, tais como:
capacidade de reconhecer problemas e solucioná-los;
54
adequada base científica balanceada com habilidades específicas;
conhecimento adequado das ciências físicas e matemáticas;
capacidade de comunicar suas idéias e de defender seus projetos;
mentalidade aberta e atitude positiva diante da vida;
autodidatismo;
ampla cultura e busca por novos conhecimentos;
domínio de linguagens computacionais;
domínio de língua estrangeira;
capacidade de coordenação de atuação solidária e de bem relacionar-se com
outros;
liderança e empreendedorismo;
responsabilidade e comprometimento profissional com resultados.
Neste sentido, torna-se indispensável estudar a melhoria dos processos de ensino-
aprendizagem.
Os Tecnólogos diplomados pelas FATECs do CEETEPS são profissionais que, pela sua
formação direcionada, estão aptos à atuação imediata e qualificada em sua especialidade. Através
do domínio e aplicação de conhecimentos científicos e tecnológicos necessários aos trabalhos de
ensino, pesquisa, desenvolvimento e gestão tecnológica, transformam esses conhecimentos em
processos, projetos, produtos e serviços.
Atuam na atividade empresarial, promovendo mudanças e avanços, fundamentando suas
decisões no saber tecnológico e na visão multidisciplinar dos problemas que lhes compete
solucionar.
Este conceito de ensino exige um corpo docente formado por especialistas, bem como por
professores que se dedicam integralmente ao desenvolvimento do ensino e da pesquisa
tecnológica.
55
Tecnólogo é o agente capaz de colocar as forças da Natureza e seus recursos a serviço da
Sociedade, no atendimento de suas necessidades. Nas circunstâncias atuais e projetadas, o
Tecnólogo é visto como o profissional que busca sistematicamente ampliar seus conhecimentos
(know why e know how), suas habilidades (skill) e suas aptidões (feeling). Não só no âmbito
tecnológico, como no humanístico (comunicações e relações humanas), a fim de contribuir para o
desenvolvimento holístico da sociedade em harmonia com o ambiente.
Para tanto, vale-se da teorização científica e tecnológica e da concepção e
desenvolvimento de produtos, processos, materiais e serviços, objetivando uma aplicação
econômica e ética.
A atuação do Tecnólogo pode se estender desde a criação, absorção, domínio, digestão e
difusão dos conhecimentos, atingindo o pleno atendimento das necessidades estabelecidas.
Mais ainda, o profissional capaz de oferecer soluções criativas e de participar de equipes
habilitadas na concepção e desenvolvimento de soluções.
O Tecnólogo não é um profissional subalterno em sua competência visto que não
limites para o aprendizado e o saber. A interdisciplinaridade em sua formação e a polivalência
em sua atuação desobrigam o Tecnólogo de ser o detentor monopolista do saber, na condução do
processo de inovação, inserindo-o harmonicamente, dentro do contexto das organizações voltadas
à aprendizagem ou learning organizations, Como define SENGE (1990) em equipes produtivas
de trabalho.
2.6
O Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETEPS (2006)
O Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza - CEETEPS é uma autarquia do
Estado de São Paulo, ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e
Turismo. mais de 32 anos é a instituição responsável por formação profissional pública nos
níveis básico de qualificação para o trabalho, técnico, superior tecnológico de graduação e de
pós-graduação.
Está presente em 92 municípios do Estado de São Paulo e atende a mais de 100.000
alunos por ano. Sua rede de ensino compreende 125 Escolas Técnicas Estaduais (com cursos
técnicos nas áreas agrícolas, industriais e de serviços) e 30 Faculdades de Tecnologia (com cursos
56
superiores de graduação em tecnologia), que abriga mais de 18 mil alunos além de um núcleo de
pesquisa e pós-graduação. Seu quadro de pessoal conta com aproximadamente 6.000 professores
e 3.000 funcionários.
Atualmente, o CEETEPS acha-se em franca expansão, assim devendo sofrer uma
mudança profunda nos próximos anos.
Sendo Instituição de Ensino Complementar com ações voltadas para o mundo do trabalho,
seu constante desafio é formar cidadãos que tenham uma visão transformadora do mercado, de
maneira que lhes permita acompanhar as rápidas inovações e as crescentes demandas
mercadológicas.
Para isso, um conjunto de iniciativas estão em andamento, decorrentes do planejamento
estratégico em ação, como o investimento em capacitação de docentes, o desenvolvimento de
currículos baseados em projetos e competências, a produção de material didático impresso e
eletrônico, acompanhado de investimentos na infra-estrutura acadêmica (laboratórios,
equipamentos, acervo bibliográfico) e na infra-estrutura física (novos prédios, ampliações e
conservação) e o estabelecimento de parcerias com empresas, visando a garantir um ensino que
seja respeitado por sua qualidade.
O processo de capacitação tecnológica tem por objetivo o desenvolvimento do fator
humano, capaz de sustentar suas habilidades em longo prazo. Nesse sentido, os compromissos do
CEETEPS, em seu esforço institucional, são os de oferecer competente, sistemática e duradoura
contribuição ao processo de capacitação tecnológica, nos diversos níveis e sob inúmeras formas,
face às múltiplas possibilidades de escolha das áreas de atuação profissional.
2.6.1 Um breve histórico do CEETEPS
O Centro de Educação Tecnológica de São Paulo CEETEPS foi criado em 1969. Com
a instituição consolidada, inicialmente foram criados Cursos Superiores de Tecnologia e
posteriormente, as Faculdades de Tecnologia, que foram incorporadas ao CEETEPS em 1971
(FATEC Sorocaba) e em 1972 (FATEC São Paulo). Em 1973 o CEETEPS passa a denominar-se
Centro de Educação Tecnológica Paula Souza pelo Decreto nº 1418/73.
57
Em 1980, o CEETEPS recebe a transferência de seis Escolas Técnicas (ETEs) mantidas
mediante convênios e em 1982 recebe a transferência de mais seis Escolas Técnicas.
Entre os anos de 1986 e 1992, ocorre a criação de cinco FATECs e duas ETEs. Em 1993
um Decreto integra ao Centro Paula Souza 82 (oitenta e duas) Escolas cnicas, sendo 35 (trinta
e cinco) Escolas Técnicas Agrícolas e 47 (quarenta e sete) Escolas Técnicas Industriais.
Em 1994 são criadas mais duas FATECs e três ETEs. Em 2001 cria-se o Centro
Tecnológico da Zona Leste, agregando dois veis de ensino: o tecnológico e o técnico e
introduz-se o projeto EDMC de ensino à distância.
Em 2002, são criadas mais quatro FATECs e três ETEs, o projeto ASTI é incorporado na
FATEC Ourinhos e ocorre a recomendação CAPES para o mestrado profissionalizante.
Atualmente a expansão do Centro Paula Souza faz parte de políticas públicas mantidas
pelo atual governador José Serra.
2.6.2 As Faculdades de Tecnologia do CEETEPS
Em sua evolução institucional, conta hoje em dia o CEETEPS, com trinta Faculdades de
Tecnologia, gerenciados por suas respectivas diretorias e submetidos a uma gestão altamente
centralizadora estabelecida por uma autarquia estadual que é o CEETEPS, com sua personalidade
jurídica. No decorrer de seus trinta e oito anos de existência, diversos eventos marcam fases
distintas de sua existência, e nessas fases o surgimento de nos Faculdades e a absorção de escolas
técnicas, sem o devido planejamento e respaldo orçamentário gravando as decisões como
recorrências e acidentalidades e sem uma evolução projetada.
Assim, as Faculdades de Tecnologia de São Paulo e Sorocaba, as pioneiras apresentam
um perfil mais consolidado do que as demais que foram sendo criadas, tais como as de
Taquaritinga, Guaratinguetá, Indaiatuba, Mauá, Botucatu, entre outras.
Essas faculdades acabam representando um conjunto dispare de cursos, modalidades,
períodos de atendimento, perfil de alunos, espaços físicos e laboratoriais, muito diferentes umas
das outras, sendo necessários três conjuntos de ações: para atualização da infra-estrutura, para
consolidação do processo de implantação já iniciado e para novas expansões.
58
Estudos anteriores desenvolvidos por Rodrigues (2005) e Serafim (2006) junto às
faculdades de Tecnologia da Baixada Santista e de Mauá, apontam para a necessidade de se
reavaliar o processo educacional vigente em suas respectivas unidades, bem como para a
fragilidade de um processo em andamento.
2.6.2.1 Mapeamento dos Cursos
São oferecidas vagas semestrais para ingresso nos Cursos de Tecnologia. Apresenta uma
demanda de 30.000 inscritos, com uma relação candidato/vaga de 10,58 semestral, com Mestrado
Profissionalizante (Stricto Sensu), aprovado pela CAPES (2002).
As unidades das FATECs são: Faculdade de Tecnologia de Americana, Faculdade de
Tecnologia da Baixada Santista, Faculdade de Tecnologia de Botucatu, Faculdade de Tecnologia
da Carapicuíba, Faculdade de Tecnologia de Cruzeiro, Faculdade de Tecnologia de Garça,
Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá, Faculdade de Tecnologia de Indaiatuba, Faculdade de
Tecnologia de Itapetininga, Faculdade de Tecnologia de Itaquaquecetuba, Faculdade de
Tecnologia de Jaú, Faculdade de Tecnologia de Jundiaí, Faculdade de Tecnologia de Marília,
Faculdade de Tecnologia de Mauá, Faculdade de Tecnologia de Mococa, Faculdade de
tecnologia de Mogi das Cruzes, Faculdade de Tecnologia de Ourinhos, Faculdade de Tecnologia
de Pindamonhangaba, Faculdade de Tecnologia de Presidente Prudente, Faculdade de Tecnologia
de Praia Grande, Faculdade de Tecnologia de Santo André, Faculdade de Tecnologia de São
Bernardo do Campo, Faculdade de Tecnologia de São José do Rio Preto, Faculdade de
Tecnologia de São José dos Campos, Faculdade de Tecnologia de São Paulo Zona Leste,
Faculdade de Tecnologia de São Paulo Zona Sul, Faculdade de Tecnologia de São Paulo - São
Paulo, Faculdade de Tecnologia de Sorocaba, Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga,
Faculdade de Tecnologia de Tatuí.
A profissão de tecnólogo tem pouco mais de 35 anos, é uma profissão que se consolida a
cada dia. As FATECs atualmente oferecem os seguintes Cursos de Tecnologia, oficialmente
reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação: agronegócios, alimentos, automação de
escritórios e secretariado, construção e manutenção de sistemas de navegação fluvial, edifícios,
eletrônica, gestão da produção de calçados, gestão empresarial, hidráulica e saneamento
ambiental, informática ênfase em bancos de dados e redes, informática ênfase em gestão de
negócios, informática – ênfase em gestão financeira, informática – ênfase em produção industrial,
59
logística, materiais, processos e componentes eletrônicos, mecânica de precisão, metalurgia,
movimento de terra e pavimentação, hidráulica e saneamento ambiental, operação e
administração de sistemas de navegação fluvial, processamento de dados, processos de produção,
projetos mecânicos, projetos, manutenção e operação de aparelhos médico-hospitalares,
soldagem e têxtil.
O perfil sócio-econômico-cultural da clientela, no ano de 2001, apresentou as seguintes
características: 69% do sexo masculino; 47% na faixa etária de 19 a 25 anos; 55% cursou o
grau propedêutico; 70% cursou o grau em escolas públicas; 63% exerce atividade profissional;
56% iniciou sua atividade profissional antes dos 18 anos de idade; 56% percebe até 10 salários
mínimos; 60% tem renda familiar de até 10 salários mínimos; 32% dos pais tem como nível de
escolaridade máximo o antigo primário.
A Tabela 2 indica a demanda por cursos de graduação, no processo seletivo.
Tabela 2 - Demanda por cursos de graduação
Ano Oferta de Vaga Candidatos Demanda
1990 1.920 17.152 8,93
1991 2.020 19.012 9,41
1992 2.700 19.389 7,18
1993 2.820 27.539 9,77
1994 2.940 38.763 13,18
1995 3.140 30.346 9,66
1996 3.140 28.487 9,07
1997 3.110 25.508 8,20
1998 3.080 25.701 8,34
1999 3.080 29.175 9,47
2000 3.080 31.670 10,28
2001 3.080 34.034 11,05
2002 4.480 48.247 10,77
2003 4.880 51.621 10,58
60
Em 2005 foram 21.367 candidatos disputando as, aproximadamente, 2.400 vagas dos
cursos oferecidos.
Aproximadamente 70% dos candidatos e dos aprovados são oriundos de escolas públicas.
Pela Tabela, pode-se perceber forte demanda social e necessidade de crescimento da oferta de
oportunidades para o ensino superior de tecnologia.
Nos últimos anos, verificou-se uma expansão de forma acelerada dos cursos de graduação
tanto das instituições públicas como privadas, especialmente no Estado de São Paulo. As
FATEC’s não fogem deste panorama. Esta expansão pode ser explicada por alguns fatores, tais
como: o aumento da demanda, as pressões mercadológicas que têm exigido um profissional com
formação e até mesmo como forma de promoção de campanhas de governo.
Ocorre que a simples expansão não se faz suficiente, é preciso apresentar um panorama de
crescimento sem fugir das especificidades da qualidade.
No CEETEPS, com suas vinte e nove Faculdades de Tecnologia, criadas em diferentes
épocas, sob diferentes circunstâncias e apresentando diferenças significativas em seu corpo
docente, em sua infra-estrutura, em sua localização física e atuando sob diferentes graus de
maturidade e estruturas organizacionais, não claro entendimento desses conceitos
fundamentais e há um baixo nível de sistematização de ações educacionais.
2.7
A FATEC – Taquaritinga
Foi implantada em julho de 1992, sendo a primeira instituição de ensino superior da
cidade, com o curso Superior de Graduação em Tecnologia em Processamento de Dados, a partir
do projeto pedagógico da Faculdade de Tecnologia de Americana, este adaptado do Projeto
Pedagógico das FATECs São Paulo e Sorocaba e aplicado em uma região altamente
industrializada, enquanto a região de Taquaritinga, se caracterizava, à época, como região
agrícola. Posteriormente, a partir de 2003, instalou-se o Curso Superior de Graduação em
Tecnologia de Produção Industrial dentro da proposta de sistematização adotada pelo CEETEPS
e em 2006, surge um novo curso oferecido apenas no período noturno, o de Tecnologia em
Agronegócios. Ao todo são duzentas vagas abertas aos candidatos semestralmente.
61
Com estes cursos em andamento e primando pela melhoria da instituição, se
pesquisou os resultados do emprego de uma dada metodologia educacional voltada para o ensino-
aprendizagem, denominada Estilos de Aprendizagem.
Assim, como se apontou na FATEC Mauá e na FATEC Baixada Santista alguns estudos
no sentido de estudar e pesquisar melhoria na Educação Tecnológica, tomou-se a Faculdade de
Tecnologia de Taquaritinga como um caso a ser investigado.
3 O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E A FORMAÇÃO DE
COMPETÊNCIAS
Neste capítulo será feita uma revisão das principais metodologias de ensino-aprendizagem
aplicáveis à Educação Superior Tecnológica, levando-se em conta as especificidades desse
processo. Serão considerados os aspectos relativos aos fenômenos da aprendizagem contidos nas
principais teorias.
As principais condições de atuação pessoal e profissional, sob a égide da sociedade do
conhecimento e da economia global e com acesso facilitado às novas tecnologias da informação,
estão a exigir novas configurações. De modo especial, exige-se do profissional um conjunto de
habilidades que o prepare para uma atuação em um ambiente de intensa mudança, ou seja, um
profissional preparado para atuar na resolução de novos problemas que advirão no futuro, a
oferecer soluções com metodologias próprias, a partir de conhecimento geral e específico e do
acesso às informações aplicando metodologias de solução de problemas e avaliando e otimizando
resultados.
Neste ponto se caracteriza o caráter implícito da formação em Educação Superior
Tecnológica, que o diferencia do técnico, por exemplo. Este é um processo continuo que se
desenvolve ao longo da vida, conforme estabelece a própria LDB, que determina que a graduação
é apenas um degrau e não uma etapa final onde se esgota o aprendizado. Mais ainda, cabe
lembrar que a aprendizagem não se dá apenas no ambiente da sala de aula, mas ao longo dos dias
e dos anos, a toda hora, de fontes diversas e de diversas maneiras. Aprende-se sempre. Cabe,
portanto a cada um, aprender a aprender e manter-se motivado para uma aprendizagem produtiva.
Colenci Jr. (2000) destaca que dado o grau de empirismo constatado no processo
educacional, e a ausência de uma visão metodológica integradora, persiste um descompasso
percebido entre o planejamento e a improvisação, prevalecendo procedimentos individuais,
artesanais em lugar do procedimento planejado. Cada um decidindo o que ensinar, como ensinar
e como avaliar, numa ação mais pessoal e individual que numa ação previamente pensada,
planejada e estruturada, visando a integração de conteúdos. A Figura 2 esquematiza a inter-
relação das necessidades sociais com a ação formativa e a medição do seu desempenho.
63
Figura 2 - Planejamento e processo de implementação – Izquierdo (1994)
Esta visão sistêmica permitirá ações de planejamento, implementação, controle e
retrogestão corretiva voltadas à integração social e profissional do indivíduo.
Izquierdo (1994) ressalva as dificuldades em medir ou comparar dados e coloca dois
aspectos a serem considerados: - os resultados do processo ensino-aprendizagem e o processo de
ensino-aprendizagem- , sendo que os critérios de comparação ou medida se baseiam em:
indicadores sociais, resultados proporcionados pela pesquisa educacional e prática pedagógica.
Assim, várias comparações tornam-se possíveis, por exemplo, entre os objetivos alcançados e os
objetivos planejados (a3); com o nível de entrada dos estudantes (a6); com os graduados de
outras instituições (a7).
Segundo Belhot (1997) apesar dos professores entenderem que ensinar é uma ação
coletiva e aprender é um ato individual, as estratégias e procedimentos educacionais, geralmente
utilizados no ensino, ainda estão apoiados em um modelo de educação tradicional. Esse modelo
tradicional foi continuamente melhorado ao longo do tempo, indicando a aceitação implícita de
64
sua validade e de seus fundamentos. No entanto, aumentam as críticas a esse modelo a partir da
constatação, cada vez mais ampla, de sua reduzida adequação às necessidades dos estudantes e às
exigências das empresas e da sociedade. A busca por métodos e técnicas inovadoras para a
educação requer que o modelo formal sofra uma análise ampla e profunda.
não é mais suficiente conhecer muitas técnicas de solução de problemas, é preciso
saber também quando, como e em que condições devem ser aplicadas; a metodologia de ensino
não pode mais ser espontânea, um ofício artesanal, ela precisa estar apoiada em fundamentos
científicos; o professor não pode ser mais o único protagonista do ato educativo; conhecer a
matéria de uma disciplina não deve ser mais a única condição para ensinar. Para superar as
deficiências do modelo formal, é preciso estimular pesquisas na área educacional para
desenvolver e criar métodos e técnicas de ensino adequados à nova realidade profissional na
Educação Superior Tecnológica.
Sendo assim, a idéia atual para as universidades é a de ultrapassar o modelo de currículos
mínimos e cargas horárias ainda adotados e, através de novas Diretrizes Curriculares fornecer
maior autonomia e responsabilidade a essas Instituições, assim como aos docentes, discentes e a
própria sociedade para que haja um ensino de graduação de maior qualidade e mais realístico.
Neste sentido, os responsáveis pela educação superior têm pela frente o desafio de discutir
Educação e aplicar conceitos para que haja a construção do saber, começando pela própria noção
de competência.
3.1
A Formação de Competências
Atualmente, o tema competência tem sido amplamente discutido nas universidades e no
mercado de trabalho. O conceito de competência também tem sido alvo de questionamento de
alguns autores que o relacionam com o modelo de qualificação que privilegia a especialização em
detrimento da formação holística.
Competência tem significados diferentes segundo Galdeano (2005) e seus conceitos têm
sido discutidos nos diversos segmentos. Cada ator social emprega o termo na perspectiva que
melhor se adapta às suas necessidades, sendo assim meramente impossível chegar a uma única
definição. Ainda segundo o autor, o termo competência é utilizado no senso comum para
qualificar uma pessoa ou a realização de algo. Seu antônimo, no entanto, é pejorativo. Implica na
65
depreciação do individuo. Ser incompetente é estar fadado ao insucesso e marginalizado do
mundo profissional e social.
Segundo Finck (2006), o uso do termo competência não deixa de lado o termo formação,
pois são palavras complexamente ligadas. O termo competência aparece nos anos 60 e se afirma
nos anos seguintes, pela instauração da Lei de 1971 e posteriores dispositivos legais. Antes
competência era uma palavra associada à noção de educação, e atualmente tende a suplantar esse
termo, até mesmo englobá-lo.
Na educação superior, percebe-se uma preocupação quanto à explosão de novos cursos e
faculdades cujos resultados não se refletem necessariamente na elevação intelectual em níveis
reais de formação. E isso, deve ser a meta intrínseca das faculdades e universidades: a formação
com competência, isto é, com conhecimento, desenvolvimento de habilidades e atitudes.
Martins (2006), afirma que o paradigma educacional baseado em um modelo pedagógico
de competência onde o currículo é visto como um fim em si mesmo, que tem por meta o acúmulo
de saberes, que utiliza metodologias transmissivas e tem foco centrado no ensino, deve ser
efetiva preocupação da escola.
A formação obrigatória, com currículos engessados que acabam por limitar o
conhecimento esbarra na questão da formação de competências. Dessa forma, Perrenoud (1997)
questiona o papel da escola quanto à questão da competência. O desenvolvimento de
competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) tem sido o caminho apontado por muitos,
para a mudança deste paradigma.
Perrenoud (1997) define competência como a faculdade de mobilizar um conjunto de
recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações) para solucionar com pertinência e
eficácia uma série de situações e estas situações estão ligadas a contextos culturais, profissionais
e condições sociais.
A complexidade do mundo moderno, a necessidade de adaptação às rápidas mudanças, a
flexibilização, a competitividade do mercado de trabalho e a exigência de novos saberes e
competências, apontam ainda mais a necessidade de uma diferenciação no ensino e segundo Kuri
(2004), a individualização dos percursos de formação, pois não se pode imaginar uma abordagem
neutra às diferenças existentes entre os alunos.
66
“Ao serem tratados uns e outros como iguais em direitos e deveres, ao ser praticada a
indiferença para com as diferenças, por exemplo, limitando-se a um ensino frontal, permite-se,
evidentemente, que os alunos favorecidos aprendam mais rápido e mais do que os outros”.
(PERRENOUD,1999, p. 80).
Desta forma, o processo ensino-aprendizagem interfere de maneira cabal na formação de
competências do aluno merecendo assim atenção especial. Esta questão deve ser tratada com
prioridade na discussão de metodologias educacionais.
3.2
O processo de ensino-aprendizagem
Segundo Santos (2001) a prática do professor de ensino superior deve estar pautada em
três pilares: o conteúdo da área da qual ele é especialista, sua visão de educação e as habilidades e
conhecimentos que lhe permitem uma efetiva ação pedagógica, existindo total interação entre
eles. Mas, na prática o que se tem observado é que tanto o professor quanto as próprias
instituições de maneira geral, valorizam o primeiro pilar sem, no entanto dominar os demais.
Assim, conforme salienta Colenci (2000), o professor acaba sendo um transmissor de
conhecimento, ministrando suas aulas pautado na observação e na reprodução de métodos
utilizados por seus próprios professores e ignorando completamente as necessidades de
aprendizagem de seus alunos.
Com relação ao papel do professor de educação superior, Saviani (1985) ressalta que na
universidade existe uma grande diferença entre o cientista e o professor.
“Enquanto o cientista esinteressado em fazer avançar a sua área de conhecimento, em
fazer progredir a ciência, o professor está mais interessado em fazer progredir o aluno. O
professor o conhecimento como um meio para o crescimento do aluno; enquanto para o
cientista o conhecimento é um fim, trata-se de descobrir novos conhecimentos na sua área de
atuação”. (SAVIANI, 1985:19).
Nesta perspectiva, o professor não é um produtor do saber e sim um facilitador da
aprendizagem e a ele cabe a organização dos processos e métodos a fim de garantir a apropriação
pelos alunos.
67
Além disso, segundo Barreiro (1996) muitos dos professores contratados pelas
universidades exercem a docência por simples obrigação contratual. Não gostam de serem vistos
como bons professores porque isso, conforme o senso comum, tornou-se sinônimo de que eles
não são bons pesquisadores. Neste caso, interpõe-se um distanciamento entre pesquisa e
docência. Inversamente, bons professores não são bons pesquisadores.
Cabe aqui reconhecer conforme salienta Drucker (1968) que a pesquisa gera informações
e não conhecimento, e que a capacidade de organização para a aplicação das informações aos
resultados finais é o processo de desenvolvimento do “conhecimento”.
Sendo assim, é necessário estudar a relação ensino-aprendizagem para desenvolver no
aluno a capacidade de pesquisar, de aprender a aprender.
O processo de ensino Sobre o conceito de ensinar não uma definição universal
aceita por todos. Os termos ensino e educação, inclusive, são diversas vezes utilizados como
sinônimos embora seus significados sejam diferentes. Educação é uma palavra ampla,
abrangente, refere-se a múltiplas influências recebidas durante a vida do ser humano, desde seu
nascimento, está relacionada em todos os aspectos do desenvolvimento individual e a
socialização do indivíduo. Ensino já é considerado uma relação de ajuda ou de auxílio
interpessoal, onde alguém que dispõe de mais conhecimento influencia a outra pessoa de várias
maneiras, ou seja, lecionando, orientando, mostrando, dirigindo, debatendo, supervisionando,
esclarecendo, incentivando, segundo Pfromm Neto (1987).
Para Santos (2001) o ensino consiste na resposta planejada das exigências do processo de
aprendizagem. Assim, o professor deve se preocupar mais em acompanhar a aprendizagem do
aluno do que concentrar seus esforços demasiadamente no assunto que vai ensinar. O ensino é
resultado de uma relação pessoal do professor com o aluno.
O processo de aprendizagem Atualmente, as modernas teorias educacionais têm dado
mais ênfase ao processo de aprendizagem pelo fato de ser centrado no aluno.
