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i
Elza da Glória Jorge
A produção oral em Língua Inglesa:
Atividades teatrais como possibilidade
Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
São Paulo
2006
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ii
Elza da Glória J
orge
A produção oral em Língua Inglesa:
Atividades teatrais como possibilidade
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica, como exigência do título de
Mestre em Lingüística Aplicada e Estudos
da Linguagem, sob a orientação da Profa.
Dra. Rosinda de Castro Guerra Ramos.
PUC/SP
São Paulo
2006
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iii
BANCA EXAMINADORA
___________________________
___________________________
___________________________
iv
Dedico este trabalho
:
A
Deus e a seu Filho
Jesus
que
durante esta caminhada difícil
estiveram sempre presentes e não
deixaram que eu desistisse no
meio do caminho.
A
Santo Expedito
e
a
São Judas
,
meus santos de devoção e que
sempre intercederam por mim
junto
a Jesus Cristo para a
realização deste trabalho.
v
A
gradecimento
muito
especial
:
A minha querida orientadora Profª Drª
Rosinda
de Castro Guerra Ramos pela
paciência, confiança e carinho dedicados a
mim ao longo deste trabalho. Nunca me
esquecerei das suas palavras de conforto
quando mais precisei durante esta jornada.
Agradeço
-lhe, principalmente, pelo seu
profissionalismo e pelo compartilhar de seu
conhecimento que foram essenciais para que
eu amadurecesse na área profissional e no
sentido pessoal.
Muito obrigada por tudo, de coração!
vi
Agradecimento especial
:
À Professora Doutora Vera Lúcia Duarte
Cabrera
que me deu a oportunidade de
participar do seu projeto e implementá-lo na
rede pública. Suas valiosas lições foram
essenciais para que esta pesquisa pudesse
ser desenvolvida. Obrigada por acreditar em
mim e participar como membro de minha
banca de qualificação
.
vii
A
gradecimento especial
:
Aos meus pais,
Oswaldo
da Glória Jorge
(que me deixou ao longo dessa caminhada) e
a minha querida mãe, Elza Campos da
Glória Jorge, que sempre me incentivou para
os estudos.
À minha irmã
Edel
que sempre me apoiou
nos momentos mais difíceis e acreditou que
eu poderia realizar e
ste trabalho.
Ao meu irmão
Edelson
que sempre foi um
exemplo de perseverança e determinação.
À minha irmã
Egle
, que mesmo fora do Brasil,
esteve presente no desenvolvimento desta
pesquisa.
Aos meus sobrinhos
Ighor
Rafael
,
Mário
Pedro
,
Yanina Rafaela
e
M
ark André.
viii
AGRADECIMENTOS
À Secretaria de Estado da Educação de São Paulo pela oportunidade de participar
do projeto bolsa mestrado.
A Márcia Mathias Pinto pelas valiosas orientações e esclarecimentos na minha
banca de qualificação.
Aos professores do LAEL e do curso de reflexão, pelos importantes contribuições
durante todos esses anos.
A todos os colegas do seminário de orientação, pelas preciosas sugestões e
questionamentos que contribuíram para a elaboração deste trabalho.
Aos colegas e funcionár
ios do LAEL pelo apoio e carinho.
À direção e aos funcionários da escola onde leciono pelo apoio à pesquisa.
A todos os meus alunos, especialmente aqueles participantes desta pesquisa, pelos
momentos felizes que passamos juntos durante esta experiência maravilhosa.
Ao amigo Dr. Lindomar dos Santos Franco que foi tão amável e esteve sempre
presente. Obrigada por suas palavras de carinho.
À amiga Dálgima G. Marangoni pelo incentivo e pela atenção quando mais precisei.
À amiga Jacqueline pela revisão deste trabalho que contribuiu para deixá-lo mais
bonito.
Aos meus amigos que sempre me fortaleceram com laços de amizade.
ix
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo investigar as percepções de aprendizagem e
sentimentos que os alunos revelam ao serem expos
tos às atividades teatrais.
Este estudo fundamenta-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais
Língua
Estrangeira (1998), na abordagem cio-interacionista de ensino aprendizagem
proposta por Vygotsky (1998), além de conceitos teatrais defendidos por Spo
lin
(1963) e Reverbel (2002).
O trabalho foi realizado na sala de aula da professora-pesquisadora com 5 alunos
focais da série do E
nsino
Fundamental da R
ede
P
ública
E
stadual
em
São Paulo.
A coleta de dados realizou-se no segundo semestre de 2004, por meio de
questionários reflexivos, entrevistas semi-estruturadas, notas de campo, notas de
minuto
e diário digital da professora.
Em relação à aprendizagem, os resultados revelaram percepções relacionadas a
vários conteúdos: lingüísticos, técnicas vocais, expressão corporal e conceitos
teatrais. Em relação aos sentimentos, foram identificadas percepções de ordem
didática, interpessoal e pessoal. Esses resultados mostram que o uso de atividades
teatrais em sala de aula pode promover favoravelmente a produção oral dos alunos,
bem como trazer ganhos para o desenvolvimento do ser e da sua cidadania.
x
ABSTRACT
The research aims at investigating the learning perceptions and feelings students
reveal when exposed to theater activities.
The theoretical bases for this study are Parâmetros Curriculares Nacionais
Língua
Estrangeira (1998), the sociointeracionist approach
proposed
by Vygotsky (1998), as
well as some theater concepts presented by Spolin (1963) and Reverbel (2002).
This study was conducted in the teacher-researcher s classroom with 5 students of
the 6th grade of a public school in São Paulo. The data were collected in the second
semester of 2004 by questionnaires, interviews, minute notes, and teacher s digital
diaries.
In relation to the learning process, the results revealed perceptions about several
contents: linguistic knowledge, vocal techniques, body techniques and theater
concepts. In relation to feelings, perceptions belonging to didactic, interpersonal and
personal orders were iden
tified.
These results show that the use of theater activities
in the classroom can develop students oral production and can also promote
the
development of the human
being and citizenship.
xi
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
--------------------------------
-------------------------
---------------------
CAPÍTULO 1
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
-----------------
------------------
09
1.1
PCN
-
LE
---------------------------------------------------------
-------
----
09
1.2
As concepções de ensino
aprendizagem de
Língua
E
strangeira
-----
--
-------
------------------------------------------------------
14
1.2.1 Behaviorismo
-
-------------------------
------------------
--------
14
1.2.2 Cognitivismo
--------------------------------------------
----------
15
1.2.3 Sócio
-interacionismo
-------------------------------------
------
17
1.2.3.1 Vygotsky e a teoria sócio
-
histórica
------------
----
18
1.2.3.2 Imitação --------------------------------
-----------------
24
1.2.3.3 Brinquedo
-----------------------------------------
---
----
25
1.2.3.4 Afetividade
--------------------------------------
--------
28
1.3 Conceitos teatrais
------------------------------
-------
-------------------
30
1.3.1 As atividades teatrais
----------------------------
---
-----------
35
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA DA PESQUISA
------------------------
------------
38
2.1 Escolha metodológica
----------------------------------------------
------
38
2.2 Contexto da pesquisa
------------
------
--------------------------------
---
40
2.2.1 A Escola
------------
-----------
--
--------------------------------
--
40
2.2.2 O grupo de professores de inglês da escola
-----------
--
42
2.2.3 A turma focal
---------------------------------------------------
--
43
2.2.3.1 Os participantes focais
---------------------------
-
--
44
2.2.4 A professora
-
pesquisadora
----------------------------------
-
47
2.2.5 As aulas de inglês
---------
-------------------------------
------
50
2.3 Instrumentos de pesquisa e coletas de dados
-------------------
56
2.3.1 Questionários
--------
-----------
-----
---------------------------
-
56
2.3.2 Notas de minuto ------------------------------------------------
-
58
2.3.3 Notas de campo ------------------------------------------------
-
59
2.3.4 Diário digital da professora
-------
-
--------------------------
-
59
2.3.5 Entrevista semi-
estruturada
----------------
-
----------------
-
60
2.4 Os procedimentos de análise------------------------------------------
-
64
01
xii
CAPÍTULO 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
----
-
67
3.1 Percepções sobre
a aprendizagem
-----------------------------
-
----
67
3.1.1 Completude
-----------------------------------
------------------
--
68
3.1.1.1 Aprendizagem de conteúdo lingüístico
--------
--
-
69
3.1.1.2 Aprendizagem de conteúdos diversos
----------
-
82
3.1.1.2
.1 Técnica vocal
--------------------------------
-
83
3.1.1.2.2 Expressão corpora
l
--------------------------
85
3.1.1.2.3 Conceitos teatrais---------------------
------
88
3.2 Sentimentos dos alunos durante o processo de aplicação
das
atividades teatrais
-
-----------------------------------------------------
90
3.2.1 Ordem didática
----------------------------
--
--------------------
-
90
3.2.2 Ordem interpessoal
--------------------------------------------
-
96
3.2.2.1 Relação interpessoal: colegas
----------
----------
-
97
3.2.2.2 Relação interpessoal: professora
----------------
-
102
3.2.3 Ordem pessoal
---
------------------------------------------------
104
C
ONSIDERAÇÕES
F
INAIS
-----
---------------------------------------------------------
110
REFERÊ
NCIAS BIBLIOGRÁFICAS
----------------------------------------------------
114
ANEXOS
----------------
-----------------------------------------------------
------------------
118
Anexo A1 Questionário de percepção 1
------------------------
---
-------
119
Anexo A2 Entrevistas 1,2,3
----------------------------------
-----
---------
123
Anexo A3 Questionários reflexivos nº 2 ao 8
-------
---
-----------------
127
Anexo B Descrição das aulas
-----------
---
--------------------------------
135
Anexo C Diário
digital da professora----------------
-
----------------------
162
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figuras
2.1 Resumo das aulas usadas para coleta de dados
-------------
52
Quadros
2.1 Cronograma das aulas de inglês
------------------------------------
55
2.2 Apresentação dos momentos da aplicação dos
instrumentos de coleta
------------------------------------------------------
63
INTRODUÇÃO
A escolha do tema, a atividade teatral como possibilidade de produção oral em
L
íngua
I
nglesa,
se
justific
a, na medida que o tipo de concepção nele apresentada
não se integra às práticas dos docentes de Língua Inglesa, da Rede Pública
Estadual
onde leciono, os quais, equivocadamente, consideram que aprender uma
língua estrangeira limita-se à leitura em voz alta de fragmentos de textos, à
exposição de diálogos de situações vividas por personagens, às traduções de textos
e à memorização de pontos gramaticais retirados de livros didáticos de forma
descontextualizada.
Isso ocorre porque as abordagens mais tradicionais de ensino-
aprendizagem
demonstram uma preocupação centrada no ensino, isto é no
como
e no o
que
ensinar, sendo o professor controlador da classe, enquanto os alunos se limitam
passivamente a escutá-lo (cf.PCN
1998, Williams e Burden, 1997, Nunan, 1
999,
entre outros). A seleção dos conteúdos então, é quase sempre determinada, como
mencionado, por pontos gramaticais, e não pelo que é adequado ou necessário
para o aluno. Corroboram essa afirmativa, entre outros, os relatos dos professores-
alunos feitos no curso Reflexão sobre a ação: o professor de inglês aprendendo e
ensinando
, a respeito da prática oral, bem como as gravações de aulas no módulo
intitulado
Self
-
evaluation in reflective proces
s,
parte desse curso.
Esse curso faz parte do programa A formação contínua do professor de inglês: um
contexto para a reconstrução da prática que visa à formação contínua de docentes
de inglês das R
edes
P
úblicas
: Estadual e Municipal. Esse programa é uma parceria
entre a Associação Brasileira de Cultura Inglesa São Paulo (SBCI) e o Programa de
Pós
-Graduação em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC
-SP).
2
De acordo com Celani e Collins (2003:71), o programa tem como objetivos gerais:
Fazer uma intervenção prática no contexto social da escola pública tornando possível
para esses professores uma atuação como agentes de mudança em seus contextos
profissionais. O objetivo é estabelecer um núcleo de professores multiplicadores para
agir no contexto da escola pública. Esse objetivo necessariamente implica uma visão
de educação contínua que vai além da participação esporádica em cursos de verão, e
não deve ser visto meramente em termos de resultados de curso, mas deveria ser
entendido em termos de um pro
cesso que possibilita ao professor se educar conforme
prossegue com sua atividade como educador.
O programa
A
formação contínua do professor de inglês: um contexto para a
reconstrução da prática, integralmente financiado pela Associação Cultura Inglesa
São Paulo e oferecido gratuitamente a professores de inglês da R
ede
Pública do
Estado ou Município de São Paulo, estrutura
-
se em três componentes:
Aprimoramento lingüístico
oferecido pela Associação Cultura Inglesa
- consiste de seis módulos, cuja duração pode variar de um a três anos. Os
professores-alunos podem ingressar em qualquer nível do programa,
dependendo da necessidade e proficiência em inglês de cada participante.
Aprimoramento profissional - é abordado no curso Reflexão sobre a
ação: o p
rofe
ssor de i
nglês
aprendendo e e
nsinando
, tem duração de 216
horas, distribuídas em três semestres. O curso é ministrado por um grupo de
docentes, parte deles do programa de Pós-Graduação em Lingüística
Aplicada e Estudos da Linguagem (LAEL) da Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo. Esse componente consiste de oito módulos inter-
relacionados
:
quatro voltados para o desenvolvimento da aprendizagem reflexiva e quatro
relacionados à sala de aula e às preocupações do desenvolvimento de
conteúdo. Além d
es
ses oito módulos, quatro outros módulos dedicados
especificamente à preparação de materiais para a sala de aula.
3
Aprimoramento profissional
com o suporte do corpo docente, os
professores-alunos preparam atividades relacionadas à prática em sala de
au
la e administram oficinas abertas para os professores de inglês da
comunidade (Celani, 2003:84).
Ao administrarem oficinas abertas para os professores de inglês da comunidade, o
professor
-aluno torna-se um multiplicador e segundo Colins e Celani (2003:93) o
trabalho do professor-aluno como um multiplicador, ao mesmo tempo que nele
estimula a auto
-estima e um sentimento de identidade profissional, também contribui
com
uma percepção de proposta social
para
seu trabalho, em um contexto mais
amplo da educação
brasileira.
Quando, em 2002, participei dos módulos do curso Reflexão sobre a ação: o
professor de inglês aprendendo e ensinando, tive a oportunidade de repensar minha
prática em sala de aula
,
exercício este que nunca havia feito com a ótica que o curso
p
roporcionava
, porque estava ainda muito presa às abordagens tradicionais de
ensino
-
aprendizagem.
No
módulo 2, Aprendendo a aprender: a importância da reflexão, curso ministrado
pela Professora Doutora Vera Cabrera Duarte, tinha como objetivo o
reconhecime
nto do professor enquanto aprendiz e professor (Duarte, 2002:39). Este
módulo foi muito importante, porque ao apontar para uma nova atitude em relação
ao ensino, me fez refletir
sobre
uma nova percepção, no que se refere ao ensino-
aprendizagem e até que ponto as questões afetivas implicam em uma melhor
aprendizagem por parte dos alunos.
Ao final do módulo, a professora doutora Vera Cabrera Duarte me propôs
trabalharmos em conjunto no projeto de sua autoria intitulado Living Drama: uma
proposta didática que visava à utilização de atividades teatrais em aulas de inglês
com crianças e adolescentes da Rede Pública Estadual
.
E o objetivo da proposta
didática contemplava a busca de caminhos que favorecessem o desenvolvimento da
produção oral,
o
aprimoramento das relações pessoais e a dimensão afetiva do
4
aluno visto como o centro do processo de ensino
-
aprendizagem.
Com isso, o
Teatro
,
como arte dramática, contribuiu para essa proposta como elemento facilitador da
aprendizagem
por valorizar a experiência de papéis sociais, por meio de uma
personagem, propiciando a auto
-
descoberta, a criatividade e a interação dos alunos.
Essa proposta didática
1
é fruto de um projeto maior chamado
Living
drama in the
classroom: uma proposta de abertura à aprendizagem significativa que havia sido
implementado na PUC
SP, para os alunos da graduação de Letras
Inglês, onde
a professora também ministra aulas.
O projeto Living drama in the classroom: uma proposta de abertura à aprendizagem
significativa
foi idealizado em 1998 e tem sido desenvolvido com o intuito de buscar
novos caminhos e, principalmente, propor algo para contribuir
com
o aprimoramento
da comunicação oral, especialmente da Língua Inglesa. Ele nasceu de indagações
feitas pela autora quanto ao desempenho oral dos alunos em sala de aula; o porquê
muitos alunos sentem medo de falar inglês, têm vergonha de se expor em sala de
aula, criando uma barreira em relação ao aprendizado que dificulta as relações
interpessoais e
prejudica
o desempenho lingüístico.
Esse projeto tem sua história calcada em três áreas do conhecimento, a saber: na
área da Psicologia da Educação fundamenta-se na linha da Psicologia Humanista,
especialmente da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), que tem como precursor
o psicólogo Carl Rogers; na área de Ensino de Línguas Estrangeira a Abordagem
Comunicativa; e na área do Teatro toma-se como ênfase o teatro improvisional
desenvolvido por Viola Spolin assim como Stanislaviski, o fundador do Teatro de
Arte de Moscou, que entende que a arte dramática possibilita a busca constante do
eu por meio da experiência.
1
Embora a proposta didática de Duarte esteja na área da Psicologia Humanista, este não é o foco do
trabal
ho, isto é, esta pesquisa se encontra em outra perspectiva teórica.
5
Motivada pelas concepções teóricas contidas no curso Reflexão sobre a ação: o
professor de inglês aprendendo e ensinando, e sabendo dos desejos dos alunos de
falar inglês
apontados por eles mes
mos durante as aulas
, não hesitei ao convite,
pois seria a oportunidade que teria de transformar um sonho em realidade: a
possibilidade de reflexão e transformação sobre minha prática educativa.
A escola onde leciono situa-se em um bairro da periferia de Osasco, município da
Grande São Paulo e sob a autorização imediata da diretora da escola, a
implementação desse projeto aconteceu no segundo semestre de 2002. O trabalho
foi desenvolvido pela professora doutora Vera Cabrera Duarte, por uma aluna
bolsist
a de Iniciação Científica da PUC
-
SP e por mim, com as
oitavas
séries A, B e C
do período matutino. Por ser um trabalho inicial, decidimos aplicar as atividades
teatrais somente em uma das 2 aulas por semana que a série tinha. Escolhemos
as
oitavas
séries porque eu conhecia os alunos desde a 6ª série e principalmente
porque os horários das
oitavas
séries facilitariam a implementação do projeto. As
aulas das três
oitavas
séries, por coincidência de horário, eram às
terças
-
feiras
, a
saber, a segunda aula do dia com a A, a terceira aula com a B e finalmente a
quarta aula, após o intervalo, com a C. Isso contribuiu favoravelmente para uma
observação melhor do trabalho nas três oitavas séries.
Esse trabalho em conjunto aguçou minha curiosidade e me motivou a usá-
lo,
novamente, desta vez, com alunos de outra série. Como no ano de 2003, trabalhava
com séries iniciantes, decidi fazer um trabalho semelhante com alunos da 6ª série do
Ensino Fundamental da Escola Pública em que trabalhava. Esse trabalho f
oi
realizado durante os dois semestres de 2003, com a professora doutora Vera
Cabrera Duarte e por uma aluna bolsista de Iniciação Científica da PUC-SP. O
objetivo do trabalho foi observar a importância das atividades teatrais para a
interação em sala de aula, conforme mencionado no relatório de Iniciação Científica
da bolsista (Lima, 2003).
Motivada ainda mais com o trabalho realizado em 2003 com as 6ª séries A, B e C,
em 2004, sob a autorização da diretora da escola e dos responsáveis pelos alunos,
de
cidi desenvolver este trabalho de pesquisa com a B para realizar um desejo
6
pessoal e também porque acredito que a busca do conhecimento seja uma janela
para a busca de um horizonte.
É importante ressaltar que essa classe, por meio de um questionário de
expectativas, revelou interesse em aprender a falar inglês, pois acreditam que as
aulas de inglês devem proporcionar essa oportunidade da prática da produção oral.
Todavia, ao mesmo tempo em que o interesse em falar inglês, o medo, a
vergonha de se exporem perante a classe ou de expressarem algo errado e serem
ridicularizados pelos colegas, reforçando assim a baixa estima.
Na literatura pesquisada, vários estudos que focalizam atividades voltadas para a
produção oral. Telles (1991), por exemplo, investigou oficinas de jogos teatrais
buscando sua aplicabilidade; uma investigação do desempenho comunicacional do
aluno durante o jogo teatral e sugestões para a viabilização das oficinas de jogos
teatrais no campo específico de ensino de línguas estrangeiras. Seu estudo revelou
que as oficinas de jogos teatrais eliciaram mais fatores afetivos positivos, que
incentivam a comunicação em sala de aula, do que fatores afetivos negativos, de
efeito contrário.
Rigolon (1998) focalizou jogos como atividade mediadora da interação na sala de
aula de inglês como língua estrangeira e como instrumento útil para a aprendizagem
da língua alvo. Os dados revela
ra
m que os alunos no momento dos jogos constroem
conhecimento colaborativamente na língua-alvo, negociando com seus pares. A
análise também mostr
ou
o movimento interativo e a co-construção do conhecimento
na Zona de Desenvolvimento Proximal, no Desenvolvimento Potencial e no
Desenvolvimento Real dos alunos segundo concepções vygotskyanas.
Penna (2000) investigou as contribuições de reflexões retrospectivas para a
realização da atividade de speech em sala de aula de inglês como língua
estrangeira, bem como, para o desempenho dos alunos nessa atividade. Os
resultados revela
ra
m as mudanças que ocorreram nas realizações dos
speeches
e
as mudanças no desempenho dos alunos nessa atividade ao longo do curso,
decorrentes das sessões reflexivas.
7
Szundy (2001) estudou de que forma o conhecimento da língua estrangeira foi
sócio
-construído em algumas interações decorrentes de jogos de linguagem. Os
resultados obtidos
pela
análise apontam para o fato da interação com os pares mais
eficientes nos jogos de linguagem contribuir para a sócio-construção de alguns
objetos lingüísticos específicos na língua estrangeira, fato que parece confirmar o
papel construtivo do jogo na linguagem.
Quinelato (2005) apresentou os jogos como possibilidade de desenvolvimento de
interação dentro da sala de aula de
Língua Inglesa
(LI) como língua estrangeira (LE).
Os dados revelaram que nos momentos de interação nos jogos, tanto a professora
como as alunas assumiram um papel de mediadoras, contribuindo para a construção
compartilhada do conhecimento. Os dados destacaram o papel central da linguagem
no processo de ensino-aprendizagem, pois é ela a mediadora da interação entre a
professora e as alunas.
Embora esses estudos apresentem idéias sobre como trabalhar com a produção oral
em sala de aula, apenas o trabalho de Telles (1991) apresenta resultados sobre
questões afetivas que podem decorrer da prática
oral. Entretanto, essa pesquisa não
focaliza aspectos apontados por meus alunos que é o desejo, a vontade de falar
inglês. Mas, ao mesmo tempo em que o interesse por parte dos alunos, eles
revelam que surge o medo de errar e de ser alvo de gozação dos colegas de classe.
Além disso, as atividades teatrais em sala de aula, com foco na R
ede
Pública de
Ensino, não parece ter sido ainda objeto de muitas pesquisas (cf Living Drama
2002).
Nesse sentido, como professora de Língua Inglesa e como pesquisadora bus
co
preencher essa lacuna por meio desta investigação. Esta pesquisa, portanto,
pretende observar que percepções de aprendizagem os alunos revelam ao serem
expostos às atividades teatrais; e investigar que sentimentos os alunos revelam
durante o processo de
aplicação das atividades teatrais.
A fim de operacionalizar os objetivos acima, proponho-me a responder às seguintes
perguntas de pesquisa:
8
1ª) Que percepções de aprendizagem os alunos revelam ao serem expostos às
atividades teatrais?
2ª) Que sentimentos os alunos revelam durante o processo de aplicação das
atividades teatrais?
Acredito que esta proposta de pesquisa seja socialmente relevante, na medida em
que poderá fornecer outros caminhos para que o ensino da Língua Inglesa na rede
pública, no que concerne às atividades teatrais, possa vislumbrar uma visão de
aprendizagem diferenciada das vigentes em sala de aula.
Esta dissertação está organizada da seguinte forma:
O capítulo 1
Fundamentação teórica
aponta as teorias de ensino-
aprendizagem
de língua estrangeira (doravante
LE), com o objetivo de justificar a base teórica.
Na aprendizagem, discuto conceitos da teoria de Vygotsky sobre os quais me apoio
para fazer uma proposta pedagógica para este estudo de caso. Em seguida
apresento: o Teatro. Nessa área foram tomados como base o teatro improvisional
desenvolvido por Viola Spolin (1963) e as técnicas de expressão de Olga Reverbel
(2002). Finalizando
,
descrevo porque e para que as atividades teatrais podem
contribuir para um trabalho de produção or
al em
Língua Inglesa
.
O capítulo 2
Metodologia de pesquisa
apresenta as razões que me levaram a
seguir uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico concretizada por um estudo de
caso. Descrevo o contexto de pesquisa, os participantes, a professora
-
pe
squisadora,
os instrumentos de coleta e os procedimentos realizados para a análise dos dados.
O capítulo 3
Apresentação e discussão dos r
esultados
traz os resultados obtidos
a partir da análise dos dados, com o objetivo de responder as perguntas de
pes
quisa.
Por fim, nas considerações finais, apresento
minhas
considerações
finais
,
e
proponho
novas possibilidades para futuras pesquisas nesta área.
9
CAPÍTULO 1
-
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, apresento os fundamentos teóricos que norteiam esta pes
quisa.
Num primeiro momento discuto os Parâmetros Curriculares Nacionais. Em seguida,
faço uma retrospectiva histórica dos processos de ensino
-
aprendizagem
,
a partir das
abordagens Behaviorista, Construtivista-Interacionista e Sócio-Interacionista. Em
cada
uma delas, descreverei as idéias de seus principais representantes: Skinner
(1957), Piaget (1972) e Vygotsky (1934
/1998
), respectivamente. Além disso,
discutirei a abordagem da teoria sócio-interacionista de Vygotsky, bem como
concepções teóricas a respeito do Teatro e como a atividade teatral pode ser
inserida no ensino.
1.1
Parâmetros Curriculares Nacionais
Língua Estrangeira
Esta pesquisa tem como foco o ensino de inglês como língua estrangeira no
contexto da E
scola
P
ública
, por meio de atividades teatrais. Para isso orienta-se à
luz dos Parâmetros Curriculares Nacionais
Língua Inglesa (doravante PCN
LE,
1998) por várias razões: a) a primeira porque a concepção teórica de ensino-
aprendizagem sociointeracionista, que tem relevância nesta pesquisa, ancora os
parâmetros de Língua estrangeira e é atualmente julgada como mais adequada para
explicar como as pessoas aprendem; b) porque o enfoque sociointeracional indica
que ao se engajarem no discurso, as pessoas consideram aqueles a quem se
dirigem ou que se dirigiram a elas na construção social do significado c) porque é
compreendida como uma forma de estar no mundo com alguém e é igualmente,
situada na instituição, na cultura e na história (PCN
LE, 1998:15); e d) porque
esses documentos norteiam o ensi
no de inglês nas escolas públicas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem um referencial para promover a
reflexão sobre os currículos estaduais e municipais. O conjunto do
s
direcionamentos
contid
os nos Parâmetros Curriculares Nacionais tem como objetivo estabelecer
referenciais a partir dos quais a educação possa atuar, decisivamente, no processo
de construção da cidadania. Esses referenciais configuram uma
proposta
aberta e
10
flexível, a ser concretizada nas decisões regionais e locais sobre currículos e
buscam orientar e garantir a coerência das políticas de melhoria da qualidade de
ensino, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a
participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se
encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual
(PCN
Introdução 5ª a 8ª, 1998:50).
O objetivo desse documento (PCN-LE, 1998) é restaurar o papel da Língua
Estrangeira na formação educacional, uma vez que a aprendizagem, de uma língua
es
trangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão,
conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Portanto, a
escola não pode mais se omitir em relação a essa aprendizagem (PCN
LE,
1998:19). É importante salientar que o referido documento não pode ser visto como
absoluto e indiscutível, mas sua leitura pode ser uma fonte de reflexões acerca do
que é ensinar e aprender uma Língua estrangeira nas escolas brasileiras (PCN
LE
1998:19)
Segundo os PCN
LE (Brasil, 1998:19), a aprendizagem de Língua Estrangeira é
uma possibilidade de aumentar a percepção do aluno como ser humano e como
cidadão. Por isso, ela vai
se
centrar no engajamento discursivo do aluno, ou seja,
em sua capacidade de se engajar e engajar outros no discurso, de modo a poder
agir no mundo social. Diante disso, os PCN
LE (Brasil, 1998:27) contemplam a
natureza sociointeracional da linguagem, pois quem a usa considera aquele a quem
se dirige ou quem produziu um enunciado. Nesse sentido, a construção do
significado é social, gerada por encontros interacionais que acontecem no mundo
social.
De acordo com os PCN
LE do Ensino Fundamental (Brasil, 1998:29), para que o
processo de construção de significados de natureza sociointeracional seja possível
,
as pessoas
precisam
utilizar três tipos de conhecimento que compõem a
competência comunicativa do aluno e o preparam para o engajamento discursivo
PCN
LE (1998:29), conforme indicado a seguir:
11
Conhecimento sistêmico -
refere
-se ao conhecimento que envolve os rios
níveis da organização lingüística que as pessoas têm: os conhecimentos
léxico-semânticos, morfológicos, sintáticos e fonético-fonológicos. Ele
possibilita que as pessoas, ao produzirem enunciados, façam escolhas
gramaticalmente adequadas ou que compreendam enunciados apoiando-
se
no nível sistêmico de língua.
Conhecimento de mundo - refere-se ao conhecimento convencional que as
pessoas têm sobre as coisas do mundo, isto é, seu pré-conhecimento do
mundo. Ficam armazenados na memória das pessoas, conhecimentos
construídos ao longo de suas experiências de vida.
Conhecimento da organização textual - refere-se ao conhecimento que as
pessoas usam para organizar a informação em textos orais e escritos.
Em relação à aprendizagem de Língua estrangeira, os PCN
LE (Brasil, 1998:37)
esclarecem que ela contribui para o processo educacional como um todo, indo muito
além da aquisição de um conjunto de habilidades lingüísticas. Ela pode levar o aluno
a uma conscientização acerca da organização lingüística em vários níveis: fonético-
fonológico, morfológico, sintático, léxico-semântico e textual. Leva também a uma
nova percepção da natureza da linguagem, aumenta a compreensão de como a
linguagem funciona e desenvolve maior consciência do funcionamento da próp
ria
língua materna.
Há um outro fator a ser considerado do ponto de vista educacional: a função
interdisciplinar que a aprendizagem de Língua estrangeira pode desempenhar no
currículo ao trabalhar com outras disciplinas, como, por exemplo: na Geografia os
alunos podem pesquisar os países
cuja
língua oficial ou segunda língua é o inglês;
na História, os países que foram colonizados pela Inglaterra; na Língua P
ortuguesa,
a influência da língua estrangeira na cultura brasileira. O resultado desse trabalho é
relevante para o aluno, pois favorece na prática de sala de aula a relação entre
língua estrangeira e o mundo social. Dessa forma, a aprendizagem não se torna um
modelo de exercícios estanques e descontextualizados, atrelados a uma visão
tradicional de ensino, mas sim uma experiência de vida, pois amplia as
12
possibilidades de agir discursivamente no mundo. A respeito do papel educacional
da
l
íngua
e
strangeira, os PCN
LE (1998:38) afirmam que:
O papel educacional da Língua estrangeira é importante para o d
esenvolvimento
integral do indivíduo, devendo seu ensino proporcionar ao aluno essa nova
experiência de vida. Experiência que deveria significar uma abertura para o mundo,
tanto o mundo próximo, fora de si mesmo, quanto o mundo distante, em outras
culturas
. Assim, contribui-se para a construção e para o cultivo pelo aluno, de uma
competência não só no uso de línguas estrangeiras, mas também na compreensão de
outras culturas.
Os PCN - LE (Brasil, 1998:54) asseguram que o ensino de uma língua estrangeira
na escola tem um papel fundamental, uma vez que permite aos alunos entrar em
contato com outras culturas, com modos diferentes de ver e interpretar a realidade.
Dessa forma, é importante ressaltar que o ensino de uma língua estrangeira impõe
para o professor desafios perante um trabalho que permite aos alunos confiar na
própria capacidade de aprender e interagir de forma cooperativa com os colegas.
Sendo assim, com a mediação do professor, os alunos aprenderão a compreender e
respeitar atitudes, opiniões, c
onhecimentos e ritmos diferenciados de aprendizagem.
