pelo seu poder mantêm os proletários para lucro da burguesia, mas também porque a sua política tende
cada vez mais a enganar as massas por meios demagógicos e a ganhá-las unicamente em vista do seu
acordo com os capitalistas. Além disso o método muda segundo as circunstâncias: sórdido e brutal na
Alemanha, onde os chefes das organizações, pela força e pela mentira impõem aos trabalhadores o
trabalho à peça e o aumento do horário de trabalho: astuciosamente refinado na Inglaterra, onde esta
burocracia sindical - da mesma maneira que o governo - dá a impressão de deixar levar contra a sua
vontade pelos trabalhadores, enquanto na realidade sabota as sua reivindicações.
Por consequência, o que Marx e Lenine precisaram a propósito do Estado, deve igualmente valer para as
organizações sindicais: quer dizer que, apesar de democracia formal, a sua organização torna impossível
torná-las um instrumento da revolução.
A força contra-revolucionária dos sindicatos não pode ser enfraquecida e destruída por uma mudança de
pessoas, pela substituição dos velhos chefes reaccionários por dirigentes radicais ou revolucionários. É
justamente a forma desta organização que torna as massas quase impotentes e as impede de fazer dos
sindicatos os órgãos da sua vontade.
A revolução só pode vencer destruindo tal organização, transformando por assim dizer radicalmente a
forma da organização, para construir qualquer coisa radicalmente nova: o sistema dos Conselhos. A sua
instauração é capaz de extirpar e de eliminar não somente a burocracia estatal, mas também a dos
sindicatos: não só formará órgãos políticos novos do proletariado em oposição ao parlamento, mas
também as bases dos novos sindicatos. Nas lutas dos partidos na Alemanha, ironizou-se frequentemente a
afirmação de que uma dada forma organizativa pode ser revolucionária, dizendo-se que isso dependia
somente dos sentimentos revolucionários dos homens, das organizações. Mas se o conteúdo fundamental
da revolução consiste no facto de as próprias massas tomarem nas suas mãos os seus próprios assuntos, a
direcção da sociedade e da produção, então é contra revolucionária e nociva toda da forma de organização
que não permita às massas dominar e governar por si mesmas; portanto deve ser substituída por uma outra
forma que é revolucionária na medida em que permite aos trabalhadores decidir activamente por si
mesmo sobre tudo.
Isto não deve significar, que o caso de uma classe operária ainda passiva, se deva antes de tudo criar e
aperfeiçoar esta forma nova, na qual depois possa ser activado o espírito revolucionário dos operários.
Esta nova forma organizativa tem que criar-se a si mesma no decorrer do processo revolucionário pelos
trabalhadores que começam a estar em revolução. Mas o reconhecimento do significado da forma
organizativa actual determina a atitude que os comunistas devem assumir face às tentativas que já se
manifestam de enfraquecer ou suprimir uma tal forma.
No movimento sindicalista e ainda mais no movimento dos sindicatos industriais (I.W.W.) aparece já a
tendência a restringir o mais possível o aparelho burocrático e a procurar todas as forças na actividade das
massas.
Por este facto a maior parte dos comunistas pronunciou-se a favor destas organizações contra as ligas
centrais. Mas na medida em que isso depende do capitalismo, tais formações novas não podem adquirir
grande importância - a importância da organização americana I.W.W. provém da circunstância especial de
existir um proletariado numeroso, não instruído e não educado pelas velhas ligas. O sistema soviético está
muito mais próximo dos Shop-Comités e dos Shop-Stewards da Inglaterra que são órgãos das massas em
oposição à burocracia e que provêm da prática da luta. Modeladas de forma ainda mais precisa sobre a
ideia soviética mas fracas pelo atraso da revolução temos na Alemanha as Uniões. Cada formação nova
desse género, que enfraquece as ligas centralizadas e a sua coesão interna, ultrapassa um obstáculo à