Rogers (1971) aponta alguns princípios sobre a aprendizagem, os quais serão
apresentados a seguir.
1) Os seres humanos têm potencial para aprender são curiosos sobre o mundo
em que vivem, até que tal curiosidade seja atropelada pelo sistema educacional;
68
2) A aprendizagem significativa verifica-se quando o estudante percebe que a
matéria estudada se relaciona com os seus próprios objetivos assim, as
pessoas só aprendem quando percebem ser o objeto de estudo algo que implique
na elevação de si mesma;
3) A aprendizagem que envolve mudança na organização de cada um na
percepção de si mesmo é ameaçadora e tende a suscitar reações é o caso da
aceitação de valores alheios que se contrapõem ao da maioria das pessoas.
4) As aprendizagens que ameaçam o próprio ser são facilmente percebidas e
assimiladas quando as ameaças externas se reduzem a um mínimo assim, se
um aluno está atrasado em certa tarefa e é forçado a resolvê-la na frente dos
outros, não é surpresa que fique bastante tempo preso a esta tarefa sem
conseguir progresso. Mas, ao contrário, se houver um ambiente de apoio e
compreensão, as ameaças externas serão removidas e haverá progresso natural.
5) É por meio dos atos que se adquire aprendizagem mais significativa assim,
quando o estudante é colocado em confronto com problemas e experimentação
prática, são especialmente eficazes;
6) A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do seu
processo a aprendizagem significativa aumenta ao máximo, quando o aluno
escolhe suas próprias direções, ajuda a descobrir recursos de aprendizado
próprio, formula problemas, faz escolhas e decide quanto ao curso de ação a
seguir.
69
7) A independência, a criatividade e a autoconfiança são facilitados, quando a
autocrítica e a auto-apreciação são básicas e a avaliação feita por outros tem
importância secundária a criatividade desabrocha numa esfera de liberdade. A
avaliação externa é infrutífera se a finalidade é um trabalho de criação.
8) A aprendizagem socialmente mais útil, no mundo moderno, é a do próprio
processo de aprendizagem, uma contínua abertura à experiência e à
incorporação, dentro de si mesmo, do processo de mudança se a cultura atual
sobrevive é porque o processo educacional não é um processo estático, é
dinâmico e muda a cada dia.
Conforme salienta Pfromm Netto (1987), aprendizagem e ensino são processos
intimamente ligados entre si, durante uma aula, o aluno exibe grande número de comportamentos
relacionados diretamente à aprendizagem: escuta, gesticula, olha, lê escreve, fala. Internamente, o
aluno que aprende recorre a múltiplos processos mentais: associa, compara, avalia, interpreta,
classifica, julga, reflete, imagina, memoriza, reconhece, recorda, estabelece hipóteses. Mais
ainda, passa a ter dúvidas e faz perguntas, questiona e começa a estabelecer suas próprias
referências sobre o conteúdo.
Dentro de uma abordagem construtivista, o item mais marcante, segundo Rezende (2002)
é a consideração do indivíduo como agente ativo do próprio conhecimento, o que na prática
desloca a preocupação com o processo de ensino para o processo de aprendizagem. Desta forma,
na visão construtivista, o estudante constrói seu conhecimento por meio da interação com a sua
realidade.
A Tabela 3 aponta os diferentes enfoques dado ao processo educacional diante das
variáveis apresentadas. Assim, percebe-se que quando o enfoque é centrado no ensino o foco é no
professor que é visto como o provedor do conhecimento e as metodologias aplicadas são
convergentes e memorizadoras. quando o enfoque é centrado na aprendizagem, o foco passa a
ser no estudante e o docente é visto como um facilitador da aprendizagem e usa metodologias
onde o aluno é que vai construir seu conhecimento.
70
Tabela 3 - Diferentes enfoques do processo educacional (adaptado de VILORIA: 1996)
VARIÁVEL
ENFOQUE CENTRADO NO
ENSINO
ENFOQUE CENTRADO NA
APRENDIZAGEM
Foco
Docente Estudante
Docente
Provedor de Conhecimentos Facilitador da Aprendizagem
Estímulo
Informação Abstrata, não
pertinente
Situação de Aprendizagem Real,
Pertinente
Processo Mental
Convergente, Memorizador Divergente, Analítico, Construtivista
Objetivos Informacional,
Discursivo;
Resposta Correta;
Aprender por si.
Promover:
Know How
Know Why
Skill
Feeling
Geração da Resposta, Aprendizagem
com o Processo.
Ritmo Uniforme Variável
Comportamento Rígido: Autoritário Flexível; Igualitário
Efeitos
Promove o Individualismo; Cria
Dependência
Fomenta o Trabalho em Equipe;
Favorece a Iniciativa; Prestigia a
Liderança
3.2.1 As teorias de ensino-aprendizagem
Na ânsia da busca pela compreensão da forma como as pessoas aprendem, várias
correntes de pensamento têm se destacado ao longo de décadas desenvolvendo teorias pautadas
na Filosofia e na Psicologia formando os chamados paradigmas educacionais. Assim, as teorias
que merecem destaque por considerarem o ser humano de maneiras diferentes são: o empirismo,
o inatismo (ou nativismo) e o interacionismo.
A corrente do empirismo considera que o ser humano é como uma “tabula rasa”, sem
conhecimento e que o seu desenvolvimento depende exclusivamente de seu ambiente, do meio
em que vive e dos estímulos que lhes são proporcionados. Os adeptos dessa teoria segundo
Barros (1996) consideram que o indivíduo, ao nascer não tem conhecimento nenhum e o adquire,
segundo Gaonac’h e Golder (1995) ao longo da vida, desde as capacidades sensoriais mais
elementares aos comportamentos adaptativos mais complexos. A mente é considerada inerte, e as
71
idéias vão sendo gravadas a partir das percepções. Um de seus principais seguidores é Frederic
Skinner (1904-1990) com a teoria behaviorista ou comportamental.
A corrente do inatismo ou nativismo aponta que a maioria dos traços característicos de um
indivíduo é fixada desde o nascimento, tais como habilidades, capacidades e aptidões que vão
amadurecendo até sua transformação em adulto. Dessa forma, a hereditariedade permite explicar
grande parte das diferenças individuais físicas e psicológicas das pessoas. Assim, as
características são predeterminadas em cada indivíduo (GAONAC’H e GOLDER, 1995).
A corrente do interacionismo é uma síntese das duas correntes anteriores, pois leva em
consideração tanto os fatores orgânicos como os fatores ambientais. Assim, os defensores desta
teoria não aceitam a passividade do aluno. O principal seguidor desta teoria é Jean Piaget (1896-
1980) com a sua teoria construtivista.
O cognitivismo
Segundo Salvador (2000), o termo “psicologia cognitiva” é muito abrangente e refere-se a
um nível de discurso próprio quando descreve a conduta humana no que se refere aos seus
estados mentais, representações e processos. Piaget, Wallon, Vigostsky, Bartlett e Ausubel são
considerados psicólogos cognitivos. Nesta abordagem, o conhecimento é centrado na
aprendizagem e o aluno constrói seu conhecimento baseado em sua própria realidade.
A aprendizagem significativa versus aprendizagem mecânica
Ausubel (1983) desenvolveu uma teoria chamada Teoria da Assimilação baseada na
aprendizagem significativa, que é um processo no qual uma nova informação é relacionada a um
aspecto relevante, existente, da estrutura de conhecimento de um indivíduo. Assim, segundo
Novak (1981) as células neurais durante a aprendizagem significativa estão sendo modificadas e,
provavelmente, formando alguma associação com os neurônios. O fenômeno psicológico envolve
a assimilação de novas informações dentro de uma estrutura de conhecimento específica existente
na estrutura cognitiva do indivíduo. Assim, durante a aprendizagem significativa a nova
informação é assimilada por subsunçores (entidades psicológicas) relevantes existentes na
estrutura cognitiva.
A aprendizagem significativa difere totalmente da aprendizagem mecânica que ocorre
quando conceitos relevantes não existem na estrutura cognitiva de um indivíduo e novas
72
informações têm que ser aprendidas mecanicamente, ou seja, cada pedaço de conhecimento tem
que ser arbitrariamente armazenado na estrutura cognitiva. Assim, a aprendizagem mecânica
ocorre sempre que uma pessoa adquire informação, em uma área de conhecimento que não esteja
relacionada com o que ele já sabe.
Segundo Salvador (2000) na aprendizagem significativa três vantagens essenciais em
relação à aprendizagem memorística. Em primeiro lugar o conhecimento adquirido de maneira
significativa é retido e lembrado por mais tempo. Em segundo lugar, a capacidade de aprender
outros materiais ou conteúdos relacionados aumenta mesmo que a informação original seja
esquecida. Em terceiro lugar, aumenta a chance de reaprender a informação original se esta for
esquecida.
Nesta teoria, as variações das taxas de esquecimento dependem do grau de significância
associado ao processo de aprendizagem. Assim, no processo de ensino-aprendizagem é
importante que o professor tenha consciência do tipo de aprendizagem que vem valorizando em
sua prática e que tipo de resposta espera de seu aluno.
3.3
A relação professor-aluno
A relação professor-aluno, um tópico importantíssimo constante no processo ensino-
aprendizagem tem sido tema de discussões atualmente, após ter ficado um tanto quanto
esquecido, principalmente nas áreas tecnológicas.
Bazzo (2000) afirma que quando se pensa em ensino tecnológico, normalmente existe
uma vertente que aponta para a aprendizagem como estando relacionada à melhor maneira de se
“transmitir” ou “repassar” conhecimentos técnicos. Uma outra vertente, conseqüência da
primeira, discute acerca da melhoria do ensino através da melhoria das instituições educacionais
e dos ambientes acadêmicos. Quando se discute a respeito de seleção de conteúdos a serem
abordados, questões puramente técnicas, mas cheias de anseios sociais, culturais, políticos e
econômicos aparecem para permear a escolha.
Entretanto, para se pensar em um ensino transformador é preciso considerar a figura
humana como parte do processo. O aluno, sendo sujeito cognitivamente ativo ou passivo, que
aprende melhor em grupo ou individualmente, que tem uma história pregressa, deve ser levado
em consideração no processo de ensino-aprendizagem.
73
Apesar da grande variedade de abordagens e visões sobre ensino-aprendizagem que
aparecem na literatura sob o mesmo rótulo, Duit (1991) aponta que pelo menos duas
características principais que mostram serem compartilhadas entre as teorias:
A aprendizagem ocorre através do ativo envolvimento do aprendiz na construção
do conhecimento e;
As idéias prévias dos estudantes representam um papel importante no processo de
aprendizagem.
O papel do professor
Demo (1998), ao explanar sobre o aprender como um desafio construtivo ressalta a
importância do desafio de aprender mais do que o de ensinar e nesse processo de aprendizagem o
contexto central pauta-se na formação da competência humana. O professor torna-se um
orientador “maiêutico”, isto é, aquele que leva o aluno a buscar suas respostas através de
perguntas simples e articuladas e assim, torna-se peça fundamental do processo de ensino-
aprendizagem.
Ao contrário do ensino tradicional que repassa certezas, a aprendizagem reconstrutiva se
alimenta da problemática da incerteza, da complexidade real e da interdisciplinaridade. Desta
forma, o papel do professor é conduzir o aluno ao aprendizado, à pesquisa e à busca do
conhecimento por si só.
Mas essa idéia ainda encontra barreiras, uma vez que a própria LDB e muitas
universidades continuam usando os termos adquirir e transmitir conhecimento, assim como
treinar e instruir. Assim, ao professor cabe ensinar e ao aluno aprender adotando uma postura
submissa, receptiva, cordata.
Assim, os alunos vistos como “robôs” vão logicamente aprender alguma coisa, ou ao
menos memorizar conteúdos. No mercado de trabalho, é claro que vão existir empregos que
exijam apenas a memorização, mas a maioria deles requer mais, ou seja, o profissional deve
adquirir competência de se renovar, de ter flexibilidade e ser dinâmico a todo o tempo.
74
Assim, Demo (1998) aponta ser um problema estudar com um professor que apenas
ensina, uma vez que ele atravanca o desenvolvimento adequado do aluno que desaprende o saber
pensar.
Desta forma cabe ao professor o desafio de desenvolver no aluno o gosto de aprender a
pensar e aprender a aprender e isso se faz através do incentivo à pesquisa, uma vez que o aluno
não vai receber o conteúdo pronto, ele vai buscar.
Nos Estados Unidos são muitos os professores que tem o título de doutorado e,
consequentemente, passaram pelo processo de produção própria do conhecimento, ou seja, não
aprenderam apenas escutando as aulas, mas sim de maneira reconstrutiva, produzindo seus
próprios textos e defendendo idéias. Essa realidade deveria ser também a do Brasil. No Ensino
Superior Tecnológico, principalmente nas FATECs, o incentivo para os professores participarem
de programas de doutorado ainda é pequeno.
3.4
A construção de um novo paradigma
Ribas (1998) aponta ser insustentável, frente às rápidas mudanças e a complexidade do
mundo moderno conceber o ensino como a simples transmissão de conteúdos.
Embora muitos estudiosos criem novas teorias educacionais, as formas de ensino e
aprendizagem mantêm-se praticamente iguais enquanto a inovação tecnológica desponta de
maneira exponencial, principalmente as tecnologias na área da informática, o que é uma
ambigüidade. Os modelos de gestão organizacional se alteram muito mais rapidamente do que
são entendidos e adotados pelas organizações educacionais, atingindo-se situações em que aquilo
que se ensina não chega a ser sequer discutido no ambiente educacional, muito menos aplicado, o
que revela um forte gap.
Bazzo (2000) destaca que o ensino das áreas tecnológicas tem sido visto como uma
realidade posta, pronta e acabada e as atividades didáticas acabam sendo reproduzidas
acriticamente uma vez que o professor desconhece suas origens.
Segundo Figueiredo (1995), a aprendizagem adquirida nas escolas tem representado uma
parcela cada vez menor do conhecimento que se adquire no dia-a-dia. Os canais se modificam e
trazem à escola um estudante que exige maior mobilidade, interatividade, conectividade e
75
subsídios para uma autonomia de sucesso, além de fornecer as respostas humanas compensatórias
de que a escola tem se distanciado de maneira perigosa.
Desta forma, as teorias sobre os Estilos de Aprendizagem têm sido cada vez mais
estudadas e aplicadas no sentido de facilitar a aprendizagem do aluno. O professor se conhecendo
e conhecendo melhor seus alunos passa a elaborar aulas que atendam ao perfil de cada um.
4 OS ESTILOS DE APRENDIZAGEM
As pessoas são diferentes em sua maneira de ser por vários motivos. Mas o que faz as
pessoas pensarem, sentirem, desejarem e agirem de maneira tão diferente? Por que em uma
mesma situação uma pessoa ri, a outra chora e a outra fica com raiva?
Esta é uma discussão bastante acirrada no contexto da psicologia. As experiências
anteriores dos indivíduos e o meio em que vivem influenciam de maneira cabal a maneira de agir
das pessoas, mas alguns autores também afirmam que alguns traços comportamentais são inatos.
Segundo Lawrence (1982), as pessoas revelam muito sobre elas através de seus hábitos,
não apenas os maus hábitos, mas a maneira como prestam atenção, se preocupam e decidem as
coisas. Cada pessoa tem a sua maneira de perceber e processar a informação, o que a difere das
demais.
Para Carter (2000) estilo de aprendizagem é uma maneira particular na qual a mente
recebe e processa a informação. Não uma maneira certa de aprender ou a melhor maneira de
aprender. Na verdade, são vários os estilos que se adaptam a diferentes situações. Cada pessoa
tem seu estilo próprio de aprender. Saber como a pessoa aprende é o passo inicial para saber
quem ela é. Esta é uma informação que deixa apenas de ser interessante e se torna crucial para
professores, pois se eles conhecem os estilos de aprendizagem de seus alunos poderão estar
motivando a aprendizagem.
Embora alguns educadores recriminem este tipo de classificação, é preciso deixar claro
que os instrumentos apresentados neste trabalho têm o intuito de fornecer subsídios para que a
prática docente se adeque melhor aos beneficiários do ensino, os estudantes. Este diagnóstico
feito através dos estilos permite que haja um planejamento educacional mais voltado para a
realidade dos alunos.
Atualmente, são quatro os principais modelos utilizados para estudar os estilos de
aprendizagem das pessoas, onde, alguns deles, conforme será demonstrado, basearam suas teorias
nos Tipos Psicológicos de Carl Jung. O MBTI (Myers-Briggs Type Indicator), o Classificador de
Temperamentos de Keirsey e Bates (1990), o modelo de Estilos de Aprendizagem de Felder e
Silverman e o Modelo de Aprendizagem Vivencial de Kolb (1984).
77
4.1
Os tipos psicológicos de Carl Gustav Jung
A Teoria dos Tipos Psicológicos foi elaborada por Jung na Alemanha. É uma teoria
bastante extensa, e no trabalho serão tratados apenas os principais conceitos referentes os estilos.
Esta teoria originou-se em contraposição as teorias de Freud e Adler.
Segundo Bauer (2002), as desavenças entre Jung e Freud surgiram de peculiaridades
pessoais, até mesmo relacionadas ao temperamento de cada um. O principal foco de
desentendimento com Freud, foi por Jung não considerar as diferenças de temperamento como
conseqüências de desejos sexuais reprimidos na infância e com Adler, por não aceitar que o
indivíduo esteja entrelaçado com representações psíquicas.
A Teoria de Jung é conhecida como Psicologia Analítica, onde ele afirma que não há um
tipo psicológico melhor ou pior que outro, pois todos apresentam características peculiares,
vantagens ou desvantagens em determinado contexto ou situação.
Diante da complexidade humana, torna-se praticamente impossível definir a
personalidade de uma pessoa em sua totalidade. A compreensão do tipo psicológico vai informar
apenas as preferências, atitudes e estilos de interação das pessoas.
Segundo Jung (1981), a personalidade da pessoa abrange aspectos conscientes e
inconscientes. Os principais sistemas de personalidade são o ego (responsável pela execução de
atividades, como pensar, sentir lembrar), o inconsciente individual constituído por lembranças
perdidas, reprimidas, percepções que não chegaram a consciência do indivíduo, mas que
influenciam a consciência) e o inconsciente coletivo (traços herdados, experiências da
humanidade transmitidas para cada indivíduo) que influencia tudo o que a pessoa aprende desde
o seu nascimento. Neste contexto ainda acrescentou as atitudes, as funções de pensamento, do
sentimento, da sensação e da intuição.
As atitudes, segundo Jung (1991) seria a forma da pessoa agir e reagir a estímulos. Isso
pode ser feito através de duas proposições: extroversão ou introversão. A extroversão, mais
voltada para o mundo externo; e, a introversão, voltada para dentro do ser humano. Cada pessoa
tem uma característica mais marcante, mas o significa que em determinada situação uma
pessoa considerada introvertida possa apresentar traços de extroversão e vice-versa.
78
Quanto às funções de pensamento, Jung (1991) propôs quatro funções psicológicas que
servem para adaptar o indivíduo às situações de vida exterior e interior: pensamento, sentimento,
sensação e intuição. As duas primeiras são consideradas processos mentais racionais de
julgamento e, as duas últimas, processos mentais irracionais de percepção.
4.1.1 Os Processos Racionais de Julgamento: Pensamento e Sentimento.
Função Pensamento: é a maneira como o indivíduo lógica a sua conclusão. Pensar é
perceber e julgar. Para Jung (1991) pensamento é uma função psicológica básica que conjuga
representações por meio de conceitos. As atitudes ligadas ao Pensamento envolvem a tomada
de decisões lógicas, com o uso de critérios objetivos, lógicos, racionais.
Função Sentimento: informa o indivíduo se algo lhe agrada ou não, se algo lhe é aceitável ou
não. O sentimento assim como o pensamento é função racional. As atitudes ligadas ao
Sentimento envolvem a compreensão, harmonia, empatia e compaixão.
4.1.2 Os Processos Mentais Irracionais de Percepção: Sensação e Intuição
Função Sensação: compreendida como função dos órgãos dos sentidos. As atitudes
ligadas a Sensação realmente se baseiam em fatos passados e presentes, utilizando-se
esquemas seqüenciais. As pessoas geralmente apresentam observação meticulosa
possuem boa memória.
Função Intuição: é a função da percepção através do inconsciente. As pessoas
geralmente orientam-se por insights, algo que vem de dentro. É uma função perceptiva
irracional.
Todas as pessoas apresentam as quatro funções que se desenvolvem de maneira diferente
em função das circunstâncias pessoais ou profissionais vividas. Desta forma, Jung criou oito
tipos de personalidades distintos, que se formam da combinação dos tipos funcionais (introversão
79
ou extroversão) com os processos mentais irracionais de percepção e os processos racionais de
julgamento. Jung (1991) afirma ainda que o tipo psicológico de cada indivíduo não se trata de
uma escolha consciente, pois se fosse assim, indivíduos com uma mesma formação e expostos as
mesmas condições agiriam de maneira semelhante, o que muitas vezes não acontece. A existência
do tipo psicológico vai partir de um fundamento inconsciente e instintivo.
4.2
O indicador de Tipos Myers-Briggs Type Indicator (MBTI)
Segundo Carter (2000), o MBTI (Myers-Briggs Type Indicator) foi uma das primeiras
teorias desenvolvidas e utilizadas para identificar os tipos psicológicos. Foi criada por Katharine
Briggs e sua filha, Isabel Briggs Myers. Em 1962, segundo Lawrence (1982), o Educational
Testing Service publicou o MBTI, um inventário de lápis e papel, que demorou cerca de 20 anos
para ser desenvolvido.
Myers e Briggs estudaram a teoria dos tipos psicológicos e nela incluíram uma nova
dimensão que foi denominada como atitude ou estilo adotado em relação ao exterior por meio da
Percepção ou do Julgamento.
A Percepção, de acordo com Lawrence (1982), também chamada de sensação ou
intuição, é usada nos aspectos externos da vida do indivíduo. A pessoa que tem como
característica a percepção, tende a ser flexível, adaptar-se as mudanças e a buscar mais e mais
informações.
o Julgamento, também usado nos aspectos externos da vida do indivíduo, é também
conhecido com pensamento ou sentimento. Uma pessoa com esta característica de personalidade
busca ter as coisas organizadas e conduzidas de acordo com o que foi planejado.
Pela teoria dos tipos, a personalidade está estruturada pelas quatro preferências no uso das
funções de percepção e de julgamento. Este modelo classifica os estudantes de acordo com suas
preferências em escalas derivadas da teoria dos tipos psicológicos de Carl Jung. Os estudantes
podem ser: extrovertidos (E) ou introvertidos (I); sensoriais (S) ou intuitivos (N); racionais (T) ou
emocionais (F); julgadores (J) ou flexíveis (P).
80
No MBTI, as preferências dos estudantes podem ser combinadas, formando 16 tipos
diferentes de estilos de aprendizagem. Por exemplo: ESTP (extrovertido, sensorial, racional e
flexível), ou ter outras combinações, como INFJ (introvertido, intuitivo, empático e julgador).
Myers (1997) afirma que é somente o próprio indivíduo quem pode fornecer a última
palavra sobre seu tipo psicológico, pois o homem é mais complexo que os tipos psicológicos e
nenhuma avaliação poderá fazer jus em sua integra.
Para Myers e Myers (1995), descrever as pessoas como ENTPs, por exemplo, não infringe
os direitos de autodeterminação, pois elas já escolheram ser E / N e T / P.
O MBTI pode ser utilizado para o auto-conhecimento e o auto desenvolvimento, na
melhoria do processo educacional e profissional, nas organizações no que se refere à formação de
equipes, treinamento, avaliação de desempenho, aconselhamento, entre outros.
Esta teoria afirma que o meio ambiente é um fator importante, pois pode tanto
desencadear ou desencorajar o desenvolvimento das preferências do individuo. Um aspecto
crítico da teoria é que é virtualmente impossível para o individuo desenvolver todos os quatro
processos mentais ao mesmo tempo. Assim, o indivíduo sempre apresentará um processo
dominante. O processo auxiliar deve ser entendido como uma ajuda para o processo dominante.
O terceiro e quarto processos seja usado para atividades para as quais é mais apropriado.
4.2.1 Aplicação do MBTI
Compreender os tipos psicológicos ajuda a explicar porque alguns alunos preferem
certas disciplinas ou formas de ensinar enquanto outros não apreciam e nem conseguem aprender.
O fato, segundo Lawrence (1982) é que conhecer os tipos é fundamental para conhecer os estilos
de aprendizagem e o que motiva o indivíduo a aprender. Um estudante pode preferir receber a
informação sensorialmente, enquanto outro tem preferência por receber a informação
intuitivamente ou um estudante pode preferir um método de estudo ativo ao invés de reflexivo,
pode preferir estudar sozinho ou em grupo. Isso é importante para o planejamento de ensino, das
aulas desenvolvidas pelo próprio professor e sua equipe.
Essa ferramenta também é utilizada para diagnosticar as dificuldades acadêmicas
dos estudantes, mas não os rotula, pois é o próprio estudante o juiz final de seus padrões
81
comportamentais uma vez que, aplica-se o inventário, fornece-se resultados e descreve-se os
tipos característicos dos alunos, utilizando métodos que capitalizam os pontos fortes e quando
necessário os pontos fracos, fornecendo indícios aos estudantes que decidem qual caminho tomar,
formando assim, seus padrões de comportamento.
Segundo Bauer (2002), Briggs apresenta dois problemas distintos: o aprendizado como
uma questão de comunicação e a apreciação ou não apreciação como uma questão de interesse.
Como exemplo, trabalhando com estudantes ISTJ (introvertido, sensorial, emocional e
julgador), o professor notou um insucesso dos estudantes que confiaram muito na memorização
para fazer os exercícios padrões. Na verdade o professor havia cobrou dos estudantes uma
estratégia voltada para compreensão dos conceitos básicos e não apenas de memorização.
Quando os alunos entenderam isso houve uma melhora na aprendizagem.
Desta forma, é preciso reconhecer a diferença de interesse, pois um aluno intuitivo tem
preferência por aprender princípios, teorias, diferentemente dos sensoriais que apreciam
aplicações práticas. A maioria dos assuntos é de cunho teórico e prático e assim o professor pode
dar mais ênfase em uma parte ou em outra.
