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LINGUAGENS,
CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Ministério da Educação Secretaria de
Educação Média e Tecnológica
Brasília - 2001
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Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso
Ministro da Educação
Paulo Renato Souza
Secretário Executivo
Luciano Oliva Patrício
Secretário de Educação Média e Tecnológica
Ruy Leite Berger Filho
Coordenador-Geral de Ensino Médio
Avelino Romero Simões Pereira
Parâmetros em Ação - Ensino Médio
Linguagens, códigos e suas tecnologias
© 2001 Secretaria de Educação Média e Tecnológica
Tiragem: 4.000 exemplares
Coordenação editorial
Vera Franco de Carvalho
Equipe pedagógica
Supervisão: Maria Tereza Rangel Arruda Campos
Coordenação: Carlos Emílio Faraco
Língua portuguesa: Jucimara Tarricone (coord.) e Carlos Emílio Faraco
Língua estrangeira moderna: Liani Fernandes de Moraes
Educação física: Suraya Cristina Darido (coord.), Eduardo Vinícius Mota e Silva,
Glauco Nunes Ramos, Irene C. Rangel-Betti, Lilian Aparecida Ferreira, Luiz Henrique
Rodrigues e Zenaide Galvão
Arte: Maria Heloísa Corrêa de Toledo Ferraz (coord.), Lilian Amaral, Iveta Maria Borges
Ávila Fernandes e Heloísa Margarido Sales
Informática: Luciana Maria Allan Salgado
Projeto e execução editorial
Elzira Arantes (edição) Alex Furini (arte)
Ministério da Educação
Secretaria da Educação Média e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios, bloco L, 4
o
andar, sala 421
CEP: 70047-900 Brasília/DF
Tel.: (61) 410-8813 Fax: (61) 410-9646
E-mail: [email protected].br
Internet: http://www.mec.gov.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros em Ação, Ensino Médio : Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias / Secretaria de Educação Média e Tecnológica - MEC; SEMTEC, 2001. 340 p.
1. Ensino Médio. 2. Educação Média e Tecnológica 3.
Parâmetros Curriculares Nacionais. I. Título
CDU 373.5
Sumário
__________________________________
APRESENTAÇÃO
....................................................................................................
9
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
CARLOS EMÍLIO FARACO ______________________________________________________________
1 LINGUAGENS ..................................................................................................................... 15
2 LEITURA ......................................................................................................................... 34
LÍNGUA PORTUGUESA
JUCIMARA TARRICONE E CARLOS EMÍLIO FARACO ______________________________________________
1 Usos DA LÍNGUA ............................................................................................................... 56
2 DIÁLOGO ENTRE TEXTOS: UM EXERCÍCIO DE LEITURA ................................................................. 75
3 ENSINO DE GRAMÁTICA: ALGUMAS REFLEXÕES ......................................................................... 95
4 TEXTO, IMAGINÁRIO E PATRIMÓNIO CULTURAL ..............................................................................110
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
LIANI FERNANDES DE MORAES __________________________________________________________
1 O ACESSO A QUESTÕES DE RELEVÂNCIA SOCIOCULTURAL........................................................... 126
2 SELEÇÃO, LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS ...................................................................... 138
3 A PARTICIPAÇÃO EM UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR ............................................................... 151
4 UM VEÍCULO DE INTERCÂMBIO E PROPAGAÇÃO CULTURAL ........................................................... 164
EDUCAÇÃO FÍSICA
SURAYA CRISTINA PARIDO _____________________________________________________________
1 CULTURA CORPORAL E A FORMAÇÃO DO CIDADÃO AUTÓNOMO...................................................... 184
2 EDUCAÇÃO FÍSICA E SEU CONTEXTO ATUAL ........................................................................... 194
3 SAÚDE, CORPOREIDADE E LAZER ......................................................................................... 205
4 EDUCAÇÃO FÍSICA: INCLUSÃO E FORMAÇÃO PLENA .................................................................. 214
ARTE _________________________________________________________________________
1 ENSINANDO E APRENDENDO ARTE
MARIA HELOÍSA CORRÊA DE TOLEDO FERRAZ
....................................................................................................................................228
2 ARTE E PATRIMÓNIO CULTURAL LILIAN AMARAL .............................................................. 240
3 LINGUAGENS DA ARTE
IVETA MARIA BORGES ÁVILA FERNANDES
....................................................................................................................................253
4 GOSTO CONSTRUÍDO E GOSTO EM CONSTRUÇÃO
HELOÍSA MARGARIDO SALES
....................................................................................................................................263
INFORMÁTICA
LUCIANA MARIA ALLAN SALGADO ________________________________________________________
1 O PAPEL OA INFORMÁTICA NO DIA-A-OIA .............................................................................. 274
2 A INFORMÁTICA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO .............................................................. 296
3 UMA FERRAMENTA PARA NOVAS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM ............................................... 316
4 A INFORMÁTICA NOS PROJETOS EDUCACIONAIS ...................................................................... 328
Caro Professor
É com satisfação que entregamos a você os Parâmetros em Ação - Ensino Médio.
Assim como fizemos com o Ensino Fundamental, elaboramos este material para apoiar e
incentivar o desenvolvimento profissional de professores e especialistas em educação,
de forma articulada com as Diretrizes e os Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio.
Nossa intenção é que esse trabalho possa propiciar momentos agradáveis de
aprendizagem coletiva e seja um instrumento de grande utilidade para aprofundar os
estudos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. A ideia é favorecer a leitura
compartilhada, o trabalho conjunto, a reflexão solidária e a aprendizagem em parceria.
O material está organizado em módulos - de área e de disciplina - que propõem
atividades diferenciadas; por meio deles, procuramos levá-lo à reflexão sobre os
conceitos dos Parâmetros e sobre suas experiências em sala de aula. Para tanto, serão
utilizados livros, textos e vídeos que, além de permitir a ampliação do seu universo de
conhecimento, ajudarão a elaborar propostas de trabalho que poderão ser utilizadas, por
você e seus colegas, com os alunos.
Nós, do Ministério, trabalhamos com muito carinho e cuidado para que o material
refletisse o respeito que temos pelo professor. Esperamos que seja útil.
Bom trabalho.
Paulo Renato Souza
Ministro da Educação
Caro Professor
O sucesso de nossos esforços em direção à construção de um novo Ensino Médio
que atenda às necessidades de nossos adolescentes e jovens depende sem dúvida de
nossa capacidade de oferecer oportunidades variadas e inovadoras de formação
continuada a nossos profissionais da educação.
Os Parâmetros em Ação - Ensino Médio da área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias, que estamos entregando a você, fazem parte de um conjunto de ações que
a Secretaria de Educação Média e Tecnológica vem realizando com o objetivo de
oferecer essas oportunidades e apoiar o desenvolvimento dos profissionais que atuam
no Ensino Médio.
O material que você encontrará aqui está dividido em módulos de atividades. Todos
os módulos foram desenvolvidos por professores que atuam no Ensino Médio, como
você. Que sabem, portanto, das dificuldades que enfrentamos e que querem, como você,
superá-las para que possamos continuar construindo uma educação de qualidade.
Para que essas atividades sejam proveitosas, nossa sugestão é que cada módulo
seja trabalhado integralmente, mesmo que para isso sejam necessários vários dias. Há
uma sequência nas atividades que permite que os conceitos sejam estruturados de
maneira consistente. Por isso é importante segui-la. Também é conveniente que os
módulos de área sejam trabalhados antes dos de disciplina, com a participação de todos
os professores da área.
De maneira equivalente, vale a pena que os módulos de Informática também sejam
trabalhados tal como os de área: por todos. É importante que todos os professores
tenham clareza quanto ao uso pedagógico desse instrumento, fundamental nos nossos
dias.
Pela nossa experiência, também gostaríamos de sugerir que todos os professores
da área, em uma mesma escola, fossem capacitados ao mesmo tempo, criando
condições para que desenvolvam um trabalho coeso e integrado.
Nunca é demais lembrar que este material serve de apoio para a discussão dos
Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio. Portanto, é fundamental a leitura
prévia dos Parâmetros. Sem isso, as atividades propostas farão pouco sentido.
Os PCN em Ação foram desenvolvidos com o mesmo cuidado que dispensamos a
tudo que fazemos. Queríamos mostrar a você, professor, que a valorização profissional
passa pela qualidade do material que preparamos para você. Queremos que o material
dê prazer ao ser manuseado, para que esse prazer se reflita nas atividades. Queremos
que você tenha, ao realizar as atividades, o mesmo prazer que tivemos para elaborar
este material.
Esperamos que você goste e aproveite. Que aprenda, para que possa continuar
aprendendo e ensinando. E que se divirta com essa tarefa.
Bom proveito.
Ruy Leite Berger Filho Secretário de Educação
Média e Tecnológica
APRESENTAÇÃO
Em 1999, a Secretaria de Educação Média e Tecnológica do Ministério da Educação lançou os Parâmetros
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM). Agora, para orientar a implementação dos conteúdos
e dos princípios apresentados nesse documento, apresenta o programa Parâmetros em ação - Ensino Médio.
Com este material, pretende oferecer apoio para a atuação de escolas, grupos de escolas e secretarias de
educação na formação continuada dos profissionais de educação do ensino médio.
O propósito de Parâmetros em ação - Ensino Médio é propiciar aos educadores situações em que
possam vivenciar os Parâmetros, criando vínculos entre os pressupostos neles estabelecidos e as necessida-
des e práticas locais. Nesse sentido, eles estão organizados de maneira a cumprir as finalidades a seguir.
• Analisar os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
Contribuir para o debate e a reflexão sobre o papel dos PCNEM nas escolas.
Criar espaços de aprendizagem coletiva, incentivando entre os educadores a prática de
encontros para estudo e troca de experiências.
Identificar as ideias fundamentais contidas em cada área curricular e fazer as adaptações
necessárias para atender às demandas de cada contexto escolar.
Potencializar o uso dos materiais proporcionados pelo Ministério da Educação para o
trabalho dos educadores.
De acordo com o planejamento, os Parâmetros em ação - Ensino Médio devem ser desenvolvidos por
multiplicadores formados pelas secretarias de educação, cujo trabalho terá como público-alvo tanto os
professores do Ensino Médio quanto os demais especialistas em educação - diretores, coordenadores
pedagógicos e supervisores de ensino.
Estrutura geral
Os PCN em ação - Ensino Médio estão organizados em módulos, sendo cada um deles planejado para
dezesseis horas de trabalho, em encontros que reúnam no máximo trinta professores. Os grupos podem ser
formados por professores da mesma escola, ou de um grupo de escolas, a critério da Secretaria de
Educação local, de acordo com o número de participantes. É aconselhável que todos os professores de uma
mesma escola sejam capacitados ao mesmo tempo.
O cronograma também é definido pela Secretaria de Educação, tendo em vista as características e as
necessidades locais, utilizando períodos como os horários de trabalho pedagógico, recessos, sábados etc.
Podem ser organizadas reuniões semanais (com duração de 4 ou de 8 horas), quinzenais (8 a 16 horas) ou
mensais (16 horas), conforme as possibilidades dos grupos.
Materiais
Os Parâmetros em Ação - Ensino Médio estão organizados em 22 módulos de trabalho, distribuídos da
seguinte maneira: dois módulos para a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, e quatro módulos
para cada conhecimento específico: Língua Portuguesa; Língua Estrangeira Moderna; Educação Física; Arte;
Informática. Para desenvolver seu trabalho, os capacitadores dispõem de um conjunto de materiais:
Livro: este volume, com textos de orientação para o trabalho do capacitador em cada encontro. No
final de cada módulo o coordenador encontra uma reprodução de todos os anexos que serão
utilizados no encaminhamento das atividades.
Anexos: em 22 pastas estão reunidas as fichas com os textos sugeridos para o trabalho com os
professores em cada módulo. Cabe ao capacitador tirar as cópias necessárias (seguindo a orientação
dada no texto dos módulos) e distribui-las aos professores ou aos grupos. CD-ROM: contém todas as
páginas de Anexos, oferecendo ao capacitador, se ele dispuser de um computador, a possibilidade de
imprimir as cópias necessárias, sempre de acordo com a orientação oferecida no texto dos módulos.
Fita em VHF: contém dois programas de vídeo, que serão utilizados de acordo com as sugestões e
orientações oferecidas nos módulos.
Esta é uma estimativa do tempo
necessário para desenvolver o
trabalho com o módulo: cada
capacitador precisará fazer os
ajustes necessários, adequando
às peculiaridades do grupo.
O módulo oferece subsídios para
que os professores possam
alcançar as metas aqui
relacionadas. No inicio de cada
encontro, é interessante que o
coordenador leia e comente essas
finalidades, levando os
educadores a manifestar suas
expectativas em relação ao
trabalho que será desenvolvido.
São os conceitos, contidos nos
PCNEM, que estão na base da
organização do módulo e para
cujo desenvolvimento as
O coordenador deve estar atento
ao que precisa preparar para seu
trabalho: providenciar o
equipamento que for necessário,
ler as atividades e os Anexos e
assistir aos programas de vídeo.
Convém lembrar que todos os
participantes precisam ter sempre
em mãos
Apresenta uma série de
atividades planejadas para
atingir as finalidades e
desenvolver os conceitos
Aqui está indicada a página
deste livro em que o Anexo a
ser trabalhado está
reproduzido, para facilitar a
consulta do coordenador.
A proposta de encaminhamento
do trabalho oferece apenas
sugestões: cada coordenador
analisa antecipadamente os
passos e os procedimentos e faz
as adaptações necessárias, de
acordo com sua realidade e as
características do grupo de
educadores.
