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A poesia de Cecília Meireles, que você leu no quadro acima, mostra que, na vida,
estamos sempre fazendo escolhas, e, para escolher, precisamos avaliar o que há de
positivo ou negativo em cada situação. A avaliação é uma prática social. O ser humano
avalia tudo a todo instante. Pensemos em nosso dia-a-dia, nas coisas que julgamos
boas ou más, necessárias ou supérfluas, importantes ou secundárias, naturais ou
artificiais. Como exemplo, podemos pensar que, quando nos preparamos para sair
de casa, selecionamos a roupa que vamos usar, verificamos as condições em que
ela se encontra (limpa, bem passada), fazemos comparações com outras que
poderíamos usar, julgamos qual é a melhor e decidimos como vamos nos vestir
naquele momento. Ou seja, ao fazermos nossas escolhas, estamos, de certa forma,
verificando, selecionando, analisando e decidindo o que é bom para nós em
determinados momentos. Estamos, então, fazendo uma avaliação.
Em nossa prática pedagógica, o conjunto dessas ações resulta no processo de
avaliação da aprendizagem e do desenvolvimento das crianças. Entretanto, o uso de
uma dessas ações isoladamente pode minimizar a ação educativa, impedindo sua
transformação em prática refletida, intencional e comprometida com os sujeitos que
aprendem e ensinam.
Isso significa que somente podemos considerar que estamos avaliando nossas crianças
quando selecionamos criteriosamente os aspectos a serem avaliados, verificando
se as estratégias que escolhemos para avaliá-las são as mais adequadas para
obtermos elementos que nos possibilitem comparar avanços, analisar as intervenções
que fizemos e definir o que é necessário para impulsionarmos a aprendizagem e o
desenvolvimento das crianças.
Vejamos, então, que, quando falamos em avaliação das crianças numa creche, pré-
escola ou escola, não restringimos o nosso olhar às crianças, mas estamos nos referindo
a um processo que avalia também o trabalho realizado na instituição.
Avaliar é um dos grandes dilemas que vivem todos(as) os(as) professores(as).
Historicamente, a escola carrega denúncias sobre o uso indevido que faz da avaliação.
Você já deve ter vivido experiências em que a avaliação na escola serviu como
instrumento para separar os que sabiam dos que não sabiam, quem poderia prosseguir
ou quem teria que repetir tudo o que deveria ter aprendido durante todo o ano. Deve
se lembrar, também, do valor atribuído à prova como instrumento para manutenção
da disciplina e classificação dos alunos em fracos, regulares, bons e ótimos.
Nossa memória educativa nos remete a uma escola que utilizou, e ainda utiliza,
instrumentos de medida que serviram, e ainda servem, para o exercício da
classificação, seleção e punição em nome da avaliação escolar.