4.3
Modelo de Kolb
O modelo de aprendizagem de Kolb é denominado “vivencial” por duas razões: a
primeira porque suas origens intelectuais se apóiam nos trabalhos de John Dewey, Kurt Lewin e
Jean Piaget - teóricos que apontam que a aprendizagem deve partir da realidade da pessoa e; a
segunda, porque atribui ênfase ao papel da experiência no processo ensino aprendizagem (Kuri
2004).
O modelo descreve o ciclo de aprendizagem, isto é, como o indivíduo gera, a partir de sua
experiência conceitos que o guiarão em sua prática. Segundo Belhot (1997), o ciclo é um
processo estruturado, ordenado e, cada passo depende da execução do anterior. Este modelo
classifica o aprendiz como tendo preferência por: 1) experiência concreta ou conceituação
abstrata que é a forma como as pessoas percebem a informação; e 2) observação reflexiva ou
experimentação ativa que é a forma como internalizam ou processam a informação.
82
Figura 3 - Perceber e processar a informação, segundo Kolb
Desta forma, segundo a teoria de Kolb (1984), é possível encontrar quatro tipos de
aprendizes:
Tipo 1: concreto reflexivo – Pergunta característica – Por quê?
Tipo 2: abstrato reflexivo – Pergunta característica – O quê?
Tipo 3: abstrato ativo – Pergunta característica – Como?
Tipo 4: concreto ativo – Pergunta característica – E se?
De acordo com a teoria de Kolb (1984) um ciclo com quatro estratégias de
aprendizagem onde o estudante e o próprio professor irão se encaixar em uma delas de acordo
com o perfil de cada um. Neste sentido, o estudo revela que o ato de aprender exige habilidades
opostas entre si conforme aponta a Figura 3.
A primeira – Experiência Concreta (CE) enfatiza as experiências pessoais e os
sentimentos envolvidos na situação de aprendizagem. Pessoas que utilizam este tipo de estratégia
são aptas a mudanças e têm a “cabeça aberta” para a solução de problemas. Já os professores que
utilizam esta estratégia são adaptáveis a mudanças e são receptivos a novas alternativas e opções
quando estão lidando com um problema.
83
Na segunda Observação Reflexiva (RO) o aprendiz acredita poder resolver seus
problemas usando pensamentos e sentimentos e dando ênfase a paciência, julgamentos
cuidadosos e habilidade para entender idéias de diversos pontos de vista. Exige uma confiança
por parte do professor na habilidade de logicamente analisar as idéias e sistematicamente planejar
sua abordagem para lidar com a tarefa a ser realizada. Os professores nesta situação, que
normalmente é chamada de estágio do raciocínio, tendem a retardar a tomada de decisão, até que
eles tenham adquirido um adequado entendimento intelectual e cognitivo de uma dada situação.
Na terceira Conceituação Abstrata (AC) cria-se certa dependência do aprendiz em
resolver os problemas de forma lógica e sistemática. O entendimento é baseado na compreensão
intelectual de uma situação. O nível de abstração é elevado. No caso do professor, este se apóia
fortemente nos valores e sentimentos pessoais enfatizando, especialmente, a paciência, a
objetividade, o julgamento cuidadoso, e a habilidade de entender as idéias e problemas sob
diferentes prismas e pontos de vista.
A última estratégia Experimentação Ativa (AE) envolve a aprendizagem de forma
ativa. As pessoas desta esfera gastam bastante tempo experimentando situações onde mudam
variáveis e influenciam situações, ou seja, formulam hipóteses e passam pela verificação.
Pressupõe-se que a aprendizagem assuma uma forma ativa. Os professores que utilizam esta
estratégia estão interessados naquilo que funciona, e dedicam a maior parte de seu tempo
experimentando situações que podem ser modificadas ou manipuladas.
O inventário desenvolvido por Kolb (1984) é usado para estimar a preferência do aprendiz
por cada uma dessas quatro estratégias de aprendizagem. Os valores numéricos são combinados
em duas escalas discretas e bipolares que indicam sua preferência entre experimentação ativa
versus observação reflexiva, e entre experiência concreta versus conceituação abstrata. A
combinação dos valores dessas duas escalas localiza o aprendiz dentro de seu estilo de
aprendizagem preferido (neste caso, dentro do estilo didático preferido e praticado). O estilo
preferido será um entre quatro possíveis: Divergente, Convergente, Assimilador ou Acomodador.
A Figura 4 ilustra essas quatro possibilidades, através do cruzamento dos eixos
correspondentes às duas escalas. A cada quadrante associa-se um estilo preferido. No quadrante 1
estão os chamados Divergentes (Divergers), no quadrante 2 os Assimiladores (Assimilators), no
84
quadrante 3 os Convergentes (Convergers), e no quadrante quatro os que são chamados de
Acomodadores (Accommodators).
Figura 4 - As escalas bipolares propostas por Kolb [1984] e os estilos preferidos
Assimiladores: as habilidades de aprendizagem dominantes do assimilador são a
Conceitualização Abstrata (CA) e a Observação Reflexiva (OR). Seu grande diferencial está na
habilidade de criar modelos teóricos, e no raciocínio indutivo - em integrar observações
diferentes e distintas reunindo-as em explanações integradas. Como o convergente, o integrador é
menos interessado nas pessoas e mais voltado para idéias e conceitos abstratos. Contudo, as
idéias não são julgadas pelo seu valor prático. Nesse caso, é mais importante que a teoria seja
logicamente correta e precisa.
Convergentes: as habilidades dominantes do estilo convergente são Conceituação
Abstrata (CA) e Experimentação Ativa (EA). Sua maior capacidade está na solução de
problemas, na tomada de decisão e na aplicação prática de idéias. Este estilo de aprendizagem é
Divergentes
85
chamado “convergente” porque uma pessoa com esse estilo parece ter sucesso em situações tais
como testes convencionais de inteligência, onde uma única resposta ou solução correta para
uma questão ou problema. O conhecimento do convergente é organizado de tal modo que, através
do raciocínio hipotético-dedutivo, ele consegue manter o foco em problemas específicos.
Pesquisas realizadas indicam que os convergentes são racionais (controlados em suas emoções),
preferindo lidar com tarefas técnicas e com problemas, em lugar de questões sociais e
interpessoais.
Acomodadores: são melhores na Experiência Concreta (EC) e na Experimentação Ativa
(EA). Seu maior potencial (força) é fazer coisas, realizar planos e experiências, e envolver-se em
novas experiências. Eles tendem a aceitar mais os riscos das decisões, que as pessoas dos outros
três estilos, por sua característica adaptativa. Este estilo recebe este nome “acomodadorporque
as pessoas deste tipo se adaptam a circunstâncias imediatas específicas. Em circunstâncias onde a
teoria ou planos não se ajustam aos fatos, eles provavelmente rejeitarão o plano ou teoria. As
pessoas com estilo oposto, “assimilador”, terão maior propensão a descartar ou reexaminar os
fatos. As pessoas com orientação adaptativa tendem a resolver problemas na base da tentativa e
erro, apoiando-se mais fortemente em informações fornecidas por outras pessoas, que na sua
própria habilidade analítica. O acomodador é de fácil relacionamento, mas algumas vezes parece
impaciente e exagerado “cobrador de resultados”. O acomodador normalmente vem de campos
técnicos ou práticos, empresariais.
Divergentes: têm forças de aprendizagem opostas ao do convergente, enfatizando a
Experiência Concreta (EC) e a Observação Reflexiva (OR). Sua grande força vem da habilidade
imaginativa, criativa e na sua consciência dos significados e dos valores. O divergente tem
grande habilidade para ver situações concretas de muitas perspectivas diferentes e de organizar
muitas relações de um modo sistemicamente significativo. O nome divergente foi dado porque
uma pessoa com esse estilo tem melhor desempenho em situações que requerem a geração de
idéias e de suas conseqüências, como em uma sessão de brainstorming. Os divergentes estão
interessados em pessoas e tendem a ser imaginativos e orientados por fatores emocionais.
A Figura 5 ilustra esses quatro estágios da aprendizagem e os estilos decorrentes de sua
composição. Para Kolb (1984), o estilo de aprendizagem de cada pessoa é proveniente da
composição de um estágio “perceber” e de outro “processar” a informação. Em sua teoria Kolb
86
acrescentou os estilos divergente e convergente aos propostos por Piaget que seriam os estilos
acomodador e assimilador.
Estágio 1 – Estilo Divergente
EXPERIÊNCIA CONCRETA (CE) X OBSERVAÇÃO REFLEXIVA (RO)
Estágio 2 – Estilo Assimilador
OBSERVAÇÃO REFLEXIVA (RO) X CONCEITUALIZAÇÃO ABSTRATA (AC)
Estágio 3 –Convergente
CONCEITUAÇÃO ABSTRATA (AC) X EXPERIMENTAÇÃO ATIVA (AE)
Estágio 4 – Estilo Acomodador
EXPERIMENTAÇÃO ATIVA (AE) X EXPERIÊNCIA CONCRETA (CE)
Figura 5 - Os quatro estágios da aprendizagem e os estilos decorrentes de sua composição, segundo Kolb
4.3.1 Aplicação do Modelo de Kolb
A professora Julie Sharp, em suas aulas de comunicação, fornece uma apostila
descrevendo como se comunicar com os quatros diferentes tipos de aprendizes. Seus estudantes
preparam apresentações de 10 minutos, procurando atingir todos os demais estudantes. Segundo a
pesquisadora, estudar estilos de aprendizagem auxilia os estudantes a aprender a matéria da
disciplina porque eles se tornam conscientes dos seus processos mentais.
Em outro caso, uma universidade disponibilizou um treinamento aos docentes, ajudando-
os na reformulação das suas disciplinas, num esforço de atingir um maior número de alunos,
criando variedades de métodos de ensino como: resolução de problemas em grupo, atividades de
brainstorming, projetos e exercícios com relatos por escrito, complementando as aulas
expositivas.
4.4
Modelo de Estilo de Aprendizagem em Keirsey e Bates
Esta nova corrente de estudos foi criada por David Keirsey e Marilyn Bates, ambos
psicólogos especialistas em diagnósticos comportamentais na Universidade da Califórnia.
87
Keirsey e Bates (1990) afirmam que entender o temperamento de uma pessoa é
fundamental para compreendê-la. Cada pessoa tem um temperamento próprio, ligado ao caráter e
a própria personalidade.
Em 1998, Keirsey em seu livro “Please Understand Me II: Temperament, Character,
Inteligence” reafirmou que as pessoas são diferentes entre si, pensam, sentem e fazem de
maneiras diferentes e essas diferenças são positivas, por isso não razão para mudá-las. Mas,
neste mesmo livro o autor esclarece que quando um indivíduo em seu semelhante diferenças
vai logo querendo mudá-lo uma vez que percebe essas diferenças como algo negativo e logo tenta
atribuir-lhe isso como defeito ou falha. Mas ressalta que tentar mudar alguém é praticamente
impossível. Cada pessoa tem a sua forma, seu temperamento. São as próprias pessoas que podem
se transformar através do desenvolvimento de determinadas características pessoais, de sua
vontade e determinação pessoal.
Keirsey e Bates (1990) destacam a importância do temperamento e o associam ao caráter
e à personalidade. Assim, a personalidade tem dois lados: um do temperamento e outro do
caráter. Entender o temperamento de uma pessoa é algo fundamental para entendê-la, pois este
lhe confere uma marca assim como a impressão digital. Para eles, temperamento representa as
inclinações e caráter representa os hábitos.
Keirsey (1998) aponta que estas características de temperamento aparecem desde a tenra
idade no indivíduo, sendo que umas mais cedo que as outras, antes que a própria experiência de
vida tenha marcado a pessoa fazendo-a se transformar. Assim, o temperamento é inato à natureza
humana e o caráter se desenvolve por meio da interação com o ambiente.
Por acreditar que o temperamento é algo fundamental na compreensão do indivíduo,
Keirsey e Bates em 1984 desenvolvam o classificador de temperamentos, um instrumento que
fornece uma estrutura para identificar as tendências naturais do comportamento humano.
Desenvolvido logo depois do MBTI, de Myers e Briggs, também baseado na teoria psicológica
de Jung, o instrumento criado por Keirsey e Bates procura definir como as pessoas
conscientemente preferem atender ao mundo, de acordo com seu temperamento. Estudos
demonstram que o tipo psicológico afeta a maneira como as pessoas ensinam e aprendem.
Segundo Wicklein (1995), o Classificador de Temperamentos de Keirsey, foi utilizado
para determinar o tipo psicológico do indivíduo. É um instrumento de setenta questões. A pessoa
88
escolhe necessariamente entre as respostas (a) e (b). Dessa forma, o indivíduo terá seu perfil
psicológico determinado de acordo com quatro preferências básicas: Extroversão (E)
Introversão (I); Sensação (S) iNtuição (N); razão (T, do inglês Thinking) emoção (F, de
Feeling); Julgamento (J) Percepção (P). O cruzamento dessas quatro preferências entre si vai
gerar 16 tipos psicológicos distintos.
Cada uma das preferências tem seu significado próprio e dependendo do tipo de
temperamento, cada pessoa irá de encaixar em um determinado perfil.
Extroversão/Introversão (E/I)
Jung e Myers consideram esta dimensão a mais importante talvez porque seja de fácil
identificação. Keirsey (1998) em seu ponto de vista ressalta que esta dimensão apresenta pouca
utilidade para compreender o que as pessoas farão.
As pessoas extrovertidas são mais sociáveis; gostam de falar, interagir e trabalhar com
pessoas; gostam de testar e de usar experimentalmente as coisas; voltam sua atenção para os
aspectos externos das pessoas. as pessoas introvertidas são mais caladas, territoriais; desejam
espaços exclusivos; preferem trabalhar sozinhas ou com poucas pessoas; precisam de
concentração para ler e meditar; são orientadas para o mundo interior das idéias.
De maneira geral, os extrovertidos preferem mais falar que ouvir e os introvertidos mais
ouvir que falar. De outra forma, os extrovertidos preferem mais um grupo de pessoas e os
introvertidos se sentem mais confortáveis sozinhos.
Vale ressaltar que todas as pessoas são em certo momento mais extrovertidas e em outros
mais introvertidas. Essas distinções não são absolutas uma vez que em determinado momento é
preferível ficar sozinho e em outro estar acompanhado por certas pessoas.
Sensação/Intuição (S/N)
Para Keirsey (1998), a palavra sensação pode ser usada como sinônimo de observação e
exteriorização. Foi utilizada primeiramente por Jung para designar a atenção externa, assim a
intuição foi utilizada para designar a atenção interna, ou seja, dar atenção à subjetividade, ouvir a
voz interior.
89
Deste modo a pessoa sensorial é realista; observa o que é real e permanece na realidade;
observa detalhes com precisão; é orientada para os fatos: procura, confia e lembra de fatos;
valoriza a experiência e acumula conhecimentos através dela; depende da persistência.
a pessoa intuitiva é especulativa; sempre buscando alternativas de mudança ou
melhoria; é orientada aos conceitos internos, significados e possibilidades; o futuro exerce forte
atração, pode começar uma atividade sem ter terminado a anterior; sente-se atraída por metáforas,
por imagens, símbolos e linguagem figurada; depende de inspiração.
Assim, todas as pessoas praticam a observação e a introspecção, mas não ao mesmo
tempo. Quando se observa o mundo exterior não se pode observar o que no mundo interior.
Algumas pessoas desde a tenra idade dão mais atenção aos sentimentos e pensamentos, sendo
assim mais intuitivas; outras enxergam mais o mundo externo, sendo mais realistas e, portanto,
sensoriais.
Pensamento/Sentimento (T/F)
Nesta teoria, pensamento é usado como sinônimo de razão e sentimento como de
sensibilidade. Assim, aquelas pessoas que seguem mais seus pensamentos, são conhecidas como
racionais e aquelas que prestam mais atenção ao coração, aos seus sentimentos, são consideradas
emocionais.
Todas as pessoas são racionais e emocionais, mas algumas prestam mais atenção aos
pensamentos e outras mais aos sentimentos.
As pessoas pensadoras ou racionais são impessoais; fazem as escolhas de modo racional;
tomam decisões baseadas em lógica e em regras; tendem a priorizar critérios objetivos; reagem
positivamente a palavras como princípios, políticas, leis, critérios e firmeza; têm boa
argumentação, normalmente fundamentada na lógica; não se sentem confortáveis com
julgamentos pessoais.
as pessoas emocionais ou humanísticas são pessoais; tendem a dar um tratamento
subjetivo ao lidar com pessoas e projetos; reagem positivamente a palavras como emoção,
valores humanos e intimidade; fazem suas escolhas com base no impacto pessoal dessa decisão
sobre as pessoas envolvidas; sentem-se mais confortáveis com julgamento de valores, do que
sendo objetivo e lógico.
90
Nessa dimensão os dois tipos recebem críticas. Os racionais geralmente são acusados de
“desumanos” ou “sem coração” enquanto que os emocionais são criticados por terem “coração
mole” ou “serem muito sentimentais”. De um lado se tem aquele tipo mais firme e irredutível e
de outro lado os mais maleáveis e cordiais.
Ainda segundo o autor, tanto os tipos sensíveis como os racionais reagem às emoções
com a mesma freqüência. A diferença está na maneira como demonstram essas emoções. As
pessoas sensíveis demonstram suas emoções de maneira clara, para que todos possam ver ou
ouvir. Já as pessoas racionais sentem-se constrangidas com a exibição de um sentimento e
tendem a escondê-lo.
Julgamento/Percepção (J/P)
As pessoas julgadoras ou estruturadas são planejadas; preparam e seguem agendas;
procuram resolver o problema mesmo com dados incompletos; tendem a estabelecer prazos,
procuram atendê-los, e esperam que os outros façam o mesmo; parecem ter uma ética em que o
trabalho vem antes de tudo; são orientados para os fins, os resultados.
As pessoas perceptivas ou flexíveis são abertas; são mais relutantes para tomar uma
decisão; retardam a decisão visando a obtenção de mais dados e talvez mais alternativas;
adaptam-se facilmente as mudanças; acreditam que o trabalho pode ser agradável; são orientadas
para o processo, os meios.
Em outras palavras, para Keirsey, os julgadores são aquelas pessoas que fazem e seguem
planos de vida diária e os flexíveis são aquelas pessoas que preferem examinar opções e não
ficarem amarradas a programas, planos e horários.
Cada dimensão tem seus percalços. Envolvendo-se com sua agenda, os judicativos
tendem a não enxergar as diversas alternativas e não percebem as chances passando por eles. Os
flexíveis, por sua vez, relutam no envolvimento com programas e agendas tendendo ao não
cumprimento de prazos e tarefas.
Essas diferenças podem ser objeto de brigas nas relações pessoais e no trabalho,
principalmente quando se trata de equipes onde um depende do outro. Os judicativos são mais
sistemáticos e acreditam que o trabalho vem antes de tudo os flexíveis ou perceptivos
acreditam que o trabalho só tem sentido se for agradável.
91
4.4.1.1 Os quatro grupos de temperamentos
A diferença entre o estudo de Myers e Briggs e o de Keirsey e Bates é que enquanto o
MBTI utiliza os 16 tipos psicológicos, Keirsey e Bates categorizaram o comportamento em
quatro grupos: SJ (sensorial e julgador); SP (sensorial e perceptivo); NT (intuitivo e racional) e
NF (intuitivo e emocional), pois afirmaram que as 16 preferências psicológicas poderiam ser
categorizadas em quatro tipos de temperamentos, conforme demonstra a Tabela 4.
Tabela 4 - Os quatro tipos básicos de temperamento e os dezesseis subtipos. Fonte: Silva (1999)
Tipos Sub-grupos
Realista
Judicativo
(SJ)
ESFJ – realista judicativo (SJ), extrovertido (E), sensível (F)
ISFJ – realista judicativo (SJ), introvertido (I), sensível (F)
ESTJ – realista judicativo (SJ), extrovertido (E), racional (T)
ISTJ – realista judicativo (SJ), introvertido (I), racional (T)
Realista
Perceptivo
(SP)
ESFP – realista perceptivo (SP), extrovertido (E), sensível (F)
ISFP – realista perceptivo (SP), introvertido (I), sensível (F)
ESTP – realista perceptivo (SP), extrovertido (E), racional (T)
ISTP – realista perceptivo (SP), introvertido (I), racional (T)
Intuitivo
Racional
(NT)
ENTJ – intuitivo racional (NT), extrovertido (E), judicativo (J)
INTJ – intuitivo racional (NT), introvertido (I), judicativo (J)
ENTP – intuitivo racional (NT), extrovertido (E), perceptivo (P)
INTP – intuitivo racional (NT), introvertido (I), perceptivo (P)
Intuitivo
Sensível
(NF)
ENFJ – intuitivo sensível (NF), extrovertido (E), judicativo (J)
INFJ – intuitivo sensível (NF), introvertido (I), judicativo (J)
ENFP – intuitivo sensível (NF), extrovertido (E), perceptivo (P)
INFP – intuitivo sensível (NF), introvertido (I), perceptivo (P)
4.5
Modelo de Estilo de Aprendizagem de Felder-Silverman
Richard Felder, professor de Engenharia Química da Universidade Estadual da Carolina
do Norte, propôs juntamente com Linda K. Silverman um modelo que classifica os aprendizes em
92
cinco dimensões relativas a estilos de aprendizagem e que apresenta suas bases, ora no modelo de
Myers e Briggs, quando descreve a dimensão sensorial/intuitiva, ora baseia-se no modelo de
Kolb, quando aponta a dimensão ativa/reflexiva. Neste contexto, depois de um tempo, juntamente
com Bárbara Soloman desenvolveu o ILS, Index of Learning Styles, ou Índice de Estilos de
Aprendizagem que determina, com base em respostas de 44 questões as preferências de
aprendizagem relativas a quatro das cinco dimensões propostas: ativo/reflexivo,
sensorial/intuitivo, visual/verbal e seqüencial/global.
Segundo Felder (1987), cada indivíduo apresenta um estilo individual de aprendizagem,
de acordo com suas preferências nas dimensões propostas no modelo, tais quais: Percepção da
Informação - Sensorial / Intuitiva; Recepção da Informação - Visual / Verbal; Organização
da Informação Indutiva / Dedutiva; Processamento da Informação Ativa/Reflexiva;
Sequenciamento da Informação - Seqüencial/Global.
De acordo com Carrizosa (2000), todas as pessoas usam ambos os pólos de cada
dimensão, mas há uma tendência em favorecer mais um pólo que outro. Assim, de 0% a 100%,
todas as pessoas contemplam em maior ou menor grau cada um dos pólos propostos em cada
dimensão.
Cada pessoa percebe e processa a informação de maneira diferente e isso pode ser
facilmente detectado em função de cinco perguntas especificas, de acordo com a Tabela 5:
93
Tabela 5 - Modelo de Estilos de Aprendizagem – Felder e Silverman, 1988, p. 67
Que tipo de informação o estudante preferencialmente percebe:
Sensorial - ligadas aos sentidos (aspectos externos) – sons, imagens, toque, ou
Intuitiva - ligadas às percepções (aspectos internos) intuições, palpites,
possibilidades?
Por qual canal sensorial a informação externa é percebida mais efetivamente:
Visual – figuras, gráficos, tabelas, diagramas; ou
Auditivo – palavras ou sons?
Com qual organização da informação o estudante se sente mais confortável:
Indutiva – são apresentados fatos, informações e os princípios básicos; ou
Dedutiva os princípios básicos são apresentados e as conseqüências e aplicações
deduzidas?
Como o estudante processa a informação:
Ativamente – discussão, argumentação; ou
Reflexivamente – por meio da introspecção, subjetividade.
Como o estudante avança em direção ao entendimento:
Seqüencialmente – de uma forma contínua, passo a passo
Globalmente – em grandes saltos, como um todo?
4.5.1 Aprendizes Ativos e Reflexivos
Os aprendizes ativos segundo Felder (1988) tendem a compreender e reter melhor a
informação trabalhando de modo ativo, agindo sobre algo discutindo e aplicando a informação
ou explicando-a para os outros, tendem a gostar mais do trabalho em equipe. Os aprendizes
reflexivos preferem primeiro refletir sobre a informação e tendem a gostar mais de trabalhar
sozinhos. As pessoas o algumas vezes ativas e outras reflexivas. A sua preferência por uma
categoria ou por outra pode ser forte, moderada ou fraca. O equilíbrio é o ideal.
4.5.2 Aprendizes Sensoriais e Intuitivos
Aprendizes sensoriais gostam de aprender fatos, resolver problemas com métodos bem
estabelecidos, sem complicações e surpresas. Preferem informações práticas, são metódicos.
94
Aprendizes intuitivos preferem descobrir possibilidades e relações, gostam de novidades e
se aborrecem com a repetição. Preferem mais conceitos e teorias.
Sensoriais tendem a ser mais detalhistas e bons para memorizar fatos e fazer trabalho
prático; intuitivos desempenham-se melhores no domínio de novos conceitos. Sensoriais tendem
a ser mais práticos e cuidadosos do que os intuitivos; os intuitivos são mais rápidos no trabalho e
mais inovadores que os sensoriais.
4.5.3 Aprendizes Visuais e Verbais
O aprendiz visual se recorda mais facilmente do que viu figuras, fluxogramas, filmes,
demonstrações. Privilegiam as informações que recebem por imagem, diagramas, gráficos,
esquemas. O aprendiz verbal tem mais facilidade com as palavras, explanações escritas ou
faladas. Eles privilegiam o que é falado, o que está escrito, as fórmulas.
4.5.4 Aprendizes Seqüenciais e Globais
Aprendizes seqüenciais tendem a aprender de forma linear, em etapas seqüenciadas. Os
aprendizes globais tendem a aprender em grandes saltos, assimilando o material quase
aleatoriamente, sem ver as conexões, para então, compreender o todo.
Os seqüenciais tendem a seguir caminhos para encontrar soluções; os globais podem ser
hábeis para resolver problemas complexos com rapidez, mas podem ter problemas para explicar
como fizeram isso.
