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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
Léia Fernandes Perentelli
A PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR:
Um Estudo em Cursos de Licenciatura em Matemática
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA
São Paulo
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC/SP
Léia Fernandes Perentelli
A PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR:
Um Estudo em Cursos de Licenciatura em Matemática
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como
exigência parcial para obtenção do título de MESTRE
PROFISSIONAL EM ENSINO DE MATEMÁTICA, sob
a orientação da Professora Doutora Ana Lucia Manrique.
São Paulo
2008
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Banca Examinadora
________________________________________________
________________________________________________
________________________________________________
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação
por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos.
Assinatura: _______________________________________ Local e Data: ______________
Ao meu esposo,
Nivaldo Donizete Perentelli,
pelo apoio e compreensão;
aos meus pais, irmãos e sobrinho
que, com muito Amor e Carinho, me
apoiaram e entenderam minha ausência.
Amo muito a todos.
agradecimentos
Para conseguir expressar tanta alegria e felicidade seria
necessário concretizar esses sentimentos o que é humanamente
impossível, então vou tentar, por meio de simples palavras, fazê-
los.
Assim, agradeço imensamente a Deus e aos meus pais pela minha
existência e pelo meu espírito de luta e conquista.
À Professora Doutora Ana Lucia Manrique, pelas orientações,
dedicação, incentivo e apoio. Meu muito obrigada, por todos os
momentos de aprendizagem.
Às professoras Doutoras .Laurizete Ferragut Passos e Patricia
Cristina Albieri de Almeida, por fazerem parte da banca e pelas
valiosas sugestões, comentários e críticas que contribuíram para
elaboração e evolução desta pesquisa.
Ao meu grupo de trabalho que carinhosamente denominamos de
meninas superpoderosas (Alessandra, Cristina, Jediane, Lucimara
e Léia) que, durante três anos, dividimos nossas angústias e nos
apoiamos em todos os momentos difíceis.
Ao corpo docente da PUC-SP que com sua sabedoria nos conduz
da melhor maneira ao conhecimento.
O Professor Doutor Saddo Ag Almouloud, com sua calma,
tranqüilidade, educação e imensa sabedoria está sempre pronto a
nos auxiliar.
À Professora Doutora Sandra Maria Pinto Magina, que com sua
imensa sabedoria incentiva seus alunos a trilharem o caminho
acadêmico.
O meu agradecimento às minhas amigas da Escola Prof. Antonio
Nascimento pela paciência e companheirismo.
A Autora
ReSUMO
Esta pesquisa teve o objetivo de realizar um estudo em cursos de Licenciatura em
Matemática de duas Instituições de Ensino Superior da Grande São Paulo, uma
Universidade e uma Faculdade isolada. O estudo propôs-se a responder à seguinte
questão de pesquisa: “De que forma está sendo alocada a Prática como componente
curricular nos cursos de Licenciatura em Matemática?” No levantamento bibliográfico
feito em anais do Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, constatamos
poucas experiências inovadoras para atender a legislação vigente. Realizamos
entrevistas semi-estruturadas com os dois coordenadores de curso e com quatro
professores de Prática de Ensino, bem como analisamos os projetos pedagógicos dos
dois cursos, com o intuito de compreender como as 400 horas de Prática como
componente curricular estão alocadas nos projetos pedagógicos e verificar como elas são
entendidas por quem nelas atuam. As pesquisas realizadas por Candau (1987) e Lüdke
(1997) apontavam dificuldades relacionadas à mudanças no perfil e estrutura dos
programas de Licenciatura, ao magistério como profissão e a organização do trabalho na
escola. Observamos nas duas Instituições de Ensino Superior que, em suas propostas
para alocar a Prática como componente curricular, uma tentativa de reestruturação
dos currículos de forma a adequá-los às diretrizes vigentes. A Universidade alocou parte
das horas de Prática em atividades não presenciais e a Faculdade distribuiu parte das
horas para todas as outras disciplinas da matriz curricular, sob responsabilidade do
professor da disciplina Prática de Ensino. Uma dificuldade apontada pelos professores
entrevistados refere-se à avaliação dessas atividades distribuídas e não presenciais, que
o aluno não participa e não se envolve como nas disciplinas presenciais. Entendemos
que as duas instituições fazem um esforço para diminuir as divergências existentes e
buscar coerência entre o que está escrito no projeto pedagógico e o que acontece na
ação dos professores formadores em sala de aula.
Palavras-chave: Formação inicial de professores, Licenciatura em Matemática, Prática
como componente curricular.
aBSTRACT
The purpose of this research was to study the Mathematics Licensure Courses in two
Great São Paulo Institutes of Higher Education, one university and one sole College. The
intention of the study is to answer the following research question: “How is practice being
put into part of the curriculum load in the Licensure Course in Mathematics?” In the
bibliographic survey done in the Didactics and Teaching Practice National Meeting, it was
possible to grasp few innovative experiences that would fit the ongoing legislation. Semi-
structured interviews were done with two of the course coordinators and with four
professors of Teaching Practice, with the purpose of understanding how the 400 Practice
hours as a part of the curriculum load are being put into the teaching projects and
verifying how they are being understood by those who work with them. The researches
done by Candau (1987) and Ludke (1997) had already pointed out the difficulties
regarding the changes in the profile and structure of the Licensure program, in the
magistrate as a profession and in the organization of the school work. It was observed in
the two Institutes of Higher Education that, in their intentions to put Practice into a part of
the curriculum, there is an attempt to restructure the curriculum load in a way to adapt
them to the current guidelines. The university has put part of the Practice hours into non-
attendance activities and the College has distributed a part of the hours to all other
disciplines of the curricular load, under the responsibility of the professor managing the
Teaching Practice discipline. One difficulty noticed by the teachers who were interviewed
is relative to the assessment of these non-attendance and activities proposed, which the
student does not take part and does not get involved in the same way as in the
attendance activities. Both institutions are seen by the researchers as making an effort to
diminish the existent divergences and to search for coherence between what is written in
the teaching project and what really happens in the performance of the professor
responsible in classroom.
Keywords: Initial preparing of teachers, Licensure in Mathematics, Practice as part of the
curriculum load.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................... 14
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA ...................................................................... 14
1.1 A ESCOLHA DO TEMA .................................................................................. 14
1.2 PROBLEMÁTICA E SUA RELEVÂNCIA ........................................................ 15
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA ................................................................ 19
1.4 QUESTÃO DE PESQUISA ............................................................................. 19
1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS DA DISSERTAÇÃO .................................... 19
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................... 22
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 22
2.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 22
2.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO .............................................................. 22
2.3 ANÁLISE DA BIBLIOGRAFIA SELECIONADA .............................................. 23
2.4 CONSIDERAÇÕES ......................................................................................... 40
CAPÍTULO 3 ............................................................................................................... 42
FUNDAMENTOS TEÓRICOS ............................................................................... 42
3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 42
3.2 ESTUDOS QUE ANTECEDERAM AS DIRETRIZES ..................................... 43
3.3 AS DIRETRIZES ............................................................................................. 53
3.4 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA ............................... 56
CAPÍTULO 4 ............................................................................................................... 64
METODOLOGIA ................................................................................................... 64
4.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 64
4.2 DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICO ................................................... 65
4.2.1 Os Procedimentos .................................................................................. 66
4.2.2 O Documento ......................................................................................... 67
4.2.3 A Entrevista ............................................................................................ 67
4.2.4 Universo da Pesquisa ............................................................................ 68
4.2.5 Sujeitos de Pesquisa .............................................................................. 70
4.2.6 O Processo de Análise dos Dados ........................................................ 71
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................... 74
ANÁLISE DOS DOCUMENTOS E DAS ENTREVISTAS ..................................... 74
5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 74
5.2 OS PROJETOS PEDAGÓGICOS ................................................................... 74
5.2.1 Projeto Pedagógico da IES-A ................................................................ 74
5.2.2 Projeto Pedagógico da IES-B ................................................................ 86
5.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ....................................................................... 97
5.3.1 Os coordenadores de curso, sua atuação e seus desafios ................... 97
5.3.2 Os coordenadores e a discussão sobre a articulação entre os
diferentes componentes curriculares ..................................................... 99
5.3.3 Os professores de Prática de Ensino, sua atuação e seus desafios ..... 102
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 110
REFERÊNCIA ............................................................................................................. 118
10
Introdução
Em 1993, iniciei a carreira de professor na rede blica estadual de São
Paulo e deparei-me com diversas situações problemáticas para as quais o me
sentia preparada. Os problemas que se apresentavam no cotidiano escolar, eram
tantos que pareciam intransponíveis e sem fim.
Na minha prática docente surgiam problemas tanto no ensino-
aprendizagem como também nas relações que se estabeleciam no âmbito escolar
(alunos, comunidade, corpo docente e direção), considerando a complexidade
dos indivíduos, cada qual com suas crenças, valores e cultura, sem me referir às
políticas educacionais em constante transformação às quais precisamos nos
adequar.
Dentro desse contexto, não me sentia preparada para ser educadora. Era
como se fosse mera professora que expedia algum conhecimento matemático
que fazia, ou não, sentido a meus alunos. Mas, assim mesmo, era considerada
como uma boa professora ou boa controladora de sala de aula, pois, na época,
diziam que “o bom professor era quem sabia manter a sala disciplinada”.
No decorrer do tempo, algumas reflexões e experiências deram-me uma
visão em relação ao cotidiano escolar, pois o educador deve estar preparado para
atender ao contexto escolar e suas problemáticas, não apenas à disciplina
específica, mas também pensar em aspectos como: aprendizagem, conhecimento
e nas relações que se estabelecem no âmbito escolar.
11
Assim, fui percebendo que precisava de um conjunto de conhecimentos
para poder melhorar minha prática pedagógica e ter um olhar mais crítico às
informações e situações que fazem parte do cotidiano escolar.
Após tentativas de melhoria na minha prática, percebi que o professor
necessita de subsídios teóricos e práticos para seu conhecimento profissional que
engloba os saberes específicos a sua área, os didáticos, os organizacionais,
afetivos, experienciais, tanto de vida como de ser professor.
Desse modo, senti necessidade de continuar os estudos para poder melhor
entender e atuar na área da educação.
Como funcionária pública tinha acesso a cursos de extensão na
Universidade de São Paulo (USP), assim, o primeiro que participei foi na área da
Educação, onde minha angústia era maior, pois sentia dificuldade em estabelecer
uma relação de respeito com meus alunos e seus pais.
Tudo funcionava na base da autoridade com muita austeridade e, desta
maneira, percebi que os alunos apenas ficavam quietos durante as aulas por
medo e não por respeito e, sob esse clima de austeridade e repressão, não se
interessavam pelas minhas aulas nem pelo seu conteúdo, e o aprendizado não
acontecia de forma aceitável.
O primeiro curso abordou temas relacionados à Psicologia da Educação,
que me ajudou a buscar possíveis caminhos que levam ao processo de
aprendizagem e trouxe uma nova perspectiva e expectativa com relação ao meu
aluno. Assim, mudar minha visão estereotipada e socialmente condicionada
confesso que foi a parte mais difícil e a cada dia tento ampliar meus horizontes.
O segundo curso também abordou temas da Psicologia da Educação,
principalmente teses psicanalistas para se pensar os momentos da infância e da
adolescência como estruturação do sujeito do desejo (o outro). Foi um momento
muito difícil para mim, as leituras e discussões me levaram ao confronto pessoal,
quando me deparei verdadeiramente com os meus alunos e todas as diferenças
existentes, e que trazia à tona meus conflitos internos nas relações que se
estabeleciam no âmbito escolar, principalmente na sala de aula.
12
Pensei em desistir, pois não achava justo para com meus alunos, mas
após muitas reflexões decidi tentar superar e aprender a aceitar o outro como ele
é, sem marginalizá-lo. Ninguém é igual a ninguém e devemos superar nossas
diferenças.
Aprender a lidar com meus medos e minhas crenças fez com que meu
comportamento mudasse naturalmente e percebi essas mudanças observando
o comportamento dos meus alunos, quando eles passaram a me tratar com
respeito e não com medo. Começaram a participar das minhas aulas, faziam
perguntas, tiravam vidas e uma relação afetiva e de respeito se estabeleceu na
sala de aula.
Desse modo, minha prática se tornou menos conflitante e prossegui minha
busca pelo conhecimento específico e didático, cursando depois uma disciplina de
Cálculo Diferencial. Também me envolvi em processos de formação continuada
oferecidos pela Secretaria da Educação de São Paulo, como a Teia do Saber, em
todas as suas etapas, e o Ensino Médio em Rede. Esse período durou 9 anos,
mas eu sentia que essa busca era incessante para o meu desenvolvimento
profissional.
A busca e o desejo de aperfeiçoar a minha prática foi o fator motivador
para ingressar no Programa de Estudo s-Graduação em Educação Matemática
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Após passar por tantas dificuldades com a minha prática integrei-me ao
grupo de pesquisa do CNPq: Professores de Matemática: formação, profissão,
saberes e trabalho docente, que procura estudar a Formação de Professores em
cursos de Licenciatura em Matemática.
14
Capítulo 1
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
1.1 A ESCOLHA DO TEMA
O interesse pela pesquisa aqui apresentada decorreu das discussões do
grupo de pesquisa no campo da formação de professores e de minhas
dificuldades no início da carreira como educadora.
As leituras e discussões realizadas no projeto tinham como foco investigar
as concepções, saberes e práticas de professores formadores nos cursos de
Licenciatura em Matemática em duas instituições de Ensino Superior do Estado
de São Paulo. No decorrer das leituras, fortaleceu a idéia de investigar como as
Instituições de Ensino Superior estão implementando as 400 horas de prática
como componente curricular, conforme a RESOLUÇÃO CNE/CP2/2002. Além
disso, pesquisar se a organização curricular feita está contribuindo no processo
de construção dos saberes docentes.
Portanto, ao investir nessas possibilidades e tendo como direção nosso
ofício e experiência, o presente trabalho tem o propósito de discutir a formação de
professores em cursos de Licenciatura em Matemática, considerando a prática
como componente curricular.
15
1.2 PROBLEMÁTICA E SUA RELEVÂNCIA
Nesse sentido, o presente estudo pretende discutir o relatório do parecer
que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de Professores da
Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena
CNE/CP 09/2001, que incorporam as normas vigentes no que se refere à
concepção da prática como componente curricular e sendo um momento único
para uma visão crítica da teoria e a reflexão sobre a atividade profissional,
articulando as dimensões teóricas e práticas.
O princípio metodológico da prática como componente curricular não se
resume na discussão de dimensão prioritária, entre teoria e prática, na formação
do professor. Propõe pensar no processo de construção de sua autonomia
intelectual: o professor além de saber e de saber fazer deve compreender o que
fazer.
Assim, a prática na matriz curricular dos cursos de formação não
pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduz como algo
fechado em si mesmo e desarticulado do restante do curso. Isso
porque não é possível deixar ao futuro professor a tarefa de
integrar e transpor o conhecimento sobre o ensino para o
conhecimento na situação de ensino e aprendizagem, sem ter
oportunidade de participar de uma reflexão coletiva e sistemática
sobre esse processo. (MEC/CNE 9/2001)
Nessa perspectiva, o relatório propõe que no projeto pedagógico dos
cursos de formação de professores, a prática esteja inserida no interior das áreas
ou disciplinas, para que o futuro professor use os conhecimentos que aprender e
se aproprie de experiências em diferentes tempos e espaços curriculares.
Esta coordenação da dimensão prática, no interior das áreas ou disciplinas,
como um espaço de atuação coletiva e integrada dos formadores transcende o
estágio e tem como finalidade promover a articulação das diferentes práticas
numa perspectiva interdisciplinar, destacando o método de observação e reflexão
para entender e atuar em situações contextualizadas. Para Pimenta (2006),
À primeira vista a relação teoria e prática é bastante simples. A
prática seria a educação em todos os seus relacionamentos
práticos e a teoria seria a ciência da Educação. A teoria
investigaria a prática sobre a retroage mediante conhecimentos
16
adquiridos. A prática por sua vez, seria o ponto de partida do
conhecimento, a base da teoria e, por efeito desta, torna-se
prática orientada conscientemente. (PIMENTA, 2006, p. 99)
Para atender a essa nova perspectiva da prática como componente
curricular, a resolução CNE/CP2/2002 institui 400 horas vivenciadas ao longo do
curso de licenciatura de graduação plena, de formação de professores da
Educação Básica em nível superior, em seu art. 1°, parágrafo I.
A partir do exposto, fica uma questão para reflexão: como os cursos de
formação de professores interagem e atuam nesse contexto das diretrizes com
nossa realidade educacional?
Esta reflexão está diretamente ligada à realidade escolar, em que, muitas
vezes, os professores reproduzem o conhecimento de forma descontextualizada
com a realidade do aluno; em contrapartida, têm grande competência para aplicar
propostas prontas sem sentido, tanto para eles como aos alunos. Os PCNs (1998)
já apontavam para essa questão:
A formação de professores da Educação Básica precisa ser
revista; os cursos de licenciatura, em geral não têm dado conta de
uma formação profissional adequada; formam especialistas, em
áreas do conhecimento, sem reflexões e informações que dêem
sustentação à sua prática pedagógica, ao seu envolvimento no
projeto educativo da escola, ao trabalho com outros professores,
com pais e em especial, com seus alunos. (MEC/SEF, 1998, p.
35)
Querer refletir sobre saberes que favorecem e fortalecem a atividade
docente e pensar na prática como elemento articulador da formação de
professores exige um exercício constante de reflexão sobre a problemática entre
teoria e prática, como também na busca de alternativas para equacioná-la, no
sentido específico de aprender a refletir e posicionar-se no caminho para a
compreensão dos problemas e necessidades, dando sentido às idéias, à teoria e
à prática.
Os cursos de formação de professores em seu currículo, deveriam
privilegiar os saberes profissionais, não somente no aspecto teórico e, sim,
submetê-lo à realidade, a um contexto teórico-prático, uma atividade, cujas ações
17
e a reflexão dos saberes podem operar simultaneamente. A prática é orientada
pela teoria e pela consciência de que esta é sua determinante.
Nesse sentido, Barreiro e Gebran argumentam:
[...] que a formação inicial dos professores deve pautar-se pela
investigação da realidade, por uma prática intencional, de modo
que as ações sejam marcadas por processos reflexivos entre os
professores-formadores e os futuros professores, ao examinarem,
questionarem e avaliarem criticamente o seu fazer, o seu pensar e
a sua prática. (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 21)
A formação inicial é o começo da busca de uma base para o exercício da
atividade docente. Esta busca deve assentar-se em saberes, concepções e
práticas que levem à reflexão, no sentido de promover os saberes da experiência
conjugada com a teoria. Desse modo, “o sujeito toma sua própria ação, seus
próprios funcionamentos psíquicos como objeto de sua observação e de sua
análise; ele tenta perceber e compreender sua própria maneira de pensar e agir”
(PERRENOUD, 2001, p. 174).
Sendo assim, o saber docente é formado pela prática e sustentado por
teorias da educação. A teoria é parte fundamental na formação dos docentes,
pois alicerça o sujeito de subsídios para uma ação contextualizada, para que
compreenda o contexto histórico-social-cultural e organizacional e a si próprio
como profissional.
Para tanto, os cursos de formação de professores têm a incumbência de
privilegiar uma formação organizada em torno de um projeto pedagógico que
favoreça a articulação entre teoria e prática, de forma contextualizada e inserida
ao longo do curso, ocupando espaços concomitantes entre as áreas específicas e
a prática e propiciando ao educador em sua formação uma visão prática dos
conteúdos aprendidos em disciplinas específicas que servirão como referencial
em sua atuação.
A visão prática se investida na ação do Educador como base de seu
conhecimento, mediando os conteúdos a serem ensinados e como devem ser
ensinados, para um ensino significativo.
18
Nesse contexto, estão os cursos de Licenciatura em matemática com seus
Projetos Pedagógicos (PP), se adequando às novas Diretrizes Nacionais para
formação de Professores da Educação Básica, Parecer CNE/CP 9/2001, as
Resoluções CNE/CP 1/2002 e CNE/CP 2/2002 e do Parecer CNE/CES
1.302/2001.
Esses documentos propõem que o educador matemático seja capaz de
tomar decisões, refletir sobre sua prática e ser criativo na ação pedagógica,
reconhecendo a realidade em que se insere, além de avançar para uma visão de
que a ação prática é geradora de conhecimentos.
Nesta linha de abordagem, segue o foco principal desta pesquisa: estudar
como as 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular são
vivenciadas ao longo de cursos de formação de professores de Matemática.
Pelos documentos oficiais, a prática como componente curricular tem por
objetivo propiciar meios teóricos e práticos que permitam aos alunos analisar e
modelar fenômenos relativos ao ensino e à aprendizagem da Matemática, além
de conceber e desenvolver situações de ensino-aprendizagem envolvendo
conceitos matemáticos.
Os estudantes familiarizados com a análise de situações de ensino-
aprendizagem da Matemática auxiliam o educador nas diferentes relações que se
estabelecem entre aluno-professor-saber e das distintas variáveis didáticas
presentes nessas situações.
Os pressupostos teóricos, em que se ancora este estudo, referem-se à
formação inicial dos professores de Matemática, aos saberes docentes, à reflexão
na e sobre a interação dos conhecimentos específicos e às práticas pedagógicas.
Seus principais interlocutores, Pimenta (2006), Barreiro e Gebran (2006), Candau
(1987), Lüdke (1997).
19
1.3 OBJETIVO GERAL DA PESQUISA
O objetivo desta pesquisa é realizar um estudo sobre a Prática como
componente curricular em cursos de licenciatura em matemática, na tentativa de
identificar como as 400 horas de prática são alocadas ao longo do curso.
O estudo foi realizado em duas Instituições de Ensino Superior, sendo uma
Universidade (IES-A) com curso de Matemática desde 1969, e a outra, uma
Faculdade Integrada (IES-B) com curso de Matemática desde 1975, ambas
possuindo especialistas, mestres e doutores em seu corpo docente, e localizadas
na grande São Paulo.
A fim de buscar subsídios para responder à questão de pesquisa, fizemos
uma investigação qualitativa com entrevistas semi-estruturadas com os
coordenadores e professores que atuam nos cursos de Licenciatura de
Matemática em disciplinas que compõem a prática como componente curricular,
além de um estudo documental do Projeto Pedagógico de cada um dos cursos de
Licenciatura em Matemática.
1.4 QUESTÃO DE PESQUISA
De que forma está sendo alocada a Prática como componente
curricular nos cursos de Licenciatura em Matemática?
1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS DA DISSERTAÇÃO
O Capítulo I consta de uma breve introdução com apresentação da
pesquisa, escolha do tema, problemática, questão de pesquisa e objetivo geral.
O Capítulo II apresenta uma revisão bibliográfica das discussões de
autores que desenvolveram pesquisa científica sobre formação de professores e
as contribuições da prática como componente curricular.
Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico dos ENDIPE 2002,
2004 e 2006, com o objetivo de investigar trabalhos que abordam a Prática como
20
componente curricular e como estão sendo discutidas as mudanças na legislação,
além de identificar suas concepções.
O Capítulo III propõe a discussão de duas pesquisas que precederam o
documento que hoje constitui a proposta das Diretrizes para o curso de formação
de Professores: a pesquisa “Novos Rumos da Licenciatura”, realizada pelo
departamento de Educação da PUC/RJ 1987 sob a coordenação da Prof. Vera
Candau, e a outra pesquisa é uma publicação de um estudo proposto pelo
CONSELHO DE REITORES DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS (CRUB), sob
a coordenação Prof.Dra.Menga Lüdke, PUC/RJ – 1997, “Avaliação Institucional: A
Formação de Docentes para o Ensino Fundamental e Médio (As Licenciaturas)”.
Também discutiremos o documento elaborado pela Sociedade Brasileira de
Educação Matemática: Subsídios para a Discussão de Propostas para os Cursos
de Licenciatura em Matemática: uma Contribuição da Sociedade Brasileira de
Educação Matemática e a legislação vigente.
O Capítulo IV apresenta a metodologia que dará base ao estudo, a
justificativa teórico-metodológica seguida da apresentação do universo do estudo.
O Capítulo V, apresenta a análise do documento e das entrevistas.
As considerações finais apresentam as conclusões fundamentadas nas
análises feitas no capítulo anterior.