As propostas de registro dos
debates e de sínteses verbais e/
ou não-verbais servem como
ponto de partida para a
continuidade do trabalho: durante
os encontros e, posteriormente,
para as trocas entre os
integrantes do grupo e os
professores de suas respectivas
unidades escolares.
Um momento de reflexão, para
encerrar o trabalho: o coordenador
pode ler este texto para seu grupo
e incentivar os comentários a
respeito do trabalho desenvolvido
no módulo, comparando com a
discussão inicial em relação às
finalidades e expectativas.
Grupos de formação
As Secretarias de Educação poderão organizar grupos de formação dos quais participem: um coordenador-
geral, um capacitador para cada área e um para cada disciplina. A proporção de professores que trabalhará
com cada um desses grupos poderá ser definida pela Secretaria de Educação, de modo a garantir que os
profissionais tenham condições de se manifestar e disponham de tempo para desenvolver as atividades.
Funções do coordenador-geral
Coordenar reuniões de trabalho com os capacitadores das áreas, para elaborar o cronograma
das atividades.
Organizar um programa de capacitação a ser desenvolvido com a equipe de Ensino Médio da
Secretaria de Educação.
Divulgar o programa junto aos professores que serão capacitados.
Organizar grupos de estudo, definir locais e formular o cronograma de
capacitação.
Providenciar recursos materiais para o desenvolvimento dos trabalhos.
No primeiro encontro, apresentar aos capacitadores a dinâmica dos trabalhos e a função de
cada um deles no grupo.
Assessorar e avaliar todo o desenvolvimento do programa, mantendo as
informações atualizadas em um caderno de registros.
Garantir que, antes dos encontros, cada capacitador leia os módulos inteiros, assista aos
vídeos programados e prepare os materiais necessários, orientando esse trabalho.
Funções dos capacitadores de área
Coordenar reuniões de trabalho com os capacitadores das disciplinas, para elaborar
o cronograma das atividades.
Ler previamente os textos indicados e preparar as atividades e os materiais, contextualizando-
os na realidade local para enriquecer os trabalhos. Às vezes será importante ler os textos mais
de uma vez, para potencializar sua utilização e preparar bem as eventuais intervenções.
Assistir previamente aos programas de vídeo e aos filmes sugeridos nos módulos - às vezes
mais de uma vez, para potencializar sua utilização e preparar bem o trabalho.
Planejar e controlar o tempo destinado a cada atividade, bem como o uso do espaço e do
equipamento necessário.
Realizar a avaliação contínua do desenvolvimento de cada módulo, o desempenho dos
participantes e a própria atuação. Utilizar essa avaliação para orientar seu trabalho, fazendo
mudanças ou adaptações nas propostas.
A partir das avaliações, elaborar relatórios e entregá-los ao coordenador-geral. Para
tanto, é importante que desde o início dos trabalhos, em cada módulo, explique aos
participantes e aos capacitadores de disciplinas quais são as expectativas de
aprendizagem, os conteúdos previstos, e a forma de avaliação.
Criar espaços para que os participantes possam comunicar aos demais suas
experiências (organizando, por exemplo, um mural ou um caderno volante).
Funções dos professores capacitados
Ler antecipadamente os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
Participar de todas as atividades propostas.
Realizar as tarefas escritas e orais, além de participar dos debates e discussões
propostos.
Realizar a avaliação das atividades.
Propor ideias, modificações, debates etc.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGI/B
C
ARLOS
E
MÍLIO
F
AHACO
1 L
INGUAGENS
2 L
EITURA
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
M
ÓDULO
1
L
INGUAGENS
No mundo contemporâneo, marcado pelo apelo informativo imediato, a reflexão
sobre as linguagens e seus sistemas, que se mostram articulados por múltiplos
códigos, e sobre os processos e os procedimentos comunicativos é mais do que
uma necessidade: é uma garantia de participação ativa na vida social, a cidadania
desejada. (PCNEM, p. 126)
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Ampliar o conceito de gramática e aplicá-lo às diversas linguagens analisadas.
Criar condições de planejar trabalhos interdisciplinares estruturados a partir do conceito
de linguagem.
Diversificar os tipos de linguagem com os quais se trabalha.
Privilegiar as relações entre linguagens, sem se ater exclusivamente aos conteúdos por
elas veiculados.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar e analisar semelhanças e diferenças entre linguagem verbal e linguagens
não-verbais;
identificar os fatores determinantes da interlocução em situações que empregam as
linguagens verbal e não-verbal, isoladamente ou combinadas com outras linguagens;
analisar a arte como resultado do uso estético intencional que se faz das lingua-
gens, mas não dissociada das outras esferas do conhecimento;
compreender os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de ex-
pressão, comunicação e organização cognitiva da realidade;
analisar a sintaxe da linguagem predominante na própria disciplina e sua interface
com a sintaxe de outras linguagens.
Conceitos_____________________________________________________________________
Cultura. Contexto.
Linguagem. Arte
Língua. Interdisciplinaridade.
Sintaxe.
Materiais necessários___________________________________________________________
Filme da série "Ensino Legal": Caderno, lápis e caneta.
Linguaqem do mundo, do dia
11/11/99, sem o debate. A
nexos
do
Modulo
1
da
area
Linguagens, Códigos e suas
Televisor e videocassete. Tecnologias.
Lousa e giz. PCNEM.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Exiba o vídeo Linguagem do mundo, excluindo a parte do debate.
Em seguida, forneça ao grupo a letra do rap que dá início ao filme (Anexo 1, página
23). Volte a fita até esse ponto e deixe o grupo ouvir a música de novo,
acompanhando com a leitura da letra.
Estimule os comentários livres dos professores durante 15 minutos, ou pelo tempo
que achar conveniente.
Desenhe então na lousa este quadro:
Peça para os professores sugerirem outros verbos que igualmente descrevam ações
cuja realização depende de linguagens. Deixe a lista na lousa, para retomá-la adiante.
Divida a turma em grupos de três professores de diferentes disciplinas; forneça a
cada componente do grupo uma cópia do Anexo 2 (páginas 23-24).
Diga para cada grupo escolher um dos três textos e 'traduzi-lo' para outra linguagem,
diferente daquela em que o objeto está originalmente. Feito isso, o grupo deverá:
a. identificar nesse trabalho um objetivo que seja comum às disciplinas da área;
b. justificar a escolha da linguagem que sugerir, levando em conta esse objetivo;
c. explicar detalhadamente como se fará a transposição de uma linguagem para ou
tra;
d. identificar quais das seguintes competências seriam necessárias para a efetiva rea
lização do trabalho: pesquisar; selecionar informações; analisar; sintetizar; argu
mentar; negociar significados; cooperar.
Apresente o seguinte conceito dos PCNEM:
A Linguagem, pela sua natureza, é transdisciplinar, não menos quando é enfocada
como objeto de estudo, e exige dos professores essa perspectiva em situação
didática. (p. 125)
Organize uma discussão coletiva. Um representante de cada grupo explica sua
'tradução', identificando de que forma planejou mobilizar as competências gerais
relacionadas no item 'd' anterior. Os participantes dos demais grupos analisam e
comentam as atividades propostas, avaliando principalmente se elas contemplam o
conceito de linguagem exposto acima.
Diga para grifarem os dois últimos versos da letra do rap; estimule todos os
professores a comentarem sua própria interpretação da expressão 'linguagem
do mundo'. Vá resumindo na lousa as diferentes opiniões.
Se ninguém se lembrar, introduza você mesmo a ideia de
linguagem digital.
Para encerrar a atividade, retome os versos "Eu queria que a escola I entendes-
se essa mensagem", dizendo para cada professor contar como os entendeu,
dentro do espírito dos PCNEM. Essa etapa pode se resumir a exposição oral.
Conceitos: linguagem; língua; tradução entre linguagens.
Competências: conceituar; comparar; opinar sobre diferentes linguagens.
Atividade 2
Reapresente o segmento do vídeo em que o músico Hermelino Nader dá seu
depoimento. Entregue aos professores o Anexo 3 (página 25) e peça para iden-
tificarem, na definição do verbete 'dicionário', o significado que se refere exclu-
sivamente à língua e o que diz respeito às linguagens, de modo geral.
Abrindo mais o debate, diga para cada professor dar um exemplo, extraído do
'dicionário' da linguagem utilizada predominantemente em sua disciplina, para
a resolução de problemas. Solicite também uma 'regra gramatical' dessa lingua-
gem e registre os exemplos na lousa.
Se achar necessário, exemplifique o conceito de 'resolução de
problemas'. Você pode mencionar: construir um triângulo
equilátero, escrever um resumo, fazer levantamento de uma bola
numa partida de vôlei etc.
Escreva na lousa, dentro de um retângulo, esta frase:
Cada linguagem tem componentes próprios e uma sintaxe própria.
Diga para os professores relacionarem essa afirmativa com este trecho dos PCNEM:
A linguagem permeia o conhecimento e as formas de conhecer, os pensamentos
e as formas de pensar, a comunicação e os modos de comunicar, a ação e os
modos de agir. (p. 125)
Para encerrar, peça para cada professor explicar de que modo a escola em que
atua tem trabalhado visando à construção da seguinte competência que consta
dos PCNEM:
Articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus códi-
gos, (p. 135)
Conceitos: contexto; linguagem e produção de sentido; transdisciplina-
ridade.
Competências: conceituar linguagem e língua; comparar linguagens;
analisar e interpretar recursos expressivos das linguagens, relacionando-
os a seus contextos; articular redes de semelhanças entre as gramáticas
de duas ou mais linguagens.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Atividade 3
Reapresente a sequência do vídeo em que o músico Luís Eduardo Macedo mostra
três possibilidades de sonorizar 'o beijo de Valentino'. Comente com o grupo o fato de
o músico, ao analisar um problema de sua profissão (sonorizar uma sequência de
imagens), achar três maneiras distintas de resolvê-lo. Proponha aos professores que
cada um decida qual solução considera mais adequada, justificando sua escolha.
Discuta os depoimentos e consulte os participantes a respeito da dificuldade que
encontraram para formular uma justificativa. Se achar que é o caso, analise com o
grupo o motivo da dificuldade.
Para comentar as possíveis dificuldades, recorra à fala do próprio Nader, na
sequência do vídeo. O músico afirma que a falta de significado do signo
musical permite atribuir a uma música significados diversos, o que não
acontece em outras linguagens. Como há professores de diferentes
disciplinas, convém explicar-lhes que os signos apresentam duas faces: o
significante (parte material) e o significado (a ideia). Assim, na palavra 'casa',
o significante é o conjunto de sons/letras que constituem a palavra; o
significado é o conceito de casa.
Forneça aos professores o Anexo 4 (páginas 25-27) e proponha que procurem
identificar quais dos quatro textos podem ser traduzidos para a linguagem verbal.
Estimule os comentários e procure levar o grupo a explicar as diferenças entre a
língua e as demais linguagens. Discuta esta recomendação dos PCNEM a respeito do
trabalho com linguagens:
Comparar os recursos expressivos intrínsecos a cada manifestação da linguagem
e as razões das escolhas, sempre que isso for possível, permite aos alunos saber
diferenciá-los e inter-relacioná-los. (p. 129)
Conceitos: arbitrariedade do signo; signo linguístico e signo musical.
Competências: analisar relações entre linguagens; identificar finalidades de
atos de linguagem.
Atividade 4 ____________________________________________________________
Distribua o Anexo 5 (página 27) para os professores lerem, levando em conta o
objetivo explícito do narrador: retomar seu passado por meio da escrita, na tentativa
de encontrar os motivos e os sentidos de suas ações. Registre a síntese das
respostas.
Peça para o grupo comentar, considerando a síntese registrada, o seguinte trecho
dos PCNEM:
A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção de sentido, (p. 125)
Chame mais uma vez a atenção dos professores para a diferença
conceituai entre linguagem e língua.
A seguir, solicite que cada um responda, por escrito, à seguinte pergunta:
Em sua disciplina, quando o aluno escreve um texto, seja de que tipo
for, estará sempre procurando 'produzir sentido'?
Diga para alguns participantes lerem suas respostas.
Atividade 5 ______________________________________________________
Reapresente o trecho do vídeo que contém este depoimento do músico Luís
Eduardo Macedo: "[A linguagem digital] hoje é um recurso fundamental para
você conseguir, pelo menos na fase da composição, um resultado rápido [...]."
Apresente esta competência formulada nos PCNEM:
Compreender conceitos computacionais que facilitem a incorporação de ferra-
mentas específicas nas atividades profissionais, (p. 189)
Sugira que cada professor comente situações de sua disciplina em que se possa
usar a informática como ferramenta para criar e utilizar novas estratégias de cons-
trução de conhecimento. Registre a síntese na lousa.
Leve os professores a analisar a síntese, de modo a identificar as interfaces entre
as disciplinas.
Para encerrar, promova a comparação oral dos dois textos do Anexo 6 (páginas 27-
28), enfatizando a utilização do e-mail, um dos serviços fundamentais da internet.
Conceitos: linguagem digital; ferramenta.
Competências: estabelecer relações entre linguagens; dimensionar cor-
retamente a importância da tecnologia.
Atividade 6 ______________________________________________________
Distribua cópias do Anexos 7 (páginas 28-29) para os grupos fazerem leitura
compartilhada.
Na leitura do Texto 2, peça ao professor de Língua Estrangeira Moderna (caso
na escola seja adotada a língua inglesa) para ajudar a resolver os eventuais pro-
blemas de compreensão.