4.5.5 Aprendizes Indutivos e Dedutivos
A melhor maneira de se apresentar um assunto também tem sido bastante discutida no
âmbito acadêmico. Deve-se partir do particular para o geral ou vice-versa? Cury (2000) aponta
em seu trabalho que os aprendizes indutivos preferem partir de casos específicos para
posteriormente chegar à compreensão dos princípios e teorias. Preferem os exemplos práticos e
logo relacionam com o que sabem. os dedutivos preferem ter uma visão geral da teoria e
deduzir suas aplicações para os casos específicos. Aceitam uma explicação e pedem que lhes seja
apresentada uma dedução lógica.
95
Esta última dimensão não é contemplada no instrumento ILS.
Segundo Belhot (1997), os estilos de aprendizagem refletem o perfil psicológico da
pessoa e estímulos motivacionais que se manifestam durante o processo de conhecimento. É
preciso fazer uso dessa informação para melhor compreender as pessoas e suas necessidades.
Felder e Henriques (1995) ainda discutem que as diferenças entre os estilos de
aprendizagem de alunos e de seus professores afetam a qualidade de aprendizagem de seus
estudantes. Afirmam que um professor que adapta o conteúdo de suas aulas para os dois pólos
das cinco dimensões se aproxima do ambiente ótimo de aprendizagem para a maioria dos
estudantes da sala de aula.
4.6
Aplicações do Modelo de Felder-Silverman
Felder, juntamente com Bárbara Soloman desenvolveu o ILS (Index of Learning Styles)
que classifica os estudantes em quarto das cinco dimensões propostas por Felder e Silverman. De
maneira geral, identificaram em seus estudos que os docentes são mais reflexivos, intuitivos e
seqüenciais do que os estudantes e assim aperfeiçoaram o ensino de engenharia com métodos
voltados para os aprendizes ativos, sensoriais e globais.
Os resultados até o momento mostraram que o ensino para todos os estilos promove o
aperfeiçoamento da aprendizagem dos estudantes, a satisfação e a autoconfiança.
O estudo e domínio dos conceitos de estilos de aprendizagem se mostra extremamente
meritório no processo de ensino-aprendizagem da educação superior tecnológica, justificado pela
própria natureza deste processo que tem por objetivo formar profissionais criativos,
multidisciplinares, colaborativos e empreendedores, aptos a solucionar problemas futuros, com
metodologias próprias a partir de suas competências gerais, competências específicas, habilidades
na aplicação do conhecimento e sensibilidades na dosagem e na avaliação dos resultados,
equilibrando os fatores tempo e custo-benefício.
Para aferir esta conceituação, foi escolhida uma amostra representativa da
atividade da formação do tecnólogos, no ambiente de educação superior tecnológica, à partir da
qual se tornaram possíveis estabelecer importantes considerações cujos impactos remetem ao
96
ambiente institucional, à atividade acadêmica, à formação e atualização docente, ao processo
seletivo e avaliativo das condições do estudante, entre outras.
5 O ESTUDO DE CASO
5.1
Delineamentos Gerais
Os dados apresentados neste capítulo, são resultado da aplicação de dois inventários o
Índice de Estilos de Aprendizagem (Index of Learning Styles ILS) desenvolvido por Felder e
Soloman em 1991 para determinar as preferências de aprendizagem nas quatro dimensões do
modelo proposto por Felder e Silverman (1988) e o Classificador de Temperamentos idealizado
por Keirsey e Bates (1990).
Os instrumentos de pesquisa foram submetidos a uma amostra composta por alunos e
professores dos cursos de Tecnologia em Processamento de Dados e Tecnologia em Produção
Industrial da Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga – FATEC, com o intuito de verificar quais
os estilos de aprendizagem, temperamentos e tipos de personalidade predominantes em cada um
dos segmentos da amostra.
Na primeira etapa foi aplicado o Índice dos Estilos de Aprendizagem e o Classificador de
Temperamentos em cada participante. A coleta foi feita via internet, por acesso individual através
do site www.prod.eesc.usp.br/aprende. Após a coleta e análise dos dados, verificou-se qual o
estilo de aprendizagem e tipo de personalidade predominante nas turmas de alunos e nos
professores da amostra e em seguida, verificaram-se os dados da avaliação institucional da
própria faculdade e o relatório técnico produzido por Primo (2005), no qual se constatou que em
uma disciplina específica havia alto índice de desistência, absenteísmo e de grande número de
reprovações, além de várias reclamações por parte dos alunos junto à coordenação do curso
referente a um determinado professor, que será identificado de agora em diante de Professor X.
Cabe ressaltar que o referido professor aceitou participar da pesquisa e prontamente se
comprometeu a colaborar com tudo que fosse necessário para a realização deste trabalho.
Na segunda etapa foi feita uma análise mais profunda junto ao Professor X com a
aplicação do Inventário de Estilos de Aprendizagem e do Ciclo de Aprendizagem de Kolb. O
instrumento foi utilizado para identificar seu estilo de aprendizagem e o Ciclo, para apoiar as
98
sugestões feitas no sentido de auxiliá-lo em sua prática docente. Além disso, foram feitas
entrevistas com o professor e com os alunos no sentido de aprofundar a investigação.
Na análise quantitativa buscou-se caracterizar os perfis de personalidade e de
aprendizagem de 260 estudantes e 16 professores dos cursos Tecnológicos, ou seja, dimensões da
personalidade, temperamentos, tipos de personalidade e estilos de aprendizagem dominantes na
amostra. A análise descritiva se inicia com a apresentação e discussão dos resultados obtidos com
os instrumentos de pesquisa - Índice de Estilos de Aprendizagem (ILS) e Classificador de
Temperamentos de Keirsey. Na etapa seguinte se faz uma comparação dos resultados entre os
alunos, os professores e especificamente o Professor X e finalmente na análise qualitativa é
possível entender como a teoria dos estilos de aprendizagem e do classificador de temperamentos
pode auxiliar a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.
5.2
O site - http://www.prod.eesc.usp.br/aprende
O grupo de pesquisa Aprende, é formado por professores universitários e alunos de pós-
graduação em sua maioria da Universidade de São Paulo – EESC/USP com o objetivo de
investigar e intervir nos processos de geração, modelagem, transferência e mensuração do
conhecimento específico dos cursos tecnológicos em todas suas áreas de atuação. Para tanto, os
pesquisadores propõem-se a realizar o mapeamento individual e das interfaces das seguintes
áreas: simulação e integração gerencial, gestão do conhecimento e estilos de aprendizagem e
formação de competências. Este grupo desenvolveu um site com o objetivo de divulgar e trocar
informações sobre assuntos de suma importância para a educação.
Com a autorização dos autores e gratuitamente é possível através do site
http://www.prod.eesc.usp.br/aprende encontrar e responder ILS e o Classificador de
Temperamentos.
Para tanto, o procedimento é sempre o mesmo. O usuário acessa a tela de entrada do
sistema. Esta tela destina-se principalmente à escolha do idioma em que será feita a comunicação
com o respondente. A interação pode ser feita em Português ou Inglês, bastando para isso clicar
na bandeira correspondente do Brasil ou dos Estados Unidos, conforme a Figura 6.
99
Figura 6 - Tela de entrada do sistema
Após a escolha do idioma, o respondente terá acesso a uma tela chamada de tela
introdutória, contendo um breve texto sobre os estilos de aprendizagem e o classificador de
temperamentos, o grupo de pesquisa, respectivos links e agradecimentos.
Figura 7 - Tela introdutória do sistema
100
A tela seguinte é destinada ao cadastramento das informações pessoais do respondente.
Nela são registradas as principais informações sobre a pessoa que irá responder aos questionários.
Essas informações serão objeto desta pesquisa, pois através delas é que será possível fazer
comparações e análises entre os estudantes e os professores da Fatec. Além disso, muitas
informações deste banco de dados têm sido utilizadas em outras pesquisas, como critérios de
comparação e investigação, para estudar possíveis diferenças no estilo de aprendizagem de
estudantes de sexo masculino e feminino, entre estudantes de diferentes Universidades, cursos de
graduação, e entre estudantes de um mesmo curso, mas em diferentes períodos letivos conforme a
Figura 8.
Figura 8 - Tela de cadastro pessoal do sistema
Após o preenchimento das informações constantes no cadastro, o sistema permite ao
usuário escolher qual questionário irá responder primeiro, de acordo com a tela apresentada a
seguir. Todos os comandos são intuitivos e a interface do sistema é bastante amigável. O ILS é
composto de 44 questões com duas alternativas, e o Classificador de Temperamentos é composto
de 70 questões também com duas alternativas de resposta. Ambos os questionários são auto-
101
aplicáveis com questões que exigem do respondente escolher uma das duas alternativas
fornecidas (a ou b).
Figura 9 - Escolha dos questionários
Após responder os dois questionários, o usuário recebe via e-mail a resposta sobre o seu
estilo de aprendizagem e seu tipo de personalidade e também uma explicação do significado de
cada uma das dimensões que compõem seu estilos e tipo.
Se for escolhido ILS, após responder as 44 perguntas que o compõem, o sistema apresenta
a seguinte tela, contendo o estilo de aprendizagem do respondente e uma breve explicação do
significado de cada uma das dimensões.
102
Figura 10 - Estilo de aprendizagem
A partir desse ponto, o respondente é solicitado para responder ao outro questionário,
mediante um click. O Classificador de Temperamentos é composto de 70 questões, com duas
alternativas de escolha à semelhança do anterior. Os resultados são apresentados conforme
mostrado nas telas a seguir.
103
Figura 11 - Mapeamento dos estilos de aprendizagem
Figura 12 - Mapeamento dos estilos de aprendizagem (continuação)
104
Os respondentes recebem uma cópia do resultado no endereço eletrônico fornecido
preenchido na tela de cadastro. Os resultados ficam armazenados no sistema e dele são extraídos
os dados para tabulação, análise e futuras pesquisas.
Os pesquisadores têm a sua disposição telas de acesso restrito que permitem a
comparação e análise dos resultados. O acesso é feito mediante login e senha pessoal que são
modificados de tempos em tempos no sentido de garantir a fidedignidade dos dados.
Figura 13 - Tela de login e senha
Os dados de cadastro armazenados pelo sistema são de acesso restrito aos pesquisadores,
e tratados de forma confidencial. Eles são registrados na seguinte forma:
105
Figura 14 - Administração de usuários cadastrados
É a partir desta tela que os dados podem ser acessados e comparados, segundo diferentes
critérios de classificação. A opção Comparação Completa, a partir da escolha de um dos dois
questionários, permite fazer comparações entre sexos, etnias, instituições de ensino, cursos, anos
de ingresso, diferentes períodos letivos, e para cada um dos 16 tipos de personalidade definidos
por Keirsey. A respectiva tela é apresentada a seguir.
106
Figura 15 - Menu de administração
A comparação é feita a partir das escolhas feitas em cada um dos lados, direito e
esquerdo. Podem ser feitas tantas escolhas quantas se desejar, até uma única dimensão se for o
caso. Por exemplo, o interesse pode ser comparar os estilos de aprendizagem de estudantes do
sexo feminino e masculino, da etnia Anglo, segundo as dimensões propostas por Felder. Para
tanto basta escolher o respectivo questionário, no lado esquerdo no campo sexo marcar masculino
e feminino no lado direito. A tela com o resultado dessa pesquisa é apresentada a seguir.
107
Figura 16 - Análise estatística
Figura 17 - Comparação completa
108
A opção Análise Pessoal permite a visualização de todos os respondentes que satisfazem
aos critérios estabelecidos. A Figura 19 representa a tela resultante da seleção do pesquisador, ou
seja, respondentes do sexo feminino, de etnia Anglo e estudantes da Texas A&M University. Os
resultados são mostrados na tela seguinte.
Figura 18 - Tela de filtragem
109
Figura 19 - Tela de resultados
É oportuno observar que os resultados apresentados indicam os estilos de aprendizagem
de cada um dos respondentes, para os questionários respondidos.
5.3
Apresentação e análise dos resultados
5.3.1 Aplicação do ILS na amostra total dos alunos
As turmas de Tecnologia em Produção Industrial (PI) e Tecnologia em Processamento de
Dados (PD), contam com um total aproximado de 500 alunos. Participaram da pesquisa 260
alunos distribuídos segundo a Tabela 6, a seguir:
Pela Tabela 6 observa-se que o sexo masculino é predominante na amostra de alunos.
Sendo assim, na análise dos resultados, optou-se por não diferenciar a turma por sexo.
110
Tabela 6 - Distribuição dos alunos por curso
Curso Nº de
alunos
Sexo
Masculino
% Sexo
Feminino
%
Tecnologia em
Produção Industrial
104 90
86.5
14 13.5
Tecnologia em
Processamento de
Dados
156 142
91.0
14 9.0
O Índice de Estilos de Aprendizagem ILS contempla quatro dimensões de
aprendizagem: Ativo/Reflexivo, Sensorial/Intuitivo, Visual/Verbal e Seqüencial/Global. De
acordo com as respostas fornecidas para as onze questões que compõem cada uma das
dimensões, é possível identificar as preferências de aprendizagem dos respondentes e
diagnosticar seus estilos de aprendizagem. A preferência do respondente por uma das categorias,
por exemplo, sensação ou intuição pode ser forte, moderada ou quase inexistente; pode mudar
com o tempo e variar de acordo com o assunto ou ambiente de aprendizagem.
De acordo com a interpretação do modelo, o escore 1 ou 3 indica preferência leve entre as
duas categorias, ou seja, a preferência está praticamente equilibrada nas duas categorias; o escore
5 ou 7, demonstra preferência moderada; e, finalmente, o escore 9 ou 11, significa preferência
forte por uma das categorias da dimensão. Analisadas as respostas fornecidas pelo respondente às
questões do ILS é possível identificar qual das duas categorias incluídas em cada dimensão ele
prefere e; além disso, conhecer qual a posição dessa categoria na escala, ou seja, se a preferência
declarada é forte, moderada ou fraca. A seguir, são apresentadas as análises estatísticas
descritivas de cada dimensão estudada.
A distribuição dos estilos de aprendizagem dos alunos de PD (Processamento de Dados) e
PI (Produção Industrial) está representada no Gráfico 1.
O gráfico abaixo permite visualizar as dimensões de aprendizagem predominantes na
amostra estudada e, assim, identificar que o estilo de aprendizagem preferido da maioria dos
estudantes das turmas analisadas é ativo, sensorial, visual e seqüencial.
111
Gráfico 1 - Distribuição dos estilos de aprendizagem dos alunos de PD e PI
Estes dados confirmam os resultados divulgados por afirmação de Rossati (1998) que ao
investigar os estilos de aprendizagem de 858 estudantes de engenharia concluiu que a maioria
deles é ativo, sensorial, visual e seqüencial em suas preferências de aprendizagem.
Cabe lembrar que a dimensão ativa/reflexiva está relacionada ao processamento da
informação e à dimensão extroversão/introversão em Keirsey e Bates. Os resultados obtidos
indicam que a maioria dos aprendizes (172 alunos) prefere processar as informações de forma
ativa e isso significa que preferem aprender testando, aplicando, manipulando, discutindo ou
mesmo explicando o conteúdo para outras pessoas. Este perfil difere dos aprendizes reflexivos
que, pelo Gráfico 1 representam a minoria (88 alunos), São estudantes que preferem processar de
maneira introspectiva as informações, sem muito contato com outras pessoas, no máximo com
um colega mais próximo.
A dimensão sensorial/intuitiva está relacionada com a percepção e descreve a preferência
dos alunos em perceber as informações. Pelo Gráfico 1 ficou claro que a maioria dos estudantes
analisados (191) é sensorial. Isso significa que estes estudantes preferem as informações
concretas e práticas. Gostam de exemplos, são práticos e atentos a fatos e detalhes. São
metódicos e preferem resolver os problemas de forma prática. Os demais estudantes (69) são
112
intuitivos, ou seja, fixam-se mais em conceitos e teorias, favorecem as informações que aparecem
através da imaginação, reflexão e memória. Apresentam certo descuido aos detalhes.
A dimensão visual/verbal está relacionada com a maneira pela qual as pessoas preferem
receber as informações do mundo exterior e pelo ILS, essa preferência pode ser visual (imagens,
figuras e símbolos) ou verbal (fala e escrita). O Gráfico 1 demonstra claramente que a maioria
(178 alunos) da amostra prefere aprender com recursos visuais, isto é, têm preferência por
informações que vêm por imagens, gráficos, diagramas, símbolos, filmes. Os outros 82 alunos da
amostra, isto é, a minoria, privilegia as informações que vêm faladas e escritas. Lembram-se
melhor do que ouvem e escrevem.
A dimensão seqüencial/global refere-se à maneira pela qual as pessoas absorvem as
informações e compreendem os materiais que lhe são apresentados. O Gráfico 1 revela que 142
alunos, ou seja, a maioria da amostra é seqüencial. São alunos aprendem passo a passo, conforme
as informações lhes vão sendo apresentadas. As soluções para os problemas são apresentadas de
forma ordenada e fácil de entender. Os demais alunos, ou seja, 118 encaixam-se na dimensão
global. Isso significa que esses alunos captam as informações em grandes blocos, quase de
maneira aleatória, não vêem conexões e, de repente, compreendem o todo. Podem ter dificuldade
de explicar como chegaram a um resultado.
Em percentual nota-se a predominância do sexo masculino 89.2% em relação ao sexo
feminino 10.8% do total da amostra. em relação às quatro dimensões de Felder, nota-se um
predomínio nas preferências individuais dos alunos sendo 66.1% ativo, 73.5% sensorial, 68.5%
visual e 54.6% seqüencial conforme demonstra o Gráfico 2.
Allen e Mourtos (2000) aplicaram o ILS em 319 estudantes e os resultados revelaram que
cerca de 60% da amostra demonstrou forte preferência por aprender visualmente e cerca de 43%
dos estudantes demonstraram forte preferência pelo estilo sensorial. Assim, é fato que os
estudantes com preferência pelos estilos ativo, sensorial, visual e seqüencial sobrepujaram os
estudantes com preferência pelos estilos reflexivo, intuitivo, verbal e global.
113
Gráfico 2 – Distribuição percentual dos estilos de aprendizagem dos alunos de PD e PI
Broberg e Lin (2003) também aplicaram o ILS em estudantes da Indiana University e
obtiveram resultados similares aos obtidos com este estudo. Seus resultados demonstram que
80% dos estudantes submetidos ao ILS são ativos, 55% dos estudantes são sensoriais, 75%dos
estudantes são visuais e 60% dos estudantes são seqüenciais.
5.3.2 Aplicação do ILS- Curso de Tecnologia em Produção Industrial
Computadas as respostas de todos os estudantes do curso de Tecnologia em Produção
Industrial que participaram da pesquisa (N=104), pode-se conhecer as preferências de
aprendizagem predominantes na amostra. O Gráfico 3 revela que na dimensão ativa/reflexiva, a
maioria dos alunos prefere aprender de forma ativa; na dimensão sensorial/intuitiva verifica-se
que a preferência é por perceber a informação pelo canal sensorial onde 69 alunos são sensoriais
e 35 são intuitivos, na dimensão visual/verbal pode-se perceber que 65 alunos são visuais e 39
verbais e por fim, na dimensão seqüencial/global, 57 alunos do total de 104 são seqüenciais e os
47 restantes são globais.
114
Gráfico 3 - Distribuição dos estilos de aprendizagem para alunos de PI
Computadas as preferências dos alunos por dimensão é possível identificar suas
predominâncias. Em termos percentuais, nota-se que 65.4% é ativo, 66.3% é sensorial, 62.5% é
visual, 54.8% dos alunos é seqüencial , conforme demonstra o Gráfico 4.
Gráfico 4 - Distribuição percentual dos estilos de aprendizagem para alunos de PI
115
5.3.3 Aplicação do ILS- Curso de Tecnologia em Processamento de Dados
No curso de Tecnologia em Processamento de Dados, (N= 156), verificou-se que na
dimensão ativo/reflexivo 104 é ativo e 52 reflexivo, na dimensão sensorial/intuitivo 122 é
sensorial e 34 intuitivo, na dimensão visual/verbal 113 é visual e 43 verbal, na dimensão
seqüencial/global verificou-se que 85 dos alunos é seqüencial e 71 global. Estes dados confirmam
a tendência apontada por Felder e Silverman (1988) de que a maioria dos estudantes de
graduação da área tecnológica é predominantemente ativo, sensorial, visual e seqüencial.
O Gráfico 5 demonstra os resultados obtidos com a turma de Tecnologia em
Processamento de Dados.
Gráfico 5 - Distribuição dos estilos de aprendizagem para alunos de PD
Em percentuais, nota-se predominância nas dimensões: ativa 66.7%, sensorial 78.2%,
visual 72.4% e seqüencial 54.5% conforme demonstra o Gráfico 6.
116
Gráfico 6 - Distribuição percentual dos estilos de aprendizagem para alunos de PD
5.3.4 Aplicação do Classificador de Temperamentos na amostra total dos alunos
É um instrumento composto por setenta questões, e, em cada uma delas o respondente
deve escolher obrigatoriamente uma das alternativas (a) ou (b). Estas questões são distribuídas
em cada uma das dimensões, sendo dez questões para a dimensão Extroversão/Introversão, vinte
para a dimensão Sensação/Intuição, vinte para a dimensão Pensamento/Sentimento, e vinte para a
dimensão Julgamento/Percepção.
Dessa forma, o respondente terá seu perfil psicológico determinado de acordo com quatro
preferências básicas: extroversão (E) ou introversão (I); sensação (S) ou intuição (N); racional (T)
ou emocional (F); estruturado (J) ou flexível (P). O cruzamento dessas quatro preferências entre
si vai gerar 16 tipos psicológicos distintos. Keirsey e Bates categorizaram o comportamento em
quatro grupos: SJ (sensorial e estruturado); SP (sensorial e flexível); NT (intuitivo e racional) e
NF (intuitivo e emocional), pois afirmaram que as 16 preferências psicológicas poderiam ser
categorizadas em quatro tipos de temperamentos.
117
O que caracteriza os tipos SJ (realista judicativo) é a necessidade do dever, da
responsabilidade e dedicação às pessoas e ao trabalho. São impulsionados pelo desejo de servir e
ser útil às outras pessoas.
Os tipos SP (realista perceptivo) se caracterizam pela impulsividade e independência.
Gostam de fazer o que querem, como querem e quando querem. São persistentes e preferem a
improvisação mais que tarefas rotineiras.
o que caracteriza os tipos NT (intuitivo racional) é o desejo de compreender, controlar
e explicar as realidades. A inteligência atrai os NT, sendo assim buscam competências,
habilidades, capacidades.
Os NF (intuitivo emocional) buscam a auto-realização através da integridade, da
autenticidade e da harmonia pessoal e com os outros.
Para melhor entender os gráficos a seguir é importante relembrar sucintamente o que cada
uma das dimensões significa.
E - Extrovertido - sociável; gosta de falar, interagir e trabalhar com pessoas; gosta de
testar e de usar experimentalmente as coisas.
I - Introvertido - territorial; deseja espaços exclusivos; prefere trabalhar sozinho ou com
poucas pessoas; precisa de concentração para ler e meditar; orientado para o mundo interior das
idéias.
S Sensorial - realista; observa o que é real e permanece na realidade; observa detalhes
com precisão; orientado para os fatos: procura, confia e lembra de fatos; valoriza a experiência e
acumula conhecimentos através dela; depende da persistência-transpiração.
N – Intuitivo - especulativo; sempre buscando alternativas de mudança ou melhoria;
orientado aos conceitos, significados e possibilidades; o futuro exerce forte atração, pode
começar uma atividade sem ter terminado a anterior; sente-se atraído por metáforas, por imagens,
símbolos e linguagem figurada; depende de inspiração.
T Pensador/Racional impessoal; faz as escolhas de modo racional; toma decisões
baseadas em lógica e em regras; tende a priorizar critérios objetivos; reage positivamente a
palavras como princípios, políticas, leis, critérios e firmeza; tem boa argumentação, normalmente
fundamentada na lógica; não se sente confortável com julgamentos pessoais.
118
F Emocional/Humanístico pessoal; tende a dar um tratamento subjetivo ao lidar com
pessoas e projetos; reage positivamente a palavras como emoção, valores humanos e intimidade;
faz suas escolhas com base no impacto pessoal dessa decisão sobre as pessoas envolvidas; sente-
se mais confortável com julgamento de valores, do que sendo objetivo e lógico.
J Julgador/Estruturado planejado; prepara e segue agendas; procura resolver o
problema, mesmo com dados incompletos; tende a estabelecer prazos, procura atendê-los, e
espera que os outros façam o mesmo; parece ter uma ética em que o trabalho vem antes de tudo; é
orientado para os fins, os resultados.
P Perceptivo/Flexível – aberto; é mais relutante para tomar uma decisão; retarda a
decisão visando a obter mais dados e talvez mais alternativas; adapta-se facilmente as mudanças;
acredita que o trabalho pode ser agradável; é orientado para o processo, os meios.
O Classificador de Temperamentos de Keirsey e Bates tem sido utilizado em muitos
países, inclusive no Brasil, para identificar os tipos de personalidade e temperamento das pessoas
e está apoiado na teoria dos tipos psicológicos de Jung. Não existe ainda uma terminologia única
para as variáveis de cada dimensão. Assim, para facilitar a leitura do trabalho, na apresentação e
discussão dos resultados será utilizada a terminologia Racional para Pensamento, Estruturado
para Julgador e Flexível para Perceptivo.
Os resultados obtidos com a aplicação do Classificador de Keirsey e Bates na amostra
total (N=260) de alunos dos cursos analisados, revelaram que a maioria apresenta o perfil de
personalidade Extrovertido/Sensorial/Racional/Estruturado sendo que na dimensão
extrovertido/introvertido, 195 alunos apresentam um perfil extrovertido enquanto apenas 65
apresentaram um perfil introvertido. Na dimensão sensorial/intuitivo, 139 são sensoriais enquanto
121 são intuitivos. Na dimensão racional/emocional 161 são racionais e 89 emocionais e na
dimensão estruturado/flexível 204 alunos apresentam o perfil estruturado, enquanto apenas 46
apresentaram o perfil flexível, conforme aponta o Gráfico 7.
119
Gráfico 7 - Distribuição do Classificador das turmas de PI e PD
Estes dados confirmam os resultados apresentados por Kuri (2004), ou seja, que a maioria
dos estudantes de engenharia de sua amostra (N=840) têm preferência por extroversão (E),
pensamento (T) e julgamento (J). No que se refere à dimensão Extroversão/Introversão, no
entanto, seus resultados diferem dos publicados em McCaulley et al (1987) e Myers e Myers
(1995) que demonstraram ser a Introversão a atitude preferida da maioria dos estudantes.
