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Paul Singer (2000, p. 21),
ao escrever sobre o desemprego como conseqüência da
era globalizada, define globalização como “um processo de reorganização da divisão
internacional do trabalho acionado em parte pelas diferenças de produtividade e de
custos de produção entre países”. Dado que, com o mundo globalizado, ou seja,
mais aberto e receptivo e com o aumento cada vez maior das novidades
consumíveis, presencia-se a vinda de multinacionais, o corte de postos de trabalho,
o surgimento de outras formas de trabalho e as crises financeiras. O ser humano,
em função dessa agressividade do mercado global exigente e altamente consumista,
também sofreu uma transformação. Zygmunt Bauman retrata muito bem essa
realidade, afirmando que:
Para abrir caminho na mata densa, escura, espalhada e
“desregulamentada” da competitividade global e chegar à ribalta da
atenção pública, os bens, serviços e sinais devem despertar desejo e, para
isso, devem seduzir os possíveis consumidores e afastar seus
competidores. Mas, assim que o conseguirem, devem abrir espaço
rapidamente para outros objetos de desejo, do contrário a caça global de
lucros e mais lucros (rebalizada global “crescimento econômico”) irá parar.
[...] E sem sentido, sem um significado expresso, não há como a roda
mágica da tentação e do desejo perder o impulso. As conseqüências, para
os altivos e os humildes são enormes (BAUMAN, 1999, p. 86-87).
Esse processo de transformação humana, no contexto global, foi também abordado
por Richard Sennett (2006), ao estudar a cultura do novo estado capitalista, onde,
para o referido autor, só há um tipo de ser humano capaz de progredir em condições
sociais instáveis e fragmentárias; este homem ou mulher ideal, terá que enfrentar,
para tanto, três desafios, o tempo e o talento, que exigem das relações e atividades
humanas um espaço cada vez mais curto para suas resoluções e demonstrações de
resultado; e a volatilidade, onde o indivíduo tem que facilmente recuperar-se e
superar os obstáculos que vierem a surgir, conforme escreve:
O primeiro diz respeito ao tempo: como cuidar de relações de curto prazo,
e de si mesmo, e ao mesmo tempo estar sempre migrando de uma tarefa
para outra, de um emprego para outro, de um lugar para outro.
O segundo desafio diz respeito ao talento: como desenvolver novas
capacitações, como descobrir capacidades potenciais, à medida que vão
mudando as exigências a realidade. Em termos práticos, na economia
moderna, a vida útil de muitas capacitações é curta; na tecnologia e nas
ciências, assim como em formas mais avançadas de manifatura [...]. O
talento também é uma questão de cultura.
Disto decorre o terceiro desafio, que vem a ser uma questão de abrir mão,
permitir que o passado fique para trás. A responsável por uma empresa