121
Como essa escola é uma escola que sempre foi, sempre foi não, né? ela era
fundamentalmente de educação infantil, depois que... esse ano que passou a ter as primeiras séries.
Então a gente começa a comparar muito com as escolas particulares e com outras escolas. E como eu
também trabalhei com educação infantil em escola particular antes de vir pra a Rede Pública, a gente
começa a fazer essa comparação. E a gente vê que um dos pontos principais do trabalho, né? com
crianças nessa faixa etária, é assim muito marcante a família, né? O... a desistência da família e tudo, e
isso influencia assim diretamente, né? no comportamento da criança, na aprendizagem. Não que
alunos de outras instituições, ou até instituições particulares não tenham esse problema. Mas assim,
como o problema econômico, né? O problema de estrutura, pois isso mexe muito com a família, que
tudo isso acaba interferindo muito no trabalho aqui pra gente, né?
M. DESEMPREGO...
Luciana. Desemprego é muito, muito, muito...né? Então a gente tem que ter esse lado também de,
de... A gente tem de ver o pedagógico também, a gente tem que ficar o tempo todo fazendo o
trabalho com a família vendo o lado humano, tentando compreender uma coisa pra poder saber o que
é a causa o que é conseqüência daquele problema.
M. VOCÊ ACHA QUE ESSE PROBLEMA É UMA FATALIDADE INEVITÁVEL DO MOMENTO ATUAL?
Luciana. Bom eu acho que problema econômico sempre teve no Brasil, né? Sempre a gente ouve
dizer que sempre teve. Agora eu acho assim que o que tem que ser feito pelo professor é
como é que a gente vai fazer... Por exemplo: o aluno chegou aqui, ele tá com esse problema. Ele tá e
daí? Eu vou ficar aqui o tempo todo me queixando? que ele não aprende, que ele não comeu, que ele
não aprende porque o pai dele bate na mãe dele, ou qualquer coisa... Não eu acho que depois de
todos esses indícios, né? que a gente tem do diagnóstico que a gente faz da criança, a gente tem que
procurar ver qual é o melhor caminho, qual é a melhor metodologia, qual é a melhor maneira de fazer
com que essa criança também cresça, né? Que essa criança aprenda, como qualquer outra de
qualquer outra instituição, seja ela particular, qual for. Agora que esse é um problema que tai na
sociedade pra todo mundo ver. Inclusive nós profissionais da educação temos também esse problema.
A gente não pode dizer que é uma coisa lá, como se fosse uma coisa que vem de lá e que não atinge a
gente, que a gente também faz parte dessa sociedade; a gente tem problemas financeiros, tem isso
tudo. Mas se a gente tá aqui tentando mudar, né? tentando ver esse movimento dessas crianças e
tudo, eu acho que a postura é essa: é ver o que a gente pode fazer. É estudando, é se especializando,
é... tendo um olhar mais cuidadoso pra esse tipo de coisa, pra poder a gente ver como é que consegue,
né? Resolver da melhor forma possível, sanar, né? esse problema.
M. AGORA ANALISANDO MAIS O ASPECTO RESTRITO DA FORMAÇÃO, NÉ?...QUE
PERSPECTIVAS TEÓRICAS
VOCÊ UTILIZA PARA CONCEBER A REALIDADE DO SEU TRABALHO E O SEU PAPEL DE
EDUCADORA NESSA REALIDADE?
Luciana. Bom, não adianta a gente dizer que a gente faz um trabalho, né? que nós fazemos um
trabalho que seja totalmente construtivista, porque não é. Né? Não tem nem como. E também
não vamos também dizer que tudo que era... Todos os enfoques tradicionais, tudo o que era