Embora existam diferenças nos resultados dos estudos, fica claro que a maioria dos
estudantes pesquisados é frequentemente TJ, ou seja, são lógico, estruturado, metódico, valor
à fatos e fórmulas.
Cabe ressaltar que o Classificador de Keirsey e Bates fornece subsídios para as pessoas
entenderem as predisposições ou tendências naturais de seu comportamento.
O Gráfico 8 mostra as dimensões de personalidade predominantes nas turmas de PI e PD
e os respectivos percentuais, indicando, portanto, que onde a maioria é extrovertido (75%),
sensorial (53.5%), racional (61.9%), e estruturado (78.4%).
120
Gráfico 8 - Porcentagem e predominância do perfil da amostra
Assim, dos 260 alunos submetidos ao Classificador de Temperamentos, a maioria
apresenta o perfil ESTJ, isto é, são realistas judicativos (SJ), extrovertidos (E) e racionais(T).
Estes resultados vão ao encontro do que Keirsey e Bates (1984) afirmaram com relação ao
perfil do aluno. Os dados mostram um perfil de aluno prático, objetivo, atento a detalhes e
conceitos, imaginativos e que colocam seu foco nos significados e possibilidades. Logo os
mesmos apresentam uma predileção por atividades que exijam contato com outras pessoas, são
imaginativos, tomam decisões tendo por base a lógica e regras previamente estabelecidas e
tendem a organizar-se e a orientar sua vida de maneira mais estruturada.
uma correlação da dimensão Sensorial/Intuitiva de Felder e da dimensão
Julgamento/Percepção de Keirsey. De acordo com Rossati (1998), os estudantes sensoriais no
ILS são também julgadores (J) no Classificador de Temperamentos. Isso ocorre porque os
estudantes sensoriais preferem as informações concretas e práticas, gostam de exemplos, são
práticos e atentos a fatos e detalhes. São metódicos e preferem resolver os problemas de forma
prática. Essas são também características dos estudantes julgadores (J).
121
5.3.5 Aplicação do Classificador de Temperamentos- Curso Tecnologia de Produção
Industrial
Os resultados obtidos com o Classificador de Temperamentos revela que o perfil da
maioria dos alunos investigados no curso de Tecnologia em Produção Industrial é extrovertido,
sensorial, racional e estruturado.
O gráfico 9 mostra a distribuição de freqüência desses resultados revelando que o perfil da
turma de PI (N=104) é extrovertido, sensorial, racional e estruturado, onde fica claro que 80
alunos do total de 104 são extrovertidos e 24 introvertidos, 58 são sensoriais e 46 intuitivos, 69
são racionais e 35 emocionais e 104 são estruturados e apenas 17 apresentam o perfil flexível.
Gráfico 9 - Perfil dos alunos de PI
Em termos percentuais a amostra analisada do curso de Tecnologia em Produção
Industrial ficou assim: 76.9% é extrovertido e 23.1% introvertido; 55.8% é sensorial e 44.2%
intuitivo; 66.3% é racional e 33.7% emocional; e, finalmente 83.6% é estruturado e 16.4% é
flexível, conforme o gráfico 10 que aponta os percentuais predominantes de cada dimensão.
122
Desta forma, o perfil geral da maioria dos estudantes do curso de Tecnologia em Produção
Industrial é ESTJ, ou seja, realista judicativo (SJ), extrovertido (E) e racional (T).
Gráfico 10 - Porcentagem e predominância do perfil dos alunos de PI
5.3.6 Aplicação do Classificador de Temperamentos- Curso Tecnologia em Processamento
de Dados
O Gráfico 11 demonstra os resultados obtidos junto aos alunos do curso de Tecnologia em
Processamento de Dados para os escores do Classificador de Temperamentos de Keirsey e Bates
(1990). Pelos dados obtidos percebe-se que 115 alunos do total de 156 são extrovertidos e apenas
41 introvertidos; 81 alunos são sensoriais e 75 intuitivos; 92 alunos são racionais e 64
emocionais; e finalmente 117 alunos são estruturados e apenas 39 flexíveis.
123
Gráfico 11 - Perfil dos alunos de PD
Em termos percentuais, o Gráfico 12 aponta os escores para cada dimensão dos alunos de
PD. Pela amostra fica claro que na dimensão extrovertido/introvertido 73.7% apresenta um perfil
extrovertido e 26.3% é introvertido; na dimensão sensorial/intuitivo 51.0% é sensorial e 48.1% é
intuitivo; na dimensão racional/emocional 59% apresenta um perfil racional e 41% apresenta um
perfil emocional e finalmente na dimensão estruturado/flexível, 75% dos alunos apresenta um
perfil estruturado e apenas 25% é flexível. Assim, a maioria dos estudantes do curso de
Tecnologia em Processamento de Dados tem o perfil de personalidade ESTJ, ou seja, realista
judicativo (SJ), extrovertido (E) e racional (T). Cabe destacar que o perfil de ambas as turmas, de
acordo com o Classificador de Temperamentos é o mesmo.
124
Gráfico 12 - Porcentagem e predominância do perfil dos alunos de PD
A grande freqüência de alunos extrovertidos nos cursos das áreas tecnológicas foi também
constatado Mc Caulley et al (1983), Kuri (2004) e Belhot et al (2005) confirmando que as
pessoas extrovertidas são atraídas por áreas que requerem envolvimento ativo, participativo, com
tomada de decisões e contato com outras pessoas.
Tanto os alunos do curso de Tecnologia em Produção Industrial como os alunos de
Tecnologia em Processamento de Dados apresentam o mesmo perfil em ambos os inventários,
conforme mostra a Tabela 7, que também destaca a predominância de cada dimensão (em
vermelho).
125
Tabela 7 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de PI e PD
Dimensão de
aprendizagem
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Ativo
65.4 66.7
Reflexivo
34.6 33.3
Sensorial
66.3 78.2
Intuitivo
33.7 21.8
Visual
62.5 72.4
Verbal
37.5 27.6
Seqüencial
54.8 54.5
Global
45.2 45.5
Dimensão de
personalidade
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Extrovertido
76.9 73.7
Introvertido
23.1 26.3
Sensorial
55.8 51.9
Intuitivo
44.2 48.1
Racional
66.3 59
Emocional
33.7 41
Estruturado
83.6 75
Flexível
16.4 25
Os resultados apresentados permitem afirmar que a maioria dos alunos que compõem a
amostra estudada (N=260) possui o perfil de aprendizagem Ativo/Sensorial/Visual/Seqüencial e o
perfil de personalidade Extrovertido (E), Sensorial (S), Racional (T) e Estruturado (J), ou seja, o
subtipo da maioria dos estudantes é ESTJ. Desta forma, cabe compará-los ao perfil dos
professores.
126
5.3.7 Aplicação do ILS- na amostra total dos professores
Foram submetidos aos inventários ILS e ao Classificador de Temperamentos, 16
professores dos cursos de Tecnologia em Processamento de Dados e Tecnologia em Produção
Industrial. Os professores são os mesmas para ambos os cursos, conforme demonstra a Tabela 8.
Tabela 8 - Distribuição de professores por curso e sexo
Cursos
Nº de
professores
Sexo
Masculino
% Sexo
Feminino
%
Tecnologia em Produção
Industrial e Tecnologia
em Processamento de
Dados
16 12 75.0 4 25.0
A amostra dos professores se distribui da seguinte forma: na dimensão seqüencial/global,
7 professores são seqüenciais e 9 são globais; na dimensão visual/verbal 11 professores são
visuais e 5 do total de 16 são verbais; na dimensão sensorial/intuitivo 11 professores apresentam
um perfil sensorial e 5 demonstram ser intuitivos; na dimensão ativo/reflexivo 11 professores são
ativos e apenas 5 são reflexivos.A distribuição dessas freqüências absolutas permite afirmar que o
perfil de aprendizagem da maioria dos professores da amostra é Ativo/Sensorial/Visual/Global,
conforme demonstra o Gráfico 13.
127
Gráfico 13 - Perfil da amostra dos professores e seus estilos de aprendizagem
Através dos dados dos professores, constatou-se que na dimensão ativo/reflexivo proposta
por Felder e Soloman (1988), 69% é ativo e 31% reflexivo; na dimensão sensorial/intuitivo, 69%
é sensorial e 31% intuitivo, na dimensão visual/verbal, 69% é visual e 31% é verbal e finalmente
na dimensão seqüencial/global 56% é global e 44% é seqüencial, conforme demonstrado no
gráfico 14. Isso significa que os professores apresentam um perfil ativo, sensorial, visual e global,
assim como o perfil da maioria dos alunos, exceto na dimensão seqüencial/global onde os alunos
em sua maioria são seqüenciais e seus professores em sua maioria são globais.
128
Gráfico 14 - Perfil da amostra dos professores e seus estilos de aprendizagem em termos percentuais
Estes resultados confirmam a incompatibilidade entre estilos de aprendizagem e de ensino
observada por Felder e Silverman (1988). Segundo esses autores, a maioria dos estudantes das
áreas tecnológicas é sensorial enquanto a maioria dos professores é intuitiva, focados mais em
abstrações e modelos matemáticos. Além disso, acrescentam que a maioria dos estudantes é
visual enquanto cerca de 90% das disciplinas ministradas são basicamente verbais. Na dimensão
ativo/reflexivo, os autores apontam que a maioria dos estudantes é ativa e mesmo tendo alunos
reflexivos, as aulas ministradas de maneira passiva acabam não contemplando nenhum tipo de
estudante.
Neste sentido, e comparando os gráficos 2 e 14 percebe-se uma semelhança entre o perfil
dos professores e alunos do curso, o que possibilita inferir que a compatibilidade entre estilos de
ensino e de aprendizagem provavelmente não apresentam maiores problemas com relação ao
índice de conforto na relação ensino-aprendizagem.
129
5.3.4. Aplicação do Classificador de Temperamentos na amostra total dos professores
O Gráfico 15 demonstra os resultados obtidos junto aos professores mediante a aplicação
do Classificador de Temperamentos. Pelo gráfico é possível verificar que na dimensão
extrovertido/introvertido onze professores são extrovertidos e cinco deles são introvertidos. Na
dimensão sensorial/intuitivo a freqüência de professores sensoriais e intuitivos está perfeitamente
equilibrada. Na dimensão estruturado/flexível, todos os 16 professores da amostra apresentam o
perfil estruturado e nenhum deles o flexível. Na dimensão racional/emocional 14 professores são
racionais e apenas dois emocionais.
Gráfico 15 - Perfil da amostra dos professores quanto ao seu temperamento
O Gráfico 16 a seguir apresenta o perfil predominante dos professores. Por este gráfico
percebe-se que 68.8% é extrovertido e 31.2% apresenta um perfil introvertido; 50% é sensorial e
50% é intuitivo; 87.5% apresenta um perfil racional e 12.5% apresenta um perfil emocional; e
100% dos professores são estruturados e 0% é flexível.
130
Gráfico 16 - Perfil da amostra dos professores quanto ao seu temperamento em porcentagem
Neste caso, a maioria dos professores apresenta um perfil extrovertido (E), sensorial (S) e
intuitivo(N), racional (T) e estruturado (J) também reforçando o perfil apresentado pelos alunos
das turmas analisadas conforme aponta a Tabela 9. Assim, a predominância é o subtipo ENTJ ou
ESTJ uma vez que na dimensão sensorial/intuitivo o resultado foi de 50% para cada dimensão.
131
Tabela 9 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de PI e PD e dos
professores
Dimensão de
aprendizagem
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Professores %
Ativo
65.4 66.7 68.8
Reflexivo
34.6 33.3 31.2
Sensorial
66.3 78.2 68.8
Intuitivo
33.7 21.8 31.2
Visual
62.5 72.4 68.8
Verbal
37.5 27.6 31.2
Seqüencial
54.8 54.5 43.7
Global
45.2 45.5 56.3
Dimensão de
personalidade
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Professores %
Extrovertido
76.9 73.7 68.8
Introvertido
23.1 26.3 31.2
Sensorial
55.8 51.9 50
Intuitivo
44.2 48.1 50
Racional
66.3 59 87.5
Emocional
33.7 41 12.5
Estruturado
83.6 75 100
Flexível
16.4 25 0
A comparação dos resultados obtidos com a aplicação do ILS e do Classificador de
Temperamentos junto as amostras totais dos alunos e professores expostos na tabela acima,
revela que existem diferenças nos escores de cada turma analisada, mas nãodivergências entre
as dimensões predominantes das turmas, exceto na dimensão seqüencial/global.
Dando continuidade ao trabalho, foi feito um levantamento na faculdade sobre as
disciplinas que apresentaram maior índice de reprovação, desistência e reclamação e também que
causavam mais insatisfação nos alunos. Á partir da análise do SAI (Sistema de Avaliação
Institucional) e de um levantamento dos resumos dos diários das disciplinas da própria faculdade
relatado em Primo (2005), além de conversas com a coordenação e com os próprios alunos pode-
132
se selecionar uma disciplina específica do chamado professor X que passou a ser objeto de estudo
deste trabalho tendo como início a aplicação do ILS e do Classificador de Temperamentos.
5.3.8 Aplicação do ILS no Professor X
O Gráfico 17 a seguir mostra que o professor X é predominantemente
Reflexivo/Sensorial/Visual/Seqüencial.
Gráfico 17 - Predominância dos estilos de aprendizagem do Professor X
Pelo Gráfico 18 é possível perceber as preferências por ensinar do Professor X em escala:
levemente reflexivo, levemente sensorial, moderadamente visual e moderadamente seqüencial.
De acordo com a interpretação do modelo, o escore 1 ou 3 indica preferência leve entre as
duas categorias, o escore 5 ou 7, demonstra preferência moderada; e, finalmente, o escore 9 ou
11, significa preferência forte por uma das categorias da dimensão, ou seja, o Professor X
133
assinalou 7 questões relacionadas ao reflexivo e apenas 4 ao ativo, por isso apresenta um escore
de 63.6% e é considerado levemente reflexivo. No gráfico, os valores positivos referem-se à
preferência das categorias reflexivo, intuitivo, verbal e global e os valores negativos indicam a
preferência pelas categorias ativo, sensorial, visual e seqüencial.
Gráfico 18 - Preferências por ensinar do Professor X
Os resultados da aplicação do ILS do Professor X e dos alunos quando comparados,
mostram que há divergências na dimensão: ativo/reflexivo.
A questão do conhecimento por parte do Professor X dessas divergências pode auxiliá-lo
na escolha das técnicas e procedimentos que serão utilizados em sala de aula. Por exemplo, o fato
de sua preferência ser reflexiva e os alunos serem na sua maioria ativos pode fazer com que a
aula assuma características em que o pensar se sobreponha ao agir, onde o abstrato supera o
concreto, o que na pratica significa que os alunos possam ter dificuldade em sair da teoria e
aplicá-las na solução de problemas. O Professor X tendo conhecimento desta situação, pode tirar
proveito dele, transformando uma aula onde predomina a observação e a reflexão, em uma aula
onde são manipulados dados e fatos concretos ligados ao assunto tratado. Agindo assim, ele
134
estaria atendendo ao anseio dos alunos no que se refere a sua preferência ativa por aprender, a
qual se caracteriza pelo “fazer”.
5.3.9 Aplicação do Classificador de Temperamentos no Professor X
A análise dos resultados obtidos com o Classificador de Temperamentos aponta
tendências quanto ao perfil do Professor X. Seu perfil de personalidade é extrovertido, sensorial,
racional e estruturado (ESTJ). Apesar da semelhança com o perfil dos outros professores e
também dos alunos, na dimensão racional/emocional, esse professor revelou ser altamente
racional (100%) conforme demonstra o Gráfico 19. De acordo com Jung (1991), o tipo
extrovertido e racional tende a subordinar toda a atividade de sua vida a conclusões intelectuais,
sua reflexão é sempre lógica e clara, submetendo a si mesmo e aos outros, a sua fórmula
intelectual.
Gráfico 19 - Perfil do Professor X por dimensões de personalidade.
135
De acordo com os resultados obtidos nos dois inventários, ficou constatado que o
Professor X apresenta um perfil que difere dos demais professores o que sustenta a hipótese que
os estilos de aprendizagem interferem na relação ensino-aprendizagem de determinada disciplina
influenciando nos resultados e escores obtidos pelos alunos.
O resultado da aplicação do inventário de Keirsey também é a questão do auto
conhecimento dos seus tipos psicológicos, em outras palavras, uma vez que o Professor X recebe
sua informação sobre suas preferências (auto conhecimento) ele passa a ter um estágio de
consciência que é o primeiro passo para que qualquer mudança seja feita, e para que ele possa
compreender o que ocorre em sala de aula, entender o que é devido sua personalidade, as
conseqüências resultantes e o que ele pode ou deve fazer para provocar as mudanças necessárias
para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Em particular destaca-se o fato da
racionalidade do professor. Talvez procurando entender o aluno como um indivíduo que tem suas
falhas ele possa obter melhores resultados. Este fato não contraria a teoria inatista, mas
simplesmente trabalha a possibilidade do professor aumentar a sua tolerância de forma
consciente, adaptar-se a cada nova situação.
A tabela 10 destaca as dimensões predominantes dos alunos, professores e do Professor X
e resume os resultados em cada uma das dimensões de aprendizagem e de personalidade.
Os resultados expostos abaixo demonstram que, enquanto a maioria de professores e de
alunos dos cursos de Tecnologia em Processamento de Dados e Tecnologia em Produção
Industrial apresenta o mesmo perfil de aprendizagem, exceto na dimensão seqüencial/global
(alunos seqüenciais e professores globais); o Professor X difere dos demais professores nas
dimensões ativo/reflexivo e seqüencial/global, pois apresenta um perfil reflexivo, sensorial e
seqüencial. Quanto aos alunos, esse professor difere em duas dimensões: ativo/reflexivo e
sensorial/intuitivo. Ao privilegiar as informações abstratas (estilo intuitivo) e a observação
reflexiva (estilo passivo), seu estilo de ensinar se mostra incompatível com a maioria dos alunos.
136
Tabela 10 - Predominância das dimensões de aprendizagem e de personalidade dos estudantes de PI e PD e
dos professores em comparação com o professor X
Dimensão de
aprendizagem
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Professores % Professor X
%
Ativo
65.4 66.7 68.8 35
Reflexivo
34.6 33.3 31.2 65
Sensorial
66.3 78.2 68.8 65
Intuitivo
33.7 21.8 31.2 35
Visual
62.5 72.4 68.8 70
Verbal
37.5 27.6 31.2 30
Seqüencial
54.8 54.5 43.7 70
Global
45.2 45.5 56.3 30
Dimensão de
personalidade
Produção
Industrial %
Processamento
de Dados %
Professores % Professor X
%
Extrovertido
76.9 73.7 68.8 60
Introvertido
23.1 26.3 31.2 40
Sensorial
55.8 51.9 50 65
Intuitivo
44.2 48.1 50 35
Racional
66.3 59 87.5 100
Emocional
33.7 41 12.5 0
Estruturado
83.6 75 100 85
Flexível
16.4 25 0 15
5.3.10 Investigação adicional utilizando o inventário de Kolb
Na tentativa de explicar um pouco melhor as incompatibilidades entre os estilos de
aprendizagem dos alunos dos cursos de PD e PI e do professor X no sentido de entender os altos
índices de reprovação, desistência e reclamações na disciplina por ele ministrada, optou-se por
aplicar um teste complementar, o Inventário de Estilos de Aprendizagem de Kolb (Learning
137
Styles Inventory - LSI) que operacionaliza o modelo de aprendizagem por ele desenvolvido e que
fornece uma boa estrutura para determinar as preferências do Professor X na utilização de
estratégias de ensino. Dentre os vários modelos e instrumentos de estilos de aprendizagem,
optou-se por este por ser de fácil entendimento, aplicabilidade e mensuração além de poder ser
aplicado com a autorização do autor.
De acordo com a teoria de Kolb (1984) um ciclo com quatro estratégias de
aprendizagem onde o aprendiz e o próprio professor irão se encaixar em um dos quadrantes a
seguir explicados. A primeira Experiência Concreta (CE) enfatiza as experiências pessoais e
os sentimentos envolvidos na situação de aprendizagem. Pessoas que utilizam este tipo de
estratégia são aptas a mudanças e têm a “cabeça aberta” para a solução de problemas. A segunda
Observação Reflexiva (RO) o aprendiz acredita poder resolver seus problemas usando
pensamentos e sentimentos e dando ênfase a paciência, julgamentos cuidadosos e habilidade para
entender idéias de diversos pontos de vista. A terceira Conceituação Abstrata (AC) cria uma
certa dependência do aprendiz em resolver seus problemas de forma lógica e sistemática. O
entendimento é baseado na compreensão intelectual de uma situação. O nível de abstração é
elevado. A última estratégia Experimentação Ativa envolve a aprendizagem de forma ativa.
As pessoas desta esfera gastam bastante tempo experimentando situações onde mudam variáveis
e influenciam situações, ou seja, formulam hipóteses e passam pela verificação.
Desta forma, o Ciclo de Aprendizagem de Kolb é uma boa ferramenta para mostrar quais
as estratégias de ensino mais utilizadas pelo professor X.
Aplicando-se o inventário de Kolb no Professor X, como resultado percebeu-se que o
professor apresenta grande utilização de AC, ou seja, Abstract Conceptualization ou
Conceituação Abstrata. Neste estágio a aprendizagem envolve o uso de idéias e da lógica mais
que do sentimento para entender problemas e situações específicas. Tipicamente, a pessoa
dependeria de um plano sistemático e do desenvolvimento de teorias e idéias para resolver
problemas.
Neste sentido e analisando a situação, o Professor X poderia ter um perfil no qual fala de
forma abstrata exigindo resultados práticos. Fala num alto grau de abstração e chega pouco a
realidade e espera resultados práticos porque é a forma como aprende.
138
Esta constatação pode ser reforçada em função da disciplina problema. As disciplinas
teóricas não apresentam problemas como as que exigem a prática. Os alunos geralmente não
conseguem sair da abstração para a prática. O professor pode estar ensinando o conceito “o que
e exigindo a aplicação prática: “e se”.
A Figura 20 mostra os resultados obtidos do professor X.
Figura 20 – Resultados do Prof. X
As possíveis contribuições ao Professor X, no que se refere à Figura 20, é que ele procure
modificar a forma do polígono de acordo com a sua preferência ou com a sua conveniência. Por
exemplo, como pode ser observado na referida figura a dimensão experiência concreta está sendo
utilizada pelo professor em torno de 25%. Uma estratégia de mudança seria fazer uma maior
utilização em sala de aula da experiência concreta fazendo com que o vértice correspondente do
polígono se deslocasse para cima.
139
Uma recomendação feita pelo próprio Kolb (1984) é que as mudanças sejam feitas
paulatinamente, isto significa que apenas um dos pólos deve ser mudado de cada vez, e estando
sedimentado, sim pensar em mudar um outro pólo. No caso do Professor X, seria o caso de
trabalhar no pólo experimentação ativa, fazendo com que o seu polígono fique melhor distribuído
ao longo de todas as dimensões.
O como fazer essas mudanças não é padronizado, cabe ao professor determinar qual
dimensão irá trabalhar em primeiro lugar e o que fará para modificá-la no sentido de melhorar o
processo de ensino-aprendizagem doas alunos.
Após descrever as características dos quatro estágios do ciclo de aprendizagem, é preciso
entender os quatro tipos de estilos de aprendizagem. O estilo de aprendizagem de cada pessoa é a
combinação de dois dos quatro estilos básicos de aprendizagem: acomodador, divergente,
convergente e assimilador.
O tipo 1 - divergente (observador). Integra experiência com seus valores pessoais; prefere
ouvir e partilhar idéias; é criativo; tem facilidade para propor alternativas e reconhecer
problemas; gosta de saber o valor do que irá aprender.
Questão favorita: Por quê?
O tipo 2 assimilador (pensador). Integra a experiência com o conhecimento existente;
utiliza a dedução para resolver problemas; trabalha bem com detalhes e dados; procura assimilar
novas idéias e pensamentos; é mais interessado pela lógica de uma idéia mais que pelo seu valor
prático.
Questão favorita: O quê?
O tipo 3 convergente (examinador). Integra teoria e prática; utiliza tanto a abstração
quanto o senso comum na aplicação prática das idéias e teorias; procura sempre a melhor solução
para um problema prático; gostam de resolver problemas práticos. É melhor com tarefas técnicas
e resolução de problemas que com eventos sociais e interpessoais.
Questão favorita: Como?
O tipo 4 acomodador (atuador). Integra a experiência com sua aplicação e faz imediata
aplicação de nova experiência. Altamente ativo e criativo. Aprende por ensaio e erro e sempre
140
descobre um novo conhecimento sem a ajuda do professor; adapta-se facilmente a novas
situações; é independente e líder natural.
Questão favorita: E se?
A Figura 21 demonstra que o Professor X se enquadrou no estilo convergente, isto é, é
uma pessoa que lida melhor com teorias e idéias que com relacionamentos interpessoais e sociais;
fala de maneira abstrata e exige resultados práticos.
Figura 21 - Resultado para o Professor X
5.3.11 Entrevista com o professor X
Foi necessária uma investigação adicional mais aprofundada junto ao Professor X, o que
foi feito através de uma entrevista pessoal e que será transcrita na íntegra.
141
1) Quais as principais dificuldades enfrentadas por você?
Professor X: nas disciplinas técnicas a dificuldade é que os alunos chegam despreparados.
2) Quais as dificuldades dos alunos?
Professor X: a dificuldade é a base, a falta da capacidade de abstração. Dá-se o conceito mas o
aluno não consegue correlacionar com o problema, não consegue nem interpretar as questões da
prova. Os alunos não são esforçados, por isso a avaliação foi mudada. Antes o aluno estudava
em casa, hoje é em sala de aula. Se o aluno não muda o professor muda, tenta se igualar. Antes o
índice de reprovação era de 78%, hoje é de 25%.
3) Como você vê as disciplinas, o que elas exigem do aluno?
