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Fernando Donizete Alves
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estudar, põe essa menina para estudar, leva essa menina no jazz, leva essa menina
para lá eu não tive tempo de brincar. Depois dos meus sete, oito anos que eu
desanimei não queria ir de jeito nenhum e fazia birra ai eu comecei a brincar, até
hoje eu brinco de pique-esconde, brinco de, porque é uma fase que eu pulei. Dos
meus três sabe às vezes nos brincávamos no jazz, no ballet, mas, era aquela
brincadeira direcionada para aquilo, para você brilhar um dia dançar ballet, dançar
jazz, eu acho que não é uma brincadeira isso, né? Quando cheguei nos meus sete
anos, meus oito anos ai eu explodi, eu não fazia nada, ai eu não estudava queria
porque queria brincar era pique-esconde, boneca eu fui bem sabe é despertada isso é
muito interessante, é muito bom, a gente não pode pular essa fase da criança, sempre
estar incentivando, -Vamos brincar disso, vamos brincar daquilo? Agora nós vamos
brincar, vamos pegar um brinquedo, vamos pegar um joguinho, vamos sentar, vamos
brincar é bom o despertar, usar a criatividade, acho isso muito interessante, é muito
importante, é muito interessante também, mas muito importante. (pausa)
Argumenta que a infância é tempo para brincar. Em princípio sua passagem pelo
ballet, jazz, natação não foi nada lúdica, mas uma atividade árdua, repetitiva, repleta de
exercícios, visando, por exemplo, brilhar um dia na dança. As tentativas de fazer dessas
tarefas algo mais gostoso e prazeroso não convenceram Beatriz que ressalta que, as vezes,
brincavam nas aulas de jazz, mas não era uma brincadeira, talvez fosse mais um exercício,
algo mais técnico do que lúdico. De qualquer forma, alerta para a importância do brincar para
a vida da criança pontuando a necessidade de que seja possibilitada à criança, a oportunidade
de brincar. Nada impede que o ballet, o jazz ou a natação sejam atividades prazerosas e até
lúdicas, apenas não ocorreu no caso de Beatriz. Por isso, afirma: “brincar é o essencial”. Tirar
a possibilidade da criança brincar é como cortar um pedaço de sua vida.
A infância é dirigida pelo brincar; é uma atividade própria da criança. Pressupõe no
brincar um elo de ligação entre realidade interna e externa em que se compartilham
experiências e, conseqüentemente, aprende-se a viver com o outro. Segundo Beatriz:
[...] é legal que na brincadeira as crianças elas se expressam, né? O que elas sentem
é, numa brincadeira de boneca [...] se entrega uma boneca para uma menina e para
um menino eles vão expressar ali o que eles passam no dia-a-dia deles, né? Eles vão
expressar o que é eles aprenderam, o que eles vêem, né? O que eles estão vendo no
dia-a-dia, acho isso muito importante, você vai trabalhar o emocional da criança,
você vai trabalhar, né? O psicológico eu acho que isso é muito importante. Você vai
ta descobrindo a crianças, né? O que ela é a realidade dela ali, [...] eu acho muito
importante estar brincando assim livre em qualquer relacionamento com os pais
sempre ter uma brincadeira com as crianças sempre ter uma brincadeira, associar os
pais com as crianças é que nem o jogo de quebra-cabeça sempre estar ali
trabalhando com eles, jogo de encaixe é muito interessante, é muito legal, trabalhar
com eles que é despertar o lúdico, né? Despertar a imaginação, é muito bom, a
criatividade deles é um brincar com argila sabe montar um joguinho de argila, é
muito interessante, é muito bom sempre ter contato, né? Coisas assim e a
imaginação contar uma historia, depois nos vamos brincar de pegar personagens de
várias historias diferentes e vamos montar uma historinha nossa vamos brincar sabe
de desenhar, vamos fazer isso, acho muito importante, tem várias coisas, muitas,
muitas e muitas coisas que é importante, é isso ai.