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com as escolas. Com a lei Capanema, publicada em 1942, – a
primeira grande lei de ensino no Brasil – as coisas mudaram
substancialmente. As escolas e, sobretudo os professores, tiveram
que legalizar sua situação frente às exigências da lei, o magistério
deixou de ser considerado sacerdócio e passou a ser tido somente
como uma profissão, exigindo interesse, aptidão, e habilitação
legal.
Mas, se tão grande avanço ocorreu em 1942, por que a Escola
Pública de Tempo Integral, gestada desde 1932 pelos pioneiros da
Escola Nova, foi abortada? A resposta está na luta surda travada
contra a escola pública pela elite conservadora liderada pelo
clero católico, como mostra o seguinte trecho extraído da obra
Caminhos Novos na Educação (Lima, 1995, p. 161):
Entendeu a AEC – Associação de Educação Católica –, desde
o primeiro momento, que não basta ficar na oposição. Há
necessidade de penetrar e atuar em todos os órgãos do poder.
Fazer ouvir a nossa voz, colaborando, honradamente, com a
independência de opinião, de nossa filosofia e crença.
Nasceram, assim, os chamados “comandos” no legislativo e no
executivo. Era a estratégia que se impunha: estar presente, lá
onde se decidiam as orientações políticas e administrativas do
ensino nacional. Os primeiros comandos tiveram, no Senado,
o catarinense Nereu Ramos. Na Câmara, o deputado gaúcho,
Tarso Dutra. Traço de união entre os comandos, em caráter
permanente, e a diretoria nacional, foi naqueles 20 primeiro
anos, o ex-constituinte de 1934, Dr. Carlos Thompson Flores.
As reuniões eram, geralmente, no palácio São Joaquim, sede do
arcebispado do Rio. Havia também a colaboração da imprensa,
com o conde Pereira Carneiro, no Jornal do Brasil, e o Dr.
Roberto Marinho, em O Globo. Rara era a semana em que não
publicassem algum artigo elaborado na AEC. Outros jornais
como o Diário de Notícias e o Correio da Manhã, colaboraram,
também. A AEC visava formar opinião.
Não houve o mesmo acolhimento, por parte de O Estado de São
Paulo. Às repetidas audiências solicitadas pela AEC, acudia o Dr.
Júlio de Mesquita Filho, declarando, com toda cortesia, que a
linha do jornal era outra. O mentor, naquela época, era o diretor
da Revista Anhembi, Anísio Teixeira, nada favorável à Igreja, e