Se nenhum participante comentar, chame a atenção para o fato de
que o observador estrangeiro se equivoca, ao atribuir o gesto da
expressão de 'é daqui' exclusivamente à apreciação de comida.
Os Textos 1 e 2 foram escritos por um observador estrangeiro. Leve o grupo a
comentá-los, com base no Texto 4, e fazer uma síntese dos comentários.
Em seguida, proponha aos professores que, oralmente, relacionem os Textos 1
e 2 com os segmentos dos PCNEM transcritos no Anexo. Peça para darem exem-
plos de fatos característicos de nossa realidade cultural nos quais a linguagem
gestual desempenha um papel importante.
Conceitos: arbitrariedade dos sistemas de comunicação; linguagem como
identidade social e individual.
Competências: analisar; sintetizar.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Atividade 7
Apresente este trecho dos PCNEM:
Não há linguagem no vazio, seu grande objetivo é a interação, a comunicação
com um outro, dentro de um espaço social [...]. (p. 125)
A seguir, forneça o Anexo 8 (páginas 29-30) para os grupos realizarem leitura
compartilhada.
Terminada a leitura, proponha que os professores, recorrendo aos textos do
Anexo 8 e empregando a linguagem trabalhada prioritariamente para a resolu
ção de problemas em sua disciplina, formulem este ato de linguagem:
Descrever um canguru para uma criança de 9 anos, alfabetizada, que
nunca viu um animal desses, nem sua representação.
Deixe alguns professores exporem sua solução para o problema. Coloque então
a seguinte questão para analisarem:
Nas atividades escolares, o aluno é sempre informado sobre quem será
o interlocutor de seu ato de linguagem?
Retome a afirmativa que deu início ao trabalho (PCNEM, p. 125), levando o
grupo a relembrá-la:
Não há linguagem no vazio, seu grande objetivo é a interação, a comunicação
com um outro, dentro de um espaço social [...].
E encaminhe a análise do seguinte comentário: "A atividade que acabamos de realizar
não faria sentido em uma escola australiana; mas a crónica de Millôr Fernandes
encontraria interlocutores interessados mesmo naquele contexto."
Conceitos: níveis de linguagem; contexto; interlocução.
Competências: produzir ato de linguagem para interlocutor predeterminado;
identificar elementos do circuito da interlocução e identificar a interferência
desses elementos na elaboração da linguagem.
Atividade 8
Distribua o Anexo 9 (páginas 30-32) para os professores lerem em grupos e
comentarem livremente entre si os Textos 1 a 5. *
Peça para relacionarem esses textos com os trechos dos PCNEM transcritos nç Texto
6. Para orientar a tarefa, sugira aos participantes que:
analisem a linguagem especificamente como dado cultural que regula a percepção
individual de mundo;
ampliem os exemplos dos textos lidos, incluindo situações típicas de sua região ou
comunidade.
HIHH^IHflHHHiHHI^HH IHHH^HHHHHi^HI^HH
Conceitos: arbitrariedade de signos não-verbais; linguagem como construção
social.
Competências: as especificadas nas atividades anteriores.
Atividade 9 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 10 (página 32) e apresente a seguinte situação:
Em certa escola, Língua Portuguesa e Arte, com a assessoria de
Informática, resolveram desenvolver a atividade descrita no Anexo.
Havia uma exigência fundamental: não utilizar linguagem verbal.
Dê um tempo para lerem o texto e explique depois como foi desenvolvida a
atividade comentada no Anexo:
a. Em conversa com os alunos, o professor de Língua Portuguesa analisou alguns
aspectos fundamentais do livro, como estes:
herói (Macunaíma) versus gigante (Piaimã): o nacional versus o estrangeiro;
Macunaíma como símbolo da mistura/fusão de raças;
a norma culta do português versus a norma coloquial.
b. O professor de Arte sugeriu várias possibilidades de montagem para o trabalho,
entre elas a realização de um videogame sem palavras. Alguns alunos do grupo que
escolheu esta última alternativa conheciam linguagem digital, embora precisassem
de supervisão para realizar a tarefa.
c. O professor responsável por Informática supervisionou o trabalho. Do plano à
execução, o projeto mobilizou as seguintes competências:
pesquisar as grandes metáforas do texto;
interpretar a obra lida;
negociar os significados com o grupo;
analisar os elementos estruturais de cada metáfora e seu alcance conotativo;
identificar a linguagem da informática mais adequada para a tradução visual
do texto, não só em sua morfologia como em sua sintaxe;
selecionar os recursos que permitissem processar digitalmente o enredo pro-
posto.
Dada a explicação, peça para os professores avaliarem a atividade desenvolvida
de acordo com a aquisição/mobilização das seguintes competências apresenta
das nos PCNEM:
Entender a natureza das tecnologias da informação como integração de diferen-
tes meios de comunicação, linguagens e códigos, bem como a função integradora
que elas exercem na sua relação com as demais tecnologias, (p. 135)
Construir, mediante experiências práticas, protótipos [...] em diferentes áreas, liga-
das à realidade do estudante, utilizando-se para isso conhecimentos
interdisciplinares, (p. 186)
.'..:. >. .. ;•'. /;'■■■•• .-..•.. .•
Conceitos: conteúdo; competência/habilidade; linguagem/língua; sintaxe;
linguagem digital.
Competências: identificar especificidades de diferentes linguagens; analisar
projetos pedagógicos; identificar competências relacionadas à tradução
intersemiótica; refletir sobre o conceito de transdisciplinaridade.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Atividade 10
Discuta com o grupo os passos da atividade apresentada no Anexo 11 (página 33).
Quando as pessoas não sabem utilizar adequadamente as linguagens, correm o riscc de que
outros decidam se manifestar por elas.
Glossário
rap [Ingl., acrôn. do ingl. rhythm and poetry] S. m. Mus. 1. Tipo de música
popular, urbana, de origem negra, com ritmo muito marcado e melodia sim-
ples, pouco elaborada. (Dicionário Aurélio).
verso Cada uma das linhas de um poema.
linguagem Todo sistema de signos que serve de meio de comunicação entre
indivíduos e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, o que leva
a distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, uma linguagem
tátil etc, ou, ainda, outras mais complexas, constituídas, ao mesmo tempo, de
elementos diversos. (Dicionário Aurélio).
língua Uma das linguagens, aquela que se vale das palavras.
Consulte também
DAVIS, Flora. A comunicação não-verbal. São Paulo, Summus, 1979.
A autora faz uma síntese das teorias dos pesquisadores da comunicação não-verbal
até aquela época. Capítulos como "O corpo é a mensagem", "O que dizem os olhos" e
"Comunicação pelo tato" certamente serão enriquecedores para os professores da
área.
RECTOR, Mónica & TRINTA, Aluízio R. Comunicação não-verbal: a gestualidade
brasileira. 2. ed., Petrópolis, Vozes, 1986.
A filosofia da linguagem e a semântica - aqui extrapolando o limite da língua -servem
de apoio teórico para os estudos dos gestos. O capítulo VII do livro traz um sistema
classificatório de gestos.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Texto 1 ____________________________________
Eu sei cantar / eu sei dançar
Eu sei desenhar / e até representar
Eu uso meu rap / pra me comunicar
Vou dizer o que penso / e você vai me escutar
Rimar poesia e logaritmo / colocar filosofia dentro do ritmo
Calcular a melodia / batucar com a ciência
Cantar a geografia / com inteligência
A gramática e o samba / a anatomia e o prazer
A genética e a arte / tudo isso tem a ver
Eu queria que a escola / entendesse essa mensagem
Essa é a minha língua / essa é minha linguagem
Eu tenho muito [o] que dizer / eu tenho muito [o] que escutar
A escola, eu e o mundo / vamos nos comunicar
O Ensino Legal sabe que no fundo
É preciso falar / a linguagem do mundo
Letra do rap tocado no vídeo Linguagem do mundo, da
série "Ensino Legal" da TV Escola?
ANEXO 2
Texto 1
Milton Dacosta. Menina e
borboleta, s/d.
I LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Anexo 2
Texto 2 ____________________________________
Que tem dono a terra? Como assim? Como se há de vender? Como se há de
comprar? Se ela não nos pertence... Nós somos dela. Seus filhos somos. As-
sim sempre, sempre. Terra viva. Como cria os vermes, assim nos cria. Tem
ossos e sangue. Tem leite, e nos dá de mamar. Tem cabelos, pasto, palha,
árvores. Ela sabe parir batatas. Faz nascer casas. Gente faz nascer. Ela cuida
de nós e nós cuidamos dela. Ela bebe chicha, aceita nosso convite. Filhos
seus somos. Como há de vender-se? Como há de comprá-la?
Eduardo Galeano, Nascimentos - Memórias do fogo (I). Trad. Eric
Nepomuceno. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983, p. 263.
Texto 3
Caulos,
S
ó
d
ó
i quando eu respiro.
Porto Alegre, L&PM, 1976.
Anexo 3
Texto 1_____________________________________
dicionário [Do lat. med. dictionariu.] S. m. 1. Conjunto de
vocábulos duma língua ou de termos próprios duma ciência ou
arte, dispostos, em geral, alfabeticamente, e com o respectivo
significado, ou a sua versão em outra língua. 2. Obra ou livro que
os consigna. [Sin. (pop.) nesta acepç.: desman-cha-dúvidas, pai-
dos-burros, tira-teimas.] [...]
dicionário de dados Inform. 1. Documento originado no pro-jeto
conceituai de um sistema de informações, e que define nomes,
significados, domínios e outras características específicas dos
itens que constituirão o banco de dados do sistema.
Novo Aurélio - Século XXI. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.
Texto 2 ____________________________________
A língua tem um parentesco muito grande com a música porque ambas são feitas
de sons. Pra gente poder falar, os fonemas e as palavras foram selecionados
pela humanidade no curso dos anos. Do mesmo jeito, os sons musicais foram
selecionados também. [...] Foi criada uma linguagem. Então, da mesma maneira
que você tem um dicionário da língua, você tem um dicionário da música; e da
mesma maneira que você tem uma gramática [para a língua], na música o estudo
da harmonia, do contraponto, também dizem pra gente como usar os sons [...]. A
música é uma linguagem explicável [...].
Fragmentos da fala do músico e professor Hermelino Nader, no
vídeo Linguagem do mundo, da série "Ensino Legal".
Anexo 4
Texto 1
Anexo 4
Texto 2
Texto 3
| LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
As 80 melhores piadas do Zé Carioca.
São Paulo, Editora Abril, fev/1988, pp. 30-1.
Anexo 4
Texto 4
In Mónica Rector & Aluizio
R. Trinta, Comunicação
nào-verbal: a gestualidade
brasileira. 2. ed. Petrópolis,
Vozes, 1985, p. 158.
Anexo 5
Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém, digamos
os motivos que me põem a pena na mão. [...] O meu fim evidente era atar as duas
pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência.
Machado de Assis, Dom Casmurro.
Rio de Janeiro, Aguilar, 1985, vol. 1, p. 810.
Anexo 6
Texto 1 ____________________________________
Descobertas humanas foram pensadas para o homem e assim devem ser
entendidas. Os sistemas tecnológicos, na sociedade contemporânea, fazem
parte do mundo produtivo e da prática social de todos os cidadãos (...) uma
vez que criam formas de organização e transformação de processos e
procedimentos. (PCNEM, p. 26)
| LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Anexo 6
Texto 2 ____________________________________
O pensador italiano Norberto Bobbio, em seu último livro publicado no Brasil (O
tempo da memória), afirma que se irrita em falar ao telefone. Bobbio cita outro
italiano, Guido Ceronetti, que escreveu: "Sempre que posso [...] faço apaixonada
apologia de escrever cartas entre seres pensantes, ainda não embrutecidos, que
se comunicam apenas pelo telefone, ou então por fax ou telefone celular. [...] O
homem que pensa de
verdade escreve cartas aos amigos".
Veja, 25/6/1997.
Anexo 7
Texto 1 ____________________________________
Em termos de linguagem do corpo, ninguém bate os italianos em número de
gestos. Eu tenho um livro com aproximadamente cinquenta gestos diferentes, e
olha que isso não inclui a categoria dos gestos obscenos. Mas os brasileiros não
estão muito atrás. Experimente ver os noticiários brasileiros de televisão... eles
não conseguem falar sem usar as mãos.
http://www.maria-brazil.org/gestures
Texto 2 ____________________________________
Brazilian Body Language
Enthusiastic or Sympathetic
Delicious
Here's a cute one. Tug at your earlobe like this when you think something is
delicious. Usually accompanied by the expression "é daqui!". Normally used only
with food.
OK
Thumb up: means OK, cool, positive, good-luck, like the American expression
"thumbs up!", accompanied by the words "legal", "jóia", or whatever slang of the
moment to signify your approval or enthusiasm. Whatever you do, DO NOT do
the American OK sign... it's VERY dose to an extremely obscene.
Anexo 7
Texto 3 ____________________________________
A estrutura simbólica da comunicação visual e/ou gestual, como da ver-
bal, constitui sistemas arbitrários de sentido e comunicação. A organiza-
ção do espaço social, as ações dos agentes coletivos, normas, os costu-
mes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influenciados
na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da cultura e da
comunicação social. (PCNEM, p. 15)
Texto 4 ____________________________________
A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, normas,
os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influ-
enciados na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da
cultura e da comunicação social. (PCNEM, p. 14)
Anexo 8
Texto 1 ____________________________________
canguru Zool. 1. Mamífero marsupial, de que há mais de uma
espécie, da Austrália, Tasmânia, etc, e cujas pernas traseiras são
fortemente desenvolvidas, o que lhe permite dar grandes saltos.