Cabe dizer que os PCN
LE (Brasil, 1998:55) informam que um dos caminhos a se
trilhar é o estímulo à capacidade de ouvir, discutir, falar, escrever, descobrir,
interpretar situações, pensar de forma criativa, fazer suposições, inferências em
relação aos conteúdos, p
orque
permite ampliar a capacidade de abstrair elementos
comuns a várias situações, para fazer generalizações e aprimorar as possibilidades
de comunicação ao criar significados por meio da utilização da língua, constituindo-
se como ser discursivo em língua estrangeira. Dentre os trabalhos citados pelo
documento, o de leitura e interpretação de textos em Língua Inglesa representa um
apoio fundamental para a compreensão dos significados, funcionamento e uso da
língua estrangeira.
para a habilidade comunicativa de produção oral, focalizada nesta pesquisa, os
PCN
LE (Brasil, 1998:55) sugerem que, desde o início da aprendizagem, esta
13
deve ser incentivada
e
desenvolvida por meio de diálogos aut
ênticos, que reflitam as
situações reais de fala. Essa prática proporciona que, de certa forma, se amplie a
consciência dos alunos sobre os sons da língua, bem como a importância que a
produção oral tem no exercício das interações sociais. Diante disso, acredito que a
proposta de trabalho com atividades teatrais seja relevante porque, além de
promover esse desenvolvimento, pode contribuir para que o aluno se desiniba e
melhore seu desempenho oral e proporcionar-
lhe
uma
viv
ência de papéis sociais
diferentes.
Resumindo, o documento conclui que a variedade de atividades, relevantes para o
aluno em sala de aula, favorece a possibilidade de realizar tarefas de forma mais
prazerosa. Aliada a essas atividades, a mediação do professor é essencial no
processo de aprendizagem, pois necessidade de sua intervenção em relação às
orientações sobre como lidar com o material de estudo.
Os PCN
LE (Brasil, 1998:55) pontuam também as concepções teóricas que têm
orientado os processos de ensino e aprendizagem de l
íngua
estrangeira: a visão
behaviorista, a cognitivista e a sociointeracionista. Essas concepções são
importantes, pois nortearam e /ou norteiam a prática dos professores de
Língua
Inglesa
no contexto nacional e entendê-las pode permitir uma reflexão sobre, ou
m
elhor
, se compreenda as percepções de aprendizagem de Língua estrangeira que
permeiam o fazer de professores e o aprender dos alunos brasileiros.
Por acreditar que essas concepções de ensino-aprendizagem são fundamentais
para entendermos os processos de ensino nos momentos históricos da educação
em relação à aprendizagem e ao papel do professor e do aluno, descrevo-as na
próxima seção.
14
1.2
Concepções de ensino
-
aprendizagem
de Língua Estrangeira
As concepções de ensino-aprendizagem são de suma importância para este
trabalho, pois tem sido recorrente a preocupação dos pesquisadores no que tange
ao desafio de a escola transformar as informações do mundo globalizado em
conhecimento. A pós-modernidade requer um indivíduo cujas competências lhe
garantam resolver problemas do cotidiano, levando-se em conta a versatilidade, o
improviso e a criatividade, aliados aos conhecimentos historicamente construídos
que deverão estar impressos na formação desse novo perfil de cidadão.
Nesse sentido, o papel da escola passa a ser fundamental, na medida que tem,
também como função, ampliar os conhecimentos dos alunos ao entrarem em
contato com outras culturas ou novas formas de interpretar o mundo.
Sabemos que a escola passou por várias mudanças e concebeu de várias formas o
fenômeno educativo. No caso de ensino-aprendizagem de língua estrangeira e mais
especificamente o inglês, três concepções teóricas no país se apresentam
importantes, conforme indicado anteriormente, na história do ensino-
aprendizagem
de inglês na escola de modo geral: a behaviorista, a cognitivista e a sócio -
interacionista.
1.2.1
Behaviori
smo
Segundo William e Burden (1997:9) na visão behaviorista, que tem em
Skinner
o
teórico representante, o homem é considerado produto das influências existentes no
meio ambiente. Quanto ao processo ensino-aprendizagem, o aluno é considerado
como um recipiente de informações e de reflexões. O comportamento deve ser
passivo e direcionado para as finalidades de caráter social, ou seja,
ele
deve se
enquadrar no conteúdo socialmen
te aceito.
15
Segundo Williams e Burden (1997:9), Skinner sugere que se adotem quatro
procedimentos para instrução como forma de educação: 1) o professor deve
explicitar o que vai ser ensinado; 2) as tarefas devem ser dadas em um número
menor e realizadas pa
sso
-a-passo; 3) os alunos devem ser encorajados a trabalhar
no seu próprio ritmo, individualmente; 4) a aprendizagem deve ser programada
,
incorporar
os procedimentos acima e fornecer um reforço positivo imediato bastante
próximo a 100 por cento de acertos.
Pertencente
à escola positivista, a visão behaviorista de aprendizagem foi
largamente difundida pelos professores de línguas e foi uma influência poderosa no
desenvolvimento do método áudio-lingual para o aprendizado de línguas. Quando
essa teoria é aplicada ao ensino de línguas, a língua é vista como um
comportamento a ser ensinado. Segundo os PCN-LE (1998:56), essa visão na sala
de aula de l
íngua
estrangeira resultou no uso de metodologias que enfatizavam
exercícios de repetição e substituição.
Porta
nto, o foco do behaviorismo está centrado, segundo Williams e Burden
(1997:11)
,
nas respostas que os alunos dão aos estímulos pelo método áudio
-
lingual
apresentação, prática, repetição e substituição. O erro do aluno deve ser corrigido
imediatamente para não afetar negativamente o processo de aprendizagem. Essa
visão de ensino é associada a uma pedagogia corretiva. o professor é visto como
detentor do conhecimento, controlador de tudo; um modelo a ser seguido.
1.2.2
Cognitivis
mo
Na concepção cognitivista, largamente difundida no Brasil, que tem como teórico
representante
Jean Piaget (1972), o indivíduo é considerado como um sistema
aberto, sempre em busca de um estágio final, pois o homem e o mundo interagem
simultaneamente, produzindo, dessa forma, o conh
ecimento,
o que distancia da
teoria anterior, que polariza de um lado o sujeito e de outro lado o objeto. Portanto,
segundo Williams e Burden (
1997:21)
esta se
op
õe
ao behaviorismo que vê o
aprendizado como um acúmulo de conhecimento. O construtivismo o indivíduo
16
como responsável pela construção do conhecimento, a partir de suas experiências.
Para esses autores, Piaget considera o desenvolvimento cognitivo do ser humano
um processo de maturação,
durante o qual
a genética e a experiência interagem.
De acordo com esses autores, o desenvolvimento da mente, nessa visão de ensino-
aprendizagem, é visto como uma constante procura do equilíbrio - por exemplo, do
equilíbrio entre o que se sabe e o que está sendo experienciado. Esta é uma
realização do processo complementar de assimilação e acomodação. A assimilação,
por um lado, é o processo em que a informação nova é incorporada a esquemas
existentes. A acomodação, por outro lado, é o processo pelo qual nós modificamos o
que sabemos para levar em conta novas informações. Trabalhando juntos, esses
dois processos contribuem para o que a teoria piagetiana preconiza como processo
central cognitivo de adaptação.
O ensino que tem como base a teoria piagetiana deve ser pautado na pesquisa, na
investigação, na solução de problemas por parte do aluno, de forma a rejeitar um
processo fundamentado na memorização mecânica que acontece no processo
ensino
-aprendizagem de visão behaviorista. O erro do aluno passa a ter caráter
construtivo e é considerado como parte do processo de aprendizagem. Para Piaget
(1972), o sujeito construtivista é o sujeito ativo, construtor de seu conhecimento, a
partir de suas próprias experiências.
Bruner (1996), outro expoente da corrente construtivista, segundo Williams e Burden
(1997: 26), afirma que o aprendizado é um processo ativo onde os aprendizes
constroem novas idéias baseadas em conhecimentos anteriores, encorajando os
aprendizes a descobrir por eles próprios as soluções dos problemas educacionais.
Ele enfatiza também a importância de se encorajar um trabalho intuitivo e de
adivinhação nos estudantes (William and Burden, 1997:26)
.
17
1.2.3 Sócio
-i
nteracionis
mo
Com relação à visão sócio-interacionista que tem em Vygotsky (1934/1998) seu
representante, o homem é sujeito da educação o que evidencia sua interação com o
mundo, numa abordagem sócio-
histórica do comportamento humano.
Assim como Piaget, Vygotsky (1934/1998) não elaborou nenhuma metodologia, mas
deixou idéias importantes para a educação. Mas diferente de Piaget (1972), que
não
considerou na sua teoria o sentido que as pessoas dão ao mundo, criando por assim
dizer um sujeito epistemológico, Vygotsky (1934/1998) como essencial a vivência
em sociedade, de forma a favorecer a transformação do homem como ser biológico
em ser s
ócio
-histórico, num processo que a cultura é parte essencial da constituição
da natureza humana (Oliveira, 1997: 24). Para Vygotsky (1934/1998: 71), é na
mediação que se revela o sujeito não apenas ativo, mas interativo, isto é, o ser
humano interage com o meio, com o outro e consigo mesmo. Nas palavras de
Oliveira (1997:26):
Mediação, em termos genéricos, é o processo de intervenção de um elemento
intermediário numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e passa a ser
mediada por esse elemento.
Para Vygotsky (1934/1998: 119), a evolução intelectual caracteriza-se por saltos
qualitativos de um nível de conhecimento para o outro. A respeito disso, preconizou
o conceito da zona de desenvolvimento proximal, definida como a distância entre o
nível de desenvolvimento real, determinado por aquilo que a criança é capaz de
fazer sozinha, e o nível de desenvolvimento potencial, que se refere àquilo que a
criança ainda não domina, mas é capaz de realizar com a ajuda de alguém.
Sendo assim, na sala de aula,
a interação entre o aluno e professor ou um colega de
classe propiciará a construção do conhecimento partilhado. A questão central dessa
18
abordagem é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio e
com o outro.
1.2.3.1 Vygotsky e a t
eoria sócio
-
histórica
Esta dissertação está fundamentada na concepção sócio-interacionista que tem o
psicólogo Lev Semenovich Vygotsky (1934
/1998
)
como
seu representante porque
acredito que vários aspectos em sua teoria que condizem com a proposta do
trabalho com atividades teatrais em sala de aula da escola pública. Nessa
abordagem, Vygotsky (
1934/
1998) define o aprendizado como um aspecto
necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas
superiores
-
por exemplo, linguag
em
e
memória.
Para Vygotsky (1934/1998: 52-53), é por meio da aprendizagem nas relações com
os outros que construímos os conhecimentos que permitem nosso desenvolvimento
mental. Segundo esse autor, a criança nasce dotada apenas de funções
psicológicas elementares, como os reflexos e a atenção involuntária, presentes em
todos os animais mais desenvolvidos. Com o aprendizado cultural, no entanto, parte
dessas funções básicas transforma-se em funções psicológicas superiores, como a
consciência, o planejamento, características exclusivas do homem. Essa evolução
acontece pela elaboração das informações recebidas do meio.
De acordo com Vygotsky (1934/1998: 75):
Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal. Todas as
funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível
social, e, depois, no nível individual; primeiro,
entre
pessoas (
interpsicológico
), e,
depois
no interior da criança (
intrapsicológica
).(...). Todas as funções superiores
originam
-
se das relações reais
entre indivíduos humanos.
Nessa mesma direção, Oliveira (1997:39) complementa que a partir dessa
interpretação é que será possível para o indivíduo desenvolver processos
psicológicos internos que podem ser interpretados por ele mesmo, a partir dos
19
mecani
smos estabelecidos pelo grupo cultural e compreendidos por meio dos
códigos compartilhados pelos membros desse grupo.
Diante disso, o homem é sujeito da educação, evidenciando-se sua interação com o
mundo, numa abordagem sócio-histórica do comportamento humano. Segundo
Oliveira (1997:38), a teoria vygotskyana o ser humano constituir-se e
desenvolver
-se como sujeito, além de contribuir para a constituição dos outros por
meio da interação social.
A linguagem, sistema simbólico dos grupos humanos represe
nta
um salto qualitativo
na evolução da espécie. É ela que fornece os conceitos, as formas de organização
do real, a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento. É por meio dela que
as funções mentais superiores são socialmente formadas e culturalm
ente
transmitidas, portanto, sociedades e culturas diferentes produzem estruturas
diferenciadas.
A cultura fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da
realidade, ou seja, o universo de significações que permite construir a interpretaçã
o
do mundo real.
Oliveira (1997:38) argumenta que a cultura, entretanto, não é pensada por Vygotsky
como algo pronto, um sistema estático ao qual o indivíduo se submete, mas como
uma espécie de palco de negociações em que seus membros estão num constant
e
movimento de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados.
Nas palavras de Oliveira (2003:38), a vida social é um processo dinâmico, durante o
qual
cada sujeito é ativo e acontece a interação entre o mundo cultural e o mundo
subje
tivo de cada um.
Por isso a linguagem é importante para Vygotsky (1934
/1998
). Além de a cultura ser
transmitida por ela, é o principal instrumento de mediação do conhecimento entre os
seres humanos, tendo relação direta com o próprio desenvolvimento psico
lógico,
atuando no mundo social.
20
Vygotsky (1934/1998: 110) considera que a criança começa a aprender assim que
nasce e começa a ter contato com as pessoas com quem convive. Isto significa que
antes da criança obter o aprendizado escolar, ela adquiriu um aprendizado
anterior por meio das interações com o meio e com os outros. Por
tanto, nas palavras
de Vygotsky (1934/1998: 110), qualquer situação de aprendizado com a qual a
criança se defronta na escola tem sempre uma história prévia
.
A teoria vygotskyana afirma que a evolução intelectual é caracterizada por saltos
qualitativos de um nível de conhecimento para outro. Ele sugere dois níveis de
desenvolvimento. O primeiro nível pode ser chamado de nível de desenvolvimento
real
, que se caracteriza por funções que amadureceram, isto é, fases já
alcançadas pela criança. o segundo nível, chamado de nível de desenvolvimento
proximal
, é caracterizado por aquelas funções que ainda não amadureceram, mas
que estão em processo de maturação. Portanto para ele, aprendizagem, por ser um
processo social, permite ao aprendiz mais experiente compartilhar seu
conhecimento com um aprendiz menos experiente; a aprendizagem torna-se uma
colaboração conjunta entre os sujeitos, uma experiência de troca,
possibilita
a re-
sig
nificação individual do que foi internalizado. Nesse sentido
,
o papel do professor é
atuar como mediador da aprendizagem, provocar avanços no desenvolvimento da
criança, por meio da assistência, mediação e fornecimento de pistas, para que os
alunos consigam realizar as atividades e as tarefas com mais independência. Nas
palavras de Oliveira (1997:62): o professor tem o papel explícito de interferir na zona
de desenvolvimento proximal dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam
espontaneamente.
No início da vida escolar da criança, o professor promove atividades com o objetivo
de guiá-la para um aprendizado que não ocorreria naturalmente. A respeito disso,
Hedegaard (apud Daniels 2002:204) comenta que o papel do professor é dirigir a
ação dentro da escola de uma maneira apropriada ao nível atual de
desenvolvimento da criança, ao contexto cultural e social, e às teorias do professor
sobre o que é o assunto central.
21
Portanto, nesse contexto, a instrução do professor deve ocorrer na zona de
d
esenvolvi
mento
proximal
do aluno (ZPD), definida por Vygotsky (1934/1998: 112),
como:
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através
da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em
colaboração com companheiros mais capazes.
Segundo Hedegaard (apud Daniels 2002:200), Vygotsky assegura que é preciso
definir ambos níveis no desenvolvimento da cr
iança
, se quiser saber a relação entre
o seu processo de desenvolvimento e as possibilidades do ensino. A autora ainda
complementa que Vygotsky (1934
/1998
) defende que a principal característica do
ensino é que ele cria a zona de desenvolvimento proximal,
estimulando uma série de
processos internos de desenvolvimento.
De acordo com Oliveira (2003: 61), Vygotsky esclarece que a escola tem um papel
fundamental na construção do ser psicológico dos indivíduos que vivem em
sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse papel se dará
adequadamente quando, conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a
escola dirigir o ensino não para etapas intelectuais já alcançadas, mas sim para
estágios de desenvolvimento ainda não incorporados pelos alunos,
funcio
nando
realmente como um motor de novas conquistas psicológicas
(Oliveira, 2003:62).
Nas palavras de Vygotsky (1934/1998: 131):
Os anos escolares são, no todo, o período ótimo para o aprendizado de operações
que exigem consciência e controle deliberado; o aprendizado dessas operações
favorece enormemente o desenvolvimento das funções psicológicas superiores
enquanto ainda estão em fase de amadurecimento. Isso se aplica também ao
desenvolvimento dos conceitos científicos que o aprendizado escolar apresenta à
criança.
Portanto, a instituição escolar é importante
por
que é responsável pelos conceitos
científicos, os quais têm um papel fundamental no desenvolvimento da criança. O
22
aprendizado escolar desempenha um papel decisivo na conscientização da criança,
dos seus próprios processos mentais. Para Vygotsky (1934/1998: 115),
a
consciência reflexiva chega à criança através dos portais do conhecimento
.
Daniels (2005:4) menciona que a ênfase é então na comunicação significativa e para
o professor, torna-se um trabalho desafiador estabelecer um elo entre os conceitos
que a criança tem formado em suas origens de suas experiências diárias e os
conceitos que são introduzidos pela escola.
Segundo Daniels (2005:5), Vygotsky (1934
/1998
) estava particularmente intere
ssado
nos dois tipos de conceitos: o espontâneo e o científico. No uso de conceitos
espontâneos, Vygotsky (1934
/1998
) refere-se aos conceitos adquiridos pela criança
desenvolvidos no decorrer das convivências sociais, fora do contexto escolar. No
uso de conceitos científicos, Vygotsky (1934
/1938
) refere-se aos conceitos
introduzidos pelos professores na escola por meio de informações e atividades
formando um sistema organizado em uma área de conhecimento.
Apesar desses conceitos se desenvolverem em momentos diferentes na criança,
eles se relacionam e se influenciam constantemente. Os conceitos podem ser
formados desde o nascimento, mas é na adolescência que os processos
amadurecem, tomam forma e
se
desenvolvem as funções intelectuais que formam a
base psicológica do processo de formação de conceitos. A palavra tem o papel
principal na formação de conceitos porque, além de ser o signo mediador, ela é
importante na interação do grupo social onde o indivíduo se desenvolve e direciona
o processo de formação dess
es conceitos.
Para Vygotsky (1934 /
1998
:135
-
136):
Embora os conceitos científicos e espontâneos se desenvolvam em direções opostas,
os dois processos estão intimamente ligados. É preciso que o desenvolvimento de um
conhecimento espontâneo tenha alcançado um certo nível para que a criança possa
absorver um conceito científico correlato. Por exemplo, os conceitos históricos só
podem começar a desenvolver quando o conceito cotidiano que a criança tem do
passado estiver suficientemente diferenciado
quando a sua própria vida e a vida dos
que a cercam puder adaptar-se à generalização elementar no passado e agora , os
seus conceitos geográficos e sociológicos devem se desenvolver a partir do esquema
simples aqui e em outro lugar .
23
Em
relação à aprendizagem de uma língua estrangeira, a teoria vygotskyana
considera
tratar-
se
de um processo consciente desde o início. Segundo o autor, na
língua materna, os aspectos primitivos da fala são adquiridos antes dos aspectos
mais complexos. Estes últimos pressupõem uma certa consciência das formas
fonéticas, gramaticais e sintáticas. Além disso, é considerado que as formas mais
elevadas se desenvolvem antes da fala fluente e espontânea.
Vygotsky (
1934/
1998: 136) ainda exemplifica que na sua própria língua, a criança
conjuga e declina corretamente, mas sem se dar conta disso: não sabe distinguir o
gênero, o caso ou o tempo da palavra que está empregando. Já numa língua
estrangeira, distingue entre os gêneros masculino e feminino e está consciente da
s
formas gramaticais desde o início.
Em relação à fonética, o autor argumenta que ocorre a mesma coisa. Apesar de não
cometer erros de pronúncia na sua língua materna, a criança não tem consciência
dos sons que pronuncia, e, ao aprender a soletrar, tem muita dificuldade para dividir
uma palavra nos sons que a constituem. Porém, numa língua estrangeira, ela faz
isso com facilidade. É a pronúncia, a fonética espontânea , que ela acha difícil
dominar.
Portanto, para Vygotsky (
1934/
1998: 137), a fala fluente e espontânea com um
domínio rápido e seguro das estruturas gramaticais surgem para a criança como o
resultado positivo de um estudo demorado e árduo. Vygotsky (
1934/
1998: 137)
afirma que:
O êxito no aprendizado de uma língua estrangeira depende de um certo grau de
maturidade na língua materna. A criança pode transferir para a nova língua o sistema
de significados que possui na sua própria. O oposto também é verdadeiro
uma
língua estrangeira facilita o domínio das formas elevadas da língua materna.
Nessa mesma direção, os PCN-LE (1998:28) contemplam,em linhas gerais que a
aprendizagem de uma Língua Estrangeira proporcionará :
24
1. Aumentar o conhecimento sobre a linguagem que o aluno construiu sobre sua
língua materna, por meio de comparações com a l
íngua estrangeira em vários níveis;
2. Possibilitar que o aluno, ao se envolver nos processos de construir significados
nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso de uma língua estrangeira.
Portanto, para os cio-interacionistas, o aprendizado ocorre por meio da interação
com o outro, e é por meio dela que o indivíduo faz sentido no mundo social. No
aprendizado de línguas, assume-se que o ser humano aprende uma língua por meio
do uso dela
,
para que ele interaja com os outros (Williams e Burde
n, 1987:39).
1.2.3.2 Imitação
Um outro fator relevante ao se pensar na teoria vygotskyana
,
importante ao se
pensar em atividades teatrais, é o mecanismo da imitação. Oliveira (2003:63) diz
que Vygotsky (1934/1998) enfatiza que a imitação não é mera cópia de um modelo,
mas reconstrução individual daquilo que é observado nos outros. Diante disso,
Vygotsky sugere (1934/1998: 129) que a imitação e o aprendizado desempenham
um papel importante. Trazem à tona as qualidades especificamente humanas da
mente e l
evam a criança a novos níveis de desenvolvimento.
O autor considera que a imitação é essencial e indispensável à aprendizagem da
fala, assim como à aprendizagem na escola, porque segundo ele, o que a criança é
capaz de fazer hoje em cooperação, será capaz
de fazer sozinha amanhã.
Ainda em relação à imitação, Oliveira (2003: 63
-64) complementa:
A imitação poderia ser utilizada deliberadamente em situações de ensino-
aprendizado
como forma de permitir a elaboração de uma função psicológica no nível interp
quico
(isto é, em atividades coletivas, sociais) para que mais tarde essa função pudesse ser
internalizada como atividade intrapsicológica (isto é, interna ao próprio indivíduo).
25
Ao pensar na imitação, à luz da teoria vygotskyana, percebo a importância d
esse
conceito para as atividades teatrais em sala de aula. Durante a aplicação das
atividades
, o aluno se depara com representações que consistem na reprodução de
uma pessoa, de uma ação ou de um animal. Isso para a apresentação teatral
fundamenta
-se na imitação de uma ação pelo aluno, tornando-se assim real para a
platéia. Ao fazer esse exercício, a criança enriquece sua identidade, porque ela
experimenta outra forma de ser e de pensar.
Por meio
desta imitação representativa
,
a criança vai também aprendendo a lidar com regras e normas sociais
.
A imitação
permite ao aluno experimentar papéis sociais nunca antes vivenciados, isto é, ser
pai, mãe, professor, médico, cantor, contribuindo assim para o desenvolvimento de
sua capacidade de criação, observação, percepção de si mesmo e do grupo, a partir
daquilo que ele consegue observar nos outros.
1.2.3.3 Brinquedo
Um outro aspecto importante na teoria de Vygotsky (1934
/1998
) é o papel do
brinquedo no desenvolvimento da criança. Esse conceito é relevante também para
as atividades teatrais, foco deste estudo, porque possibilita à criança trabalhar o lado
imaginário, criativo e também possibilita descobrir a si mesma e aos outros.
De acordo com Vygotsky (1934/1998: 122), o que ele chama de brinquedo é quando
a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os
desejos não realizáveis podem ser realizados. Para o autor, isso surge a partir da
época
que uma criança muito pequena
tem
a tendência a tornar a
satisfa
ção de
seus desejos
como
algo
imediat
o; normalmente, o intervalo entre um desejo e a sua
satisfação é extremamente curto. Entretanto, na idade pré
-
escolar surge uma grande
quantidade de tendências e desejos não possíveis de serem realizados
imediatamente. Ele cita o exemplo de um
a criança muito pequena que queira ocupar
o papel de sua mãe. Ela quer isso imediatamente. Se não puder tê-lo, poderá ficar
muito mal-humorada; no entanto, comumente poderá ser distraída e acalmada de
forma a esquecer seu desejo.
26
No início da idade pré-
es
colar, reitera o autor, surgem os desejos que não podem
ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos e permanece ainda a característica do
estágio precedente de tendência para a satisfação imediata desses desejos,
mudando, portanto, o comportamento da crian
ça.
Ao se envolver no mundo do brinquedo, a criança desenvolve um processo
psicológico novo a ser considerado que é a imaginação. Segundo Vygotsky
(1934/1998: 122), ela representa uma forma especificamente humana de atividade
consciente, que não está presente na consciência de crianças muito pequenas e
está totalmente ausente em animais. Essa atividade consciente complementa o
autor
,
surge originalmente da ação
(Vygotsky 1934/1998: 122).
Porém, para o autor, isso não quer dizer que todos os desejos não satisfeitos dão
origem a brinquedos. Ele exemplifica que, quando a criança quer andar de trole e
esse desejo não é imediatamente satisfeito, então a criança vai para o seu quarto e
faz de conta que está andando de trole. Ao estabelecer critérios para distinguir o
brincar da criança de outras formas de atividade, a teoria vygotskyana considera que
no brinquedo a criança cria uma situação imaginária.
Além de criar uma situação imaginária, o brinquedo é também uma atividade regida
por regras. Vygotsky (1934/1998: 124) toma como exemplo as irmãs que decidiram
brincar de irmãs. Ao brincar, a criança tenta ser o que ela pensa que uma irmã
deveria ser. Oliveira (2003:67) discute que são justamente as regras da brincadeira
que fazem com que a criança se comporte de forma mais avançada do que aquela
habitual para sua idade. O que na vida real é natural e passa despercebido, na
brincadeira torna-se regra e contribui para que a criança entenda o universo
particular dos diversos papéis que desempenha, complementa a autora. Ao brincar
de ônibus, por exemplo, exerce o papel de motorista. Para isso, informa a autora, a
criança tem que tomar como modelo os motoristas reais que conhece e extrair deles
um significado mais geral e abstrato para a categoria motorista . Portanto, para
brincar conforme as regras, a criança tem que se esforçar para exibir um
comportamento semelhante ao do motorista, o que a impulsiona para além de seu
comportamento de criança.
27
A teoria vygotskyana destaca que uma enorme influência do brinquedo no
desenvolvimento de uma criança. Isso ocorre porque, quando o conhecimento de
mundo da criança expande, o brinquedo torna-se fundamental para que ela entenda
o mundo em que vive. Nas palavras de Vygotsky (1934/1998: 126):
É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de numa
esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e o dos
incentivos fornecidos pelos objetos externos.
Vygotsky (1934/1998) apresenta vantagens favoráveis e relevantes ao brinquedo. A
situação de brincadeira oferece à criança uma situação imaginária que não é algo
fortuito na vida
dela
; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da
criança em relação às restrições situacionais. Para o autor, no brinquedo a criança
segue o caminho do menor esforço - ela faz o que mais gosta de fazer, porque o
brinquedo está unido ao prazer e, ao mesmo tempo, aprende a seguir os caminhos
mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela
quer, uma vez que a sujeição
às
regras e a renúncia à ação impulsiva constitui o
caminho para o prazer no brinquedo. No jogo, ela age de maneira contrária à que
gostaria de agir. O maior autocontrole da criança ocorre na situação de brinquedo,
afirma Vygotsky (1934/1998:
131)
, posto que ela demonstra o máximo de força de
vontade quando rejeita uma atração imediata da atividade
-
como por exemplo, uma
bala que, pelas regras, é proibido comer, uma vez que se trata de algo não
comestível. Segundo Vygotsky (1934/1998: 131):
O brinquedo cria na criança uma nova forma de desejos. Ensina-a a desejar,
relacionando seus desejos a um eu fictício, ao seu papel no jogo e suas regras.
Dessa maneira, as maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo,
aquisições que no
futuro tornar
-
se
-
ão seu nível básico de ação real e moralidade.
Portanto para o autor, a brincadeira do faz-
de
-conta cria a zona de desenvolvimento
proximal nas crianças, pois nela as crianças se comportam além do comportamento
habitual da sua idade, além do seu comportamento diário. Mas, para que isso
aconteça
, é necessário que a instituição escolar permita e os professores
28
proporcionem atividades que envolvam os alunos em brincadeiras de faz-de
-
conta
com sentido pedagógico, favorecendo a criatividade das crianças e
conseqüentemente podendo ser um meio para o desenvolvimento do pensamento
abstrato, que é um aspecto fundamental para a atividade consciente humana. A
esse respeito, cito as considerações de Oliveira (2003:67):
A promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras,
principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida
função pedagógica. A escola poderia se utilizar deliberadamente desse tipo de
situações para atuar no processo de desenv
olvimento das crianças.
O conceito do papel do brinquedo no desenvolvimento da criança, defendido por
Vygotsky (1934
/1998
), tem uma relação direta com a proposta do trabalho de
atividades teatrais em sala de aula. As atividades teatrais proporcionam aos
alunos
atividades lúdicas, durante as quais brincam utilizando seus recursos corporais e de
expressão. Nessas atividades, são exploradas por meio da cognição, da linguagem
e da afetividade, a criatividade e a imaginação, perante representações dos papéis
vivenciados socialmente. Dessa forma, observa-se que o aluno ao entrar no mundo
da fantasia se desfaz de sua identidade e assume uma personagem que está
vivenciando naquele momento. Quando acontece essa inversão de papéis, a
espontaneidade aflora e amplia o conhecimento do aluno e proporciona um maior
entendimento do mundo em que vive. As atividades de faz-
de
-conta fazem a criança
construir estratégias que lhe permitam ser reconhecida como sujeito social que é.
1.2.3.4 Afetividade
Oliveira (1992), em uma explanação a respeito de Vygo
ts
ky (1934) e a afetividade,
afirma que a psicologia tradicional como ciência ao longo de sua história tem
considerado o pensamento e a emoção de formas separadas no processo de
construção do conhecimento. Mas nos dias de hoje, uma tentativa de
reconstrução do ser psicológico completo.
29
A teoria vygotskyana considera processos denominados cognitivos, as funções
mentais e a consciência. As funções mentais referem-se a processos como
pensamento, memória, percepção e atenção. As funções mentais elementares são
aquelas relacionadas às funções mentais elementares, como atenção involuntária e
funções mentais superiores como atenção e memória lógica. A organização da
consciência aplica-se à inteligência e à afetividade e emerge na participação em
práticas sócio
-
culturais.
As questões afetivas para Vygotsky (1934) têm papel preponderante no aprendizado
da criança. Segundo Oliveira (1992:76), a concepção de homem para Vygotsky
(1934) busca a pessoa como um todo, não considera afeto e pensamento como
dimensões isoláveis. A autora ainda menciona que Vygotsky (1934
/1998
) afirma que
o pensamento tem sua origem na esfera da motivação: inclinações, necessidades,
interesses, impulsos, afeto e emoção. Portanto, conclui a autora, Vygotsky
(1934
/1
998
) declara que o pensamento é possível quando se compreende sua
base afetivo
-
volitiva que é a emoção.
Nesse sentido, os aspectos afetivos emocionais durante as atividades em sala de
aula não devem ser deixados de lado, pois contribuem para a construção do
aprendizado e do conhecimento da criança, compreendendo que a razão e a
afetividade são aspectos ligados e influenciados pelo mundo social.
Diante desse cenário, é importante a promoção de atividades em sala de aula que
estimulem a construção do conhecimento, mas que envolva também dimensões
afetivas e de motivação essenciais para o processo de ensino
-
aprendizagem
.
Na seção a seguir, apresento como certos conceitos teatrais são relevantes para
proposta de atividades teatrais na sala de aula. Além disso, por que e para que as
atividades teatrais podem contribuir para o desenvolvimento do trabalho com
produção oral em
Língua Inglesa
.
30
1.3 Conceitos teatrais
Nesta seção apresento a contribuição do teatro para a proposta didática, segundo
Duarte (2001), conceitos teatrais difundidos por Spolin (1963) e Reverbel (1997),
importantes para o enriquecimento do trabalho das atividades teatrais em sala de
aula.
O Teatro teve um papel muito importante para o desenvolvimento da proposta
didática de Duarte. Ele foi um dos recursos norteadores para que as atividades
teatrais pudessem ser implementadas na sala de aula, pois permite aos alunos o
exercício da imaginação, a aquisição de conhecimento, o ato de vivenciar outros
papéis e
,
conseqüentemente
,
experimen
tar outras emoções.
