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que é construída sobre as imagens que marcaram a sua infância
– a cidade do interior, os colegas da escola, o professor, as
brincadeiras, o circo, a banda – e que deram origem aos seus
quadros. A forma do texto ajuda o grupo a rememorar, buscar
imagens, cenários interessantes da infância. Outro livro que
poderia ser usado é Quarto de despejo, os diários de Carolina de
Jesus. O que fazia Carolina sentir vontade de escrever, com uma
vida tão precária, com as condições materiais tão adversas?
Também recomendo Bisa Bia Bisa Bel, de Ana Maria Machado,
porque sempre provoca um bom papo. É sobre o encontro de
uma menina com a sua bisavó, a partir de uma velha fotografia.
José Barbosa
Para aprender a ler é preciso ler, assim como só se aprende
a nadar nadando ou só se aprende a andar de bicicleta
pedalando. Para quem está começando a aprender a ler – por
pressão social, por vontade, desejo ou necessidade – faz falta a
presença de um professor que faça leituras na sala de aula, que
mostre ao aluno que ler, assim como brincar, pode ser uma
delícia. Se o professor gosta de ler, ele é capaz de mobilizar o
aluno para a leitura também, porque comunicamos melhor
aquilo que sabemos e gostamos de fazer. Se a leitura já é
benéfica para o aluno, aliada ao exercício da escrita, o benefício
se torna ainda maior. Escrever distrai, faz passar o tempo,
arruma idéias ainda em formação, além de ser um instrumento
de comunicação para consigo e para com os outros. No ato de
escrever todos gostam de se revelar. Na Educação de Jovens e
Adultos isso não é diferente: não há quem não goste de ser
personagem, de se revelar, de ser autor de textos escritos e de
ver esses textos sendo levados em consideração.