S. m. Zool.
Novo Aurélio - Século XXI.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.
Texto 2 ____________________________________
canguru: Zool. S. m. (de alguma língua australiana, via ingl ant
kangooroó) Marsupial herbívoro da família dos Macropodídeos,
que só ocorre na região australiana; os cangurus apresentam as
pernas posteriores, os pés e a cauda muito desenvolvidos, o que
lhes faculta a locomoção aos saltos.
Dicionário Michaelis.
São Paulo, Melhoramentos, 1998.
Texto 3 ____________________________________
Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua nativa australiana e
quer dizer, Eu Não Sei. Segundo a lenda, o Capitão Cook, explorador da Austrá-
lia, ao ver aquele estranho animal dando saltos de mais de dois metros de altu-
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Anexo 8
ra, perguntou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu, em
guugu yimidhirr, língua local, Gan-guruu, "Eu não Sei". Desconfiado que sou
dessas divertidas origens, pesquisei em alguns dicionários etimológicos. Em ne-
nhum dicionário se fala nisso. Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia - numa outra
versão. Definição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge:
Kangaroo; wallaby
As palavras kanga e walla, significando saltar ou pular, são acompanhadas
pelos sufixos roo e by, dois sons aborígines da Austrália, significando
quadrúpedes.
Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes saltadores.
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável linguista e grande
amigo de Aurélio Buarque de Holanda, Paulo gostou de saber da origem "real"
do nome canguru. Mas acrescentou: "Que pena. A outra versão é muito mais
bonitinha". Também acho.
Millôr Fernandes, 26/2/1999, in
http://www.gravata.com/millor
Anexo 9
Texto 1 ____________________________________
[...] aos nossos gestos de afirmação e negação (comuns a muitos povos, e em
geral a toda a Europa) correspondem entre os turcos precisamente as
significações contrárias (abanar a cabeça lateralmente significa "sim", abaná-la
para cima e para baixo significa "não") [...]
José G. Herculano de Carvalho, Teoria da linguagem.
Coimbra, Atlântida, 1967, Tomo I, p. 67.
Texto 2____________________________________
[...] assim como se diz do esquimó que não tem uma palavra única para neve,
mas muitas palavras diferentes para muitos tipos de neve, parece que a maioria
das línguas australianas não tem uma palavra que significa "areia", mas diversas
palavras que denotam vários tipos de areia. A razão para isso é suficientemente
óbvia em cada caso. A diferença entre um tipo e outro de neve ou areia é de
grande importância na vida diária de um esquimó, por um lado, e do aborígine
australiano, por outro.
John Lyons, Linguagem e linguistica - Uma introdução. Rio
de Janeiro, Zahar, 1982, p. 277.
Anexo 9
Texto 3____________________________________
Mal sarou da ferida o potro foi pegado; corcoveou, berrou; quebraram-lhe a boca
a tirões, dividiram-lhe a barriga com a chincha; quis planchar-se, e la-nharam-lhe
a barriga com a chincha; quis planchar-se, e lanharam-lhe as virilhas a rebenque
e as paletas a roseta de espora. Tiraram-lhe as cócegas... Ficou redomão.
J. Simões Lopes Neto, Contos gauchescos.
Porto Alegre, Globo, 1976, p. 124.
Texto 4____________________________________
Em lana, idioma dos índios da Califórnia, os homens falam uma língua diferente
da falada pelas mulheres. E não se espantem, porque, aqui no Brasil, temos uma
tribo que realiza a mesma façanha.
Pedro Bloch, "Linguistica", m Histórias de gente.
Rio de Janeiro, Ediouro, s/d, pp. 166-67.
Texto 5_____________________________________
Provérbios em português e equivalentes em inglês, seguidos da tradução literal:
"Mais vale um pássaro na mão do que dois voando." "Better an egg today than
a hen tomorrow." (É melhor um ovo hoje do que uma galinha amanhã).
"De pensar morreu um burro."
"Care killed a cat." (A preocupação matou um gato).
"Não dê murro em ponta de faca."
"Do not kick against the pricks." (Não dê chute em pontas).
"Onde o galo canta, ali janta."
"The goat must browe where she is tied." (A cabra pasta onde está amarrada).
Martha Steinberg, 1001 provérbios em contraste.
São Paulo, Ática, 1985.
| LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 1
Anexo 9
Texto 6 ____________________________________
Trechos dos PCNEM
[A linguagem é] produto humano e social que organiza e ordena de
forma articulada os dados das experiências comuns aos membros de
determinada comunidade linguística, (p. 14)
A linguagem é uma herança social, uma "realidade primeira", que, uma
vez assimilada, envolve os indivíduos e faz com que as estruturas mentais,
emocionais e perceptivas sejam reguladas pelo seu simbolismo, (p. 14)
[Competência] Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua
materna, geradora de significação e integradora da organização de mun-
do e da própria identidade, (p. 23)
Escolheu-se a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, que havia sido lida na
íntegra pelos alunos. Como se sabe, uma das características da personagem é
querer praticar sexo com todas as mulheres ("cunhas") que conhece. Em sua
passagem por São Paulo, onde desafia o gigante Piaimã, Macunaíma morre
duas vezes e ressuscita graças às pajelanças do irmão.
O videogame, montado a partir daquela característica da personagem
e do confronto com Piaimã, propunha sete vidas para cada uma das perso-
nagens do jogo. O jogador A e o jogador B, munidos de joysticks, assumiam
o papel de Macunaíma e do gigante, respectivamente. Cada vez que o herói
era atingido por um dos cocos atirados sobre sua cabeça pelo gigante,
Macunaíma perdia uma vida e o jogador B ganhava um ponto e vice-versa.
Quando o herói conseguia livrar-se dos cocos atirados pelo gigante, além de
sobreviver era "recompensado" com a aproximação de uma cunha. Cada
final de lance em que Macunaíma saía ileso era acompanhado de música
apropriada. Ganhava o jogo quem primeiro completasse os sete pontos.
Esse trabalho foi realizado por alunos do antigo 3
g
colegial da Escola N.S. das Graças, de São Paulo.
Na época não havia estudo sistematizado de Informática e o grupo responsável pelo trabalho
recebeu orientação do professor de Matemática, que conhecia linguagem digital.
Anexo 11
Sugestão para organizar um plano de atividade
Ao escolher o tema do trabalho, o grupo poderá se valer das sugestões fornecidas,
mas o ideal é que eleja alguma manifestação que esteja relacionada com a cultura de
sua região.
Sugestões de tema: carnaval, bumba-meu-boi, festas juninas, procissões, folia
de Reis, cerimónias da cultura indígena, festas de imigrantes.
Competências
A competência mais ampla a que se atém o trabalho se define naturalmente na
proposta: "Articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus
códigos". Além desta, o trabalho deve privilegiar a aquisição ou mobilização de duas
das seguintes competências elencadas nos PCNEM:
Respeitar e preservar as diferentes manifestações da linguagem utilizadas
por diferentes grupos sociais, em suas esferas de socialização; usufruir do
património nacional e internacional, com suas diferentes visões de mundo;
e construir categorias de diferenciação, apreciação e criação.
Utilizar-se das linguagens como meio de expressão, informação e comunica-
ção em situações intersubjetivas. que exijam graus de distanciamento e re-
flexão sobre os contextos e estatutos de interlocutores; e saber colocar-se
como protagonista no processo de produção/recepção.
Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de
significação e integradora da organização de mundo e da própria identidade.
Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no traba-
lho e em outros contextos relevantes para a sua vida.
Recuperar, pelo estudo, as formas instituídas de construção do imaginário
coletivo, o património representativo da cultura e as classificações preserva-
das e divulgadas, no eixo temporal e espacial.
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como
meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significa-
dos, expressão, comunicação e informação.
Descrição detalhada
1. Indicação de fontes de pesquisa para os alunos.
2. Educadores responsáveis pelo trabalho.
3. Material necessário.
4. Linguagens que serão empregadas.
5. Público a que se destina a apresentação.
6. Fases do trabalho.
7. Tempo necessário para cada fase do trabalho.
Avaliação
1. Representantes dos segmentos que participariam da avaliação.
2. Critérios.
3. Nomeação do professor encarregado de "traduzir" para os leigos (se houver)
os critérios da avaliação, que deverão, necessariamente, estar relacionados
com as competências mobilizadas ou adquiridas no processo.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
M
ÓDULO
2
L
EITURA
Uma resposta para a pergunta "O que é ler?" envolve um trajeto de
investigação cuidadoso e lento, pois exige uma série de reflexões de caráter
interdisciplinar.
Ezequiel Theodoro da Silva, O ato de ler. 7.
ed. São Paulo, Cortez, 1996, p. 9.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo
Ampliar os conceitos de texto e leitura.
Diversificar a tipologia textual a ser trabalhada em aula.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
compreender os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de or-
ganização cognitiva da realidade;
identificar e analisar os mecanismos de processamento textual comuns às diversas
disciplinas da área;
articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus códigos;
identificar objetos comuns a outras áreas, selecioná-los como material de estudo e
propor leituras integradas desses objetos;
compreender a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação
e integradora da organização de mundo e da própria identidade;
entender os princípios da Informática, analisando sobretudo estes aspectos:
- surgimento de uma maneira específica de ler e de buscar respostas
- surgimento de um novo veículo para a busca e a aquisição de informação e
para a construção do conhecimento, considerando que se trata de duas
diferentes competências
- necessidade de desenvolver novas habilidades de seleção e de armazenamento
de informações
Conceitos _________________________________________________________
Texto.
Contexto.
Leitura de mundo e leitura de texto.
Níveis de leitura.
Intertextualidade.
Informação (aquisição).
Conhecimento (construção).
Materiais necessários_______________________________________________
Lousa e giz.
Papel, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 2 da área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Distribua o Anexo 1 (página 42) para uma leitura silenciosa do texto.
Converse com o grupo, procurando saber qual foi a impressão causada pelo
texto naqueles que o leram pela primeira vez. Vá registrando na lousa um resu-
mo dos comentários.
Discuta essas impressões, levando os professores a tentar identificar o momen-
to em que perceberam a estrutura do código usado para moldar o texto. (Os
que já conheciam esse texto não precisam responder.)
Apesar da desorganização intencional do texto, é possível reconhecer a língua
portuguesa na brincadeira verbal de Millôr Fernandes. Peça para os professores
analisarem essa situação e relacionarem com esta competência proposta nos
PCNEM:
Compreender e usar a Língua Portuguesa como língua materna, geradora de signi-
ficação e integradora da organização de mundo e da própria identidade, (p. 131)
Conceitos: código; competência linguística.
Competências: identificar o funcionamento de um código;
relacionar códigos.
Atividade 2
Distribua o Anexo 2 (páginas 42-43) e peça para fazerem a leitura individual e
silenciosa dos textos.
Pergunte aos professores quais dificuldades encontraram para ler os textos. São
dificuldades comparáveis às oferecidas pelo texto de Millôr Fernandes ("O
macorvo e o caco")?
Encaminhe a análise da questão de Física (Texto 3), pedindo para um professor
de Português ler o texto em voz alta. Mostre como o texto foi decodificado e
levante uma questão:
A mera decodificação garante a compreensão de um texto?
Coloque em discussão o conceito de competência linguística e registre na
lousa a síntese das conclusões.
Copie na lousa a seguinte afirmativa, para promover o debate (trata-se de uma
adaptação de um texto da página 131 dos PCNEM):
Não existe uma competência de leitura abstrata, mas sim delimitada pelas condi-
ções de produção/interpretação dos enunciados, determinados pelos contextos
de uso da linguagem.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Conceitos: competência linguística; competências específicas de deter-
minadas áreas do conhecimento.
Competência: contextualizar e analisar diferentes tipos de competência para
leitura.
Atividade 3 ______________________________________________________
Distribua cópias do Anexo 3 (páginas 44-45) para os professores fazerem leitura
compartilhada.
Coloque a seguinte questão:
O conhecimento prévio do género e do tipo em que se enquadra o
Texto 7 (narrativo-fábula) permite que o leitor crie expectativas já
no início da leitura. Por que ocorre a ruptura dessa expectativa no
texto lido?
Diga então para relerem o Texto 2 e questione:
É licito ao leitor esperar que esse texto se encerre com uma 'moral'?
Por quê?
A seguir, relate oralmente a seguinte situação:
Um professor de Educação Física apresentou para seus alunos, sem
qualquer explicação prévia, um vídeo que mostrava uma partida
de rúgbi. Os alunos não conheciam as regras desse esporte. Na
primeira cena em que o jogador conseguiu jogar a bola acima da
trave em forma de H, um aluno gritou: "Gol!".
Peça para relacionarem essa situação com o Texto 3 do Anexo, considerando o
vocábulo 'texto' no sentido amplo.
Para encerrar essa atividade, promova um debate em torno da questão:
Os conhecimentos discutidos até agora são adquiridos
predominantemente na escola, ou fora dela? Faça no quadro uma síntese
dos comentários.
Conceito: conhecimento dos géneros textuais.
Competência: identificar esse conhecimento e analisar sua importância
na leitura.
Atividade 4 ______________________________________________________
Faça a leitura da uma nova fábula, no Anexo 4 (página 45).
Peça para o grupo identificar, enumerar e analisar cada um dos conhecimentos
necessários para compreender e interpretar o Texto 1. Escreva a síntese na lousa.