Conforme Duarte (2001:13), na área de teatro, como arte dramática, especialmente
com ênfase na improvisação, a experiência também é valorizada e pode propiciar a
autodescoberta
, desencadear o processo do aprender a aprender e levar ao
encontro do aluno consigo mesmo. Esse encontro favorece as relações
interpessoais nas atividades teatrais, porque o grupo estimula a ação e a
participação de todos em direção à experiência. A autora esclarece que os alunos se
sentem livres de julgamentos e respeitados em sua capacidade de participação. Ela
ainda complementa que a participação e ação do grupo se dão pela comunicação,
que é o objetivo da busca do aluno de Língua Inglesa, assim como, é o objetivo das
atividades teatrais. Nesse sentido, a autora considera
que
compartilhar experiências
e sentimentos e revelar as pessoas, em situação de sala de aula, podem
estabelecer um clima não ameaçador e, portanto, propício à aprendizagem.
Viola Spolin (1963:3), precursora do Teatro improvisacional, que é a arte de
interpretar algo imprevisto no momento da ação, considera que todas as pessoas
são capazes de atuar no palco e, se o ambiente permitir, aprender qualquer coisa e,
se o indivíduo permitir, o ambiente lhe ensinará tudo o que ele tem para ensinar.
A
autora ainda declara que a pessoa no teatro improvisacional deve experienciar,
penetrar e
se
envolver por meio da expressão corporal, em pensamento e
31
intuitivamente. O jogo teatral, complementa a autora, pode propiciar esse
envolvimento e a espontaneidade
necessários para que a pessoa se sinta livre. Essa
liberdade pessoal leva a experimentar e adquirir autoconsciência (auto-identidade) e
auto
-
expressão, necessárias para a expressão teatral.
Mas o que é o jogo teatral?
Spolin (1963:4) define jogo teatral
conforme segue:
O jogo é uma forma natural de grupo que propicia o envolvimento e a liberdade
pessoal necessários para a experiência. Os jogos desenvolvem as técnicas e
habilidades pessoais necessárias para o jogo em si, através do próprio ato de jogar.
As habilidades são desenvolvidas no próprio momento em que a pessoa está jogando,
divertindo
-
se ao máximo e recebendo toda a estimulação que o jogo tem para oferecer
é este o exato momento em que ela está verdadeiramente aberta para recebê
-
las.
Segundo
Koudela (2004:41-
43)
, o sistema de jogos teatrais de Spolin (1989) é
apresentado na forma de um fichário intitulado Jogos teatrais
o fichário de Viola
Spolin. A organização de cada jogo é apresentada de forma que contém a
explicação de cada item: preparação, descrição do exercício, instrução, avaliação,
notas, áreas de experiência. O manual que acompanha os jogos fornece as
instruções e o fichário é uma compilação de Spolin (1989), realizada a partir de uma
experiência de longos anos com teatro de improvisação. É importante lembrar que
este sistema de jogos teatrais
o fichário de Viola Spolin
foi utilizado em duas
atividades teatrais apresentadas para os alunos, conforme será detalhado no
capítulo de Metodologia.
Spolin (1963:5) esclarece que o jogo deve ser altamente social com o propósito de
solucionar um problema. Com esse envolvimento no jogo e com disposição, os
jogadores tornam-se ágeis, alertas, prontos e desejosos de novos lances. O
crescimento, explica a autora, ocorrerá sem dificuldade no al
uno
-ator porque o
próprio jogo o ajudará. A espontaneidade é um elemento que favorece a liberdade
pessoal como um todo e estimula o aluno a transcender a si mesmo; ele é libertado
para penetrar no ambiente, explorar, aventurar e enfrentar sem medo todos os
perigos (Spolin, 1963:5).
32
A oficina teatral para crianças é também um trabalho de Spolin (1963) largamente
reconhecido. Segundo a autora a criança pode participar ativamente de uma forma
honesta e verdadeira nos jogos e também no teatro
,
se lhe for conced
ida a liberdade
pessoal para experienciar. Para Spolin (1963:250), a criança desenvolve o senso da
responsabilidade por meio da comunicação teatral. Ela se envolve e desenvolve
relacionamentos sociais, cria a sua própria realidade e aprende a improvisar
de
senvolvendo cenas válidas teatralmente, como fazem os adultos. Por isso,
complementa a autora, os jogos são importantes no processo de aprendizagem.
Durante a execução, o professor poderá fazer suas análises e observações das
atitudes de cada ator, sua rea
lidade e comportamento.
Um outro aspecto que a autora aponta ser muito importante é o trabalho em grupo
.
O teatro, segundo Spolin (1963:8-
251)
, é uma atividade artística que exige o talento
e a energia de muitas pessoas. Para isso, requer um relacionamento do grupo
saudável
, com total participação individual e contribuição pessoal. A experiência
teatral, como a brincadeira, é uma experiência grupal que permite às crianças, com
capacidades diferentes, se expressarem simultaneamente enquanto desenvolvem
hab
ilidades e criatividades individuais.
Spolin (1963:252) enfatiza o trabalho de jogos teatrais com as crianças. Segundo a
autora
,
os jogos são importantes no processo de aprendizagem. Durante a execução
o professor poderá fazer suas análises e observações
das atitudes de cada ator, sua
realidade e comportamento.
Reverbel (2002:111) define que o jogo teatral é uma parte vital da vida da criança e
do jovem. É a maneira
da
criança pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar
ousar, experimentar, criar e ab
sorver. O jogo, para a autora, é na verdade a vida. Ele
proporciona à criança um efetivo relacionamento com os outros e é, ao mesmo
tempo
, motivo de prazer, alegria, pois
nele
ela tem a oportunidade de atuar, de falar,
de inventar, enfim de exteriorizar.
Em relação ao trabalho com crianças e jovens, Reverbel (2002:31) defende que a
atuação, a observação e a crítica são ações fundamentais para a formação da
33
personalidade dos alunos que adquirem ao mesmo tempo domínio da linguagem
gestual e verbal. Nesse sen
tido
, Reverbel (2002:31) aponta que o ensino da arte
pode ser definido por espontaneidade / técnica. A autora afirma que se a criança
busca espontaneamente realizar uma atividade de expressão, quanto mais
desenvolver a aprendizagem das técnicas, maior será
sua espontaneidade.
No teatro várias técnicas de expressão que podem ser aplicadas durante os
jogos, dentre elas: a) técnica corporal; b) técnica vocal; c) técnica musical;
d) técnica
da mímica
;
e) técnica dramática improvisação.
Reverbel (2002:60) argumenta que a linguagem predominante no mundo é a verbal
porque o preconceito e a vergonha do corpo decorrem das fórmulas rígidas de uma
educação tradicional, na qual os valores sociais se sobrepõem aos valores
humanos. A importância da técnica corporal, complementa a autora, é que ela
permite o trabalho com as capacidades e habilidades necessárias para o
desenvolvimento da personalidade do aluno. Durante os exercícios, o aluno
identifica seus recursos corporais, aprimora sua linguagem gestual, aplicando-a
espontaneamente nas mais diversas situações propostas. Spolin (1963:131) revela
que o corpo deve ser uma fonte de expressão humana e precisa ser desenvolvido
para
se
tornar um instrumento sensível, capaz de perceber, estabelecer contato e
comunicar.
A técnica vocal tem como objetivo levar o aluno a identificar a importância da voz e
da fala na comunicação humana (Reverbel, 2002:63). A importância de falar e de
uma boa voz, afirma a autora, contribui para o ajuste social do indivíduo.
Uma outra cnica difundida por Reverbel (2002:68) é a técnica musical. Segundo a
autora
, essa técnica auxilia o aluno a perceber o ritmo, a melodia, as diferenças
entre a altura e a intensidade do som e os demais elementos em que se fundamenta
a estrutura da música.
Segund
o Reverbel (2002: 74) a técnica da mímica requer um domínio amplo da
linguagem corporal. O gesto do ator substitui o uso da palavra. A mímica
desenvolve
-se como uma atividade de improvisação espontânea. Os exercícios de
34
iniciação partem da situação da vida cotidiana do aluno, por exemplo, tomar café, ir
para a escola, brincar no recreio, fazer lição, ver TV, encontrar os colegas, etc.
Finalmente, a técnica dramática improvisação permite desenvolver a
espontaneidade da criança e do jovem. Reverbel (2002:104) chama de espontânea
a improvisação na qual a situação é apenas dada para o aluno como ponto de
partida e ele deve criar e improvisar a situação, por exemplo, em um local (praça,
aeroporto, festa), um tema (encontro, conflito familiar), um clima (de pânic
o,
entusiasmo).
Para a improvisação, tanto o professor
quanto
os alunos disponibilizam adereços
que são usados para a situação criada, tais como: chapéus, bengalas, roupas,
colares, máscaras, vestidos, etc.
O teatro apresenta fundamentos importantes para um bom espetáculo. Segundo
Spolin (1963:11), a platéia é composta de pessoas de identidades diferentes que
vão ao teatro para assistir à arte dos atores, e é para todas essas pessoas que o
ator deve se empenhar para mostrar suas habilidades, para criar o mundo mágico
da realidade teatral. A platéia é o membro mais reverenciado do teatro. Sem platéia
não há espetáculo. Ela dá significado ao espetáculo, afirma a autora.
A marcação de cena, para Spolin (1963:141) deve facilitar o movimento do ator no
palco,
conta com uma ação forte e permite o relacionamento entre o grupo. Segundo
a autora, o ator deve aprender a notar as necessidades que a cena exige. O ator
deve estar pronto para atuar no momento certo pela movimentação no palco.
Enquanto se move pelo palco, o ator deve estar consciente e ter uma ampla visão
da cena. Portanto, a percepção, observação, imaginação e a criação, que são
capacidades inerentes ao ser humano, devem ser estimuladas por meio de
atividades dramáticas, para que o ator possa desempenhar o papel do personagem
por inteiro em cena.
A seguir, apresento como as atividades teatrais podem contribuir para a melhoria na
produção oral do aluno.
35
1.3.1 As atividades teatrais
Segundo Duarte (2001:16), atividades teatrais são caracterizadas como
pequenas
montagens, jogos teatrais, que contribuem para a desinibição do aluno em relação à
comunicação oral. Elas propiciam um clima facilitador da aprendizagem, estimulante
,
que é capaz de favorecer o crescimento do aluno como um todo. Para a autora,
ess
as atividades beneficiam a melhoria da competência oral, isto é, o desempenho
oral do aluno, em termos de aquisição e aprimoramento da linguagem. Além disso,
contribuem também, numa dimensão atitudinal, priorizando o respeito, a
responsabilidade, o exercício da cidadania e o compromisso com a própria
aprendizagem, apresentando assim
,
ganhos relevantes (2003:272).
O objetivo das atividades teatrais é que, ao longo delas, os alunos conheçam os
colegas por meio da interação, percebam-se no palco, testem o alcance e o poder
da voz, quebrem a barreira da inibição, observem e sejam observados pelos outros,
observem outras personagens, comuniquem a personagem por meio da
representação, saibam ouvir e despert
em
a necessidade de ser
em
ouvidos, reflitam
acerca da maneira como nos apresentamos aos outros e sobre a importância do
trabalho individual para o grupo, reflitam sobre as relações interpessoais e sobre a
aprendizagem da língua, enquanto sistema.
Observa
-se que a proposta de atividades teatrais tem aspectos compartilhados com
a teoria sociointeracionista. Uma delas refere-se à questão de entender ensino-
aprendizagem como forma de participação social, inter
ação
e desenvolvimento
individual
. Como sabemos na visão socionteracionista de Vygotsky (1934
/1998
),
aprende
r é uma forma de estar no mundo social com alguém, em um contexto
histórico, cultural e institucional. Os processos cognitivos são gerados por meio da
interação entre um aluno e um participante de uma prática social
parceiro mais
competente
para resolver tarefas de construção de significado/conhecimento com
os quais esses participantes se deparam (PCN
LE 1998:58). Nas palavras de
Oliveira (1997:57)
:
o ser humano cresce num ambiente social e a interação com
outras pessoas é essencial para seu desenvolv
imento.
36
Lave e Wenger (
apud
Daniels 2002:169) argumentam que, como um aspecto da
prática social a aprendizagem envolve a pessoa inteira, implica o somente uma
relação com atividades específicas, mas uma relação com comunidades sociais
implica tornar
-
se
um participante pleno, um membro, um tipo de pessoa.
Retomando uma outra idéia relevante defendida por Vygotsky (1934
/1998
) citada
neste capítulo e relacionada com a implementação das atividades teatrais é o
desenvolvimento da atividade infantil por meio do brinquedo. Segundo a teoria
vygotskyana
, é a situação de brincadeira de faz-
de
-conta que leva o aluno a uma
situação imaginária, definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não
pelos elementos reais concretamente presentes.
O vínculo das atividades teatrais com os conceitos vygotskyanos que proponho
está
relacionado à forma como elas são utilizadas para que o aluno interaja em grupo
com diferentes formas de expressão, aprendendo a observar, ouvir e se colocar,
vivenciando diferentes papéis sociais. A atividade teatral, por meio da brincadeira de
faz
-
de
-
conta
, desperta no aluno a criatividade, favore
ce
o trabalho em grupo, a
atuação em um momento cio-histórico e principalmente, faz o aluno enfrent
ar
problemas que necessitam de soluções de diversas representações da sociedade,
como por exemplo, conflitos, desigualdades, tomadas de decisões. Portanto, ao se
deparar com problemas que necessitem de soluções, o aluno pode, além da
observação e da imaginação, desenvolver a percepção
,
o relacionamento entre os
pares, a espontaneidade, o gesto, o equilíbrio, a linguagem musical e a expressão
corporal. Dessa forma, o aluno participa das atividades teatrais como uma pessoa
plena, inteira
, e
exp
õe
de certa forma sua afetividade e razão.
Finalm
ente, acredito que o trabalho com atividades teatrais em sala de aula da
escola pública, com clara função pedagógica, seja relevante porque elas favorecem
o envolvimento do aluno em situações imaginárias, essenciais para o
desenvolvimento, pois podem estimular a descoberta de si próprio, do outro e d
o
mundo que o rodeia. Elas possibilitam ao aluno experienciar e entender criticamente
o papel que cada ser humano exerce no grupo social, a partir do momento que ele
assume uma personagem e vivencia os diferentes papéis sociais; estimulam o
desenvolvimento da criatividade, ao mesmo tempo que favorece a busca de
37
soluções por meio da negociação e da argumentação. Além disso, com as
atividades teatrais é possível atingir uma maior percepção crítica da realidade,
com
unicar
-se de uma maneira mais eficaz e coerente em diferentes situações
sociais e reunir um conjunto de expressões fundamentais para o desenvolvimento
humano, dentre elas
:
física, lingüística e comportamental.
Neste capítulo, apresentei a fundamentação teórica que embasa esta pesquisa: a
importância dos PCN
LE (1998) para este trabalho, a retrospectiva histórica dos
processos de ensino-aprendizagem; a abordagem sócio-interacionista de Vygotsky
(1934
/1998
), as concepções teóricas do teatro e por que e para que são utilizadas
as atividades teatrais.
No próximo capítulo descrevo a metodologia, o contexto de pesquisa, os
participantes, as aulas de inglês e os procedimentos para a análise dos dados
utilizados para esta pesquisa.
38
CAPÍTU
LO 2
-
METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste capítulo, apresento a metodologia utilizada para a realização desta pesquisa,
justific
o minha escolha pela linha qualitativa, de cunho etnográfico, concretizada por
meio de um estudo de caso. Em seguida, apresento a descrição do contexto em que
a pesquisa ocorreu, os participantes e suas características para o estudo, a proposta
de trabalho, as aulas de inglês, os instrumentos utilizados na coleta de dados e, por
fim, os procedimentos seguidos para a análise dos dados.
2.1 Escolha metodológica
Em oposição à pesquisa positivista predominante no século XIX, que considerava a
ciência como verdade absoluta, esta segue uma abordagem qualitativa de cunho
etnográfico, uma vez que, conforme André (1995:17), busca a compreensão dos
significados atribuídos pelos sujeitos às suas ações, ao invés da mensuração, a
descoberta ao invés da constatação, a valorização da indução e assume que fatos e
valores estão relacionados, tornando-se inaceitável uma postura neutra do
pesquisador.
Essa abordagem defende, acima de tudo, uma visão holística, porque
considera os indivíduos de uma situação em suas interações sociais e suas
influências e uma visão naturalista, porque não envolve manipulação de variáveis,
nem tratamento experimental; é o
estudo do fenômeno em seu acontecer natural.
Para Moita Lopes (1994:331):
O que é específico, no mundo social, é o fato de os significados que o caracterizam
serem construídos pelo homem, que interpreta e re-interpreta o mundo à sua volta,
fazendo assim
, com que não haja uma realidade única, mas várias realidades.
39
A pesquisa qualitativa abrange uma ampla gama de tipos de pesquisa. Um deles é o
estudo de caso, escolhido para esta pesquisa, porque além da riqueza de
informações proporcionada por esse tipo de estudo, permite a descoberta de
aspectos novos ou pouco conhecidos do problema estudado.
O estudo de caso define-se por observar as características individuais de uma
unidade
uma criança, uma classe, uma escola ou uma comunidade.
Stake (1998) esclarece que o estudo de caso é definido p
elo
interesse
por
casos
individuais, com características específicas, ou seja, o estudo de caso absorve sua
investigação em um único caso a ser estudado em um contexto natural.
André (1995) sintetiza as idéias de vários outros autores, dizendo que o estudo de
caso está interessado numa instância em particular, isto é, numa determinada
instituição, numa pessoa ou num programa específico ou currículo. Além disso, é
usado quando: a) se deseja conhecer e observar essa instância particular em sua
complexidade e em sua totalidade; b) se estiver mais interessado naquilo que está
ocorrendo e no como está ocorrendo do que nos seus resultados; c) se busca
descobrir novas hipóteses teóricas, novas relações, novos conceitos sobre um
determinado fenômeno; e d) se quer retratar o dinamismo de uma situação numa
forma muito próxima do seu acontecer natural.
De uma forma geral, o estudo de caso possibilita fornecer uma visão ao mesmo
tempo ampla e integrada de uma unidade social,
enq
uanto
oferece conhecimentos
que tornem claros para o pesquisador os vários sentidos do objeto a ser estudado,
conduzindo à descoberta de novos sentidos, instituindo novas relações, ampliando
novas experiências. Para André (1995), esses conhecimentos podem vir a se tornar
hipóteses que favorecem futuras pesquisas, o que torna o estudo de caso
relevante
na construção de novas teorias e na construção social do conhecimento.
Este caracterizou-se como um estudo de caso por apresentar características
descritas acima. Envolveu cinco alunos focais de uma sala de aula específica, de
uma escola específica e foi desenvolvido pela própria professora do grupo.
40
2.2 Contexto da pesquisa
Nesta seção apresento a escola onde leciono e onde esta pesquisa foi realizada, o
gr
upo de professores de inglês da escola, a turma focal, seus participantes, a
professora
-
pesquisadora, a descrição das aulas de inglês, a proposta de trabalho, os
instrumentos de coleta e os procedimentos de análise.
2.2.1. A
e
scola
Esta pesquisa foi realizada em uma escola da Rede Pública Estadual, localizada na
periferia de um município da zona oeste da Grande São Paulo. A escola é localizada
em um bairro que atende a comunidade do próprio bairro e de bairros vizinhos.
Sua
clientela é financeiramente e socialmente heterogênea, com alunos de classe média
baixa e de áreas livres, isto é, conjunto de habitações populares toscamente
construídas
,
por via de regra
,
em morros e desprovidas de recursos higiênicos.
Essa escola tem por volta de 1420 alunos matric
ulados, distribuídos em 3 turnos:
- no período matutino, 11 salas, sendo que 5 pertencem ao Ensino Fundamental
(7ª e 8ª séries) e 6 pertencem ao Ensino Médio (1º, 2º, 3º anos);
- no período vespertino há 6 turmas de
Ensino Fundamental
(5ª e 6ª séries);
- no período noturno há 12 salas, sendo que 5 pertencem ao Ensino Médio (1º, e
3º anos) e 7 ao E.J.A. (Educação de Jovens e Adultos), o antigo Supletivo.
Em comparação com outras instituições da rede pública, as instalações desta escola
são boas: 14 salas de aula distribuídas em 2 andares, uma sala de leitura, uma sala
de informática, uma sala de vídeo, um laboratório de Ciências, uma biblioteca, uma
sala destinada aos profissionais que trabalham para o projeto Família na escola nos
finais de semana, uma quadra coberta, um pátio, amplo refeitório e uma cantina.
ainda uma sala para a diretora, uma para a vice, uma para os coordenadores dos
períodos da manhã e da noite e uma secretaria. As salas de aulas bem como os
corredores, banheiros, refeitório e o pátio são limpos todos os dias. A escola adota o
41
sistema de sala-ambiente, isto é, na troca de aulas os professores permanecem em
sala e são os alunos que transitam pela escola.
As diretoras são muito participativas e circulam pelos corredores das salas de aula,
pátio e quadra. Na entrada de cada período, há sempre um representante da direção
para recepcionar os alunos, com um inspetor. A escola adota a carteirinha escolar
para a entrada do aluno em todos os períodos. Os alunos do período vespertino
devem fazer filas no pátio na hora da entrada e intervalo, sendo que o professor da
primeira aula da tarde e da aula após o recreio deve ir ao pátio e buscar os alunos
para levá-los à sala de aula. Nos períodos matutino e vespertino é obrigatório o uso
de
uniforme. para o noturno, essa regra não é seguida, pois muitos alunos vão
para a escola direto do trabalho.
A escola possibilita ainda, outros trabalhos diferenciados. A direção sempre participa
de projetos externos, isto é, projetos inovadores que em
presas e entidades divulgam
junto à Diretoria de Ensino de Osasco. Como exemplo disso, quando em 2002
apresentei o projeto da professora Vera Cabrera Duarte o Living drama in the
classroom: uma proposta de didática para a diretora e sugeri a possibilidade
de
desenvolver essa proposta de trabalho com a organizadora do projeto na escola,
este
foi imediatamente aprovado.
No início do ano é feito o planejamento anual pelos professores da unidade escolar.
É essencial ressaltar que durante o ano são feitos ajustes no planejamento para
corrigir desvios e lançar bases para o resto do período. Nesses momentos, em
reuniões pedagógicas do final do semestre, os professores verificam se os
conteúdos planejados são adequados às propostas de aprendizagem.
As reuniões bimestrais do conselho de classe e série da escola são normalmente
feitas pela Diretora, Vice-Diretora ou pelos Coordenadores Pedagógicos. Elas são
destinadas a possibilitar a inter-relação dos professores entre turnos, séries e
turmas. Além disso, analisam os problemas da classe como um todo e os referentes
às diferenças individuais dos alunos e propõem medidas para melhor adaptação do
aluno à escola, determinando o conceito bimestral ou final.
42
Os projetos educacionais recentes, desenvolvidos na unidade escolar, são de cunho
sócio
-interacionista, os quais visam à aprendizagem em um contexto histórico,
cultural e institucional, conforme proposta dos PCN
LE/1998. Os projetos
favorecem também o protagonismo juvenil
2
, que significa a participação dos alunos
em
ações que dizem respeito a problemas e ao bem comum, na escola, na
comunidade. Nele, os alunos têm a opção de escolha do projeto, a iniciativa da ação
para colocar o projeto em prática e a responsabilidade de dar continuidade à ação.
O professor, por outro lado, atua como mediador do conhecimento, dando
assistência aos alunos quando necessário.
Esses projetos buscam resgatar as origens histórico-culturais por meio do folclore
brasileiro, combater a violência, o racismo; conscientizar o alunado para a
pres
ervação do meio-ambiente, preservação da saúde e demais temas que surgem
no decorrer do ano letivo. A escola assiste os professores, possibilitando que se
engaj
em
nos projetos ali criados ou projetos encaminhados pela Secretaria da
Educação.
2.2.2 O grupo
de professores de inglês da escola
O quadro de docentes da escola contempla aproximadamente 59 profissionais.
Desse total, 4 professores lecionam inglês, distribuídos nos três períodos em que a
escola funciona. Sou a única envolvida no programa A
Formaçã
o contínua do
professor de inglês: um contexto para a reconstrução da prática. Trabalho nos
períodos matutino e vespertino.
Tenho excelente relacionamento pessoal e profissional com uma das professoras de
inglês do período vespertino e noturno. Embora ela trabalhe no período vespertino,
sua carga horária maior de trabalho é no período noturno. Trabalhamos juntas desde
2000, quando ingressamos e nos efetivamos na escola por concurso público.
2
Nome usado no Programa de formação continuada para professores do ensino médio
Curso
Vivência formativa.
43
Essa professora é formada em Letras
por
uma
universidade da cidade de Osasco.
Trabalha também atuando como professora de Ensino Fundamental em uma escola
particular de ensino regular do bairro.
Nossos encontros acontecem nas reuniões pedagógicas semanais na escola ou até
mesmo em finais de semana, em nossas casas, para conversarmos a respeito dos
conteúdos da disciplina ou mesmo de projetos interdisciplinares, como por exemplo,
o projeto da Água e do Meio Ambiente em andamento, para os quais buscamos
textos em inglês relevantes para os alunos e pertinentes para o tem
a.
Em relação à proposta de trabalho de atividades teatrais em sala com alunos da
série do Ensino Fundamental, a professora não acreditava que poderia ser possível
um trabalho diferenciado em sala de aula dessa natureza. Expliquei que a proposta
fazia
parte de um projeto desenvolvido por uma professora da PUC-
SP
que
ministrava aulas no Curso: Reflexão sobre a ação: o professor de inglês aprendendo
e ensinando. Logo que iniciamos o projeto em 2002, convidei-a para assistir
algumas aulas para que pudesse entender essa proposta de trabalho. A professora
comentou que a motivação dos alunos a fez entender que é possível trabalhar de
uma forma inovadora e diferenciada em sala de aula. Diante disso, a professora
pretende ingressar no programa A formação c
ontínu
a do professor de Inglês: um
contexto para a reconstrução da prática, pois esse trabalho a fez repensar a prática
pedagógica em sala de aula.
2.2.3. A turma focal
A turma focal desta pesquisa foi a série B do Ensino Fundamental, para a qual
lecionei
no período vespertino de 2004. Havia 42 alunos matriculados, sendo que
somente 39 participaram da pesquisa, pois uma aluna foi para a série após um
teste de classificação e 2 alunos foram considerados evadidos.
44
Um fator importante, que me fez escolher essa turma e não outra, foi o entusiasmo
que os alunos demonstraram, quando em uma conversa em sala indaguei-os a
respeito da possibilidade de se aprender a falar inglês por meio de atividades
teatrais. Esses alunos revelaram o interesse de aprender a falar inglês porque
acreditam que as aulas de inglês devem proporcionar essa prática da produção oral.
Entretanto, ao mesmo tempo que o interesse pela língua, os alunos relataram
que surge o medo de errar, o medo de se expor e ainda de serem ridicularizado
s
pelos colegas. Informei-os que essa proposta de trabalho também fazia parte de
minha dissertação de mestrado e que eles seriam participantes em minha pesquisa.
Apesar da problemática da insegurança e do medo, as respostas dos alunos foram
positivas e pro
ntamente aceitaram o desafio do trabalho diferenciado.
2.2.3.1 Os participantes focais
Para o estudo de caso desta pesquisa escolhi inicialmente 10 participantes focais
para uma observação com mais atenção das ações, atitudes e sentimentos desses
aluno
s durante a aplicação das atividades teatrais.
A
escolha desses alunos se deu
ao analisar o questionário de percepção nº 1 (Anexo A1) que foi aplicado no primeiro
dia da coleta de dados das atividades teatrais. Esses alunos revelaram não se sentir
à vontade falando inglês em sala de aula porque sentiam vergonha dos colegas
quando cometiam erros. Entretanto acabei ficando com apenas 5 participantes
focais, pois outro critério de participação era a presença em todas as aulas durante o
processo de coleta.
De
screverei, a seguir, cada um dos 5
participante
s foca
is
. Os nomes dos alunos
foram mantidos em sigilo, usando-se assim nomes fictícios. Algumas informações
foram obtidas pelo questionário de percepção nº 1 (Anexo A1) e outras foram
obtidas por observação
desses alunos em sala de aula.
Renata tem 12 anos e estudou inglês na série. Ela indica que gosta de inglês,
porque é uma língua interessante de aprender tendo apoio do professor. Quanto às
45
aulas de inglês que teve nesta série, aponta que são interessantes e importantes.
Renata acredita que as aulas de inglês contribuirão para se comunicar no exterior se
algum dia for viajar. Renata diz que prefere estudar inglês com colegas porque se
ela tiver dúvidas a amiga poderá ajudá-la. Não se sente à vontade falando inglês em
sala por vergonha dos colegas quando comete um erro. Quando fala de seu
aprendizado de inglês anterior, Renata indica que fazia tradução, leitura de textos
didáticos, memorização, apresentação de diálogos e encenação de peças de teatro
em
inglês. No que se refere à produção oral, consegue cumprimentar e despedir-
se
de pessoas. Quanto ao seu conhecimento sobre teatro indicou que assistiu e
participou de peças de teatro. Em sala de aula, Renata é uma aluna que não
participa muito das aulas porque ela alega vergonha e timidez perante os colegas. A
professora notou que quando é solicitada para uma atividade a aluna olha para
baixo e faz movimentos de apertar as mãos continuamente. Renata raramente falta
às aulas de inglês e se relaciona some
nte com duas colegas.
Gabriela tem 12 anos e estudou inglês na e séries. Ela indica que gosta de
inglês, pois acha que é interessante aprender novos idiomas, aprender uma língua
diferente do que está acostumada a falar. Quanto às aulas de inglês que teve
nesta série, aponta que gosta porque está aprendendo mais do que no ano anterior
e com as aulas, segundo ela, aprende brincando. Gabriela diz que prefere estudar
inglês com colegas porque é bom aprender juntos e aprender sozinho é muito chato.
Não
se sente à vontade falando inglês em sala por vergonha dos colegas quando
comete um erro. Quando fala de seu aprendizado de inglês anterior, indica que fazia
tradução de textos e memorização e apresentação oral de diálogos. No que se
refere à produção oral, Gabriela consegue cumprimentar e despedir-se de pessoas.
Quanto ao seu conhecimento sobre teatro indicou que assistiu e participou de
uma peça de teatro na escola. Em sala de aula, Gabriela é muito tímida. Quando a
professora tenta conversar, ela enrubesce e não olha nos olhos. Sempre senta no
fundo da sala com uma única colega. É uma aluna aplicada e raramente falta às
aulas.
Bianca tem 13 anos e estudou inglês na e séries. Ela indica que gosta de
inglês, pois tem a oportunidade de aprender outra língua. Quanto às aulas de inglês
que teve nesta série aponta que gosta porque a professora ensina bem e as aulas
46
são divertidas. Bianca diz que prefere estudar inglês com colegas porque todos m
a oportunidade de falar sobre suas dúvidas e assim aprender melhor. Não se sente
à vontade falando inglês em sala de aula por timidez. Quando fala de seu
aprendizado de inglês indica que fazia exercícios escritos de vocabulário
,
gramática
e leitura. No que se refere à produção oral, consegue cumprimentar e
despedir
-
se
de pessoas. Quanto ao seu conhecimento sobre teatro indicou que assistiu, mas
nunca participou de peças de teatro. Em sala de aula, Bianca é introvertida,
aplicada, raramente falta às aulas.
Débora tem 12 anos e estudou inglês na série. Ela indica que gosta de inglês,
pois é muito interessante e, segundo ela, é uma língua que vai ficar para sempre.
Quanto às aulas de inglês que teve nesta série, aponta que gosta porque aprende
uma nova língua que vai servir muito para a vida. Débora diz que prefere estudar
inglês com os colegas porque sozinho é muito ruim. Ela não se sente à vontade
falando inglês em sala de aula por vergonha dos colegas quando comete um erro.
Quando fala de seu aprendizado de inglês anterior indica que fazia tradução
de
textos, exercícios escritos de vocabulário e gramática, leitura, memorização e
apresentação oral de diálogos, prova individual e trabalhos. No que se refere à
produção oral, consegue cumprimentar e despedir-se de pessoas. Quanto ao seu
conhecimento sobre teatro, indicou que assistiu e participou de peça de teatro na
escola.
Em sala de aula, Débora é uma aluna participativa, nunca faltou às aulas,
mas ao mesmo tempo é indisciplinada em relação aos colegas da sala. Débora
provoca
-os jogando bolinhas de papel na cabeça, coloca apelidos nas pessoas,
causando assim pequenas discussões. Por apresentar esses problemas de
indisciplina com os colegas em sala, não se sente à vontade falando inglês por
vergonha dos colegas quando comete um erro.
Edson tem 13 anos e estudou inglês na 5ª série. Ele indica que gosta de inglês,
pois, segundo ele, aprende a falar coisas muito legais e a se apresentar e perguntar
o nome das pessoas. Quanto às aulas de inglês que teve nesta série aponta que
gosta porque aprende melhor o inglês com a aula que a professora ensina. Edson
diz que prefere estudar inglês com os colegas porque com eles aprende brincando e
fazendo sozinho não tem ninguém para compartilhar o aprendizado. Ele não se
47
sente à vontade falando inglês em sala de aula por vergonha dos colegas quando
comete um erro. Quando fala de seu aprendizado de inglês anterior, indica que fazia
leitura de textos. No que se refere à produção oral, consegue cumprimentar e
despedir
-se de pessoas. Quanto ao seu conhecimento sobre tea
tro
, indicou que
assistiu, mas nunca participou de peças de teatro. Em sala de aula, Edson é um
aluno muito disciplinado e nunca faltou às aulas de inglês.