22
Capítulo 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INTRODUÇÃO
O presente capítulo pretende trazer discussões de alguns autores que
desenvolveram pesquisa científica sobre a formação de professores e a prática
como componente curricular.
Para tanto foi realizado um levantamento bibliográfico com o objetivo de
investigar trabalhos que abordam a Prática como componente curricular e como
estão sendo discutidas as mudanças na legislação e a identificação de suas
concepções.
2.2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO
O levantamento foi realizado nos Anais do ENDIPE (Encontro Nacional de
Didática e Prática de Ensino) nos anos: 2002, 2004 e 2006.
Em um primeiro momento, foi feita uma busca, utilizando as palavras-
chave: “Prática como componente curricular nos cursos de Licenciatura em
Matemática”, e nenhum título foi encontrado, uma segunda busca foi realizada
com “prática de ensino”.
No ENDIPE 2002, entre painéis e pôsteres, totalizando 676 trabalhos, oito
atenderam ao objetivo da busca e 5 foram escolhidos para análise, pela
relevância da abordagem do assunto.
23
Nos artigos encontrados, percebemos que o momento era de muitos
questionamentos e dúvidas em relação à reforma curricular, pois o evento ocorreu
um ano após a aprovação da CNE/CP 09/2001.
O resultado da pesquisa dos anais do ENDIPE 2004, entre painéis abertos,
painéis fechados e pôsteres, totalizando 1021 trabalhos, 13 atenderam ao objetivo
da busca e 3 foram escolhidos para análise.
Após a leitura de seus resumos, diferentemente de 2002, os trabalhos de
2004 apresentavam algumas propostas mais direcionadas para a Prática como
componente curricular, demonstrando certa preocupação com a reestruturação
dos projetos pedagógicos.
No ENDIPE 2006, entre pôsteres, minicursos e painéis, totalizando 2830
trabalhos, 12 atenderam ao objetivo da busca e após a leitura de seus resumos 3
foram selecionados para análise.
Da seleção final dos três encontros, a busca resultou na escolha de 11
trabalhos que tinham como temática a Prática de Ensino, dos quais apenas três
eram de Licenciatura em Matemática, os outros de licenciaturas diversas ou da
licenciatura de uma maneira geral.
Esta constatação foi significativa para demonstrar a contribuição e a
relevância desta pesquisa nos cursos de Licenciatura em Matemática, pois da
bibliografia analisada poucos representavam a área de Matemática.
Assim, após o levantamento e seleção dos trabalhos, procedeu-se a
análise de forma a expor: objetivo, problemática e conclusão.
2.3 ANÁLISE DA BIBLIOGRAFIA SELECIONADA
Scandiuzzi (2002) realizou um trabalho como Professor de Prática de
Ensino no curso de Licenciatura em Matemática da UNESP - São José do Rio
Preto-SP, com o objetivo de apresentar ao final do curso, como os alunos pensam
quanto ao seu papel social como futuros professores e/ou educador/pesquisador
no campo da educação no ensino da Matemática.
24
A problemática central era: “Como ensinar teorias e métodos educacionais,
objeto da área das ciências humanas, para quem optou desenvolver a área de
conhecimento de ciências exatas? Como incentivar os alunos a compreendem as
mudanças dentro dessa Prática de Ensino?” (SCANDIUZZI, 2002, p. 3).
Como método de trabalho, adotou a reflexão contínua de todas as
abordagens feitas durante os trabalhos, divididos em grupos para discussão e
socialização do conhecimento.
Para subsidiar o trabalho, foram apresentados aos grupos alguns aspectos
da cultura brasileira (filmes e documentários) e alguns estudos feitos no campo da
educação matemática, como modelagem matemática e etnomatemática.
A partir desses conhecimentos, os grupos preparariam aulas
interdisciplinares (Matemática e Português, Matemática e História, etc.) e
intradisciplinares (Matemática e Simbologia, Matemática e Triângulos cuja soma
dos ângulos internos o fosse 180°), caracterizand o um trabalho menos usual e
mais inovador.
Com base nos resultados obtidos com os grupos, o autor concluiu que
inovar e propor novas metodologias transforma o conhecimento no campo
específico em necessário e prazeroso.
Relacionar todos estes novos conhecimentos inter e
intracurriculares Criam redes de buscas, de conhecer mais, pois
o desconhecido se faz presente como algo novo, e isto fascina
qualquer ser humano”. (SCANDIUZZI, 2002, p. 7)
Coimbra e Lindino (2002) analisam a percepção que os alunos da disciplina
Prática de Ensino de Física da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
apresentam sobre a referida disciplina.
Apontam como problemática para Licenciatura em Física o modelo adotado
3+1 ou 2+2, onde as disciplinas pedagógicas são implementadas a partir do
quinto período e com caráter conteudista e a disciplina de Prática de Ensino de
Física é somente realizada no último ano em duas etapas: caracterização da
realidade escolar e aplicação do estágio e regência.
25
Para as autoras, a disciplina Prática de Ensino da UFAM é apenas a
aplicação de conhecimento, ou seja, um treinamento para o exercício profissional.
Sendo assim, propõem uma mudança da disciplina para caráter interdisciplinar,
visando à articulação entre os conteúdos específicos e pedagógicos.
Para que fosse possível essa mudança, uma das autoras responsabilizou-
se pela disciplina e começou a implantação de sua proposta. O primeiro passo foi
a criação de um laboratório não-estruturado, contendo equipamentos essenciais
para realização de experimentos simples, com o objetivo de viabilizar abordagens
alternativas para o ensino de Física, possibilitando a transposição didática e a
propalada articulação entre teoria e prática educativa, sendo que o uso do
laboratório foi durante o estágio nas escolas.
Por meio da aplicação de questionários e exposição oral (aulas simuladas),
tentaram identificar as pré-concepções dos estudantes no campo da educação
como um todo.
O acompanhamento da evolução dos alunos era individual, via discussão
em cima da gravação da própria regência durante o estágio, de avaliação escrita
e orientações sobre o diário de campo.
No final da segunda etapa do curso, os alunos-estagiários efetuaram uma
simulação de aula sobre tópicos de Física moderna, de modo a apresentarem os
conceitos e motivações apreendidos.
Os resultados que as autoras apresentam o parciais, pela proximidade
entre a implantação dessa proposta e a publicação do artigo, mas algumas
conclusões preliminares mostram que a disciplina desconstruiu alguns conceitos
relacionados ao ensino, aprendizagem e avaliação.
Nesse novo contexto, os alunos aprendem vários significados, mesmo que
ainda não consigam colocá-los em prática, o que demonstra uma concepção da
aplicabilidade do ensino de Física nas aulas.
Almeida e Azzi (2002) realizaram um estudo sobre a prática de ensino
estágio supervisionado: uma análise das produções brasileiras.
26
O estudo foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico nas
principais revistas nacionais, no banco de dados de duas bibliotecas e em
coletâneas, entre 1990 a 2000.
O levantamento bibliográfico teve como objetivo investigar, na literatura
disponível, as produções de Prática de Ensino/ Estágio Supervisionado para
identificar a concepção presente e quais os principais temas/conteúdos discutidos
e abordados nessas produções.
Dentre as produções localizadas, foram analisados 10 artigos da Revista
Educação, 5 artigos dos Anais do ENDIPE, 6 capítulos de coletâneas e um livro.
Após a leitura de todo material, foi feito um resumo para identificar a
concepção de Prática de Ensino e as idéias centrais discutidas pelos autores.
Nesse sentido, as autoras observaram em relação à concepção de Prática
de Ensino e Estágio Supervisionado que, mais de 65% das produções analisadas
entendem que Prática de Ensino/ Estágio Supervisionado deve ser um momento
e um espaço privilegiado para a ocorrência de atividades que possibilitem o
contato com a realidade do campo de atuação como forma de experimentar a
prática e refletir sobre ela.
Esse processo de aproximação com a realidade, favorece a relação teoria-
prática dando oportunidades ao futuro professor para desenvolver o pensamento
prático da educação.
Na concepção da maioria dos autores, a Prática de Ensino é uma disciplina
teórica, revestida de dimensões de conhecimento e de intencionalidades, porém
possibilita a intervenção e a transformação da atividade docente, assim, confere-
lhe o sentido de atividade teórica-prática ou prática.
A análise das produções em Prática de Ensino/ Estágio Supervisionado
mostra que a discussão sobre as possibilidades e dificuldades em articular
conhecimentos teóricos e práticos na formação do professor está presente em
quase todos os textos. Mas o encaminhamento dado a essa discussão assume
diferentes contornos e reflexões.
27
As autoras observaram que, embora parte das produções enfatize a
necessidade de um projeto coletivo que tenha como eixo de trabalho a
interdisciplinaridade, as instituições formativas têm apresentado dificuldades em
viabilizar tal prática. Mesmo os artigos que assumem a interdisciplinaridade, como
estratégia de solução, não fornecem muitas pistas de como reestruturar os cursos
nessas perspectivas de trabalho.
Para finalizar, as autoras chamam a atenção para outro aspecto que é “a
existência de artigos que discutem a Prática de Ensino sem fazer nenhum tipo de
menção às demais disciplinas curriculares, sem ampliar o “olhar” para o contexto
de formação do professor” (ALMEIDA & AZZI, 2002, p. 6).
Em seu trabalho, Costa (2002) apresenta uma das atividades desenvolvida
em um dos programas do NUGA (Núcleo de Gestão e Avaliação) da Faculdade
de Educação da UERJ, que diz respeito a um programa de avaliação institucional.
A autora define que: “a avaliação institucional é um processo contínuo que
tem como meta final o aprimoramento do desempenho acadêmico; um
instrumento para o planejamento estratégico e para gestão institucional” (COSTA,
2002, p. 1).
O projeto de avaliação institucional acontece especialmente no programa
de formação de professores para o Ensino Básico, visando à implementação,
modificação ou expansão de alguns programas e contribuir para a compreensão
da influência dos fatores internos e externos que atuam sobre ele.
O processo foi implementado e avaliado a partir da reformulação curricular
que originou o módulo pedagógico dos cursos de Licenciatura, tendo como
objetivo geral criar um instrumento permanente de gestão e dos objetivos
específicos, consolidar as decisões e identificar os aspectos críticos constatados,
para melhoria dos cursos de Licenciatura da UERJ.
A partir da exposição do projeto do NUGA e de alguns resultados relativos
à avaliação da Prática de Ensino que compõe o módulo pedagógico dos cursos
de Licenciatura da UERJ, foi apresentado esse projeto de avaliação formativa, no
intuito de investigar de que maneira a avaliação institucional dos cursos de
28
licenciatura da UERJ pode implicar na gestão do Programa de Formação de
Professores para o Ensino Básico.
Para subsidiar este estudo foi feita uma fundamentação teórica acerca da
avaliação institucional por meio de um levantamento de experiências de avaliação
institucional e vários estudos sobre o tema. E “partiu-se da premissa de que toda
proposta de avaliação busca responder a algumas questões centrais: por que
avaliar; o que avaliar; e como avaliar” (COSTA, 2002, p. 2).
A coleta de dados e de informações foi realizada na forma de questionários
e entrevistas.
Como condições importantes para o desempenho docente, as
competências técnico-científica e didático-pedagógica dos docentes, bem como
seu interesse e predisposição para sua atividade profissional ou prática
pedagógica, os questionários foram elaborados: um aos alunos e outro aos
professores que trabalham com as licenciaturas.
A criação dos dois instrumentos contendo idênticos indicadores permitiu a
comparação de informações provenientes de duas fontes distintas alunos e
professores – sobre os mesmos objetos.
Para a autora, o parecer do CNE/CP21/2001, de 06/08/2001, sugere ser
fundamental trabalhar a prática do ensino desde o início do curso, justificando
uma ampliação da carga horária nesse sentido. Da mesma forma, o estágio é
definido, nesse mesmo parecer, como “o tempo de aprendizagem que, através de
um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para
aprender a prática do mesmo e depois poder exercer a profissão ou ofício”
(COSTA, 2002, p. 12).
Assim, o estágio se configura como uma atividade de capacitação em
serviço, com o estagiário assumindo tanto o papel de professor como tendo
outras atividades próprias do ambiente escolar.
Para Costa (2002, p. 12), “a Prática de Ensino geral vai proporcionar uma
preparação para este segundo momento da vida dos licenciandos nas escolas de
29
estágios, agora sob a responsabilidade dos diferentes Institutos/ Faculdades da
UERJ”.
Martinelli; A. C. et all. (2002) realizaram uma pesquisa a respeito da
reestruturação do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (UNIOESTE).
O currículo do curso de Pedagogia organizava-se em duas partes: uma
delas pelas disciplinas comuns à formação de qualquer profissional da educação
e a outra diversificada, composta pelas disciplinas específicas a cada habilitação.
A estrutura marcante do curso de Pedagogia, característica da maioria dos
cursos de graduação e licenciaturas, constitui-se em um acúmulo de disciplinas
teóricas e que o contemplam qualquer contato dos alunos com a realidade da
escola pública.
Assim estruturado, as questões que dizem respeito a articulação teoria e
prática e o contato com o objeto de estudo, acabavam recaindo sobre a disciplina
prática de ensino e estágios que aconteciam ao final do curso com caráter de
terminalidade, resultado do método 3+1.
Partindo do exposto na estrutura do curso de Pedagogia, apresentou-se a
problemática do estudo: como fazer que o currículo possa atender de forma
unitária a todas habilitações, mas, cada uma de forma específica?
Assim, os autores afirmam que, na tentativa de superar a problemática, foi
reestruturada a grade curricular do Projeto Político Pedagógico do curso de
Pedagogia da UNIOESTE que eliminou o caráter terminal dos estágios,
atribuindo-lhe o caráter articulador entre ensino, pesquisa e extensão, existentes
na Universidade.
A Prática de Ensino foi priorizada como pesquisa, ensino e extensão de
forma que, na pesquisa, o objetivo foi realizar de modo metódico e ordenado, as
investigações sobre o dia-a-dia escolar; quanto ao ensino, propôs-se a realização
de intervenções que se caracterizam pela motivação, pela melhoria da qualidade
de ensino, pela permanência do aluno na escola, pelas novas formas de gestão
escolar, de avaliação.
30
A Prática de Ensino “constituiu-se como mediação para articulação dos
elementos constitutivos da organização do trabalho pedagógico” (MARTINELLI et
all, 2002, p. 8).
A disciplina Prática de Ensino foi alocada ao longo do curso e direcionada
para:
A docência do Ensino Fundamental, da Educação Infantil, da
Educação Especial e da Educação de Jovens e Adultos;
A organização do trabalho pedagógico: Orientação educacional,
Administração Escolar sob o nome de Organização Escolar.
(MARTINELLI et all., 2002, p. 8)
A sua carga horária total de 300h/a ficou assim dividida: 120h/a para a
organização escolar e 180 h/a para docência, pesquisa e extensão, as quais se
subdividiram em 60h/a para Prática I, II, III ao longo do curso.
E para dar suporte à disciplina, ela contava com supervisores de Prática de
Ensino que atendiam, no máximo, seis acadêmicos e uma coordenação geral
para acompanhar os trabalhos dos grupos e dos supervisores.
A metodologia desenvolvida era por meio de reuniões coletiva dos grupos
ou de sub-grupos que se organizavam em função da complexidade do tema a ser
tratado. Assim, tornando possível acompanhar os trabalhos desenvolvidos.
As reuniões eram semanais com carga horária definida em 20h/a e apenas
era decidido o assunto e se participariam todos simultaneamente ou formariam
sub-grupos, para melhor atender as necessidades dos temas a serem discutidos.
As autoras citam algumas limitações encontradas nessa forma de pensar e
fazer Prática de Ensino: “A falta de experiência do supervisor em determinadas
modalidades de ensino; a resistência de determinados professores em assumir a
Prática de Ensino, por diferentes razões, criando-se, desse modo, uma separação
entre os professores da Prática de Ensino e os professores das demais
disciplinas” (
MARTINELLI et all., 2002, p. 10).
Outro aspecto importante ressaltado é a descontinuidade do professor
supervisor nas Práticas I, II, III, gerada pela própria dinâmica de rotatividade do
Ensino Superior por razões diversas, como cursos, projetos e outras atividades.
31
O estudo concluiu que a reestruturação do Projeto Político Pedagógico do
Curso de Pedagogia modificou significativamente a organização da Prática de
Ensino, interferindo qualitativamente nas ações desenvolvidas pelos grupos, em
termos conceituais e metodológicos, permeando todo o processo de formação de
forma sistematizada e objetiva.
Aredes (2004) descreve em seu trabalho a experiência vivenciada no curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Mato Grosso
do Sul (UEMS), no Campus de Ivinhema, na disciplina Prática de Ensino.
Em sua estrutura, a grade curricular traz o Estágio Supervisionado
vinculado às disciplinas pedagógicas desde o início do curso, e são responsáveis
por esse trabalho os professores de Didática e Psicologia da Educação.
A metodologia é por meio de projetos que são apresentados diretamente
às escolas públicas, juntamente com o professor responsável pela disciplina e,
após o contato com a escola, há o desenvolvimento de casos de ensino.
E para garantir o enfoque teórico-prático, todos os conteúdos curriculares
devem ser tratados a partir de situações-problemas, ou seja, todas as disciplinas
devem ter um espaço para a Prática permeando sua teoria.
Segundo a autora, não dificuldade em atender a legislação “visto o
curso exigir, especialmente nas disciplinas específicas, atividades práticas, tanto
de campo como de laboratório” (AREDES, 2004, p. 5).
Nesse mesmo sentido, de acordo com o Projeto Pedagógico do curso,
trata-se de um momento em que se desenvolvido articuladamente com o
professor de Prática de Ensino, visando permitir ao futuro profissional reconhecer
as múltiplas dimensões que envolvem a ação pedagógica, e “através de processo
reflexivo (interpretação-reflexão-nova interpretação), integrar os diferentes
conhecimentos, imprescindíveis para lidar com a complexa realidade educacional”
(AREDES, 2004, p. 5).
Dos resultados, após três anos da implantação da proposta, observa-se um
entrosamento mais íntimo dos alunos em relação ao seu futuro campo
profissional, e até surgiram algumas propostas por parte dos alunos para
32
solucionar problemas que envolvem as escolas públicas como: “Laboratório de
Biologia, conscientização nas escolas de ensino fundamental em relação aos
resíduos sólidos, perspectivas e dilemas dos jovens adolescentes das escolas
públicas de Ivinhema” (AREDES, 2004, p. 5).
A autora observa que foi percebido que a prática de Ensino, quando
iniciada no primeiro ano dos cursos de licenciatura, demonstrou ser uma
alternativa interessante, uma vez que todo esse processo introduz o graduando
num contexto onde há, ainda, muita coisa a ser feita, principalmente no que tange
ao ato de ensinar, “e acredito ser esse um dos caminhos para reflexão em torno
da formação do professor para atuar na Educação Básica” (AREDES, 2004, p. 6).
Almeida e Pinto (2004) em seu trabalho estudaram a formação inicial de
professores, com ênfase na Prática de Ensino, entendida como um momento e
um espaço privilegiados para ocorrência de atividades que possibilitem o contato
com a realidade do campo de atuação como forma de experimentar a prática e
refletir sobre ela, com o objetivo de investigar se o processo de Ptica de Ensino
de cursos de licenciatura de uma universidade do Estado de São Paulo,
possibilita ao licenciando a ressignificação de suas crenças e concepções a
respeito de ser professor.
A problemática do estudo era como a Prática de Ensino pode contribuir
para que as crenças e imagens do ser professor seja ressignificada? O que o
espaço da prática de ensino tem possibilitado a refletir sobre o ser professor?
A metodologia do estudo baseou-se na obtenção das informações por
entrevistas que foram gravadas e transcritas para análise. O público alvo
constituiu-se de oito licenciados das séries finais e egressos dos cursos de Letras,
Geografia, Educação Física, Matemática e Física.
Os resultados foram organizados em dois conjuntos temáticos: a) a prática
de ensino e a ressignificação das crenças de ser professor; b) as concepções
sobre o ser professor. Nos conjuntos temáticos foi possível observar as diferenças
de concepções em relação à área de formação.
33
Quanto à Prática de Ensino e à ressignificação das crenças do ser
professor, foram identificadas duas categorias de análise: o estágio e a
aproximação com a realidade escolar e o estágio como momento de reflexão
sobre o ser professor e sua prática pedagógica.
Nessa perspectiva, as autoras observaram nas falas de alguns licenciados,
que a construção do ser professor acontece em um processo dinâmico de
avanços e recuos, quando teoria e prática interagem, provendo indicadores para
uma “articulação dialógica entre o ser, o saber e o fazer.” (ALMEIDA & PINTO,
2004, p. 4).
Os licenciados de Geografia deram grande valor ao estágio como
componente principal de sua formação.
Alguns licenciandos e egressos entrevistados perceberam o valor do
estágio na sua formação. Alguns enfatizaram a falta de integração entre a
licenciatura e a realidade que vivenciaram durante os momentos do estágio.
Quanto às concepções sobre o ser professor, para os entrevistados, o
professor precisa de um processo de formação profissional que lhe permita o
conhecimento dos conteúdos de ensino, o conhecimento pedagógico, atuação
consciente e comprometimento social. O professor precisa de constantes
atualizações e especializações científicas sobre a educação e o como ensinar.
Nesse mesmo sentido, os entrevistados citaram que, entre os valores
essenciais à função docente, a preocupação na formação de cidadãos,
consciente de suas responsabilidades, o professor precisa ser orientado para uma
ação social de qualidade que avance os perímetros da comunidade escolar e
conquiste o mundo.
Assim, as pesquisadoras concluíram que os entrevistados percebem a
Prática de Ensino como necessária à sua formação e que as diferentes
possibilidades de contribuição da Prática de Ensino têm relação com as propostas
de intervenção desenvolvidas pelo professor formador em sala de aula.
34
Moreira e Kulesza (2004) realizaram um estudo a respeito da Prática de
Ensino em Química, cujo problema baseou-se na seguinte questão: como a
Prática de Ensino em Química, sob a forma de estágio supervisionado, interfere
na atuação docente de professores de Química no Ensino Médio?
Os autores escolheram como público alvo do estudo, ex-alunos da
disciplina Prática de Ensino em Química que exercem a docência na Educação
Básica, Ensino Médio.
A pesquisa foi realizada com sete professores de diversas escolas da rede
pública e privada de cidades localizadas no interior do estado da Paraíba e em
uma cidade do Ceará.
A coleta dos dados foi realizada por meio de um questionário com
perguntas fechadas e de uma entrevista semi-estruturada. As entrevistas foram
analisadas e agrupadas, usando a técnica de análise de conteúdo.
Nesse sentido, os autores do estudo investiram na separação da dicotomia
entre disciplinas de conteúdo e as pedagógicas, subsidiando a associação entre a
teoria e a prática.
A escolha metodológica possibilitou a articulação entre a formação básica e
a atuação, não desconsiderando que a Prática de Ensino em Química é um
espaço de formação inicial e não uma experiência profissional.
O processo de análise resultou num conjunto de três categorias de análise:
1) Contribuição da Prática de Ensino em Química para a ação docente dos
professores de Química; 2) Coerência da composição do plano de ensino com a
disciplina da Prática de Ensino em Química, sob forma de Estágio
Supervisionado; 3) Efeito da Prática de Ensino em Química na formação inicial de
professores de Química para o Ensino Médio.
Nesse parâmetro de análise, o estudo mostra que os licenciados em
Ciências, habilitados em Química e que atuam como professores de Química no
Ensino Médio, apontam que a Prática de Ensino de Química sob a forma de
Estágio supervisionado contribui na atuação docente, porque esse componente
35
curricular desenvolveu um trabalho capaz de contribuir com um modo de ensinar
Química nas escolas de Ensino Médio das cidades da Paraíba.
Entre os resultados, destaca-se a preocupação da Prática de Ensino em
Química em refletir os problemas da realidade na qual os licenciados atuariam, as
atividades práticas favoreceram para que os futuros professores assumissem a
postura de geradores de conhecimento sobre as situações por eles vividas nas
condições reais de iniciação à docência.
Penteado (2006) estudou a articulação entre a teoria e prática nos cursos
de Licenciatura em Matemática e cita o movimento atual de novas propostas
curriculares para os cursos de Licenciatura em nível nacional.
