a figura do que seria uma típica família soviética: uma mulher de olhos assimétricos, com
fisionomia séria e sofrida, carrega um bebê bastante magro e com a barriga inchada por
verminose. Ele abraça sua mãe desconsoladamente com o braço direito, e o braço esquerdo
está caído em um gesto de fraqueza causada pela longa inanição. À esquerda, vê-se a figura
de um homem de barba rala que olha de soslaio para o chão, com a testa franzida de
preocupação. Seu cabelo despenteado é coberto por uma boina bolchevique. Os traços de sua
fisionomia são exagerados, marcados pelas linhas de expressão na testa, as olheiras fundas, as
rugas na bochecha e pela boca entreaberta, além da assimetria da altura das sobrancelhas. O
perfil de seu rosto é, portanto, bastante irregular e tem linhas arredondadas, em uma tentativa
de representar uma figura feia mas não muito repulsiva.
Ao fundo, vemos mais duas pessoas, possivelmente um jovem à esquerda e uma
criança à direita, talvez os outros membros da família. Eles estão sentados em frente a uma
casa bastante simples construída toscamente com tábuas de madeira. A fachada esquerda da
frágil construção é apoiada por outras duas tábuas que tentam evitar que tudo desmorone. Em
primeiro plano, atrás do título, vemos a silhueta da armação do telhado de uma casa
destelhada, igualmente assimétrica e malfeita.
Todo este conjunto, marcado pela composição de elementos que apelam à fealdade,
seja na fisionomia dos personagens ou na arquitetura do cenário, é ironicamente chamado de
“paraíso soviético”, em uma tentativa de revelar o que seria a real situação econômica e social
do país inimigo através dos relatos dos soldados alemães que voltavam do
front
oriental. O
panfleto apresenta brevemente o que os visitantes encontrariam na exposição:
Pobreza, miséria, decadência, fome e necessidade por toda parte que se olhe:
este é o paraíso soviético que nossos soldados vivenciaram todos os dias e
com o qual os milhões de visitantes da exposição se depararam em várias
instalações originais que lhes dão um panorama verídico das tão elogiadas
conquistas sociais do Estado judaico-soviético. Aquele que viu isto
compreende o conflito histórico no qual estamos engajados, um conflito no
qual não pode haver nenhuma concessão. Existem apenas dois resultados