2.2.4 A professora
-
pesquisadora
Iniciei meus estudos de Língua Inglesa ainda quando era pequena, aos 10 anos, na
Associação Cultura Inglesa - São Paulo. Para mim era fascinante poder falar uma
língua estrangeira. Sempre quis ser professora de inglês, porque tive como exemplo
professores animados, cheios de vigor e que gostavam do que faziam. Continuei os
estudos até entrar na
u
niversidade.
A minha primeira formação acadêmica não foi Letras porque trabalhava em um
banco e por influência de meu irmão, que é contabilista, fiquei também fascinada
pelo mundo dos negócios. Estudei Ciências Contábeis, na Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo e trabalhei em uma multinacional. Nessa empresa, fui
requisitada diversas vezes para fazer traduções para diretores e gerentes. Mais uma
vez a
Língua Inglesa
fazia parte de minha vida e eu sempre me senti fel
iz por isso.
Ao término do curso de Ciências Contábeis, fiquei seis meses sem estudar e
somente trabalhava na mesma multinacional. Isso me deu um vazio porque queria
voltar para a vida acadêmica em busca de novos desafios estudantis. Resolvi
continuar meus estudos de Língua Inglesa, uma vez que tinha terminado o curso
de inglês na Associação.
Mediante esse desejo, conhecer mais a respeito da Língua Inglesa, voltei para a
Pontifícia Universidade Católica no curso de Língua e Literatura Inglesas. Tornei-
me
48
bacharel em 1992 e iniciei minha prática docente em uma escola de idiomas, onde
até hoje leciono para cursos básicos, intermediários e avançados.
Em 1998, surgiu a possibilidade de trabalho para o E
nsino
Fundamental em uma
escola regular da rede particular. , pude conhecer um outro universo diferente de
uma escola de línguas. Seis aulas por dia no período matutino, muitos alunos
falantes em sala, rotinas de avaliações bimestrais, projetos interdisciplinares, feiras
culturais. Muito trabalho, mas tudo aquilo me fascinou mais ainda. No mesmo ano
iniciei meu trabalho na Rede Pública Estadual. Em 2000 fui aprovada no concurso
público estadual para professores e ingressei na rede como professora efetiva, na
escola em que esta pesquisa foi desenvolvida. Leciono para alunos do
Ensino
Fundamental
e Médio.
Embora todo esse trabalho na escola junto aos alunos fosse gratificante para mim,
comecei a sentir certo desconforto em minhas próprias práticas. Não me bastava
mais trocar materiais com colegas, de aulas que foram um sucesso, mas sim
entender o porquê e o quê estava por trás das minhas ações.
No primeiro bimestre de 2000, ingressei no programa
A
formação contínua do
professor de inglês: um contexto para a reconstrução da prática, detalhado na
introdução
deste trabalho.
Foi ao término do módulo 2
:
Aprendendo a aprender: a importância da reflexão, no
curso
Reflexão sobre a ação: o professor de inglês aprendendo e ensinando
,
ministrado pela professora doutora Vera Cabrera Duarte, que recebi o convite para
um trabalho conjunto no projeto Living drama in the classroom: uma proposta
didática
, já mencionado na introdução deste trabalho.
Conforme apresentado na introdução desta pesquisa, esse trabalho teve início no
semestre de 2002 com as séries A, B e C
do
Ensino Fundamental, às
terças
-
feiras
, no período da manhã, porque conhecia os alunos desde a 6ª série e o horário
oferecia as aulas com as três
oitavas
séries na seqüência A, B e C. Isso contribuiu
favoravelmente para uma observação melhor do trabalho n
as três oitavas séries.
49
Durante as atividades observei o comportamento dos alunos e fiz pequenas
anotações. No final do dia, em casa, digitava um relatório no sistema computacional
Word para registro de cada atividade, seu objetivo e minhas reflexões. Além disso,
semanalmente, a professora Vera, a bolsista de Iniciação Científica e eu discutíamos
a respeito do trabalho desenvolvido com os alunos pessoalmente ou até mesmo por
telefone.
Em 2003, a professora Vera e eu continuamos com o trabalho na escola. Nesse ano
uma outra aluna bolsista de Iniciação Científica, que tinha experiência como atriz,
fez parte do projeto.
Nesse ano o trabalho desenvolvido foi com as
sextas
séries B e C do
Ensino
Fundamental
, do período vespertino. Uma vez que, no ano anteri
or
, havíamos
trabalhado com as
oitavas
séries, resolvemos fazer uma experiência com uma série
em que os alunos são menores e que normalmente, na maioria dos casos, tiveram
aulas de inglês somente na 5ª série.
Foram criadas novas atividades teatrais, porque o público-alvo era diferente. Para a
série, fizemos atividades teatrais voltadas para uma apresentação teatral
relacionada ao mundo do trabalho, uma vez que muitos alunos, ao término da
série, têm a intenção de trabalhar já no 1ª ano do Ensino M
édio.
para a série, desenvolvemos atividades teatrais relacionadas à apresentação
de um show de talentos. Escolhemos a música The lion sleeps tonight e os alunos
deveriam usar a criatividade, isto é, cantando, dançando ou tocando instrumentos
music
ais para a apresentação.
Com essa nova experiência no projeto Living drama, tive a oportunidade de mais
uma vez repensar minha prática como professora em sala de aula. Com esse novo
olhar para a aprendizagem dos alunos me senti motivada a continuar nessa
jornada
e ingressar no programa de pós-graduação no LAEL- PUCSP para continuar nessa
trajetória da busca do conhecimento e para realizar uma satisfação pessoal.
50
Com base na experiência que tive no ano anterior com alunos da 6ª série
,
bem como
outras razões explicitadas anteriormente, para este trabalho de pesquisa, resolvi
observar uma única série, a 6ª série B do período vespertino. Com relação às
atividades teatrais, escolhi algumas aplicadas
pelo
projeto
Living drama: uma
proposta didática
nas
6
ª
séries:
Introducing yourself
,
Roda caranguejo
,
Trabalho com
as
c
ordas
v
ocais
,
Conceitos teatrais de palco e platéia
, explicadas mais adiante.
2.2.5 As aulas de inglês
As aulas foram ministradas por mim (professora-pesquisadora) durante o segundo
semest
re de 2004, no período 30 de Agosto a 30 de Novembro, período da coleta
dos dados com os alunos da série do Ensino Fundamental. Essas aulas, de 50
minutos, ocorreram no período vespertino, duas vezes por semana, a saber: às
segundas
-feiras, na primeira aula das 13 h às 13 h e 50 min e às terças-feiras na
quarta aula, das 16h às 16h 50 min. O total de aulas no período da coleta
foi
19
distribuídas em 10 semanas. A aula da segunda-feira, na semana, não pôde ser
contada como realizada, pois se tratava de um feriado nacional
15 de Novembro,
Proclamação da República; portanto não houve aula nesse dia. É importante
mencionar que as aulas respeitaram o planejamento anual, bem como o calendário
escolar da unidade escolar, previamente estabelecidos no início do ano. Nesse
sentido, esclareço que sabendo da necessidade da coleta de dados para esta
pesquisa
, no segundo semestre e tendo algumas atividades teatrais aplicadas
com os alunos das séries no ano de 2003, resolvi planejá-las no começo do ano
para esse trabalho com algumas adaptações como, por exemplo, atividades teatrais
baseadas no Manual de instruções jogos teatrais de Viola Spolin (1963) e ou
tras
atividades criadas por mim, detalhadas adiante.
No início do semestre, em agosto de 2004, apresentei uma proposta de trabalho
para produção oral, na qual o foco era o uso de atividades teatrais e que envolveria
os alunos da série B. Informei a eles que fazia parte de um trabalho de mestrado
que estava sendo desenvolvido por mim, e que também possibilitaria a eles uma
51
nova maneira de aprender a falar inglês. Complementei que as aulas seriam durante
o segundo semestre, isto é e bimestres, e que ao final das atividades haveria
uma apresentação de produção oral em inglês. Os alunos seriam avaliados
continuamente pelas participações nas atividades e, no final do bimestre, haveria
uma avaliação final da apresentação de um diálogo.
O objetivo principal, ao final dessas 19 aulas, foi uma apresentação de produção oral
em inglês em que os alunos da série B do Ensino Fundamental teriam que dar
informações a um estrangeiro de um determinado local, em uma rua de seu bairro. É
importante registrar que esse diálogo foi adaptado do livro didático adotado pelas
professoras de inglês, uma vez que há um planejamento no início do ano dos
conteúdos a serem desenvolvidos em cada série. O diálogo e o vocabulário contidos
no livro somente serviram como uma idéia para o desenvolvimento da situação da
proposta final da dramatização cujas instruções eram:
Você está andando na Avenida principal do seu bairro, quando encontra com um
estrangeiro que pede informação
sobre
um determinado local.
O vocabulário, estrutura gramatical, pronúncia, entoação foram apresentados por
mim em sala de aula. O diálogo construído com os alunos foi baseado na escolha
deles, como por exemplo: saudação inicial, responder em que rua ficava o local,
despedida. O aluno usou o vocabulário de sua preferência, como por exemplo,
supermarket, outro gas station outro flower shop, Os alunos não foram informados
sobre os objetivos das aulas nem quais seriam as atividades a serem desenvolvidas.
A distribuição das 19 aulas em 10 semanas foi feita da seguinte forma:
52
Figura 2.1. Resumo das aulas usadas para coleta de dados
A primeira aula da coleta foi destinada ao preenchimento do questionário de
percepção
, a fim de se conhecer e formar uma idéia do grupo de alunos.
As aulas de atividades teatrais relacionaram-se a técnicas e atividades que são
usadas para a formação de um ator em teatro e também contribuem para
desinibição dos alunos em relação à comunicação oral. As aulas de
input
lingüístico
foram aquelas que apresentaram conhecimento sistêmico, vocabulário, estrutura, e
pronúncia, essenciais para a construção do diálogo pe
los alunos. É muito importante
registrar que essas aulas, de atividades teatrais e
input
lingüístico, não podem ser
contadas separadamente, pois na maioria das vezes faziam parte de uma mesma
aula, isto é
,
iniciava
-se com uma atividade teatral e depois tra
balhava
-se o
input
lingüístico. No início da atividade teatral, os alunos afastavam as carteiras para os
cantos da sala, propiciando um espaço maior para a realização dos trabalhos. Essas
atividades duraram em média de 30 a 35 minutos e no final de algumas delas, eram
aplicados questionário reflexivos, conforme descrição adiante.
As aulas de atividades teatrais foram distribuídas em 13 aulas. Dentre as 13 aulas, a
atividade da aula, denominada o
Espelho
, (Anexo B) foi extraída do trabalho
inicial do Living drama: uma proposta didática. A e a atividades
correspondentes às 3ª e 4ª aulas, foram extraídas do Manual de instruções de Jogos
1 aula para
a
valiação do grupo
de alunos
.
Questionário
Percepção
2 aulas para
Avaliação da
proposta de trabalho
das Atividades
teatrais
16 aulas compostas por:
13 Atividades teatrais e
Input lingüístico
3 Ensaio/ apresentação
19 aulas
53
Teatrais do fichário de Viola Spolin (1963), que correspondem às atividades:
Sentindo o eu com o eu
e
Ouvindo o a
mbiente
(Anexo B).
Nessas três primeiras atividades do projeto, iniciei com um relaxamento para que
os
alunos pudessem relaxar os músculos da face e do corpo e se concentrassem para
as orientações da atividade proposta. Aplicado o relaxamento de cinco min
utos,
iniciei as atividades teatrais do dia. Terminadas as atividades, os alunos
responderam perguntas, por meio de entrevista semi-estruturada em áudio. (Anexo
A2)
Já as 5ª 6ª e 8ª atividades das 5ª, 6ª e 8ª aulas foram extraídas do trabalho do
Living
drama: uma proposta didática - Conceitos de palco e platéia
,
Introducing yourself e
Roda caranguejo. Na aula não foi aplicado questionário reflexivo porque o sinal
bateu e não houve tempo hábil para realizá-lo. Foram aplicados questionários
reflexivos de
números 2 e 4( Anexo A3) no final das 6ª e 8ª aulas.
Já as demais atividades foram desenvolvidas por mim, durante o processo de coleta
de dados do corrente ano, conforme segue: a aula foi destinada ao trabalho com
o livro didático. O objetivo era saber a opinião dos alunos sobre a aplicação das
atividades teatrais em relação a outras atividades. Ao final da aula, foi aplicado um
questionário reflexivo número 3 (Anexo A3). As 9ª e 10 ª aulas foram destinadas ao
trabalho do
input
lingüístico necessário para o diálogo da apresentação final. As 10ª
e 11ª aulas foram destinadas, em um primeiro momento, a fazer um aquecimento
das cordas vocais e depois à elaboração do diálogo em conjunto com os alunos.
Nessas aulas foram usados os
inputs
lingüísticos desenvolvidos nas 9ª e 10ª aulas.
As 9ª 1 e 11ª aulas foram de apresentação do
input
lingüístico, não sendo
aplicados questionários reflexivos. Já na 12ª aula foi aplicado o questionário reflexivo
número 5 (Anexo A3)
A 13ª aula foi destinada ao trabalho de pronúncia e entoação das falas do diálogo.
Nessa aula não foi aplicado nenhum questionário reflexivo. Na 14ª aula foi aplicada
à atividade teatral
Tchow
-
tchow
, desenvolvida pela professora-pesquisadora. Após
essa atividade foram expostos para os alunos alguns conceitos teatrais:
posicionamento no palco e impostação de voz. Nessa aula foi aplicado o
54
questionário reflexivo mero 6 (Anexo A3). as 3 aulas restantes, 15ª, 16ª e 1
foram destinadas ao ensaio dos diálogos pelos grupos e não foi aplicado nenhum
questionário. Finalmente a 16ª e 18ª aulas foram destinadas à dramatização dos
diálogos pelos alunos.
É importante salientar que a 18ª aula foi destinada à re-apresentação daqueles
alunos que faltaram ou não tiveram um desempenho favorável na apresentação
da
16ª aula. Nessas aulas não foram aplicados questionários.
A avaliação da proposta de trabalho das atividades teatrais foi feita em duas aulas. A
primeira ocorreu na 17ª aula, na qual os alunos avaliaram a proposta de trabalho
das atividades teatrais como um todo, por meio de questionário reflexivo. A 19ª aula
teve dois tipos de avaliações: a primeira foi destinada àqueles alunos que na 16ª
aula, isto é, no dia da apresentação final faltaram ou não tiveram uma apresentação
satisfatória. O questionário foi o mesmo aplicado na 17ª aula; a segunda avaliação
foi destinada somente aos alunos focais para saber como eles se sentiram ao ajudar
os colegas que faltaram ou não tiveram um bom desempenho na apresentação final
do diálogo.
Para síntese e melhor visualização das aulas, apresento o quadro abaixo com as 19
aulas, a data e o dia da semana em que elas ocorreram, o nome de cada atividade,
o objetivo de cada atividade e o tipo de aula que foi dado no período da coleta.
o
objetivo
e
a descrição detalhada de todas as aulas se encontram no Anexo B
Descrição de aulas .
55
DATA /semana
AULA
NOME DA ATIVIDADE
OBJETIVO DA ATIVIDADE
TIPO DE AULA
30/08/04
1ª semana
1
Questionário
dePercepção
Conhecer e formar uma idéia a respeito do grupo de alunos da 6ª
séri
e.
1ªAvaliação
Inicial
31/08/04
1ª semana
2
O Espelho
Possibilitar ao aluno perceber
-
se através do outro e a si mesmo
1ª teatral
13/09/04
2ª semana
3
Sentindo o Eu
com o eu
Fazer com que os alunos tenham percepção
Corporal
2ªteatral
14/09/04
2ª semana
4
Ouvindo o ambiente
Ouvir o maior número de sons possíveis no ambiente escolar
3ªteatral
27/09/04
3ª semana
5
Palco e platéia
Criar condições para que os alunos entendam a diferença entre Palco
e Platéia
4ªteatral
28/09/04
3ª semana
6
Introducing Yours
elf
Criar condições para que os alunos se apresentem aos colegas em
inglês.
5ªteatral
1º input ling.
04/10/04
4ª semana
7
Trabalho com o livro
didático
Saber a opinião dos alunos ao aplicar uma atividade do livro didático
em comparação com as atividades
teatrais
1ª Input
Input Lingüístico
05/10/04
4ª semana
8
Roda Caranguejo/
Cordas Vocais
Fazer com que os alunos saibam o que é trabalhar em grupo e
trabalhem as cordas vocais
Input
Contar os nºs de 1 a 10 em inglês
6ªTeatral
2º input ling.
18/10/04
semana
9
Informações de
localidades
Criar condições para que os alunos saibam pedir e dar informações
de localidades: escola, farmácia, supermercado
2ªInput
Lingüístico
19/10/04
5ª semana
10
Informações de
localidades
Criar condições para que os alunos s
aibam pedir e dar informações
de localidades: escola, farmácia, supermercado.
3ªInputLingüístico
4ª Input
Lingüístico
25/10/04
6ª semana
11
Elaboração do diálogo
Aquecimento
cordas
vocais
Criar condições para que os alunos, com as apresentações das
estruturas de direções, construam o diálogo para a apresentação no
final do semestre; exercícios para aquecimento das cordas vocais.
7ª Teatral
5ª Input
Lingüístico
26/10/04
6ª semana
12
Continuação da 11ª
aula de elaboração do
diálogo.Aquecimento
cordas vocais
Criar c
ondições para que os alunos, com as apresentações das
estruturas de direções construam o diálogo para a apresentação no
final do semestre; exercícios para aquecimento das cordas vocais.
8ª Teatral
08/11/04
7ª semana
13
Pronún
cia
Elaboração
-
Diálogo
Verificar se todos os grupos terminaram a construção dos diálogos e
trabalhar em diversos grupos a pronúncia.
6ª Input
Lingüístico
09/11/04
7ª semana
14
Noções de Teatro
Tchow Tchow Activ.
Fazer com que os alunos por meio da ativ
idade teatral trabalhem o
diálogo final./ Praticar o diálogo da apresentação final em inglês
9ª Teatral
7ºinput Ling.
15/11/04ª
8ªsemana
Feriado Nacional
-
Proclamação da República
_____
16/11/04
8ª semana
15
Ensaio dos esquetes
diálogos
Ensaiar os
esquetes para a apresentação final.
10ª Teatral
Ensaio
22/11/04
9ª semana
16
Apresentação final
Apresentar o evento comunicativo em sala de aula
11ªTeatral
Apresentação
23/11/04
9ª semana
17
Questionário final
Avaliar a proposta de trabalho das atividade
s teatrais
2ªAvaliação
29/11/04
10ª semana
18
Apresentação final
Apresentar o evento comunicativo. Essa aula foi destinada aos
alunos que faltaram ou não tiveram um desempenho favorável na 1ª
apresentação na 16ª aula
12ªTeatral
Re
-
apresentação
30/12/0
4
10ª semana
19
Avaliação final
Questionário reflexivo
alunos focais
Avaliar a proposta de trabalho das atividades teatrais
3ªAvaliação
Quadro 2.1. Cronograma das aulas de inglês.
56
2.3 Instrumentos de pesquisa e coleta de dados
A coleta de dados desta pesquisa foi feita em um período de 10 semanas. Nesse
período de 10 semanas, foram realizadas dezenove aulas. As aulas foram
ministradas às segundas e terças-feiras com duração de cinqüenta minutos. Para
obter os dados desta pesquisa, foram utilizados o
s seguintes instrumentos de coleta:
a) questionário; b) notas de minuto; c) notas de campo; d) diário digital da
professora; e) entrevista semi
-
estruturada.
2.3.1 Questionários
De acordo com Nunan (1992:143), os questionários podem ser constituídos
inte
iramente por perguntas abertas, inteiramente por perguntas fechadas ou
questionários que combinam perguntas abertas e fechadas. Em um questionário
com perguntas fechadas, uma série de possíveis respostas é preestabelecida pelo
pesquisador e o entrevistado tem que responder dentro dessas escolhas. Um
questionário com perguntas abertas é aquele em que o entrevistado pode decidir o
que dizer e como dizer, não forçando assim o respondente a enquadrar sua
percepção em alternativas preestabelecidas.
Nesta pesquisa foram aplicados 8 questionários. O primeiro foi chamado de
questionário de percepção nº 1 (Anexo A1), para que se pudesse conhecer e formar
uma idéia do grupo de alunos da série. Ele foi aplicado durante os 50 minutos da
primeira aula do período da coleta de dados, ou seja, em 30 de agosto de 2004.
Distribu
í
o questionário para todos os alunos e expliquei cada pergunta para que não
surgissem dúvidas durante o preenchimento. O preenchimento durou todo o período
de aula.
Esse instrumento que combinava perguntas abertas e fechadas levantava questões
sobre: nome, idade, se o aluno gostava das aulas de inglês, se ele gostava de
inglês, se o aluno havia assistido uma peça de teatro, se o aluno gostou da peça de
teatro, se ele havia participado de uma peça de teatro, como o aluno preferia
57
aprender inglês - por exemplo, sozinho ou com colegas - se o aluno havia estudado
inglês antes da série, o que ele fazia nas aulas de inglês antes da 6ª série, o que
ele sabia falar em inglês e se ele se sentia à vontade falando em inglês na sala de
aula
(anexo A1).
Os questionários nº 2, 3, 4, 6 e 8 (anexo A3) foram aplicados nas 6ª, 7ª, 8ª, 14ª e 19ª
aulas
,
respectivamente
, e continham somente perguntas abertas.
No questionário reflexivo 2, as perguntas gira
ra
m em torno da aprendizagem dos
alunos em relação às atividades teatrais e também dos sentimentos que tiveram
durante a aplicação da atividade em relação ao colega, ao inglês, à atividade teatral,
à professora e a eles mesmos.
O questionário 3 perguntava qual havia sido a atividade do dia, como o aluno se
sentia realizando aquela atividade; pedia para o aluno estabelecer um paralelo entre
as atividades teatrais e a atividade do livro didático; qual nota o aluno atribuía ao
aprendizado, considerando as atividades teatrais e qual nota o aluno atribuía ao
aprendizado, considerando as atividades do livro didático.
O questionário reflexivo 4 indagava
sobre
a importância das atividades teatrais, o
que foi aprendido naquele dia e se o aluno havia feito a atividade com um colega
diferente de seu convívio e como ele havia se sentido.
O questionário reflexivo nº 6 perguntava o que o aluno havia aprendido a respeito de
uma apresentação teatral, qual havia sido a atividade teatral do dia e o que ele havia
apren
dido em inglês.
O questionário reflexivo 8 indagava
sobre
a experiência dos alunos focais em
relação à contribuição deles ao ajudar os alunos que faltaram ou não tiveram um
bom desempenho durante a primeira apresentação final; como as atividades teatr
ais
contribuíram para o aprendizado, o desempenho oral em inglês e para a vida deles
fora da escola.
58
o questionário 5 (Anexo A3), aplicado na 12ª aula, dia 26/10/2004, combinava
perguntas abertas e fechadas. Por meio das perguntas abertas, question
ava
-se o
que o aluno havia aprendido naquele dia, como ele avaliava e justificava a
participação dele e do colega durante a aplicação da atividade e em que as
atividades teatrais contribuíram para os alunos da série do Ensino Fundamental
.
as perguntas fechadas questionavam como eram as atividades antes das
atividades teatrais: como os alunos se sentiam antes da proposta das atividades
teatrais e como o aluno se sentia ao realizar as atividades teatrais.
Por fim o questionário 7, (Anexo A3) aplicado na 1aula, combinava perguntas
abertas e fechadas. As perguntas abertas pediam a opinião dos alunos em relação à
proposta de trabalho com atividades teatrais: o que o aluno achou da idéia da
implementação das atividades, quais eram as atividades do projeto que ele
lembrava, a que mais ou a que menos gostou e o porquê. Indagavam também se
houve alguma mudança de relacionamento com a professora e os colegas; se o
aluno sentiu que o aprendizado da Língua Inglesa foi melhor nesse período da
proposta de trabalho; se o aluno poderia citar três exemplos do que havia aprendido
em inglês durante as atividades teatrais. A pergunta fechada indagava como o aluno
se sentia ao apresentar a peça para a classe.
2.3.2 Notas de minuto
Um outro instrumento de coleta utilizado nesta pesquisa foram as notas de minuto.
O objetivo do uso desse instrumento foi coletar informações mais detalhadas
sobre
as
respostas dadas pelos alunos focais em cada questionário reflexivo (nº 2 a 8).
Isso ocorreu porque os questionários reflexivos continham perguntas abertas e às
vezes os alunos focais não eram claros em suas respostas. Após os alunos
entregarem os questionários reflexivos para mim, no final de cada aula, analisava-
os
em casa e se havia alguma resposta que necessitava de uma maior explicação,
circulava a referida resposta com uma caneta de cor vermelha e colocava um ponto
de interrogação. No dia seguinte, solicitava para o professor da aula do período
da tarde a permissão da saída do aluno de sala e em uma sala vazia, durante 15
59
minutos perguntava a ele o que quis dizer com tal palavra ou oração e registrava
próximo à resposta previamente respondida.
Portanto
, a nota de minuto foi essencial para esclarecer algumas dúvidas, bem
como ajudou muito na leitura dos dados. Com exceção do questionário de
percepção 1, que foi destinado a conhecer os alunos da classe, as notas de
minuto foram utilizadas por mim
,
com todos os 7 questionários reflexivos.
2.3.3 Notas de campo
Segundo Nunan (1992:115), métodos introspectivos são processos de observação e
reflexão do pensamento, sentimento, raciocínio e processo mental de alguém, com
vistas a determinar os caminhos em que esses processos e estados determinem
nosso comportamento. Uma das ferramentas de introspecção usada nesta pesquisa
foram notas de campo. As notas de campo escritas por mim, professora-
pesquisadora, tiveram
como
objetivo registrar minhas percepções sobre as atitudes,
reações e participações dos alunos durante as atividades teatrais. Em outras
palavras, significa que enquanto os alunos focais estavam participando de uma
determinada atividade, observava suas atitudes e reações e anotava em um bloco
as minhas impressões a respeito. Essas notas também foram feitas ao final de cada
atividade para garantir a coleta de maior n
úmero de informações possíveis.
2.3.4 Diário digital da professora
Segundo Bailey (1990:215,
apud
Nunan 1992:120), um diário de pesquisa é definido
como a avaliação em primeira pessoa de uma experiência educacional ou de ensino
de língua, documentado por meio de um registro franco em um diário pessoal e
analisado por fatos relevantes.
O diário digital da professora foi utilizado com o objetivo de registrar mais
completamente as observações, isto é, as informações que diziam respeito a
60
sentimentos, emoções, participações dos alunos e minhas percepções. Esses
registros foram feitos da seguinte forma: durante as atividades teatrais e no final das
aulas
, foram feitos registros em notas de campo na sala de aula com o objetivo de
descrever as participações, atitudes, sentimentos dos alunos focais. Ao chegar à
noite em casa, no mesmo dia em que ministrei a aula, isto é nas segundas e nas
terça
s-feiras, digitava no programa computacional, Microsoft Word
,
a descrição das
atividades teatrais, como segue: a aula, a atividade, o nome da atividade, a data e o
objetivo. De posse das notas de campo, eu digitava no diário as observações e
impressões de cada aula. Foram registrados 19 diários digitais, do primeiro ao último
dia de aula.
Esse instrumento permitiu fazer um registro dos fatos ocorridos, aula a aula, durante
o processo de aplicação das atividades e contribuiu para que esta pesquisadora
pudesse fazer uma reflexão e questionamento do trabalho dos alunos. Um exemplo
disso encontra
-
se no Anexo C.
2.3.5 Entrevist
a semi
-
estruturada
De acordo com Nunan (1992:149), três tipos de entrevistas: as estruturadas, as
semi
-estruturadas e as não estruturadas. Nas entrevistas estruturadas as perguntas
são totalmente preestabelecidas pelo entrevistador. nas entrevistas
semi
-
estruturadas, o entrevistador tem uma idéia das informações que pretende obter e
utiliza um guia a ser explorado durante o transcurso da entrevista. As perguntas não
estão pré-formuladas, são feitas durante o processo e a ordem dos temas tampouco
está
preestabelecida.
E a
s entrevistas não estruturadas são guiadas pelas respostas
do entrevistado, sem nenhum roteiro predeterminado. O entrevistador exerce pouco
ou quase nenhum controle sob a entrevista e a direção dela é, relativamente,
imprevisível.
As
entrevistas semi-estruturadas foram usadas, pois a minha intenção era obter, por
meio de um outro instrumento, mais dados além daqueles obtidos nos questionários
reflexivos. Durante todo o período da coleta, foram preparadas por mim 3
61
entrevistas. Todas elas foram aplicadas nos 20 minutos finais de cada aula. Levei
um gravador portátil pequeno para a sala de aula somente na primeira aula de
aplicação da atividade teatral. Nessa aula os alunos sentaram no chão, f
ormando
um círculo e perguntei quem gostaria de responder algumas perguntas. Caminhei
em direção daqueles que manifestaram a vontade de respondê-las e também dos
alunos focais e, separadamente, fiz as perguntas da primeira entrevista semi-
estruturada para cada aluno, enquanto os outros aguardavam. O uso do gravador
em sala não foi satisfatório porque os alunos focais não responderam às perguntas
de uma forma favorável que pudesse coletar dados suficientes para a pesquisa. Eles
ficaram muito tímidos diante desse recurso. Além disso, alguns alunos que es
tavam
sentados no chão no círculo, do lado dos alunos focais e não focais, começaram a
falar alto e até gritar para que pudesse gravar a voz deles. Isso atrapalhou bastante
o trabalho e diante dessa experiência insatisfatória, decidi mudar a estratégia da
realização de cada entrevista.
Para as demais entrevistas, isto é, da e aulas não foi usado o recurso de
áudio. No final de cada aula, os alunos sentaram no chão, em círculo, e perguntei
novamente para
eles,
quem gostaria de responder
as
perguntas. Caminhei em
direção a alguns alunos não focais e depois a cada aluno focal separadamente,
como havia feito na aula de aplicação. Pedi para que todos fizessem silêncio
em respeito ao colega e fiz a entrevista, sentada no chão de frente para cada a
luno.
Assim que cada aluno respondia às perguntas, registrei-as no caderno. Dessa forma
os alunos responderam às perguntas de uma maneira mais satisfatória.
A primeira entrevista (Anexo A2) foi realizada na aula do período de coleta de
dados. Ela era constituída de 2 perguntas que indagavam a opinião do aluno diante
da primeira atividade teatral e como ele havia visto o colega naquela atividade.
A segunda entrevista (Anexo A2) foi realizada na 3ª aula da coleta de dados. Ela era
composta de 3 perguntas que objetivavam investigar a sensação, a percepção de
alguma coisa diferente durante a execução da atividade e como ele havia se sentido
após a segunda atividade teatral.
62
A terceira e última entrevista (Anexo A2) foi realizada na aula da coleta de
dados.
Ela era constituída de 3 perguntas, cujo propósito era indagar quais os sons que o
aluno havia percebido do lugar onde ele estava, se ele havia se concentrado durante
a atividade e qual havia sido a sensação que ele tinha sentido durante a atividad
e
teatral.
Como o leitor pode perceber, usei esses instrumentos descritos acima em vários
momentos da pesquisa, portanto, apresento-os no quadro abaixo para que se possa
ter uma visão global dos instrumentos utilizados e dos momentos em que foram
aplicad
os:
63
INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA
DATA
Aula
Semana
da Coleta
Duração
da Aula
Questionários
Notas de
Minuto
Diários da professora
Entrevistas
Semi
-
estruturadas
30/08/04
1
1ª SEMANA
50MIN.
Nº1
1
31/08/04
2
1ª SEMANA
50MIN.
2 1
13/09/04
3
2ª SEMANA
50MIN.
3 2
14/09/04
4
2ª SEMANA
50MIN.
4 3
27/09/04
5
3ª SEMANA
50 MIN
5
28/09/04
6
3ª SEMANA
50MIN.
Nº2
6
04/10/04
7
4ª SEMANA
50MIN.
Nº3
X
Nº2
7
05/10/04
8
4ª SEMANA
50MIN.
Nº4
X
Nº3
8
18/10/04
9
5ª SE
MANA
50 MIN
X Nº4
9
19/10/04
10
5ª SEMANA
50 MIN.
10
25/10/04
11
6ª SEMANA
50 MIN.
11
26/10/04
12
6ª SEMANA
50MIN.
Nº5
12
08/11/04
13
7ª SEMANA
50 MIN.
X Nº5
13
09/11/04
14
7ª SEMANA
50MIN.
Nº6
14
16/11/04
15
8ª SEMANA
50 MIN.
X Nº6
15
22/11/04
16
9ª SEMANA
50MIN.
16
23/11/04
17
9ª SEMANA
50MIN.
Nº7
17
29/11/04
18
10ª SEMANA
50MIN.
X Nº7
18
30/11/04
19
10ª SEMANA
50MIN.
Nº8
19
01/12/04
20
11ª SEMANA
50MIN.
X
Nº8
Quadro 2.2 Apresentação dos moment
os da aplicação dos Instrumentos de coleta.
