representada pela casa). A casa é um enquadre concreto que busca limitar a
experiência da loucura.
Se o contexto opera sobre o significado, é de se supor que o elemento
significado também opere sobre o contexto e aí que a limitação da experiência pode
ser válida já que retraduz a experiência da moradia num outro registro.
As migrações simbólicas marcam seu efeito sobre o sujeito
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são estudadas
por Scarcelli a partir de uma contribuição específica da psicanálise: o conceito de
intermediário, estabelecido por Kaës.
5.3. Primeira Entrevista : Grupo de Papelão
O grupo de papelão é prontamente identificado pelas características clássicas
dos “Projetos-Trabalho”: operando com usuários oriundos da rede de assistência à
saúde mental, todos os usuários têm uma história de passagem pelos serviços de
atendimento, muitos têm relatos de internação, seu objetivo primário identifica-se,
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lembro-me de tudo que é ‘Sólido Desmancha No Ar’ de Marshall Berman “o dinamismo inato da
economia moderna e da cultura que nasce dessa economia aniquila tudo aquilo que cria – ambientes
físicos, instituições sociais, idéias metafísicas, visões artísticas, valores morais – a fim de criar mais,
de continuar infindavelmente criando o mundo de outra forma” (...) ” Se o raciocínio global deste
livro está correto, aqueles que estão à espera do final da era moderna deverão aguardar um tempo
interminável. A economia moderna provavelmente continuará em expansão, embora talvez em novas
direções, adaptando-se às crises crônicas de energia e do meio ambiente que seu sucesso criou. As
adaptações futuras exigirão grandes turbulências sociais e políticas; mas a modernização sempre
sobreviveu em meio a problemas, em uma atmosfera de ‘incerteza e agitação constantes‘ em que ,
como diz o Manifesto Comunista, ‘ todas as relações fixas e congeladas são suprimidas’. Em tal
ambiente, a cultura do modernismo continuará a desenvolver novas visões e expressões de vida, pois
as mesmas tendências econômicas e sociais que incessantemente transformam o mundo que nos
rodeia, tanto para o bem como para o mal, também transformam as vidas interiores dos homens e das
mulheres que ocupam esse mundo e o fazem caminhar. O processo de modernização, ao mesmo
tempo que nos explora e nos atormenta, nos impele a apreender a enfrentar o mundo que a
modernização constrói e a lutar por torná-lo nosso mundo. Creio que nós e aqueles que virão depois
de nós continuarão lutando para fazer com que nos sintamos em casa neste mundo, mesmo que os
lares que construímos, a rua moderna, o espírito moderno continuem a desmanchar no ar.”(Berman,
M. , 1992 p. 12)