A autora cita que esse movimento surgiu pelas discussões em torno das
Diretrizes Curriculares propostas pelo CNE. Afirma que, antes de se pensar em
atender a legislação e alterar a estrutura de qualquer curso, “é preciso esclarecer
e fundamentar o perfil do profissional que se deseja formar. Não podemos
simplesmente fazer uma adequação à legislação sem analisá-la criticamente”
(PENTEADO, 2006, p. 1).
A autora acrescenta que é preciso refletir sobre a estrutura que se tem para
oferecer ao curso de Licenciatura para garantir que os licenciados tenham
condições de se desenvolverem na direção desejada. Não considerar tais
aspectos pode levar a uma simples substituição de um conjunto de disciplinas por
outro.
Nessa perspectiva, a UNESP - Rio Claro constituiu uma comissão para
assessorar os coordenadores de cursos das Licenciaturas na elaboração de
novos projetos pedagógicos, tarefa nada fácil em razão da Universidade possuir
quarenta e dois cursos de Licenciatura, distribuídos por todo o Estado de São
Paulo.
Após vários encontros e muitos debates sobre diversos problemas, foi
elaborado um documento que serviu de subsídio na elaboração do Projeto
Pedagógico dos diversos cursos de Licenciatura. Com relação aos cursos de
Licenciatura em Matemática, organizou-se um currículo de acordo com as
36
condições e vocações do campus onde está instalado, procurando não haver uma
discrepância entre eles.
Após o exposto que desenhou um panorama geral das discussões que
envolveram as Licenciaturas da UNESP, definiu-se que o foco do estudo foi o
campus de Rio Claro e como o Conselho de Curso pensou a re-estruturação do
currículo no que diz respeito à articulação entre teoria e prática.
A autora relata que, com base nas trocas de experiências e discussões
com diferentes especialistas, surgiram sugestões de atividades para contemplar a
prática e que foram consideradas pela coordenação do curso de Licenciatura em
Matemática de Rio Claro.
Nesse sentido, as atividades que podem contemplar essa prática são:
elaboração de projetos voltados à escola sica, envolvendo o estudo do
conteúdo, aspectos históricos e uso de recurso tecnológico; levantamento e
análise de livros didáticos sob uma perspectiva crítica; construção de material
didático manipulativo, por exemplo, em laboratórios de ensino; exploração de
tecnologia de informática para conhecer os softwares e propostas governamentais
para a área de informática; análise de vídeo e seu uso na sala de aula e conhecer
projetos desenvolvidos pela Secretaria Estadual de Educação, MEC e outras
instituições.
As formas de operacionalização propostas foram dividir o total de 400
horas em blocos de 45 ou 60 horas por semestre. Em cada bloco, os alunos
desenvolvem projetos e atividades sob a orientação dos professores do curso. A
autora adverte que é essencial o engajamento do corpo docente.
Assim, ficando dividida a carga horária de 400 h. em diferentes disciplinas,
especificando quantas horas de carga horária total da disciplina serão dedicados
a este aspecto da prática, o que pode ser considerado como uma estratégia para
garantir o cumprimento da carga horária da prática.
As considerações finais são no sentido de observar que uma lista de
atividades não é garantia de sucesso, é essencial que essas atividades contem
37
com a orientação e assessoria de pesquisadores da área de educação em que a
atividade encontra-se inserida.
Para a autora, é fundamental que haja no projeto pedagógico do curso uma
articulação das atividades de prática desenvolvidas nas diferentes disciplinas. E
para garantir esta articulação é necessário, pelo menos, uma reunião anual entre
os docentes do curso de Licenciatura para avaliar o processo e reorganizar o que
for necessário.
Finalizando, a autora alerta que para qualquer reforma curricular ter algum
êxito, é necessário que as estruturas que envolvem a Universidade passe por
transformações no sentido de adequar regras e transpor mitos.
Martins e Carvalho (2006) realizaram um estudo que teve como objetivo
descrever, brevemente, a atividade denominada “Módulo de Ensino Diferenciado
(MED)”, que vem sendo desenvolvida com estudantes do curso de licenciatura em
Física da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte).
Para entender por que foi criado esse “Módulo de Ensino Diferenciado”, os
autores apontam que o objetivo das disciplinas de Prática de Ensino de Física I e
II é a inserção dos futuros professores aos “campos de estágio” (escolas públicas
estaduais, preferencialmente) e que no período de realização do Estágio, a
disciplina de Prática I privilegie “observação e participação”, e na Prática II a
“regência”.
E a problemática que se apresenta nesse contexto é que os licenciandos
chegam ao final da graduação com uma forte insegurança a respeito de seu
futuro desempenho como professor. consenso em relação à qualidade do
ensino de Física ministrado nas escolas públicas de nível médio, mas existem
várias dúvidas e questionamentos sobre “o que fazer” e “como fazer”. E que,
ainda, a maioria dos licenciandos trabalham durante o dia e estudam à noite.
O MED é um trabalho em grupo (de três pessoas e, às vezes, em dupla)
que deve ser desenvolvido ao longo de todo o semestre letivo, culminando com
uma exposição em forma de seminário, ao final.
38
A idéia central do módulo é a elaboração de um conjunto de aulas sobre
um tema qualquer de interesse do grupo, embasado numa perspectiva
transformadora, ou seja, que busque formas mais eficientes, interessantes e
inovadoras de se trabalhar o conteúdo de Física (para o Ensino Médio).
Nesse sentido, os autores afirmam que o diferenciado surge como algo que
pretende ir além do (genérico) chamado de “currículo tradicional”, seja na escolha
dos conteúdos, nos todos adotados, nas formas de avaliação, nos tipos de
atividades etc.
Foi apresentado apenas uma preliminar de uma avaliação (em andamento)
dos aspectos positivos e negativos de tal atividade, obtida por meio de entrevistas
realizadas junto aos licenciandos.
Foram selecionados quatro grupos (12 sujeitos), dentre os participantes de
Prática II do 2° semestre letivo de 2005, os depoim entos foram gravados e
posteriormente transcritos.
Para os autores, durante análise dos dados, ficou evidenciada uma boa
receptividade desse tipo de atividade pelos alunos, assim como a contribuição
que eles consideram positiva que o MED traz na busca de práticas pedagógicas
mais inovadoras e eficazes.
Nessa perspectiva, os autores concluíram que, para boa parte dos alunos,
o MED propicia uma primeira experiência real de planejamento de aulas, e uma
busca de integração entre os conteúdos pedagógicos e os específicos (da Física),
divididos ao longo do curso de licenciatura.
No estudo realizado por Amorim (2006), como professora de Didática e
Prática de Ensino dos cursos de Licenciatura em História e Geografia, observou-
se que uma das problemáticas mais rias que os docentes de Didática e de
Prática de Ensino enfrentam em sua prática pedagógica, refere-se à competência
profissional para motivar os alunos no processo de ensino-aprendizagem.
A pesquisadora observa que, nos cursos de licenciatura, as disciplinas
consideradas do campo pedagógico o são valorizadas e muitos estudantes
39
desses cursos não pretendem seguir a carreira docente. Logo, estão apenas
preocupados em obter apenas o certificado de conclusão de curso.
A questão proposta por esse estudo foi: que metodologias o professor
formador pode lançar mão para motivar os discentes aos estudos e compreender
a importância da Didática e da Prática de Ensino para a sua formação?
A autora observa que a Didática e Prática de Ensino é um campo de
conhecimento próprio e investigativo que envolve a reflexão e a intervenção no
cotidiano escolar com base nos estudos dos problemas relacionados aos sujeitos
envolvidos no processo de aprendizagem (pais, alunos, professores, comunidade
e direção).
Os objetivos foram oportunizar aos alunos a reflexão sobre a relação da
teoria com a prática pedagógica dos professores de História e Geografia, a partir
da realidade concreta das escolas; e contribuir para a melhoria da qualidade de
ensino das escolas pesquisadas por meio de projetos de intervenção no cotidiano
escolar.
O caminho encontrado pela autora, como professora desses componentes
curriculares, foi ancorar seu trabalho em pilares como:
Uma formação centrada no educando como um todo, isto é,
são tratados conteúdos de cunhos conceituais, procedimentos
e atitudinais;
As propostas lançadas aos discentes foram discutidas e
reformuladas no decorrer do trabalho realizado;
Foi sempre priorizado o posicionamento do educando em
relação às atividades propostas, fazendo um paralelo entre
aquilo que é vivenciado na faculdade e o que é feito nas
escolas. (AMORIM, 2006, p. 2)
A metodologia do estudo foi realizada por meio de visita/estudo às escolas
públicas do município de Belém de São Francisco, sendo aplicadas entrevistas
com os gestores das escolas pesquisadas.
A autora observou que, ao rmino do trabalho, os alunos estavam mais
motivados para serem educadores, mesmo sabendo das dificuldades e
40
desvalorização da profissão. Alguns se apresentaram menos apáticos, mais
críticos e responsáveis nas atividades desenvolvidas.
Em suas considerações finais a autora afirma que aos poucos o campo
pedagógico na faculdade vem ganhando espaço e despertando nos professores
formadores das áreas especificas do curso de licenciatura a descoberta do
sentido de ser educador.
2.4 CONSIDERAÇÕES
Assim, após o exposto das pesquisas que trazem questões relevantes ao
nosso estudo, verificou-se que a comunidade acadêmica em suas reflexões, tem-
se ocupado com as questões da licenciatura no âmbito da prática. Muitas
propostas surgiram no sentido de superar as dificuldades da desarticulação entre
teoria e prática, mostrando que uma preocupação em adequar o currículo dos
cursos de licenciatura conforme proposto na legislação vigente.
Em relação à concepção da Prática como componente curricular, observa-
se que as propostas de mudanças curriculares estão acontecendo em espaços
diferenciados e com a preocupação de que todas as disciplinas tenham um
espaço da prática e até mesmo criando espaços próprios para discussão dessas
atividades.
A Prática está sendo implementada ao longo desses cursos, privilegiando
espaços em diversos contextos, seja nas disciplinas específicas e pedagógicas, e
permeada pelo Estágio Supervisionado como uma das formas de levar o que se
aprendeu e aplicar nas Escolas Básicas.
Dois aspectos são importantes de salientar, um o espaço criado pela
UNIOESTE para reuniões semanais com participação de professores
supervisores, coordenação geral da Prática e alunos, com o intuito de discutir
atividades realizadas em diferentes espaços, como disciplinas específicas,
pedagógicas, Prática de Ensino e no Estágio Supervisionado.
41
Outro aspecto é o da UFRN, no curso de Licenciatura em Física que
instituiu o MED (Módulo de Ensino diferenciado), que acontece por meio de
reuniões com o objetivo de contribuir para o planejamento de atividades dos
futuros professores e um espaço de debates e reflexão envolvendo práticas
inovadoras para o ensino de Física.
Nessa perspectiva de discussão, esta pesquisa apresentará, no próximo
capítulo, duas pesquisas que antecederam e apontaram algumas questões para a
formulação da Legislação vigente, uma síntese dessa legislação e traremos a
discussão de um documento produzido pela Sociedade Brasileira de Educação
Matemática com relação à reestruturação dos Projetos Pedagógicos frente à nova
legislação, junto com alguns teóricos.
42
Capítulo 3
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
3.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo propõe discutir duas pesquisas que precederam os
documentos que hoje constituem a Proposta das Diretrizes Curriculares Nacionais
para a formação de Professores da Educação Básica em nível superior, curso de
Licenciatura, de graduação plena (Parecer CNE/CP 9/2001) e as resoluções para
regulamentá-la (Resolução CNE/CP 1/2002, CNE/CP 2/2002 e CNE/CES
1302/2001).
A primeira pesquisa intitula-se, “Novos Rumos da Licenciatura”, realizada
pelo departamento de Educação da PUC/RJ em 1987, sob a coordenação da
Prof. Dra. Vera Candau e a segunda pesquisa é uma publicação de um estudo
proposto pelo CONSELHO DE REITORES DAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS (CRUB), sob a coordenação Prof. Dra. Menga Lüdke, PUC/RJ
1997. “Avaliação Institucional: A Formação de Docentes para o Ensino
Fundamental e Médio (As Licenciaturas)”. Com discussões de questões do ensino
superior e reflexões sobre possíveis soluções de seus inúmeros problemas.
Discutiremos também um terceiro documento elaborado pela Sociedade
Brasileira de Educação Matemática: “Subsídios para a Discussão de Propostas
para os Cursos de Licenciatura em Matemática: uma Contribuição da Sociedade
Brasileira de Educação Matemática”, que foi encaminhado ao CNE (Conselho
43
Nacional de Educação) e ao SESu/MEC (Secretaria de Ensino Superior do
Ministério da Educação).
3.2 ESTUDOS QUE ANTECEDERAM AS DIRETRIZES
Começaremos a análise pelo documento intitulado “Novos Rumos da
Licenciatura”, publicado com apoio do INEP (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Anísio Teixeira), por entender que essa pesquisa contribui para a
melhoria da educação no Brasil.
A publicação de número um divulgou a primeira parte da pesquisa,
coordenada pela professora Vera Candau, da PUC/RJ, sobre os Cursos de
Licenciatura e em outro volume foi publicado a segunda etapa da mesma
pesquisa e que não fará parte de nossa análise. A primeira etapa da pesquisa, se
constituiu na revisão da literatura existente. A segunda etapa da pesquisa, que na
data da publicação estava em desenvolvimento e caracterizou-se como trabalho
de campo.
Para que possamos entender melhor a pesquisa desenvolvida por Candau
(1987), é necessário relatar que esta é continuidade de outra pesquisa realizada
no período 1982 a 1984, pelo Departamento de Educação da PUC/RJ, intitulada
“Análise das Práticas de Formação do Educador: Especialistas e Professores”,
seu foco priorizou a questão da formação pedagógica e o papel das unidades de
educação no processo de formação de professores.
A pesquisa “Os Novos Rumos da Licenciatura”, mesmo sendo em
continuidade da pesquisa citada, difere em seu foco, sendo um estudo de
natureza “teórico-empírico sobre a função e o papel dos cursos de licenciatura,
tendo em vista alternativas para a sua reformulação” (CANDAU, 1987, p. 9).
Para tanto, alguns objetivos pautaram a pesquisa:
conhecer a percepção da problemática destes cursos que têm
os professores que atuam nas várias unidades com a formação
do licenciando, nas diferentes áreas de conhecimentos, bem
como a dos próprios licenciados;
44
analisar algumas experiências desenvolvidas nos cursos de
licenciatura, fora do âmbito das unidades de educação, que
visam à integração dos dois aspectos da formação do professor
(pedagógica e área específica), buscando trabalhar o conteúdo
específico, sob a ótica do ensino;
oferecer subsídios para a reformulação dos cursos de formação
de professores para o ensino de e graus, em n ível
superior. (CANDAU, 1987, p. 9)
A análise, em sua primeira etapa, concentrou-se nos documentos
especializados e periódicos que abordam a problemática envolvendo as
licenciaturas. E essa etapa resultou na divisão da pesquisa em duas partes,
sendo a primeira parte a análise dos documentos que relatam a origem dos
cursos de Ensino Superior para formação de professores no Brasil e sua evolução
até os dias dessa publicação, e os aspectos da legislação.
A segunda parte consta da análise dos periódicos especializados
abordando a problemática que envolve as licenciaturas, nos períodos de 1982 a
1985, dando seqüência à pesquisa anterior citada, que foi até 1981.
Para que a pesquisa tivesse uma abrangência maior, foram também
analisadas revistas especializadas e, posteriormente, revistas não especializadas
no âmbito Educacional, incluindo artigos, documentos de seminários e pesquisas.
O relatório ressalta que, dentre as revistas não especializadas, uma
revelou-se especialmente significativa, denominada “Ciência e Cultura”, da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. E ressaltou, também, outras
publicações que contribuíram com igual importância para a pesquisa: a revista
ANDE, os cadernos do CEDES e a Educação e Sociedade.
A seleção final totalizou 70 artigos. Para a análise desses textos foram
criadas categorias que surgiram durante os encontros semanais da equipe de
pesquisa, que serviam para discutir a leitura dos artigos, consolidando o esquema
para análise, descrito abaixo:
Contextualizando a problemática das licenciaturas:
A relação educação escolar e sociedade;
O papel do professor hoje;
45
O magistério como profissão:
A situação atual;
Organização do trabalho na escola e exercício do magistério;
Associações profissionais e “movimentos” da categoria;
Os desafios dos cursos de licenciatura:
A problemática vivida;
As experiências desenvolvidas;
As propostas apresentadas. (CANDAU, 1987, p. 36)
A partir deste esquema de análise por categoria, prosseguiu-se o estudo
que privilegiou as publicações em revistas, por refletirem, de certo modo, os
principais pontos relativos ao tema, de forma mais objetiva e sintética, sendo que
os livros, teses e dissertações abordam os temas de forma mais ampla.
A partir das análises, algumas problemáticas foram identificadas e
sintetizadas entre as categorias.
Na primeira contextualizando a problemática das licenciaturas”, para a
qual 12 artigos contribuíram, trouxeram a questão da mudança de atitude da
educação frente ao seu papel na sociedade, a partir do final dos anos 70.
Essa mudança de enfoque na educação expressa o próprio movimento da
sociedade brasileira, e que agiram, por meio das influências históricas, políticas e
sociais, principalmente na formação de professores.
A relação educação escolar-sociedade assume o dever de preparar o
indivíduo para assumir o seu papel social, ou seja, fornecer ferramentas culturais
para que o indivíduo possa atuar no meio social em que vive. A pesquisa aponta
para o risco de atribuir à escola a função de garantir a transformação social e
também para o risco de um ensino isolado do contexto social. Nesse sentido, o
relatório aponta que:
A escola é parte ativa da sociedade e deve existir uma plena
articulação entre o saber socialmente produzido e o saber
escolar.(CANDAU, 1987, p. 81)
Desta forma, a escola passa a servir à manutenção da situação social
vigente, em vez de democratizar o saber, perdendo a responsabilidade de realizar
as atividades pedagógicas na sua função social específica.
46
Com relação ao item “O papel do professor hoje”, foram analisados 10
artigos, onde surge sua evolução histórica, à medida que se atribui ao professor
funções antes pertinentes à família, assim ampliando seu papel social, mas, por
outro lado, um esvaziamento de seus instrumentos de trabalho, como o
conteúdo (saber), o método (saber fazer), restando-lhe a técnica específica de
como ensinar.
O magistério perde sua conotação de sacerdócio e, com isso, perde o
status de pessoa letrada, a quem se devia obediência e respeito. O professor
passa a ser um profissional que presta serviços e recebe pelo seu trabalho,
enfatizando os aspectos instrumentais e individuais da ocupação.
A grande questão que se coloca, nesse sentido, é: como deve ser
aprendida a articulação entre a formação recebida pelo futuro professor e sua
efetiva prática docente, frente às mudanças no papel do educador e de acordo
com a própria função da escola?
Em continuação à análise, vem à categoria “Os desafios dos cursos de
licenciatura”, dentro do item A problemática vivida”, 28 artigos que foram
analisados, e dois mitos difundidos no meio educacional ficaram evidentes:
[...] o de que uma boa qualificação docente resolveria os
problemas da educação e o de que se sabe que ensinar e como
ensinar, terminar-se-á ensinando bem. (CANDAU, 1987, p. 82)
A partir da identificação desses mitos, os autores apontam os desafios
gerais nesse campo:
[...] a falta de domínio dos conteúdos específicos e pedagógicos e
das habilidades técnicas por parte do professor; a falta de
integração entre as unidades de educação e as demais unidades,
assim como o sistema de formação do futuro docente e o sistema
que o irá absorver como profissional; a falta de articulação entre
teoria e prática, entre conteúdo e método, entre bacharelado e
licenciatura. (CANDAU, 1987, p. 82)
Uma questão mais específica apontada no relatório é referente à prática de
ensino, sendo a necessidade do vínculo entre a teoria e prática, na formação do
futuro docente.
47
Ainda no item A problemática vivida”, a literatura analisada não
contempla satisfatoriamente as diferentes áreas. Deixando algumas questões
como desafio para a parte prática desta pesquisa, sendo elas:
[...] quais as habilidades específicas que deverão ser
contempladas na formação do futuro professor? Como serão
definidas? Como deverão ser desenvolvidas no currículo dos
cursos de licenciaturas? (CANDAU, 1987, p. 83)
No item As experiências desenvolvidas” oito relatos no âmbito da
licenciatura foram analisados, todos apontaram para a superação da
desarticulação entre teoria e prática.
Algumas propostas em âmbito geral pautaram-se por uma preocupação,
que seria o desenvolvimento da dimensão política na formação do educador, e faz
algumas sugestões para articular essa dimensão:
[...] superar as deficiências na formação do professor; reconstruir
os fundamentos técnico-pedagógicos da prática do magistério;
localizar e desenvolver os conteúdos adequados a necessidades
dos alunos (dentro da perspectiva da pedagogia crítico-social dos
conteúdos; conhecer bem o próprio aluno da licenciatura, inclusive
fazendo pesquisa junto a ele; fortalecer as associações de
professores e criar centros de integração interdepartamentais nas
universidades). (CANDAU, 1987, p. 83).
Algumas propostas foram no sentido de alterações curriculares, com
alteração da estrutura do curso e introdução de novas disciplinas.
O relatório se encerra relatando a importância de uma proposta, no campo
de reflexões, feita por professores de disciplinas não pedagógicas, destacando-a
para ser considerada durante o estudo de campo desta pesquisa.
Trata-se da colocação de propostas de reformulação do curso de
licenciatura, a partir de uma reflexão sobre a própria matriz do
pensamento que serve de base para a disciplina em questão,
como se o próprio estatuto epistemológico dessa disciplina
devesse ser repensado para garantir uma vinculação clara entre,
por exemplo, o pensamento histórico e o ensino da história, ou o
pensamento científico e o ensino de ciências. Estaria esboçando
aí, possivelmente, um interessante caminho a ser explorado na
difícil solução do problema da articulação entre a formação do
futuro professor na licenciatura e a realidade escolar que o
espera. (CANDAU, 1987, p. 84)
48
Ao final da leitura dessa pesquisa, algumas questões trazidas em especial
na categoria “Os desafios dos cursos de licenciaturas” e no item “As
experiências desenvolvidas” contribuíram para minhas reflexões, pois trazem a
questão da necessidade da articulação entre os conteúdos pedagógicos e
conteúdos específicos com a prática. Mostrando que a questão da prática nos
cursos de licenciatura é motivo de reflexão para os estudiosos da educação
muito tempo e continua tão atual quanto a problemática dos cursos de
licenciaturas.
Nesse sentido, a pesquisa aponta que, dos 28 artigos analisados na
categoria citada, e nos oito relatos de experiências desenvolvidas no âmbito da
licenciatura, todas as propostas eram no sentido de articular teoria e prática,
algumas apenas para mudanças nas disciplinas pedagógicas, outras na estrutura
do curso, mas sempre no sentido de estabelecer o vínculo entre conteúdo
específico e pedagógico.
O segundo documento analisado é a publicação de Estudos e Debates 19,
que apresenta resultados de uma pesquisa que faz parte de um estudo maior,
proposto pelo CRUB - Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, sobre
os aspectos básicos de nossas universidades, e que foi dividido em três partes.
A primeira parte refere-se ao acesso no Ensino Superior, pesquisa
realizada por Maria Civiatta Franco; a segunda, Capacitação de Docentes no
Sistema Universitário Brasileiro, realizada por Ricardo Chaves de Rezende
Martins; a terceira, Formação de Docentes para o Ensino Fundamental e Médio
(As Licenciaturas), realizada por Menga Lüdke, sendo essa última foco de nossa
análise.
As fontes de dados foram, a pesquisa Novos Rumos da Licenciatura,
entrevistas com professores dos cursos de licenciatura que participassem de
experiências inovadoras em licenciaturas, e informações junto às secretarias de
Educação do Município e do Estado do Rio de Janeiro, bem como revisão da
literatura.
Importa lembrar que a primeira fonte de dados foi apresentada no
começo deste capítulo.
49
Em relação à segunda fonte de dados da pesquisa, buscaram-se
experiências que rompessem a barreira das fontes tradicionais que apontam os
problemas dos cursos de licenciatura.
Para tanto, a autora procurou essas experiências em instituições de ensino
superior que estivessem trabalhando com propostas que contribuíssem na busca
de soluções e reflexões da problemática dos cursos de licenciatura.
