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“Devido à sua importância e ao fato que tem sido freqüentemente interpretada como
representante da teologia de Calvino” (GONZALEZ, 2004, p. 299), Weber vai buscar na
Confissão de Fé de Westminster
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, datada de 1647, os fundamentos da teologia Calvinista em
sua versão puritana anglo-americana. A bem da verdade, seu foco é a doutrina da
predestinação, tratada em primeiro plano pelos puritanos, ao contrário de Calvino. Sobre a
ênfase em tal doutrina, Gonzalez, comenta que
A Confissão de Westminster coincide com a maioria dos calvinistas posteriores ao
colocar a doutrina da predestinação em tal lugar na estrutura da Teologia que ela
parece ser derivada da natureza de Deus, ao invés da experiência da graça dentro da
comunidade da fé (2004, p. 300).
Ainda que seja uma citação longa, acreditamos ser importante transcrevermos os
pontos destacados por Weber na Confissão supracitada:
Capítulo IX (da livre vontade), nº. 3: O homem, por sua queda no estado de pecado,
perdeu por inteiro toda a capacidade de sua vontade para qualquer bem espiritual
que o leve à salvação. Tanto que um homem natural, estando totalmente afastado
desse bem e morto no pecado, não é capaz, por seu próprio esforço, de converter-se
ou de preparar-se para tanto. Capítulo III (do decreto eterno de Deus), nº. 3: Por
decreto de Deus, para a manifestação de Sua glória, alguns homens (...) são
predestinados (predestinated) à vida eterna, e outros preordenados (foreordained) à
morte eterna. nº. 5: Aqueles do gênero humano que estão predestinados à vida,
Deus, antes de lançar o funda- mento do mundo, de acordo com Seu desígnio eterno
e imutável, Sua secreta deliberação e o bel- prazer de Sua vontade, escolheu -os em
Cristo para Sua eterna glória, por livre graça e por amor, sem qualquer previsão de
fé ou de boas obras, ou de perseverança numa e noutras, ou qualquer outra coisa na
criatura, como condições ou causas que O movessem a tanto, e tudo em louvor da
Sua gloriosa graça. nº. 7: Aprouve a Deus, segundo o desígnio insondável de Sua
própria vontade, pela qual Ele concede ou nega misericórdia como bem Lhe apraz,
deixar de lado o resto dos homens para a glória de Seu poder soberano sobre Suas
criaturas, e ordená-las à desonra e à ira por seus pecados, para louvor de Sua
gloriosa justiça. Capítulo X (da vocação eficaz), n°. 1: Todos aqueles que Deus
predestinou à vida, e somente esses, aprouve-Lhe chamá-las eficazmente (...) por
Sua palavra e Seu espírito, na hora apontada e aprazada, retirando-lhes o coração de
pedra e dando-lhes um coração de carne; renovando-lhes a vontade e, por Sua
onipotência, determinando-os para o que é bom (...). Capítulo v (da Providência),
n°. 6: Quanto aos homens maus e sem fé, a quem Deus, justo juiz que é, cega e
endurece por seus pecados passados, a esses Ele não apenas sonega Sua graça, pela
qual poderiam ter sido iluminados em seus intelectos e expandidos em seus
corações, cativados, mas também às vezes lhes retira os dons que possuíam e os
expõe a objetos que sua corrupção transforma em ocasião de pecado e, além do
mais, abandona-os à própria devassidão, às tentações do mundo e ao poder de Satã:
pelo que se dá que eles próprios se endurecem, até por aqueles meios de que se vale
Deus para enternecer a outros (2004, p. 91).
e sua influência no mundo ocidental. São Paulo-SP: Cultura Cristã, 1990, p. 245-294 e GONZÁLEZ, Justo.
Historia do Pensamento Cristão. Vol. 2. São Paulo-SP: Cultura Cristã, 2004, p. 295-302.
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A publicação em português é feita pela edita da Igreja Presbiteriana do Brasil. Confissão de Fé de
Westminster. São Paulo-SP: Editora Cultura Cristã, 1997.