Distribua a gravura do Texto 2, que ilustra a fábula, e pergunte:
A leitura dessa gravura depende de algum conhecimento adquirido
formalmente na escola? Essa leitura é possível para um indivíduo
não-alfabetizado?
Retome a síntese feita, propondo ao grupo que discuta a necessidade de acres-
centar algo.
Sugira que o professor de Educação Física forneça subsídios para o grupo discutir
as seguintes questões:
Há uma linguagem não-verbal, visualmente perceptível, que sustente as sequências
de uma partida de qualquer esporte?
Que arranjos (sintaxe) essa linguagem apresenta como norma em um determinado
esporte, como por exemplo o futebol?
A compreensão dessa linguagem depende da aquisição de algum conhecimento
prévio?
Se a resposta for afirmativa, que conhecimentos seriam esses?
Conceitos: todos os anteriores; leitura de texto não-verbal.
Competências: sintetizar; analisar a importância do conhecimento adquirido
informalmente.
Atividade 5
Distribua o Anexo 5 (página 46) para leitura compartilhada.
Terminada a leitura, peça para os professores analisarem a questão abaixo e
justificarem suas conclusões:
A leitura da fábula "O leão e o rato" terá, para um aluno de uma escola
de Cingapura, ou para um veneziano, a mesma conotação que tem
para um aluno brasileiro?
Relate depois a seguinte situação:
Dois garotos, um brasileiro e outro americano, ambos de 14 anos, sempre
estiveram, cada um em seu país, expostos à mídia por tempo equivalente. Os
dois assistiram à mesma partida de futebol. Entender a partida e ser capaz de
comentá-la e analisá-la são competências que pressupõem uma leitura
correta da mesma. Proponha então estas questões:
Os dois garotos farão leituras semelhantes da mesma partida? Por quê?
Compare essa situação com a anterior, em que foi feita a análise da leitura da
fábula "0 leão e o rato" por alunos de outras partes do mundo.
Faça a síntese oral das respostas e escreva este trecho dos PC NEM na lousa, para
ser discutido:
Toda linguagem carrega dentro de si uma visão de mundo, prenha de significados
e significações que vão além do seu aspecto formal, (p. 126)
Para encerrar a atividade, sugira aos professores que descrevam situações de
sala de aula em que a experiência de mundo dos alunos foi fundamental para a
leitura bem-sucedida de um texto.
Nunca é demais lembrar ao grupo os conceitos de texto e
leitura a dotados pelos PCNEM.
Conceitos: contexto; conhecimento de mundo; competência pragmática.
Competência: analisar o papel do contexto sociocultural nas diferentes
leituras de um mesmo objeto.
1
Atividade 6
Essa atividade propõe a desmontagem do quadro As vaidades da vida humana, do qual
são mostrados diferentes detalhes nos Anexos 6, 7 e 8 (páginas 46-47). 0 quadro comple-
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
to aparece no Anexo 9 (página 47).
Ao iniciar a atividade, não informe o título do quadro: restrinja-se
a mostrar cada recorte, um por vez. É importante que os
professores observem cada fragmento, sem ter ideia da pintura
completa.
Projete a transparência do Anexo 6 (página 46), ou entregue uma cópia da imagem
aos professores. Peça para identificarem o objeto e fazerem o registro individual,
por escrito, da conotação que atribuem àquela peça (a concha) isolada.
Peça para alguns professores lerem suas respostas e registre-as no quadro-de-giz.
Distribua (ou projete) a imagem do Anexo 7 (página 47) e repita o procedi-
mento.
Apresente então o Anexo 8 (página 47). Sugira aos professores que revejam
seus registros em relação aos dois outros fragmentos - pois agora, com um
recorte maior, os elementos estão parcialmente contextualizados. Quem achar
necessário alterar sua resposta anterior informa ao grupo o que fez.
Ao mostrar o Anexo 9 (página 47), diga o título do quadro, contribuindo para
que os professores pensem na obra inserida em um contexto.
A tela As vaidades da vida humana é de autoria do pintor
holandês Harmem Steenwyck, que nasceu em 1612 e morreu
após 1655.
Converse com a turma e proponha que alguns professores se ofereçam para
fazer uma interpretação oral da obra.
Veja se alguém tem algo a acrescentar ao que já foi escrito e discutido. Peça então
para fazerem uma interpretação do quadro, com atribuição de sentido ao todo.
Proponha um debate em torno do seguinte tópico:
Cada elemento do quadro tem seu valor conotativo regulado pelo contexto.
Esse passo da atividade pode ser oral, dispensando registro.
Conceito: contexto intratextual.
Competência: analisar um dos fatores contextuais como regulador da
leitura e da interpretação.
Atividade 7
Distribua o Anexo 10 (página 48).
Leve os professores de Língua Portuguesa, Língua Inglesa e Educação Física a
identificar a semelhança entre as situações propostas nos Textos 3, 4 e 5 (consi-
derando as definições dos Textos 1 e 2), e os quatro primeiros passos da Ativida-
de 6, que o grupo desenvolveu antes desta. Comente cada caso e faça uma
síntese das respostas, enfatizando mais uma vez a ideia de que cada segmento
de um ato de linguagem só tem significado no contexto em que está inserido.
Atividade 8______________________________________________________
Distribua o Anexo 11 (página 49) e volte a apresentar a reprodução integral da tela
As vaidades da vida humana, utilizada na Atividade 6. Leia o texto do Anexo 11 (ou
peça para um colega fazer a leitura) e abra um espaço para discuti-lo.
Lido e comentado o Anexo 11, retome as interpretações do quadro feitas pelo grupo
na Atividade 6. Encaminhe a reflexão e a discussão, no sentido de observar se a
leitura da obra adquiriu agora maior complexidade. Peça para os professores
justificarem suas posições.
Se todo o grupo - ou a maioria dele - concordar que a leitura da obra ganhou em
complexidade, proponha as reflexões abaixo. (Se a maior parte do grupo não
conseguir compreender esse aspecto, retome os conceitos de leitura e contexto antes
de prosseguir.)
Qual foi o tipo de conhecimento a que se recorreu predominantemente para que a
leitura se aprofundasse: o conhecimento informal, ou o formal?
Essa nova leitura do quadro depende também de pré-requisitos adquiridos formal-
mente na escola. Quais, em síntese?
Se achar adequado, leve os professores a consultar a listagem das
competências da área.
Após essa conversa, leve o grupo a analisar e discutir o trecho dos PCNEM
abaixo e faça uma síntese, de preferência na lousa.
O exame do caráter histórico e contextual de determinada manifestação da lin-
guagem pode permitir o entendimento das razões do uso, da valoração, da
representatividade, dos interesses sociais colocados em jogo, das escolhas de
atribuição de sentidos, ou seja, a consciência do poder constitutivo da lingua-
gem. (p. 127)
Conceito: leitura de texto não-verbal.
Competência: analisar a importância do conhecimento formalmente adquirido
para a leitura e a análise de textos, verbais ou não.
Atividade 9
Distribua o Anexo 12 (páginas 49-50) para os professores lerem.
Coloque uma questão para responderem:
Que conhecimentos extratextuais são necessários para uma leitura
satisfatória do Texto 1?
Proponha ao grupo a discussão desta afirmativa:
A leitura crítica do cartum (Texto 2), que implica um efeito humorístico,
exige o mesmo tipo de conhecimento ativado pela leitura do poema de
Oswald.
Coloque então uma pergunta para que respondam e justifiquem:
Um leitor que detenha a informação do Texto 3 desse Anexo fará, de
imediato, uma leitura mais crítica do Texto 7 e do cartum?
Anote este fragmento dos PCNEM para que releiam e discutam:
A proposição de trabalhos na área e a inter-relação entre as disciplinas podem
ocorrer sob a forma de estudo de determinados objetos comuns, presentes em
diferentes linguagens, (p. 129)
Para encerrar a atividade, sugira que um dos professores leia em voz alta o Texto
4, do Anexo 12. Exponha depois a seguinte situação:
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Um professor de Língua Portuguesa, que leciona em uma escola
brasileira na qual 100 por cento dos alunos são muçulmanos, resolve
trabalhar esse texto de Cecília Meireles. Quais as dificuldades
previsíveis dos alunos para compreender o texto?
Conceitos: conhecimento enciclopédico; intertextualidade.
Competências: analisar e interpretar os recursos expressivos da linguagem,
relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, a função e a
organização das manifestações, de acordo com as condições de produção e
recepção.
Atividade 10_______________________________________________________ __
Se houver tempo, proponha esta atividade. Em caso contrário, apenas distribua para o
grupo as cópias do Anexo 13.
Distribua cópias do Texto 1 do Anexo 13 (páginas 51-54).
Diga para observarem a tela da internet, chamando a atenção para a quantidade de
referências ao assunto 'fábula', considerando que a língua escolhida para a pesquisa
foi apenas a Língua Portuguesa. Sugira que discutam as eventuais semelhanças
dessa tela com o índice de um livro.
Com exceção do especialista em Informática, diga para os demais participantes
opinarem acerca da seguinte questão:
Que critérios o pesquisador pode utilizar para não se perder nessa
imensa quantidade de informações?
Após discutir as respostas, sugira que o professor de Informática dê sua opinião,
mais fundamentada.
Proponha aos participantes que façam a leitura compartilhada do item sublinhado no
Texto 2 ("O leitor virtual") e dê um tempo para que comentem livremente.
Em seguida, encaminhe a reflexão a respeito das duas questões abaixo, sugeridas
pelo texto, fazendo ao final uma síntese das respostas.
O tratamento informatizado das linguagens acaba por nivelá-las, mas apenas em
termos tecnológicos, pois, grosso modo, nenhuma perde sua especificidade, mes-
mo que mude o suporte. Então, em que sentido deve ser entendida a expressão
'linguagem universal', do início do texto?
Embora não altere a natureza de cada linguagem, a tradução digital instaura novas
maneiras de ler, interpretar 'fichários' e encontrar a informação que se deseja. Que
dificuldades essas operações de leitura podem apresentar para o aluno?
Retome os trechos abaixo dos PCNEM, referentes a competências, levando em
conta sobretudo os conceitos de articulação, linguagem e organização cognitiva.
Articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus códi-
gos, (p. 135)
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como mei-
os de organização cognitiva da realidade [...]. (p. 135)
Para encerrar, discuta com o grupo a seguinte questão:
Obter informações tomou-se, grosso modo, mais fácil e muito mais
rápido. A simples obtenção de informações garante a construção do
conhecimento?
Para orientar a discussão, leve em conta as duas afirmativas abaixo.
Pertencer a uma comunidade, hoje, é também estar em contato com o mundo
todo. (PCNEM, p. 130).
Um bom navegante não decora ondas, cada gota do mar, cada cabo ou cada
acidente geográfico, mas norteia-se por estrelas e mapas. (Carlos Seabra)
Quando há um interesse definido, o controle sobre para que e para onde se quer ir pertence
àquele que sabe escolher. (PCNEM, p. 131)
Glossário
conotação Sentido subjacente, às vezes de teor subjetivo, que uma palavra,
expressão ou signo pode apresentar paralelamente à acepção em que é empre-
gada rotineiramente. Opõe-se a denotação, o sentido comum, não-figurado de
uma palavra ou signo.
Baudelaire Poeta francês (1821-1867), considerado um dos mais importantes
do século 19.
evanescente De pouca duração; que desaparece logo.
signo Todo objeto, forma ou fenómeno que representa algo distinto de si mes-
mo: a cruz significando 'cristianismo' [...].
Novo Aurélio - Século XXI. Rio
de Janeiro, Nova Fronteira, 2000
virtualidade Qualidade daquilo que é virtual, ou seja, que existe como faculda-
de, porém sem exercício ou efeito atual.
isomorfia / isomorfismo 1. Alg. Correspondência biunívoca entre os elemen-
tos de dois grupos que preserva as operações de ambos. 2. Zool. Condição em
que indivíduos de espécies ou raças diferentes têm forma e aparência similar.
Novo Aurélio - Século XXI. Rio
de Janeiro, Nova Fronteira, 2000
Consulte também
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. Coleção "Primeiros Passos". São Paulo,
Brasiliense, 1982. Livro de leitura fácil e agradável, traz os conceitos básicos implícitos no
ato de ler texto e mundo. Leitura obrigatória para profissionais da educação, de
qualquer disciplina.
PERROTI, Edmir. Confinamento cultural, infância e leitura. São Paulo, Summus, 1990.
O autor analisa sobretudo a chamada 'crise' da leitura, identificando e analisando
causas de diversas ordens, sobretudo as relacionadas às políticas de promoção da
leitura. Embora trate sobretudo da leitura de textos, o livro estimula o educador a
refletir a respeito das leituras em geral.
ZILBERMAN, Regina & THEODORO DA SILVA, Ezequiel (org.) Leitura - perspectivas
interdisciplinares. Série "Fundamentos". São Paulo, Ática, 1988.
Diversos autores com larga experiência no magistério superior analisam a
interdisciplinaridade da leitura.
Para encerrar, recolha os Anexos.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 1
O macorvo e o caco
Andesta na florando um enaco macorme avistorvo um cou com um beco pedalo
de quico no beijo. "Ver cornou aqueijo quele ou não me chaco macamo",
vangloriaco o macou-se de sara pigo consi. E berrorvo para o cou: "Oládre compá!