Assim, foi possível encontrar três experiências inovadoras em licenciatura
e, por meio de uma abordagem qualitativa de pesquisa, realizar o estudo.
O primeiro experimento é uma tentativa de implantar uma nova proposta
para o curso de licenciatura em Física, que foi implementado dez anos; a
segunda procurava desenvolver um projeto inovador de formação de professores
em História e Geografia; e a terceira inovava na formação de professores de
Língua e Literatura Portuguesa, por meio de um projeto de Prática de Ensino.
Para coletar informações sobre as três experiências, foi feito um estudo
documental, entrevistas com os agentes e de observações locais para que fosse
possível ter a percepção das contribuições e inovações dessas experiências. E,
dentro desse contexto, verificar se as inovações têm subsídios para superar os
problemas que surgem nos cursos de licenciaturas.
No conjunto panorâmico das três experiências, algumas questões
desafiadoras se apresentaram no sentido de dificultar a implantação das
propostas, sendo elas:
Modelo de universidade e formação de professores;
Formar professores: remar contra a maré?;
A relação saber/poder na universidade, hierarquia acadêmica;
Universidade e sistema de ensino de primeiro e segundo graus:
uma difícil aproximação;
Integração/interdisciplinaridade: diferentes dimensões de uma
questão complexa. (
LÜDKE
, 1997, p. 140)
Deste conjunto de questões é relevante para minha pesquisa comentar as
duas últimas.
50
A questão da distância entre as universidades e o sistema de ensino
fundamental e médio não se limita apenas no âmbito da entidade, mas também
com relação ao professor formador, que não possui formação e experiência no e
sobre o sistema de ensino fundamental e médio. Nesse sentido a pesquisa
mostra:
O que se percebeu, mais uma vez, através da pesquisa, foi que se
trata de dois universos distantes entre si. Os professores,
formadores de futuros professores de primeiro e segundo grau,
não têm uma visão sequer razoável da realidade desses sistemas
de ensino e não têm, em sua maioria, nenhuma vivência desse
ensino como professores. (
LÜDKE
, 1997, p. 141)
Partindo desses fatos, podemos fazer algumas reflexões em relação à
prática que permeia o trabalho do professor, que deveria advir do processo de
formação do professor, ser constituído por um conjunto de teorias subsidiando os
processos pedagógicos e aplicáveis na prática.
Para tanto, seria necessário que o professor formador entendesse o
sistema de Ensino Básico, para que pudesse atuar e entender as relações
fundamentais existentes entre o que se ensina e o que é necessário para a
formação do futuro professor.
O grupo de pesquisa, após analisar essas questões e refletir sobre as
experiências, apresentou algumas propostas que eles classificaram como
desafiadoras, e que considero relevantes, sendo elas:
Uma tentação a superar: a ênfase na reforma do currículo;
Uma mudança de eixo: o primado do conteúdo específico;
Uma perspectiva: a multidimensionalidade do processo de
formação do professor;
Uma busca: a construção do espaço interdisciplinar;
Uma necessidade: promover a pesquisa em ensino;
Uma prioridade: reforçar/apoiar práticas coletivas;
Uma consciência: a importância dos determinantes estruturais
psicossociais. (LÜDKE, 1997, p. 142)
Se refletirmos na perspectiva individual de cada proposta, são realmente
desafiadoras, mas, quando pensadas como um conjunto de propostas a serem
implantadas simultaneamente em uma instituição de ensino, provocando
51
mudanças no cerne de sua estrutura e staff, poderiam ter resultados positivos no
sentido de superar a problemática dos cursos de licenciatura.
A terceira fonte de dados da pesquisa foi bibliográfica, que reuniu artigos
dos periódicos mais importantes da área da educação, datados a partir de 1988,
pois a equipe considerou os pontos focais indicados pela pesquisa “Novos Rumos
da Licenciatura” que foi até 1987.
Foram pesquisados 26 periódicos no âmbito geral e da área da educação
específica, e foram realizadas entrevistas com professores de várias instituições
de ensino superior do Rio de Janeiro, com o intuito de discutir os problemas que
envolvem as licenciaturas, na perspectiva de suas instituições. As entrevistas
foram informais, realizadas individualmente ou em grupo.
Após a organização do material, transcorreu a análise dentro de alguns
critérios, na medida em que as idéias trazidas pelos autores surgiam elas eram
organizadas.
Assim, foi organizado um painel resumindo os problemas essenciais, e
usado como roteiro para a interpretação que foi orientada pelas questões centrais
propostas pelo CRUB.
Subsidiada nas três fontes de informações citadas, a pesquisa chegou a
uma visão geral sobre a licenciatura e seus problemas pontuais.
Revisão das Múltiplas Discussões Referentes à Vocação, Perfil
e Estrutura dos Programas de Licenciatura;
As questões Organizacionais Envolvidas na Implementação das
Licenciaturas
O Perfil da Demanda dos Cursos de Formação de Professores;
O Papel das Universidades na Formação de Professores em
Relação dos Estabelecimentos Isolados;
As questões Curriculares e Alternativas de Modernização;
Alternativas de Formação Continuada para os Professores.
(LÜDKE, 1997, p. 182-187)
O grupo de estudo em suas considerações gerais, em relação às questões
que serviram de base e que foram propostas pelo CRUB, apontam os resultados
em sua maioria para as mesmas problemáticas da pesquisa “Novos Rumos da
Licenciatura”, confirmando suas constatações.
52
Assim, nessa perspectiva relatam que as universidades privilegiam o
campo das pesquisas e a pós-graduação, e as licenciaturas ocupam um espaço
sem privilégio e sem prioridade, até mesmo pela escolha dos professores
pesquisadores que preferem lecionar nos cursos de pós-graduação e no
Bacharelado.
No entanto, a autora aponta que existem indícios de mudanças que
caminham no sentido de romper essas estruturas.
Com relação às questões organizacionais das instituições de ensino, as
faculdades de educação ocupam um espaço reduzido e secundário, assim
apontadas nas duas pesquisas, por meio de um artigo publicado em “Ciência e
Cultura”, de fevereiro de 1988, no trabalho intitulado “A quem cabe a licenciatura”.
No lado dos institutos, a divisão de objetivos entre o bacharelado
e a licenciatura, ou seja, entre a formação do pesquisador e a do
professor, se reflete na distribuição desigual de professores pelas
disciplinas, pois a maioria deles, como pesquisadores estão mais
interessado em lecionar primeiro na pós-graduação, e depois no
bacharelado. (LÜDKE, 1997, p. 177)
Outro problema que ainda influencia as escolhas dos professores
pesquisadores é a visão que eles têm do aluno da licenciatura, sendo
considerada sua formação de qualidade e sua escolha pela licenciatura em
sua grande maioria por falta de opção de carreira.
Dentro deste contexto, as instituições que atendem às licenciaturas, em
sua maioria, são as instituições privadas, e que são questionadas com relação à
qualidade de seu ensino, e que, de modo geral, atende à demanda dos
licenciados para as escolas públicas.
No entanto, os estudos apontam que esses cursos estão sendo esvaziados
pela falta de interesse pela carreira de professor, sendo as causas prováveis: a
desvalorização da profissão, baixos salários e condições de trabalho nas escolas
públicas.
Lüdke (1997) afirma que existem alguns estudos que apontam propostas
no sentido de melhorar os cursos de licenciatura e que têm atraído a atenção das
Universidades públicas e privadas como também professores pesquisadores, no
53
entanto essas propostas não chegam a alterar as estruturas das instituições de
forma a atender e superar a problemática dos cursos de licenciatura. De qualquer
maneira, são propostas que merecem atenção e que se observe o seu progresso
e seus resultados.
Essa perspectiva de melhora das licenciaturas não está só no âmbito
estrutural, mas também no âmbito da formação do professor, em seu conteúdo
específico e pedagógico de forma a atender às necessidades do processo
educacional.
Para Lüdke (1997) alguns estudos apontam para a pesquisa como
elemento sico na formação do professor, e sendo o elo entre várias disciplinas,
numa perspectiva multi, trans ou interdisciplinar, transformando as licenciaturas
em cursos com características próprias e organizadas de maneira a construir um
espaço único do conhecimento, para professores formadores e formandos, e que
os cursos de licenciaturas tenham uma identidade e características próprias.
Para que possamos entender os resultados das pesquisas e as
discussões que apresentamos e que antecederam às recentes reformas
curriculares na formação de professores no Brasil, e produziram além de novos
espaços e tempos de formação, novos sentidos à relação curricular e atuação
profissional do Educador, faremos uma breve apresentação e discussão da
legislação vigente.
3.3 AS DIRETRIZES
O Relatório do Parecer CNE/CP 9/2001, aprovado em 8 de Maio de 2001,
regulamenta os cursos de formação de professores em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena.
O conjunto das Diretrizes Curriculares Nacionais para Formação de
Professores é composto por resoluções, relatórios e pareceres. Um deles é a
Resolução CNE/CP 02/2002, de 19 de fevereiro de 2002 (respaldada no Parecer
CNE/CP 28/2001, de 2 de outubro de 2001), que institui a duração e a carga
54
horária dos cursos de licenciaturas de formação de professores da Educação em
nível superior.
Um outro documento é a Resolução CNE/CP 01/2002, de 18 de fevereiro
de 2002, em anexo ao Parecer 09/2001, estabelece e apresenta um conjunto de
princípios e procedimentos a serem observados na organização institucional e
curricular por todas as instituições.
Na descrição do Relatório CNE/CP 09/2001, nosso foco de análise está
voltado à Prática como componente curricular e suas concepções para que
permeiem nossa pesquisa.
Nesta perspectiva, neste relatório, a prática passa a ocupar um espaço na
matriz curricular, ou seja, um componente curricular e passa a ter um caráter de
trabalho consciente, que deve ser planejada quando da elaboração do projeto
pedagógico e deve acontecer desde o início do processo de formação, além de se
estender ao longo de todo seu processo.
Assim, a prática na matriz curricular dos cursos de formação não
pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduza ao estágio
como algo fechado em si mesmo e desarticulada do restante do
curso. (MEC/CNE 9/2001, p. 45)
Sua articulação precisa estar presente nas diversas disciplinas de caráter
específico ou ser trabalhada de forma interdisciplinar, e durante o estágio
supervisionado, resultando em um processo de reflexão contínua. A proposta é de
formar uma teia do conhecimento, em que a teoria, a prática e o estágio estão
interligados com o objetivo único de formar a identidade do professor, que estará
subsidiado por esse movimento contínuo entre saber e fazer.
Uma concepção de prática mais como componente curricular
implica vê-la como uma dimensão do conhecimento que tanto está
presente nos cursos de formação, nos momentos em que se
trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o
estágio, nos momentos em que se exercita a atividade
profissional. (MEC/CNE09/2001, p. 18)
Para que essa concepção de prática não seja um espaço reservado
para o estágio é proposto superar a idéia de terminalidade da prática, como
disciplina, que acontece no final do curso, e pensar na prática como
55
componente integrador de todas as disciplinas. Além disso, que o estágio seja,
também, um espaço reservado à prática, dando sentido à teoria e à prática da
sala de aula vivenciada ao longo do curso.
Para a regulamentação do Relatório CNE/CP 09/2001, foi homologada a
Resolução CNE/CP2/2002, no que se refere à carga horária dos cursos de
formação de professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena; no Artigo 1°, que é efetivada, conforme a
integralização de no mínimo 2800 horas, nas quais a articulação teoria-prática
garanta nos termos de seus projetos pedagógicos, assim compreendidos:
I - 400 horas de prática como componente curricular, vivenciadas
ao longo do curso;
II - 400 horas de estágio curricular supervisionado a partir do
início da segunda metade do curso;
III 1800 horas de aulas para os conteúdos curriculares de
natureza científico-cultural;
IV 200 horas para outras formas de atividades acadêmico-
científico-culturais.
No que se refere à especificidade dos cursos de Matemática, o parecer
CNE/CES 1302/2001 estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para os
Cursos de Matemática, Bacharelado e Licenciatura, e têm como objetivo servir
como orientação para melhorias e transformações na formação do Bacharel e do
Licenciado em Matemática, bem como, que seja assegurado aos egressos dos
cursos credenciados de Bacharelado e Licenciatura em Matemática preparação
adequada para uma carreira, na qual a Matemática, seja utilizada de modo
essencial, assim como para um processo contínuo de aprendizagem.
Para tanto, descreve, em seu corpo, as habilidades e competências
necessárias para serem desenvolvidas ao longo da formação do Matemático, tais
como o raciocínio lógico, a postura crítica e a capacidade de resolver problemas
que a formação de profissionais para áreas cujo raciocínio abstrato é
fundamental.
Se pensarmos em um aluno ingressante na Universidade, precisamos ter
consciência de que ele possui uma vivência escolar e passou por um processo de
aprendizagem e fez para si uma imagem dos conceitos matemáticos a que foi
56
exposto no ensino básico. Assim, o professor de Matemática necessita do
aprofundamento e da compreensão dos significados dos conceitos matemáticos a
que foi exposto.
O parecer (CNE/CES 1.302/2001), de um modo geral, orienta a
estruturação curricular dos cursos, base comum aos Bacharelados e Licenciados
em Matemática.
Sendo assim, os currículos devem assegurar o desenvolvimento de
conteúdos dos diferentes âmbitos do conhecimento profissional de um
matemático (Bacharel, Licenciado), conforme o perfil, competências e habilidades
descritas, ou seja, devem contemplar os conteúdos comuns a todos os cursos de
matemática, complementados com disciplinas organizadas, conforme o perfil
escolhido do aluno.
Além disso, na licenciatura em matemática, são incluídos um conjunto de
conteúdos profissionais referente à Educação Básica e, para tanto, são
consideradas as Diretrizes Curriculares Nacionais para formação em nível
superior e as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica para o Ensino Médio
(CNE/CP 09/2001).
3.4 A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA
Embasado nas diretrizes, as IES podem organizar seu currículo de forma a
possibilitar ao licenciando uma formação adequada, propiciando uma formação
específica em conformidade com outros campos de saber que o complemente.
Imbernon (2004) mostra que a capacidade de adequação metodológica, a
visão de um ensino mais integrado cada vez mais ganha importância. Por
conseqüência, tanto a formação inicial do professor, como a permanente terá
novas características, novos traços e novas capacidades.
Assim, encontramos sinais para refletirmos sobre as possíveis implicações
da área de formação docente. Imbernon (2004) salienta a importância da reflexão
57
das práticas docentes apoiadas no exame das teorias implícitas em sua
formação.
E por meio da observação “a orientação para esse processo de reflexão
exige uma proposta crítica de intervenção educativa, uma análise da prática do
ponto de vista dos pressupostos ideológicos e comportamentais subjacentes”.
(IMBERNON, 2004, p. 49).
Percebemos que a dinâmica do trabalho de formação do docente requer a
superação de desafios, pois o conhecimento adquirido em sua formação inicial
nem sempre está em consonância com as vivências escolares.
Nesse sentido, D’Augustine (1970) relata que o aluno que recebeu uma
formação acadêmica comprometida em torná-lo um profissional crítico, reflexivo,
questionador e que foi ensinado a buscar a verdade por si, provavelmente,
incluirá em suas aulas estas qualidades.
Com estes argumentos, o perfil do profissional de educação tem sido
objeto de reflexões daqueles que discutem o papel do educador e qual deve ser
sua formação diante das contribuições da Didática, Psicologia da Educação, das
Práticas de Ensino e da pesquisa em Ensino.
Para Gómez (1995), o professor questionador e pesquisador de seu
trabalho, tem mais condições de refletir sobre a ação que leva a uma relação mais
imediata entre teoria e prática.
Esta reflexão pode possibilitar uma análise dos conhecimentos adquiridos e
permitir uma incorporação à prática, contribuindo na formação do aluno de modo
mais consciente e objetivo.
Nóvoa afirma que:
A formação de professores é, provavelmente, a área mais
sensível das mudanças em curso no setor educativo: aqui não se
formam apenas profissionais; aqui se produz uma profissão.
(NÓVOA, 1995, p. 26).
Para Moura (1995), as novas relações de trabalho são as qualidades mais
importantes do profissional para sua adaptação do mercado de trabalho que
58
provocam alguns questionamentos a respeito das perspectivas do profissional de
Educação Matemática, como: quais as exigências em relação à formação do
professor; qual o perfil desse profissional, cujo objeto é a Educação Matemática.
As diretrizes desenham o perfil do profissional de Matemática, como sendo
aquele que possibilita a aprendizagem de conhecimentos matemáticos
necessários à formação do aluno, e observa os conteúdos possíveis de se
desenvolver em sala de aula. Desse modo, exige uma tomada de posição a
respeito dos objetivos de ensino e sua transformação em conteúdos escolares
para que possam ser ensinados, conforme um certo método. Assim “é ter uma
intenção e um modo de atingir esta intenção”. (MOURA, 1995, p. 18).
Nas últimas três décadas, a comunidade acadêmica dos Educadores
Matemáticos discute a definição de conteúdos, métodos e currículos em
congressos de Educação Matemática. Nesse sentido, o documento intitulado
“Subsídios para a discussão de propostas para os cursos de licenciatura em
matemática: uma contribuição da Sociedade Brasileira de Educação Matemática”,
traz diversas contribuições para nosso trabalho.
O documento é uma contribuição da Sociedade Brasileira Educação
Matemática, com o intuito de orientar os cursos de Licenciatura em Matemática e
contempla o pensamento e as reivindicações da comunidade brasileira de
educadores matemáticos, no que se refere à formação de professores.
A SBEM em 2002 realizou Fóruns Regionais que resultaram em uma
coletânea de artigos publicados em um número especial da Revista Educação
Matemática. E realizou um Fórum Nacional que contribuiu para a elaboração de
um documento encaminhado ao CNE e ao SESu/MEC, contendo os resultados
das discussões desse fórum.
Dando continuidade às discussões sobre formação de professores, a
SBEM em 2003, realizou o I Seminário Nacional para a discussão dos cursos de
Licenciatura em Matemática, Salvador/Bahia, onde se estabeleceram grupos de
trabalho que analisaram e discutiram o documento-síntese das propostas
elaboradas pelas Diretorias Regionais, que resultou no documento síntese que
analisamos.
59
A orientação contida no documento, aponta que o curso de Licenciatura em
Matemática deve ser concebido como um curso de formação inicial em Educação
Matemática, de modo a integrar conhecimentos pedagógicos e específicos, teoria
e prática.
Nesse sentido, os cursos necessitam estar fundamentados nos
conhecimentos matemáticos submetidos ao tratamento pedagógico e histórico e
os professores formadores devem ser comprometidos com o projeto pedagógico
do curso.
O documento segue abordando os problemas a serem enfrentados nos
cursos de Licenciatura em Matemática, comuns a outras licenciaturas e que o
abordados na CNE/CP 1/2002 e destaca algumas questões para discussão da
problemática da Licenciatura em Matemática:
Quanta e qual Matemática precisa saber um futuro professor de
Matemática? Quais são os saberes matemáticos e dos saberes
didáticos que precisa constituir? Como deve aprender Matemática,
aquele que, num futuro próximo, se dedicará a ensiná-la,
profissionalmente? Como conseguir que os futuros docentes se
tornem competentes no processo de transformar os
conhecimentos matemáticos historicamente produzidos em saber
matemático escolar relevante à formação intelectual dos alunos?
Como provocar, desenvolver e sustentar um processo de
reconversão epistemológica que permita aos futuros professores
se libertarem de comportamentos, atitudes e crenças que têm
contribuído para estigmatizar a Matemática? Qual é o Perfil dos
que formarão os professores? O que define um professor de
Matemática como profissional? Que conhecimentos profissionais
são básicos e fundamentais para a formação do professor de
Matemática e para a formação do formador de professores de
Matemática? (SBEM, 2003, p. 7)
A citação das questões que envolvem a problemática dos cursos de
Licenciatura em Matemática é mais relevante do que discutir os próprios
problemas, pois as questões nos levam à reflexão e à busca de proposta para
superá-los.
A questão do perfil do professor de Matemática que se deseja formar, é o
de um profissional com grande competência para formular questões que
estimulem a reflexão de seus alunos, elabore hipótese e proposições de soluções
aos problemas. Ainda nesse sentido, que o professor proporcione em suas aulas
60
um ambiente de aprendizagem matemática, criando situações adequadas, por
meio de modelos que se adaptem às condições de aprendizagem. Assim,
identificar os papéis a serem desempenhados por um professor de matemática é
tarefa essencial para delinear seu perfil.
Alguns aspectos devem ser considerados para os cursos de Licenciatura
em Matemática, assim como nos demais cursos de licenciatura:
Como as competências profissionais referentes ao
comprometimento com valores sociais, à compreensão do papel
social da escola, ao domínio do conhecimento pedagógico, ao
conhecimento de processos de investigação que possibilitem o
aperfeiçoamento da prática pedagógica, ao gerenciamento do
próprio desenvolvimento profissional e às relativas ao domínio dos
conteúdos a serem socializados de seus significados em
diferentes contextos e de sua articulação interdisciplinar. (SBEM,
2003, p. 9)
O documento ressalta as implicações para a reorganização dos cursos de
Licenciatura em Matemática, que requer mudanças substanciais nos programas,
“integrando conhecimento das políticas públicas da educação, os dados
estatísticos, as relações da educação com o trabalho, as relações entre escola e
sociedade e, ainda, a análise da escola como instituição”. (SBEM/2003, p. 10)
No processo de reorganização dos cursos de Licenciatura em Matemática,
existe a necessidade de se privilegiar espaços para a construção de
conhecimentos para que sejam compreendidas as implicações na tarefa de
educar. Assim, possibilitando que o futuro professor aprenda a lidar com a
realidade da sua prática nas diferentes situações educativas, em que seu projeto
pedagógico dimensione as práticas pedagógicas, organize o campo do
conhecimento e atuação do futuro professor.
O documento faz indicações para que a reorganização curricular nos
cursos de Licenciatura em Matemática seja de acordo com a legislação vigente. O
desenho curricular aponta que as disciplinas devem envolver três campos de
formação: o da Matemática, da Educação e da Educação Matemática, e também
as atividades acadêmico-cientifico-culturais, contemplando esses três campos.
Salienta que não sejam confundidas as atividades acadêmico-cientifico-culturais
com as atividades de estágio.
61
No que tange à Prática de Ensino (assim descrito no documento) e ao
Estágio Supervisionado da Licenciatura em Matemática, devem ser privilegiados
em todas as disciplinas que constituem o currículo de formação, adquirindo sua
dimensão prática. Nesse sentido, a interdisciplinaridade das atividades práticas,
não exclui a existência de um espaço específico de aprofundamento teórico.
A referência às 400 horas de Prática como componente curricular é
apresentada nesse sentido (Prática de Ensino - 400 horas), dando indícios de um
espaço específico e traz a dimensão interdisciplinar das atividades práticas,
mostrando ser um espaço a ser pensado e discutido na construção do projeto
pedagógico.
A Prática de Ensino pode constituir, portanto, uma disciplina em
que conhecimentos teóricos e conhecimentos práticos se
articulam, pois não é adequado deixar o futuro professor à tarefa
de integrar o conhecimento sobre o ensino e aprendizagem com o
conhecimento na situação de ensino e aprendizagem, sem lhes
dar oportunidade de participar de uma reflexão coletiva e
sistemática sobre esse processo. (SBEM, 2003, p. 21)
Esse espaço de aprofundamento teórico da disciplina Prática de Ensino é
importante para o aluno discutir e registrar sobre seu aprendizado, elaborar
projetos de trabalho ou seqüências didáticas que aprofundem o seu conhecimento
partindo de uma pesquisa sobre um determinado conteúdo, tanto do ponto de
vista matemático como didático.
E, complementando essa Prática, está o Estágio Supervisionado que tem
como objetivo a análise reflexiva da prática, por meio de observação em salas de
aula de Matemática do Ensino Fundamental e Médio. Assim, o aluno estagiário
tem a oportunidade de analisar a didática aplicada nos trabalhos que foram
organizados durante as aulas de Prática, articulando e desenvolvendo a teoria
com a prática.
