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Nascido em Porto Alegre, no dia 24 de dezembro de 1963, Humberto Gessinger,
descendente de imigrantes alemães e italianos, se tornou alguém controverso no cenário
musical brasileiro. Para desabafar uma timidez e solidão vivida desde cedo, já no Colégio
Anchieta, Humberto escrevia poesias. Na adolescência, foi atraído para a música por seu tio,
que lhe dava vinis da Jovem Guarda.
Quando surgiu a banda Engenheiros do Hawaii, Gessinger utilizou-se de um
experimentalismo de sons herdados da Bossa-Nova, Jovem Guarda, Tropicalismo e do Rock
Progressivo
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, do qual ainda traz como marca em suas composições o conceitualismo, isto é,
um engajamento em torno de um tema. Assim, também estão presentes nessa obra a filosofia
existencialista de Camus, Nietzsche e Sartre; a linguagem social dos livros de Ferreira Gullar,
John Fante, Arthur Rimbaud e George Orwell; bem como os aspectos regionais e nacionais,
característicos das obras de Moacyr Scliar, Carlos Drummond de Andrade e Josué Guimarães.
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O rock progressivo (também abreviado por prog rock ou prog) é um ambicioso,
eclético e muitas vezes grandioso estilo de música rock que apareceu nos fins da
década de 1960 principalmente na Inglaterra, atingindo o pico da sua popularidade
no princípio da década de 1970, mas que até hoje continua a ser ouvido. O rock
progressivo foi um movimento principalmente europeu que bebeu as suas principais
influências na música clássica e no jazz fusion, em contraste com o rock
estadunidense historicamente influenciado pelo rhythm and blues e pela música
country. […] As principais características do rock progressivo incluem:
[...]Composições longas, por vezes atingindo os 20 minutos, com melodias
complexas e harmonias que requerem uma audição repetida por forma a
compreendê-las. Estas são muitas vezes chamadas de épicos e são a melhor
aproximação do género à música clássica.[...] Letras complexas e que expressam
narrativas impenetráveis tocando temas como a ficção científica, a fantasia, a
religião, a guerra, o amor, a loucura e a história. Para além disso e reportando aos
anos 1970 muitas bandas progressivas (principalmente alemãs) usavam letras com
cariz político (de esquerda) e preocupações sociais.[...] Álbuns conceituais, nos
quais o tema ou história é explorado ao longo de todo o álbum, tornando-se um
conceitual do estilo ópera rock se seguir uma história. [...] Vocalizações pouco
usuais e uso harmonias vocais múltiplas. [...] Uso proeminente de instrumentos
electrónicos, particularmente de teclados como órgão hammond, piano, mellotron,
sintetizadores Moog [...] e sintetizadores ARP, em adição à combinação usual do
rock de guitarra, baixo e bateria. Além disso, instrumentos pouco ligados à estética
rock, como a flauta (o mais utilizado destes), o violoncelo, bandolim, trompete e
corne inglês. A busca de novos timbres e novos padrões sonoros, conseguidos
naturalmente através desses instrumentos ou tratados em estúdios, também sempre
foi uma obsessão de seus músicos e admiradores, ávidos por atingirem (e
arrombarem) as portas da percepção sonora.[...] O uso de síncope, pouco usuais
ritmações, escalas musicais ou sintonias sonoras. [...] Enormes solos de praticamente
todos os instrumentos, expressamente para demonstrar o virtuosismo dos músicos.
[...] Inclusão de peças clássicas nos álbuns. [...] Degustação do som. Tinha uma
coisa no progressivo que podemos chamar de "degustação do som", não apenas da
melodia. Muitas frases musicais eram dependentes de como o som se propagava, se
desenvolvia. Havia muito espaço para a apreciação dos sons inovadores
desenvolvidos nos sintetizadores. Fazia-se música para a apreciação do
comportamento do filtro de ressonância e de outros aspectos interessante presentes
nos sintetizadores. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Rock_progressivo, acessado em 10
de abril de 2007).