estou abraçando o verdadeiro cristianismo que é: eu não estou sendo influenciado
pelo diabo, eu estou sendo influenciado por Deus, eu não estou sendo influenciado
por mim mesmo, mas estou sendo influenciado pela pessoa que tem necessidade, eu
não estou sendo influenciado pelo mundo pelo que ele quer que eu coma, nem pelo
que ele quer que eu use ou que eu viva, porque isso é o que o mundo quer o mundo
quer oferecer uma coisa que você tem que ter, sempre ter, o cristianismo não é
sempre ter, o cristianismo é sempre dividir. Essa é a diferença.
Eu tenho o meu quarto que aqui é privativo mesmo, só que ontem eu cheguei
daqui onze e meia da noite e tinha duas meninas brincando, conversando, assistindo
televisão com a minha esposa, aí eu cheguei sentei na cama, e elas continuaram lá
até que a gente falou “se quer ver eu dormir aqui é melhor você ir embora”. Mas o
pessoal é muito perto, então a gente não tem privacidade nenhuma, sem privacidade,
eles quando a porta está fechada é porque está acontecendo alguma coisa aqui
dentro, e que eles não podem entrar, ou eu estou orando, ou estou conversando com
a minha esposa alguma coisa importante pra casa, então eles batem uma vez se eu
não responder eles vão entender que a coisa é importante. Agora uma coisa que
acontece e que é interessante, é que eu e minha esposa não conseguimos viver mais
sozinhos, não dá mais. Eu tirei férias, era pra eu ficar 10 dias numa chácara, eu,
minha esposa e meus filhos, porque eu estou adotando uma menina de quase dois
anos, e eu não conseguia ficar, eu fiquei 6 dias, ai eu voltei pra minha casa, peguei o
pessoal da minha casa e fui pra praia, ai nós ficamos juntos na praia, ai tava bom! E
todo fim de semana o pessoal chegava em casa, eu tava na praia na casa do meu pai,
o pessoal descia pra fazer farra, então eu não consigo mais viver sem, pra eu ter uma
nova experiência pra viver com a minha mulher e com os meus filhos, talvez eu vá
demorar mais um ano para eu me adaptar só com eles. Então disso aqui eu vejo da
seguinte forma, a pessoa não nasceu pra ter privacidade, porque eu não sinto falta
dela, é empírico, mas é uma coisa que também está na história. O homem veio da
caverna, mas ao mesmo tempo Deus falou, criou ele, e falou cresça e multiplique em
Gênesis, mas ao mesmo tempo em Gênesis, Ele não falou faz uma casinha para cada
um de vocês. Todo mundo ia morar junto lá no céu, depois eu vejo a experiência de
Moisés, que Moisés tira o povo e mora no deserto, cada tribo tinha a sua posição
quando ia montar o tabernáculo e tudo, mas viviam como? Junto, todo mundo junto.
Aí eu vejo Isaías falando no jejum, em 58, não é esse jejum que Deus quer, Deus
quer que abra a porta para o desabrigado. Aí eu vejo Jesus, Jesus deixa tudo no céu e
ele vem morar com 12, morou aonde? Morou na rua, separado deles? Três anos
juntos. Aí eu vejo lá em Apocalipse uma comunidade, quem são esses que estão
vindo ai? Essa é a multidão, que estão lavadas e remidas no sangue do Cordeiro, vão
morar aonde? No céu, tem uma mansão pra cada um lá? Nós vamos morar juntos.
Então a visão de vida comunitária está na Bíblia toda. Esta coisa de morar junto, de
viver junto, de estar do lado, é um monte de crise?, É, mas Deus criou a gente pra
este negócio, pra se relacionar, pra dá choque, e quando você se relaciona com tanta
gente, com pessoas diferentes, você fica mais embaixo, você não precisa ser o cara
mais lá em cima, o que Deus quer é que você seja gente igual a todo mundo, vai
sofrer, vai chorar, vai brigar, vai querer se impor, é isso que acontece com todo
mundo lá e com todo mundo aqui. A história bíblica também tem algo, ninguém fala
disso, há eu quero ser igual Jesus, tá, então pega 12 e vai morar na tua casa com eles.
“Ah, não, vou perder minha privacidade”? Então como você quer ser igual a Jesus?
Jesus levou 12. “Não, Jesus é Jesus”! Quando a gente trata de células, eu não sou a
favor de células, eu sou a favor de gente morando junto com a gente, esse negócio de
quebra de paradigma, quebra de paradigma que nada, leva pra tua casa, mora com
ele. Essa é a quebra de paradigma.
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Entrevista com Paulo Cappelletti, em 06 de abril de 2004