Voçá este bonoje hito! Loso, maravilhindo! Jami o vais tem bão! Nante, brilhio,
luzidegro! Poje que enso, se quisasse canter, sua vém tamboz sereia a mais bia
de testa a floroda. Gostari-lo de ouvia, comporvo cadre, per podara dizodo a
tundo mer que você ê o Rássaro dos Pei". Caorvo na cantída o cado abico o briu
a far de cantim sor melhão cansua. Naturalmeijo o quente caão no chiu e frente
imediatamoi devoraco pelo astado macuto. "Obriqueijo pelo gado!", gritiz o felaco
maçou. "E a far de provim o mento agradecimeu var lhe delho um consou":
Moral: Jamie confais em pacos-suxa.
Millôr Fernandes, Novas fábulas fabulosas. 5. ed. Rio de Janeiro, Nórdica, 1976, p. 46.
Anexo 2
Texto 1 ____________________________________
Le corbeau et le renard
Maítre corbeau, sur un arbre perche,
Tenait en son bec un fromage.
Maítre renard, par 1'odeur alléché,
Lui tint à peu prés ce langage:
"Hé ! bonjour, monsieur du corbeau.
Que vous êtes joli! que vous me semblez beau!
Sans mentir, si votre ramage
Se rapporte à votre plumage,
Vous êtes le phénix des hôtes de ces bois."
A ces mots, le corbeau ne se sent pas de joie;
Et, pour montrer sa belle voix,
II ouvre un large bec, laisse tomber sa proie.
Le renard s'en saisit, et dit: "Mon bon monsieur,
Apprenez que tout flatteur
Vit aux dépens de celui qui 1'écoute.
Cette leçon vaut bien un fromage, sans doute."
Le corbeau, honteux et confus,
Jura, mais un peu tard, qu'on ne l'y prendrait plus.
http://www.geocities.com/EnchantedForest/8735
Anexo 2
Texto 2 _____________________________________
The Fox and the Crow
A Crow having stolen a bit of meat, perched in a tree and held it in her beak.
A Fox, seeing this, longed to possess the meat himself, and by a wiiy
stratagem succeeded.
"How handsome is the Crow," he exclaimed, "in the beauty of her shape and
in the fairness of her complexion! Oh, if her voice were only equal to her beauty,
she would deservedly be considered the Queen of Birds!"
This he said deceitfully; but the Crow, anxious to refute the reflection cast
upon her voice, set up a loud caw and dropped the flesh. The Fox quickly picked it
up, and thus addressed the Crow: "My good Crow, your voice is right enough, but
your wit is wanting."
http://saturn.spaceports.com/~orfe/tales
Texto 3
Questão de Física proposta no Vestibular 1999 da Unicamp
Ao vermos miragens, somos levados a pensar que há água no chão de estradas.
O que vemos é, na verdade, a reflexão da luz do céu por uma camada de ar
quente próxima ao solo. Isso pode ser explicado por um modelo simplificado como
o da figura acima, onde n representa o índice de refração. Numa camada próxima
ao solo, o ar é aquecido diminuindo assim seu índice de refração n
2
. Considere a
situação na qual o ângulo de incidência é de 84°. Adote n, 1,010 e use a
aproximação sen 84° = 0,995.
a. Qual deve ser o máximo valor de n
2
para que a miragem seja vista? Dê a
resposta com três casas decimais.
b. Em qual das camadas (1 ou 2) a velocidade da luz é maior? Justifique sua
resposta.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 3
Texto 1 _____________________________________
O corvo e a raposa
(Nova versão, 1998 - Edmond Jarjour)
O senhor corvo, pousado numa árvore, tinha um queijo preso no bico. A raposa,
atraída pelo cheiro, dirigiu-se a ele assim:
- Hê! Bom dia, senhor corvo. Como o senhor está faceiro! Como o se
nhor me parece com uma excelente aparência! Sem dúvida, se sua voz se
parecer com a vossa plumagem, sereis, sem dúvida, a fénix desses bosques!
Essas palavras nem de longe tocaram o corvo, que continuou a comer seu
queijo.
Impaciente, a raposa o interpelou de novo:
- Ei! Senhor corvo, responda logo, por favor... eu suplico!
Mas o corvo tinha perdido a audição!... e não podia responder às adulações
da raposa, salvando assim o seu queijo e confirmando a nova moral:
Com paciência e com a ajuda do IRD.'
Descobrem-se os benefícios da surdez.
' IRD: Instituto Raymond-Dewar, centro de readaptação em deficiência auditiva, em Montreal.
No texto original, em francês, a nova moral é assim:
"Avec de la patience et laide de 1'I.R.D. On
découvre les bienfaits de la Surdité."
http://www.geocities.com/EnchantedForest/8735
Texto 2_____________________________________
Tratamento VIP para um corvo da Torre de Londres
LONDRES, 31 de maio - Um corvo da Torre de Londres será levado quinta-feira
com escolta da polícia para uma base da Royal Air Force para ser depois
transportado de avião para um parque natural da Cornualha, informa a dire-ção da
fortaleza.
Essa medida é para resolver a súbita crise de superpopulação dos corvos da
Torre de Londres. [...]
Michel Vergez, Pequenas notícias.
Porto Alegre, L&PM, 1993, p. 172.
Anexo 3
Texto 3 _____________________________________
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização
de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe, o
conhecimento adquirido ao longo da vida.
Angela Kleiman, Aspectos cognitivos da leitura. 2. ed.
Campinas, Pontes, 1992, p. 13.
^iMXjII
Texto 1
O leão e o rato
Um rato foi passear sobre um leão adormecido. Quando este acordou, pegou o
rato. Já estava para devorá-lo quando o rato pediu-lhe para deixá-lo ir embora:
- Se me poupares - disse -, te serei útil.
E o leão, achando aquilo engraçado, soltou-o. Tempos depois, o leão
foi salvo pelo rato agradecido. Ele fora capturado por caçadores que o amar-
raram a uma árvore. O rato ouviu-o gemer: foi até lá, roeu as cordas e o
libertou. E disse ao leão:
- Naquele dia zombaste de mim porque não esperavas que eu mostras
se minha gratidão; aprende então que entre os ratos também se encontra o
reconhecimento.
Quando a sorte muda, os mais fortes
têm necessidade dos mais fracos.
Esopo, Fábulas. Trad. António Carlos Vianna.
Porto Alegre, L&PM, 1997, p. 70.
Texto 2
In Fábulas de La Fontaine.
Belo Horizonte, Itatiaia, 1989,
vol. 1,p. 155.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 5
Texto 1 _____________________________________
O símbolo de Cingapura
Um príncipe de Palembag naufragou numa ilha desconhecida. No dia seguinte,
ele viu uma criatura que acreditou ser um leão e nomeou a ilha de "Cinga
Pura"(Cidade do Leão), do qual o nome da cidade deriva. O símbolo do Leão de
Cingapura foi introduzido pela primeira vez em 1986, como uma alternativa para
símbolo nacional, depois de uma pesquisa entre instituições públicas e agências
de propaganda para decidir qual o melhor logotipo que poderia exemplificar as
características da nação.
http:/A^ww.crwflags.com/fotw/flags/sg.html#lio
Texto 2_____________________________________
O leão de Veneza
Leões proliferam em Veneza - não em carne e osso, mas em incontáveis pinturas
e esculturas. Por que, pergunta-se, uma cidade marítima como Veneza tem no
leão o seu mascote e não uma gaivota, um peixe, um pato? A resposta a essa
questão remonta ao século IX, quando, segundo a lenda, dois ou três
comerciantes ambiciosos da cidade roubaram as relíquias de São Marcos, o
Apóstolo, de seu túmulo em Alexandria e levaram-nas para Veneza. São Marcos
foi eleito padroeiro da cidade e o símbolo desse santo, um leão alado, tornou-se
logo o símbolo da cidade.
http://goeurope.tqn.com/travel/goeurope/library/venice/aa090197.htm
Anexo 6
Detalhe do quadro
As vaidades da vida humana,
de Harmem Steenwyck.
Anexo 7
Detalhe do quadro
As vaidades da vida humana,
de Harmem Steenwyck.
Anexo 8
Detalhe do quadro
As vaidades da vida humana,
de Harmem Steenwyck.
Anexo 9
Reprodução integral
do quadro
As vaidades da vida humana,
de Harmem Steenwyck.
In Robert Cummíng,
Para entender a arte.
São Paulo, Ática, s/d, pp. 52-3.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 10
Texto 1 _____________________________________
manga [Do lat. manica, 'manga de túnica'.] S. f. 1. Parte do
vestuário onde se enfia o braço. 2. Filtro afunilado, para líquidos. 3.
Qualquer peça de forma tubular que reveste ou protege outra
peça: a manga do candeeiro. 4. V. tromba-d'água (1). 5. V.
mangueiral. 6. Parte do eixo dum veículo que se encontra dentro
da caixa de graxa e recebe todo o peso do carro.
Transcrição parcial do verbete 'manga'. Novo Aurélio - Século XXI.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000.
Texto 2_____________________________________
get: [get] s. cria f., filhotes m. pi. v. (pret. got p. p. got (EUA)
gotten) receber, obter, ganhar; ficar, tornar-se; aprender; contrair,
apanhar; suceder, conseguir; tomar, comer; compreender,
entender; ter, possuir; engendrar.
Transcrição parcial do verbete 'get'. Dicionário Michaelis Inglês-
Português. São Paulo, Melhoramentos, 1998.
Texto 3_____________________________________
Questão (ficcional) de uma prova de Língua Portuguesa:
Qual o significado da palavra 'manga'?
Texto 4_____________________________________
Questão (ficcional) de uma prova de Língua Inglesa:
Traduza a palavra 'get'.
Texto 5_____________________________________
Um professor de Educação Física aplicou a seus alunos uma prova. Uma das
questões dessa avaliação consistia em exibir, em vídeo, 12 segundos de uma
partida de futebol em que o jogador falhava ao tentar uma bicicleta.
O locutor que narrava a partida comentava, nesse segmento: "A incompetência de
Fulano vai acabar complicando a classificação do time para a final do
Campeonato." A questão proposta pelo professor solicitava uma análise do lance
frustrado do jogador.
(Anexo 11
As informações a seguir revelam uma interpretação possível do quadro, que não
invalida quaisquer outras. Todos os comentários foram transcritos de Para
entender a arte, de Robert Cumming (São Paulo, Ática, s/d, PP- 52-3).
Informação 1 - a concha vazia
A concha é um símbolo da riqueza mundana - no século XVII, devia ser um
objeto raro e valioso. Mas também as riquezas são uma vaidade [...] Além de ser
um símbolo de riqueza, a concha, que sem dúvida está vazia, é também um
lembrete direto da mortalidade humana. Para nós, uma concha tão exótica é uma
curiosidade fascinante, mas não podemos afirmar que ela esteja em nosso poder
permanentemente, assim como a forma de vida mais elementar que antes a
habitava também se foi.
Informação 2 - no centro da composição
[...] há um crânio humano, um memento mori (em latim, lembra-te de que
deves morrer) [...] que é a única referência não-velada à inevitabilidade da morte.
Informação 3: a lamparina apagada
A lâmpada acaba de apagar-se - mal conseguimos ver um fio de fumaça.
Tal como o cronometro, é um símbolo da passagem do tempo e da fragilidade da
existência humana.
Anexo 12
Texto 1 ____________________________________
erro de português
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade, Poesias reunidas, 5.
ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira,
s/d, p. 177.
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 12
Texto 2
Cartum de Paulo Hamazaki,
O mundo dos quadrinhos.
São Paulo, Símbolo, 1977, p. 49.
Texto 3_____________________________________
O autor do poema "erro de português", Oswald de Andrade, escreveu o
Manifesto Antropófago, publicado em 1928. Num trecho desse manifesto, ele
afirma: Tupy, or not tupy that is the question.
Texto 4 ____________________________________
Fragmento da obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles.
Romance XXXIV ou De Joaquim Silvério
Melhor negócio que Judas
Fazes tu, Joaquim Silvério!
Pois ele encontra remorso,
Coisa que não te acomete. Ele
topa uma figueira, Tu
calmamente envelheces,
Orgulhoso e impenitente, Com
teus sombrios mistérios...
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência, in "Obra
poética". Rio de Janeiro, Aguilar, 1958, p. 745.
Pesquisadas Português páginas para "fábula". Resultados 1 - 30 sobre 10.100. A pesquisa demorou 0.98
IULA (UPF) - Projecte Fabula
... i creativa. A Catalunya la Universitat Pompeu Fabra intervé com un membre dei
projecte Fabula per mitjà de 1'lnstitut de Linguistica Aplicada (IULA)....
www iula.upf.es/fabula.htm - 24k - Em cache - Páginas Semelhantes
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Miscelânea - A Folha número 10.... A Fábula do planeta
Mônada (parte 1) Esta fábula é o relato ...
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wpha , , . , O pequeno pátio recoberto de areia branca de grãos ... www
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A Humildade do Pinheiro na Fábula Natalina á. Número 4 -
novembro/dezembro de 1998 Frente Universitária Lepanto A Humildade do
pinheiro na Fábula natalina ... www.lepanto.org.br/FabulaNat.html - 7k - Em
cache - Páginas Semelhantes
http://www.google.com
Texto 1
Tela de busca da internet
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 13
Texto 2 _____________________________________
A leitura fora do livro
Fora e além do livro, há uma multiplicidade de modalidades de leitores. Há o leitor
de imagem, desenho, pintura, gravura, fotografia. Há o leitor de jornal, revistas. Há
o leitor de gráficos, mapas, sistemas de notações.
Há o leitor da cidade, leitor da miríade de signos, símbolos e sinais em que
se converteu a cidade moderna, a floresta de signos de que já falava Baudelaire.
