dezesseis vilas, das quais as principais eram Vila Rica, Sabará, S.
João d'El-Rei, Barbacena, Paracatú, Serro e Campanha.
Ora, de todas as povoações da província, era então a Campanha uma
das mais novas; pois que, segundo já tive ocasião de dizer, a sua descoberta
só teve lugar na segunda ou terceira década do século passado. Pois a
Campanha, que, em 1752, já tinha sido por uma ordem régia criada
freguesia, era em 1785 constituída em um julgado da comarca do rio das
Mortes por uma provisão de 20 de junho do conselho extramarino; e era,
finalmente, elevada à vila com um juiz de fora do cível, crime e órfãos por
alvará de 20 de outubro de 1798.
E cumpre aqui observar, que era tal, naquele tempo, a sua riqueza,
que, apenas criada a vila e eleita a câmara, um dos primeiros atos que esta
praticou, e que mostra ao mesmo tempo qual a confiança que ela tinha na
abundância e permanência dos seus rendimentos, foi o de oferecer
voluntária e perpetuamente a uma das princesas (a da Beira, se não me
engano) a terça parte da consignação que havia feito para o aumento das
rendas públicas; oferecimento este, que em vez de ser recusado, foi, pelo
contrário, aceito, e aceito de muito boa vontade pelo príncipe regente,
depois D. João VI, o qual, além de todos os agradecimentos do estilo, ainda
mandou por carta de 6 de novembro, datada de Mafra, que o dinheiro se
remetesse diretamente e em cofre separado, ao erário régio, afim de ser logo
entregue à princesa.
Quando, pois, nasci, a Campanha, que já era vila, havia um pouco
mais de trinta anos, possuía nada menos de cinco igrejas, e além destas
ainda tinha a sua matriz, que é talvez o templo maior que tenho conhecido;
mais que, entretanto, já não se tinha podido acabar; ao passo que por outro
lado, uma dessas cinco igrejas, tendo ameaçado ruína, em vez de ser
reparada, foi demolida e nunca mais se levantou. Ora, sendo a religião, o
que naquele tempo, pode-se dizer, constituía o principal objeto da vida do
homem, pode-se igualmente dizer, que o que constituía um verdadeiro
barómetro ou melhor indicador da prosperidade de um lugar qualquer,
naquele tempo, era, sem dúvida nenhuma, a riqueza ou as magnificências
que se ostentavam na celebração das festas religiosas ou na sustentação do
culto público.
Pois bem, quando eu conheci a Campanha, ela não só ainda tinha
dentro da povoação nove ou dez padres, e todos mais ou menos abastados,
mas ainda a sua matriz que possuía um grande número de objetos de prata
e até mesmo alguns de ouro,