Professor X: basicamente raciocínio gico e capacidade de abstração além de leitura e
entendimento. Na disciplina (Y), por exemplo, exige-se do aluno conhecimento em sistemas de
equação linear, funções e geometria no plano. Isso é revisto no curso e mesmo assim os alunos
não conseguem aprender pois não sabem o que é estudar.
4) Qual a sua percepção sobre a forma como ministra a disciplina?
Professor X: nos primeiros semestres a Fatec foi decepcionante. Faço meu trabalho, mas acho
que poderia fazer mais e não faço por causa dos próprios alunos, da infra-estrutura (poucos
livros na biblioteca e internet). Não rende como gostaria e sinto o trabalho inócuo.
5) Qual a metodologia de ensino utilizada?
Professor X: variação de recursos instrucionais, pois a tendência do aluno é a distração. Ex. se
utilizar o retroprojetor por 3 horas o aluno dorme, então utilizo lousa e data show. Procuro me
mover entre os alunos, utilizo microfone. Utilizo exercícios em grupo em quase todas as aulas e
142
também laboratório. Na disciplina (Z) faço protótipos e não utilizo laboratório. O aprendizado
exige: infra-estrutura, orientação do professor e esforço individual.
6) Como o professor pensa que o aluno se sente nas aulas?
Professor X: existem dois universos distintos: 20% teria condição de acompanhar a disciplina e
80% nem deveria estar aqui. Os 80% acham que o professor é o “Bin Laden”, o carrasco, chiita
(pelo menos nos sete primeiros semestres), depois de mudar o sistema de avaliação e tirar o
nome prova” melhorou 1000%, pois os alunos não se sentem mais ameaçados. Os alunos
levaram para o lado pessoal. Os alunos não tem objetivo, não sabem porque estão aqui. Tentam
se identificar emocionalmente com os professores porque não se identificam com o curso ou com
a faculdade. Odeiam ler e estudar, estudam por uma pressão do meio, porque não pagam á
faculdade e precisam ter um diploma. Os 20% restantes é que me causam a frustração porque
eles têm potencial, têm base, poderiam estar em qualquer outro sistema público (alguns desistem
porque passam em outro sistema público). Quem entende as disciplinas gosta, elogia e acha que
o professor poderia ter puxado mais.
7) Como foi a mudança no sistema de avaliação?
Professor X: com relação à mudança no sistema de avaliação, não sei dizer se tornou-se boa
para a instituição ou se realmente é efetiva. Atualmente, 70% da avaliação é feita em sala de
aula mas o aluno tem que estudar em casa. Os exercícios em sala são assistidos e feitos em
grupo. Exige-se a presença e a participação do aluno e automaticamente ele tem nota 6,0. Tem
muito aluno que reprova por falta. O diferencial da nota é dado para os que estudam em casa e
vão bem à prova (verificação de aprendizagem individual) feita uma vez por bimestre.
143
No sentido de aprofundar mais a análise dos resultados, foi desenvolvido e aplicado um
questionário nos alunos da amostra a fim de verificar qual a percepção que tinham sobre as
disciplinas ministradas pelo Professor X.
5.3.12 Entrevista com os alunos
Os resultados deste item do trabalho, são fruto da aplicação de um questionário
previamente elaborado e impresso, aplicado nos alunos da amostra em sala de aula. Os alunos
responderam ao questionário individualmente e tiveram sua identidade preservada. As respostas
mais freqüentes foram tabuladas e organizadas para facilitar a leitura.
1) Quais as principais dificuldades encontradas nas disciplinas por você?
Nesta questão os alunos puderam responder sobre suas dificuldades relacionadas a três
disciplinas, aqui denominadas de Y, W e Z. As maiores dificuldades relatadas foram relacionadas
à disciplina Y, uma disciplina básica do curso. De acordo com a tabela 11, as repostas foram
tabuladas em quatro tipos de dificuldades: problemas institucionais, dificuldade de entendimento
da matéria, problemas pessoais com o professor e problemas relacionados aos próprios alunos. As
respostas menos incidentes ficaram relacionadas com problemas institucionais, problemas
pessoais com o professor e problemas relacionados aos próprios alunos. As repostas que
apareceram com mais freqüência foram as relacionadas com a dificuldade de entendimento da
própria matéria.
As repostas com maior freqüência são as primeiras da tabela, sendo assim muitos alunos
reclamaram que o professor ensina a matéria como se os alunos já tivessem base e não segue uma
metodologia passo a passo.
144
Tabela 11 - Principais dificuldades encontradas pelos alunos
Problema
Institucional
Dificuldade de entendimento
da matéria
Problemas
pessoais
com o
professor
Problemas
relacionados aos
próprios alunos
Sala de
aula muito
cheia
Falta de
computadores
Explicação já é iniciada
como se os alunos já tivessem
noção do assunto
O professor não explica
passo a passo
Metodologia ruim – não
explica claramente como
desenvolver a questão
Falta de entendimento dos
termos
Explicação muito teórica
Falta de objetividade
Entender a matéria como é
transmitida e depois aplicar
Aplicar as exigências do
professor na diagramação dos
programas
Aulas cansativas
Falta de apostila
Mistura coisas, não sabe
ensinar; falta de foco; foge do
assunto no meio da explicação,
dá muitos exemplos de
biologia
Professor
se acha
superior
Falta de interesse dos
colegas de sala de aula
Falta de base anterior
Falta de esforço por
parte dos alunos
Dificuldade para
programar
Não tem dificuldade
2) O que você acha que as disciplinas exigiram de você?
Nesta questão também foi selecionada a disciplina Y e os alunos relataram as principais
exigências da matéria. A grande maioria dos alunos respondeu que há uma necessidade de
capacidade de raciocínio e lógica elevados, além de conhecimento prévio da matéria que a
maioria dos alunos não possui.
145
Tabela 12 - Exigência da disciplina Y
Principais respostas
Capacidade de raciocínio e lógica.
Conhecimento prévio que não tenho.
Total abstração.
Adequação ao estilo do professor.
Mais inteligência.
Mais vontade.
Mais tempo livre para se dedicar à disciplina.
Estudo e atenção às aulas.
Paciência com o professor.
Maior tempo de estudo em casa.
Estudar assuntos sem interesse para o curso.
3) Quais os pontos fortes e fracos das disciplinas?
Nesta questão, também com a tabulação referente à matéria Y, a maioria dos alunos relatou
que existem mais pontos fracos do que pontos fortes. A grande maioria relatou que o maior
problema da disciplina é a falta de aulas práticas e o conteúdo que é de difícil entendimento.
Muitos alunos afirmaram que o professor é o ponto fraco da disciplina pelo fato de ser autoritário
e não explicar em uma linguagem acessível, mas outros alunos afirmaram que este professor
consegue manter o controle da sala de aula e que são os próprios alunos que precisam estudar
mais principalmente por considerarem esta matéria uma das mais importantes do curso.
146
Tabela 13 - Pontos fortes e pontos fracos da disciplina Y
Pontos fortes Pontos Fracos
Nenhum
Mantém o controle da sala de aula
A matéria é importante, é a base de tudo
Introdução do assunto
Desenvolvimento de lógica
Aluno não passa sem aprender
Conhecimento de programação básica
Professor sabe muito
Exige muito estudo
Falta de aulas práticas
Conteúdo
Professor
Metodologia
Exemplos e aplicações
Não saber o porquê da disciplina
Demora em corrigir as provas
Ausência de cronograma
Falta de trabalhos em grupo
Professor não sabe passar o conteúdo
Assunto complicado de entender
Muitos alunos em sala de aula
Professor explica pouco e exige muito
Falta de clareza nas explicações
Provas complexas
Professor gosta de ser “o carrasco”
4) Você considera as disciplinas difíceis? Por quê?
A maioria dos alunos relatou que as matérias são difíceis e principalmente a disciplina Y, por
ser de difícil entendimento e por causa do professor que é autoritário e não deixa os alunos
fazerem perguntas, além de muitas vezes nem saber do que está falando. Muitos alunos também
responderam que a disciplina não é difícil, o que falta é esforço e estudo pessoais, conforme a
tabela 13.
147
Tabela 14 - Opinião dos alunos sobre a dificuldade da disciplina
SIM NÃO
São de difícil entendimento
Por causa do professor
Professor não sabe o que está falando
Professor precisa utilizar uma linguagem
que os alunos entendam
Professor é autoritário
Falta de interação entre teoria e prática
Assuntos muito teóricos
Professor explica como se os alunos já
soubessem o assunto
É preciso ter base
Exige raciocínio avançado
Falta de tempo e muito conteúdo
Professor faz terrorismo em sala de aula
Há muitos boatos sobre o professor
Faltou contato anterior com a disciplina
Por mais que me esforce encontro
dificuldades
Matéria é difícil
Não tenho noção de programação
É só o aluno se esforçar mais
Com estudo e atenção se tira de letra
A prática facilita
Só faltou metodologia
É só mudar o método do professor
Os alunos têm que se virar por si sós
Se ensinadas de maneira correta
O entendimento da matéria não depende
só do professor, depende do aluno também
5) Como estas dificuldades poderiam ser superadas?
Nesta pergunta, a intenção foi a de que os próprios alunos sugerissem estratégias para
superar as dificuldades relatadas. Na tabela 15 aparecem as respostas com maior incidência, que
foram: professor poderia explicar passo a passo a matéria ou professor poderia propor estudos
em grupo com alunos que já dominam o assunto.
148
Tabela 15 - Sugestões de melhoria para a disciplina Y
6) Qual a metodologia adotada pelo professor em sala de aula?
Nesta questão a maioria dos alunos respondeu que as aulas são cansativas e que o professor
bastante teoria e poucos exercícios.
Professor poderia explicar mais passo a passo.
Professor poderia propor estudos em grupo com alunos que já dominam o assunto.
Com mais exemplos de como fazer.
Com explicações mais profundas.
Com os alunos prestando mais atenção às aulas.
Professor poderia usar mais exemplos e não só os de Biologia.
Professor poderia dar mais atenção aos alunos com dificuldades.
Melhorar a organização das aulas.
Empenho dos alunos.
Com o professor começando da “estaca zero” suas explicações.
Com mais aulas práticas.
Mais trabalhos e menos provas.
Professor poderia explanar melhor os critérios de avaliação.
Com o professor permanecendo calmo.
Suporte da instituição.
Faculdade deveria disponibilizar melhores laboratórios e bibliotecas.
149
Tabela 16 - Metodologia adotada
A maior parte da aula é teórica e depois vai para a prática.
Na base da pressão.
Mais teoria e poucos exercícios.
Falar, falar e falar.
Fala muito e utiliza o Data Show.
Usa a lousa para conteúdo.
Dá avaliações diárias em sala de aula e avaliação de desempenho.
Metodologia ruim, não é criativo e a aula não é dinâmica.
Desencoraja o aluno, a auto-estima fica lá em baixo.
Explicação em sala e exercícios no laboratório.
Conversas que fogem do conteúdo proposto.
Perde muito tempo chamando a atenção dos alunos.
Tradicional - explicações no quadro, pesquisas, slides.
Metodologia muito cansativa.
Pela falta de computadores, alguns alunos só assistem a parte teórica.
Cada semestre é uma metodologia diferente.
Oratória e trabalho em grupo.
É visto o básico de estruturas que despontam dúvidas e não são esclarecidas, depois é
feita uma cópia de um programa já feito no caderno com algumas alterações.
7) A avaliação está relacionada com o conteúdo?
Com relação às avaliações dadas pelo Professor X, muitos alunos responderam que a
avaliação é coerente com o conteúdo ministrado em sala de aula, que o professor dá uma
avaliação continuada, mas que o grande problema é o conteúdo mal trabalhado que as correções
das provas são confusas. Por outro lado, muitos alunos também afirmaram que o professor pede
na prática aquilo que ele deu na teoria. Isso pode estar ocorrendo pelo fato do Professor X ter o
estilo convergente, com alto nível de abstração.
150
Tabela 17 - Relação da avaliação com o conteúdo da disciplina Y
SIM NÃO
Está relacionada com tudo que ele falou
em sala de aula
A avaliação é continuada
Mas os testes de múltipla escolha são
ambíguos
O problema é que o conteúdo é mal
trabalhado
A correção da prova é que é confusa
O professor pede na prática o que deu na
teoria
Na avaliação ele pede comandos que não
foram dados privilegiando assim os alunos
que já tem noção da matéria
A avaliação é muito, absurdamente mais
difícil que o conteúdo
Na disciplina Z ele pede exemplos de
Biologia e Mecânica
Em uma das provas o professor cobrou
um exercício que nem ele havia conseguido
fazer em sala de aula
5.4
Análise Estatística
Através da análise estatística dos dados foi possível fazer uma análise de correlação para
verificar a existência de relações entre as dimensões de personalidade e os estilos de
aprendizagem e também fazer uma análise exploratória para verificar a confiabilidade dos dados
e dos resultados apresentados.
Para verificar a existência de correlação entre dimensões da personalidade (E/I, S/N, T/F e
J/P) e estilos de aprendizagem (Ativo/Reflexivo, Sensorial/Intuitivo, Visual/Verbal e
Seqüencial/Global), utilizou-se o teste não paramétrico do Chi-Square (Qui-Quadrado)
verificando-se, em cada tabela de contingência, as hipóteses seguintes:
H0: Ausência de correlação entre dimensão da personalidade e estilo de aprendizagem.
H1: Presença de correlação entre dimensão da personalidade e estilo de aprendizagem.
Estas hipóteses são examinadas em um nível de significância de p<0,05, o que quer dizer
que com 95% de confiança pode-se rejeitar a hipótese nula (ausência de correlação) e aceitar a
existência de correlação entre as variáveis analisadas. As tabelas de contingência exibem os
dados utilizados para testar a ausência de correlação (H0) das variáveis medidas pelos
instrumentos de pesquisa. A Análise Estatística se encontra na íntegra no Apêndice 1. A Tabela
18 resume os dados.
151
Tabela 18 - Análise estatística de correlação para alunos e professores
Alunos Correlação Não há correlação
Extrovertido/Introvertido
Ativo/Reflexivo
Intuitivo/Sensorial
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Sensorial/Intuitivo
Ativo/Reflexivo
Sensorial/Intuitivo
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Racional/Emocional
Ativo/Reflexivo
Sensorial/Intuitivo
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Estruturado/Flexível
Ativo/Reflexivo
Sensorial/Intuitivo
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Professores Correlação Não há correlação
Extrovertido/Introvertido
Ativo/Reflexivo
Intuitivo/Sensorial
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Sensorial/Intuitivo
Ativo/Reflexivo
Sensorial/Intuitivo
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
Racional/Emocional
Ativo/Reflexivo
Sensorial/Intuitivo
Visual/Verbal
Seqüencial/Global
152
5.5
Análise Qualitativa
Felder e Henriques (1995) discutem que as diferenças entre os estilos de aprendizagem e
de temperamento de alunos e de seus professores afetam a qualidade de aprendizagem dos
estudantes.
É possível que este tipo de discussão explique a falta de motivação dos estudantes e as
queixas de muitos professores com relação ao desinteresse e a apatia de seus alunos.
Wankat e Oreovicz (1993) afirmam que, se o professor conhece as maneiras pelas quais
os estudantes podem ser motivados, isso pode ajudá-los a ganhar controle sobre a própria
aprendizagem e assim, atingir um número maior de estudantes.
Assim, conhecidos os estilos de aprendizagem e os traços de personalidade da amostra
estudada, é possível diminuir os desencontros entre os professores e os alunos no que tange ao
processo de ensino-aprendizagem, incrementar a motivação e interação entre as partes, pelo baixo
desempenho acadêmico e até mesmo pelo nível de aprendizado tão abaixo do esperado.
Análise comparativa dos alunos e dos professores
Em vista dos dados apresentados, verificou-se que a maioria dos estudantes da amostra
tem o estilo de aprendizagem ativo, sensorial, visual e seqüencial. Os escores dos professores,
entretanto mostram um perfil similar, sendo em sua maioria ativo, sensorial, visual e global.
Eles só diferem em uma dimensão seqüencial/global existe, portanto diferença na maneira
como os professores apresentam os conteúdos de suas disciplinas (grande quadro) e como os
estudantes chegam ao entendimento (passo a passo).
Isso significa que pode haver certa incompatibilidade entre a preferência por perceber e
processar as informações entre os estudantes e seus professores no que tange a dimensão
seqüencial/global. Do ponto de vista educacional, Felder e Silverman (1988) afirmam que tudo
que é necessário para atender as necessidades dos aprendizes seqüenciais tem sido feito desde
o curso primário até a pós-graduação uma vez que os currículos, os programas das disciplinas e
os próprios livros texto são seqüenciais. Assim, mesmo a maioria dos professores tendo a
preferência global (56.3%) isso pode não significar uma grande dificuldade na relação ensino-
aprendizagem uma vez que esses professores também aprenderam de maneira seqüencial (43.7%
deles são seqüenciais) e apesar da maioria apresentar um perfil global, o processo de ensino-
153
aprendizagem tradicional pode ter exercido alguma influência na maneira de ensinar desses
professores.
Uma forma muito interessante de atingir tanto os alunos seqüenciais quanto os globais em
sala de aula seria através da elaboração de exercícios de criatividade, com passos de soluções
bem estabelecidos para resolução de problemas que envolvam a geração de soluções alternativas
e o uso de materiais de outro curso ou disciplina, assim tanto os alunos seqüenciais quanto os
globais poderiam dar soluções de acordo com seu perfil. Por exemplo: um aluno global poderia
dizer em determinado momento: eureca! Enquanto o aluno seqüencial poderia seguir passo a
passo até chegar á solução.
Em muitas situações, os estilos de aprendizagem de grande parte dos estudantes e da
maioria dos professores são incompatíveis em várias dimensões. Neste estudo, as diferenças
ocorreram apenas na dimensão seqüencial/global, fato este que pode ser facilmente resolvido
através da proposição de exercícios compatíveis com a amostra.
É claro que existem muitos professores reticentes ante a perspectiva de tentar acomodar
vários estilos diferentes em uma determinada sala de aula, mas se esses professores forem
preparados para desenvolver tais atividades, com certeza haverá melhoria nos resultados de sala
de aula.
Com relação às dimensões de personalidade, houve um equilíbrio no que se refere aos
escores dos alunos e dos professores. Os alunos apresentaram um perfil extrovertido, sensorial,
racional e estruturado, ou seja, ESTJ realista judicativo (SJ), extrovertido (E), racional (T)
assim como seus professores.
Isso não significa, no entanto, ignorar as minorias, ou seja, estudantes com perfis
diferentes. É preciso que os professores conheçam as preferências de personalidade dos demais
estudantes para que possam planejar atividades que favoreçam os alunos Realistas Judicativos
(SJ), Realistas Perceptivos (SP), Intuitivos Racionais (NT) e Intuitivos Sensíveis (NF) além de
todos os seus subtipos.
Análise comparativa dos alunos com o Professor X
154
Analisando o perfil dos alunos e comparando-os com o do Professor X percebe-se que a
maioria dos alunos é ativo, sensorial, visual e seqüencial e o Professor X apresenta um perfil
diferente que é reflexivo, sensorial, visual e seqüencial.
Como há uma tendência natural do professor ensinar segundo suas preferências por
aprender, é bem provável que o mesmo esteja acontecendo com o Professor X, e as diferenças
nas dimensões ativo/reflexivo e sensorial/intuitivo podem estar provocando dificuldades no
processo de ensino aprendizagem.
Na dimensão ativo/reflexivo, percebe-se que uma discrepância entre o perfil da
maioria dos alunos com o perfil do professor. A maioria dos aprendizes é ativo, isso significa que
processam a informação ativamente, gostam de aprender agindo e aplicando a informação em
algo, explicando para os outros, trabalhando em equipe. Já o Professor X processa a informação
de modo reflexivo, assim uma tendência em primeiramente refletir sobre a informação para
depois aplicá-la e a preferência por trabalhar sozinho. Desta forma, a literatura aponta que os
estilos de aprendizagem do professor refletem na maneira como ensina e cobra o conteúdo de
seus alunos.
Essas diferenças entre os alunos e o Professor X na maneira preferencial de processar a
informação (ativa ou reflexivamente) pode ser melhor observada em algumas respostas
fornecidas pelos alunos no questionário aplicado: “o professor pede na prática o que deu só na
teoria”; “a maior parte da aula é teórica e depois vai para a prática”; “o professor mais
teoria e poucos exercícios”; “o problema é a falta de aulas práticas”; “há falta de trabalhos em
grupo”; “os assuntos são muito teóricos”.
É preciso ressaltar que segundo Felder e Silverman (1988), estudantes ativos não
aprendem em situações que requerem que eles sejam passivos e reflexivos. Assim, cabe ao
professor desenvolver estratégias compatíveis com os aprendizes. Se a tendência do Professor X
é ensinar de maneira reflexiva, ele pode incluir em seu plano de ensino uma metodologia que
favoreça tanto os alunos reflexivos como os alunos ativos. Para isso, poderá estar alternando
leituras com pausas para reflexão com breves discussões sobre a resolução de um problema.
Poderá também apresentar um material que enfatize a solução de um problema prático e que
também enfatize a sua fundamentação. Nos trabalhos em equipe, pode sugerir que os próprios
alunos formem grupos de três a quatro pessoas e participem ativamente.
155
Na dimensão sensorial/intuitivo, não houve uma discrepância entre a maneira como os
alunos e o Professor X percebem a informação. O perfil da maioria dos alunos é
predominantemente sensorial e o Professor X é intuitivo.
Sensação e intuição são as duas formas como as pessoas percebem o mundo. Os alunos,
aprendizes sensoriais, gostam de aprender fatos, resolver problemas com métodos bem
estabelecidos, sem complicações e surpresas. Preferem informações práticas, são metódicos,
tendem a ser mais detalhistas e bons para memorizar fatos e fazer trabalho prático; tendem a ser
mais cuidadosos e práticos.
O professor, apesar de ter um perfil sensorial, prefere mais conceitos e teorias,
desempenha-se melhor no domínio de novos conceitos.
Essas características ficam claras pelas respostas fornecidas pelos alunos no questionário
aplicado: “o professor precisa utilizar uma linguagem que os alunos entendam”; “as conversas
fogem do conteúdo proposto”; “professor perde muito tempo chamando a atenção dos alunos”;
“ausência de cronograma”.
Na dimensão visual/verbal os estilos foram compatíveis, uma vez que a maioria dos
alunos e o Professor X retêm melhor as informações apresentadas de forma visual e não verbal.
Os aprendizes visuais privilegiam as informações que recebem por imagem, diagramas,
gráficos, esquemas e se recordam mais facilmente do que viram através de figuras, fluxogramas,
filmes e demonstrações.
Aparentemente não há discrepâncias nesta dimensão entre os estilos de aprendizagem dos
alunos e o estilo de ensino do Professor X, no entanto os relatos dos alunos deixam transparecer
que a metodologia utilizada pelo Professor X privilegia os alunos verbais, como por exemplo:
“fala muito e utiliza o data show”; “usa a lousa para conteúdo”; “fala, fala e fala”.
Os estilos de ensino e de aprendizagem não explicam todas as variáveis. Provavelmente
uma explicação que justifique tal atitude do Professor X é a de que ele possa estar ensinando da
maneira como seus professores o ensinaram, sem ter passado por um programa que o auxiliasse
no desenvolvimento de metodologias adequadas para suas aulas no sentido de atender alunos com
diferentes estilos de aprendizagem.
156
Na dimensão seqüencial/global, também se nota incompatibilidade entre os estilos do
Professor X e de seus alunos, embora apenas um aluno tenha comentado de forma explicita esta
divergência: “professor poderia explicar mais passo a passo”.
Com relação às dimensões de personalidade, os alunos apresentaram um perfil
extrovertido, sensorial, racional e estruturado, compatível com o do professor X.
A dimensão extrovertido/introvertido (E/I) está intimamente ligada com a dimensão
ativo/reflexivo de Felder. Em termos comportamentais e de temperamento, as pessoas
extrovertidas são mais sociáveis; gostam de falar, interagir e trabalhar com pessoas; gostam de
testar e de usar experimentalmente as coisas; voltam sua atenção para os aspectos externos das
pessoas. Por apresentarem um perfil predominantemente extrovertido e ativo, pode-se afirmar
que os alunos da amostra preferem trabalhar em equipe, solucionar problemas, desenvolver
estudos de caso e trabalhar em laboratório com casos práticos. o professor X mesmo sendo
extrovertido, é também reflexivo. Assim, apesar de ter relatado na entrevista que utiliza trabalhos
em grupo e laboratório para desenvolver suas aulas, provavelmente está tendo dificuldades em
atingir os estilos de aprendizagem da maioria dos alunos porque faz uso intensivo de aulas
teóricas e expositivas, além de recursos como giz e lousa e data show.
Neste caso, para alcançar tanto os alunos introvertidos como os extrovertidos, o professor
poderia alternar as aulas teóricas e expositivas com pausas para meditação e reflexão sobre uma
ação e desenvolver atividades breves de solução de problemas e discussão. A técnica de
brainstorming ou tempestade de idéias, é uma técnica efetiva para aprendizes extrovertidos, que
poderão participar ativamente, e também para aprendizes introvertidos uma vez que poderão dar
idéias sabendo que não serão recriminados ou intimidados por isso.
Na dimensão sensação/intuição (S/N) alunos e professores apresentaram um perfil
sensorial. Sensação é uma palavra que pode ser usada como sinônimo de observação e
exteriorização, segundo Keirsey (1998). Assim, a maioria dos alunos da amostra e o Professor X
são realistas; atentam para os detalhes e trabalham dados com precisão; são orientados para os
fatos: procuram, confiam e lembram de fatos; valorizam a experiência e acumulam
conhecimentos através dela; dependem da persistência, enxergam mais o mundo externo do que o
interno.
157
Um fato curioso é que a dimensão sensação/intuição (S/N) de Keirsey está relacionada
com a dimensão sensação/intuição de Felder. O teste estatístico confirma esta afirmação. Tanto
no ILS quanto no Classificador de Temperamentos a maioria dos alunos apresentou uma
predominância sensorial. o Professor X apresentou uma predominância sensorial tanto no
Classificador de Temperamentos como no ILS. Considerando todas as variáveis incluídas neste
estudo, a autora entende que o perfil dominante do Professor X é sensorial.
