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4.5.1 Rejeições aos cursos de Formação Continuada
Considerando os cursos de Formação Continuada dos quais participou, o
Professor Carlos considera que existiu rejeição por parte dos professores, em função
das banalidades discutidas, da falta de ênfase ao enfoque principal, e até da falta de
entrosamento dos professores do curso com a realidade vivenciada em sala de aula
pelos cursistas, ficando, porém, o curso enfadonho e sem novidades. Este professor
fez um relato extenso de suas decepções com as formações continuadas que ele
conhece.
Nós só discutimos coisas paralelas ao assunto principal e a própria
condução dos professores. Acho que estavam mais interessados em
ganhar dinheiro, era na parte financeira deles. O que foi proposto pra
gente, os encontros, caíam sempre em discussões banais, do cotidiano de
cada região, de sala de aula e a questão do ensino foi perdida. Todo curso
promovido pelo Estado (MG) eles tornam o curso brega, fútil. Geralmente,
eles colocam o curso, uma semana a gente vai pra lá (cidade onde
acontece a formação) e depois de dois meses a gente retorna, ficamos
mais uma semana e assim durante dez meses que feito o curso. Tem que
fazer cento e oitenta horas. (...) Fica aquela coisa brega, aí fica cansativo,
agente enjoa de querer voltar é uma resistência muito grande, promovida
até pelos próprios professores, tutores (Formadores) que tão fornecendo
estes cursos pra gente. E a parte experimental que eles vão trabalhar lá
com a gente, nós fazemos pouco experimento, nenhuma novidade, sendo
que nesses encontros com professores temos professores com experiência
de trinta anos de magistério, cara que tem muito a somar. Se fizemos esse
encontro, e o cara voltasse ali, buscando experiência de sala de cada um,
de que, que ele pode construir e mostrar para os demais porque ali tem
vários professores com várias experiências de sala de aula e de
experimento mesmo. (...) O cara (formador) vai ali por dinheiro isso o
professor percebe, isso afasta, resmunga dá repúdio em todo mundo (...)
Eles não conhecem a realidade e nem procuram conhecer.
O Professor Jarbas tece elogios ao curso que fez na ULTRAMIG, onde se
procuravam saber as concepções dos professores sobre os fenômenos e, a partir
dessas concepções, trabalhava-se na perspectiva de levar os participantes a
construírem uma concepção científica. Por outro lado, o professor Jarbas tem
conhecimento de cursos prontos, pacotes fechados sem a menor preocupação com
o pré-conhecimento dos participantes que atropelam o processo:
Estes cursos já vêm prontos, pacotes. Aquelas apostilas, que não levam
em consideração as nossas dificuldades. Não é feito diagnósticos que a
gente quer, das nossas dificuldades. Vêm aí coisas prontas e atropelando o
processo. (...) Agora os cursos que eu tive foram bons, o da ULTRAMIG.
A Professora Paula reclama da não-realização de uma avaliação diagnóstica
antes de se iniciarem os cursos. Acredita que uma avaliação diagnóstica poderia
evitar o desperdício de se trabalhar temas que todos já conhecem e que não são