O tratamento dado a Educação nos cursos de Licenciatura em Matemática,
também tradicionalmente chamados de “Fundamentos da Educação”, deve ser
um processo de formação que:
62
Trata do contexto mais próximo do futuro professor, mas também
inserir-se em contextos mais amplos como a própria realidade
social e política brasileira e suas questões educacionais, as leis
relacionadas à infância, adolescência, educação e profissão, as
questões da ética e da cidadania. Integram esse rol de
conhecimentos as políticas públicas da educação, os dados
estatísticos, as relações da educação com o trabalho, as relações
entre a escoa e sociedade e, ainda, a análise da escola como
instituição - sua organização, relações internas e externas -, a
concepção de comunidade escolar, a gestão democrática. (SBEM,
2003, p. 19)
A Educação Matemática é ressaltada como uma mudança no paradigma
sobre o ensino de matemática bem como o crescimento da consciência sobre o
papel do professor como profissional da educação.
O avanço nas pesquisas sobre os processos de aprendizagem, a
organização curricular, as metodologias, as matérias de ensino
etc. passaram a exigir do professor novos conhecimentos e,
conseqüentemente, uma reformulação sobre a concepção de
formação do que se passou a chamar de Educador Matemático.
(SBEM, 2003, p. 20)
O documento traz algumas condições políticas e estruturais necessárias à
implementação de uma proposta de formação de professores de Matemática,
defendidas pelos educadores Matemáticos e que contemplam as características
delineadas nesse documento.
Valorização da profissão docente;
Condições de trabalho para o formador;
Consideração das especificidades dos cursos de formação
docente. (SBEM, 2003, p. 27)
E como última referência, traz a questão da avaliação dos cursos de
Licenciatura em Matemática, fazendo uma crítica ao processo de avaliação como
um único instrumento.
Pontuando a necessidade de estimular a autocrítica das instituições
formadoras, de modo a garantir a qualidade de seus projetos com o
comprometimento da instituição com a sociedade, fazendo de forma clara e
transparente seu processo de reorganização, explicitando os fundamentos de um
programa sistemático e participativo de avaliação, que possa reordenar a
consolidação e reformulação das ações.
63
A legislação vigente aponta algumas direções para as instituições
reformularem suas estruturas, reverem seus conceitos em relação às licenciaturas
e sua reestruturação curricular.
A partir das pontuações feitas pelas pesquisas e pelo documento
analisado, almejamos encontrar indícios nos discursos produzidos em nossas
entrevistas pelos professores e coordenadores dos cursos de Licenciatura em
Matemática e de suas perspectivas de trabalho na Prática de Ensino e, em
conjunto com a análise dos projetos pedagógicos das duas instituições, que
possam contribuir para a superação dos obstáculos apresentados neste capítulo.
No próximo capítulo apresentamos o percurso metodológico, contendo um
breve relato dos procedimentos, documentos, entrevistas, universo da pesquisa e
o processo de análise dos dados.
64
Capítulo 4
METODOLOGIA
4.1 INTRODUÇÃO
A ciência é um conjunto organizado de conhecimentos relativos a
um determinado objeto obtidos através da observação e da
experiência. Ao contrário do que muitos professam, a ciência não
é universalmente neutra, mas efeito de uma realidade particular. É
um corpo de conhecimentos sistemáticos, adquiridos com um
método próprio em um determinado meio e fim. Os conhecimentos
de hoje pode ser negado amanhã, o que faz da ciência um
processo em constante criação e não uma verdade absoluta. A
Ciência soluções na medida em que levanta novos problemas.
(...) (GOLDEMBERG, 1999, p. 103).
Neste capítulo, descrevemos o desenho metodológico de nosso estudo,
cujo objetivo foi identificar eixos temáticos: como as contribuições, concepções e
metodologia, das disciplinas que trabalham com as Práticas, no processo de
construção dos saberes docentes nos cursos de Licenciatura em Matemática.
Limitar-se-á o nosso estudo a duas instituições de Ensino Superior da região da
Grande São Paulo.
Partimos do pressuposto de que os professores, na sua prática
profissional, não o meros aplicadores de saberes produzidos fora de sua
prática. Para Tardif (2002, p. 234), os professores “são sujeitos do conhecimento,
um ator que desenvolve e possui sempre teorias, conhecimentos e saberes
provenientes da sua própria ação”. Desse modo, temos que considerar a sua
“subjetividade” como fonte de sua maneira de estar e agir na sua prática
65
profissional. Suas concepções influenciam as suas ações e o seu trabalho no dia-
a-dia, seus saberes necessários para sua docência.
Isto significa articular a teoria e prática e as relações existentes no decorrer
desse processo. Estudar o que acontece na sala de aula é tarefa primeira
daqueles que se encontram envolvidos com a educação, com a formação de
professores e comprometidos com uma prática pedagógica competente.
Iniciamos com uma discussão Teórico-Metodológico e, na seqüência
apresentamos o universo da pesquisa, quando situamos as Instituições de Ensino
Superior, nas quais o estudo foi realizado e, em particular, os sujeitos
participantes.
4.2 DISCUSSÃO TEÓRICO-METODOLÓGICO
O estudo tem um caráter qualitativo, a partir de entrevistas semi-
estruturadas e análise documental, com o objetivo de buscar dados e informações
concernentes ao objeto de nosso estudo.
Bogdan e Biklen (1994) apresentam a abordagem qualitativa de pesquisa
em educação e estabelecem cinco parâmetros. O primeiro parâmetro é que a
pesquisa qualitativa tem um ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento, ou seja, é considerado o contato
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
pesquisada.
O segundo parâmetro refere-se à coleta de dados, que são
predominantemente descritivos. O conjunto de materiais que a constitui é rico em
descrição de pessoas, situações, acontecimentos, incluindo as transcrições de
entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de
documentos, enfim, todos os dados efetivamente considerados reais são
importantes. Para Ludke e André (1986), “um aspecto supostamente trivial pode
ser essencial para melhor compreensão do problema que está sendo estudado”
(p. 12).
66
O terceiro parâmetro é que o resultado final não é único fator essencial,
mas o processo é a preocupação muito maior. Assim, a atenção do pesquisador,
ao estudar determinada questão, volta-se com maior intensidade à maneira como
ela se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas interações cotidianas.
O quarto parâmetro é em relação ao “significado” que as pessoas dão às
coisas e à sua vida e que são focos de atenção do pesquisador. Assim, o
pesquisador tenta compreender a maneira como os sujeitos da pesquisa encaram
as questões que estão sendo analisadas, ou seja, quais as “perspectivas dos
sujeitos pesquisados”. O pesquisador precisa cercar-se de cuidados, ao revelar
os pontos de vista dos sujeitos da pesquisa, e é observando com sua percepção
máxima, e encontrando meios de verificá-las, argumentá-las, abertamente com os
participantes ou comparando-as com outros pesquisadores que as questões
poderão ser ou não comprovadas.
O quinto parâmetro é em relação ao caminho que é traçado na análise dos
dados que tende a seguir um processo indutivo. O pesquisador busca premissas
que têm caráter menos geral que a conclusão, entretanto, existe um referencial
teórico que orientará a coleta e a análise dos dados. No início há focos de
interesse muito amplos, mas, no final, tornam-se mais específicos e diretos.
Tendo percorrido sobre a abordagem da investigação qualitativa na
Educação, que caracteriza nossa pesquisa, apresentar-se-ão os procedimentos
metodológicos utilizados na coleta de dados e os sujeitos da pesquisa e o relato
sobre o encaminhamento da análise.
4.2.1 Os Procedimentos
Para obtenção de subsídios concernentes ao objeto de pesquisa foram
utilizados instrumentos da pesquisa qualitativa, tais como: análise documental e
entrevistas semi-estruturadas.
67
4.2.2 O Documento
A análise documental, na concepção de Ludke e André (1986, p. 38) “pode-
se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos”,
viabilizando o acesso às fontes da investigação, e serve-se de um tratamento
analítico de materiais que podem contribuir para os objetivos da pesquisa. Como
nossa pesquisa apoiou-se na análise do Projeto Pedagógico dos cursos de
Licenciatura em Matemática das duas Instituições de Ensino Superior, universo
da nossa pesquisa, conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções, suas
relações com a estrutura da instituição tornou-se impressindível.
E para complementar nossa análise foi feito um estudo das leis, resoluções
etc., que criaram e definiram o caráter institucional dos cursos de Licenciatura em
Matemática.
4.2.3 A Entrevista
Utilizamos a cnica da entrevista por se configurar como uma forma de
interação social entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa, que se tornou parte
fundamental no processo de levantamento de dados.
Para Ludke e André (1986), a entrevista, mais do que outros instrumentos,
é uma das principais técnicas de trabalho da pesquisa qualitativa, por
proporcionar uma interação entre o pesquisador e o pesquisado; principalmente
nas entrevistas não totalmente estruturadas, por não haver uma ordem rigorosa
das questões, o entrevistado discursa sobre o tema a partir do conhecimento que
ele detem e que assume características de caráter espontâneo e de maior
autenticidade, o que não acontece com a utilização de outros tipos de técnicas.
No universo da pesquisa, a preocupação inicial foi a de conseguir
autorização nas Instituições de Ensino Superior, IES-A e IES-B para a realização
da pesquisa.
As entrevistas semi-estruturadas apresentaram uma parte comum
designada ao perfil dos depoentes
: 1- Dados pessoais, 2- formação acadêmica, 3-
68
experiência profissional como docente: Educação Infantil, Ensino fundamental e
Médio, Ensino Superior Bacharelado e licenciatura.
Uma segunda parte foi organizada com tópicos direcionados aos
professores da disciplina Prática de Ensino de Matemática
: seu cotidiano na
Licenciatura; o aluno hoje e sua motivação; as formas de avaliação; e as
condições de trabalho. Para uma maior compreensão dos sujeitos e das
instituições, foram criados cinco tópicos divididos por assuntos concernentes à
nossa pesquisa, os saberes envolvidos no trabalho; a cultura institucional; as
condições de trabalho; as implicações do trabalho na vida pessoal e a disciplina
Prática de Ensino.
Algumas perguntas foram elaboradas para os coordenadores dos cursos
da Licenciatura em Matemática, foram dividas em dois tópicos: o universo de
atuação como coordenador e suas implicações; e a Prática como componente
curricular.
Esse último tópico contemplava questões como: como a prática como
componente curricular, está alocada ao longo do curso? Que disciplinas
contemplam as práticas pedagógicas? Como é a articulação entre ela e as outras
disciplinas do curso? Qual a metodologia utilizada?
4.2.4 Universo da Pesquisa
Uma das dificuldades enfrentadas foi a escolha da instituição a ser
pesquisa.
A Escolha da Instituição de Ensino Superior para a realização
dessa Investigação procurou atender as seguintes características:
Ser uma instituição de Ensino superior Particular, com curso de
Licenciatura em Matemática de reconhecimento não recente, com
corpo docente qualificado, bem como, uma que não tivéssemos
vínculo empregatício e, principalmente, aceitasse a realização
desta pesquisa. (MANRIQUE, 2007, p. 14)
Uma das Instituições de Ensino Superior que escolhemos é uma
Universidade (IES-A), situada na Grande o Paulo, possui o curso de
69
Matemática desde 1969, e o curso de Licenciatura em Matemática foi reconhecido
em 2000, tendo conceito B.
O curso tem duração de três anos estruturado em seis semestres letivos,
com carga horária distribuída em 2160 h.a., equivalentes a 1800 horas
(Conteúdos curriculares de formação geral); 480 h.a., equivalentes a 400 horas
(Prática como componente curricular); 480 h.a., equivalentes a 400 horas (Estágio
Supervisionado); 240 h.a., equivalentes a 200 horas (Atividades Acadêmico
Científico Culturais), perfazendo um total de 3360 h.a., equivalentes a 2800
horas.
O CONSU (Conselho Universitário) autorizou o curso, Resolução 09/98 de
23 de abril de 1998, fixando 160 vagas no total, correspondentes aos períodos
diurno, vespertino e noturno.
A Universidade conta com 15 mil pessoas, formada por corpo docente
qualificado, a maioria com títulos de mestres e doutores; corpo discente e
funcionários. Fundada quase 40 anos, com os cursos de Matemática, Letras e
Pedagogia, a Universidade é marcada pela evolução constante, conforme seu
Projeto Pedagógico (2007). Tem por missão desenvolver o ensino, interagindo
produção Científica, extensão e atendimento à comunidade, no sentido de formar
profissionais competentes, éticos, conscientes de sua responsabilidade cidadã e
de seu compromisso com a Humanidade.
A outra Instituição de Ensino Superior é uma faculdade integrada (IES-B)
localizada também na Grande São Paulo e possui o curso de Licenciatura em
Matemática reconhecido desde 1975. Possui especialistas, mestres e doutores
em seu corpo docente, em torno de 10 professores. O curso de licenciatura em
Matemática tem duração de três anos, estruturado em seis semestres letivos, com
carga horária total de 3.000 horas-aula. A instituição oferece curso de pós-
graduação lato-sensu em Educação Matemática, com turmas abertas há três
anos consecutivos, tendo como foco a discussão da prática de sala de aula para a
comunidade de professores e interessados no ensino da matemática.
70
O referido curso de Licenciatura em Matemática possui 130 alunos
matriculados no primeiro ano, 95 alunos no segundo ano e 84 alunos no terceiro
ano. Esses dados fortaleceram a decisão por essa instituição.
4.2.5 Sujeitos de Pesquisa
Concedida a autorização, identificamos os sujeitos da nossa pesquisa: os
coordenadores C1 e C2 dos cursos de Licenciatura em Matemática da IES-A e
IES-B, respectivamente, e os formadores de professores de Matemática que
ministram a disciplina Prática de Ensino.
Os critérios utilizados para a escolha foram no intuito de abranger sujeitos
que atuassem nas instituições e que ministrassem disciplinas relacionadas à
Prática de Ensino. Foram escolhidos quatro sujeitos, P1, P2, P3, P4, com a
intenção de estudar suas concepções, metodologias e contribuições para o
processo de construção dos saberes docentes da disciplina de Prática de Ensino,
considerando as mudanças na grade curricular com as 400 horas de práticas,
propostas para os cursos de Licenciaturas pela (CNE/CP 2/2002).
Ainda com relação ao desenho do experimento, este foi divido em duas
etapas para as entrevistas: a primeira, com os coordenadores e a segunda, com
os professores.
O coordenador C1 atua na IES-A, sua formação é na Licenciatura em
Matemática (graduação), possui dois cursos de especialização Geometria e
Divulgação Científica, seu título de Mestre é na Educação Matemática e na época
da entrevista 29/10/2007 cursava Doutorado na área de Educação Matemática.
Sua experiência profissional como docente é de 20 anos, dos quais quinze
no Ensino Básico e 20 anos como professora do Ensino Superior concomitantes.
Devido à ocupação com a pesquisa do Doutorado, atualmente não acumula
nenhuma outra atividade.
71
O coordenador C2 atua na IES-B, sua formação é na Licenciatura em
Matemática (graduação), possui especialização em Matemática, e seus títulos de
Mestre e Doutor são na área de Educação Matemática.
Sua experiência profissional como docente é de 20 anos, dos quais quinze
no Ensino Básico e seis anos no Ensino Superior, na Licenciatura em Matemática,
acumulando o cargo de coordenador e professor de Prática de Ensino P3, é um
dos nossos professores entrevistados. Portanto, ele é o sujeito C2 e P3 e trabalha
em outra instituição federal na Grande São Paulo.
O Professor P1 atua na IES-A. Sua formação é Bacharel em Matemática,
possui apenas especialização em Matemática. Atua 33 anos na docência, dos
quais 25 no Ensino Básico e oito anos no Ensino Superior atuando nos cursos
Licenciatura em Matemática, Bacharelado em Matemática e Ciências da
Computação, não possui nenhuma formação na área da Educação.
O Professor P2 atua na IES-A. Sua formação é Bacharel em Matemática,
possui apenas especialização em Matemática Educacional. Atua dez anos na
docência, sendo todos no ensino superior, lecionando nos cursos de Bacharelado
e Licenciatura em Matemática.
O Professor P4 atua na IES-B, sua formação é Licenciatura em
Matemática, possui o título de Mestre em Educação Matemática na área de
Educação Infantil. Atua há 38 anos na docência, dos quais 26 anos no Ensino
Básico e, após aposentar-se como funcionário público da Secretária da Educação
do Estado de São Paulo, voltou a estudar ingressando no Mestrado em Educação
Matemática. Começou a lecionar no Ensino Superior, onde atua 12 anos na
Licenciatura em Matemática.
4.2.6 O Processo de Análise dos Dados
Para analisar os dados coletados em conformidade com a questão de
pesquisa, primeiramente transcrevemos as entrevistas na íntegra e realizarmos
diversas leituras. Durante esse processo procuramos identificar os aspectos mais
relevantes para nossa pesquisa.
72
Com isto, tentamos agrupar os dados em três eixos temáticos escolhidos
em concordância com a questão de pesquisa: 1) concepções que os professores
formadores têm da disciplina Prática de Ensino; 2) contribuições da disciplina para
articular teoria e prática por meio de atividades e 3) metodologia aplicada às aulas
de Prática de Ensino.
A partir daí, procuramos fazer a análise dos dados, buscando compreender
seus significados e identificar na fala dos sujeitos da pesquisa os eixos temáticos.
74
Capítulo 5
ANÁLISE DOS DOCUMENTOS E DAS ENTREVISTAS
5.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, analisaremos os Projetos Pedagógicos das duas
instituições e as entrevistas, dos professores e coordenadores dos cursos de
Licenciatura em Matemática, sem esquecermos do objetivo do nosso trabalho que
é tentar identificar como as 400 horas de prática são vivenciadas ao longo do
curso.
5.2 OS PROJETOS PEDAGÓGICOS
Começaremos nossa análise pelo projeto pedagógico do curso de
Licenciatura em Matemática da IES-A.
5.2.1 Projeto Pedagógico da IES-A
O objetivo principal do curso de Licenciatura em Matemática da IES-A é:
fornecer as condições necessárias para que o discente
desenvolva competências, habilidades, atitudes e valores
lastreados em um sólido conhecimento dos diversos conteúdos
curriculares característicos de Matemática, mas também quanto à
metodologia didática.
Desse modo, entende-se que a formação do professor deva
pautar-se em três postulados básicos:
75
- Vinculação entre os conteúdos específicos das áreas de
conhecimento e os saberes pedagógicos;
- Produção de conhecimentos de forma construtiva;
- Articulação entre teoria e prática (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-A, 2007, p. 6)
Assim sendo, o projeto pauta a atividade profissional do professor de
natureza pedagógica, vinculada aos objetivos educacionais de formação humana
e a processos metodológicos e organizacionais de construção de saberes e
modos próprios de ação.
Traz a necessidade do saber do docente transformar o saber científico ou
tecnológico em conteúdos formativos; selecionar conteúdos de acordo com
critérios lógicos e psicológicos em função das características de seus alunos e
das finalidades do ensino; utilizar métodos e procedimentos de ensino
específicos, inserindo-se numa estrutura organizacional onde participa das
decisões e das ações coletivas.
Para atender a estas demandas, o curso é estruturado de modo a
incorporar no conjunto de suas disciplinas a Prática de Ensino e a orientação para
o Estágio ao longo do curso. A visão interdisciplinar não é entendida como
transmissão de conhecimentos objetivados, mas também a construção destes por
meio de atividades que incentivem a pesquisa e o estudo.
A integração curricular das disciplinas é feita por meio de
articulações de conteúdos entre disciplinas da matemática entre si
e de outras áreas. Além disso, a relação da teoria com a prática é
peça-chave em todos os componentes curriculares e é feita tanto
pela escolha dos conteúdos, como pela escolha da estratégia
didático-metodológica adequada. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-
A, 2007, p. 7)
Nessa perspectiva, o projeto propõe que a prática ocupe um espaço
diferenciado, e permeando todas as disciplinas em seu conteúdo, estratégia
metodológica, mostrando uma adequação da sua proposta em relação à
CNE/CP9/2001 que propõe a Prática como sendo:
a) No interior das áreas ou disciplinas. Todas as disciplinas que
constituem o currículo de formação e não apenas as disciplinas
pedagógicas têm sua dimensão prática. É essa dimensão prática
que deve estar sendo permanentemente trabalhada tanto na
76
perspectiva da sua aplicação no mundo social e natural quanto na
perspectiva da sua didática.
b) Em tempo e espaço curricular específico, aqui chamado de
coordenação da dimensão prática. As atividades deste espaço
curricular de atuação coletiva e integrada dos formadores
transcendem o estágio e têm como finalidade promover a
articulação das diferentes práticas numa perspectiva
interdisciplinar, [...]. (MEC/CNE 09/2001, p. 45)
O objetivo do curso é também o de fornecer condições para o discente
desenvolver competências, habilidades, atitudes e valores embasados em um
sólido conhecimento dos diversos conteúdos curriculares próprios da Matemática,
além da formação pedagógica baseada nas pesquisas da área da Educação e
Educação Matemática.
Além da implementação de um currículo que cumpre o papel de garantir tal
formação, a direção do curso, em conjunto com a direção geral da instituição e
com os docentes, considera necessário adotar procedimentos como princípio
fundamental.
Dada a importância de cada um dos procedimentos mencionaremos
apenas o considerado especialmente relevante à nossa pesquisa: “garantir uma
formação que possibilite ao aluno vivenciar a realidade do ensino básico, seja
através do estágio supervisionado e das práticas, ou através de encontros com
pesquisadores na área de educação matemática.” (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-A, 2007, p. 8).
Ainda nesse sentido, os procedimentos adotados visam garantir as
possibilidades de desenvolvimento das competências e habilidades do licenciado,
conforme previstas no Parecer CNE/CP 1302/2001 e relaciona as competências e
habilidades específicas da Licenciatura em Matemática.
Elaborar propostas de ensino e aprendizagem de Matemática
para a educação básica.
Analisar, selecionar e produzir materiais didáticos.
Analisar criticamente propostas curriculares de Matemática
para a educação básica.
Desenvolver estratégias de ensino que favoreçam a
criatividade, a autonomia e a flexibilidade do pensamento
matemático dos educandos, buscando trabalhar com mais
ênfase nos conceitos do que nas técnicas, fórmulas e
algoritmos.
77
Perceber a prática docente de Matemática como processo
dinâmico, carregado de incertezas e conflitos, um espaço de
criação e reflexão, onde novos conhecimentos são gerados e
modificados continuamente.
Contribuir para a realização de projetos dentro da escola
básica. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 9)
Com relação ao Perfil do discente, é descrita sua característica em
concordância com o Parecer CNE/CP1302/2001. Em síntese, o perfil do professor
de Matemática que se deseja formar, “é o de um profissional com grande
competência para formular questões que estimulem a reflexão de seus alunos,
elabore hipótese e proposições de soluções aos problemas.” (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 10)
Ainda nesse sentido, que o professor proporcione em suas aulas um
ambiente de aprendizagem matemática, criando situações adequadas, por meio
de modelos que se adaptem às condições de aprendizagem.
Assim, identificar o papel a ser desempenhado por um professor de
matemática é tarefa essencial para delinear seu perfil:
como as competências profissionais referentes ao
comprometimento com valores sociais, à compreensão do papel
social da escola, ao domínio do conhecimento pedagógico, ao
conhecimento de processos de investigação que possibilitem o
aperfeiçoamento da prática pedagógica, ao gerenciamento do
próprio desenvolvimento profissional e as relativas ao domínio dos
conteúdos a serem socializados de seus significados em
diferentes contextos e de sua articulação interdisciplinar.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 10)
O curso conta com um total de 19 professores, sendo 1 doutor, 14 mestres
e 5 especialistas. Todos alocados em áreas de sua especialização de formação
ou áreas afins.
O corpo cnico administrativo específico do curso conta com: -
coordenação do curso, com dedicação de 16 horas semanais, com atribuição de
atendimento aos alunos, atendimento aos professores, serviços administrativos,
além de lecionar disciplinas no curso; - secretaria de coordenação, com duas
secretárias, período de 12 horas diárias, com atribuição de atendimento aos
alunos, professores e coordenação do curso, apoio à direção, secretaria, reitoria,
78
bem como quaisquer outras instâncias administrativas da Universidade; -
Técnicos de laboratórios de informática; - técnicos de laboratório de Física; -
Secretaria do Núcleo de Estágio.