Isso pode explicar as discrepâncias e as dificuldades encontradas em sala de aula.
A maior parte das disciplinas favorece os intuitivos. De acordo com Felder (1988) muitos
professores são intuitivos e a grande maioria dos alunos sensoriais. Na escola, os intuitivos vão
melhor, tiram melhores notas. O estilo de ensino característico da aprendizagem sensorial é
concreto e o estilo de ensino característico da aprendizagem intuitiva é o abstrato, o teórico. Em
todo curso deve haver a mescla dos dois estilos. O Professor X pode atingir todos os seus alunos
ora apresentando informações concretas ora conceitos abstratos.
Na dimensão racional/emocional (T/F), a maioria dos alunos apresentou um perfil
racional assim como o Professor X. Nesta dimensão, as pessoas que seguem mais seus
pensamentos são conhecidas como racionais e aquelas que dão mais atenção ao coração, aos seus
sentimentos, são consideradas emocionais.
Dessa forma a maioria dos alunos e o professor X são impessoais, fazem as escolhas de
modo racional; tomam decisões baseadas em lógica e em regras, priorizam critérios objetivos;
reagem positivamente a palavras como princípios, políticas, leis, critérios e firmeza; têm boa
argumentação, normalmente fundamentada na lógica, não se sentem confortáveis com
julgamentos pessoais.
Apesar da predominância de um dos pólos na dimensão pensamento/sentimento, todas as
pessoas são racionais e emocionais, mas algumas prestam mais atenção aos pensamentos e outras
mais aos sentimentos. Cabe ressaltar que na dimensão racional/emocional o Professor X
apresentou um perfil 100% racional, fato este que pode estar causando algum desconforto em sala
de aula porque, neste caso, a valorização do lado emocional é desprezada. Em um de seus relatos
na entrevista deixa isso claro: “[...] os alunos levaram para o lado pessoal. Os alunos não tem
objetivo, não sabem porque estão aqui. Tentam se identificar emocionalmente com os professores
porque não se identificam com o curso ou com a faculdade [...]”
158
Os racionais geralmente são acusados de “desumanos” ou “sem coração”. Isso fica claro
nos relatos dos alunos: “o professor gosta de ser carrasco”, “o professor é autoritário”, “o
professor faz terrorismo em sala de aula”, “há muitos boatos sobre o professor”. O professor
também reconhece que os alunos o consideram “duro” demais: [...] 80% dos alunos acham que
o professor é o Bin Laden, o carrasco, chiita [...]”
McCaulley (1976) aponta que nas áreas tecnológicas os estudantes são
predominantemente racionais. Isso não significa que devam ignorar o lado emocional ou os
sentimentos mesmo porque desenvolver o lado sentimental significa criar habilidades para
entender as pessoas e investir naquilo que é importante para os outros. Neste caso, o professor X
poderia desenvolver exercícios que permitisse que os alunos dessem vazão aos seus sentimentos.
Na dimensão estruturado/flexível (J/P), a maioria dos estudantes da amostra e o
Professor X apresentaram um perfil estruturado. Dessa forma, são pessoas planejadas, preparam e
seguem agendas, procuram resolver o problema mesmo com dados incompletos, tendem a
estabelecer prazos, procuram atendê-los, e esperam que os outros façam o mesmo, parecem ter
uma ética em que o trabalho vem antes de tudo, são orientados para os fins, os resultados.
O Professor X é fortemente estruturado. na literatura uma diversidade de opiniões
sobre a vantagem de ser uma pessoa com essa característica. Quando se é essencialmente
estruturado a pessoa tende a não enxergar as diversas alternativas e não percebe as chances
passando por ela, geralmente são pessoas bem sistemáticas e inflexíveis.
Fazendo-se uma análise mais aprofundada, na investigação adicional utilizando-se a teoria
de Kolb sobre estilos de aprendizagem, percebeu-se que o Professor X é lógico, sistemático e
prefere organizar a informação em conceitos, teorias e princípios. Recorrendo à Figura XX pode-
se observar que o Professor X se utiliza de um alto grau de abstração, o que não é acompanhado
na mesma proporção em termos de experiência concreta. Em termos práticos isso quer dizer que
o professor articula bem o raciocínio em nível abstrato, consegue visualizar a solução, mas não a
transforma em uma seqüência de passos estruturados, dificultando a transposição da teoria
(abstração) para a prática (experiência concreta) por parte dos alunos.
Uma vez que os alunos apresentam diferentes estilos de aprendizagem, é importante que o
Professor X promova atividades que favoreçam o aprendizado de todos. Se o professor se
159
restringir apenas a uma maneira de apresentar o material, como por exemplo, através de aulas
teóricas e expositivas, ele não estará atendendo a todos os perfis.
Desta forma, baseando-se nas teorias de aprendizagem será feita a seguir uma sugestão de
uma estratégia de ensino no sentido de auxiliar o professor X em suas aulas.
5.6
Ensinando ao redor ciclo
Segundo a teoria sobre os estilos de aprendizagem de Kolb, o ideal é que o professor
trabalhe o processo de ensino aprendizagem passando por todos os quatro quadrantes do ciclo de
aprendizagem, podendo assim atingir de uma maneira mais profunda todos os seus alunos.
Segundo essa teoria o importante é que o professor seja capaz de ver se um problema pode ser
explicado de tantas maneiras quantas sejam as características dos diversos estilos de
aprendizagem.
Isso envolve técnicas específicas, como utilização de aulas que não se pautem somente em
teoria, do laboratório, de dinâmicas de grupo e jogos empresariais, de leituras extra classe, de
seminários; enfim do uso da criatividade. Um professor que adapta o conteúdo de suas aulas para
os dois pólos das cinco dimensões, aproxima o ambiente de aprendizagem a um ambiente ideal
para a maioria dos estudantes da sala de aula.
O ciclo de aprendizagem pode ser visto como um modelo padrão a ser seguido no
desenvolvimento de técnicas de aprendizagem, cuja estrutura interna está representada pelas
questões: “Por quê?” “O quê?” “Como?” “E se?”, conforme exposto na Figura 22.
É importante que o aluno aprenda como atuar em cada um dos quatro quadrantes, isto é,
como obter respostas para cada uma das questões típicas de cada quadrante.
Baseando-se no Ciclo de Aprendizagem, em cada quadrante, a seguir, serão apresentadas
sugestões de um modelo a ser seguido pelo Professor X a fim de que ele possa dinamizar suas
aulas no sentido de motivar melhor seus alunos, além de atender suas expectativas.
160
Figura 22 - Os quatro quadrantes do Ciclo de Aprendizagem (Adaptado de Belhot, 1997)
O quadrante “Por quê”
Nesta etapa do ciclo, o aluno deve saber o porquê de estar aprendendo determinado
conteúdo. Antes de começar a aula, o professor deve então mostrar a importância da matéria para
o aluno. Compreendendo o porquê da disciplina e do conteúdo, sua importância, sua ligação com
a realidade, fica mais fácil ser assimilado, parece que a idéia do conhecimento ter um fim em si
mesmo é transposta. Esse conhecimento deve ser um meio para atingir os objetivos educacionais
propostos.
Além de mostrar a importância de aprender determinado conteúdo, é neste quadrante que
ocorre a apresentação dos problemas existentes neste contexto e da relevância da resolução
desses problemas. No ensino tradicional, o professor não inicia o curso ou a aula por este
quadrante.
161
Esta é uma fase de convencimento em que o professor vai mostrar ao aluno a importância
do conteúdo a ser aprendido. Entretanto, passar por este quadrante requer esforço, experiência e
cultura geral.
As técnicas que podem ser utilizadas neste quadrante devem privilegiar a apresentação
informal de dados, informações e conhecimento. Para tanto podem ser utilizadas: palestras,
visitas técnicas, participação em seminários e congressos, aulas expositivas, exibição de filmes e
simulação.
O quadrante “O quê”
Uma vez apresentado aos alunos o contexto e os problemas a ele relacionados, cabe ao
professor escolher um problema que esteja relacionado ao conteúdo da disciplina e despertar nos
alunos o tipo de conhecimento necessário para resolvê-lo. É neste quadrante que o professor
apresenta as teorias e os conceitos necessários para a solução de problemas desta natureza. Isto
faz com que o aluno se localize dentro do contexto e entenda a importância do aprendizado
teórico conceitual que se seguirá. Além disso, todos os alunos que são reflexivos, são favorecidos
neste momento e professor por sua parte fica mais confortável para aproximar a teoria da prática.
Assim, a aprendizagem poderá se tornar significativa, pois é neste quadrante que se
sentido ao assunto e se desenvolvem relações.
Esta etapa do Ciclo de Kolb pode ser norteada pela apresentação de objetivos
educacionais a serem alcançados. Segundo Bloom (1983), objetivos educacionais são
formulações explícitas das mudanças que se espera que ocorram nos alunos durante o processo
educacional.
Neste quadrante a comunicação exerce um papel fundamental, pois neste momento
uma emissão de informação por parte do professor e uma recepção por parte do aluno que deve
ser convertida em conhecimento. A emissão, neste caso corresponde ao processo de ensino e a
recepção ao processo de aprendizagem. Este processo tem que ser harmônico e pode-se perceber
a importância da consideração dos estilos de aprendizagem. Três tipos de padrões de
comunicação podem ocorrer entre o professor e os alunos, não apenas neste quadrante, mas
também nos demais.
162
O ideal é que neste quadrante se promova tanto a comunicação bilateral como a
comunicação multilateral para que os alunos adquiram uma postura questionadora e agucem a
curiosidade sobre aquilo que vão aprender.
As técnicas que podem ser utilizadas neste quadrante devem privilegiar a apresentação
formal de dados, informações e conhecimento. Apesar de tradicionalmente ser utilizada a aula
expositiva, outros métodos e técnicas estão disponíveis na literatura para auxiliar o professor a
apresentar teorias e conceitos. Para tanto podem ser utilizadas: método do questionamento,
pesquisa com ênfase no aprender a aprender, ensinar com foco no aluno (caso em que os estilos
de aprendizagem têm um papel fundamental).
O quadrante “Como”
Neste quadrante os alunos devem ser capazes de aplicar o conteúdo apresentado na
solução de problemas apresentados, assim são expostos ao uso de cnicas de solução de
problemas, ou seja, um problema é apresentado e o aluno, com o conteúdo aprendido deve ser
capaz de chegar à solução do problema. Se o aluno aprende, por exemplo, uma fórmula
matemática, esta fórmula não tem um fim em si mesma, ela deve ser aplicada em situações reais.
Nas atividades tradicionais de ensino isso acontece quando o professor solta a lista de
exercícios ou executa atividades através de programas computacionais. Os exercícios
COMUNICAÇÃO
UNILATERAL
COMUNICAÇÃO
BILATERAL
COMUNICAÇÃO
MULTILATERAL
Figura 23 - Adaptada de Bordenave & Pereira (1983)
163
apresentados aos alunos devem exigir a mera aplicação dos conceitos e técnicas apresentadas.
Esta é uma fase de sedimentação do conhecimento teórico.
Atualmente, são várias as técnicas e discussões apresentadas para que o aluno seja capaz
de aplicar a teoria na “prática”. Como exemplo, uma técnica bastante interessante e moderna que
vem sendo difundida são os jogos de empresas baseados na teoria da decisão e da negociação.
Essa técnica ajuda a entender e a resolver problemas complexos e reais, construindo uma versão
simplificada do problema.
Segundo Abt (1974), à medida que a civilização evolui para sociedades altamente
tecnológicas, a capacidade de usar abstrações torna-se cada vez mais necessária para as pessoas
atuarem eficientemente. Neste caso, os jogos oferecem um campo rico para uma exploração ativa
sem riscos, de sérios problemas intelectuais e sociais. Através dos jogos os homens podem, mais
uma vez, desempenhar os papéis emocionantes e dinâmicos com os quais sempre se deleitou
antes da sociedade se tornar tão dividida em compartimentos. O desempenho que os estudantes
assumem nos jogos que simulam a vida é excelente preparação para os papéis reais que mais
tarde desempenharão na sociedade.
É difícil encontrar nos dias atuais pessoas para quem o jogo, em suas diferentes
modalidades, não seja algo contagiante e envolvente. É por isso que está sendo utilizado como
técnica de ensino e treinamento, mas eles não podem ser aplicados apenas para criar um ambiente
descontraído em sala de aula, devem fazer parte do planejamento de ensino visando uma situação
de aprendizagem e o alcance de certos objetivos pré-determinados.
Esta estratégia além de motivar o aluno, apresenta dois componentes: um racional e um
emocional, que são essenciais para o desenvolvimento das competências nos alunos, conforme
Abt (1974). Outra alternativa, seria Aprendizagem Baseada em Problemas, que segundo Belhot
(1997), é um método instrucional caracterizado pelo uso de problemas reais, como o contexto
para que os estudantes aprendam a ter uma postura crítica e as habilidades necessárias para
resolver problemas, além de adquirir conhecimento dos conceitos essenciais. Usando ABP, os
estudantes adquirem habilidades duradouras, que incluem a capacidade de descobrir e usar
recursos de aprendizagem apropriados.
164
Na Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) o problema é utilizado como estímulo à
aquisição de conhecimento e compreensão de conceitos. Com a evolução do currículo, o
estudante também usa cada problema para desenvolver habilidades na solução de problemas.
A Aprendizagem Baseada em Problemas pode ocorrer tanto de maneira individual como
em pequenos grupos, porém, é no grupo de tutoria que o pensamento crítico pode ser encorajado
e argumentos levantados, idéias podem ser construídas de maneira criativa, novos caminhos
podem ser estabelecidos, permitindo a análise coletiva de problemas que espelhem a prática
profissional futura.
O quadrante “E se”
No terceiro quadrante (Como) para a solução do problema todas as variáveis e seus
valores são conhecidos, bastando ao aluno usar esses dados de forma correta na técnica adequada.
Todos os dados são conhecidos e confiáveis.
No quarto quadrante (E Se) o aluno deve estar apto a transpor o que ele aprendeu para
novas situações, isto é, trabalhar em situações onde os dados podem estar incompletos ou não
serem confiáveis. Cabe ao aluno discernir quais dados obter e onde.
Neste estágio, os alunos aplicam os procedimentos discutidos na fase anterior em novas
situações onde há uma variação de parâmetros e a inclusão de novos componentes. É um
quadrante propício para simulação e testes.
Uma forma de trabalhar neste quadrante seria através da técnica de Aprendizagem por
Descoberta. Segundo RONCA (1984), a descoberta é uma condição necessária para a
aprendizagem das diversas técnicas para a solução de problemas. A prática na descoberta ensina a
adquirir informação de uma forma tal que a mesma se torne mais viável na solução de problemas.
A aprendizagem por descoberta refere-se à situação de ensino na qual o professor não explica
conceitos e princípios para os alunos, mas lhes fornece exemplos e problemas a partir dos quais
os estudantes poderão induzir estes conceitos e princípios. Os alunos, muitas vezes cometem
erros ou falsas induções nos quais o professor deve interferir mas é normal que isso aconteça e
também de fundamental importância pois é desta forma que em futuras soluções, os alunos
saberão qual melhor caminho a seguir.
165
A aprendizagem por descoberta, além de ser uma maneira do aluno aprender a matéria,
apresenta também um fim em si mesma, o aprender a descobrir. Desta forma, o recém formado
que se vê diante de uma nova situação, utiliza-se da competência de aprender a descobrir, para
solucionar o problema apresentado.
Como dito, a simulação, segundo Belhot (1997), é utilizada por muitas razões, mas o
propósito principal é ajudar a entender e resolver problemas complexos e reais, construindo uma
versão simplificada do problema ou sistema.
Os jogos simulados, de acordo com Ronca (1984) fazem parte de um processo
intrinsecamente competitivo, pois existem ganhadores e perdedores e através desta estratégia os
jogadores assumem papéis que são representativos do mundo real e tomam decisões em função
dos papéis assumidos.
Segundo Abt (1974) esta estratégia além de motivar o aluno, apresenta dois componentes
principais, um racional, analítico, e um emocional, criador e dramático que são essenciais para o
desenvolvimento das competências nos alunos.
A seqüência de passos para o projeto e aplicação de jogos e simulação é muito semelhante
à seqüência usada na aprendizagem baseada em problemas, que é, a fixação de objetivos;
determinação do contexto; identificação dos recursos; determinação da seqüência de interações;
ambientação e aplicação em si.
Para o professor alcançar todos os seus alunos de maneira significativa, deve passar pelos
quatro quadrantes analisados, ou seja, a experiência concreta (CE), a observação reflexiva (RO),
a conceitualização abstrata (AC) até alcançar a experiência ativa (AE). Em uma pesquisa
desenvolvida por Dixon (1985), ficou claro que se o aluno tiver contato com apenas o quadrante
AC (de interpretação), haverá apenas 20% de retenção da aprendizagem, se este mesmo aluno
tiver contato com os quadrantes RO e AC, a retenção ficará em 50%, se forem usados os
quadrantes CE, RO e AC em conjunto a retenção da aprendizagem passará a 70% e utilizando-se
todos os quadrantes a retenção sede 90%. Assim, quanto mais quadrantes forem utilizados
maior será a retenção de conhecimento dos alunos.
Além disso, apesar de Kolb na essência estar mais próximo da teoria proposta por Piaget,
vale a pena destacar a possível ligação entre a teoria interacionista e a estratégia de ensinar ao
redor do ciclo, onde o conhecimento vai sendo construído etapa por etapa, alternando entre
166
estratégias e atividades que privilegiam o que acontece no meio (contexto), com atividades
reflexivas e ativas.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da reconhecida importância da Educação Superior Tecnológica para o
desenvolvimento sócio-econômico do país, cuja ação repercute diretamente no estabelecimento
de macro e micro competências simultaneamente, esta pesquisa pode demonstrar o pouco
entendimento e o merecido respeito com que se trata o encaminhamento deste tema de interesse
nacional.
As ambigüidades constatadas se verificam:
1) no não alinhamento da educação com o desenvolvimento estratégico;
2) no modelo educacional brasileiro constatando-se o não alinhamento entre as
preocupações da educação superior acadêmica com a educação superior
tecnológica;
3) na falta de integração da educação formal com os capítulos da educação
profissional, que possui suas características próprias e com a educação
profissional também com suas características e especificidades;
4) na falta de integração entre os diferentes níveis: fundamental, médio, superior e
superior tecnológico;
5) na falta de um tratamento metodológico próprio para o desenvolvimento do
ensino-aprendizagem na educação superior tecnológica;
6) na ausência de um planejamento educacional da atividade central das
instituições formadoras de educação superior tecnológica e cuja manifestação
se faz sentir:
168
7) no baixo entendimento do real significado da educação superior tecnológica
para o desenvolvimento de competências nacionais e melhoria da qualidade de
vida para a maioria dos cidadãos;
8) no baixo investimento na formação e recapacitação do corpo docente e
administrativo, enquanto geradores do processo de ensino-aprendizagem;
9) nos baixos indicadores de desempenho alcançados, tais como repetência,
evasão, rotatividade elevada de docentes, baixos salários de egressos, baixa
percepção da sociedade sobre a importância da ação institucional, entre outras;
10) na grande dispersão de resultados entre as diversas faculdades de tecnologia
devido aos seus diferentes estágios de maturidade, suas especificidades
regionais, diferentes competências de seus dirigentes e docentes, sua infra-
estrutura acadêmica e patrimonial;
11) nos baixos resultados de contribuição efetiva para o desenvolvimento
tecnológico do país manifestados em indicadores sensíveis de competência
como patentes e inovações social e economicamente produtivas.
Isso posto, concentra-se na sala de aula o embate decisivo, a hora da verdade na relação
professor-aluno, no qual a competência organizacional, sendo invisível não é claramente
percebida, cabendo ao professor enquanto representante, no período de aula, da figura
institucional desdobrar-se para atingir resultados relevantes, o que se faz via de regra, sem os
recursos metodológicos e sem a infra-estrutura de suporte adequados. Isso exige um
automonitoramento e uma atuação que vão desde a improvisação artesanal ao autodidatismo, com
a sala de aula representando uma trincheira ao invés de um ambiente harmônico e desenvolvedor
da aprendizagem.
169
Este estudo mostrou que as ações propostas e elaboradas pelo Centro de Educação
Tecnológica Paula Souza ainda carecem de melhorias que vão desde ações institucionais até
ações em sala de aula.
Institucionalmente, o Centro de Educação Tecnológica tem crescido mais fortemente no
aspecto quantitativo do que no qualitativo.
Na tentativa de conseguir elementos para a compreensão dos aspectos qualitativos na
educação tecnológica, foi realizada uma extensa revisão bibliográfica para fundamentar o estudo,
pois o tema envolve educação tecnológica, processo de ensino-aprendizagem, relação professor-
aluno e estilos de aprendizagem e de personalidade, onde pode se notar a importância do
conhecimento dos pilares de sustentação dessas teorias e da efetiva aplicação no ensino
tecnológico. Além disso, a partir desse levantamento estabeleceu-se os procedimentos a serem
utilizados, a amostra, os instrumentos e o problema e as hipóteses a serem pesquisados. Na
análise qualitativa dos resultados, enfatizou-se os efeitos dos resultados apresentados e buscou-se
incluir sugestões de aplicação de uma metodologia de ensino-aprendizagem em sala de aula.
Além disso, a aplicação do modelo estatístico neste trabalho foi fundamental para
confirmar a veracidade dos dados e permitir uma melhor comparação dos resultados estimados
com os observados nas análises descritiva e de correlação.
Apesar de num primeiro momento as teorias de aprendizagem parecerem abstratas,
restritas à educação, de difícil entendimento e aplicação no ensino tecnológico, após o
levantamento dos estilos de aprendizagem de professores e alunos e após uma análise crítica, a
autora reforça a sua convicção de que o conhecimento das teorias de aprendizagem são
fundamentais para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem em geral. No entanto a
teoria precisa ser conhecida e adaptada aos diferentes clientes/professores, ou seja, identificando
para cada cliente o que é necessário saber da teoria adequando a linguagem e mostrando como
aplicá-la na prática o que leva a autora a concluir que um programa de capacitação de professores
para a docência, principalmente para os professores de áreas tecnológicas viria a trazer muitos
benefícios a todos os envolvidos com o ensino e a aprendizagem.
Neste trabalho, houve uma preocupação em verificar se a incompatibilidade dos estilos de
aprendizagem e das características de personalidade dos alunos e de seus respectivos professores
pode ser indicativo de altos índices de reprovação, se essa incompatibilidade está contribuindo
170
para o insucesso dos alunos e insatisfação do professor e se a teoria de Kolb poderia fornecer
subsídios para minimizar os problemas relatados.
Pelos dados apresentados, pode-se observar que conhecer os tipos e estilos dos agentes
envolvidos na relação ensino-aprendizagem é extremamente importante não apenas para a adoção
de novas metodologias, mas principalmente para que o professor compreenda as diferenças
existentes entre os alunos e também compreenda as diferenças existentes entre a sua própria
maneira de aprender e a maneira de aprender de seus alunos, evitando assim perda de
produtividade em sala de aula.
Neste sentido as Hipóteses 1 e 2 apresentadas na página 25 desta tese podem ser
confirmadas. A incompatibilidade de estilos de aprendizagem e das características de
personalidade entre professor e alunos podem interferir no bom andamento em sala de aula
gerando altos índices de reprovação e além de insatisfação tanto por parte dos alunos como por
parte do professor.
A análise descritiva dos resultados revelou que os cursos tecnológicos estudados atraem
estudantes com diferentes tipos de personalidade e temperamento, mas no estudo de caso, ficou
claro que a maioria dos estudantes de carreiras tecnológicas apresenta um perfil mais de “tipos
T”, ou seja, lógicos e objetivos e de “tipos J”, ou seja, organizados e decididos. O mercado de
trabalho, e suas rápidas e constantes mudanças, demanda um perfil profissional com habilidades
técnicas, humanas e conceituais, ou seja, um profissional que tenha conhecimento teórico, prático
mas que também saiba lidar com pessoas, que seja flexível e saiba trabalhar em equipe. Neste
caso, os “tipos F” apresentam habilidade natural para lidar com pessoas e os “tipo P” são mais
flexíveis. Assim, há uma necessidade crescente de profissionais do “tipo FP”.
Felder (2000) ressalta o fato de que não se deve ensinar exclusivamente e de acordo com
as preferências dos alunos porque eles precisarão entrar em contato com todas as formas de
pensar e resolver problemas, assim as metodologias propostas na análise qualitativa estão
baseadas nessa premissa uma vez que o professor deve visar o conjunto.
Desta forma, a Hipótese 3, de que o Ciclo de Aprendizagem pode fornecer subsídios para
minimizar problemas ocasionados pela incompatibilidade de tipos e estilos nas disciplinas
“problema” pode ser subsídio para o tratamento e melhoria da relação professor-aluno.
171
Os alunos também acharam muito interessante a oportunidade de conhecerem seus estilos
de aprendizagem e o fato de saberem que seriam desenvolvidas atividades que privilegiassem
estes estilos.
Ao se estudar em sala de aula as relações professor-aluno, foi possível extrapolar as
dimensões dessa atuação para outros componentes do ambiente micro, característicos da própria
unidade em observação, para os fatores macro da instituição mantenedora e das políticas
educacionais, evidenciando as lacunas ou gaps desafiadores.
Em vista do exposto, conclui-se que dado o entendimento das demandas específicas da sala de
aula, com elas se permitam ações e contribuições ao domínio das competências institucionais e
mesmo nacionais, dada a importância estratégica do assunto.
Perspectivas futuras
Atualmente, a preocupação com a melhoria da qualidade do ensino de graduação vem
crescendo assustadoramente. Esse fator por si só permite novos estudos na linha de pesquisa
apresentada.
Em continuidade à pesquisa, será desenvolvido um trabalho mais aprofundado no sentido
de auxiliar o Professor X em suas aulas através do estudo dos estilos de aprendizagem e no
sentido de propor novas metodologias de ensino especificamente para suas disciplinas, pois estes
desencontros na docência podem gerar um desempenho fraco dos estudantes e a própria
frustração do professor, dado este que também ficou registrado através deste estudo.
