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O procedimento sugerido visava direcionar o artista intelectual engajado
para a busca de sua inspiração nas regras e modelos dos símbolos e
critérios de apreciação das classes mais populares, vistas como a base –
ainda que “inconsciente” – da expressão nacional-popular. O objetivo
era facilitar a “comunicação” com as massas, mesmo com o prejuízo da
sua expressão artística, a partir de alguns procedimentos básicos: 1)
adaptando-se aos “defeitos” da fala do povo; 2) submetendo-se aos
imperativos ideológicos populares; 3) entendendo a linguagem como
“meio” e não como “fim”; 4) entendendo a arte como socialmente
limitada, parte de uma superestrutura maior (Napolitano, 2007:76).
Os músicos Carlos Lyra, Sérgio Ricardo, Nelson Lins e Barros, Vinicius de
Moraes, entretanto, contradizem a premissa do Manifesto do CPC ao buscar uma canção
a UNE promove mobilizações estudantis em todo o país. O Centro Acadêmico XI de Agosto organiza a
Passeata do Silêncio contra Vargas, que acaba em violenta repressão policial, com a morte do estudante
Jaime da Silva Teles. A partir de 1947, iniciou-se a fase de hegemonia socialista na UNE, principalmente
com a eleição de dirigentes oriundos do Movimento pela Reforma, que foi até 1950. Nesse período, a
entidade liderou campanhas nacionais contra a alta do custo de vida e em prol da indústria siderúrgica
nacional e do monopólio estatal do petróleo (campanha O Petróleo é Nosso). De 1950 a 1956, a UNE
viveu sua fase direitista, comandada por um grupo ligado à União Democrática Nacional (UDN), que
tinha como braço acadêmico a Aliança Libertadora Acadêmica. Na década de 1960, o movimento
estudantil ganha mais corpo. Os estudantes se organizam e fundam seus diretórios centrais dos estudantes
(DCE) e diretórios acadêmicos (DA). Em 1964, a Ditadura Militar incendeia a sede a UNE, como forma
de intimidação e invade as instalação da Faculdade Nacional de Direito, apreendendo documentos e
acervos históricos do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, muitos que versavam sobre as atividades
da UNE. O Prédio da Faculdade é cercado por tanques e grupos paramilitares de direita, que metralham a
fachada do prédio e tentam incendiá-lo, com os estudantes dentro, mas são contidos por um capitão do
Exército, Ivan Proença, que será foi expulso das forças armadas em razão deste gesto. Desde a segunda
metade da década de 80, com a posse do primeiro presidente civil desde 1964 e com o retorno às
liberdades democráticas no país, o movimento estudantil brasileiro foi lentamente recuperando seu lugar e
sua importância na política nacional. Entre 1986 e 1988 a UNE e a UBES vão reorganizando o
movimento de base, reabrindo ou auxiliando na criação de entidades de base (centros e diretórios
acadêmicos e grêmios estudantis), com amparo de legislação federal promulgada em 1985 que
liberalizava a organização do movimento estudantil. Em 1995, durante o Congresso da UBES ocorre a
primeira dissidência estudantil da entidade, quando a segunda maior bancada decide se retirar do debate,
fazendo um chamado para que todos os estudantes, tantos universitários como secundaristas rompam com
a entidade, dessa dissidência surge o MEPR - Movimento Estudantil Popular Revolucionário. Em 2004
foi posto o projeto de Lei que institui a Reforma Universitária, nesse ano pela a primeira vez na história o
movimento estudantil segue dividido, de um lado a base organizada repudia a Reforma Universitária, do
outro a direção da UNE a defende. Em maio desse ano é criado a Conlute durante o Encontro Nacional
contra a Reforma Universitária no Rio de Janeiro. A UNE foi precursora de importantes movimentos
culturais brasileiros. O Centro Popular de Cultura (CPC) é o mais famoso deles que e nos anos 60 animou
a cena artística brasileira com novas e ousadas experiências no campo da pesquisa e da produção cultural.
O CPC não foi a primeira tentativa da entidade na área cultural, mas foi a experiência mais vitoriosa e que
se tornou um marco da cultura brasileira, unindo artistas, intelectuais e o movimento estudantil. O CPC
tinha uma produção artística própria e não se limitava a aglutinar grupos de artistas já existentes: chegou a
fundar um selo de discos, uma editora de livros, além de realizar produtos culturais importantes como o
filme Cinco Vezes Favela. Participaram do CPC nomes como Arnaldo Jabor, Cacá Diegues, Ferreira
Gullar, Vianinha, entre outros. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a União Nacional dos
Estudantes manteve firme oposição ao neoliberal no país, repudiando as privatizações e o capital
estrangeiro, e apelando para melhorias nas políticas sociais e com a educação, sempre defendendo o
ensino público de qualidade e democrático. Informações retiradas do site da UNE em 10.07.2007.
www.une.org.br.