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assistência e não existia portaria, [...] não existia esta portaria [...] a gente tem sempre este olhar, do
cuidado, do enxergar o nosso paciente como um cliente que em primeiro lugar é um ser humano.
RD59 - SPM 9 [...] como a gente coloca o aluno precocemente em contato com a doença, com o
sofrimento social, com a desintegração familiar, e tal, ele pode entender essa dinâmica maior, do que
significa assistir uma pessoa, entender as suas coisas e tal. [...] ele não vai aprender aquela doença
especializada, ele vai entender o contexto de doença, de primeira vez. É comum ele dizer que veio lá
do interior, jamais teve em Porto Alegre, ele nem sabe nem voltar para casa e vem humildemente no
hospital, aquele gigantesco templo de saber e a gente nessa situação, nesse papel é muito... e o papel
dele é fantástico, porque ele é o aluno que entende essa postura.
RD60 - SPM 10 [...] a gente vem buscando no curso de medicina, trabalhar para que o aluno valorize
não a doença, mais o paciente e a família como um todo. [...] não só no ponto de vista técnico-
científico, mas fazer com que ele compreenda o que está acontecendo [...] mas exige tempo, exige
dedicação, e se envolvendo com o paciente para que ele se sinta valorizado. [...] a medicina já foi
assim, e nós perdemos isso em algum momento e estamos renovando. [...] o aluno entra no curso, ele
recebe um cadáver, ele aprende a respeitar o cadáver, e ele começa a trabalhar com um cadáver; se
criou uma disciplina chama-se o ciclo da vida, na qual o aluno ele começa com uma família que na
qual o bebê vai nascer ou recém nasceu, e ele se preocupa com essa família [...]. Então, ele começa
não só ver no cadáver, mas, ele começa a ver a vida nascer, e com isso sem dúvida ele se torna mais
humano.[...] [outro] aspecto importante, é que o curso de medicina sempre valorizou a prevenção, e
quando tu valoriza a prevenção tu está valorizando realmente a humanização da medicina. [...]. Então
eu acredito que a gente consegue, através da prevenção e do ciclo da vida fazer com que o estudante
tenha uma visão diferente, e os professores recebem continuamente orientação sobre a preocupação
com a humanização, o médico ser mais humano, a formação humanística do profissional, medicina de
família e comunidade [...] me chama a atenção que quando se tem as palestras, os professores, esse
tema é um dos temas que sempre surge.
RD61 - SPM11 [...] então a gente passa pra ele [aluno] procurar informação e buscar informação, para
que eles possam ajudar o máximo possível o paciente. Se não, fica aquele papel frio joga o paciente de
volta no sistema, e aí?[...] Eles já sabem as informações que eles buscam [...] tudo isso não pertence
àquela letra fria do sistema, então, esse é o lado humano. [...] Eu acho que esse termo novo é
totalmente infeliz, a medicina nunca perdeu isso! [...] Mas a formação médica não é nada de novo a
dedicação ao paciente, a humanização, quando não puder fazer nada pelo menos dá uma palavra de
consolo. Isso aí é [...] milenar dentro da medicina. [...] a gente passa para eles, no sentido de enxergar
não o paciente doente. Quer dizer, é aquela velha história, o importante não é a doença do homem e
sim o homem doente, isso é feito no dia-a-dia, nos ambulatórios, nas enfermarias, no bloco cirúrgico.
[...] eu acho que a [nossa universidade]
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não é uma formadora de técnicos, sinceramente é uma
formadora de cidadãos, [...] ela graças a Deus ela não caiu naquela formação de técnico barato para
repor produção econômica. Eles têm uma formação de dia-a-dia humanizado, principalmente nas áreas
de ambulatório. Agora, tem certas áreas, [...] que aí vão ter equipamentos sofisticados [...].
RD62 - SPE14 [...] muitas vezes existem algumas dificuldades, né? Já tive situações de o aluno ir na
casa e chegar no posto e dizer assim: “eu não sei porque que eu tenho que fazer isso, porque eu não
sou obrigado a ver pobreza, eu não sou obrigado a sentir cheiro de pobre, [...] não sou obrigado a ver
isso”; daí eu discuto com os alunos porque é que eles têm essa reação, além do encaminhamento da
questão da técnica, [...] ver esta situação como eles entendem aquele momento, né? Porque eu acho
que faz parte do aprendizado e procurar com ele discutir, por que essa reação, [...], enfim, por que isso
acontece, né? Eu acho bom quando ele consegue verbalizar essas coisas, né? Por que isso, né? Então, o
que aconteceu para que essa situação tivesse ocorrido e, a partir daí, eu discuto, a gente analisa aquela
visita e depois a gente registra isso, sempre faço, né? [...] não vamos parar, vamos pensar e vamos
discutir. [...] Por que isto fica assim? Por que isso te incomoda? Por que tu achas que não tem que ter
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Sujeito citou o nome da universidade onde trabalha, porém foi substituída por [nossa universidade] para evitar
identificação do sujeito e da instituição.