Uma vez que para o Professor X, a dimensão Sensorial/Intuitiva foi diferente no teste de
Felder e Soloman e no teste de Keirsey e Bates, respectivamente Intuitivo e Sensorial, um estudo
muito oportuno seria utilizar a base de dados para verificar se os dois questionários citados
apresentam resultados diferentes para essa dimensão ou se apresenta resultados diferentes ou se
trata de uma situação aleatória.
Outro estudo promissor bastante promissor é a utilização dos estilos de aprendizagem
como critérios para a formação de equipes à partir dos dados disponíveis na base de dados do
grupo de pesquisa aprende. Uma dissertação de mestrado encaminhou esta questão, porém a
montagem dos grupos foi feita de maneira aleatória sem a utilização de testes estatísticos que
172
pudessem evidenciar melhores combinações de pessoas resultando assim em melhores equipes de
alto desempenho.
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181
APÊNDICE
Demonstração Estatística de Correlação
Análise de Dependência para alunos
Verificou-se a hipótese de independência/dependência entre as dimensões de
personalidade (extrovertido/introvertido (e/i); sensorial/intruitivo (s/i); racional/emocional (r/e) e
estruturado/flexível (e/f) e os estilos de aprendizagem (Ativo/Reflexivo, Sensorial/Intuitivo,
Visual/Verbal, Seqüencial/Global).
O teste aplicado foi o Chi-Square (qui-quadrado) para testar as hipóteses acima em cada
tabela de contingência a seguir e para tanto considerou-se:
H
0
: Independência entre a dimensão de personalidade e o estilo de aprendizagem (não associação
e não correlação).
H
1
: Dependência (associação e correlação presentes).
Extrovertido/Introvertido
a) Extrovertido/Introvertido vs Ativo/Reflexivo
Table of dim_atv_refle by e_i
dim_atv_refle e_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Ativo ‚ 41 ‚ 39 ‚ 80
16.40 ‚ 15.60 ‚ 32.00
51.25 ‚ 48.75 ‚
22.16 ‚ 60.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Reflexivo ‚ 144 ‚ 26 ‚ 170
57.60 ‚ 10.40 ‚ 68.00
84.71 ‚ 15.29 ‚
77.84 ‚ 40.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 185 65 250
74.00 26.00 100.00
Statistics for Table of dim_atv_refle by e_i
182
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 31.6475 <.0001
Como p-value (0,0001) < 0,05, pode-se aceitar H
1
: (existe associação entre a dimensão de
personalidade Extrovertido/Introvertido e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo) com 95% de
confiança.
b) Extrovertido/Introvertido vs Intuitivo/Sensorial
dim_sens_intue_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Intuitivo ‚ 141 ‚ 48 ‚ 189
56.40 ‚ 19.20 ‚ 75.60
74.60 ‚ 25.40 ‚
76.22 ‚ 73.85 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sensorial ‚ 44 ‚ 17 ‚ 61
17.60 ‚ 6.80 ‚ 24.40
72.13 ‚ 27.87 ‚
23.78 ‚ 26.15 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 185 65 250
74.00 26.00 100.00
Statistics for Table of dim_sens_intu by e_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.1465 0.7019
Como p-value (0,7019) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/Introvertido e o estilo de aprendizagem
Intuitivo/Sensorial) com 95% de confiança.
c) Extrovertido/Introvertido vs Visual/Verbal
dim_visu_verba l e_i
Frequency‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
183
Verbal ‚ 132 ‚ 44 ‚ 176
52.80 ‚ 17.60 ‚ 70.40
75.00 ‚ 25.00 ‚
71.35 ‚ 67.69 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Visual ‚ 53 ‚ 21 ‚ 74
21.20 ‚ 8.40 ‚ 29.60
71.62 ‚ 28.38 ‚
28.65 ‚ 32.31 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 185 65 250
74.00 26.00 100.00
Statistics for Table of dim_visu_verbal by e_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.3090 0.5783
Como p-value (0,5783) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/Introvertido e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal)
com 95% de confiança.
d) Extrovertido/Introvertido vs Sequencial/Global
dim_seq_global e_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Global ‚ 104 ‚ 36 ‚ 140
41.60 ‚ 14.40 ‚ 56.00
74.29 ‚ 25.71 ‚
56.22 ‚ 55.38 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sequencial ‚ 81 ‚ 29 ‚ 110
32.40 ‚ 11.60 ‚ 44.00
73.64 ‚ 26.36 ‚
43.78 ‚ 44.62 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 185 65 250
74.00 26.00 100.00
Statistics for Table of dim_seq_global by e_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.0135 0.9075
Como p-value (0,9075) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/introvertido e o estilo de aprendizagem
Sequencial/Global) com 95% de confiança.
184
Sensorial/Intuitivo (ou Sensação/Intuição)
a) Sensação/Intuição vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle
s_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Ativo ‚ 36 ‚ 44 ‚ 80
14.40 ‚ 17.60 ‚ 32.00
45.00 ‚ 55.00 ‚
30.00 ‚ 33.85 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Reflexivo ‚ 84 ‚ 86 ‚ 170
33.60 ‚ 34.40 ‚ 68.00
49.41 ‚ 50.59 ‚
70.00 ‚ 66.15 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 120 130 250
48.00 52.00 100.00
Statistics for Table of dim_atv_refle by s_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.4242 0.5148
Como p-value (0,5148) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo) com
95% de confiança.
185
b) Sensação/Intuição vs Intuitivo/Sensorial
dim_sens_intu
s_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Intuitivo ‚ 77 ‚ 112 ‚ 189
30.80 ‚ 44.80 ‚ 75.60
40.74 ‚ 59.26 ‚
64.17 ‚ 86.15 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sensorial ‚ 43 ‚ 18 ‚ 61
17.20 ‚ 7.20 ‚ 24.40
70.49 ‚ 29.51 ‚
35.83 ‚ 13.85 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 120 130 250
48.00 52.00 100.00
Statistics for Table of dim_sens_intu by s_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 16.3535 <.0001
Como p-value (0,0001) < 0,05, rejeita-se a hipótese H
0
, sendo assim, existe associação
entre a dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem
Intuitivo/Sensorial com 95% de confiança.
c) Sensação/Intuição vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
s_i
Frequency‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Verbal ‚ 87 ‚ 89 ‚ 176
34.80 ‚ 35.60 ‚ 70.40
49.43 ‚ 50.57 ‚
72.50 ‚ 68.46 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Visual ‚ 33 ‚ 41 ‚ 74
13.20 ‚ 16.40 ‚ 29.60
44.59 ‚ 55.41 ‚
27.50 ‚ 31.54 ‚
186
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 120 130 250
48.00 52.00 100.00
Statistics for Table of dim_visu_verbal by s_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.4884 0.4847
Como p-value (0,4847) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal) com
95% de confiança.
d) Sensação/Intuição vs Seqüencial/Global
dim_seq_global
s_i
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Global ‚ 62 ‚ 78 ‚ 140
24.80 ‚ 31.20 ‚ 56.00
44.29 ‚ 55.71 ‚
51.67 ‚ 60.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sequencial ‚ 58 ‚ 52 ‚ 110
23.20 ‚ 20.80 ‚ 44.00
52.73 ‚ 47.27 ‚
48.33 ‚ 40.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 120 130 250
48.00 52.00 100.00
Statistics for Table of dim_seq_global by s_i
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 1.7587 0.1848
Como p-value (0,1848) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Seqüencial/Global)
com 95% de confiança.
Racional/Emocional
a) Racional/Emocional vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle
r_e
Frequency ‚
Percent
187
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Ativo ‚ 32 ‚ 48 ‚ 80
12.80 ‚ 19.20 ‚ 32.00
40.00 ‚ 60.00 ‚
32.32 ‚ 31.79 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Reflexivo ‚ 67 ‚ 103 ‚ 170
26.80 ‚ 41.20 ‚ 68.00
39.41 ‚ 60.59 ‚
67.68 ‚ 68.21 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 99 151 250
39.60 60.40 100.00
Statistics for Table of dim_atv_refle by r_e
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.0079 0.9293
Como p-value (0,9293) > 0,05, se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo)
com 95% de confiança.
b) Racional/Emocional vs Sensorial/Intuitivo
dim_sens_intu
r_e
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Intuitivo ‚ 72 ‚ 117 ‚ 189
28.80 ‚ 46.80 ‚ 75.60
38.10 ‚ 61.90 ‚
72.73 ‚ 77.48 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sensorial ‚ 27 ‚ 34 ‚ 61
10.80 ‚ 13.60 ‚ 24.40
44.26 ‚ 55.74 ‚
27.27 ‚ 22.52 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 99 151 250
39.60 60.40 100.00
Statistics for Table of dim_sens_intu by r_e
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.7333 0.3918
188
Como p-value (0,3918) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Sensorial/Intuitivo)
com 95% de confiança.
c) Racional/Emocional vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
r_e
Frequency‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Verbal ‚ 73 ‚ 103 ‚ 176
29.20 ‚ 41.20 ‚ 70.40
41.48 ‚ 58.52 ‚
73.74 ‚ 68.21 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Visual ‚ 26 ‚ 48 ‚ 74
10.40 ‚ 19.20 ‚ 29.60
35.14 ‚ 64.86 ‚
26.26 ‚ 31.79 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 99 151 250
39.60 60.40 100.00
Statistics for Table of dim_visu_verbal by r_e
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.8761 0.3493
Como p-value (0,3493) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal) com
95% de confiança.
d) Racional/Emocional vs Seqüencial/Global
dim_seq_global
r_e
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Global ‚ 55 ‚ 85 ‚ 140
22.00 ‚ 34.00 ‚ 56.00
39.29 ‚ 60.71 ‚
55.56 ‚ 56.29 ‚
189
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sequencial ‚ 44 ‚ 66 ‚ 110
17.60 ‚ 26.40 ‚ 44.00
40.00 ‚ 60.00 ‚
44.44 ‚ 43.71 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 99 151 250
39.60 60.40 100.00
Statistics for Table of dim_seq_global by r_e
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.0131 0.9087
Como p-value (0,9087) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Seqüencial/Global)
com 95% de confiança.
Estruturado/Flexível
a) Estruturado/Flexível vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Estr ‚Flex ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Ativo ‚ 65 ‚ 15 ‚ 80
26.00 ‚ 6.00 ‚ 32.00
81.25 ‚ 18.75 ‚
33.33 ‚ 27.27 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Reflexivo ‚ 130 ‚ 40 ‚ 170
52.00 ‚ 16.00 ‚ 68.00
76.47 ‚ 23.53 ‚
66.67 ‚ 72.73 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 195 55 250
78.00 22.00 100.00
Statistics for Table of dim_atv_refle by e_f
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 0.7242 0.3948
190
Como p-value (0,3948) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Estruturado/Flexível e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo)
com 95% de confiança.
191
b) Estruturado/Flexível vs Sensorial/Intuitivo
dim_sens_intu
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Estr ‚Flex ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Intuitivo ‚ 154 ‚ 35 ‚ 189
61.60 ‚ 14.00 ‚ 75.60
81.48 ‚ 18.52 ‚
78.97 ‚ 63.64 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sensorial ‚ 41 ‚ 20 ‚ 61
16.40 ‚ 8.00 ‚ 24.40
67.21 ‚ 32.79 ‚
21.03 ‚ 36.36 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 195 55 250
78.00 22.00 100.00
Statistics for Table of dim_sens_intu by e_f
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 5.4712 0.0193
Como p-value (0,0193) < 0,05, se rejeita a hipótese H
0
, sendo assim, existe associação
entre a dimensão de personalidade Estruturado/Flexível e o estilo de aprendizagem
Sensorial/Intuitivo com 95% de confiança.
c) Estruturado/Flexível vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
e_f
Frequency‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Estr ‚Flex ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Verbal ‚ 132 ‚ 44 ‚ 176
52.80 ‚ 17.60 ‚ 70.40
75.00 ‚ 25.00 ‚
67.69 ‚ 80.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Visual ‚ 63 ‚ 11 ‚ 74
192
25.20 ‚ 4.40 ‚ 29.60
85.14 ‚ 14.86 ‚
32.31 ‚ 20.00 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 195 55 250
78.00 22.00 100.00
Statistics for Table of dim_visu_verbal by e_f
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 3.1185 0.0774
Como p-value (0,0774) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Estruturado/Flexível e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal) com
95% de confiança.
d) Estruturado/Flexível vs Seqüencial/Global
dim_seq_global
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct ‚
Col Pct ‚Estr ‚Flex ‚ Total
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Global ‚ 115 ‚ 25 ‚ 140
46.00 ‚ 10.00 ‚ 56.00
82.14 ‚ 17.86 ‚
58.97 ‚ 45.45 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Sequencial ‚ 80 ‚ 30 ‚ 110
32.00 ‚ 12.00 ‚ 44.00
72.73 ‚ 27.27 ‚
41.03 ‚ 54.55 ‚
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆƒƒƒƒƒƒƒƒˆ
Total 195 55 250
78.00 22.00 100.00
Statistics for Table of dim_seq_global by e_f
Statistic DF Value Prob
ƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒƒ
Chi-Square 1 3.1824 0.0744
Como p-value (0,0774) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Estruturado/Flexível e o estilo de aprendizagem Seqüencial/Global)
com 95% de confiança.
193
Análise de Dependência para professores
Verificando a hipótese de independência/dependência entre as dimensões de
personalidade Extrovertido/Introvertido (E/I), Sensorial/Intuitivo (S/I), Racional/Emocional
(R/E), Estruturado/Flexível (E/F) e os estilos de aprendizagem (Ativo/Reflexivo,
Sensorial/Intuitivo, Visual/Verbal, Seqüencial/Global).
O teste aplicado foi o Teste Exato de Fischer (similar ao qui-quadrado para amostras
pequenas (N < 40) para teste as hipóteses acima em cada tabela de contingência a seguir e para
tanto considerou-se:
H
0
: Independência entre a dimensão de personalidade e o estilo de aprendizagem (não
associação e não correlação).
H
1
: Dependência (associação e correlação presentes).
Extrovertido/Introvertido
a) Extrovertido/Introvertido vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle / e_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Ativo ‚ 2 ‚ 2 ‚ 4
13.33 ‚ 13.33 ‚ 26.67
50.00 ‚ 50.00 ‚
20.00 ‚ 40.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Reflexivo ‚ 8 ‚ 3 ‚ 11
53.33 ‚ 20.00 ‚ 73.33
72.73 ‚ 27.27 ‚
80.00 ‚ 60.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 10 5 15
66.67 33.33 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 0.4066
Right-sided Pr >= F 0.9231
Table Probability (P) 0.3297
Two-sided Pr <= P 0.5604
Sample Size = 15
Como p-value (0,5604) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/introvertido e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo)
com 95% de confiança.
194
b) Extrovertido/Introvertido vs Intuitivo/Sensorial
dim_sens_intu
e_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Intuitivo ‚ 6 ‚ 4 ‚ 10
40.00 ‚ 26.67 ‚ 66.67
60.00 ‚ 40.00 ‚
60.00 ‚ 80.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sensorial ‚ 4 ‚ 1 ‚ 5
26.67 ‚ 6.67 ‚ 33.33
80.00 ‚ 20.00 ‚
40.00 ‚ 20.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 10 5 15
66.67 33.33 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 6
Left-sided Pr <= F 0.4336
Right-sided Pr >= F 0.9161
Table Probability (P) 0.3497
Two-sided Pr <= P 0.6004
Sample Size = 15
Como p-value (0,6004) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/introvertido e o estilo de aprendizagem
Intuitivo/Sensorial) com 95% de confiança.
c) Extrovertido/Introvertido vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
e_i
Frequency‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Verbal ‚ 8 ‚ 2 ‚ 10
53.33 ‚ 13.33 ‚ 66.67
80.00 ‚ 20.00 ‚
80.00 ‚ 40.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Visual ‚ 2 ‚ 3 ‚ 5
13.33 ‚ 20.00 ‚ 33.33
40.00 ‚ 60.00 ‚
20.00 ‚ 60.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 10 5 15
66.67 33.33 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 8
Left-sided Pr <= F 0.9830
Right-sided Pr >= F 0.1668
Table Probability (P) 0.1499
195
Two-sided Pr <= P 0.2507
Sample Size = 15
Como p-value (0,2507) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Extrovertido/introvertido e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal)
com 95% de confiança.
d) Extrovertido/Introvertido vs Sequencial/Global
Table of dim_seq_global by e_i
dim_seq_global
e_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Extr ‚Intr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Global ‚ 2 ‚ 4 ‚ 6
13.33 ‚ 26.67 ‚ 40.00
33.33 ‚ 66.67 ‚
20.00 ‚ 80.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sequencial ‚ 8 ‚ 1 ‚ 9
53.33 ‚ 6.67 ‚ 60.00
88.89 ‚ 11.11 ‚
80.00 ‚ 20.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 10 5 15
66.67 33.33 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 0.0470
Right-sided Pr >= F 0.9980
Table Probability (P) 0.0450
Two-sided Pr <= P 0.0889
Sample Size = 15
Como p-value (0,0889) > 0,05, não rejeitamos a hipótese H
0
: (não existe associação entre
a dimensão de personalidade Extrovertido/introvertido e o estilo de aprendizagem
Sequencial/Global) com 95% de confiança.
Sensorial/Intuitivo (ou Sensação/Intuição)
a) Sensação/Intuição vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle
s_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
196
Ativo ‚ 2 ‚ 2 ‚ 4
13.33 ‚ 13.33 ‚ 26.67
50.00 ‚ 50.00 ‚
25.00 ‚ 28.57 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Reflexivo ‚ 6 ‚ 5 ‚ 11
40.00 ‚ 33.33 ‚ 73.33
54.55 ‚ 45.45 ‚
75.00 ‚ 71.43 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 8 7 15
53.33 46.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 0.6615
Right-sided Pr >= F 0.7692
Table Probability (P) 0.4308
Two-sided Pr <= P 1.0000
Sample Size = 15
Como p-value (1,000) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo) com
95% de confiança.
b) Sensação/Intuição vs Intuitivo/Sensorial
dim_sens_intu
s_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Intuitivo ‚ 4 ‚ 6 ‚ 10
26.67 ‚ 40.00 ‚ 66.67
40.00 ‚ 60.00 ‚
50.00 ‚ 85.71 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sensorial ‚ 4 ‚ 1 ‚ 5
26.67 ‚ 6.67 ‚ 33.33
80.00 ‚ 20.00 ‚
50.00 ‚ 14.29 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 8 7 15
53.33 46.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 4
Left-sided Pr <= F 0.1818
Right-sided Pr >= F 0.9814
Table Probability (P) 0.1632
Two-sided Pr <= P 0.2821
Sample Size = 15
197
Como p-value (0,2821) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Intuitivo/Sensorial com
95% de confiança.
c) Sensação/Intuição vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
s_i
Frequency‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Verbal ‚ 6 ‚ 4 ‚ 10
40.00 ‚ 26.67 ‚ 66.67
60.00 ‚ 40.00 ‚
75.00 ‚ 57.14 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Visual ‚ 2 ‚ 3 ‚ 5
13.33 ‚ 20.00 ‚ 33.33
40.00 ‚ 60.00 ‚
25.00 ‚ 42.86 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 8 7 15
53.33 46.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 6
Left-sided Pr <= F 0.8998
Right-sided Pr >= F 0.4266
Table Probability (P) 0.3263
Two-sided Pr <= P 0.6084
Sample Size = 15
Como p-value (0,6084) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal) com
95% de confiança.
d) Sensação/Intuição vs Seqüencial/Global
dim_seq_global
s_i
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Intu ‚Sens ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Global ‚ 2 ‚ 4 ‚ 6
13.33 ‚ 26.67 ‚ 40.00
33.33 ‚ 66.67 ‚
25.00 ‚ 57.14 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sequencial ‚ 6 ‚ 3 ‚ 9
40.00 ‚ 20.00 ‚ 60.00
66.67 ‚ 33.33 ‚
75.00 ‚ 42.86 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 8 7 15
53.33 46.67 100.00
198
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 0.2308
Right-sided Pr >= F 0.9650
Table Probability (P) 0.1958
Two-sided Pr <= P 0.3147
Sample Size = 15
Como p-value (0,3147) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Sensação/Intuição e o estilo de aprendizagem Seqüencial/Global)
com 95% de confiança.
5.4.2.3. Racional/Emocional
a) Racional/Emocional vs Ativo/Reflexivo
dim_atv_refle
r_e
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Ativo ‚ 0 ‚ 4 ‚ 4
0.00 ‚ 26.67 ‚ 26.67
0.00 ‚ 100.00 ‚
0.00 ‚ 30.77 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Reflexivo ‚ 2 ‚ 9 ‚ 11
13.33 ‚ 60.00 ‚ 73.33
18.18 ‚ 81.82 ‚
100.00 ‚ 69.23 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 2 13 15
13.33 86.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 0
Left-sided Pr <= F 0.5238
Right-sided Pr >= F 1.0000
Table Probability (P) 0.5238
Two-sided Pr <= P 1.0000
Sample Size = 15
Como p-value (1,0000) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Ativo/Reflexivo)
com 95% de confiança.
199
b) Racional/Emocional vs Sensorial/Intuitivo
dim_sens_intu
r_e
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Intuitivo ‚ 2 ‚ 8 ‚ 10
13.33 ‚ 53.33 ‚ 66.67
20.00 ‚ 80.00 ‚
100.00 ‚ 61.54 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sensorial ‚ 0 ‚ 5 ‚ 5
0.00 ‚ 33.33 ‚ 33.33
0.00 ‚ 100.00 ‚
0.00 ‚ 38.46 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 2 13 15
13.33 86.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 1.0000
Right-sided Pr >= F 0.4286
Table Probability (P) 0.4286
Two-sided Pr <= P 0.5238
Sample Size = 15
Como p-value (0,5238) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Sensorial/Intuitivo)
com 95% de confiança.
c) Racional/Emocional vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
r_e
Frequency‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Verbal ‚ 1 ‚ 9 ‚ 10
6.67 ‚ 60.00 ‚ 66.67
10.00 ‚ 90.00 ‚
50.00 ‚ 69.23 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Visual ‚ 1 ‚ 4 ‚ 5
6.67 ‚ 26.67 ‚ 33.33
20.00 ‚ 80.00 ‚
50.00 ‚ 30.77 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 2 13 15
13.33 86.67 100.00
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 1
Left-sided Pr <= F 0.5714
Right-sided Pr >= F 0.9048
Table Probability (P) 0.4762
200
Two-sided Pr <= P 1.0000
Sample Size = 15
Como p-value (1,0000) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Visual/Verbal) com
95% de confiança.
d) Racional/Emocional vs Seqüencial/Global
dim_seq_global
r_e
Frequency ‚
Percent ‚
Row Pct ‚
Col Pct ‚Emoc ‚Raci ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Global ‚ 2 ‚ 4 ‚ 6
13.33 ‚ 26.67 ‚ 40.00
33.33 ‚ 66.67 ‚
100.00 ‚ 30.77 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sequencial ‚ 0 ‚ 9 ‚ 9
0.00 ‚ 60.00 ‚ 60.00
0.00 ‚ 100.00 ‚
0.00 ‚ 69.23 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 2 13 15
13.33 86.67 100.00
Statistics for Table of dim_seq_global by r_e
Statistic DF Value Prob
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Chi-Square 1 3.4615 0.0628
Likelihood Ratio Chi-Square 1 4.1421 0.0418
Continuity Adj. Chi-Square 1 1.1779 0.2778
Mantel-Haenszel Chi-Square 1 3.2308 0.0723
Phi Coefficient 0.4804
Contingency Coefficient 0.4330
Cramer's V 0.4804
WARNING: 50% of the cells have expected counts less
than 5. Chi-Square may not be a valid test.
Fisher's Exact Test
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲ
Cell (1,1) Frequency (F) 2
Left-sided Pr <= F 1.0000
Right-sided Pr >= F 0.1429
Table Probability (P) 0.1429
Two-sided Pr <= P 0.1429
Sample Size = 15
Como p-value (0,1429) > 0,05, não se rejeita a hipótese H
0
: (não existe associação entre a
dimensão de personalidade Racional/Emocional e o estilo de aprendizagem Seqüencial/Global)
com 95% de confiança.
201
6.1.1.1 Estruturado/Flexível
a) Estruturado/Flexível vs Ativo/Reflexivo
Table of dim_atv_refle by e_f
dim_atv_refle
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct
Col Pct ‚Estr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Ativo 4 ‚ 4
‚ 26.67 ‚ 26.67
‚ 100.00 ‚
‚ 26.67 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Reflexivo ‚ 11 ‚ 11
‚ 73.33 ‚ 73.33
‚ 100.00 ‚
‚ 73.33 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 15 15
100.0 100.00
101.0
Como todos os professores foram classificados na dimensão de personalidade como
Estruturado, não é possível realizar o teste de associação desta dimensão de personalidade com os
estilos de aprendizagem, assim somente será apresentada a tabela de freqüência para cada estilo
de aprendizagem.
b) Estruturado/Flexível vs Sensorial/Intuitivo
dim_sens_intu
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct
Col Pct ‚Estr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Intuitivo ‚ 10 ‚ 10
‚ 66.67 ‚ 66.67
‚ 100.00 ‚
‚ 66.67 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sensorial ‚ 5 ‚ 5
‚ 33.33 ‚ 33.33
‚ 100.00 ‚
‚ 33.33 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 15 15
202
c) Estruturado/Flexível vs Visual/Verbal
dim_visu_verbal
e_f
Frequency‚
Percent
Row Pct
Col Pct ‚Estr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Verbal ‚ 10 ‚ 10
‚ 66.67 ‚ 66.67
‚ 100.00 ‚
‚ 66.67 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Visual 5 ‚ 5
‚ 33.33 ‚ 33.33
‚ 100.00 ‚
‚ 33.33 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 15 15
100.00 100.00
d) Estruturado/Flexível vs
d) Seqüencial/Global
Table of dim_seq_global by e_f
dim_seq_global
e_f
Frequency ‚
Percent
Row Pct
Col Pct ‚Estr ‚ Total
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Global 6 ‚ 6
‚ 40.00 ‚ 40.00
‚ 100.00 ‚
‚ 40.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Sequencial ‚ 9 ‚ 9
‚ 60.00 ‚ 60.00
‚ 100.00 ‚
‚ 60.00 ‚
ŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲŲˆŲŲŲŲŲŲŲŲˆ
Total 15 15
100.00 100.00
Livros Grátis
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