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A água não é mais um simples recurso usado para satisfazer meras necessidades de
utilização. Ela é também um suporte imprescindível para os ecossistemas, aos quais
é atribuída cada vez mais importância. Por outro lado, os condicionantes
socioeconômicos e institucionais pressupõem um modelo de desenvolvimento que,
em uma perspectiva ambiental em última instância, deve ser sustentável. Com efeito,
o desenvolvimento sustentável, conceito central de todas as políticas modernas de
meio ambiente, deve ser considerado como o grande objetivo das políticas de gestão
dos recursos hídricos. (COSTA, 2003. p. 33).
Em seu estudo sobre desenvolvimento sustentável e água, Salati et all (2002) afirmam
que, numa análise mais pontual, a água é um fator limitante para o desenvolvimento
sustentável, uma vez que a vida animal e vegetal não se desenvolvem na sua ausência. Para o
homem em particular, a sobrevivência é impossível, uma vez que necessita de um consumo de
água contínuo e constante para a manutenção dos seus processos vitais. “Sem dúvida, entre os
fatores que limitam o desenvolvimento sustentável, está a substância fundamental para os
processos vitais: a água” Salati et all (2002, p.48). Ainda apontam como evidência o próprio
desenvolvimento da história, sendo que as principais civilizações
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que tiveram maior
desenvolvimento floresceram nas regiões onde a disponibilidade de água era abundante e com
características especiais. Assim, o desenvolvimento da agricultura e da urbanização com
conseqüências na estrutura social ao longo da história da humanidade está estritamente ligado
à oferta de recursos hídricos. Citando como exemplo o Brasil:
No caso brasileiro, também o estabelecimento das povoações que vieram a se
transformar em grandes cidades, foram estabelecidas em locais onde a oferta de
água era abundante em qualidade e quantidade, inclusive como meio de transporte –
colonização pelos bandeirantes e colonização Amazônica. Hoje a disponibilidade de
água e ainda mais um recurso limitante não apenas em quantidade, mas
especialmente pela sua qualidade. É o que acontece, por exemplo, na região
metropolitana de São Paulo, na região metropolitana do Rio de Janeiro e de outras
capitais nas quais pela poluição hídrica, diminuiu-se a oferta de água para fins de
uso urbano e industrial. (SALATI et all, 2002, p.48).
Evidencia-se que para a manutenção de um desenvolvimento sustentável no âmbito
local e regional, é necessário que sejam preservados os recursos hídricos tanto em quantidade
como em qualidade, por acreditar-se que as gerações futuras terão as mesmas necessidades
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Rebouças (2002) coloca que desde os primórdios das civilizações antigas, a posse da água representou um
instrumento político de poder. O controle dos rios, como forma de dominação dos povos que habitavam os
setores hidrográficos a jusante foi praticado, pelo menos, desde 4.000 a.C. na Mesopotâmia. O controle das
inundações do Rio Nilo foi a base do poder da civilização Egípcia. Também o controle do Rio Eufrates foi a base
de poder da Dinastia Babilônica. Segundo o autor esses fatos são considerados como fundamentais para poder
hegemônico da Mesopotâmia nesse período e chama atenção dizendo que “Para alguns, a politização e
centralização atuais do poder sobre a água teriam tido suas origens nessa época” (REBOUÇAS, 2002, p.16-17).