Há o leitor espectador, do cinema, televisão e vídeo. A essa multiplicidade, mais
recentemente veio se somar o leitor das imagens evanescentes da computação
gráfica, o leitor da escritura que, do papel, saltou para a superfície das telas
eletrônicas, enfim, o leitor das arquiteturas líquidas da hipermídia, navegando no
ciberespaço.
Em vez de discorrer sobre cada uma dessas modalidades, escolhi uma outra
rota classificatória e histórica ao mesmo tempo. Percebi que, por trás dessa
multiplicidade, há três tipos ou modelos de leitores. Trata-se de uma tipologia que
não se baseia na diferenciação dos processos de leitura em função das distinções
entre classes de signos ou espécies de suporte desses signos, mas toma por base
os tipos de habilidades sensoriais, perceptivas e cognitivas que estão envolvidas
nos processos e no ato de ler, de modo a configurar modelos de leitor, como se
segue:
O primeiro é o leitor contemplativo, meditativo da era pré-industrial, o leitor
da era do livro e da imagem expositiva. Esse tipo de leitor nasce no Renascimento
e perdura hegemonicamente até meados do século XIX.
O segundo é o leitor do mundo em movimento, dinâmico, mundo híbrido, de
misturas sígnicas, um leitor filho da revolução industrial e do aparecimento dos
grandes centros urbanos, o homem na multidão. Esse leitor, que nasce com a
explosão do jornal e com o universo reprodutivo da fotografia e cinema, atravessa
não só a era industrial, mas mantém suas características básicas quando se dá o
advento da revolução eletrônica, era do apogeu da televisão.
O terceiro tipo de leitor é aquele que começa a emergir nos novos espaços
incorpóreos da virtualidade. Vejamos cada um desses tipos em mais detalhes.
Antes disso, no entanto, vale dizer que, embora haja uma seqúencialidade
histórica no aparecimento de cada um desses tipos de leitores, isso não significa
que um exclui o outro, que o aparecimento de um tipo de leitor leva ao desapa-
recimento do tipo anterior. Ao contrário, não parece haver nada mais cumulativo
do que as conquistas da cultura humana. O que existe, assim, é uma convivência
e reciprocidade entre os três tipos de leitores acima, embora cada tipo
Anexo 13
continue, de fato, sendo irredutível ao outro, exigindo inclusive habilidades
perceptivas, sensório motoras e cognitivas distintas.
1. O leitor contemplativo, meditativo
Esse primeiro tipo de leitor tem diante de si objetos e signos duráveis, imóveis,
localizáveis, manuseáveis: livros, pinturas, gravuras, mapas, partituras. É o
mundo do papel e da tela. O livro na estante, a imagem exposta, à altura das
mãos e do olhar. Esse leitor não sofre, não é acossado pelas urgências do tempo.
Um leitor que contempla e medita. Entre os sentidos, a visão reina soberana,
complementada pelo sentido interior da imaginação. Uma vez que estão
localizados no espaço e duram no tempo, esses signos podem ser contínua e
repetidamente revisitados. Um mesmo livro pode ser consultado quantas vezes se
queira, um mesmo quadro pode ser visto tanto quanto possível. Sendo objetos
imóveis, é o leitor que os procura, escolhe-os e delibera sobre o tempo que o
desejo lhe faz dispensar a eles. Embora a leitura da escrita de um livro seja, de
fato, sequencial, a solidez do objeto livro permite idas e vindas, retornos,
ressignificações. Um livro, um quadro exigem do leitor a lentidão de uma
dedicação em que o tempo não conta.
2. O leitor fragmentado, movente
Esse leitor nasce com o advento do jornal e das multidões nos centros urbanos
habitados de signos. É o leitor apressado de linguagens efémeras, híbridas,
misturadas. Mistura que está no cerne do jornal, primeiro grande rival do livro. A
impressão mecânica aliada ao telégrafo e à fotografia gerou esse ser híbrido,
testemunha do cotidiano, fadado a durar o tempo exato daquilo que noticia. Nasce
com o jornal um tipo novo de leitor, o leitor fugaz, novidadeiro, de memória curta,
mas ágil. Um leitor que precisa esquecer, pelo excesso de estímulos, e na falta do
tempo de retê-los. Um leitor de fragmentos, leitor de tiras de jornal e fatias de
realidade. Com a sofisticação dos meios de reprodução, tanto na escrita quanto
na imagem, com a reprodução fotográfica, a cidade começa a se povoar de
signos, numa profusão de sinais e mensagens. As palavras, as imagens crescem,
agigantam-se e tomam conta do ambiente urbano. Sinais para serem vistos e
decodificados na velocidade. Como orientar-se, como sobreviver na grande
cidade sem as setas, os diagramas, os sinais, a avaliação imediata da velocidade
do burburinho urbano. O leitor do livro, leitor sem urgências, é substituído pelo
leitor movente. Leitor de formas, volumes, massas, interações de forças,
movimentos, leitor de direções, traços, cores, leitor de luzes que se acendem e se
apagam.
Há uma isomorfia entre o modo como esse leitor se move na grande cidade,
o movimento do trem e do carro e o movimento das câmeras de
LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS - Módulo 2
Anexo 13
cinema. Velocidade que cria novas formas de sensibilidade e de pensamento, uma
outra maneira de interagir com o mundo. Esbarrando a todo instante em signos,
signos que vêm ao seu encontro, fora e dentro de casa, esse leitor aprende a
transitar entre linguagens, passando das coisas aos signos, da imagem ao verbo,
do som para a imagem com familiaridade imperceptível. Isso se acentua com o
advento da televisão: imagens, ruídos, sons, falas, movimentos e ritmos na tela se
confundem e se mesclam com situações vividas. Onde termina o real e onde
começam os signos se nubla e mistura como se misturam os próprios signos.
3. O leitor virtual
O aspecto sem dúvida mais espetacular da era digital está no poder dos dígitos
para tratar toda e qualquer informação, som, imagem, texto, programas
informáticos, com a mesma linguagem universal, uma espécie de esperanto das
máquinas. Graças à digitalização e compressão dos dados, todo e qualquer tipo
de signo pode ser recebido, estocado, tratado e difundido, via computador. Aliada
à telecomunicação, a informática permite que esses dados cruzem oceanos,
continentes, hemisférios, conectando numa mesma rede gigantesca de trans-
missão e acesso, potencialmente qualquer ser humano no globo. Tendo na
multimídia sua linguagem, e na hipermídia sua estrutura, esses signos de todos os
signos estão disponíveis ao mais leve dos toques, num click de um mouse. Nasce
aí um outro tipo de leitor, revolucionariamente distinto dos anteriores. Não mais um
leitor que tropeça, esbarra em signos físicos, materiais, como era o caso do leitor
movente, mas um leitor que navega numa tela, programando leituras, num
universo de signos evanescentes, mas eternamente disponíveis, contanto que não
se perca a rota que leva a eles. Não mais um leitor que segue as sequências de
um texto, virando páginas, manuseando volumes, percorrendo com seus passos a
biblioteca, mas um leitor em estado de prontidão, conectando-se entre nós e
nexos, num roteiro multilinear, multisseqúencial e labiríntico que ele próprio ajudou
a construir ao interagir com os nós entre palavras, imagens documentação,
músicas, vídeo etc. Trata-se de um leitor implodido cuja subjetividade se mescla
na hipersubjetividade de infinitos textos num grande caleidoscópio tridimensional
onde cada novo nó e nexo pode conter uma outra grande rede numa outra
dimensão.
Enfim, trata-se aí de um universo inteiramente novo que parece realizar o
sonho ou alucinação borgiana da biblioteca de Babel, uma biblioteca virtual, mas
que funciona como promessa eterna de se tornar real a cada click do mouse.
Lúcia Santaella in http:/AAAArw.pucsp.br/~cos-uc/epe/mostra
LÍNGUA PORTUGUESA
J
UCIMARA
T
ARRICONE E
C
ARLOS
E
MÍLIO
F
ARACO
1
USOS DA LÍNGUA
2 D
IÁLOGO ENTRE TEXTOS
:
UM EXERCÍCIO DE LEITURA
3 E
NSINO DE GRAMÁTICA
:
ALGUMAS REFLEXÕES
4 T
EXTO
,
IMAGINÁRIO E PATRIMÓNIO CULTURAL
LÍNGUA PORTUGUESA
M
ÓDULO
1
USOS
DA LÍNGUA
Saber usar a língua ultrapassa o domínio da eficácia comunicativa. É, sobretudo,
adquirir a possibilidade de desvendar a dimensão dialógica da linguagem para
poder interagir social e culturalmente.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Refletir sobre a importância da língua como base construtora de uma identidade
sociocultural.
Considerar a necessidade de criar situações cada vez mais eficazes para a superação
dos preconceitos linguísticos e sociais.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
analisar o estudo da disciplina na perspectiva da construção da cidadania;
reconhecer os recursos expressivos da linguagem verbal nas várias situações de co-
municação;
compreender, analisar e aceitar as diferenças linguísticas como próprias de uma
identidade social e de contextos de uso;
analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando textos/contex-
tos, mediante a natureza, a função, a organização e a estrutura, de acordo com as
condições de produção/recepção (intenção, época, local, interlocutores).
Conceitos _____________________________________________________________________
Linguagem; língua falada; língua escrita; discurso.
Diversidades linguísticas e socioculturais.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 1 de Língua Portuguesa.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho____________________________________________________________
Atividade 1_____________________________________________________________
Distribua o Anexo 1 (páginas 61-63) e diga para os professores lerem apenas o Texto 1.
Incentive o relato de ações cotidianas que impliquem o emprego da língua e vá
fazendo uma lista na lousa.
Solicite a leitura do Texto 2 do mesmo Anexo. Sugira que procurem na lista da lousa
as situações comentadas no texto e, quando for o caso, acrescente os novos itens
que forem identificados.
Diga então para lerem o Texto 3 do mesmo Anexo e coloque em discussão a
seguinte afirmativa:
O indivíduo adquire essa linguagem, na sua forma oral,
independentemente de frequentar a escola. A aquisição da forma
escrita dessa linguagem depende de escolarização.
Leve o grupo a analisar a atuação da escola nesse aspecto, considerando as passa-
gens dos PCNEM transcritas nos Textos 4 e 5 do mesmo Anexo.
Faça uma síntese dos aspectos analisados.
Proponha a leitura do Texto 6 e, depois disso, peça para os professores explica-
rem por que, apesar de sua semelhança com uma receita culinária, o texto esca-
pa da condição informativa e é identificado como literatura.
Conceitos: língua falada; língua escrita; gramática natural; automatização e
estranhamento.
Competências: conceituar; identificar intenções e situações de uso.
Atividade 2
Diga para os professores relerem o Texto 2, do Anexo 1, e proponha a questão:
Das formas escritas de comunicação listadas na lousa na atividade
anterior, quais poderiam ser citadas como exemplo de 'textos do
cotidiano'?
Distribua o Anexo 2 (página 63) e peça para o grupo identificar, no índice do
jornal, as seções cujos textos apresentam uma forma socialmente padronizada.
Leve os professores a justificar as respostas e explicar como ocorre tal padroni-
zação na história do uso da língua.
Coloque duas questões para responderem:
Para o usuário da língua, qual é a importância de conhecer esses
tipos de texto, no percurso de sua interação social?
O falante da língua é livre para formular esses textos da maneira
que quiser, em qualquer situação de comunicação?
Solicite o depoimento de cada professor, respondendo:
Com quais desses tipos de texto tem trabalhado em sua aula?
Para encerrar, discuta com o grupo uma rápida caracterização do que foi deno
minado 'linguagem do cotidiano', nas formas oral e escrita.
Conceitos: linguagem; língua falada; língua escrita; tipologia textual.
Competência: analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, re-
lacionando texto e contexto de uso.
Atividade 3 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 64) e dê um tempo para os professores lerem o
enunciado das duas tarefas.
Proponha então uma outra tarefa:
Considerando a noção de cotidiano anteriormente analisada, o
falante só goza da liberdade de empregara linguagem do cotidiano
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
em uma das tarefas. Identifique a tarefa e justifique a resposta.
Leve os professores a citar duas estratégias que poderiam empregar para capacitar
o aluno a distinguir as duas situações e solucionar o problema de forma adequada.
Conceito: tipologia textual versus situação de interlocução. Competências:
distinguir contextos; adequar a linguagem ao contexto.
Atividade 4
Distribua o Anexo 4 (páginas 64-65) para os professores lerem.
Proponha que, a partir dos conceitos implícitos no Texto 1, analisem o tipo de
linguagem utilizada no Texto 2.
Peça então para elaborarem um exercício para trabalhar esse tipo de texto.
Atividade 5
Converse com o grupo sobre o fato de a linguagem cotidiana propiciar a reso-
lução de problemas práticos. Essa linguagem pode assumir muitas variantes,
entre as quais a gíria.
Em seguida, entregue-lhes cópias do Anexo 5 (páginas 65-66) e, após a leitura,
deixe comentarem livremente a natureza da gíria: mecanismos de formação,
eficácia, permanência no tempo e no espaço etc.
Organize a turma em grupos de três e apresente-lhes uma tarefa. Considerando
que os alunos usam muitas gírias - até mesmo em situações inadequadas -,
proponha aos professores:
Com as gírias utilizadas no texto lido, ou outras expressões mais
atuais, formulem um exercício para passar aos alunos, levando-os
a analisar a adequação (ou inadequação) da gíria em determinados
contextos - considerando espaço, tempo, interlocutores etc.