64
2.4. Os procedimentos de análise.
Nesta seção do capítulo de Metodologia, explico quais foram os procedimentos de
análise e interpretação dos dados coletados para esta pesquisa. Os instrumentos de
coleta utilizados foram: 1 questionário de percepção nº 1 (Anexo A1); 3 entrevistas
semi
-estruturadas (Anexo A2); 7 questionários reflexivos - nº 2 ao 8 (Anexo A3); 7
notas de minuto utilizadas após a leitura das respostas dos alunos, escritas nos
questi
onários reflexivos e 19 diários digitais da professora.
A pesquisa iniciou-se com a aplicação do questionário percepção (Anexo A1) que
combinava respostas abertas e fechadas. Fiz um mapeamento de todas as
respostas abertas dos 10 alunos focais iniciais. Levantei em cada resposta as
escolhas lexicais mais relevantes, como por exemplo: importante, aprender,
interessante, entender, tímido (a), envergonhado (a) e erros; para que eu pudesse
traçar o problema instaurado na sala de aula. O resultado do questionário apontava
os problemas: o medo de ser alvo de gozações dos colegas, a vergonha, a timidez,
a insegurança eram fatores que faziam com que esses alunos não tivessem
segurança para se comunicar.
Depois desse levantamento, separei duas pastas com plásticos transparentes. A
pasta azul foi destinada ao arquivo dos questionários reflexivos dos 10 alunos focais
e a amarela aos alunos não focais (total de 29). Coloquei uma etiqueta nos plásticos
internos, contendo o número da aula, o número do questionário reflexivo o nome da
atividade teatral e a data em que ela foi aplicada. No final das aulas, os alunos
respondiam os questionários reflexivos. À noite em minha casa analisava os
questionários dos alunos focais e se houvesse alguma resposta que não fosse clara,
questionava-os na aula seguinte, fazendo anotações por meio da nota de minuto.
Após esse trabalho, os questionários eram arquivados em ordem cronológica nas
respectivas pastas. Coloquei as entrevistas semi
-
estruturas em uma outra pasta com
as mesmas identi
ficações usadas para os questionários reflexivos.
Durante a aplicação das atividades teatrais, observei, dentre os 10 alunos focais
iniciais, quais eram aqueles que não tinham faltado às aulas, porque era importante
para a coleta de dados a freqüência desses alunos para uma análise mais fiel
65
possível desses dados. Esse exame fez-me selecionar 5. De posse de todos os
questionários respondidos pelos 5 alunos focais escolhidos, digitei em duas
planilhas do sistema computacional Excel distintas, as minhas duas perguntas de
pesquisa:
1ª) Que percepções de aprendizagem os alunos revelam ao serem expostos às
atividades teatrais?
2ª) Que sentimentos os alunos revelam durante o processo de aplicação das
atividades teatrais?
Analisei as perguntas de cada questionário reflexivo, as entrevistas semi-
estruturadas e categorizei-as de acordo com as perguntas de pesquisa conforme
segue:
a) para a pergunta de pesquisa, categorizei perguntas dos questionários
reflexivos, de nº 2 ao 8, relacionadas às percepções de apr
endizagem dos alunos;
b) para a pergunta de pesquisa, categorizei perguntas dos questionários
reflexivos, nº 2, 3, 4, 5, 7, 8, e as entrevistas semi-estruturadas nº 1, 2 e 3,
relacionadas às percepções de sentimentos dos alunos.
Digitei as perguntas e respostas de todos os questionários reflexivos na planilha do
sistema computacional Excel. Quando terminei esse trabalho digital, comecei a
procurar respostas para as minhas perguntas de pesquisa nas escolhas lexicais dos
alunos. Usei canetas de diversas cores para destacar as mesmas palavras que
apareciam várias vezes. Depois disso, levantei as palavras mais freqüentes para
cada pergunta e agrupei-as buscando identificar uma categoria de análise para cada
grupo. Portanto, os dados foram analisados e, de certa forma, identificados e depois
classificados nas seguintes categorias:
para a primeira pergunta
categoria completude:
a) aprendizagem de conteúdo lingüístico;
b) aprendizagem de conteúdos diversos;
66
para a segunda pergunta:
a) percepções de orde
m didática;
b) percepções de ordem interpessoal e,
c) percepções de ordem pessoal.
É importante ressaltar que o questionário reflexivo foi o instrumento de coleta mais
utilizado para a apresentação dos dados porque continha a maior parte das
informações
sobre as percepções de aprendizagem e dos sentimentos dos alunos.
O diário digital da professora foi também um outro instrumento de coleta importante
para a apresentação e discussão de resultados. De posse das notas de campo, por
mim registradas durante a
s atividades teatrais, eles eram digitados à noite em minha
casa, no mesmo dia em que as atividades teatrais eram aplicadas. O diário digital da
professora foi essencial para que eu pudesse analisar as minhas impressões e
observações e corroborar os relatos dos alunos na apresentação e discussão dos
resultados.
Neste capítulo, descrevi a abordagem metodológica, o contexto de pesquisa, os
instrumentos e procedimentos de coleta de dados bem como os procedimentos para
análise. A seguir, apresento o capítulo de apresentação e discussão de resultados
desta pesquisa.
67
CAPÍTULO 3
-
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O objetivo deste capítulo é apresentar e discutir os resultados, a partir dos dados
analisados, para responder perguntas de pesquisa que se seguem, tomando como
referência os pressupostos teóricos apresentados anteriormente:
1)
Que percepções de aprendizagem os alunos revelam ao serem expostos às
atividades teatrais?
2)
Que sentimentos os alunos revelam durante o processo de aplicação das
atividades teatrais?
Este capítulo está dividido em duas seções. Na primeira seção apresento e discuto
os resultados referentes às percepções que os alunos revelam em relação à
aprendizagem, por meio de atividades teatrais, e busca responder a primeira
pergunta e nela apresento os resultados referentes às percepções de aprendizagem.
Na segunda seção, apresento e discuto os sentimentos que os alunos revelam em
relação a si mesmos, a seus pares, à professora e em relação ao aprendizado da
Lín
gua Inglesa.
3.1 Percepções sobre a aprendizagem
Nesta seção os dados apresentados referem-se à análise das atividades teatrais
para verificar quais as percepções que os alunos têm em relação à aprendizagem.
Os resultados dos dados apresentam percepções relacionadas a vários tipos de
aprendizagem. Essas aprendizagens estão classificadas na categoria Completude.
68
3.1.1 Completude
A categoria Completude
3
apresenta os resultados referentes aos conteúdos
desenvolvidos por meio das atividades teatrais e de
input
lingüísticos, que foram
percebidos pelos alunos como desempenhos/aprendizados realizados /efetivos.
É importante ressaltar que a análise mostrou que nem sempre a separação entre
conteúdos lingüísticos e conteúdos de outra natureza (teatral, pessoal, etc.) foi
claramente identificada. Entretanto, para efeito de facilitar a compreensão, a
apresentação dos resultados é feita em: a) aprendizagem de conteúdo lingüístico; b)
aprendizagem de conteúdos diversos.
Para entender melhor, retomo como as ativida
des teatrais foram desenvolvidas.
As atividades teatrais foram distribuídas em 19 aulas, em 10 semanas. Essas aulas
foram divididas em: uma aula inicial para preenchimento do questionário de
percepção pelos alunos; treze aulas compostas por atividades teatrais e
input
lingüístico; três compostas por ensaio e apresentações e 2 aulas destinadas à
avaliação da proposta de trabalho das atividades teatrais. O objetivo principal, ao
final dessas 19 aulas, foi uma apresentação de produção oral em inglês, em que o
s
alunos da série do Ensino Fundamental teriam que dar informações a um
estrangeiro de um determinado local, em uma rua de seu bairro.
3
Um construto para definir a idéia de um ciclo que se completa, a sensação de
aprendizado
completo. Indica se o aluno percebe se aprendeu ou não conteúdos por meio de atividades teatrais e
de
input
lingüístico.
69
A primeira aula foi destinada ao preenchimento do questionário de percepção a fim
de se conhecer e formar uma idéia do grupo de alunos. As aulas de atividades
teatrais e de input lingüístico não podem ser contadas separadamente, porque na
maioria das vezes faziam parte de uma mesma aula, isto é iniciava-se com uma
atividade teatral e depois se trabalhava o
input
l
ingüístico.
As atividades teatrais tinham como objetivo fazer com que os alunos
desenvolvessem a expressão corporal, vocal, desempenho oral na Língua Inglesa,
que despertassem o gosto pela arte, conhecendo conceitos inerentes ao teatro e
também participassem de atividades coletivas e individuais para uma melhor
interação com seus pares, a fim de que o aluno se sentisse mais confiante com seu
desempenho durante a apresentação final.
As aulas de
input
lingüístico tinham como objetivo apresentar o conteúdo sistêmico,
vocabulário, estrutura e pronúncia, essenciais para a construção dos diálogos, pelos
alunos juntamente com a professora, para a apresentação da dramatização final.
as aulas de avaliação foram aquelas em que os alunos preencheram o
questioná
rio reflexivo no qual fizeram uma avaliação da proposta de trabalho das
atividades teatrais.
3.1.1.1 Aprendizagem de conteúdo lingüístico
A atividade teatral Introducing yourself, aplicada na aula, envolvendo conteúdo
lingüístico, tinha como objetiv
o fazer com que os alunos do ponto de vista lingüístico,
se apresentassem aos colegas em inglês, favorecendo, deste modo, o auto-
conhecimento do aluno e o conhecimento do outro. A produção oral utilizada nessa
atividade tinha o intuito de fazer com que os alunos, por meio da Língua Inglesa, se
comunicassem com os seus colegas, a fim de criar um ambiente mais favorável para
que eles se relacionassem e se conhecessem melhor. Essa justificativa foi
apresentada em meu diário digital após a aplicação da ativida
de:
70
Essa atividade teve o propósito de fazer com que os alunos se
aproximassem uns dos outros, para favorecer durante o processo de
aplicação das atividades um melhor relacionamento entre os alunos. Eu me
lembro que no primeiro dia em que conversei com os alunos a respeito da proposta
das atividades teatrais os alunos me confidenciaram que não conheciam muitos
colegas da própria sala. Observei que eles fazem pequenos grupos de
relacionamento, e isso faz com que muitas vezes um grupo não converse com
o outr
o .
Após a aplicação da atividade teatral Introducing yourself, os alunos focais fizeram
os seguintes relatos, no questionário reflexivo nº2 da aula, sobre o aprendizado
adquirido em relação à língua:
Renata: Eu aprendi várias coisas exemplo: Eu aprendi me apresentar, a falar
direito My name is...
.
Gabriela: Eu aprendi a me apresentar em inglês My name is... What s your
name
?
Bianca: Eu aprendi a perguntar o nome dos meus colegas. What s your
name? Eu também aprendi a me apresentar My name is
Bianca
.
Débora: Eu aprendi a pronunciar mais What s your name e My name is
Débora
.
Edson: Eu aprendi a se apresentar My name is ... i para eu perguntar eu tinha
que falar What s name .
Os depoimentos evidenciam que os alunos conseguiram atingir o objetivo de se
apresentarem para os colegas em inglês de uma maneira diferente, por meio de
uma brincadeira (ver anexo B aula). O gesto de oferecer a vez para o outro, a
atenção dos alunos durante a atividade, o aquecimento corporal, contribuíram para
que a atividade fosse cumprida satisfatoriamente. Ao mesmo tempo, essa atividade
teatral proporcionou uma descontração para o grupo de alunos, fazendo com que a
apresentação se tornasse natural. Conforme indicado no registro do meu diário
digital após aplic
ação dessa atividade:
71
Observei que ao rmino dessa primeira atividade de hoje, os alunos estavam
mais descontraídos e até pediram para repetir a brincadeira . Posso dizer que
essa
atividade quebrou um pouco o gelo entre os alunos. Para início foi
ótimo... .
Percebi que quando a aluna focal Gabriela veio para o palco, não precisou de
minha ajuda, como havia acontecido ontem, que asegurei em sua mão. Dessa
vez,
Gabriela se apresentou para os colegas, sozinha, com voz bem firme
.
Corroboram esta afirmação os depoimentos dos alunos focais sobre o que eles
sentiram, referente ao aprendizado da Língua Inglesa no mesmo questionário
reflexivo nº 2, da 6ª aula:
Gabriela: Eu acho bom falar em inglês, e ainda agora que estou aprendendo
mais
achei legal. Gosto de outras línguas porque quando vejo uma pessoa falar,
quero conhecer outras culturas .
Bianca: Me senti à vontade de falar dessa maneira, porque é muito mais
interessante, Não foi só um exercício de repetição;
eu falei o que eu sentia
.
Débora
: Eu aprendi a perguntar o nome do meu colega em inglês e eu aprendi
também a me apresentar .
Edson: Eu aprendi a falar What s name isso é pergunto o nome e para responder
tem que falar My name is ái você falo seu nome. Senti muito bem, porque sinto
que
estou sendo correspondido; eu pergunto em inglês e meu colega responde;
isso é muito real e legal
.
No depoimento das alunas Gabriela, Bianca e Débora, o aprender inglês não se
resume apenas a um exercício de repetição de palavras sem um contexto. Para
Gabriela, por exemplo, aprender a Língua Inglesa abre as portas para um mundo
cultural que ela aprecia e, na sua interpretação, como outras possibilidades de
novos caminhos para sua vida. Para Edson, o aprendizado da Língua Inglesa foi
importante porque permitiu a interação com outros colegas. Isso significa que
aprender inglês por meio de atividades teatrais ajuda o aluno a quebrar barreiras
internas emocionais, no caso de Edson, por exemplo, que se trata de um aluno
tímido.
A atividade teatral de conteúdo lingüístico, chamada de Roda caranguejo, ocorreu
na aula. Nessa atividade, os alunos se depararam com atividades de expressão
corporal, de voz, trabalho em grupo, concomitante com o
input
lingüístico de contar
72
os números em inglês. É importante retomar que nem sempre o conteúdo lingüístico
e teatral foram apresentados separadamente, como foi o caso dessa atividade. Para
esclarecimentos, ver
página 56
deste trabalho.
Com relação à aprendizagem de Língua Inglesa, na atividade Roda caranguejo, os
alu
nos relataram no final da mesma aula:
Renata: Eu aprendi a contar de 1 a 10, em inglês, mas falando brincando,
One,
two, three, four, five, six, seven, eight, nine e ten
Gabriela: Eu aprendi a falar os nºs em inglês, one, two, three, four, five, e
as
sim por diante é bem legal....
Bianca: Aprendi a falar os números em inglês de uma forma diferente.
One,
two, three, four, five, six, seven, eigh, nine, ten
.
Débora: .. eu aprendi mais a contar de 1 a 10 = one, two, three, four, five, six,
seven
, et
c.
Edson:
Eu aprendi a falar em inglês falando os números em inglês fazendo na
roda do caranguejo, one, two, three, four, five, six, seven, eight, nine, ten
.
Os relatos acima ilustram que, na percepção dos alunos, a atividade da
Roda
caranguejo
, que
tinha objetivos diversos, gerou aprendizado lingüístico.
As e 10ª aulas de
input
lingüístico, intituladas
Directions,
tiveram como objetivo
apresentar, dentro de um contexto, estruturas lexicais que os alunos usaram no
diálogo da apresentação final do semestre. É importante ressaltar que o
input
lingüístico foi gerado durante a atividade pelos alunos, sem preparação prévia pelo
professor.
As 1e 12ª aulas tiveram como objetivo desenvolver um diálogo a partir do que os
alunos conheciam das estruturas lexicais trabalhadas nas duas aulas anteriores,
e 10ª aulas, contendo: a) saudação inicial; b) pedir informação; c) responder em
que rua fica o local; d) como se chega lá; e) confirmação; f) agradecimento; e g)
despedida.
73
A respeito das observações registradas durante as aulas nas notas de campo e
depois, no diário digital da 12ª aula, escrevi:
Os alunos discutiram com os seus pares, que irão apresentar a peça, as escolhas
lexicais, de acordo com a vontade deles.
O objetivo de construir o diálogo d
essa
forma é de dar opções para que o aluno escolha o que ele quer produzir
oralmente dentro do contexto. Ele tem a autonomia de escolher o vocabulário
que ele quer usar e falar. Ao discutir com seu par, o aluno acaba trocando idéias
de como poderá ser a apresentação e também pode se sentir mais seguro do que
ele vai falar; pois ele sabe que foi ele quem fez a escolha no diálogo .
Após a 11ª e 12ª aulas dedicadas à construção dos diálogos, os alunos
preencheram o questionário reflexivo 5 da 12ª aula. Eles indicaram em seus
depoimentos:
Renata: Eu
aprendi pedir informações, dar informações
como:
Where s the school .
Go straight ahead for one block then turn right. The gas station is across from
the school
Thank you, boy
You re welcome.
Gabriela: Eu aprendi a pedir e dar informações em inglês, as direções (direita,
esquerda, etc.) em inglês e a falar a pronunciar corretamente o inglês. Exemplo:
Where s the
...
Go straight ahead for
.
Bianca: Eu aprendi a pedir e dar informações
,
Where s the gas station aprendi
as direções em inglês go straight ahed, turn left, turn right, next to across from fiz
um diálogo com colegas, aquecer as cordas vocais.
Where s the gas station?
It s on São Jose Avenue
How can I get there?
Go straight ahead for one
block.
Turn left.
Débora: E a pedir e dar informações sobre endereços, identificar lugares
públicos
, a dar informações de direções eu aprendi a pedir informações em inglês
e etc. eu aprendi a dar informações como: Where s the gas station
,
dar direções
co
mo: turn left
,
go straight ahead, turn right
,
next to e across from
.
Edson: Eu aprendi a pedir informações e dar endereços e indentificar lugares
públicos
ex: Good morning Where the gas station
,
Go straight ahead for one
block
etc. Thank you boy, You re w
elcome.
74
Nos exemplos acima, na percepção dos alunos, houve o aprendizado em relação a
pedir e dar informações de lugares públicos em inglês. Nesse momento, os alunos
começaram a construir o diálogo para a apresentação final. O objetivo dessa
atividade era, exatamente, fazer com que os alunos, em conjunto com a professora,
construíssem seus diálogos a partir de suas escolhas. Os alunos tinham autonomia
para escolher os lugares públicos que queriam para seus diálogos porque, nas e
10ª aulas de
input
lingüí
stico, foram apresentados diversos itens lexicais pertinentes
à situação de lugares, por exemplo: supermarket, school, gas station, bus stop,
drugstore, flower shop entre outros. Por isso, temos Renata escolhendo Where s the
school? e Bianca, Débora e Eds
on Where s the gas station? .
Os alunos focais e não focais criaram o diálogo para apresentação final em busca do
aperfeiçoamento da pronúncia, como a aluna focal Gabriela menciona no
questionário reflexivo nº 5, da 12ª aula:
aprendi a falar a pronunciar corretamente o inglês a enriquecer o vocabulário e
também a estrutura gramatical.
Essas escolhas de estruturas gramaticais e de vocabulário, que os alunos fizeram
na 11ª e 12ª aulas para a construção do diálogo, compõem o conhecimento
sistêmico no processo de construção de significados, pois, segundo os PCN
LE
(1998), esse conhecimento possibilita que as pessoas, ao produzirem enunciados,
façam escolhas gramaticalmente adequadas, apoiando-se no nível sistêmico da
língua, envolvendo vários níveis da organização lingüística, como por exemplo,
léxico-
semânticos, morfológicos, sintáticos e fonético
-
fonológicos.
Na leitura dos dados, torna-se clara a questão teórica dos conceitos espontâneos e
científicos, difundida por Vygotsky (1934/1998), por que os alunos foram expostos a
um conhecimento da Língua Inglesa, no caso a criação de um diálogo em inglês,
que nunca haviam desenvolvido antes na vida cotidiana deles. Esses dois conceitos
fazem parte de um único processo: o desenvolvimento da formação de concei
tos.
Essa afirmativa pode ser confirmada no depoimento da aluna Débora, no
questionário reflexivo nº 5 da 12ª aula intitulada
Continuação da 11ª aula de
75
elaboração do diálogo - aquecimento das cordas vocais, ao indagar como as
atividades contribuíram pa
ra a aprendizagem:
Débora: ... mas agora com o teatro tudo mudou agora eu aprendi coisas que eu
não sabia e que nunca tinha passado pela minha cabeça como pedir informação
em inglês e dar informação em inglês
e etc .
Portanto, Débora confessa que o teatro lhe ajudou a aprender coisas que ela não
imaginava existir como, por exemplo, que em inglês pode dar e pedir informações
sobre lugares.
Nesse mesmo questionário reflexivo 5 da 12ª aula, indaguei os alunos a respeito
das atividades que eram desenvolvidas na série, antes das atividades teatrais.
Essa pergunta também foi feita no questionário 1, aplicado na aula, chamado
de percepção. Ao elencar como eram as atividades, os alunos indicaram:
Renata:
Cópia,
tradução, vocabulário .
Gabriela:
Cópia
.
Bianca:
Cópia
, tradução .
Débora:
Cópia
, tradução, exercícios gramaticais, vocabulário, leitura em voz alta.
As aulas eram chata porque eu até tinha interesse mais não tinha muita
graça
.
Edson:
Cópia
, exercícios gramaticais (Verb to be
) .
Os dados revelam que a atividade que aparece em primeiro lugar é a cópia, pois é
mencionada por todos os alunos focais, tanto no questionário reflexivo da 12ª aula e
no questionário de percepção 1 da 1ª aula. . Em segundo lugar, a tradução. Em
ter
ceiro lugar os exercícios gramaticais (Verb to be) e em quarto lugar o vocabulário.
A cópia mostra-se a atividade dada com mais freqüência para os alunos focais.
Percebo que aprender inglês, para alguns docentes de Língua Inglesa, limita-se à
cópia, tradução de textos, exercícios gramaticais, de uma forma estanque e
76
descontextualizada. Assim, a falta do desenvolvimento lingüístico pode interferir na
questão afetiva do aluno. Como exemplo, Débora caracteriza a aula como chata, em
seu depoimento acima. A alun
a tinha até interesse, mas a aula não tinha graça.
A 13ª e a 14ª aulas foram praticamente a continuação das aulas anteriores. Nesse
momento as aulas tinham como objetivo a verificação, nos grupos formados pelos
alunos, da construção dos diálogos e o trabalho de pronúncia para a apresentação
final. Nota-se o registro em meu diário digital, referente ao trabalho de pronúncia na
13ª aula:
Os diálogos estavam prontos e corretamente com as divisões de papéis. Mas
ainda faltava trabalhar a pronúncia. Esse trabalho foi o seguinte: a) apresentar aos
alunos o som fonético do
th
quando pronunciamos palavras como, por exemplo,
th
ank you,
th
ree b) apresentar aos alunos o som fonético do th quando
pronunciamos as palavras como por exemplo,
th
ere c) mostrar a diferença entre o
som de
th
ank e
th
ere e comentar que existem na Língua Inglesa e não existem em
nossa cultura, d) mostrar a diferente entoação que existe quando fazemos uma
pergunta iniciada com WH questions - falling (para baixo) intonation e na Yes ou
No questions - rising (para cima) intonation,d) mostrar o linking (ligação) que
entre palavras em inglês terminadas em consoantes e se a outra palavra começa
com vogal por exemplo, How can I get ... yes, it is ... straight ahead e) mostrar o
linking (ligação) que quando uma letra termina e inicia uma outra palavra com a
mesma consoante, por exemplo gas station.f) apresentar as 10 vogais longas e
curtas que no inglês e mostrar a pronúncia da palavra
please
( que o som da
vogal i é longo)g) mostra
r a importância da pronúncia da letra
l
como em we
l
come e
schoo
l, que normalmente os alunos identificam essas palavras com o português e
pronunciam a letra u ao invés da letra l h) apresentar a pronúncia para as palavras
com terminação
tion,
como por exemp
lo, gás sta
tion
, police sta
tion
, i) apresentar a
pronúncia correta das na
me
e welco
me
, por exemplo, que normalmente os alunos
carregam a letra
i
no final de cada palavra.
Inicie com a Bianca e depois passei para a dupla da Débora, alunas focais
.
Débora me disse que adora falar inglês. Notei que enquanto eu estava
orientando Bianca, Débora praticava o diálogo com seu par e o ajudava a falar
a pronúncia certa
.
O trabalho de pronúncia e entoação contribuiu para a interação em sala de aula.
Percebi que os
alunos focais além de se empenharem para explicar da melhor forma
para os alunos não focais o que eles haviam aprendido, ficaram entusiasmados
com os resultados obtidos, conforme registrei no diário digital da 13ª aula:
77
Durante o trabalho de pronúncia e entoação notei entusiasmo dos alunos focais em
ajudar os colegas a falarem corretamente. Os risos e o empenho dos alunos focais em
ajudarem os outros são provas disso.
Portanto, essa aula foi de extrema importância porque, além de melhorar a interaç
ão
em sala de aula, percebi o desejo dos alunos de não só falarem inglês, mas também
o interesse em pronunciar as palavras do diálogo da maneira correta. Esse desejo
de falar inglês é reiterado pelos alunos conforme consta nas sondagens iniciais
feitas pel
os alunos na
página 4
4.
Já a 14ª aula, foi caracterizada por atividades envolvendo
inputs
lingüísticos e
teatrais e também orientações a respeito de apresentações teatrais. Nesse momento
me limitarei somente à atividade de
input
lingüístico. As noções de
apresentações
teatrais serão consideradas na categoria de aprendizagens de outras naturezas.
Na 14ª aula a atividade teatral com
input
lingüístico, intitulada
Tchow
-
tchow
, criada
por mim, trabalhou a pronúncia de um fragmento do diálogo da apresentação fi
nal. O
trabalho de pronúncia evidenciou a entoação de perguntas WH
questions, por
exemplo,
Where s the post office?
How can I get there?
E também a pronúncia do
/ th /
voiced, para How can I get there?; linking words como palavras que terminam
em consoante e iniciam com vogal, como por exemplo, How can I get there? ; Go
straight ahead...Where s the post office?. Os alunos puderam praticar trechos dos
diálogos da apresentação final. O trabalho de pronúncia da entoação para perguntas
de WH
questions (falling intonation), pronúncia do / th /, linking words, aconteceu
aliado à atividade teatral que exigia a interação com os colegas, porque os alunos
praticavam o diálogo durante a brincadeira. A dinâmica da atividade fez com que os
alunos produzissem oralmente todo o diálogo em inglês com vários colegas
diferentes, ao mesmo tempo que praticavam a pronúncia. Nessa atividade, observei
uma participação maior dos alunos ao se relacionarem, interagindo entre si com
muita descontração, sem a preocupação de serem ridicularizados pelos colegas e
também a continuidade da prática do diálogo em inglês, intensificando de certa
forma o exercício de pronúncia.
78
A respeito das percepções sobre o aprendizado dessa atividade, ao serem
indagados o que aprenderam em inglês, os alunos reproduziram por escrito o
diálogo que haviam praticado oralmente, conforme registro no questionário reflexivo
nº 6:
Renata: Eu aprendi a falar ::
Where s the Post Office?
It s on Sao Jose Avenue
How can I get there?
Go straight ahead for one bl
ock, turn left
.
Gabriela:
Eu aprendi a pedir e dar informações em inglês, exemplo :
Where s the Post Office?
It s on Remédios Avenue.
Bianca: Eu aprendi a pedir e dar informações:
Where s the post Office?
It s on Sao Jose Avenue.
Débora: Eu aprendi a
pedir e dar informações, como:
Where s the Gas Station?
It s on Angélica Street.
Edson: Eu aprendi a pedir informações, como:
Where s the Post Office?
Go straight ahead for two blocks.
Quando indaguei, no mesmo questionário reflexivo 6, qual foi a a
tividade
desenvolvida naquele dia, os alunos focais responderam:
79
Renata: Foi a atividade Tchow-
Tchow,
porque tinha duas fileiras e a gente falou
em inglês melhorando a pronúncia .
Gabriela: A atividade foi bem boa de praticar o inglês e também trabalhamos a
pronúncia
.
Bianca: A atividade se chama Tchow-
Tchow
. Nós ficamos em duas linhas e
trocamos informações com os colegas em inglês
.
Praticamos bastante
também a pronúncia do nosso diálogo
. Foi bem diferente.
Débora: Foi boa porque nós ficamos em 2 fileiras, uma fila pedia informação e a
outra dava informação. O nome era Tchow-
Tchow
.
Falamos o diálogo com o
colega e
trabalhamos a pronúncia
,
junto com a brincadeira
.
Edson: A atividade foi diferente porque eu estava em uma fileira perguntando pr
o
meu colega Where s the Post Office? E o meu colega respondia It s on São Jose
Avenue, e ai a minha fila se movia, então eu falava com outro colega, e a outra fila
não se movia, então a fila ia andando e a outra não. Assim todo mundo falava
com todo mun
do
. Foi muito legal porque eu aprendi a falar mais um pouco em
inglês e pronunciar mais as palavras.
Quanto
a qual foi o objetivo da atividade, os alunos focais Renata, Gabriela, Bianca,
Débora e Edson mencionam que foi trabalhar com a pronúncia, p
orém
nenhum
deles mencionou quais exercícios foram realizados.
As atividades de
input
lingüístico das 15ª, 16ª e 18ª aulas referem-se ao
Ensaio
da
peça, apresentação final
e
uma re
-
apresentação
destinada a alunos que faltaram ou
para aqueles que não apresentaram um bom desempenho na primeira vez. A 1
aula, destinada ao ensaio para a apresentação final, foi de observação de tudo
aquilo que foi trabalhado durante as 19 aulas deste projeto de atividades teatrais:
desempenho lingüístico dos alunos, isto é a fala concatenada no decorrer do
diálogo, pronúncia e entoação, posicionamento no palco, desempenho durante a
apresentação.
a última aula, 16ª, foi destinada à apresentação final dos alunos da série do
Ensino Fundamental, que representaram a seguinte si
tuação proposta:
80
Você está andando na Avenida principal do seu bairro, quando voencontra um
estrangeiro que pede informação
sobre
um determinado local
.
Durante a apresentação, observei o desempenho lingüístico, isto é a fala
concatenada do aluno no decorrer do diálogo, pronúncia, se os alunos fizeram uso
da entoação quando fizeram perguntas com WH
questions, ou Yes /No questions,
a pronúncia das palavras com / th/ voiceless
como a palavra thank ou com / th /
voiced
como a palavra there, linking words quando o encontro de uma palavra
que termina com uma consoante e uma outra inicia com vogal
post office;
posicionamento no palco dos alunos focais, que são objetos desta pesquisa. Quanto
ao desempenho lingüístico pude perceber que os alunos focais e não focais
conseguiram atingir o objetivo de apresentar a dramatização sem medo, vergonha
ou insegurança. Isso mostra que a barreira emocional que havia no início do projeto
foi perdendo a força para o desenvolvimento do senso de responsabilidade, o
respeito com o outro, a troca de idéias, a satisfação de estar junto, aproximando
assim as pessoas. Esses foram aspectos que observei durante as aulas e registrei
em meu diário digital:
O compromisso de responsabilidade com o colega, a preocupação
em
desempenhar o papel bem, falar em inglês, todos esses fatores contribuíram para o
sucesso das apresentações .
A 19ª aula foi destinada à avaliação da proposta de trabalho com atividades teatrais
pelos alunos que por algum motivo não compareceram ou não tiveram bom
desempenho na apresentação final da 16ª aula. Os alunos não focais responderam
o questionário reflexivo nº 7, o mesmo que os alunos presentes para a apresentação
final na 16ª aula tinham respondido. os alunos focais responderam o
questi
onário reflexivo 8, porque eles ajudaram os alunos não focais que faltaram
ou não tiveram bom desempenho na apresentação final. Quando perguntei no
questionário reflexivo nº 8, qual foi o aprendizado para a vida deles, por meio das
atividades teatrais,
eles responderam:
81
Renata: O meu aprendizado foi se um dia eu precisar de um diálogo, eu sei
pelo menos falar o básico
.
Gabriela: Meu aprendizado foi, que o inglês não é chato como eu achava,
aprendi que tendo atividades, diálogos, trabalhando a pronúncia se torna
mais divertido legal aprende
.
Débora: O meu aprendizado foi, o que eu não sabia eu aprendi e o que sabia
eu aprendi mais
, brincando .
Edson: O meu aprendizado foi muito legal
,
aprender a falar com um homem
que fala inglês
.
O resultado dos dados revela percepção em relação à melhoria na competência
lingüística. Os alunos valorizam a aprendizagem da Língua Inglesa. Renata e Edson
vêem na língua a possibilidade de comunicação. Ao dizer que o inglês não é chato,
Gabriela parece perceber que a Língua Inglesa proporciona uma aprendizagem mais
prazerosa. Ela menciona ainda o trabalho da pronúncia que considera importante
para seu aprendizado.
Ao adquirir competência lingüística percebe-se a influência direta na motivação dos
alunos. Bianca declara que no começo tinha muita vergonha, talvez por insegurança
ou medo de ser ridicularizada pelos colegas. Agora, nota-se uma mudança positiva
de atitude conforme a aluna confessa:
Bianca: Percebi que mudei de comportamento mesmo em casa, com meu
s
colegas e na escola.
Me sinto mais feliz
.