O curso tem duração de três anos estruturado em seis semestres letivos,
com carga horária distribuída em 2160 h.a., equivalente 1800 horas
(Conteúdos curriculares de formação geral); 480 h.a., equivalentes a 400 horas
(Prática como componente curricular); 480 h.a., equivalentes a 400 horas (Estágio
Supervisionado); 240 h.a., equivalentes a 200 horas (Atividades Acadêmico-
Científico-Culturais), perfazendo um total de 3360 h.a., equivalentes a 2800 horas.
Os conteúdos curriculares de formação geral (1800 horas), em sua
proposta visam à formação de um professor crítico-reflexivo, que faça de sua
prática uma re-elaboração de ações que propiciem aprendizagem, bem como o
desenvolvimento de suas competências e habilidades.
As disciplinas são distribuídas ao longo dos semestres e nos tempos
previstos pelo currículo, tanto na formação geral como na formação profissional
do discente como futuro professor de Matemática, as áreas que compõem o curso
se subdividem em conjunto de disciplinas que conversam entre si, com funções
específicas.
Assim, na grade curricular de 2007, sua distribuição é feita de acordo com
a ordem que segue (a) Área relativa às linguagens e comunicações: -
Português, oficina de produção e interpretação de textos, composta de 4 aulas
semanais perfazendo um total de 80 h.a no primeiro semestre; - Introdução à
informática básica, com 2 aulas semanais totalizando 40 h.a no primeiro
semestre; - Libras: linguagem dos sinais, com 2 aulas semanais totalizando 40 h.a
no sexto semestre.
(b) Área relativa ao conhecimento matemático:- Introdução à Matemática
Superior, com 6 aulas semanais totalizando 120h.a no primeiro semestre; -
Cálculo Diferencial e Integral I, II, III e IV, com 4 aulas semanais totalizando 80h.a
no semestre seguindo a ordem numérica crescente, a partir do segundo semestre
até o quinto semestre; - Análise real com 4 aulas semanais totalizando 80h.a no
sexto semestre; - Complementos de Matemática I e II com 4 aulas semanais
79
totalizando 80h.a no primeiro e segundo semestres, respectivamente; - Geometria
Analítica I e II com 4 aulas semanais totalizando 80h.a no primeiro e segundo
semestres, respectivamente; - Álgebra Linear com 4 aulas semanais totalizando
80h.a no terceiro semestre; - Teoria dos Números com 2 aulas semanais
totalizando 40h.a no quarto semestre; - Fundamentos de Aritmética com 4 aulas
semanais totalizando 80h.a no quinto semestre; - Estruturas Algébricas com 4
aulas semanais totalizando 80h.a no quinto semestre; - Geometria Plana com 4
aulas semanais totalizando 80h.a no segundo semestre; - Geometria Espacial
com 4 aulas semanais totalizando 80h/a no terceiro semestre.
(c) A área que relaciona a Matemática com suas aplicações a outras áreas
do conhecimento e a sua prática pedagógica: - Física Geral e Experimental I, II e
III com 4 aulas semanais totalizando 80h.a, respectivamente segundo, terceiro e
quarto semestres; - Métodos Computacionais com 4 aulas semanais totalizando
80h/a no sexto semestre; - Matemática Financeira com 4 aulas semanais
totalizando 80h.a no quinto semestre; - Probabilidade e Estatística com 4 aulas
semanais totalizando 80h/a no quarto semestre; - História da Matemática com 2
aulas semanais totalizando 40h.a no sexto semestre; - Informática Aplicada à
Educação com 4 aulas semanais totalizando 80h.a no sexto semestre; -
Resolução de Problemas com 2 aulas semanais totalizando 40h.a no sexto
semestre.
(d) A área da formação pedagógica: - Psicologia do desenvolvimento e da
aprendizagem 2 aulas semanais totalizando 40h/a no terceiro semestre; - Didática
- teoria pedagógica com 2 aulas semanais totalizando 40h.a no quarto semestre; -
Política Educacional e Organização da Educação sica 2 aulas semanais
totalizando 40h.a no segundo semestre.
As Práticas Pedagógicas e o Estágio Supervisionado compõem a grade
curricular em 1000 horas, distribuídas da seguinte maneira: 400 horas Prática
como componente curricular, 400 horas Estágio Supervisionado e outras 200
horas para atividades Acadêmico/ Científico/ Culturais.
As disciplinas de Prática de Ensino e o Estágio Supervisionado são
descritas como elementos essenciais na formação do Professor com o intuito de:
80
desenvolver o espírito científico e crítico, objetivando uma prática
pedagógica coerente com as condições sociais e individuais do
aluno e da escola; exercitar a prática pedagógica com diferentes
procedimentos e recursos de ensino compreendendo seus
respectivos alcances e finalidades, assim como, oportunizar aos
discentes o desenvolvimento de suas potencialidades a fim de que
possam aplicar os conhecimentos do curso em tarefas teóricas e
práticas. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 19)
Ao analisarmos esta etapa do projeto que descreve a Prática como
componente curricular (400h), olharemos os objetivos, disciplinas, conteúdos e
ementas na perspectiva da nossa questão de pesquisa e objetivo geral.
A Prática como componente curricular é objetivada no projeto como forma
de:
propiciar condições para que o futuro professor vivencie
questões da prática matemática;
garantir um ensino que, longe de criar barreiras
epistemológicas para seus futuros alunos, deve propor
problemas que se constituam em fator de estímulo para a
pesquisa e o raciocínio do educando;
discutir o planejamento e os conteúdos matemáticos praticados
no Ensino Fundamental II e Ensino Médio à luz dos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Matemática através de uma
abordagem que possibilite fragmentar e reconstruir tais
conteúdos, para com isso elaborar e discutir estratégias de
ensino. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 19)
Segundo o projeto, os alunos vivenciam a Prática desde o segundo
semestre, por meio das disciplinas Laboratório de Ensino de Matemática I e II e
Prática de Ensino de Matemática III e IV. Os trabalhos são desenvolvidos sob a
forma de orientação durante as aulas e visam facilitar e enriquecer o trabalho do
futuro professor em sala de aula e são computadas nas atividades desenvolvidas
pelos discentes como carga horária não presencial.
Quanto às disciplinas de Prática de Ensino na matriz curricular, suas
ementas e carga horária são:
- Prática I: Laboratório de Ensino de Matemática, oferecida no
semestre, com 40h.a. de orientação em regime de pré-aula e mais 80h/a
de carga horária não presencial, em sua ementa destaca abordagens
didáticas dos conteúdos matemáticos do ensino fundamental e do ensino
81
médio, privilegiando a História da Matemática como recurso pedagógico
e os Parâmetros Curriculares Nacionais para discutir as concepções de
matemática e das abordagens para o ensino na escola básica.
Dos objetivos específicos:
Apresentar e discutir as tendências atuais em ensino de
Matemática, inclusive as sugeridas pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais, em particular estudar a História da
Matemática como instrumento pedagógico. Capacitar o aluno a
fazer uma leitura crítica e reflexiva dos livros didáticos de
matemática. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 59)
Dos conteúdos programáticos:
A Matemática nos currículos escolares.
Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio e para o
ensino fundamental.
Metodologia do ensino da matemática.
Didática da matemática.
O livro didático de matemática.
A história da matemática como instrumento pedagógico.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 59)
A bibliografia sica e complementar que consta na ementa tem por
objetivo contemplar as necessidades dos objetivos gerais e específicos.
- Prática II: Laboratório de Ensino de Matemática, oferecida no
semestre, com 40h.a. de orientação em regime de pré-aula e mais 80h.a
de carga horária não presencial, partindo da reflexão sobre o papel da
Matemática na cultura contemporânea, a disciplina possibilitará aos
futuros professores a vivência no manuseio, confecção e uso de
materiais pedagógicos e de jogos como recurso metodológico
relacionados nos PCNs, e o exercício da pesquisa, a partir de diversos
procedimentos e estratégias ligados a estes blocos de conteúdos.
Dos objetivos específicos:
Discutir o planejamento e os conteúdos matemáticos praticados
no Ensino Fundamental Ciclo I, II e Ensino Médio à luz dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática através de
uma abordagem que possibilite fragmentar e reconstruir tais
conteúdos, para, com isso, elaborar e discutir estratégias de
ensino.
82
Apresentar aos futuros professores um trabalho conexo entre
os conteúdos conceituais, procedimentais e os conteúdos
atitudinais, partindo dos temas matemáticos elencados nos
blocos de conteúdos dos PCNs, a fim de que estes futuros
profissionais percebam a possibilidade e as vantagens de um
trabalho que visa à construção do conhecimento em rede, em
detrimento a um trabalho que baseia a sua organização em
conteúdos seqüenciais. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-A,
2007, p. 68)
Dos conteúdos programáticos:
jogos como recursos metodológicos no ensino de Matemática;
materiais concretos: confecção e discussão sobre o uso na
escola Básica;
Temas trasnversais e a integração curricular.
Interdisciplinaridade e contextualização. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 68)
A bibliografia sica e complementar que consta na ementa tem por
objetivo contemplar as necessidades dos objetivos gerais e específicos.
- Prática III: Prática de Ensino de Matemática, oferecida no semestre,
com 40h.a. de orientação em regime de pré-aula e mais 80h/a de carga
horária não presencial, tem por objetivo refletir sobre o papel da
Matemática e das Ciências na cultura contemporânea; Caracterização do
aluno do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e o exercício da prática
de ensinar, a partir de diversos procedimentos e estratégias.
Dos objetivos específicos:
Abordar os Parâmetros Curriculares Nacionais para a Escola
Básica;
Analisar as abordagens metodológicas e os recursos
pedagógicos nestes documentos. (PROJETO PEDAGÓGICO,
2007 IES-A, p. 78)
Dos Conteúdos programáticos:
Breve histórico da Matemática Escolar no Brasil;
Reflexões Filosóficas e Psicopedagógicas sobre o ensino da
Matemática;
O conhecimento matemático como rede de conhecimento.
Recurso metodológico analisado: novas tecnologias
calculadoras, vídeos, computadores, internet;
83
Resolução de Problemas e Modelagem. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 78)
A bibliografia sica e complementar que consta na ementa tem por
objetivo contemplar as necessidades dos objetivos gerais e específicos.
- Prática IV: Prática de Ensino de Matemática Financeira, oferecida no
semestre, com 120h de carga horária não presencial, tem o objetivo de
ensinar aplicações da matemática financeira em resolução de problemas.
Dos objetivos específicos:
Aplicar os conceitos de Matemática Financeira em problemas
práticos, do cotidiano do aluno de ensino fundamental e médio
e de outras disciplinas do curso.
Analisar livros didáticos e outros materiais da Escola Básica
sob a perspectiva das aplicações de Matemática escolar.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-A, 2007, p. 88)
Dos conteúdos programáticos:
A aula e a organização do trabalho pedagógico com conceitos
de matemática financeira.
Metodologias nas aulas de Matemática Financeira.
Conceitos de Matemática Financeira aplicados ao dia-a-dia.
Análises de Livros didáticos e outros materiais didáticos.
Usos da calculadora financeira. (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-A, 2007, p. 88)
A bibliografia sica e complementar que consta na ementa tem por
objetivo contemplar as necessidades dos objetivos gerais e específicos.
Portanto, perfazemos um total de 480h.a., equivalente a 400 horas. As
disciplinas de Prática contam com um Laboratório de Ensino de Matemática,
instalado nas dependências da instituição e equipado com a lista de materiais,
para atividades de planejamento de projetos para o ensino de Matemática na
Escola Básica e também para atividades que proporcionem a construção de
conceitos matemáticos a partir do concreto.
Tais atividades são planejadas pelos docentes das disciplinas de Prática de
Ensino, Laboratório de Ensino, Estágio Supervisionado ou de quaisquer outras
disciplinas do curso.
84
Os laboratórios utilizados pelo curso são: Laboratório de Ensino de
Matemática; Laboratórios de Informática, Laboratório de Física. O laboratório de
Ensino de Matemática é de responsabilidade da Diretoria de Centro e é usado por
alunos de todos os semestre letivos, nas disciplinas Laboratório de Ensino de
Matemática; Prática de Ensino de Matemática; Estágios Supervisionados.
O laboratório de Ensino de Matemática pode ser usado como sala-
ambiente de disciplina, para atividades específicas de experimentação de uma
disciplina ou para desenvolvimentos de projetos de ensino de matemática para as
escolas básicas. Também abriga um acervo de painéis, posters e volumes de
trabalhos de conclusão de curso para consulta dos discentes.
Os materiais utilizados no Laboratório de Ensino de Matemática envolvem
kits com materiais didáticos confeccionados em borracha, plástico, madeira, metal
ou tecido e ficam acondicionados nos armários de metal, no próprio laboratório:
Blocos Lógicos, Áreas de Volumes, Conjuntos, Números e símbolos, Áreas dos
Polígonos, Cubo da Soma, Frações em Barra, Gráficos, Mandala Trigonométrica,
Teorema de Pitágoras, Relações Métricas no Triângulo retângulo, Análise
Combinatória, Jogo dos Múltiplos, Polinômios, Geoplano Quadrado, Círculo
Trigonométrico com triângulos, Jogo Probabilidade, Áreas no Círculo, Frações no
Hexágono, Escala Cuisenaire, lidos para Montar, Álgebra, Material Dourado,
Duas Cores, Frações circulares, Roleta Matemática, Jogo Avançando com o
resto, Geoplano Redondo, Áreas para o Geoplano, Tangram, Compasso de
madeira, Esquadro de madeira 45, Espelhos para simetria de reflexão,
Flanelógrafo, Quadro imantado com triângulos, Cores para Estatística, Sólidos de
Plástico: Pirâmide hexagonal, Pirâmide quadrada, Pirâmide triangular, Prisma
triangular, Prisma triangular, Prisma hexagonal, Prisma quadrado.
E ainda o laboratório de Ensino de Matemática possui três computadores
completos e uma impressora, softwares:
Sistema Operacional Windows 2000 Professional
Pacote Office
AvG Free; Excel; Word; Winzip;Acrobat Reader 5.0; Acces;
Visual Basic 6.0; Maple V Realease 5 (nos três computadores);
Hd Deskjet; Hd Impressão para foto; Windows Media Player(em
1 computador);
Delphi 7 (em 1 computador);
85
Fracionando (em 3 computadores);
Geometrando (em 3 computadores);
CabriGeometry (em 3 computadores);
Siracusa (em 1 computador);
Factory (em 1 computador);
Frac (em 1 computador);
Geometra (em 1 computador);
Thales (em 1 computador).(PROJETO PEDAGÓGICO IES-A,
2007, p. 106)
A IES-A possui sistema de auto-avaliação com instrumentos aplicados aos
alunos, que avaliam questões sobre o corpo docente, infra-estrutura, secretaria,
coordenação, biblioteca, dentre outros itens, contemplando as dimensões
estabelecidas pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(SINAES). Esta avaliação realizada pelo aluno tem periodicidade anual/
semestral.
Na IES-A observamos que o projeto está bem estruturado quanto à sua
clareza nas informações e organização, trazendo as questões necessárias para
atender as Diretrizes para o Ensino Superior e para as Licenciaturas.
No documento, a Prática é colocada como componente curricular e como
um espaço diferenciado para articulação entre a teoria e prática, mas a sua matriz
curricular não é condizente com essa proposta, pois apresenta duas disciplinas de
Prática em cada semestre a partir do segundo, uma com carga horária de 80 h.a.
não presencial e mais 40 h.a com orientação na pré-aula, não deixando claro
como as atividades dessa disciplina são cumpridas.
A disciplina de Prática que acontece na pré-aula, a presença não é
obrigatória e a avaliação é por meio de trabalho não desenvolvido nesse
período.
Em momento algum fica claro como são vivenciadas pelos alunos as
atividades de Prática como componente curricular e como eles são avaliados.
Principalmente as 80 h.a. que não são presenciais.
86
5.2.2 Projeto Pedagógico da IES-B
A segunda instituição IES-B, é uma faculdade integrada. A matriz
curricular do curso de Licenciatura em Matemática foi publicada em 27/12/2006, e
tem como principio norteador “uma visão de educação que entende como um
instrumental que possibilita a transformação do ser humano e,
conseqüentemente, da realidade humana.” (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-B
,
2006, p. 4).
A concepção do curso é a de compreender a Matemática que se apresenta
em diferentes aspectos, ora formativo, como estrutura do pensamento e do
raciocínio, ora em seu caráter instrumental, “como uma ferramenta a serviço do
homem e de sua necessidade no cotidiano e como uma ciência formal, exata,
rigorosa, abstrata sem deixar no entanto de ter ligações com o artístico e o
estético.” (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-B
, 2006, p. 5).
Por ser um curso de Licenciatura, o perfil do estudante atende ao propósito
dos profissionais tanto em seus saberes específicos como na forma que articulam
esses saberes. Sua competência deve atender a maneira com que colocam os
conhecimentos desenvolvidos durante o curso à disposição da melhoria da
qualidade de vida do cidadão.
O professor, em sua atuação, necessita demonstrar capacidade de
organizar, de assumir responsabilidades sociais, de cumprir deveres, participar da
vida escolar “e de produzir conhecimentos de forma criativa, crítica e capaz de
transformar a realidade.” (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-B
, 2006, p. 6).
O professor precisa ter uma postura científica que proporcione a
descoberta, o trabalho em equipes interdisciplinares, o desenvolvimento de
investigações no seu campo de interesse, a resolução de problemas, o
planejamento e execução de ações e também a formação humanística nas
dimensões: ética, sócio-cultural e cidadã.
O projeto pedagógico, dentro desta perspectiva, consolida abordagens
pedagógicas de modo a garantir aos alunos:
87
conhecimentos pedagógicos relacionados ao trabalho do
professor no seu papel social como educador;
uma sólida formação dos conteúdos matemáticos que os
permita ir além de aplicadores de técnicas;
uma formação que considere a evolução dos estudos da
educação matemática, que possibilite tanto a vivência crítica da
realidade do ensino básico, como também a experimentação de
novas propostas, estando preparado para avaliar os resultados
de suas ações por diferentes caminhos e de forma continuada;
percepção da contribuição que a aprendizagem da Matemática
pode oferecer à formação dos indivíduos para o exercício de
sua cidadania.
uma formação complementar obtendo conhecimento das
diversas aplicações da Matemática em outras áreas;
uma reflexão sobre metodologias e materiais de apoio de modo
a poder decidir, qual o melhor procedimento pedagógico para
favorecer a aprendizagem significativa da matemática,
possibilitando aos seus alunos desenvolver-se plenamente,
transcendendo, assim, a mera alfabetização numérica.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 7)
O objetivo principal do curso de Licenciatura em Matemática da IES-B é o
de formar professores para a Educação Básica, de forma adequada para uma
carreira de modo utilizar a Matemática como um processo de aprendizagem,
considerando a dinâmica da sociedade, os processos de produção de
conhecimento, a democratização da educação e o perfil dos formandos.
Além do objetivo principal, o curso busca abordar os conteúdos específicos
da matemática; contribuir para que o indivíduo reconheça seus direitos e deveres,
exercendo sua cidadania; estimular as práticas profissionais do professor de
matemática; superar as crenças inerentes à disciplina de matemática; assegurar a
compreensão dos diversos raciocínios típicos da matemática; desenvolver
habilidades no emprego das tecnologias, no processo ensino-aprendizagem;
desenvolver condições para o próprio aluno administrar sua formação contínua;
formar profissionais éticos.
Das competências e habilidades, o projeto propõe que se forme o
profissional com o perfil delineado, para tanto, necessita que o conjunto de ações
pedagógicas do curso de Licenciatura em Matemática proporcione condições para
o desenvolvimento do aluno:
expressar-se escrita e oralmente com clareza e precisão;
trabalhar em equipes multidisciplinares e exercer lideranças;
88
aprendizagem continuada, sendo sua prática profissional
também fonte de produção de conhecimento;
compreender, criticar e utilizar novas idéias e tecnologias para
a resolução de problemas;
contextualizar e inter-relacionar conceitos e propriedades
matemáticas, bem como de utilizá-los em outras áreas do
conhecimento e em aplicações variadas;
identificar fórmulas e resolver problemas na sua área de
aplicação, com a compreensão das questões contemporâneas,
utilizando rigor lógico-científico na análise da situação-
problema;
desenvolver uma visão histórica e crítica da matemática, tanto
no seu estado atual como nas várias fases da sua evolução;
analisar, selecionar e produzir materiais didáticos;
analisar criticamente propostas curriculares de matemática para
a educação básica;
desenvolver estratégias de ensino que favoreçam a
criatividade, a autonomia e a flexibilidade do pensamento
matemático dos educandos, buscando trabalhar com mais
ênfase nos conceitos do que nas técnicas, fórmulas e
algoritmos;
integrar vários campos da matemática para elaborar modelos,
resolver problemas e interpretar dados;
compreender e elaborar textos usando a linguagem
matemática;
discorrer sobre conceitos matemáticos, definições, teoremas,
exemplos e propriedades;
interpretação e representação gráfica; e
utilizar a geometria plana e espacial para resolver problemas,
extra e intra Matemática e de outras áreas. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 10)
Em sua estrutura curricular, o curso tem duração de 3 anos, em regime
semestral. O curso tem, ao todo, 3000 horas-aula sendo divididas em seu quadro
curricular, conhecimento específico 2000h.a, atividades complementares 200h.a,
prática 400h.a e Estágio supervisionado 400h.a.
Nessa perspectiva curricular, o projeto traz a apresentação do curso de
modo que o matriz curricular se constitua de disciplinas que apresentem fontes de
conhecimentos que abranjam os conhecimentos social, específico, psicológico,
pedagógico e curricular, possibilitando a articulação destes conhecimentos pelo
aluno.
O projeto pedagógico vigente na instituição é referente aos anos
2004/2005/2006 e a sua matriz curricular foi alterada em 27/12/2006, na sua
estrutura e na sua composição de disciplinas, que iremos utilizar ao longo das
descrições.
89
O conhecimento específico, é entendido como aquele que trata dos
conteúdos de matemática, ressaltando que sua abordagem irá buscar relacioná-
los com o mundo real, sua aplicação em outras áreas de conhecimento e sua
inserção na história da Matemática.
As disciplinas que o compõe são: Cálculo Diferencial e Integral I, II, III e IV,
cada qual com sua carga horária de 80 h/a semestral respectivamente no
segundo, terceiro e quarto semestres; Fundamentos da Matemática Elementar I e
II, cada qual com sua carga horária, respectivamente de 120h/a no primeiro
semestre e 40 h/a no segundo semestre; Geometria I, II, III e IV, cada qual com
sua carga horária de 80 h/a semestral, respectivamente no primeiro, segundo,
terceiro e quarto semestres, Geometria Analítica I e II, cada qual com sua carga
horária de 80 h/a semestral, respectivamente no primeiro e segundo semestres;
Álgebra Linear, sendo sua carga horária de 80 h/a no terceiro semestre; Teoria
dos Números, sendo sua carga horária de 80 h/a no quarto semestre; Estatística
e Probabilidade, com carga horária de 40 h/a no terceiro semestre; Matemática
Financeira, cuja carga horária é de 80 h/a no sexto semestre; Fundamentos da
Análise I e II, sendo suas cargas horária de 80 h/a semestral, respectivamente
nos quinto e sexto semestres; Álgebra I e II, cada qual com sua carga horária,
respectivamente de 80 h/a no quinto semestre e 40 h/a no sexto semestre.
A área do conhecimento Social, trata da função social do ensino, das
relações de trabalho, das intersecções com outras áreas de conhecimento que
envolvem os aspectos instrumentais-históricos da Matemática. As disciplinas que
compõem esse conhecimento o: Leitura e Produção de Texto, História e
Filosofia da Ciência, Sociedade e Educação, Legislação e Políticas Educacionais,
cada qual com carga horária de 40 h/a respectivamente no primeiro, quarto,
quinto e sexto semestres.
As disciplinas que compõem o conhecimento psicológico o aquelas
entendidas como responsáveis pelo processo de aprendizagem que são:
Psicologia da Educação e Prática I, II, III, IV, V, VI distribuídas em todos os
semestres e inseridas no horário de aula com carga horária de 20 h/a.
90
Sendo assim, no projeto pedagógico, a Prática é considerada como a
disciplina que visa coordenar e possibilitar a articulação entre a prática e a teoria
estudada nas disciplinas, tendo sua distribuição na grade horária e curricular, ou
seja, não apenas dentro de um espaço disciplinar, mas também de um espaço
interdisciplinar.
