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3 Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre a Febem, formado por 20
entidades da área jurídica, psicológica e de defesa da criança e do
adolescente, entre as quais o CRP SP, lança o “Manifesto contra as condições
de atendimento na Febem SP, pela dignidade dos adolescentes infratores”.
7 A Promotoria da Infância e Juventude da Capital instaura processo
administrativo para realizar devassa nas unidades da Febem SP.
8 Dois representantes da Anistia Internacional visitam o Complexo
Imigrantes e o consideram um dos piores estabelecimentos para adolescentes
infratores do país. Cinco meninos fogem da Unidade Raposo Tavares.
14 Fuga de 37 meninos do Complexo Tatuapé; 13 são recapturados.
19 Acontece o debate “O público e o privado no atendimento do adolescente
autor de ato infracional em privação de liberdade”, no Auditório do CRP SP,
com Olympio de Sá Sotto Maior e Antônio de Pádua Gomes Pimentel;
promoção do Grupo de Trabalho Interinstitucional sobre a Febem.
Adolescente é morto a tiros na Febem de Ribeirão Preto por um colega, que
foge com mais 23 internos.
21 Funcionários da Febem SP fazem assembléia e ameaçam parar em
defesa de seis servidores demitidos no Complexo Imigrantes.
23 Reforma em andamento no Complexo Imigrantes agrava o problema de
espaço: com capacidade para 300 pessoas, tem quatro vezes esse número.
Cem adolescentes iniciam motim e destroem a ala B do Complexo. Sete
internos são tomados como reféns.
24 O Sintraenfra, sindicato dos funcionários da Febem, distribui nota
ameaçando greve a partir do dia 26; nesse caso, as unidades ficariam por
conta da Polícia Militar. Internos da Imigrantes, que planejavam fuga,
antecipam a rebelião: fazem 15 monitores e 30 adolescentes do “seguro”
reféns. Eles são amarrados perto de baldes com álcool.
25 Na madrugada, agrava-se a mais violenta rebelião da história da Febem:
a tropa de choque invade o Complexo Imigrantes. Os reféns são mantidos por
18 horas; garotos exigem transferência para as unidades de Ribeirão Preto e
Raposo Tavares. Soltam os reféns à medida que os ônibus chegam. Martelos,
serrotes, porretes e enxadas da reforma são usados como armas. Dois
monitores são espancados e atirados de um muro de cinco metros. 58
pessoas ficam feridas, três prédios são destruídos e quatro garotos do
“seguro” são mortos de forma bárbara, dois deles carbonizados, um dos
quais com a cabeça e membros arrancados. Só dois dos mortos são
identificados: Américo Nonato de Oliveira, de 17 anos, e Adriano Dias
Brandão, de 15. Apenas seis adolescentes fogem.
26 Mário Covas declara que “nunca faltou para a Febem nenhum tostão”.
27 O presidente Fernando Henrique Cardoso declara pelo seu porta-voz ter
reagido com horror aos acontecimentos da Febem SP. Covas assume o
controle da Febem. Adolescentes da Febem de Ribeirão Preto fazem rebelião
armados, dão tiros e 40 escapam. São enterrados os garotos Américo e
Adriano, mortos durante a rebelião da Imigrantes.
28 Covas visita a Febem Imigrantes, promete esvaziá-la e repreende
adolescentes que se rebelaram. O adolescente Fábio Antônio de Castro, de
18 anos, confessa ter degolado a golpes de machadinha um dos quatro
garotos mortos durante a madrugada sangrenta da Imigrantes. O menino,
ainda não identificado, teve o rosto queimado com maçarico, a cabeça, perna
e braço arrancados. Castro é indiciado por homicídio doloso e vai para um
presídio comum. Guido Andrade, presidente da Febem, pede demissão.
29 Covas conclui o esvaziamento da Imigrantes: 550 internos são
transferidos para o Cadeião 3 de Pinheiros, passando a viver num regime de
cárcere destinado a adultos. O restante vai para outras unidades. O diretor
da Febem de Ribeirão Preto veta novas transferências para sua Unidade.
30 Fogem 15 internos do Complexo Tatuapé.
Novembro