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uma falta de piedade não igualada em nenhum outro lugar, nesta geração influenciada por
Hemingway, de concisão e ruptura.”
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(tradução nossa)
Algumas comparações têm sua base na questão de gênero, e críticos chegam a
considerar Parker um Hemingway “de saias”.
Morrie Ryskind do The New York Herald Tribune escreveu:
Dorothy Parker has the sort of mind that we males, for want of a better
world, have labeled "masculine," just as we label the movie hero who
fights his way through fire and flood a "manly" fellow. When the wits of
the town are mentioned in print or gathered in fun, she is sure to be
included in the otherwise male group. She speaks the language of the
boys, she knows all the words, but she speaks, nevertheless, in a woman's
voice. Just as she sees with a woman's eyes.
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Porém, por seus contos terem sido publicados em várias revistas femininas, o apelo
popular de Dorothy Parker a separou dos escritores encontrados em revistas menores e
literárias, como T.S. Eliot e Ezra Pound, entre outros, que mais tarde viriam a compor o
cânone modernista.
Em 1920, a América dança em meio à grande queda de Wall Street, mas ainda a
ignora. O ano se anuncia promissor. Henri Bergson recebe o Prêmio Nobel de literatura, os
Harlem Globe Trotters fazem seus primeiros dribles infernais e o fox-trot suplanta o
charleston. Essa década, marcada em seu início pela Guerra e em seu fim pela Grande
Depressão, foi reconhecida por seu poder de tolerância e encorajamento. Todas as formas
de revolta, protestos, sátira e experimentações eram admitidas.
Dorothy Parker, de alma anarquista e sempre dedicada aos menos favorecidos, não
exita, então, em criticar os homens pretensiosos e hipócritas que se escondem atrás da
política esquerdista e da arte, e é presa por protestar na execução de Sacco e Vanzetti.
No decorrer dos anos 1920, o estilo Parker começa a ser consolidado, a forma
satírica que usa para descrever a condição feminina nas relações amorosas se afirma de
conto para conto, e é a partir de uma das histórias que analisaremos, “A Telephone Call”,
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“Mrs. Parker can cut away detail with a ruthlessness not to be equaled elsewhere in this Hemingway-Held,
brevity-or-burst generation.” PETTIT, Rhonda. op. cit., p. 51.
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“Dorothy
Parker tem o tipo de mente que nós, homens, pelo desejo de um mundo melhor, rotulamos de
“masculina”, assim como rotulamos o herói de um filme que adentra o fogo e salva seu camarada. Quando
situações e frases espirituosas são mencionadas numa publicação ou ditas por um grupo de amigos, ela
certamente será incluída no grupo masculino. Ela fala a língua dos homens, ela sabe todas as palavras, mas
ela fala, entretanto, em uma voz feminina. Assim como ela enxerga com olhos de mulher.” PETTIT,
Rhonda. op. cit., p. 53. (Tradução nossa).