Esse espaço interdisciplinar na grade curricular consta como atividades
Práticas de Formação com carga horária de 50 h/a por semestre e distribuídas
nas disciplinas das outras áreas de formação. No projeto não consta como essas
horas/aulas são distribuídas para cada disciplina.
E dentro desse contexto, todas as disciplinas terão que contemplar uma
parte teórica e outra prática e o professor que for responsável pela disciplina
Prática estará incumbido de acompanhar o desenvolvimento dos alunos.
Ao final de cada semestre, esse professor, a partir da análise dos trabalhos
feitos pelos alunos, informará se o aluno cumpriu a carga horária destinada à
prática. No projeto não fica evidenciado como esse professor avaliará o que o
aluno fez nas outras disciplinas e se cumpriu a atividade.
No trabalho de conclusão de curso (TCC), o aluno deverá elaborar e
desenvolver um projeto baseado no conhecimento teórico e nessa vivência da
Prática, “com o intuito de que o aluno solidifique o significado da busca teórica
fundada na Prática”. (PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2007, p. 16).
Assim, na busca por subsídios para a nossa questão de pesquisa,
abordaremos as ementas das disciplinas de Prática.
Na Prática I visa-se à elaboração de situações didáticas para ensino/
aprendizagem de potências, produtos notáveis, equações e inequações tendo
como suporte aspectos teóricos da Educação Matemática.
Dos objetivos:
possibilitar ao aluno desenvolver processos próprios de
investigação para a descoberta de conceitos, procedimentos e
propriedades. Evoluir na análise e seleção de materiais didáticos,
criar propostas para o ensino/aprendizagem de conteúdos
matemáticos dos ensinos fundamental e médio, envolvendo
recursos da História da Matemática e das mídias. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 27)
91
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam atualmente o que é: ser
professor, ser aluno, ensinar e aprender Matemática.
Análise, discussões e construção de situações didáticas
abordando os seguintes conteúdos do ensino básico: Potências;
Fatoração; Equações e Inequações. (PROJETO PEDAGÓGICO
IES-B, 2006, p. 27)
Metodologia:
As noções propostas serão desenvolvidas através de situações-
problema que envolverão: - aulas expositivas; - análises de
situações propícias a cada um dos itens estudados,- leitura e
discussão de trabalhos que aplicam essas noções,- análise dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática- 3º e 4º ciclos e
Ensino médio; - análise de livros didáticos. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 27)
Na Prática II visa-se à elaboração de situações didáticas para
ensino/aprendizagem dos conjuntos dos números inteiros e dos racionais, tendo
como suporte aspectos teóricos da Educação Matemática.
Objetivo possibilitar ao aluno:
a percepção de que para que ocorra a disponibilidade de um
conhecimento há que se construí-lo levando em conta aspectos
cognitivos e didáticos além dos matemáticos;
o desenvolvimento da capacidade de analisar e selecionar
material didático; criar propostas para o ensino/aprendizagem
de conteúdos matemáticos dos ensinos fundamental e médio,
envolvendo recursos da História da Matemática e das mídias.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 32)
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam o ensino/aprendizagem
em Matemática: Campo conceitual aditivo de Gérard Vergnaud;
Campo conceitual multiplicativo de Gerard Vergnaud; Análise,
discussões e construção de situações didáticas abordando os
seguintes conteúdos do ensino básico: Conjunto dos números
inteiros; Operações com números inteiros; Conjunto dos números
racionais; Operações com números racionais. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 32)
92
Metodologia
As noções propostas serão desenvolvidas por meio de
situações-problema que envolverá:- aulas expositivas; -
análises de situações propícias a cada um dos itens
estudados, - leitura e discussão de trabalhos que aplicam
essas noções, - análise dos Parâmetros Curriculares
Nacionais de Matemática - 3º e ciclos e Ensino médio; -
análise de livros didáticos.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B,
2006, p. 32)
Na Prática III visa-se à elaboração de situações didáticas para
ensino/aprendizagem de números reais, produtos notáveis, fatoração, equação e
inequação do grau, tendo como suporte aspectos teóricos da Educação
Matemática.
Dos objetivos:
Possibilitar ao aluno desenvolver processos próprios de
investigação para a descoberta de conceitos, procedimentos e
propriedades. Evoluir na análise e seleção de materiais didáticos.
Criar propostas para o ensino/aprendizagem de conteúdos
matemáticos dos ensinos fundamental e médio, envolvendo
recursos da História da Matemática e das mídias. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 39)
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam o ensino/aprendizagem
em Matemática: a dialética ferramenta-objeto de Règine
Douady; as etapas da resolução de problemas de Polya;
construção de redes de conhecimento.
Análise, discussões e construção de situações didáticas
abordando os seguintes conteúdos do ensino básico:
Potencias; Fatoração; Equações; inequações. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 39)
Metodologia:
As noções propostas serão desenvolvidas através de situações-
problema que envolverão: - aulas expositivas; - análises de
situações propícias a cada um dos itens estudados; - leitura e
discussão de trabalhos que aplicam essas noções; - análise dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática - e ciclos
e Ensino médio; - análise de livros didáticos. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 39)
93
Na Prática IV visa-se à elaboração de situações didáticas para
ensino/aprendizagem de equações e inequações do grau, introdução à
geometria, estudo de figuras planas e não planas, tendo como suporte aspectos
teóricos da Educação Matemática.
Objetivo de possibilitar ao aluno:
criar estratégias de resolução de problemas com riqueza e
elegância crescentes; argumentar em busca de consenso, com
adequação e respeito ao pensamento dos outros; evoluir na
análise e seleção de materiais didáticos;
criar propostas para o ensino/aprendizagem de conteúdos
matemáticos dos ensinos fundamental e médio, envolvendo
recursos da História da Matemática e das mídias. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 46)
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam o ensino/aprendizagem
em Matemática: Os níveis de Van Hiele para o ensino de
geometria; As habilidades espaciais segundo Alan Bishop; Espaço
físico e geometria colocações de Colete Laborde. Análise,
discussões e construção de situações didáticas abordando os
seguintes conteúdos do ensino básico: Equações e inequações do
grau; Dos sólidos à geometria plana; Poliedros e polígonos;
Semelhança e homotetia; Esfera, circunferência e círculo.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 46)
Metodologia
As noções propostas serão desenvolvidas através de situações-
problema que envolverão: - aulas expositivas; - análises de
situações propícias a cada um dos itens estudados, - leitura e
discussão de trabalhos que aplicam essas noções, - análise dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática- 3º e 4º ciclos e
Ensino médio; - análise de livros didáticos. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 46)
Na Prática V visa-se à Elaboração de situações didáticas para
ensino/aprendizagem dos conceitos de área e unidades de medida de área, dos
conceitos de volume e unidades de medida de volume, cálculos de áreas e
volumes, tendo como suporte aspectos teóricos da Educação Matemática.
94
Dos objetivos:
possibilitar ao aluno:desenvolver processos próprios de
investigação para a descoberta de conceitos, procedimentos e
propriedades; - evoluir na análise e seleção de materiais
didáticos;- criar propostas para o ensino/aprendizagem de
conteúdos matemáticos dos ensinos fundamental e médio,
envolvendo recursos da História da Matemática e das mídias.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 53)
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam o ensino/aprendizagem
em Matemática:- Contrato didático segundo Guy Brousseau; -
Geometria e construção de conceitos aritméticos – algumas
inter-relações – Regina Pavanello
Análise, discussões e construção de situações didáticas
abordando os seguintes conteúdos do ensino básico:- Conceito
de área e de unidades de medida de área; - Obtenção da área
de figuras planas; - Conceito de volume e de unidades de
volume; - Obtenção de volume de sólidos geométricos.
(PROJETO PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 53)
Metodologia:
As noções propostas serão desenvolvidas através de situações-
problema que envolverão: - aulas expositivas; - análises de
situações propícias a cada um dos itens estudados, - leitura e
discussão de trabalhos que aplicam essas noções, - análise dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática- 3º e 4º ciclos e
Ensino médio; - análise de livros didáticos. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 53)
Na Prática VI visa-se à elaboração de situações didáticas para
ensino/aprendizagem para a introdução ao estudo das funções, das funções de
e 2º graus, exponenciais e logarítmicas, e de problemas de contagem, tendo
como suporte aspectos teóricos da Educação Matemática.
Objetivos:
Possibilitar ao aluno: - desenvolver processos próprios de
investigação para a descoberta de conceitos, procedimentos e
propriedades; - evoluir na análise e seleção de materiais didáticos;
- criar propostas para o ensino/aprendizagem de conteúdos
matemáticos dos ensinos fundamental e médio, envolvendo
recursos da História da Matemática e das mídias. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 59)
95
Conteúdo Programático:
Pressupostos teóricos que caracterizam o ensino/aprendizagem
em Matemática: - Fazer matemática em sala de aula – Chevallard;
- Construção de redes de conhecimento.
Análise, discussões e construção de situações didáticas
abordando os seguintes conteúdos do ensino básico: - Introdução
ao estudo das funções; - Funções do e graus; - Funções
exponencial e logarítmica; - Problemas de contagem. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 59)
Metodologia:
As noções propostas serão desenvolvidas por meio de situações-
problema que envolverão: - aulas expositivas; - análises de
situações propícias a cada um dos itens estudados,- leitura e
discussão de trabalhos que aplicam essas noções,- análise dos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática- 3º e 4º ciclos e
Ensino médio;- análise de livros didáticos. (PROJETO
PEDAGÓGICO IES-B, 2006, p. 59)
As disciplinas que compõem o conhecimento pedagógico e curricular, são
consideradas como aquelas que evidenciam os critérios de ensino, que são:
Metodologia Científica, Didática, Didática da Matemática, cada qual com carga
horária de 40h/a respectivamente no segundo, quarto e quinto semestres.
As disciplinas correspondentes ao conhecimento Matemático são
intercaladas em todos os períodos por disciplinas correspondentes ao
conhecimento social, psicológico e didático para que a articulação de
conhecimento forme uma rede de significação.
A IES-B avalia seu projeto pedagógico por meio do colegiado, que também
elabora projetos para melhorar sua qualidade. Essa avaliação é feita junto aos
corpos docente, discente e representantes de classe por meio de formulários
próprios que analisam as disciplinas e seus conteúdos, atuação de professores e
coordenação. A avaliação também busca contemplar o desenvolvimento do
currículo, desempenho do aluno e avaliação interna.
O projeto traz diretrizes para as atividades acadêmico-científico-culturais
que compõem 200 h/a na matriz curricular. É composta por tarefas que colocam o
aluno em contato com as pesquisas e possibilitam a criação de espaços
acadêmicos de nivelamento e aprofundamento de conhecimentos da educação
96
básica do aluno do curso de licenciatura, por meio de várias atividades. Entre elas
podemos citar produções coletivas, monitorias, resoluções de situações-
problema, projetos de ensino etc.
O curso conta com um total de 13 professores, sendo 1 doutor, 8 mestres e
4 especialistas. Todos alocados em áreas de sua especialização de formação ou
áreas afins.
Na IES-B percebemos que seu projeto pedagógico aponta para algumas
mudanças no sentido de atender as novas diretrizes. Uma delas é a mudança na
grade curricular, aprovada em 12/2006, em que a Prática aparece como um
componente curricular alocado desde o primeiro semestre e de forma
interdisciplinar e disciplinar, para que a articulação dos conteúdos teóricos esteja
presente em todas as disciplinas, mas sendo supervisionado por um espaço
diferenciado que são as disciplinas de Prática I, II, III, IV, V, VI.
Em sua nova grade curricular esses espaços estão bem dimensionados
não deixando dúvidas quanto à distribuição da carga horária. O que não fica muito
claro é como será feita a avaliação referente a esse componente.
Nas ementas das disciplinas de Prática, observamos que se propõe um
trabalho com suporte nos teóricos da Educação Matemática, mostrando um
avanço na didática envolvida e uma abordagem dos PCNs em alguns semestres,
dando indícios de uma adequação para o Ensino Básico.
E na articulação das disciplinas de Prática com as outras disciplinas por
meio do espaço interdisciplinar Atividades Práticas de Formação, não existe
nenhuma indicação de como deverá acontecer. Assim, não fica claro como o
professor fará a avaliação das Atividades Práticas de Formação, que é de sua
responsabilidade. Nesse sentido, as entrevistas contribuíram para uma melhor
compreensão da alocação das 400 horas de Prática como componente curricular.
97
5.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS
Para que possamos entender o papel dos coordenadores, frente ao curso
de Licenciatura em Matemática, traremos aqui algumas considerações e reflexões
feitas durante a entrevista e, depois, as considerações dos professores.
5.3.1 Os coordenadores de curso, sua atuação e seus desafios
Com relação às atribuições dos coordenadores nas instituições de ensino
superior, observamos que, além das questões burocráticas, eles resolvem uma
série de problemas relacionados a professores e alunos:
Na coordenação temos dois tipos de trabalho que chamo de
burocrático, papel no qual verifico, por exemplo, dispensa dos
alunos que vêm transferidos de outra Instituição, autorizações
para professores utilizarem alguns tipos de aparelhos em sala etc.
Parte no qual temos mais contato com alunos dando orientações
gerais horários aos alunos em relação às disciplinas, orientação
em relação aos estágios.
Quanto ao professor, oriento em relação às atividades e quando
há problemas em sala faço a intervenção.
Participo de reuniões em andamento do curso; no geral com a
reitoria e diretoria [...] (C1, SIC)
Como coordenador tenho funções diversas, eu contrato
professores, organizo horário de aula, se algum professor chega
atrasado tenho que contornar a situação, quando o aluno precisa
conversar tenho que disponibilizar um horário para ele e todos os
problemas que eventualmente possam acontecer. (C2, SIC)
Os coordenadores mencionam que, entre suas atribuições variadas, está a
elaboração do projeto pedagógico e que é realizada unicamente por eles, sendo
que serão os professores quem o colocarão em prática:
[...] já outro tipo de trabalho o mais pedagógico, organizo o projeto
pedagógico, revisão das ementas, atualização de todas elas,
revisão bibliográfica de acordo com a legislação para poder
manter atualizado. (C1, SIC)
[...] é responsabilidade do coordenador o projeto pedagógico, a
única coisa que os professores participam é com a elaboração das
ementas quando é feita alguma alteração na matriz curricular,
como aconteceu em dezembro 2006, o professor responsável pela
disciplina é que altera o que for necessário e me passa para que
possa alterar o projeto pedagógico. Esse processo de mudança é
sempre para o curso que está iniciando e nunca para o que para o
98
que está em andamento, logo a alteração completa demora seis
semestres. (C2, SIC)
Nesse discurso, o coordenador C1 concentra toda a responsabilidade da
atualização do projeto pedagógico para ele, o C2 divide a tarefa de atualização
das ementas com os professores.
Com relação ao perfil dos professores que atuam no curso de Licenciatura
em Matemática e sua formação acadêmica ser ou não voltada para a Educação
Matemática, não há uma preocupação nesse sentido.
É bastante heterogêneo aqui neste curso, temos professores que
fizeram mestrado em Educação Matemática, inclusive na PUC,
tem duas professoras, e tem eu também. A maioria fez
Licenciatura e Bacharelado em Matemática mesmo, uma fez
mestrado em Matemática Pura e outros têm assim mestre em
Física, em Engenharia, Informática e tenho vários professores
com curso de especialização em Matemática. (C1, SIC)
Tem professores com formações diversas, ainda não é possível
ter todo o quadro com formação específica em Educação
Matemática, isso pode ser uma tendência para o futuro. Procuro,
pelo menos, na área pedagógica adequar o professor com
formação específica. (C2, SIC)
O documento produzido pela SBEM, analisado no capítulo três deste
estudo, aponta que repensar os Curso de Licenciatura significa repensar também,
de forma articulada, o perfil do formador de professores.
É necessário que haja coerência entre o perfil do professor, o
perfil do curso e o do profissional que se quer formar. (SBEM,
2003, p. 26)
Para o coordenador da IES-A, os professores com formação específica na
área da Educação e os que não possuem formação específica conseguem um
entrosamento nas discussões pedagógicas, para que possam articular os
conhecimentos interdisciplinares.
Eu acho que um entrosamento pelo seguinte, os professores
que estão trabalhando no curso de Licenciatura eles têm bastante
experiência na Licenciatura, então eles se deram conta que
precisa mesmo discutir isso, se deram conta que é uma
legislação nova é que o projeto pedagógico baseado numa
construção pedagogia diferente. Eu acho que está por conta até
da boa vontade deles as discussões e esse entrosamento. Os
professores que tenho aqui eles colaboram bastante com curso
eles têm um nível mais de querer saber, discutir mais. (C1, SIC)
99
5.3.2 Os coordenadores e a discussão sobre a articulação entre os
diferentes componentes curriculares
Nessa discussão, os coordenadores têm interpretações distintas quanto à
distribuição das 400 horas de Prática. Para o coordenador C2 essas horas devem
estar em espaços distintos:
É temos dois espaços: um espaço que com o professor de prática
e outro espaço que é no interior de cada disciplina. Tanto um
espaço como outro acreditando que ainda não está assim em
nível bom, ainda está deixando a desejar. Primeiro pela falta de
experiências dos professores em lidar com esta nova situação que
é a Prática e também falta de discussões do que é esta Prática no
Ensino Superior no Curso de Licenciatura em Matemática. (C2,
SIC)
E ainda o coordenador C2 entende que as horas de Prática devem ser
presenciais tanto na disciplina específica de Prática como no interior dos outros
componentes curriculares:
É presencial, então é assim no interior de cada disciplina tem o
componente curricular vamos supor Fundamentos da Matemática,
então ele tem 80 horas de Fundamentos da Matemática que
ele também desenvolve algumas atividades sobre a Prática
nessas 80 horas, não é que ele tem além das 80 mais 10 horas de
Prática presencial. (C2, SIC)
A perspectiva de Prática para o C2 é no sentido de privilegiar espaços em
diferentes momentos do aprendizado do aluno.
[...] o que eu entendo a respeito disto que eles pedem exatamente
isso que seja em cada disciplina e ao mesmo tempo ter um
espaço para essa articulação. Só que dentro de cada disciplina eu
não entendo que é um momento para Prática eu acredito que
todos os momentos da disciplina têm que estar relacionado com a
prática e isso que eu acho que ainda não está bom no curso,
porque existem alguns momentos que o professor olha, faz uma
referência à prática do futuro professor até em termos de
conteúdo, mas tem muitos momentos ali internos na disciplina de
conteúdos, conceitos tal que não têm a menor relação com a
prática desse futuro professor. Então ainda existe essa dicotomia
ora teórica ora um pouco mais prática. Ainda isso daí. (C2,
SIC)
Para o coordenador C1 da IES-A, as horas de prática podem ser cumpridas
por meio de atividades ou pesquisas feitas à distância e entregues para o
100
professor da disciplina de Prática, que orienta essas atividades no horário de pré-
aula com duração de uma hora semanal.
Na verdade assim a gente não tem as 400 horas como hora aula
mesmo, a gente tem algumas horas aulas tem uma diferença.
E, para falar a verdade é assim, a maior parte da distância está na
grade de 2006, na verdade que 2004 tem mudado esta grade.
Porque eles têm 5 disciplinas de Prática de Ensino de uma hora
semanal e uma hora que foi colocada em uma pré-aula, então
nem todos os alunos conseguem chegar, a professora acaba
dividindo a turma. Na verdade os alunos que vão à aula deste
professor quinzenalmente e passam depois esse trabalho como
complementação da carga horária, então tem menos hora
presencial e mais a distância, então se você for contar mesmo
uma aula semanal é pouco 20 horas aulas por semestre. (C1,
SIC)
O coordenador C1 reconhece que essa não é a melhor maneira de alocar
as 400 horas de Prática como componente curricular e está alterando a matriz
curricular para o segundo semestre de 2007 com duas aulas presenciais no
horário de aula e o restante como forma de atividades não presenciais:
É na grade de 2007, a gente já tem no horário mesmo de aula,
2 horas aulas semanais então 40 aulas semestrais na primeira
prática e mais 80 à distância, na segunda também 40 horas
semanais, mais um tanto a distância, tem também uma carga
grande a distância mas tem um pouco mais de horas presenciais
ai para professor discutir assim alguma mais profundamente, e
não é uma discussão tão superficial como é na grade de 2004.
(C1, SIC)
Apesar de reconhecer a necessidade de aulas presenciais de Prática, e
quando perguntada sobre a articulação da disciplina de Prática com outras com
outras áreas de conhecimento deixa claro que não existe:
Não tem. Isto é um defeito, eu reconheço, mas não tem [...] (C1,
SIC)
Para coordenador C1 a perspectiva de Prática como componente curricular
resume-se nas atividades de uma única disciplina que deveria articular a teoria
com a prática:
Essa articulação eu imagino o seguinte, que o professor na aula
de Prática ele deve discutir como ensinar a matemática na escola
básica, pedir seminários eu acho que mais nesse tipo de atividade
na metodologia da aula e nos estágios como tem um orientador, a
101
gente pede que o professor discuta com aluno como fazer um
projeto de estágio, o que aluno pode ou não pode fazer na escola,
então o professor pega a ementa com essa articulação, eu não
interfiro muito na aula do professor, então para falar a verdade eu
não sei se o professor está seguindo exatamente aquilo que está
na ementa, porque cada sala tem um andamento né, então assim
pelas conversas mais informais, eles estão seguindo, tão fazendo
o que está previsto realmente, mas a gente não tem aquele
acompanhamento mais de perto. (C1, SIC)
Com relação ao depoimento dos coordenadores, podemos dizer, que
tensões entre o que está escrito no projeto pedagógico e o que acontece no dia-a-
dia do curso. Existe dificuldade em buscar soluções para implantação do projeto
de maneira a atender as necessidades do curso. Se pensarmos que o curso deve
ser cumprido em seis semestres, a carga horária é bastante extensa, dificultando
a distribuição das 3000 horas nesse espaço de tempo.
Tanto na IES-A e na IES-B, grande parte das 400 horas não é cumprida,
mas está proposta na matriz curricular, dando indícios de uma tentativa de
adequação do currículo dos cursos de Licenciatura em Matemática.
A superação dessas dificuldades poderia ser encontrada por meio de
discussões coletivas com professores, coordenadores e alunos, como sendo
espaços para reflexão na tentativa de buscar soluções para a reformulação dos
cursos de Licenciatura, na intenção de adequá-los às diretrizes para o Ensino
Superior.
A tarefa de refletir sobre a Prática e qual a melhor maneira de adequá-la no
currículo dos cursos de licenciatura não deve ser responsabilidade única dos
coordenadores, mas de todos envolvidos no processo de ensino. Refletir sobre
essa temática é uma tarefa desafiadora.
Entendemos que todos os envolvidos na área da educação, podem buscar
caminhos favorecedores e esclarecedores para que a prática como componente
curricular seja um elemento articulador de um fazer docente, pelas ações e
práticas, num processo contínuo de reflexão e construção. No documento
produzido pela SBEM (2003):
102
[...] um dos aspectos fundamentais na implementação de um
projeto pedagógico é o engajamento de todos os envolvidos no
seu processo de construção: professores, estudantes e
funcionários das instituições. Esse engajamento é reflexo de duas
atitudes fundamentais: competência e compromisso. (SBEM,
2003, p. 26)
5.3.3 Os professores de Prática de Ensino, sua atuação e seus desafios
Os professores, de um modo geral, afirmam que um dos principais desafios
é o desinteresse do aluno em ser professor, pois a grande maioria não tem
intenção de seguir carreira, apenas querem o diploma universitário para suprir a
necessidade do mercado de trabalho ou como uma forma de ascensão social e
até mesmo como opção de emprego. E como a licenciatura é um curso barato, a
escolha é feita nesse sentido.