Essa mudança positiva de comportamento pode contribuir para que Bianca se sinta
mais autoconfiante e estabeleça um vínculo maior com a aprendizagem. Logo, a
aplicação das atividades teatrais pôde contribuir para a aprendizagem dos alunos da
6ª série do Ensino Fundamental, conforme relato:
82
Renata: Foi uma contribuição muito boa, ... eu me desempenhei para
aprender muito
, porque me dei mais nos
comportamento está melhorando
.
Gabriela: ... sabendo falar corretamente, sabendo trabalhar cada palavra si
torna mais interessante aprender e a falar essa língua
.
Débora: Contribuíram muito porque eu me empenhei mais para aprender as
coisas
.
Edson: Foi muito importante para nós todos porque se nós encontrarmos
um
homem que fala em Inglês eu aprendi a falar com ele e perder a vergonha para
se apresentar
-se .
Os alunos focais parecem refletir a respeito das implicações da aprendizagem por
meio das atividades teatrais. Renata confessa que as atividades contribuíram para
que ela se esforçasse para aprender mais e, principalmente, que o comportamento
dela mudasse. Gabriela valoriza a Língua Inglesa, dizendo que saber falar
corretamente e trabalhar cada palavra torna a língua mais interessante. Débora se
empenhou mais para aprender coisas diferentes. Ela não explica como, mas parece
referir
-se a sentir mais motivada em se empenhar para os estudos. Por fim, Edson
acredita que se encontrar um estrangeiro que fala inglês, ele se comunicará de
maneira satisfatória.
Porta
nto, após análise, os dados revelaram na percepção dos alunos focais da
série do Ensino Fundamental, objeto desta pesquisa, que as aulas de atividades
teatrais aliadas às aulas de
input
lingüístico favoreceram o aprendizado da Língua
Inglesa.
Na próxima subseção, apresento os resultados referentes à aprendizagem de
conteúdos diversos, revelados pelas respostas dos alunos ao serem aplicadas as
atividades teatrais aos alunos da 6ª série do Ensino Fundamental.
3.1.1.2 Aprendizagem de conteúdos diversos
Ao analisar as escolhas lexicais, observou-se que, nas percepções dos alunos, as
atividades teatrais podem promover não aprendizagem de conteúdo lingüístico,
mas também aprendizagens de outras naturezas, distribuídas nas seguintes
83
categorias: a) Aprendizagem de técnica vocal; b) Aprendizagem de cnica de
expressão corporal; c) Aprendizagem de conceitos teatrais.
3.1.1.2.1 Aprendizagem de técnica vocal
As atividades teatrais foram distribuídas em 19 aulas, como apresentei no capítulo
de metodologia na seção contexto da pesquisa, no quadro 2.1, chamado
cronograma das aulas de inglês. É importante ressaltar que algumas aulas
combinavam atividades teatrais e atividades de
input
lingüístico. Com relação às
atividades teatrais, às vezes em uma única aula havia atividades de técnica vocal,
expressão corporal, conceitos teatrais, razão dos relatos muitas vezes apresentarem
esses diversos conteúdos juntos.
Na 8ª aula, chamada Trabalho com as cordas vocais e a Roda caranguejo, um dos
objetivos da aplicação das atividades teatrais era fazer os alunos trabalharem com
as cordas vocais e o controle de voz. Ao serem perguntados quais foram as
atividades daquele dia, os cinco alunos focais responderam no questionário reflexivo
4, no final da aula:
Renata: Eu ap
rendi várias coisas, exemplo:
cordas vocais
e
aquece a voz.
.
Gabriela: Foi de
preparar as cordas vocais....
Bianca: As atividades para
aquecer as cordas vocais
...
Débora: As atividades de hoje foi
nós exercitamos a língua e a voz
...
Edson: s
aprendemos a relaxar a boca fazendo muitos movimentos
...
Nota
-se que todos captaram o objetivo das atividades e indicaram que era aquecer
as cordas vocais, fazer movimentos com a boca e estas atividades fizeram parte dos
exercícios de como se deve usar a voz. Ao serem perguntados sobre a importância
que esses exercícios tiveram para eles, os alunos focais responderam no
questionário reflexivo nº 4 da 8ª aula:
84
Renata: A
importância
é
para não ficar com dor de garganta
;
para podermos
trabalhar a voz
.
Ga
briela: Foi legal
,
porque é bom preparar a voz; isto é o exercício não é em
inglês e aí que é legal porque na aula de inglês aprendemos outras coisas
para o nosso dia-a-dia. Trabalhar as cordas vocais fazendo aquecimento evita
rouquidão e me apresento mel
hor na apresentação
.
Bianca: Aquecer minhas cordas vocais para eu falar de maneira certa no palco e
aprender a controlar minha voz; isto é, para quando eu estiver no palco, as
pessoas possam me ouvir melhor sem eu precisar gritar e ficar rouca
.
Débora
: Porque nos ajuda nos concentra na hora de falar com o colega
na
apresentação
e também se eu controlo minha voz eu não preciso gritar e ficar
rouca
.
Com as atividades eu não aprendo inglês, eu aprendo coisas que
me ajudam para outras coisas
.
Exercitar
a voz serve para eu não ficar com dor
na garganta e controlar minha voz
.
Edson: A importância era relaxar e aprender em inglês; não é o Inglês que nós
aprendemos,
mas sim coisas que vão servir pra mim quando eu crescer mais
no futuro, por exemplo: exercícios para a voz (cordas vocais), postura no palco
concentração nos exercícios .
Percebe
-se que os alunos Renata, Bianca e Débora revelam que esses exercícios
servem para que não fiquem com dor de garganta e possam controlar a voz.
Gabriela, Bianca e Débora também relatam que esses exercícios de aquecimento
das cordas vocais evitam a rouquidão. Débora e Gabriela dizem que aquecer as
cordas vocais auxilia para uma melhor apresentação final.
Gabriela, Débora e Edson acreditam que nas aulas de inglês não só aprendem
temas relacionados à língua, mas sim com coisas do dia
-a-
dia que possam ajudá
-
los
na vida, como por exemplo, esses exercícios para a voz. Eles percebem que a
Língua Inglesa não só os auxilia em sala de aula, mas pode proporcionar um
conhecime
nto de outras coisas para o futuro. Gabriela, Débora e Edson valorizam e
dão importância ao que a Língua Inglesa oferece.
Os alunos focais nunca tinham feito exercícios de aquecimento de cordas vocais
anteriormente. Isso é mostrado neste trecho de meu diá
rio digital da 8ª aula:
85
Perguntei aos alunos se eles tinham feito algum exercício de aquecimento
de cordas vocais anteriormente e todos disseram que não. Iniciei os exercícios
demonstrando como fazê-los. Depois que fiz o primeiro, os alunos começaram a rir
porque uns olhavam para os outros e achavam engraçado o jeito do outro. Percebi
que Bianca não conseguia fazer o exercício no começo, pois estava com vergonha.
Renata tinha dificuldade mesmo com a língua, isto é, em executar o exercício
propriament
e dito. Débora tinha facilidade em fazer e mostrar aos colegas como
fazê
-los .
O trecho do diário acima mostra que antes das atividades teatrais, os alunos nunca
tiveram oportunidade de aprender a técnica vocal. Com a implementação das
atividades teatrais, os alunos demonstraram interesse e sabem da importância do
aprendizado dessa técnica, tanto para a apresentação teatral, como para sua vida
no futuro.
Conforme indicado anteriormente, Renata menciona em seu depoimento que a
importância dessa técnica está em não ficar com dor de garganta e poder trabalhar
com a voz. Gabriela revela que trabalhar com as cordas vocais evita a rouquidão e
possibilita uma apresentação melhor. Bianca e Débora acreditam que aquecer as
cordas vocais faz com que elas aprendam a controlar a voz, permitindo que as
pessoas ouçam-nas melhor sem que precisem gritar e ficar roucas. Edson por sua
vez considera que esses exercícios com as cordas vocais podem ajudá-lo não só na
apresentação em classe, mas também no futuro.
Portanto
os alunos demonstram perceber a importância do uso da voz, tanto para as
atividades teatrais em classe como para outras situações de suas vidas fora da sala
de aula. Nessa direção, os resultados corroboram o argumento de Reverbel (2002)
de que o ensino da técnica vocal na escola contribui para o ajuste social do
indivíduo.
3.1.1.2.2. Aprendizagem de expressão corporal
Na aula, intitulada Trabalho com as cordas vocais e Roda caranguejo, também
foram aplicadas atividades teatrais que envolviam expressão corporal. Uma delas é
a
Roda caranguejo
que descrevi em meu diário digital:
86
Os alunos formam um círculo no meio da sala. Todos dão os braços entrelaçados,
isto é, um aluno o braço para o outro aluno e este segundo aluno dobra o seu
braço com o do primeiro colega. Esse colega o seu braço para o outro, assim
sucessivamente. Depois de todos os alunos permanecerem com os braços dados
no círculo, eles começam a contar até o número oito, em inglês, ao mesmo tempo
em que começam a andar para o lado direito
, como um caranguejo...
A aprendizagem da técnica corporal foi um aspecto que apareceu no discurso dos
alunos. Em um primeiro momento, quando pergunto quais foram as atividades
daquela aula, quatro alunos focais descrevem que foi a da Roda caranguejo
,
conforme trechos abaixo:
Renata: Anda como caranguejo Em uma roda grande temos que dar o braço
para o colega e não pode soltar; temos que andar de lado que nem caranguejo e
contar os números de 1 a 10...
Gabriela:
a roda caranguejo
.
Bianca:
a rod
a caranguejo
.
Débora:
exercício do caranguejo
Nota
-se que Renata descreve a atividade. Gabriela e Bianca dizem o nome da
atividade. Débora classifica-o como exercício. Os alunos neste momento não
demonstram saber se a atividade envolve expressão corporal. Diante dessas
informações, no mesmo questionário reflexivo de nº 4 da 8ª aula, solicitei que
detalhassem a execução da atividade:
Renata: É aprender de jeito diferente do que quando a gente aprende na sala de
aula sentado. Eu tinha que prestar atenção nas minhas pernas e contar os
números alto em voz alta brincado com os colegas.
Gabriela: Jeito descontraído a gente se movimenta para aprender,
principalmente o corpo
.
A gente não fica parado na sala, quieto
...
87
Débora:
Diferente
de aprender sentado na carteira. Assim é mais alegre e eu
me sento mais alegre. O tempo da aula passa mais rápido. E eu também percebo
que quando eu conto os números são as vezes que eu movimento minhas
pernas na roda caranguejo
.
Esses dados sugerem que a aprendizagem da expressão corporal faz o aluno ver o
processo de aprender usado como diferente de outros vivenciados e, ao mesmo
tempo, tecem comentários favoráveis a esse jeito. O toque, o respeito pelo outro, a
noção de espaço físico no ambiente social, observar e imitar os movimentos do
outro, são aspectos favoráveis desenvolvidos na brincadeira de faz-
de
-
conta.
Acredito que esse fato tenha também contribuído para que os alunos se sentissem
motivados a aprender a Língua Inglesa, pois segundo Spolin (2003:131) o
aluno
constitui um organismo unificado que funciona como uma unidade, para uma
resposta de vida. A autora justifica que o corpo deve ser um veículo de expressão e
precisa ser desenvolvido para se tornar um instrumento sensível, capaz de perceber,
estabele
cer contato e comunicar.
Essa visão de aprendizagem corporal ainda não é muito divulgada, pois sabemos
que na escola ainda permeia uma visão tradicional de ensino, onde valores sociais
se sobrepõem aos valores humanos, fazendo a aprendizagem da linguagem
corporal ainda ser evitada no ensino.
Entretanto, os dados desta pesquisa revelam que essa nova maneira diferente e
alegre de aprender inglês valoriza o aluno e faz com que resulte em um aprendizado
mais prazeroso. Nota-se que a aprendizagem da técnica corporal facilita o
aprendizado do aluno. Reverbel (2002) argumenta que valorizar a aprendizagem
corporal concorre para o desenvolvimento da personalidade do aluno, posto que
desenvolve capacidades e habilidades indispensáveis ao processo de
aprendizagem. O desenvolvimento dessas capacidades está relacionado à
observação, à percepção, à imaginação que são inatas ao ser humano, mas que
necessitam de estímulos das atividades teatrais.
88
A autora ainda expõe que durante os exercícios, o aluno identifica seus rec
ursos
corporais, aprimora sua linguagem gestual, aplicando-a espontaneamente nas mais
diversas situações propostas durante a atividade.
3.1.1.2.3 Aprendizagem de conceitos teatrais
Como foi dito anteriormente, a intenção das atividades teatrais não é fazer do
aluno um ator, mas sim criar condições para que ele conheça conceitos teatrais
como a diferença entre palco e platéia, posicionamento no palco, saberes
necessários para um bom desempenho de sua apresentação final em inglês.
Duas aulas foram destinadas à apresentação de conceitos teatrais para os alunos.
Na aula, a atividade foi chamada de Diferença entre palco e platéia, isto é, sobre
o espaço cenográfico, requisito importante para o trabalho das atividades teatrais. A
sala de aula foi transformada nesse espaço importante do teatro para que os alunos
pudessem vivenciar essa experiência diferente.
Na 14ª aula foram trabalhadas duas atividades teatrais: a primeira atividade da 14ª
aula foi relacionada a
Noções de teatro
e a segunda foi a ativ
idade teatral de
Tchow
-
tchow
de criação da professora. Nessa 14ª aula, inicialmente, retomei os conceitos
teatrais, conforme apresentei em meu diário digital:
Finalizando expliquei a importância do posicionamento dos atores no palco. O
público quer ver o ator para poder apreciar a sua interpretação bem como apreciar
a sua performance no palco. O ator deverá obedecer as marcações no palco
porque assim ele poderá mostrar tanto sua performance para o público como para o
seu companheiro de cena .
E ainda informei aos alunos sobre as responsabilidades em uma apresentação
teatral:
89
Em primeiro lugar a responsabilidade de não faltar aos ensaios e o hábito do
estudo
estão atrelados, uma vez que o trabalho teatral é um trabalho coletivo
. A
apresentação envolverá duas pessoas. (Enfatizei que mesmo que fosse um
monólogo, a importância seria a mesma). Se um dos integrantes faltar ou o
estudar a sua fala, o trabalho do grupo estará arruinado. O senso de
responsabilidade que cada um tem que desenvolver é em respeito ao outro colega,
enfim ao trabalho coletivo. Todos fazem parte do grupo. A interação é muito
importante nesse momento. Eu tenho que pensar que sou importante e faço parte
do outro .
As respostas dadas pelos alunos focais em relação aos conhecimentos
teatrais
demonstram um interesse e uma transformação da idéia de que uma apresentação
teatral é de responsabilidade do aluno, conforme depoimentos a seguir:
Renata: Eu aprendi que não se pode ficar de costa para a platéia. Aquecer as
cordas vocais.
Não
faltar no dia da apresentação
. Trabalhar a pronúncia .
Bianca: Que não devo ficar de costas para o público, não faltar no dia da
apresentação
.
Débora: Não posso ficar de costas para o público e faltar no dia da
apresentação
.
As alunas Renata, Bianca e Débora demonstraram ter adquirido conceitos teatrais
importantes para a apresentação em inglês. O posicionamento no palco ou a
marcação de cena são conceitos mais relevantes para o teatro porque fazem o
aluno aprender a perceber as necessidades da cena e o que acontece ao seu redor
em relação ao seu colega (Spolin, 1963:143).
Nesse sentido, a meu ver, esse conceito teatral de marcação de cena faz que o
aluno crie uma autonomia no decorrer das atividades teatrais, tornando-o consciente
de compartilhar o espaço com seu colega e principalmente, com a platéia. Percebi
que em relação à apresentação teatral, os alunos se atêm a exemplificar o
posicionamento no palco, isto é, à marcação em cena.
Finalizo aqui os resultados que se referem à forma como atividades teatrais podem
promover aprendizagem para um grupo de alunos e apresento na próxima seção,
90
dados referentes aos sentimentos dos alunos durante o processo de aplicação das
atividades teatrais.
3.2 Sentimentos dos alunos durante o processo de aplicação das
atividades teatrais.
Nesta seção, apresento os resultados das análises de dados referentes aos
sentimentos revelados durante o processo de aplicação das atividades teatrais e
respondo a segunda pergunta desta pesquisa:
2) Que sentimentos os alunos revelam durante o processo de aplicação das
atividades teatrais?
Para chegar às categorias que respondem a pergunta de pesquisa desta seção, os
dados foram analisados, identificados e classificados em categorias, a partir das
escolhas lexicais dos alunos no que se refere aos sentimentos que eles tiveram em
relação às atividades propostas, os sentimentos em relação aos colegas e à
professora e os sentimentos em relação a eles mesmos, durante a aplicação das
atividades teatrais.
Dessa forma, os dados levan
tados e analisados identificaram sentimentos que foram
categorizados em: 1) percepções de ordem didática; 2) percepções de ordem
interpessoal e 3) percepções de ordem pessoal.
3.2.1 Ordem didática
As atividades teatrais desenvolvidas foram dinâmicas e diferentes. Elas provocavam
uma mudança no ambiente da sala de aula: às vezes a sala de aula era dividida em
palco e platéia para que o aluno tivesse a idéia de como era um teatro; as carteiras
91
tinham que ser agrupadas para proporcionar um espaço maior, ou até mesmo as
atividades tinham que ser realizadas na quadra da escola. As atividades eram feitas
em pares, em grupos ou em círculos. Adereços também eram utilizados durante a
execução da atividade como material de apoio. A cada dia era desenvolvida uma
at
ividade nova. As percepções dos alunos, que revelaram certa consciência no que
se referia a esses procedimentos, foram classificadas nesta categoria.
Na aula foi aplicada a atividade Introducing yourself com o objetivo dos alunos se
apresentarem em inglês e terem uma melhor interação durante o processo de
aplicação das atividades teatrais, uma vez que eles mesmos revelaram que estudam
na mesma classe sim, mas não há muito relacionamento entre eles.
Após a aula, ao perguntar aos alunos como se sentiram ao realizar a atividade, eles
responderam no questionário reflexivo nº2, da 6ª aula:
Renata:
Bem
, porque foi
num ambiente diferente
, foi
bem interessante
porque é
uma nova maneira de aprender inglês, de outra maneira .
Bianca: Muito bem, porque foi u
ma
atividade muito diferente, também
porque
agente foi para quadra
e
aprendemos de outra maneira
.
Os sentimentos de bem-estar dos alunos são atrelados ao fato de a atividade
Introducing yourself da aula ter sido percebida como interessante ou muito
diferente. Primeiro porque foi realizada em um ambiente (a quadra) diferente do
rotineiro (a sala de aula), então, fiz essa mudança didática com o propósito de torná-
los mais livres; segundo porque a própria atividade era diferente de outras e isto
parece,
portanto, ter gerado reações positivas em relação à aprendizagem,
contribuindo para o bem estar do grupo de alunos. Então a forma como a atividade
foi conduzida fez com que os alunos se sentissem mais à vontade, conforme
registrei em meu diário após o tér
mino da aula:
Hoje resolvi fazer a atividade na quadra. Percebi que o número de alunos hoje
era bem maior
39. O espaço físico na sala de aula era muito pequeno.
Quando
eu informei os alunos a respeito, começaram a gritar felizes por deixarmos a
sala de aula e irmos para um local maior, arejado, onde eles poderiam se sentir
mais livres
.
92
A esse respeito, a aluna focal Renata, ainda complementou no questionário reflexivo
nª 2, da 6ª aula:
Renata: o ambiente diferente é sem ser na classe
,
na quadra com mais
liberdade
, para me sentir feliz
;
com minhas amigas do meu lado e esquecer dos
problemas; e a foi para mim uma novidade do inglês. A professora me ajudou e eu
me senti mais confiante quando me apresentei .
Notei que neste dia o ambiente diferente, neste caso a quadra da escola, favoreceu
para que Renata e Bianca se sentissem mais à vontade e livres para a execução da
atividade. Essa sensação de liberdade que a realização da atividade na quadra
causou, também pode ser comprovada quando descrevi a reação dos alunos no
diário digital. A mudança de ambiente trouxe uma melhor execução da atividade e
todos os alunos, 39, puderam participar de uma maneira mais prazerosa.
Em relação ao sentimento perante a atividade desenvolvida nesse dia, os alunos
focais
ainda relataram no questionário reflexivo nª 2, da 6ª aula:
Renata: A atividade foi bem confortante por que fizemos coisas diferentes. Nós
podemos brincar de falar inglês... .
Gabriela: A
atividade é bem boa de se falar em inglês
.
Bianca: Esse
jei
to de jogar a bola
e perguntar o nome em inglês foi muito legal.
È
diferente, motiva a gente a aprender melhor o inglês
.
Débora: Eu me senti mais solta, porque eu fiz uma atividade diferente. Eu fiz
uma atividade que nunca fiz antes nas aulas de inglês. O novo me atrai (na
atividade teatral,
só de saber que não sou a Débora, me sinto feliz
) .
Edson: Tinha que jogar a bola perguntando o nome da pessoa. No início eu
senti vergonha, medo, depois eu vi que todo mundo estava brincando,
aprendendo
.
Os alunos apreciaram a atividade teatral, pois por meio dela puderam aprender
coisas diferentes, isto é jogar a bola em um círculo, se apresentando e perguntando
o nome do colega em inglês. Infelizmente, Renata não exemplifica que coisas
diferentes são essas ao dizer que a atividade foi bem confortante porque fizemos
93
coisas diferentes, mas tem-se a idéia de que o fato de ir para um outro ambiente,
nesse caso a quadra da escola, proporciona a ela um ambiente diferente,
conforme elucida em seu depoimento no qu
estionário reflexivo nº 2 da 6ª aula.
Gabriela gostou da atividade, pois por essa atividade pôde perguntar o nome do
colega e apresentar
-
se, sem que se sentisse como alvo de gozações:
E ninguém riu de mim não zoaram da minha cara
Renata, Bianca e Déb
ora descrevem a atividade como diferente. Aprender inglês por
meio de uma brincadeira é inovador para as alunas. Bianca se diz motivada a
aprender melhor a Língua Inglesa. A aluna ainda complementa no questionário
reflexivo nª 2, da 6ª aula:
A atividade é diferente, sem ter que copiar a matéria da lousa o tempo todo e sim
falando com os outros.
Débora aprecia o novo. Na brincadeira com as atividades teatrais, a aluna menciona
que assume um papel que não é o dela, da vida real e isso a faz se sentir feliz
.
Edson, por sua vez, diz que a brincadeira faz com que ele não sinta vergonha dos
colegas, facilitando assim o aprendizado. Logo, brincadeira é bom para se sentir
outro, descompromissado e não ter vergonha.
As atividades teatrais podem proporcionar um momento diferente, de brincadeira.
Débora diz que nas atividades teatrais, ela se sente feliz por não ser ela mesma.
Analisando a fala de Débora, nota-se que a brincadeira, proporcionada pela
atividade, remete a aluna para um mundo imaginário, da fantasia, do faz-
de
-
conta,
ao fazer uso do lado lúdico, favorece, assim, o desenvolvimento de um ser dinâmico
e social, conforme a teoria vygotskyana.
94
Nesses dados manifestam-se questões da teoria vygotskiana relacionadas também
com a atividade infantil, a qual Vygotsky (1934/1998) denomina como brinquedo. O
brinquedo refere-se à brincadeira de faz-
de
-conta , que faz parte de um mundo
ilusório e imaginário. Nesse mundo ilusório, a criança tenta realizar os desejos que
normalmente não são realizáveis em situações reais. Nas palavras de Oliveira
(2002:66):
Numa situação imaginária como a da brincadeira de faz-
de
-conta , ao contrário, a
criança é levada a agir num mundo imaginário (o ônibus que ela está dirigindo na
brincadeira, por exemplo), onde a situação é definida pelo significado estabelecido
pela brincadeira (o ônibus, o motorista, os passageiros, etc.) e não pelos elementos
reais concretamente presentes (as cadeiras da sala onde ela está brincando de
ônibus, as bonecas, etc.).
Ao pensar na atividade teat
ral, o aluno desempenha um papel que na verdade não é
o dele da vida real porque ele envolve a brincadeira de faz-
de
-conta. Ao brincar o
aluno se sente mais descontraído, mais livre, favorecendo assim um melhor
aprendizado.
A brincadeira de faz-
de
-
conta
é também uma atividade regida por regras. Quando
Bianca diz Esse jeito de jogar a bola e perguntar o nome em inglês foi muito legal ,
demonstra que na atividade teatral uma regra formulada. Logo, o aluno deverá
segui
-
la para que se atinja o objetivo p
roposto inicialmente para a atividade.
Nesse sentido Vygotsky (1934/1998: 124) defende que não existe brinquedo sem
regras. Oliveira (2002:67) esclarece que não é qualquer comportamento, portanto,
que é aceitável no âmbito de uma dada brincadeira. A autor
a ainda comenta que são
justamente as regras da brincadeira que fazem a criança se comportar de forma
mais avançada do que aquela habitual para sua idade.
Portanto a brincadeira de faz-
de
-conta contribui para que a criança enriqueça sua
identidade e perceba que ao vivenciar papéis diferentes, durante a situação
imaginária, experimente uma outra maneira de pensar e que existem regras de
95
comportamento a serem seguidas que contribuem para o desenvolvimento social e
assim para a cidadania.
A situação imaginária do brinquedo pode ser percebida também no depoimento da
aluna Renata no questionário nº 2, da 6ª aula intitulada Introducing Yourself
:
Renata: Eu me senti uma outra pessoa, pois eu estava falando outra língua
;
não era e
u;
como se fosse outra pessoa
,
então me
senti mais livre
.
A aluna Renata, por sua vez, afirma que se sente outra pessoa ao falar inglês. O
fato de ser uma atividade teatral cria uma situação imaginária para a aluna. A
atividade teatral trabalha com o lado lúdico da criança, uma brincadeira de faz-
de
-
conta que permite a ela se projetar no papel está interpretando. Isso facilita o seu
desempenho ao falar inglês, pois ela sabe que está representando um papel que
não é real. Por outro lado, desvela novos caminhos para conhecer a si mesma
e
amplia possibilidades na interação com o outro.
Na brincadeira de faz-
de
-conta não posso deixar de mencionar que o aluno se
apropria também da imitação. Por meio dela, a criança faz uso de suas idéias,
desenvolve sua criatividade e experimenta condutas novas. Isso contribui para que
ela se desenvolva socialmente, pois, segundo a teoria vygotskyana, ao observar as
ações do outro hoje a criança reconstrói as suas próprias ações amanhã, levando-
a
a novos níveis de conhecimento e desenvolvimento.
A 17ª aula foi destinada aos alunos para avaliarem a proposta de trabalho com as
atividades teatrais. Gabriela, Bianca Débora e Edson revelaram o que acharam de
participar do projeto das atividades teatrais durante o semestre, por meio do
questionário reflexivo nº
7. Nas palavras deles:
Gabriela: No começo eu não gostava da idéias, porque eu era muito tímida, mas
quando
começou estas atividades eu comecei a gostar e cada aula que
tínhamos eu gostava mais ainda,
eu gostei muito
.
96
Bianca: Muito interessante, porque eu nunca fiz teatro, muito menos na matéria
de inglês .
Débora:
Eu achei bo
a
,
porque nos iremos
aprender mais inglês brincando
.
Edson: Foi muito legal
.
Aprendi e gostei de fazer os exercícios das cordas
vocais
...
Os alunos focais revelaram que participar das atividades teatrais foi importante,
muito interessante, bom ou muito legal. Somente Gabriela não gostou no início,
porque ela era tímida e talvez não tivesse a idéia de como seria desenvolvido o
trabalho. No final, ela confessa que gostou muito. Isso demonstra que a aluna teve
consciência de que as atividades trouxeram algo inovador na aprendizagem.
Bianca achou o trabalho interessante e Débora achou boa a idéia do trabalho
porque além de nunca ter feito teatro, ela nunca pensou que por meio dele poderia
aprender inglês.
Finalmente, Edson argumenta que foi legal o trabalho porque lhe deu a oportunidade
de falar tal como o falante da Língua Inglesa e aprender outras técnicas, como por
exemplo, o aquecimento das cordas vocais.
De certa maneira, os alunos focais acreditam que as atividades teatrais contribuem
para o aprendizado da língua estrangeira.
3.2.2 Ordem interpessoal
Nessa categoria apresento os resultados referentes às percepções dos sentimentos
dos alunos em relação aos seus colegas e à professora durante a aplicação das
atividades teatrais.
97
3.2.2.1 Relação interpessoal: colegas
Foram aplicadas duas atividades em que os alunos tiveram um contato maior com
os colegas. Essas duas atividades são: Introducing yourself da aula na qual os
alunos se apresentavam uns aos outros em inglês, jogando em um primeiro
momento uma bola e depois era introduzida uma outra bola na roda; e a
Roda
caranguejo
da aula na qual os alunos permaneciam em um círculo e tinham que
andar como um caranguejo, isto é de lado com os braços dados, contando os
números de 1 a 10 em inglês.
Ao final da atividade Introducing yourself da 6ª aula, indaguei os alunos o que
sentiram ao fazer a atividade com um outro colega. Eles responderam no
questionário re
flexivo nº 2:
Renata:
Me senti bem
,
porque tem pessoas que eu não tenho amizade
, e jogue
para a pessoa e me senti mais leve por isso, isto é o contato com essa pessoa,
não me fez ficar envergonhada quanto eu pensava
.
Gabriela: Achei legal, porque é bom, e acho gostoso falar, em uma língua
diferente com meus amigos
, gostei muito .
Bianca:
Bem,
porque eu joguei a bola até para pessoas que eu não tinha
afinidade
.
Débora: Eu me senti relaxante com outros colegas que eu não conversava
muito. Eu me senti relaxante porque eu não senti tanto medo ao jogar a bola
para quem eu não tenho amizade .
Os dados confirmam que os alunos focais se sentiram bem, alegres, ao trabalharem
com colegas que até o tinham afinidade, ampliando a possibilidade de amizade e
confiança no outro, conforme depoimentos das alunas Renata, Bianca e Débora.
Esses depoimentos reforçam as declarações dos alunos referentes à atividade da
aula,
Roda caranguejo, cujo objetivo era fazer com que trabalhassem em grupo. Em
meu diário di
gital descrevi a referida aula:
98
Na atividade Roda caranguejo, os alunos trabalharam a coordenação motora,
pois a atividade foi feita com os pés, com as mãos, com a voz e com o raciocínio.
Nessa atividade, houve a necessidade de desenvolver o trabalho em g
rupo
,
pois se os alunos não mantivesem sincronia nos movimentos imitando o andar do
caranguejo que é lateral, e juntos, a atividade não seria bem sucedida .
Ao perguntar aos alunos se fizeram a atividade com um colega diferente de seu
convívio e como se sentiram, eles responderam no questionário reflexivo 4, da
aula:
Renata:
Sim.
Eu me senti leve porque eu estava brigada com ela e hoje eu tentei
reconsilia. Nós brigamos e na hora da brincadeira eu fiz as pazes com minha
amiga
.
Gabriela: ...Eu sou muito tímida, estas atividades me ajudam a ficar mais leve e
ter coragem de brincar com outros colegas
.
Bianca: Eu não fiz a atividade com um colega diferente. Quando eu percebi as
minhas colegas de grupo estavam já do meu lado. Não teve uma razão
especial .
Débora: Eu me senti mais confortável porque eu fiz as atividades com
pessoas que eu não convivo muito
,
que eu não converso
.
Eu me senti leve,
sem medo de errar
.
Edson: Eu fiz
,
quem estava do meu lado era a Gabriela e eu me senti muito
al
egre na roda do caranguejo
.
Porque a Gabriela é uma pessoa que eu não
converso muito e eu estou sentindo que estou perdendo a vergonha
.
Observa
-se nos exemplos acima que o trabalho com as atividades teatrais permitiu
uma mudança favorável da percepção dos alunos em relação ao grupo. Com
exceção da Bianca, que não teve a oportunidade de trabalhar com um colega
diferente, Renata, Gabriela, Débora e Edson relatam que ao desenvolverem a
atividade com outros colegas, que não são do convívio, se sentiram leves, com
coragem de brincar, sem medo de errar e principalmente sem medo de se expor.
Além disso, Renata alega ter feito as pazes com a colega que ela havia brigado. Isso
significa que as atividades teatrais podem promover a solução de problemas de
ordem pessoal e favorece as relações interpessoais, uma vez que contribuiu para
que Renata fizesse as pazes com a amiga por meio das atividades teatrais.
99
Os depoimentos dos alunos descritos acima e as anotações feitas por mim durante a
atividade
Roda caranguejo
da
aula no diário digital demonstram que as atividades
podem contribuir para uma mudança nas relações interpessoais dos alunos.
Observei que os alunos se sentiram à vontade e queriam participar mais vezes das
atividades. Eles começavam, lentamente, a se relacionar com os outros colegas de
classe, sem o receio de não serem aceitos em determinados grupos. Esses registros
foram feitos no diário digital da 8ª aula:
Débora permaneceu na roda, perto de alunos que normalmente ela não tem muito
convívio.
Débora não é uma aluna que agrade aos colegas. Ela tem problemas de indisciplina
em sala. Dessa vez ela fez a atividade com outros alunos que não são de seu convívio
e terminou o exercício de forma adequada .