Para o professor P2, a escolha do aluno pelo curso de Matemática é
circunstancial:
Eles querem um diploma de nível superior. A escolha da
Matemática também é circunstancial. Muitas vezes eles falam que
é pelo preço, que é um dos cursos mais baratos, mas eles não
têm uma vocação específica nem para Matemática e menos ainda
para docência, né. Eles optam por outras razões pela duração do
curso, é um curso rápido em relação a outros ele tem três anos,
outros cursos são quatro, o valor da mensalidade eles usam este
tipo de justificativa. (P2, SIC)
Para o professor P1, a escolha é para atender a necessidade do mercado
de trabalho que cobra uma formação no Ensino superior, muitas vezes não
importando qual seja:
Existem muitas indústrias que estão exigindo um diploma de curso
superior não importa qual, então eles vêm para isto também. Tem
muitos alunos que estão terminando e já até terminaram o curso
que eles falam que não tem condições nenhuma de enfrentar uma
sala de aula e que eles estão aqui simplesmente porque a
empresa está exigindo um diploma de curso superior. (P1, SIC)
O professor P3 afirma que a escolha do curso para o aluno é uma forma de
ascensão social ou uma possibilidade de emprego:
103
Uma possibilidade de emprego ou uma forma de ascensão social,
muitas vezes não é o desejo maior nada disso, mas não tem
condições de fazer uma outra faculdade, o curso de Licenciatura é
um curso barato, então acaba fazendo por conta disto, é um curso
rápido, emprego porque queira ou não ele tem garantia de
emprego, então acaba vindo por essas questões. (P3, SIC)
Para o professor P4, a escolha do curso para o aluno é uma possibilidade
de emprego e para ganhar mais:
[...] algo que me desestruturou logo que eu cheguei aqui, quando
perguntei a eles porque queriam ser professor, eles queriam ser
professores para melhorar de vida, quer dizer o patamar de ganho
deles é muito baixo.
É um salto na economia deles, em termos de salário, que para
eles é significativo, então é uma coisa assim, e matemática tem
bastante aula, é mais garantia dar aula para pegar aula. (P4, SIC)
Em seus discursos os professores relatam que os alunos chegam a
graduação com pouco conhecimento matemático, com pouquíssimo
conhecimento cultural, não dominam a escrita e a leitura, e tem pouco tempo para
se dedicar aos estudos.
[...] outro fator, a nossa clientela é de uma pobreza cultural
enorme, nós temos gente muito boa, gente muito interessada,
mais culturalmente pobre, com uma formação precária quando
eles estão chegando agora, ou são pessoas que pararam de
estudar a muito tempo, fizeram supletivo [...] então nós temos uma
variedade de situações enorme, a gente enfrenta, alunos com
rombo de conhecimento enorme, com total dificuldade de leitura,
as vezes eles param a gente para perguntar o significado de uma
determinada palavra que a gente falou, e a gente não fala difícil, a
gente procura ter a linguagem mais simples possível, e mesmo
assim algumas coisas eles não entendem, é essa nossa clientela
[...] (P4, SIC)
No relato dos professores, com relação à sua atuação no curso de
Licenciatura em Matemática e especificamente na disciplina de Prática de Ensino,
eles não deixam claro como articulam as atividades das aulas de prática com os
conteúdos das outras disciplinas, ou mesmo qual a melhor maneira de integrar o
conhecimento específico com a prática.
Ao perguntar ao professor P1 qual era a metodologia utilizada e quais
atividades ela trabalhava nas aulas e se trabalhava as propostas dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para a Educação Básica (PCNs), em sua resposta nos
104
pareceu não ter conhecimento do material em questão e com relação às aulas ela
dava uns jogos ou usava algum material que encontrava em livros, mas não
objetivava o uso do material:
PCN, aquela coleção experiências matemáticas que não tinha no
meu tempo de escola estadual, mas agora tem em todas as
escolas né, então a gente monta atividades em cima dessas
coisas.
Algumas atividades a gente pede para fazer aqui uma parte e
entregar, que é para obrigá-los a vir e o resto do grupo de
atividades eles têm duas semanas para devolver. Então no
próximo encontro presencial eles entregam aquelas atividades. Às
vezes a gente pede até para construir balanças para estar
pesando as coisas, construir sólidos, fazer um trabalho uma
pesquisa paralela à construção. Jogos, nós temos material aqui ou
outros que a gente mesmo pega livros para didáticos, outros jogos
que a gente tem conhecimento a gente troca figurinhas direto.
É, agora para as últimas séries, dei um joguinho de vez em
quando, para as últimas séries eu trabalho mais com artigo com
eles. Pego muito artigo da revista do professor de matemática de
outras revistas para eles estarem discutindo. (P1, SIC)
o professor P2, da mesma IES-A, trabalha com a leitura dos PCNs e
pede aos alunos que montem atividades propostas nos PCNs, e apresentem na
forma de aula, abrindo para discussões e críticas sobre eles. Isso acontece ao
longo dos semestres, pois a carga horária é muito curta.
[...] é esse semestre foi proposto uma discussão sobre uma leitura
dos PCNs, proposta que eu achei importante o contato com os
PCN, que tem, vamos conhecer. Depois da leitura, estamos
na aula de Prática eu queria que eles de fato fossem para lousa e
apresentassem uma atividade proposta nos PCNs. Em outros
semestres, a gente trabalhou com atividades que faziam como
alunos e ficava a sugestão para aplicar com os alunos deles mais,
os alunos não eram chamados assim para assumir uma regência
de uma atividade. Esse foi o primeiro semestre que eu consegui
por eles para trabalhar na lousa. Também porque a turma era
menor porque quando a turma é maior é mais difícil você dividir o
tempo. (P2. SIC)
Observamos que professores da mesma instituição trabalham com
metodologia e objetivos diferentes, mas subsidiados pelas mesmas ementas, pois
no projeto pedagógico esse contexto real não aparece e muito menos é avaliado.
Deve ser considerado que existe uma diferença na matriz curricular que cada um
está trabalhando, a aula do professor P1 é na pré-aula e uma hora por semana e
105
a aula do P2 é no horário e duas aulas semanais, o que melhora as condições
de trabalho.
Os professores da IES-B, P3 e P4, em suas respostas em relação a
metodologia e objetivos da suas atividades, apresentam indícios de um trabalho
mais focado em articular conhecimentos teóricos com a prática. Os dois
professores trabalham com os PCNs.
A metodologia desenvolvida é a de resolução de problemas,
particularmente a Dialética ferramenta-objeto de Regine Douady,
que também faz parte da teoria que estudam para elaboração de
aulas práticas a serem apresentadas no decorrer do curso. Desde
o início eles são orientados a observarem o desenvolvimento de
minhas aulas como exemplo para a elaboração e aplicação das
aulas que deverão ministrar. Além disso, os alunos realizam
pesquisas sobre assuntos específicos de matemática, voltados ao
ensino fundamental e médio. Outros aspectos teóricos também
são abordados e discutidos em situações práticas, como a
Transposição Didática que suporte a análises de livros
didáticos, a Noção de Contrato Didático que suporte às
discussões sobre o modo de agir do professor em sala de aula, a
Noção de Campo Conceitual que suporte às discussões sobre
as escolhas que o professor precisa fazer dos conteúdos a
desenvolver. (P4, SIC)
[...] dentro do curso de Prática nós colocamos algumas aulas de
Informática para poder mostrar a importância disto. Deixamos eles
elaborarem aulas, discutir as seqüências que eles elaboraram
esse tipo de coisa, então a aula fica que meio atrativa para eles.
Recuperamos alguns conceitos da Educação básica que eles
estão com dificuldades, como por exemplo, nós começando
tratando dos números racionais, eu vou mostrar as operações
justificar e então acaba ficando meio que de interesse para até
retomar a conceitos que eles estão precisando em outras
disciplinas que eles não tem. (P3, SIC)
O professor P4 traz a concepção da prática como um conjunto de
conhecimentos que subsidiarão as aulas do futuro professor:
[...] durante o curso fornecer subsídios aos alunos para que
respondam, ao final do curso, as perguntas que lanço logo na
primeira aula: O que é Matemática? O que é ser professor? O que
é ser aluno? O que é ensinar? O que é aprender? Pois considero
que o professor atua em sala de aula de acordo com suas
concepções sobre cada uma dessas questões. (P4, SIC)
E ainda nesse sentido o professor P4 trabalhou com os PCNs em suas
aulas com uma abordagem teórica de como ensinar matemática para o ensino
106
fundamental e médio e do ponto de vista prático com aplicações de atividades
seguindo suas orientações.
Os PCNs são o primeiro alvo de pesquisa e estudo dos alunos,
tanto do ponto de vista teórico cujos princípios são vistos no texto
“Ensinar e aprender matemática no Ensino Fundamental” que
os ganchos para as explorações teóricas que fazemos depois,
citadas na questão 2, como do ponto de vista prático com
aplicações das “Orientações Didáticas” para o desenvolvimento
das aulas práticas que os alunos apresentam. (P4, SIC)
Para o professor P3, a prática deve ocupar espaço dentro das disciplinas
específicas e um espaço próprio para discussões e contextualização das
atividades em função das áreas específicas.
[...] a respeito da Prática, o que eu entendo a respeito disto que
eles pedem exatamente isso que seja em cada disciplina e ao
mesmo tempo ter um espaço para essa articulação. Só que dentro
de cada disciplina eu não entendo que é um momento para
Prática eu acredito que todos os momentos da disciplina tem que
estar relacionado com a prática e isso que eu acho que ainda não
está bom no curso, porque existem alguns momentos que o
professor olha faz uma referência a prática do futuro professor até
em termos de conteúdo, mas tem muitos momentos ali internos na
disciplina de conteúdos, conceitos tal que não tem a menor
relação com a prática desse futuro professor. Então ainda essa
dicotomia ora teórica ora um pouco mais prática. (P3, SIC)
Acredito ser relevante observar que os professores P3 e P4 que pertencem
a IES-B possuem formação na área da Educação Matemática, e que em seus
discursos eles têm maior clareza dos objetivos da Prática como componente
curricular, e qual o objetivo de suas aulas.
O professor P1 não possui formação na área da Educação e o professor
P2 possui especialização na área da Educação e os dois pertencem a IES-A,
seus discursos demonstram uma certa confusão da Prática como componente
curricular e pouca objetividade em suas propostas.
O professor P2, quando perguntado se sabia como estão alocadas as 400
horas da prática na matriz curricular e se a maneira que estava atendia às
necessidades do aluno e seu aprendizado, demonstrou ser pouco esclarecido
sobre o assunto.
107
Eu não sei como isso é trabalhado nas outras escolas porque
esse número de horas. Os alunos na verdade não têm nem
disponibilidade de tempo, eu não sei como é que as Instituições
estão lidando com isso. Porque eu acho que elas estão fazendo é
agregar o horário de aula feitos as atividades que são feitas fora
do horário de aula. A carga horária é 40h/a por semestre
presencial. Agora como essas 40h/a como que elas se
transformam nas 400 horas é que eu não sei. Porque eles têm
Prática do segundo até o sexto.
Eu não sei como é que o projeto pedagógico coloca, eu não tive
acesso a ele. (P2, SIC)
No discurso de todos os professores eles fazem referência que para ser um
bom professor de Matemática é fundamental o conhecimento específico e que
isso está sendo negligenciado nos cursos de Licenciatura em Matemática, por
conta da diminuição do tempo total do curso e da obrigatoriedade das 400 horas
da Prática como componente curricular mais 400 horas de Estágio
Supervisionado e mais as 200 horas de atividades acadêmico-científico-culturais.
E que para formar um professor com conhecimentos
específico/pedagógico/Prático, seria necessário um curso com maior duração.
Há um questionamento dos professores com relação às 400 horas de
prática como componente curricular, as horas de Estágio supervisionado e das
atividades acadêmico-científico-culturais, pois entendem que esse conjunto de
disciplinas que perfazem 1000 horas é parte integrante da Prática e alegam que
são excessivas. Isso, segundo o discurso do coordenador da IES-A:
Sim, porque eles questionam bastante, por exemplo, em relação à
prática de ensino. A prática de ensino está em vigência legal, tem
que ter 400 horas para prática de ensino e tem a disciplina prática
de ensino no curso. Muitos professores como isso é novidade
mais ou menos não tem tanta novidade assim risos, assim do
tempo que os professores eram formados não tinha isto, muitos
professores questionam porque tanta prática de ensino e tão
pouca álgebra linear. Por exemplo, para um curso de matemática
deveria ter mais álgebra, portanto explico precisa ter, pois temos
que cumprir a legislação e depois a licenciatura não são feitas
apenas de matemática, o futuro professor tem que ter uma
formação pedagógica mais sólida. Outra coisa que é muito
questionada tanto pelos professores quanto pelos alunos é as
atividades científicas culturais. Não sei se vocês conhecem, mas
na mesma legislação que apresenta às 400 horas de prática tem
que ter 200 horas de atividades complementares. (C1, SIC)
108
No processo de análise sentimos que se tivéssemos entrevistado
professores de outras disciplinas, suas contribuições seriam muito valiosas, mas
pela falta de tempo não foi possível fazê-las.
Apesar das entrevistas serem ricas em informações e possuírem dados
para outras pesquisas, considero que a abordagem até aqui nos subsidia para
responder nossa questão e atender aos objetivos desta pesquisa, assim
apresentaremos as conclusões do estudo.
110
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Retomamos aqui, nas considerações finais, a nossa questão de pesquisa
que procurou identificar de que maneira a Prática como componente curricular
está sendo alocada ao longo do curso de Licenciatura em Matemática.
Para tanto, percorremos um caminho na intenção de subsidiar nossa
análise, procedemos com uma revisão bibliográfica de estudos que foram
apresentados nos Encontros Nacionais de Didática e Prática de Ensino de 2002,
2004 e 2006.
Percebemos que, nos trabalhos de 2002, os estudos estavam voltados às
discussões das reformas na legislação ocorridas pouco tempo e os trabalhos
analisados referiam-se à Prática como disciplina e não como componente
curricular.
Nos trabalhos de 2004, percebemos algumas referências à Prática como
componente curricular e algumas propostas no sentido de alocar as horas de
Prática ao longo do curso. Em 2006 encontramos propostas para alterações
nos Projetos Pedagógicos para atenderem a legislação vigente e algumas
experiências inovadoras com mudança na matriz curricular colocando a Prática
como componente curricular.
Apresentamos dois estudos que tratam da formação de professores e que
ocorreram antes da reforma na legislação vigente e trouxeram pontuações
importantes para as Licenciaturas.
111
Na pesquisa desenvolvida por Candau (1987), contextualizou-se a
problemática das licenciaturas, apontando as dificuldades na relação
escola/sociedade. Abordou também a questão do magistério como profissão, a
sua situação atual, a organização do trabalho na escola e o exercício do
magistério. E também trouxe a questão dos desafios dos cursos de licenciatura,
suas problemáticas vividas, as experiências desenvolvidas e algumas propostas
na tentativa de superá-las.
Conclui-se que a problemática vivida pelos cursos de licenciatura
em suas especificidades, evidenciada na literatura estudada,
perpassa tanto pelos problemas que dizem respeito às questões
de fundo, como pelo repensar da concepção da própria ciência e
pelas finalidades dos referidos cursos, assim como pelas questões
operacionais do cotidiano [...] (CANDAU, 1987, p. 64)
Em outra pesquisa, realizada por Lüdke (1997), a literatura analisada
apontava questões referentes a mudanças no perfil e estrutura dos programas de
licenciatura.
Há, entretanto, indícios registrados esparsamente de iniciativas
isoladas, caminhando em direção a mudanças que possam
romper as atuais estruturas e permitir o desabrochar de cursos
mais livres, independentes da fixação em disciplinas estanques e
mesmo em unidades estanques e separadas, por sua vez, da
realidade das escolas de 1° e 2° graus, para as qua is se destina o
futuro professor. (
LÜDKE
, 1997, p. 182)
Apontou questões organizacionais envolvidas na implementação das
Licenciaturas, que sofrem pressões da própria organização interna da
Universidade, bem como o papel dessas Universidades na formação de
professores, questões curriculares e seus conteúdos.
Alguns estudos apontam sem hesitação para a inoperância de
simples mudanças curriculares para a solução de problemas das
licenciaturas, pois elas se restringem, usualmente, apenas ao
nível da legislação. (
LÜDKE
, 1997, p. 186)
Esses estudos nos auxiliaram na compreensão das Diretrizes Curriculares
vigentes para a formação de professores da Educação Básica e para os cursos
de Matemática.
112
Outro documento que favoreceu a análise dos Projetos Pedagógicos dos
dois cursos de Licenciatura em Matemática, que nos propusemos realizar, foi o
elaborado pela SBEM (2003). O objetivo desse documento foi colaborar com as
instituições de Ensino Superior na reestruturação do currículo da Licenciatura em
Matemática de maneira objetiva e de modo que atenda às necessidades da
formação de professores.
Com as entrevistas pudemos abordar, de forma direta, aqueles que atuam
na formação de professores e buscar indícios de como eles entendem e atuam
nesse movimento da reestruturação das Licenciaturas. E, por meio dos Projetos
Pedagógicos, buscar dados que mostrem como estão alocadas as 400 horas de
Prática ao longo do curso.
De início, observamos que o projeto pedagógico da IES-B aponta
alterações positivas na matriz curricular com relação à Prática como componente
curricular, pois alocou, ao longo do curso, horas de Prática em um espaço
interdisciplinar denominado atividades Práticas de formação, e intermediando as
atividades desse espaço, a disciplina de Prática.
Sendo assim, as 400 horas de Prática como componente curricular ficam
distribuídas com 120 h/a presenciais como disciplina de Prática e 280 h/a
presenciais de atividades Práticas de Formação distribuídas nas outras
disciplinas.
Salientamos que no Projeto Pedagógico da IES-B propõe-se que a
disciplina de Prática avalie as atividades de Prática de Formação desenvolvidas
nas outras disciplinas, mas não deixa claro como o professor de Prática irá avaliá-
las.
No discurso do coordenador da IES-B, observamos seu esforço para
adequar o projeto pedagógico de modo a atender as diretrizes vigentes. Apesar
do intento, percebemos que seu trabalho é solitário, pois todas alterações e
adequações são feitas por ele.
Os professores da IES-B, em seus discursos, dão indícios que as
disciplinas de Práticas são trabalhadas sem articulação direta com todas as
outras disciplinas.
113
A metodologia proposta pelo professor P4 é mais voltada para atividades
que interagem com a teoria desenvolvida nas disciplinas específicas; utiliza
teorias da Didática da Matemática e faz uso dos Parâmetros Curriculares
Nacionais da Educação Básica, buscando um meio de levar o aluno à reflexão, ou
seja, de como usar o que ele aprendeu teoricamente na prática.
Para Pimenta (2006), a ciência que tem por objeto de estudo o ensino-
aprendizagem é a Didática, como uma das áreas da Pedagogia, pois trabalha na
sua especificidade a essência da atividade docente que é o ensino-aprendizagem.
Assim, o professor P4 nos leva a entender que suas aulas contribuem para uma
prática docente reflexiva e intencional.
O discurso do professor P3 deixa clara sua desmotivação com relação às
aulas de prática, talvez pelo fato de o nível cultural e de conhecimentos
matemáticos dos alunos serem inadequados para a graduação, dificultando a
aplicação de atividades.
Nesse sentido, o professor P4 sente-se angustiado, ressentido de ter que
usar um vocabulário muito simples e, mesmo assim, muitas vezes não entendido
pelos alunos.
Uma questão trazida por Lüdke (1997) e também apontada por todos os
professores, é com relação às escolhas do curso pelos alunos, para a obtenção
de um diploma de graduação, para a garantia de emprego ou como ascensão
social, menos para ser professor.
Com relação a esta questão, praticamente não variedade de
opinião: autores e entrevistados, todos concordam que o aluno
que busca os cursos de licenciatura o faz mais por pressão pela
obtenção de um possível emprego imediato, em um mercado de
trabalho cada vez mais difícil do que, propriamente, por uma
inclinação especial pelo magistério. (
LÜDKE
, 1997, p. 185)
Com relação a IES-A, seu Projeto Pedagógico traz, de forma clara, a
Prática como elemento articulador do conhecimento teórico com a prática, suas
ementas são bastante favoráveis nesse sentido, propondo em seu objetivo
capacitar o aluno nas práticas docentes por meio da disciplina de Prática.
114
A matriz curricular da IES-A propõe para o segundo, terceiro e quarto
semestres, a disciplina de Prática com 40 h/a presenciais, como pré-aula, sem
obrigatoriedade de comparecimento do aluno, e mais 80 h/a não presenciais,
perfazendo um total de 120 h/a de Prática no segundo semestre, repetindo-se no
terceiro e quarto semestres. No quinto semestre temos a disciplina Prática de
Ensino em Matemática Financeira com 120 h/a não presenciais. O total dessas
disciplinas relacionadas à Prática perfazem 480 h/a equivalentes a 400 horas.
Vale salientar que o Projeto Pedagógico não esclarece como essas atividades
não presenciais são acompanhadas e avaliadas.
No documento não está registrado como essas horas aulas são avaliadas,
e os professores, em seus relatos, não sabem como são computadas as
atividades que eles passam em termos de hora aula. Segundo os professores P1
e P2, as atividades são solicitadas para que o aluno as façam em casa e avaliam-
nas sem se darem conta de como transformar isso em hora/aula não presencial.
Deixam claro que entendem essas atividades como referentes às horas da pré-
aula.
No discurso do coordenador existe uma preocupação muito grande em
atender a legislação. Várias alterações no Projeto Pedagógico estão sendo feitas,
inclusive com relação à disciplina de Prática que, no segundo semestre de 2007,
passou a ocupar um espaço no horário de aula com 2 h/a semanais, o que
demonstra um avanço para melhorar o trabalho dessa disciplina.
A maneira como está colocada a Prática como componente curricular na
IES-A não nos parece indicar a existência de atividades que levem o aluno a
refletir sobre sua prática docente, nesse sentido Barreiro e Gebran apontam:
[...] que a Prática na formação inicial e o estágio devem pautar-se
pela investigação da realidade, por uma prática intencional, de
modo que as ações sejam marcadas por processos reflexivos
entre os professores-formadores e os futuros professores, ao
examinarem, questionarem e avaliarem criticamente o seu fazer, o
seu pensar e a sua prática. (BARREIRO; GEBRAN, 2006, p. 21)
Para os professores da IES-A, a disciplina Prática ocupa um lugar sem
muita referência no currículo da Licenciatura em Matemática. O professor P1 diz
que a prática na pré-aula faz com que o aluno não se interesse pela disciplina,
115
quando é pedida alguma atividade ele faz de qualquer maneira se for para fazer a
leitura e síntese de algum artigo, eles simplesmente copiam alguns trechos com
sentido ou não, e entregam.
O professor P2 afirma que sua aula está dentro do horário, fazendo com
que o aluno se interesse um pouco mais, e que seu trabalho é totalmente
individualizado sem a articulação com as disciplinas. Ele busca fazer o melhor
dentro das suas perspectiva de Prática como componente curricular.
Entendemos que na IES-A e na IES-B existe um esforço de diminuir as
divergências entre o que está escrito e o que está sendo realizado com relação à
Prática.
Desta forma, analisando as propostas para alocar a Prática como
componente curricular das duas instituições, é razoável supor que uma
tentativa de reestruturação dos currículos de forma a adequá-los às diretrizes
vigentes. Mais que isso, no sentido de buscar coerência entre a proposta do
Projeto Pedagógico e o que acontece na ação dos professores formadores em
sala de aula. Esta evidência é apontada nos Projetos Pedagógicos e nas
entrevistas com os coordenadores e professores formadores das disciplinas de
Prática de Ensino.
Com relação à reestruturação do currículo, a pesquisa realizada por
Candau (1987), apontava que as mudanças deveriam ser no cerne das
propostas.
Trata-se da colocação de propostas de reformulação do curso de
licenciatura, a partir de uma reflexão sobre a própria matriz do
pensamento que serve de base para a disciplina em questão,
como se o próprio estatuto epistemológico dessa disciplina
devesse ser repensado para garantir uma vinculação clara entre,
por exemplo, o pensamento histórico e o ensino da história, ou o
pensamento científico e o ensino de ciências. Estaria esboçado aí,
possivelmente, um interessante caminho a ser explorado na difícil
solução do problema da articulação entre a formação do futuro
professor na licenciatura e a realidade escolar que o espera.
(CANDAU, 1987, p. 84)
Finalmente, ao refletir sobre o fechamento deste estudo, temos a convicção
de que se faz necessário um trabalho mais profundo e amplo com relação à
116
Prática como componente curricular. No sentido de compreender como essas 400
horas poderiam efetivamente contribuir para a formação de professores reflexivos
e preparados para atuarem no cotidiano escolar.
118
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