A atitude da Bianca de fazer a atividade com alunos que ela não conversa me
surpreendeu porque ela é uma aluna que participa das atividades, mas na maioria das
vezes prefere fazer depois.
Com relação à interação dos alunos, relatei:
A interação dos alunos foi muito grande. Os alunos focais estavam mais
descontraídos e percebi que eles queriam participar da brincadeira .
Corroboram os dados acima, os depoimentos de Renata, Bianca e Edson na 12ª
aula intitulada
Continuação da 11ª aula de elaboração do diálogo
aquecimento das
cordas vocais. Ao indagar como as atividades teatrais contribuíram para eles, como
alunos da 6ª série do Ensino Fundamental, esses alunos relataram no questionário
reflexivo nº 5:
Renata: A atividade teatral me ajuda a conversar com colega, me reunir mais
com os colegas que não tenho muita amizade
...
Bianca: Contribui a conviver com pessoas diferentes...
Edson: pude compartilhar com os colegas da sala...
100
Percebe
-se que ocorreu uma mudança no sentimento dos alunos com relação a
seus pares. Compartilhar foi a tônica desses dados. Os alunos revelam que com as
atividades teatrais puderam compartilhar com colegas com quem eles não tinham
tanta intimidade.
Já as 17ª e 19ª aulas foram destinadas somente aos alunos para que respondessem
os questionários reflexivos finais, isto é, para que os alunos fizessem uma avaliação
final da implementação das atividades teatrais.
A respeito da mudança da relação com os colegas, os alunos revelaram no
questionário reflexivo nº 7, da 17ª aula:
Renata: Em relação a outros colegas, Sim,
porque
tive mais oportunidades de
falar com outros colegas.
Ah eu também fiz as pazes com minha amiga
Gabriela: Eu tenho quase certeza que
sim
, porque eu ficava na minha,
mas
agora eu converso com todos numa boa .
Bianca:
Sim
, porque eu
perdi minh
a timidez com meus colegas
...
Débora:
Sim
,
porque tinha algum colegas que eu nem conversava, mas
depois eu me relacionei mais com os meus colegas
...
Edson: Sim porque toda vez que eu ia na frente eu ficava com vergonha dos
meus colegas, agora não ten
ho mais vergonha de ir na frente e se apresentar-
se
.
Nesse mesmo questionário, ao perguntar aos alunos como se sentiram ao
apresentar a peça para a classe, eles responderam:
Renata:
Muito bem
,
pouca vergonha
,
importante
e nervosa .
Gabriela:
Bem
,
po
uca vergonha
,
importante
.
Bianca:
Muito bem, pouca vergonha
,
importante
.
Débora:
Bem,
muito bem
,
pouca vergonha
,
importante
.
Edson:
Bem, muito bem
pouca vergonha
e
importante
.
101
Os alunos relataram que, durante a apresentação teatral final para seus colegas de
classe, se sentiram muito bem ou bem e com pouca vergonha perante seus colegas.
Isso demonstra um sentimento bem diferente daqueles que foram relatados no início
do trabalho que eram: vergonha, medo de se expor e insegurança; melhorando
assim
as relações interpessoais.
A 19ª aula foi destinada à re-apresentação teatral dos alunos que faltaram ou não
tiveram um desempenho favorável na apresentação teatral na 16ª aula. Para esse
trabalho de acompanhamento solicitei a os alunos focais
que
ajudass
em àqueles
porque queria saber como os alunos focais se sentiriam nessa tarefa e se com a
ajuda de um colega e não da professora os alunos não focais conseguiriam atingir o
objetivo da aula. Após as apresentações dos grupos, pedi que os alunos focais
descr
evessem o sentimento dessa nova experiência. Os alunos relataram no
questionário reflexivo nº 8
,
da 19ª aula:
Renata: A experiência foi ótima porque eu vi que eu podia ajudar uma pessoa
que de algum jeito dependeu de mim para ajudá-
los
eu adorei me sent
i
importante
.
Gabriela: Sim, eu ajudei a mim mesma como também a minha amiga. A minha
experiência, eu me senti bem, ajudando os outros
.
Bianca: No começo eu fiquei com medo de não conseguir,
mas aí eu fui ajudando
e eu vi que ela conseguiu melhorar m
uito a falar inglês
.
Débora: Foi legal, porque o que eu aprendi eu pude ensinar e passar para os
meus colegas e eu aprendi com eles o que eu não sabia, porque um ensinava
o outro .
Edson:
Foi muito legal foi uma aula muito diferente ensinar outros alu
nos que
não sabia eu fui muito útil para eles aprender a falar inglês
.
Nos depoimentos se percebe que os alunos gostaram da experiência de ajudar os
colegas. Renata achou ótimo esse desafio e descobriu que pôde ajudar uma pessoa
e até se sentiu importante. O fato dela se sentir importante pode ter contribuído para
elevar sua auto-estima. Gabriela se sentiu bem ajudando os outros. Bianca e Edson
perceberam que com sua ajuda, os seus colegas tiveram um desempenho melhor
na apresentação. Isso demonstra que os alunos se sentiram motivados com esse
102
tipo de trabalho. Débora gostou do trabalho porque ela ensinou os colegas e ela
também aprendeu com eles. Essa troca de experiência parece ter contribuído para a
percepção e a valoração dela e dos outros.
Os relatos dos alunos podem ser comparados com o que observei durante a aula. O
resultado da proposta de trabalho também me surpreendeu. Os alunos focais se
empenharam para que os alunos não focais apresentassem o diálogo em inglês de
maneira satisfatória, sendo que esse resultado foi descrito no diário digital da 18ª
aula:
A apresentação dos alunos foi um sucesso. Percebi que com a ajuda dos alunos
focais os alunos não focais que encenaram a peça, se sentiram bem à vontade
durante a apresentação dos diálogos e
pediram que a peça fosse re
-
apresentada. Isso
mostra que o trabalho desempenhado pelos alunos focais foi de extrema importância,
valorizando a auto-estima e a autoconfiança. Ao final da apresentação, os alunos
foram aplaudidos calorosamente pela platéia.
Nesse sentido, percebo que as atividades teatrais puderam contribuir para a
melhoria das relações interpessoais.
3.2.2.2 Relação interpessoal: professora
Nessa categoria foram apresentados os dados relacionados aos sentimentos que os
alunos expressaram em relação à interação com a professora, durante as atividades
teatrais.
Após a atividade da aula, intitulada Introducing yourself, os alunos relataram seus
sentimentos para com a professora no questionário reflexivo nº 2, conforme segue:
103
Renata:
É bom com a professora ensina da uma colaboração ajuda. È muito
bom porque ela parece uma colega de classe, às vezes eu esqueço que ela é a
professora .
Gabriela: É bem legal ter a professora do nosso lado, e eu me senti bem, livre
ao falar, porque ter a professora como amiga, a professora ajuda nos dando
apoio
.
Bianca: Foi muito bom jogar com a professora
;
ela parecia ser nossa colega
também
;
a professora veio para a nossa idade e voltou no tempo
.
Débora:
Eu me senti mais livre porque era com a p
rofessora
.
A professora
sempre nos dava força
para aprendermos. Me senti livre e segura .
Edson: A professora ensinou a nós se apresentar e a falar seu nome. Foi bom
porque você
sempre ficou do nosso lado
, ajudando assim .
Ao analisar os dados, notou-se que os alunos focais não parecem ter problemas
com a professora. Eles a em como alguém que força e sempre está presente.
Edson e Renata perceberam que o papel da professora, além de auxiliá-los no
decorrer do trabalho, foi se preocupar com o desenvolvimento da competência
lingüística. A minha mediação parece favorecer a segurança do discente de forma a
ampliar
-lhe a participação no processo de ensino-aprendizagem. Essa constatação
apóia
-
se no teor do diário já descrito:
Para a atividade, cujo objetivo era que os alunos se apresentarem em inglês
como se estivessem no palco, pedi para que os alunos sentassem no chão da
quadra e imaginassem um teatro aberto. Retomei a explicação da atividade do dia
anterior, que foi a Diferença entre palco e platéia
Stage and Audience. Pedi para
os alunos que estavam na aula de ontem, 27.09.04, que participassem
explicando, eles mesmos, a atividade para os demais.
Eu fiquei surpresa, pois as alunas focais Bianca e Gabriela, que são normalmente
mais tímidas,
respond
eram prontamente quais eram as diferenças de Stage e
Audience e como as pessoas que estavam nesses lugares deveriam se comportar.
Mediante os dados analisados e as informações contidas no diário, percebe-se que
o papel da professora foi de mediadora, direcionando as atividades em um primeiro
momento e depois permitindo que os alunos agissem a favor de seu próprio
aprendizado.
104
A 17ª aula, da semana, foi destinada somente aos alunos para que fizessem uma
avaliação final das atividades teatrais, uma vez que a apresentação final da
dramatização foi realizada uma aula anterior, isto é na 16ª aula da 9ª semana.
Quando perguntei se as atividades teatrais mudaram a relação com a professora e
colegas, os alunos relataram:
Renata:
Não
,
por que a minha relação com a professora e os colegas é igual
sempre
.
Gabriela: Eu tenho certeza que sim porque no começo do ano eu não falava
muito com a professora
....
Eu não falava com a professora por pura timidez
.
Bianca:
Sim
, porque eu perdi minha timidez com meus colegas e com
a
professora
também .
Débora:
Sim
porque tinha algum colegas que eu nem conversava, mas depois eu
me relacionei com
os meus colegas e
a professora
.
Edson:
Sim
porque toda vez que eu ia ma frente eu ficava com vergonha dos
meus colegas e minha professora, agora não tenho mais vergonha de ir na frente
e se apresentar
-
se.
Os dados indicam que os alunos percebem uma diferença no relacionamento com a
professora a partir das atividades teatrais. Com exceção de Renata, que confessa
não ter sentido nenhuma mudança na relação com a professora, os demais alunos
focais, Gabriela, Bianca, Débora e Edson, revelam, após a implementação das
atividades, certa mudança no relacionamento com a professora. Gabriela, Bianca
citam que elas não se aproximav
am por pura timidez e Edson por ter vergonha.
3.2.3 Ordem pessoal
Nessa categoria, foram reunidos os dados referentes a emoções, sentimentos,
atitudes e comportamentos, percebidos pelos alunos em relação a eles mesmos
durante o processo de aplicação das
atividades teatrais.
105
Na aula foi aplicada a atividade Introducing yourself com o objetivo dos alunos se
apresentarem em inglês e de analisar se eles tiveram uma melhor interação durante
o processo de aplicação das atividades teatrais.
Em relação ao sentimento que os alunos tiveram por eles próprios durante a
realização da atividade, eles relataram no questionário reflexivo nº 2 da 6ª aula:
Renata: Eu me senti mais leve aliviada .
Bianca:
Muito bem
,
porque eu me senti muito mais à vontade .
Déb
ora:
Eu me senti refrescante
, e
mais solta
.
Me senti feliz .
Edson: Eu me senti alegre, feliz .
Nos depoimentos os alunos se sentem felizes, muito bem e aliviados. Isso indica
que as atividades podem despertar sentimentos que proporcionem o bem est
ar
emocional e podem conduzir o aluno a novos desafios como, por exemplo, de auto-
aceitação.
Esses resultados aparecem nos questionários das e 12ª aulas, reiterando que os
alunos se sentem alegres por participarem do trabalho. Esse sentimento é bem
di
ferente daqueles que notei nas primeiras atividades que eram: timidez,
insegurança e medo de se expor perante os colegas.
A alegria é um sentimento que, a meu ver, contribui para que o aluno se sinta mais
motivado a aprender. Esse dado também pôde ser confirmado na 17ª aula, quando
os alunos fizeram a apresentação teatral final. Após a apresentação, eles
responderam como se sentiram ao realizar as atividades teatrais no questionário
reflexivo nº 7. É importante ressaltar que foram dadas as seguintes opções de
escolha para os alunos na pergunta fechada: alegre, tímido, ansioso e descontraído.
106
Renata:
alegre
.
Gabriela:
alegre
e ansiosa .
Bianca:
Alegre
, ansiosa, descontraída .
Débora:
alegre
ansiosa descontraída .
Edson:
Alegre
, ansioso, descontra
ído .
De fato, os dados evidenciam que os alunos focais se sentem alegres em participar
das atividades teatrais. Essa informação pode ser constatada também quando
registrei no diário digital da 16ª aula a descontração e a felicidade demonstrada
pelos alu
nos na encenação final:
Os alunos, focais e os não focais, ficaram tão empolgados e felizes com o
sucesso
da apresentação, que me pediram para reapresentarem os diálogos
.
Atendendo ao pedido dos alunos, houve uma segunda apresentação dos pares até
cinco
minutos antes de bater o sinal .
O sucesso, a felicidade, a solicitação dos alunos para reapresentarem os diálogos
no palco, me fazem pensar que as atividades teatrais podem proporcionar para o
aluno a satisfação pessoal, o alcance de novas metas e novas atitudes, contribuindo
para o desenvolvimento do ser social.
Na 12ª aula, intitulada Continuação da 11ª aula de elaboração do diálogo
aquecimento cordas vocais, eu queria saber como as atividades teatrais
contribuíram de certa forma para os alunos da série do Ensino Fundamental. Eles
relataram no questionário reflexivo nº 5:
107
Renata: A atividade teatral ajuda a me soltar ...
Gabriela:
eu tô perdendo a minha timidez
Bianca: ... me soltei mais, antes eu era muito tímida para falar por exemplo
um
diálogo .
Edson: eu aprendi a perder um pouquinho de vergonha... . Eu perdi um
pouquinho a vergonha... .
Pelos depoimentos acima, nota-se que ocorreu uma mudança no sentimento dos
alunos com relação a eles mesmos. Perder a vergonha foi uma expressão escolhida
várias vezes pelos alunos, para demonstrar essa mudança durante o processo de
aplicação das atividades. Renata e Bianca declararam que a atividade ajudou-as a
se soltarem; Gabriela e Bianca consideraram que a atividade ajudou-as a perderem
a t
imidez com outras pessoas. Bianca ainda complementou que antes das atividades
era muito tímida. Edson revelou que perdeu a vergonha. A partir dos depoimentos
acima, entendo que as atividades teatrais podem promover uma melhora na auto-
estima do aluno, fazendo com que o medo e a vergonha reduzissem, trazendo a
eles mais liberdade de se exporem.
O trabalho com as atividades teatrais pôde favorecer positivamente as relações
pessoais, porque os próprios alunos apontam uma melhora em ações fora da
escola. A 17ª aula foi destinada para os alunos avaliarem a proposta de trabalho
com as atividades teatrais. Renata acredita que o trabalho com as atividades teatrais
a fez mudar seu comportamento no seu dia-a-
dia, tornando
-
a mais confiante a ponto
de ter mais ânimo para ir à escola. A aluna revela sua opinião no questionário
reflexivo nº 7:
Renata:
Importante
por que desse jeito eu perdi a vergonha a timidez é muito
legal por causa disso. Porque eu mudei de comportamento ano dia-a-
dia
.
Eu
me sinto mais confiante em fazer as coisas
.
Tenho mais ânimo de vir para a
escola
.
108
Bianca também descreve uma melhora no comportamento do dia
-a-
dia, com os pais,
amigos fora da escola, tornando-a mais confiante para o convívio social. Isso
implica em questões afetivas como, por exemplo, uma melhora na auto-estima do
aluno. Bianca respondeu qual foi o aprendizado que atividades teatrais
proporcionaram para a vida, no questionário reflexivo nº 8, da 19ª aula:
No começo eu era muito tímida
,
mas eu fui me soltando, então eu percebi que
não tinha que ficar com vergonha.
Percebi que mudei de comportamento mesmo
em casa
, com meus colegas e na escola
. Me sinto mais feliz
.
Os relatos de Renata e de Bianca descreveram uma mudança de comportamento
não na escola, mas também no convívio social. Elas fizeram uma reflexão de
como eram antes e como se vêem depois do trabalho desenvolvido em sala de aula.
A confiança que Renata expressou ter adquirido para realizar coisas novas e a
maneira mais livre como Bianca se sente contribuem para sinais de auto-
estima
positiva. Essa mudança de comportamento também foi declarada por Gabriela no
final da 15ª aula que foi destinada ao ensaio dos esquetes para a apresentação final
e registrei em meu diário:
No final da aula quando todos os alunos haviam saído da sala para o recreio,
Gabriela me chamou e confidenciou que estava se sentindo muito feliz. Ela não
sabia como explicar, mas percebeu que houve uma mudança interior; ela se
sentia mais solta, mais alegre, com vontade de participar mais das aulas de
inglês e de outras matérias e principalmente menos tímida e como menos
vergonha. Ela complementou que não importava a opinião dos outros e sim o
que ela sentia
.
Sendo assim, o trabalho com as atividades teatrais pôde favorecer positivamente as
relações pessoais. Elas podem contribuir para despertar nos alunos os sentimentos
de ordem pessoal como: liberdade, alegria felicidade; elevar a auto-estima; eliminar
o medo e a vergonha; mudar o comportamento e até melhorar a ação fora da sala
de aula; refletir sobre as atitudes, fazendo com que eles consigam agir no mundo
social de uma forma mais adequada.
109
Com esses resultados finalizo este capítulo, por alcançar o objetivo desta pesquisa
que era analisar as percepções de aprendizagem que os alunos
revelaram ao serem
expostos às atividades teatrais e quais sentimentos eles revelam durante o seu
processo de aplicação. Na última parte, faço uma reflexão geral e traço as
considerações finais deste trabalho.
110
CONSIDERA
ÇÕES FINAIS
Com o propósito de investigar quais percepções de aprendizagem e sentimentos os
alunos revelaram durante o processo de aplicação das atividades teatrais, este
estudo tinha como perguntas de pesquisa:
1)
Que percepções de aprendizagem os alunos revelam ao serem expostos às
atividades teatrais?
2)
Que sentimentos os alunos revelam durante o processo de aplicação das
atividades teatrais?
Em relação à primeira pergunta, pôde-se notar que os alunos apontaram
aprendizagens de várias naturezas - aprendiza
gem
de conteúdo lingüístico,
aprendizagem de conteúdos diversos: técnicas vocais, expressão corporal e de
conceitos teatrais.
A melhora da competência lingüística foi um fato relevante apontado pelos alunos.
Os resultados e as observações que fiz no diário digital durante a aplicação das
atividades, revelaram o desejo e o interesse dos alunos por aprender a falar inglês,
ampliando o conhecimento de mundo, o conhecimento sistêmico relacionado à
gramática, à pronúncia das palavras e entoação e o conhecimento textual
relacionado a um diálogo em um contexto de situação específico. Essa idéia é
defendida pelos PCN (1998:55) ao afirmarem que a realização desse tipo de
atividade privilegia a capacidade do aluno de interagir socialmente e coloca-o frente
a situações reais do uso do idioma. Assim sendo, o incentivo de atividades
desenvolvidas por meio de diálogos de situações reais, como foi o caso do usado
nesta pesquisa, oferece ao aluno a possibilidade dele experimentar e vivenciar
diferentes papéis sociais.
Em
relação à aprendizagem da técnica vocal, os resultados revelam que os alunos
focais vêem relevância no aquecimento das cordas vocais, no exercício de controle
de voz, não para a apresentação teatral
uma atividade de sala de aula
mas
também para a vida fora da sala de aula, para o futuro. Nesse sentido, justificam o
111
argumento de Reverbel (2002:63) sobre a relevância do trabalho da técnica vocal na
comunicação humana e para o ajuste social do indivíduo.
A aprendizagem da cnica corporal é um aspecto muito importante para o trabalho
com atividades teatrais. Durante o processo de aplicação foram desenvolvidas
atividades nas quais os alunos trabalharam com o corpo e desenvolveram
capacidades relacionadas à observação, percepção e imaginação, capacidades
indispensáveis ao processo de aprendizagem, segundo Reverbel (2002:60).
A aprendizagem de conceitos teatrais foi apontada pelos alunos como muito
importante para que o trabalho com atividades teatrais tivesse êxito. Os alunos
revelaram ter aprendido conceitos básicos de teatro, como por exemplo, altura da
voz posicionamento em cena e principalmente, a diferença entre palco e platéia. A
sala de aula foi transformada em um teatro para que os alunos tivessem a
oportunidade de vivenciar esse espaço tão rico do espetáculo e sentissem a
diferença de estar no palco ou na platéia. E esta tem seu significado importante
porque sem ela o espetáculo não acontece. No palco, os alunos aprenderam a se
posicionar. A esse respeito, Spolin (2003:141) considera que o aluno-
at
or deve
aprender a perceber as necessidades da cena, tornando-se consciente tanto de
seus colegas atores, quanto de seu lugar e sua parte dentro do ambiente total.
Chego, portanto, à conclusão que as atividades teatrais podem colaborar para o
desenvolvim
ento da produção oral desejada pelo aluno e mais: elas permitem que
ele se aproprie de outras aprendizagens importantes para a construção do
conhecimento.
Em relação a segunda pergunta, foram constatados os seguintes fatores: melhora
nas relações interpessoais, superação da vergonha, da timidez, sensação de
felicidade, liberdade e mudança de comportamento.
Nota
-se que as atividades teatrais podem promover uma melhora nas relações
interpessoais. Em relação aos colegas, os alunos focais disseram que melhorou o
relacionamento em sala de aula, porque tiveram a oportunidade de conviver com
outros colegas e até resolverem problemas de ordem pessoal como, por exemplo,
112
briga entre amigas. Com esse trabalho, observou-se a diminuição do medo de se
expor, da vergonha e da timidez por parte dos alunos. Em relação a si próprios, os
alunos disseram que perceberam mudanças no decorrer das atividades que
favoreceram para que se sentissem mais felizes, alegres, à vontade. A descoberta
dessa mudança faz com que o aluno se valorize, desperte a autoconfiança e se
torne mais seguro em suas decisões, promovendo o desenvolvimento de sua
personalidade.
Essas mudanças nas relações de ordem interpessoal e pessoal estão diretamente
ligadas às questões afetivas. Para que a aprendizagem seja relevante, as emoções,
os sentimentos devem ser levados em conta. Assim como a razão, a afetividade é
um componente que faz parte do ser humano e que não deve ser esquecido na
construção do conhecimento. Dessa forma, a teoria vygotskyana é importante como
embasamento para esta pesquisa porque ela considera que o homem se desenvolve
como ser humano, como um todo levando em conta as dimensões afetivas e
cognitivas, sem divisões.
Em suma, esta pesquisa considera importante a aplicação das atividades teatrais
em sala de aula porque promovem o desenvolvimento do ser da seguinte forma:
contribuem para a quebra da barreira da inibição em situação de produção oral da
Língua Inglesa; permitem que os alunos adquiram aprendizagens diversas; interajam
socialmente com os colegas e a professora; desenvolvem deveres de
responsabilidade e comprometimento com o trabalho proposto e respeito com o
próximo; desenvolvem a auto-estima, autoconfiança e segurança. Por outro lado
elas são aplicadas em sala de aula para que, durante a brincadeira de faz-
de
-
conta,
o aluno, se tornando uma outra pessoa, observe e vivencie diferentes papéis sociais,
aprendendo a observar, ouvir e se colocar diante de diferentes situações sociais. O
resultado dessa experiência faz com que o aluno, de posse desse conhecimento
adquirido, busque soluções para problemas do cotidiano, saiba agir criativamente
interagindo em diversos grupos sociais, desenvolvendo
-
se para a cidadania.
A proposta didática que sugiro nesta pesquisa é que as atividades teatrais possam
fazer parte das atividades desenvolvidas em sala de aula porque elas permitem que
os alunos apropriem-se de saberes, ampliem horizontes culturais, estendam suas
113
interações com outros e ampliem os vínculos afetivos. Dessa forma, a aprendizagem
por meio das atividades teatrais pode contribuir para o desenvolvimento do ser e da
cidadania.
Para finalizar, outro aspecto a ser comentado é a grande importância deste estudo
para minha prática como professora. Este contribuiu, sobremaneira, para uma
reflexão sobre minha ação em sala de aula. Foi muito gratificante ter como desafio a
proposta de trabalho de produção oral da Língua Inglesa por meio das atividades
teatrais, atendendo de certa forma uma satisfação pessoal e também aos anseios
dos alunos da série do Ensino Fundamental da escola onde leciono. Esse novo
olhar deu a possibilidade de observar a interação entre os alunos e dos alunos com
a professora. Aprendi a ouvir e analisar mais o que os alunos tinham a dizer a
respeito de seus sentimentos e da aprendizagem. Acredito que é possível a
mudança de estratégias de ensino para proporcionar um trabalho diferenciado, com
o objetivo de alcançar novos caminhos. Além disso, esta pesquisa me deu a
oportunidade de estudar teorias e aliá-las com a prática das atividades teatrais em
sala de aula trazendo novas informações que colaboraram para meu
desenvolvimento profissional, permitindo agora um olhar não de professora, mas de
pesquisadora.
Meu trabalho não pára por aqui; ele é uma janela para que outras pesquisas
sejam desenvolvidas em busca de novas teorias e novos conhecimentos.
114
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118
Anexos
119
Anexo A 1
Questionário de percepção nº 1
120
QUESTIONÁRIO PERCEPÇÃO
(1)
Nome Completo: ______________________________
____
_
___________
_______
Idade: ________
_______ anos.
Nas questões 1 a 6 abaixo, assinale com um X
apenas uma
das alternativas.
1.Você gosta das aulas de Inglês desta série?
( ) sim Por que você gosta? ____________________________
_________
_______________
_______________________________________
_______
______
______________________________________________________
_______
______
( ) não Por que você não gosta? ____________________________________
________
____________________________________________________
_______
___________________________________________________________
_______
_
2. Você gosta de Inglês?
( ) sim Por que você gosta? ____________________________________
_
____
_
_____________________________________________
_
_________
________
____
( ) não Por que não gosta? _______________________________
________
____
_______________________________________________
_______
_____________
3. Você
já assistiu a uma peça de teatro?
( ) sim ( ) não.
4. Você gostou da peça de teatro?
( ) sim Por que você gostou? ____
______________________________
___________________________________________________
________________
____________________________________________
____________
___________
( ) não Por que você não gostou?
___________________
__________
_
___
_____________________________________
___________________________
_____________________________________________
____________
__________
5. Você já participou de alguma peça de teatro?
( ) não (
) sim Quando?
______________________________
Onde?
______________________________
121
6. Como você prefere aprender
inglês?
( ) sozinho Por quê? __________________________________________
____________________________
_______________________
________________
( ) com colegas Por quê? ___________
_______________________________
____________________________________________________
_______________
Nas questões 7 a 10 abaixo, marque com um X
uma ou mais alternativas, se
necessário.
7. Quando você e
studou inglês antes?
( ) a. pré
-
escola.
( ) b. 1ª a 4ª série.
( ) c. 5ª.
( ) d. 6ª.
( ) e. escola de idiomas.
8. O que você fazia nas aulas de inglês antes da 6ª série.
( ) a. tradução.
( ) b. exercícios escritos de vocabulário e gr
amática.
( ) c. leitura.
( ) d. memorização e apresentação oral de diálogos.
( ) e. encenação de peças de teatro em inglês?
( ) f. Outros? Quais?
______________________________________
____________
_________________
9.O que você sabe falar em
inglês? Escreva em inglês dando exemplos abaixo:
a.Dizer Bom dia .
________________________
___________
________________________________
b.Dizer Boa tarde :
___________________________________
___________
_____________________
c.Despedir
-
se de alguém:
___
___________________________________________
_______________
______
d.Perguntar: ao colega: Como você vai?
_______________________________________
____________________________
e.Perguntar quanto custa um lápis?:
____________________________________________
__
_____________________
10. Você se sente à vontade falando inglês em sala de aula?
( ) sim Por quê?
____________________________
_________________
______________________
122
( ) não Justifique: (marque com um X
uma ou mais
alter
nativas, se
necessário.)
( ) a. atitude do professor diante dos erros.
( ) b.vergonha dos colegas quando você comete um erro.
( ) c. timidez em falar em público
( ) d. falta de interesse.
( ) e. outras, especifique:
_______________________________
______________________________
______.
123
ANEXO A 2
Entrevistas nºs
1, 2, 3
124
Entrevista nº 1
Aplicação atividade 1º O Espelho
1ª semana
Data: 31
-
08
-
04
1)Qual a sua opinião a respeito da atividade de hoje?
2)Como você viu o seu colega nesta atividade?
125
Entrevi
sta nº 2
Aplicação atividade nº 2
Sentindo o Eu com o eu.
2ª semana
Data 13-
09
-
04
1)Qual foi a sensação que você teve?
2) Você percebeu alguma coisa diferente? Por quê?
3)Como você se sente agora?
126
Entrevista nº
3
Aplicação atividade nº 3
Ouvindo o ambiente
2ª semana
Data: 14/09/04
1) Quais foram os sons que você conseguiu ouvir do lugar onde você estava?
2)Você conseguiu se concentrar durante a atividade? Por quê?
3) Qual foi a sensação que você sen
tiu durante a atividade?
127
ANEXO A
3
QUESTIONÁRIOS:
REFLEXIVOS nº 2 a 8
128
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 2
Aula nº 6
Atividade nº 5
Introducing Yourself
Nome: ___________
___________________________________
_________________
Data: 28/09/04
terça
-
feira
1)
Como você se sentiu fazendo a atividade de hoje? Por quê?
_____________________________________________________________________
_______________________________________________________
____
__________
2)
O que você aprendeu hoje? Dê exemplos.
_____________________________________________________________________
____________________________________________________
____
_____________
3)
Explique como você se sentiu fazendo a atividade em relação:
a)
ao
seu colega:
_______________________________________________________________
________________________________________
____
___________________
b)
ao inglês:
_______________________________________________
___
_____________
________________
__________________________________
___
__________
c)
à atividade:
_______________________________________________________________
_____________________________________________________
____
______
d)
à professora:
_____________________________________________________
__________
_________________________________________________________
______
e)
e a você mesmo:
_____________________________________________________________
__
_______________________________________________________________
129
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 3
Aula nº 7
Atividade com o livro didático
-
1ª aula de Input Lingüístico
Nome: ____________
___________________________________
________________
Data: 04
-
10
-
04
segunda
-
feira
1)
O que você achou da atividade da aula de hoje? (Atividade da unidade 5 do livro
didático) Por quê?
_____________________________________________________________________
______________________________________________
____
___________________
2)
Como você se sente realizando essa atividade? Por quê?
______
_______________________________________________________________
____________________________________________________
____
_____________
3)
Estabeleça um paralelo entre as atividades teatrais e a que fizemos hoje.
_________________________________________________
____________________
_______________________________________________________
____
__________
4)
Considerando as atividades teatrais, qual nota (de zero a dez) você pode atribuir ao
seu aprendizado. Por quê?
______________________________________________________
_______________
_______________________________________________________
____
__________
5)
Considerando as atividades do livro didático, qual nota (de zero a dez), você pode.
atribuir ao seu aprendizado. Por quê?
_________________________________________________
__________________
__
_____________________________________________________________________
130
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 4
Aula nª 8
Atividade teatral nº 6
Roda Caranguejo
Nome: ______________
____________________
_____________________________
Data: 05
-
10
-
04
terça
-
feira
1)
Quais foram as atividades de hoje?
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________
____
________
2)
Qual a importân
cia das atividades para você?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________
________
3)
O que você aprendeu em inglês hoje?
____________________________________________
_________________________
__________________________________________________________
____
_______
4)
Você fez a atividade com um colega diferente de seu convívio. Como você se
sentiu?
_____________________________________________________________
_
_______
________________________________________________________________
_____
131
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 5
Aula nº 12
Aula de Input Lingüístico nº 5
Construção do diálogo com os alunos
Atividade teatral
nº 8 Exercícios com as cordas vocais (Warm Up)
Nome: ________________
_______________________________________________
Data: 26
-
10
-
04
terça
-
feira
1)
O que você aprendeu hoje? Dê exemplos.
___________________________________________________
_______
___________
_____________________________________________________________________
2)
Como você avalia sua participação na atividade? uma nota a você mesmo, de 0 a
10, e justifique.
_____________________________________________________________________
_______
______________________________________
____
____________________
3)
Como você avalia sua participação na atividade, com relação ao seu colega? uma
nota ao seu colega, de 0 a 10 e justifique.
___________________________________________________________________
__
_________________________________________________
____
________________
4)
Como eram as atividades antes das atividades teatrais? Assinale uma ou mais
alternativas :
( ) cópia
( ) tradução
( ) exercícios gramaticais (verb to
be)
( ) vocabulário
( ) leitura em voz alta
( ) outros. Exemplifique: __________________________
____________
_________
5)
Como você se sentia antes da proposta das atividades teatrais? Assinale uma ou mais
alternativas:
( ) vergonh
a dos colegas
( ) timidez
( ) falta de interesse
( ) interessado
( ) outros: _________________________
__________
_________________________
6)
Como você se sente, agora, ao realizar as atividades teatrais?
( ) alegre
( ) tímido (a)
( ) ansioso (
a)
( ) descontraído (a)
( ) sem interesse
7)
Em que as atividades teatrais contribuem para você como aluno da 6ª série do EF?
___________________________________________________________________
________________________________________________
_________
_________
132
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 6
Aula nº14
Atividade teatral nº 9
-
Tchow
Tchow e noções básicas a respeito de teatro .
Nome: ______________________________________________________
_______________
Data: 09
-
11
-
04
terça
-
feira.
1)
O que você aprendeu a respeito de uma apresentação teatral?
___________________________________________
_____________
___________________
___________________________________
___
________________________
__________
___
2) O que você aprendeu em inglês hoje? Dê
exemplos.
___________________________________________
_____________
___________________
___________________________________________
____________
____________________
3) Como foi a atividade teatral de hoje?
_________________________________________
__
____________
____________________
_______________________________________________
____________________________
133
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 7
Aula nº 17
Avaliação final da proposta de atividades teatrais
Nome: ______
__________
_______________________________________
____________
Data: 23
-
11
-
04
terça
-
feira.
O questionário abaixo nos ajuda a entender a sua opinião e sentimentos a respeito da
proposta de atividades teatrais nas aulas de inglês. Contamos com a sua colabo
ração!
1)
No começo do semestre quando apresentei o projeto das atividades teatrais nas aulas
de inglês, o que você achou desta idéia? Por quê?
_____________________________________________________________________
______________________________________________
_
____
__________________
2)
Quais são as atividades do projeto que você se lembra? Destas, qual atividade você
mais gostou e qual você menos gostou? Por quê?
_________________________________________________________________
___
_
_________
_________________________________________________________
___
3)
Você acredita que as atividades teatrais mudaram a sua relação com a professora e
seus colegas? Por quê?
___________________________________________________________________
__
____________
_______________________________________________________
__
4)
Como você se sente ao realizar as atividades do projeto? Assinale com um X mais
de uma alternativa.
( ) alegre ( ) tímido (a) ( ) ansioso (a) ( ) descontraído (a) ( ) sem interess
e
5)
Você sente que aprendeu melhor a Língua Inglesa neste período da proposta de
trabalho?
Por quê?
_______________________________________
______________________________
__________________________________________________________________
___
6)
Dê ex
emplos do que você aprendeu em inglês durante as atividades teatrais.
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____
7)
Como você se sentiu ao apresentar a peça para
sua classe?
Assinale com um X mais de uma alternativa.
( ) bem
( ) muito bem
( ) pouca vergonha
( ) muita vergonha
( ) importante
( ) triste
( ) nervoso
134
QUESTIONÁRIO REFLEXIVO Nº 8
(Somente para
os 5 alunos focais)
Aula nº 18
Atividade nº 16
re
-
apresentação dos esquetes.
Nome: __________________________________
__________________
___________
Data: 29
-
11
-
04
segunda
-
feira.
1)
Após a apresentação teatral em inglês a professora pediu para que alguns alunos
ajudassem os outros alunos que não conseguiram falar em inglês. Você é um desses
alunos. Como foi a experiência de ajudá
-
los?
__________________________________________________
____
_______________
__________________________________________________
___________________
2)
Com as atividades teatrais, qual foi seu aprendizado para sua vida?
_____________________________________________________________________
_________________________________________________________________
____
3)
Como as atividades teatrai
s contribuíram para sua aprendizagem de inglês e
desempenho oral?
_________________________________________________________________
____
______________________________________________________________
___
___
135
Anex
o B
DESCRIÇÃO DAS AULAS
136
1ª Aula
1ª semana
Preenchimento do questionário de percepção pelos alunos da 6ª série.
Data: 30/08/04
O questionário foi criado pela professora.
Objetivo:
Os alunos preenchem o questionário de percepção a fim de que a professora tenha
uma idéia e conheça o grupo que participará da coleta de dados no 2º semestre, que
compreende de 30/08/04 à 30/11/04.
137
2ª AULA / 1ª semana
1ª Atividade : teatral:
Nome da atividade: O
Espelho
Esta atividade foi adaptada do
p
rojeto
Living
d
rama
:
uma proposta didática
Data: 31
-
08
-
04
Objetivo
: O objetivo da atividade é possibilitar ao aluno perceber-se através do outro
e a si mesmo.
passo: Os alunos fazem um relaxamento antes da atividade. Todos os alunos se
deitam no chão de uma forma descontraída. Eles escutam uma música suave e
todos imaginam que estão em um lugar bem sossegado.
A duração do relaxamento é de 10
2º passo: A professora explica os passos da realização da atividad
e proposta.
Os alunos permaneceram em pares (de preferência com colegas de menor
convívio), e um dos alunos deverá representar a figura de um ser humano, e o outro
aluno representa a figura do espelho. Tudo que o ser humano fizer, o espelho
deverá corresp
ondê
-lo. Durante a atividade a música é Whenever, Wherever
cantada por Shakira.
A duração da atividade é de 15
4º passo: Ao final da atividade, os alunos andarão pela sala por alguns minutos.Uma
música é tocada mais suave para que eles possam ficar mais sossegados e se
prepararem para os relatos após a atividade.
No final da aula, a professora fará uma entrevista semi-estruturada com os alunos
focais.
138
3ª AULA/ 2ª semana
2ª atividade: teatral
Nome da atividade: Sentindo o Eu com o eu.
Data: 13
-
09
-
04
Esta atividade foi feita baseada nas fichas dos Jogos teatrais de Viola Spolin (1989)
Objetivo
: Fazer com que os alunos tenham percepção corporal.
Descrição:
Os alunos permanecem silenciosamente sentados em suas carteiras e fisicamente
sentem aquilo
que está em contato com seus corpos.
Instrução:
Sinta os pés nas meias! Sinta as meias nos pés! Sinta os pés nos sapatos! Sinta os
sapatos nos pés! Sinta as meias nas pernas! Sinta s pernas nas meias!
Sinta a calça ou a saia nas pernas! Sinta as pernas nas calças! Sinta o corpo perto
da roupa de baixo!Sinta o anel no dedo! Sinta o dedo no anel! Sinta as orelhas!
para dentro e tente sentir o que está dentro da cabeça com a cabeça! Sinta o
espaço à sua volta! Agora deixe que o espaço sinta você.
No final da aula, os alunos responderam a entrevista 2 feita pela professora no
final da aula.
139
4ª AULA/ 2ª semana
3ª atividade
teatral
Nome da atividade: Ouvindo o ambiente.
Data: 14/09/04
Esta atividade foi feita baseada nas fichas dos Jogos
teatrais de Viola Spolin (1989)
Objetivo:
Os alunos farão a atividade com o objetivo de ouvir o maior número de sons
possíveis no ambiente escolar.
Descrição:
O grupo todo permanece sentado silenciosamente, de olhos fechados, por um
minuto ou mais, ouvindo os sons do ambiente escolar. Os alunos prestam atenção
para os diferentes sons que existem no ambiente.
Instrução:
Ouça todos os sons à sua volta
até os mais silenciosos. Preste atenção! Ouça o
maior número de sons possíveis!
No final da aula, os alunos responderam a entrevista nº 3 semi-estruturada feita por
mim.
140
5ª AULA/ 3ª semana
4ª Atividade: teatral
Nome da atividade: Estabelecer a diferença entre palco e platéia
Data: 27/09/04
segunda
-
feira
Esta atividade foi baseada no
p
roj
eto Living
d
rama
:
uma proposta didática
Objetivo:
Criar condições para que os alunos estabeleçam a diferença entre O Palco
The
Stage e A Platéia
The Audience .
Execução:
Esta aula é basicamente teórica, pois o propósito dela é que os alunos conheçam e
saibam estabelecer a diferença entre estar no palco e estar na platéia. Diferença
essa estabelecida da seguinte forma:
As carteiras foram colocadas todas no fundo da sala de aula. Umas atrás das outras,
imitando as cadeiras de uma platéia
The Audience. Todos os alunos da sala, isto
é, os 39 são convidados a se sentarem nessas cadeiras. O palco
The Stage,
portanto, é simbolizado onde está a lousa, ou seja, na frente da sala de aula.
The Audience, é a
platéia
e tal como as pessoas que estã
o na platéia, não devem se
manifestar antes do final do espetáculo, em respeito aos atores que estão em cena.
The Stage, o
palco
. No palco estão os atores que estão no foco principal da
encenação. A luz que ilumina esses atores faz com que eles sejam as pessoas mais
importantes nesse momento. Os atores quando estão em cena, no palco, se
posicionam na diagonal, evitando dar as costas para a platéia.
Após a explicação da diferença entre palco e platéia, alguns alunos são convidados
a fazerem parte desse St
age. Outros são convidados a fazerem parte da Audience .
141
No final desse exercício todos são convidados a participarem dos dois polos
ora
The Stage, ora The Audience, para que todos percebam a importância de cada um.
Além desses dois pólos apresentados, cada aluno que está no The Stage,
posteriormente, deve se apresentar falando simplesmente seu nome de uma forma
diferente, mas com voz alta para que todos possam ouvir.
142
6ª Aula
3ª semana
Atividade: teatral
N
ome da atividade: Introducing Yourself.
Data: 28/09/04
terça
-
feira
Esta atividade foi baseada no Projeto
Living Drama
:
uma proposta didática
Objetivo
:
Os alunos se apresentam aos colegas tendo como veículo de comunicação oral a
Língua Inglesa.
Exec
ução
:
Os alunos posicionam
-
se em um círculo grande no meio da sala. Um dos alunos tem
uma bola na mão. Este aluno joga esta bola para outro aluno que ele escolhe e
pergunta ao mesmo tempo em que joga a bola o nome do outro aluno em Inglês:
What s your name? . Este outro colega responde com a bola na o: My name is
_____ . Após responder, este aluno jogará posteriormente a bola para outro aluno,
fazendo a mesma pergunta e assim, sucessivamente.
Em um determinado momento é introduzida mais uma bola, a fim de despertar no
aluno a concentração, pois agora há mais de uma bola no círculo fazendo com que o
aluno preste atenção para que no caso de uma das bolas vir em sua direção, ele
saiba controlá
-
la e seguir as regras do jogo.
No final da aula os alunos resp
onderão o questionário reflexivo nº 2.
143
7ª Aula / 4ª semana
1ª aula de i
nput
lingüístico
Nome: Trabalho com o livro didático.
Data: 04/10/04
segunda
-
feira
Esta atividade foi desenvolvida pela professora.
Objetivo
: O objetivo desta atividade é perceber a reação dos alunos em relação ao
aprendizado, ao aplicar uma atividade do livro didático (diálogo já pronto do livro) em
comparação às atividades teatrais.
1º passo: Os alunos acompanham a atividade da unidade 5 do livro didático
Where s t
he post Office
?
(
Listening and Speaking
)
Primeiro, a professora faz um Warm up
4
das figuras , perguntando o que está
acontecendo na situação. (Uma garota está na rua e pergunta ao policial onde é o
correio). Depois a professora pergunta aos alunos se eles perguntaram a alguém
o endereço de algum lugar na rua. Logo, a professora perguntou como essa pessoa
explicou como chegava a esse determinado lugar.
Depois de ativar o conhecimento de mundo dos alunos em relação ao texto, a
professora preparou duas perguntas para que os alunos respondessem após
escutarem o diálogo (
Listening
) entre a garota e o policial.
Após responderem as perguntas que estão na lousa, os alunos exercitarão o diálogo
o
ralmente, fazendo um role
-
play.
5
No final da atividade, os aluno
s apresentarão o diálogo para a classe.
No final da aula, os alunos responderão o questionário reflexivo nº 3.
4
Aquecimento
5
os alunos praticam o diálogo apresentado, nos papéis dos personagens.
144
8ª Aula/ 4ª semana
6ª atividade teatral
Nome da atividade: Trabalho com as cordas vocais e a
Roda caranguejo
Data: 05
-
10
-
04
terça
-feira
Esta atividade foi baseada no Projeto Living Drama: uma proposta didática
Objetivo:
Na
Roda Caranguejo os alunos trabalharam com a expressão corporal, exercitaram
as cordas vocais, e também contaram os números em inglês durante a execução da
atividade.
É importante ressaltar que a Roda caranguejo possibilita o trabalho em
grupo, pois depende de uma participação como um todo para que a atividade tenha
êxito.
O objetivo de trabalhar com as cordas vocais é fazer com que o aluno controle o
volume de voz e saber que quando se trabalha com interpretação se faz necessário
aquecer as cordas vocais com esse tipo de atividade.
Execução:
A aula inicia com um
Warm Up
dos alunos aquecendo as cordas vocais.
De boca aberta os alunos começam a emitir sons, acompanhando a professora, a
cada um minuto com exercícios diferenciados. Um exercício é respirar fundo e soltar
o ar entre os lábios que deverão estar relaxados. O outro é emitir sons com a língua
imitando o som do cavalo ao andar.
Na atividade Roda Caranguejo
,
os alunos desenvolveram a coordenação motora,
pois trabalharam com os pés, a voz e o raciocínio. Nessa atividade, necessidade
de desenvolver o trabalho em grupo, pois se os alunos não mantiverem sincronia
nos movimentos, imitando o andar do caranguejo que é lateral, e ainda juntos, a
atividade não será bem sucedida.
145
Os alunos formam um círculo no meio da sala. Todos dão os braços entrelaçados;
isto é, um aluno o braço para o outro e este segundo aluno dobra o seu braço
com o do primeiro colega. Este colega o seu braço para outro aluno, assim
sucessivamente.
Depois de todos os alunos permanecerem com os braços dados no círculo, eles
começam a contar a o número oito (8), em inglês, ao mesmo tempo em que
começam a andar para o lado direito, como um
caranguejo
. Primeiramente os
alunos estão com os dois pés apoiados no chão. O esquerdo passa na frente do
direito e o direito abre para o lado, e o esquerdo novamente passa na frente
do direito e o esquerdo abre, assim sucessivamente, iniciando um movimento de
abre e fecha. Estes passos são dados de acordo com a contagem dos números.
Por exemplo, se são oito tempos na contagem, o movimento será feito oito vezes.
Após a primeira contagem de oito tempos para o lado direito, os alunos retornarão
para o lado esquerdo, com o mesmo movimento de lado como um caranguejo, na
contagem de sete tempos. A cada vez que se executa a contagem decrescente, os
movimentos ficam menores, até chegar ao tempo um (um), sem sair praticamente do
lugar. Ressaltamos durante a execução dos movimentos que os braços não podem
abrir. Devem permanecer abraçados uns aos outros.
No final da aula os alunos responderam o questionário reflexivo nº 4.
146
9ª Aula/ 5ª semana
2ª aula de
input lingüístico
Nome: Directions
Data: 18
-
10
-
04: segunda
-feira
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivo
: Criar condições para que os alunos saibam pedir e dar informações de
localidades: farmácia, escola, supermercado.
Esta aula tem como característica a participação dos alunos de acordo com o que
eles sabem, para que possamos juntos, alunos e professora, elaborar o diálogo para
a apresentação teatral no final do semestre. O diálogo da apresentação se baseia na
seguinte situação:
Você esta andando na Avenida principal do
seu
bairro, quando encontra com um
estrangeiro que pede informação sobre determinado local
.
A aula será dividida em :
a)
Warm
-
up
a professora fará perguntas a respeito de direções;
b)os alunos contribuem com o que conhecem; se os alunos não responderem, o
professor explica como se pergunta: Where s the ____
c)a professora pede contribuição dos lugares que eles sabem falar em
inglês: supermercado, escola, ponto de ônibus, bar, farmácia, etc...
d) a professora apresenta as direções para os
alunos: go straight ahead,
turn right, turn left, across from, next to, in front of.
147
10ª AULA/ 5ª semana
3ª Aula de Input lingüístico
Nome Directions
Data: 19/10/04
terça
-
feira.
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivo:
Criar condições para que os alunos saibam pedir e dar informações de
localidades: farmácia, escola, supermercado. (Continuação da aula de
input
lingüístico do dia anterior 18
-
10
-
04
segunda
feira)
Nessa aula a professora teve de rever os conceitos:
a)
pedir inform
ações de lugares: Where s the ____________?
b)
rever o vocabulário de lugares mais comuns: post office, bakery,
supermarket, school, drugstore, flower
-
shop, bus
-
stop, shopping Mall, etc..
c)
rever as preposições de direções: next to, across from, in front of, go
straight ahead, turn left, turn right.
d)
trabalhar a pronúncia e entonação das palavras
148
11ª AULA/ 6ª semana
7ª atividade teatral:
Nome da atividade: Exercícios com as cordas vocais (
Warm Up
)
4ª aula de
input lingüístico
Nome: Construção
do diálogo com os alunos
Data: 25
-
10
-
04
segunda
-
feira
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivos
:
A aula de hoje tem dois objetivos:
1º Fazer com que os alunos, realizem diferentes exercícios de aquecimento de
cordas vocais, para que eles saibam que essa técnica é usada antes de qualquer
apresentação teatral;
Criar condições para que os alunos, com as apresentações das estruturas de
direções, construam o diálogo para a apresentação final do semestre.
Esta aula iniciará com uma atividade teatral que compreende o aquecimento das
cordas vocais e, terminada a atividade teatral com os alunos, trabalharemos a
construção do diálogo para a apresentação do final do semestre.
No início da aula, com Warm Up, os alunos fizeram exercícios com as
cordas
vocais.
No primeiro exercício, os alunos respiraram fundo e, ao soltar o ar entre os lábios,
fazem um barulho com os lábios, relaxando
-
os.
No segundo exercício, os alunos simulam que estão mastigando algo fazendo
barulho com a boca.
No último ex
ercício os alunos fazem caretas para relaxarem os músculos da face.
149
A professora explica que esses exercícios têm por finalidade ajudar os alunos a
controlarem o volume de voz em palco, bem como evitar a perda da voz. Os atores
ensaiam várias vezes antes d
e apresentarem uma peça de teatro. Para que eles não
percam a voz, se fazem necessários esses exercícios, pois eles mantêm as cordas
vocais aquecidas. Não se pode esquecer que as cordas vocais são sculos que
necessitam de exercícios.
Ao término dos exercícios para aquecimento das cordas vocais, os alunos iniciaram
a construção do diálogo, em conjunto com a professora.
A construção do diálogo dos alunos e da professora será da seguinte forma:
A professora explica que a situação para o diálogo é a segui
nte:
Você esandando na Avenida principal do seu bairro, quando você encontra com
um estrangeiro que pede informação de um determinado local .
A professora explica que diante dessa situação, os alunos deverão construir o
diálogo contendo:
a)
saudação in
icial;
b)
pedir informação;
c)
responder em que rua fica o local;
d)
como chega até lá;
e)
confirmação;
f)
agradecimento;
g)
despedida.
No final da aula o alunos responderão ao questionário reflexivo nº 5
150
12ª AULA/ 6ª semana
8ª atividade teatral:
Nome da atividade:
Exercícios com as cordas vocais (
Warm Up
)
5ª aula de
input lingüístico
Nome: Construção do diálogo com os alunos
Data: 26
-
10
-
04
terça
-
feira
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivo: o objetivo desta aula é continuar a construção do diálogo, para a
apresentação final do semestre, com os alunos.
A descrição da aula é a mesma do dia anterior, segunda
-
feira 25/10, pois a aula é de
50 e não houve tempo hábil para trabalharmos todo o conteúdo lingüístico, ontem,
segunda
-
feira, 25/10.
Os alunos
responderam o questionário reflexivo nº 5 ao final desta aula.
A aula de hoje tem dois objetivos:
1º Fazer com que os alunos, realizem diferentes exercícios de aquecimento de
cordas vocais, para que eles saibam que essa técnica é usada antes de qualquer
apresentação teatral;
Criar condições para que os alunos, com as apresentações das estruturas de
direções, construam o diálogo para a apresentação final do semestre.
Esta aula iniciou com uma atividade teatral que compreende o aquecimento das
cordas v
ocais e, terminou com os alunos trabalhando a construção do diálogo para a
apresentação do final do semestre.
No início da aula, com
Warm Up
, os alunos farão exercícios com as cordas vocais.
No primeiro exercício, os alunos respiram fundo e ao soltar o ar entre os lábios,
fazem um barulho com os lábios, relaxando
-
os.
151
No segundo exercício, os alunos simulam que estão mastigando algo fazendo
barulho com a boca.
No último exercício os alunos fizeram caretas para relaxarem os músculos da face.
A professora explicou que esses exercícios têm por finalidade ajudar os alunos a
controlarem o volume de voz em palco, bem como evitar a perda da voz. Os atores
ensaiam várias vezes antes de apresentarem uma peça de teatro. E, para que eles
não percam a voz se faz necessário esses exercícios, pois eles mantêm as cordas
vocais aquecidas. Não se pode esquecer que as cordas vocais são sculos que
necessitam de exercícios.
Ao término dos exercícios para aquecimento das cordas vocais, os alunos iniciarão a
construção do di
álogo, em conjunto com a professora.
A construção do diálogo dos alunos e da professora será da seguinte forma:
A professora explicou que a situação para o diálogo é a seguinte:
Você está andando na Avenida principal do seu bairro, quando você encontra com
um estrangeiro que pede informação sobre um determinado local .
A professora explicou que diante dessa situação, os alunos deverão construir o
diálogo contendo:
a)saudação inicial;
b)pedir informação;
c)responder em que rua fica o local;
d)como chega
até lá;
e)confirmação;
f)agradecimento;
h)despedida.
No final da aula o alunos responderão ao questionário reflexivo nº 5.
152
13ª AULA/ 7ª semana
aula de
input
lingüístico: Construção dos diálogos pelos grupos de alunos e
trabalho de pronúncia e entoação.
Data: 08
-
11
-
04
segunda
-
feira.
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivo
: verificar se todos os grupos terminaram a construção dos diálogos e
trabalhar em diversos grupos a pronúncia e entoação.
No início da aula, os alunos formaram as du
plas para o professor verificar se eles
terminaram os diálogos ou se eles tinham ainda alguma dúvida no que se referia
à construção. Depois o professor trabalhou a pronúncia com os grupos.
153
14ª Aula/ 7ª semana
9ª atividade teatral
No
mes das atividades: nº 1
-
Tchow
-
Tchow
activity
Nº2
Noções de Teatro
Data: 09
-
11
-
04
terça
-
feira.
Esta aula foi desenvolvida pela professora.
Objetivo:
Fazer com que os alunos, por meio da uma atividade teatral, p
udessem
exercitar o diálogo em inglês e que os alunos tenham informações a respeito de
apresentações teatrais.
Em primeiro lugar, os alunos receberam informações de posicionamentos no palco e
de como o teatro contribui para o desenvolvimento do censo de
responsabilidade
naqueles que o fazem.
Uma das principais razões para uma peça teatral dar certo é a responsabilidade que
os integrantes da peça têm de ter a respeito do trabalho. A presença a todos os
ensaios é um dos fatores mais importantes para que
a peça teatral tenha sucesso.
Em uma peça teatral há um trabalho coletivo entre os atores e os produtores,
portanto um depende do outro, não podendo haver faltas ou os atores não
estudarem o texto. Dei o exemplo dos atores da novela da Rede Globo de tele
visão,
não estudarem o texto ou chegarem atrasados.
Um outro fator é que em uma apresentação em um palco, os atores não poderão
ficar de costas para o público, uma vez que são as pessoas principais da
apresentação. O foco principal da apresentação em uma peça de teatro é o ator. A
platéia vai ao teatro para assistir a performance dos atores, portanto o ator deve se
posicionar de uma forma que todos o enxerguem.
Um outro elemento que contribui para um resultado positivo na apresentação é a voz
do ator. A
Voz é o elemento essencial para que a atuação dos atores em cena seja
154
favorável e de sucesso. Portanto os alunos também são orientados a usá
-
la de
forma apropriada.
Os alunos quando expostos em situações de destaque, não apresentam um tom de
voz que possam ser ouvidos. Por exemplo: em um diálogo em Inglês. Por causa da
timidez, ou da insegurança, a voz é baixa , sem projeção.
Os alunos foram orientados a projetarem mais a voz através das vogais, isto é; fazer
com que a voz seja ouvida por todos num raio distante. Por meio desse exercício as
pessoas que estavam sentadas na última fila do teatro puderam escutá
-
los.
Alguns alunos foram convidados a caminharem ao palco
Stage
e dizerem os
seus próprios nomes. Após falarem seus nomes, os alunos fizeram um gesto livre
que caracterizava o seu nome ou personalidade. Por exemplo: um aluno diz seu
nome
João
ele o pronuncia J-O-Ã-O, prolongando as vogais O-Ã-O e depois ele
faz um movimento de chute ao gol
se ele gostar de futebol.
Uma outra técnica muito útil para que a voz do ator possa ser ouvida por todos é
nunca dar as costas para o público durante a performance no palco. O ator poderá
ficar de lado ou na diagonal, mas nunca de costas, porque a voz se
automaticamente abafada pelo seu próprio corp
o.
Após a explicação a respeito do teatro, os alunos exercitaram um esquete do diálogo
com os colegas, por meio de uma atividade teatral.
A atividade, chamada
tchow
-
tchow
, será desenvolvida da seguinte forma:
Os alunos farão duas fileiras. Serão colocados uns de frente para os outros. Haverá
10 alunos em cada fileira. Uma fileira será a turma A e a outra fileira será a turma
B do diálogo. Os alunos exercitaram o seguinte esquete :
A: Where s the post Office?
B: It s on
San Jose Avenue
155
Após os alunos praticarem esse esquete, os alunos da fileira A se moveram da
seguinte forma: O primeiro da fila A saiu e foi compor a fileira no último lugar. Os
outros alunos deram um passo e mudaram de par, isto é , o segundo aluno, se
tornou o primeiro, o terceiro o segundo e assim sucessivamente. A fileira se
movimentou até o primeiro da fila, que foi para o último lugar (10º lugar), retornou
para o primeiro lugar novamente.
Essa atividade é muito interessante e dinâmica porque, de uma certa forma, os
alunos conseguem se comunicar uns com os outros, sem um par fixo. A interação é
coletiva e acontece ao mesmo tempo.
Depois que a fileira se move até o primeiro aluno retornar ao primeiro lugar, será a
vez da fileira B se mover e fazer o seguinte esquete:
A:
H
ow can I get there
?
B:
Go straight ahead for two blocks
.
A fileira B do primeiro esquete se tornou a fileira A e vice
-
versa para que os alunos
do primeiro esquete tivessem a possibilidade de se moverem também.
No final da aula os alunos responderam o qu
estionário reflexivo nº 6.
156
8ª SEMANA
Data: 15/11/04
segunda
-
feira
FERIADO NACIONAL
Esta aula não pôde ser contada como aula dada da semana porque foi feriado
nacional. Portanto, a 14ª aula fica sendo a aula de terça
-feira 16/11/04.
157
15ª AULA/ 8ª semana
10ª Atividade teatral
Nome da atividade: Ensaio do esquete para apresentação final.
Data: 16
-
11
-
04
terça
-
feira.
Objetivo
: ensaiar os esquetes para a apresentação final.
Nesta aula os alunos ensaiaram os esquetes para apresentação final do dia 23-
11
-
04. A atenção estava voltada para a fluência dos alunos, pronúncia e entoação nos
diálogos.
A professora observou o desempenho de cada grupo durante a aula.
Ao final da aula cada grupo entregou uma cópia de seu diál
ogo para a professora.
158
16ª AULA/ 9ª semana
11ª atividade teatral
Nome da atividade: Apresentação teatral dos alunos da 6ª série do EF.
Data: 22
-
11
-
04
segunda
-
feira.
Objetivo
: apresentação final
Apresentação teatral dos alunos da 6ª série do
Ensino Fundamental, de uma situação proposta:
Você está andando na Avenida principal do seu bairro, quando você encontra com
um estrangeiro que pede informação sobre um determinado local .
Os alunos apresentaram os esquetes que foram feitos por eles mesmos em dupla
para a classe.
Em primeiro lugar, a classe foi organizada com se fosse um teatro para a
apresentação do espetáculo. À frente da sala, onde fica a mesa da professora, foi o
palco onde os alunos apresentaram seus esquetes. As carteiras, posicionadas uma
do lado da outra, compuseram a platéia.
Durante uma apresentação, os demais alunos da classe compuseram a platéia e
permaneceram em silêncio para que todos poudessem apreciar o trabalho dos
colegas.
Ao final da apresentação os atores foram ao centro do palco e agradeceram ao
público. Em contrapartida o público, ao final da apresentação dos atores, aplaudiu os
atores que acabaram de apresentar sua peça.
Depois da primeira apresentação houve o revezamento: outros alunos que
compunh
am a platéia se apresentaram e a primeira dupla que apresentou o
espetáculo fez parte da platéia e assim sucessivamente.
159
17ª AULA/ 9ª semana
1ª avaliação das atividades teatrais
Nome: Avaliação final do projeto de atividades teatrais.
Data: 23
-
11
-
04
t
erça-
feira
Objetivo
: apresentar aos alunos o questionário final 7, referente ao projeto das
atividades teatrais.
Hoje os alunos focais e não focais preencheram o questionário reflexivo final,
fazendo uma avaliação final e dando suas opiniões a respeito das atividades
teatrais.
160
18ª AULA / 10ª semana
12ª atividade teatral
Nome da atividade
2ª chance para apresentação TEATRAL
Data: 29
-
11
-
04
segunda
-
feira
Objetivo
:
Dar oportunidade para aqueles alunos que faltaram na apresenta
ção principal do dia
22
-
11
-04 (segunda-feira), e para aqueles que o desempenho oral não foi satisfatório
porque faltaram no dia do ensaio (16
-
11
-
04
terça
-feira).
Esta aula foi planejada com dois objetivos: dar mais uma oportunidade àqueles
alunos que não apresentaram seus trabalhos de uma forma desejada e mostrar que
pela interação de uma par mais experiente, ocorre o aprendizado.
No dia da apresentação os alunos focais ficaram encarregados de ajudar os seis
colegas que ainda não haviam apresentado os
esquetes.
161
19ª Aula/ 10ª semana
2ª avaliação das atividades teatrais.
Data: 30/11/04
Objetivo: 2ª Avaliação das atividades teatrais
O objetivo desta aula é fazer com que:
1.
Os alunos focais respondam ao questionário reflexivo 8, após terem
ajudado os colegas que, ou faltaram na primeira apresentação teatral ou não tiveram
uma boa performance na apresentação do dia 23
-
11
-
04;
2. Os alunos não focais que faltaram na apresentação e os alunos que não tiveram
uma boa performance respondam ao questionário reflexivo 7 das atividades
teatrais. (Esse questionário é o mesmo que foi aplicado a todos os alunos que
fizeram apresentação em 23
-
11
-
04)
162
Anexo C
DIÁRIO DIGITAL DA PROFESSORA
163
19ª Aula/ 1
0ª semana
2ª avaliação das atividades teatrais.
Data: 30/11/04
19º Diário digital da professora
Entreguei para os alunos focais o questionário reflexivo 8 e para os alunos não
focais o questionário reflexivo nº 6.
No final da aula, recolhi todos os
questionários.
E mais um projeto chegou ao fim. Os alunos da série se apresentaram no teatro
imaginário, do faz de conta. E a apresentação foi belíssima. Que mudança! Que
transformação!
Cada vez que penso neste projeto, me recordo do primeiro dia em que propus este
trabalho para os alunos. E, como se eu viajasse por uma linha do tempo, posso ver,
desde o primeiro dia até a apresentação final, o processo diário de transformação
dos alunos do Ensino Fundamental.
Quando falei a primeira vez do projeto
em sala de aula, os alunos gostaram da idéia.
Perguntei como eles viam a possibilidade de falar em inglês. Lembro-me até hoje do
que Júlio disse:
É importante falar em inglês, teacher. Se eu for um dia para os Estados Unidos, eu
já sei como é que é .
An
a também disse: Se eu viajar o precisarei de tradutor intérprete. Eu vou falar
por mim mesma .
Débora completou: Eu gosto de inglês, mas não sei falar .
164
Entre essas e outras opiniões, resolvi escolher essa sala. O resultado do
questionário de percepção que apliquei uma semana antes do início do projeto
apontava o problema: o medo de ser alvo de gozação dos colegas, a vergonha, a
timidez, a insegurança eram fatores que não faziam com que esses alunos tivessem
a segurança em se comunicar.
Confesso que
no início foi difícil para mim. A atividade do Espelho (
um aluno deveria
ficar de frente para o outro e um deles, representando o espelho, repetiria os
movimentos do outro colega) foi a primeira a ser aplicada.Tímidos e
envergonhados, muitos alunos não completaram a tarefa. Mas eu sabia que fazia
parte do momento, pois os alunos nunca tiveram uma experiência como essa.
No decorrer das atividades teatrais, os alunos foram mudando de postura e
comportamento. A cada atividade eu os via de uma forma diferent
e. Observei que os
alunos vinham para a aula com mais entusiasmo. Eu os vi diferentes: alegres, mais
animados e um pouco mais participativos com os colegas.
A interação dos alunos durante as atividades foi um fator muito positivo. Eles
puderam dançar, fazer expressões corporais, como na atividade do Espelho, por
exemplo, enfim, puderam expor seus sentimentos e suas criatividades.
Bianca, uma das alunas focais, é uma menina tímida. Notei que houve uma
mudança de relacionamento entre ela e os alunos.
El
a comentou no final de uma atividade:
Teacher, eu me sinto tão feliz em participar dessa atividade. Eu não sabia que
aprender inglês desse jeito era tão gostoso .
Uma outra aluna focal, a Gabriela disse:
Teacher, eu estou me sentindo mais leve, mais feliz, não sei como explicar. Eu sei
que estou mudando .
165
Felicidade... Felicidade... Surpresa... Mudança... Acreditar... Eu posso...
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