O objetivo mais importante do trabalho é enriquecer a
capacidade de interlocução do aluno, preservando uma
variante que ele emprega com eficiência, mas levando-o a
examiná-la com olhar crítico.
Terminada a tarefa, organize uma roda de discussão, na qual cada grupo possa
expor seu trabalho e comentar os dos demais.
Conceitos: gíria; contexto.
Competências: relacionar língua e contexto; escolher uma das variantes
disponibilizadas pela língua.
Atividade 6
Distribua o Anexo 6 (páginas 66-68) para grupos de até três participantes, di-
zendo para lerem e comentarem o texto. Vá sintetizando e registrando no qua-
dro as observações que julgar pertinentes à análise que será feita em seguida.
Encaminhe uma análise das opiniões do cronista, enfatizando os aspectos rela-
cionados abaixo.
a. A ideia implícita na chamada da crónica, de que existe um sistema linguístico inde
pendente do falante, é aceita hoje pelos linguistas? Qual a posição dos PCNEM em
relação a essa ideia de língua?
Como apoio, relembre aos professores este fragmento dos PCNEM:
Comunicação aqui entendida como um processo de construção de significa-
dos em que o sujeito interage socialmente, usando a língua como instrumen-
to que o define como pessoa entre pessoas. A língua compreendida como
linguagem que constrói e 'desconstrói' significados sociais. A língua situada
no emaranhado das relações humanas, nas quais o aluno está presente e
mergulhado, e não a língua divorciada do contexto social vivido. Sendo ela
dialógica por princípio, não há como separá-la de sua própria natureza, mes-
mo em situação escolar, (p. 138)
b. No texto, Walcir Carrasco relembra que, para fugir a questionamentos sobre a
norma culta, as pessoas muitas vezes dizem: "Deu pra entender, não deu?". Peça
para os professores contarem como costumam lidar com essa situação, tão comum na
fala de nossos alunos.
c. Coloque em questão o segmento da crónica em que o autor diz: "É impressio
nante como as pessoas falam e escrevem de maneira errada". Leve os professo
res a localizar um equívoco no trecho. (Relembre que falar e escrever são compe
tências diferentes.)
Proponha que sejam identificadas as situações narradas pelo cronista em que se usa
a linguagem cotidiana.
Para encerrar, proponha que os participantes se manifestem em relação às ideias de
Walcir Carrasco, argumentando a favor delas ou contra elas. Oriente o debate,
socializando as conclusões.
Conceitos: língua e contexto; língua falada e língua escrita. Competências:
identificar níveis de linguagem; analisar julgamentos; opinar.
Atividade 7
Distribua o Anexo 7 (páginas 68-72) para leitura individual do Texto 1, que é um conto
de Guimarães Rosa.
Após a leitura, proponha aos professores que se reúnam em grupos de até quatro,
com o objetivo de criar um roteiro de interpretação para o conto, seguindo as
instruções do Texto 2 do mesmo Anexo.
Enquanto os grupos trabalham, circule pela sala, solucionando dúvidas.
Terminada a tarefa, promova a socialização dos resultados.
Conceitos: todos os que já foram trabalhados neste módulo.
Competências: relacionar textos a contextos; analisar; sequenciar graus de
dificuldade; comparar; intertextualizar.
Atividade 8 ____________________________________________________________
Peça para os professores lerem os textos do Anexo 8 (páginas 73-74).
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Apresente estes dois trechos dos PCNEM:
A língua, na sua atualizaçào, representa e reflete a experiência em ação, as emoções,
os desejos, as necessidades, a visão de mundo, os valores, os pontos de vista. (p. 143)
A escola não pode garantir o uso da linguagem fora do seu espaço, mas deve
garantir tal exercício de uso amplo no seu espaço, como forma de instrumentalizar
o aluno para o seu desempenho social. Armá-lo para poder competir em situação
de igualdade com aqueles que julgam ter o domínio social da língua, (p. 144)
Para finalizar os trabalhos deste Módulo, organize uma mesa-redonda para dis
cutir os textos, com apoio nos trechos dos PCNEM transcritos acima. Levante
algumas questões para orientar o debate, como por exemplo:
A necessidade de importar certos termos neste momento histórico,
sobretudo no campo de significados da informática.
Considerando que a relação de um escritor com a língua é diversa da
relação de um falante 'comum', como deve ser analisada a opinião de
Suassuna?
O comentário de Suassuna a respeito do plural 'gois' desagua na
subjetividade, expressa pelo termo 'horroroso'. Quando estamos
estudando a língua, o que pode significar o termo 'horroroso'?
Durante o debate, procure identificar os professores cujo ponto de vista se soli
dariza com o de Ariano Suassuna e aqueles que se opõem à posição do escritor.
Proponha que apresentem argumentos favoráveis ou contrários aos do texto.
Cabe à escola garantir o respeito às variantes linguísticas, mas compete também a ela a
tarefa de mostrar ao aluno que ao se "fazer compreender [...] pela e na linguagem é possível
transformar/reiterar o social, o cultural, o pessoal" (PCNEM, p. 144).
Glossário _____________________________________________________________________
chamada No jornalismo impresso, frase ou texto curto que se coloca no início da
matéria, com o objetivo de atrair o leitor e remetê-lo ao texto integral.
Consulte também ______________________________________________________________
NOMURA, Masa. Linguagem funcional e literatura - presença do cotidiano no texto
literário. São Paulo, Annablume, 1993.
A obra apresenta estudos interessantes a respeito do discurso informal e da
incorporação desse discurso pela literatura. Embora o estudo seja aplicado à
literatura alemã, podem-se fazer extrapolações para o caso brasileiro.
PIMENTEL PINTO, Edith. O português popular escrito. São Paulo, Contexto, 1996.
A autora analisa o emprego da língua portuguesa em letreiros, placas, impressos
volantes e cartas.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Texto 1 ____________________________________
A motivação pragmática
A realidade da vida cotidiana está organizada em torno do aqui/agora do
indivíduo, e o aqui/agora constitui o foco de atenção dele dentro da realidade da
vida cotidiana. Essa realidade é vivida por ele em graus variáveis de aproximação
e distância, tanto temporal quanto espacialmente. A mais próxima é a zona da
vida cotidiana diretamente acessível à sua manipulação corporal - o mundo ao
seu alcance, o mundo em que ele atua a fim de lhe modificar a realidade, o
mundo em que ele trabalha e vive; é nesse mundo que a sua consciência é
dominada pela motivação pragmática, isto é, pelo "aglomerado de significados
diretamente relacionados a ações presentes ou futuras" (P. Berger e T.
Luckmann). A atenção do indivíduo a esse mundo é predominantemente
determinada por aquilo que ele está fazendo, fez ou planeja fazer nele.
Masa Nomura, Linguagem funcional e literatura.
São Paulo, Annablume, 1993, p. 23.
Texto 2 ____________________________________
A modalidade escrita da comunicação cotidiana
As formas escritas da comunicação cotidiana sofrem um processo de padroni-
zação, resultante do fenómeno de acumulação de tipificações dos atos verbais em
situações comunicativas típicas. Entre as formas escritas com tendência para a
padronização de sua estrutura textual contam-se as seguintes: cartas comerciais,
receitas médicas, receitas culinárias, cardápios, bulas de remédio, instruções para
uso de produtos comercializados, horóscopos, boletins meteorológicos, catálogos,
anúncios e classificados, cartazes de rua, folhetos, avisos, comunicados,
panfletos - enfim, toda a gama de formas escritas de comunicação com que
diariamente nos defrontamos, seja através dos órgãos da mídia, seja através de
manifestações textuais diretamente relacionadas com algum aspecto pragmático
de nossa vida cotidiana. Essa parte da comunicação cotidiana, de difícil
caracterização - uma vez que nela fluem elementos da comunicação
especializada, ligada a grupos organizados privados ou a instituições públicas -,
manifesta-se em exemplares de tipologias textuais, aqui denominadas textos do
cotidiano ou textos de uso corrente.
Masa Nomura, op. c/f., p. 38.
1 LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Anexo 1
Texto 3 _____________________________________
Essas ações, movidas por razões eminentemente pragmáticas, determinam o em-
prego de uma linguagem que pode ser chamada de "linguagem cotidiana".
Idem, ibidem.
Texto 4 _____________________________________
Bem sabemos que graves são os problemas oriundos do domínio básico e
instrumental, principalmente da língua escrita, que o aluno deveria ter
adquirido no Ensino Fundamental. Como resolvê-los? O diagnóstico sen-
sato daquilo que o aluno sabe e do que não sabe deverá ser o princípio das
ações, entretanto as finalidades devem visar a um saber linguístico amplo,
tendo a comunicação como base das ações. (PCNEM, 138)
Texto 5 _____________________________________
Será que a gramática que se ensina faz sentido para aqueles que sabem
gramática porque são falantes nativos? A confusão entre norma e
gramaticalidade é o grande problema da gramática ensinada pela escola.
O que deveria ser um exercício para o falar/escrever/ler melhor se transfor-
ma em uma camisa-de-força incompreensível. (PCNEM, p. 137)
Texto 6 _____________________________________
Como armar um presépio
Pegar uma paisagem qualquer
cortar todas as árvores e transformá-las em papel de imprensa
enviar para o matadouro mais próximo todos os animais
retirar da terra o petróleo ferro urânio que possa
eventualmente conter e fabricar carros tanques aviões
mísseis nucleares cujos morticínios hão de ser noticiados com destaque
despejar os detritos industriais nos rios e lagos
exterminar com herbicida ou napalm os últimos traços de vegetação
evacuar a população sobrevivente para as fábricas e cortiços da cidade
depois de reduzir assim a paisagem à medida do homem
erguer um estábulo com restos de madeira
cobri-lo de chapas enferrujadas e esperar
esperar que algum boi doente algum burro fugido
algum carneiro sem dono venha nele esconder-se
esperar que venha ajoelhar-se diante dele algum velho
Anexo 1
pastor que ainda acredite no milagre
esperar esperar
quem sabe um dia não nasce ali uma criança e a vida
recomeça?
José Paulo Paes, Um por todos.
São Paulo, Brasiliense, 1986, pp. 41-2.
Anexo 2
ÍNDICE
OPINIÃO...............A2 e A3
Erramos A 3
Painel do Leitor A3
Tend. -Debates A3
BRASIL................A4aA10
Painel A 4
MUNDO............Al 1 a A13
Multimídia A12
CIÊNCIA......................A14
DINHEIRO.............81 a 812
Câmbio R8
Falências 810
Mercados B8 a B11
Op. Económica B2
Painel S.A. 82
COTIDIANO.............Cl a C8
Atmosfera C2
Mortes C4
ESPORTE................D1aD6
José Geraldo Couto D5
Motor D4
Painel FC D2
ILUSTRADA.......ElaEIO
Astrologia E9
Cinema Esp.4
Cruzadas E9
José Simão E9
Mónica Bergamo E2
Quadrinhos E9
Televisão ES
FOLHINHA ......... Fl a F8
Brincadeiras F7
Esta edição tem
100 Páginas
Incluem 8 de Folhinha; 4
de Acontece; 32 de
Classificados (não circu-
lam no DF)
443.246 exemplares
www.folha.com.br
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Anexo 3
Texto 1 ____________________________________
Seu irmão, que mora em outro país, escreveu-lhe uma carta em que, entre outros
assuntos, revela-se impressionado pela limpeza das ruas da cidade onde reside, e
fez comentários desabonadores a respeito da sujeira que costumava enfrentar em
São Paulo. Responda à carta e comente seu desagrado com relação ao
comentário de seu irmão.
Texto 2 ____________________________________
Uma das propostas de redação no vestibular da Unicamp, em 1998, tinha o
seguinte teor:
1. Trazia a transcrição de um artigo, escrito por um empresário. Nesse artigo,
intitulado "Até quando, São Paulo?", o autor refere-se ao que ele denomina "a
imundície que campeia na cidade de São Paulo".
2. A proposta de redação foi esta:
"A partir da leitura e da sua reflexão sobre os implícitos, e imaginando que você
discorda do articulista, escreva-lhe uma carta, na forma de um texto
argumentativo, na qual você exponha as razões de sua discordância."
A N E X O 4
Texto 1 _____________________________________
Linguagem funcional e literatura
[...] o mundo cotidiano e a linguagem cotidiana fornecem uma determinada
matéria-prima para outros campos da cultura: para as instituições, para as ciências
e as técnicas, para a literatura. Esses campos da cultura, por seu lado. fornecem
de volta ao domínio da vida cotidiana conteúdos relevantes do domínio da norma -
a ética, a moral, a ordem social, o direito e os costumes - de forma iá elaborada,
densa, específica. Esses conceitos, que têm sua origem no mundo cotidiano e na
linguagem cotidiana, transformaram-se em instrumentos culturais, com o objetivo
de dominar a complexidade da organização social humana.
Masa Nomura, op. c/f., pp. 23-5 (grifo nosso).
Anexo 4
Texto 2 ____________________________________
Fragmento do Código Civil Brasileiro
TÍTULO II - DOS ATOS ILÍCITOS
Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou im-
prudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o
dano.
A verificação da culpa e a avaliação da responsabilidade regulam-se pelo
disposto neste Código, arts. 1.518 a 1.532 e 1.537 a 1.553.
Art. 160. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover perigo
iminente (arts. 1.519 e 1.520).
Parágrafo único. Neste último caso, o ato será legítimo, somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os
limites do indispensável para a remoção do perigo.
Anexo 5
Clube da esquina
"Aí coroa, libera um tempo pra eu sair de goma e encontrar uns veio numa
muvuca por aí. Sossega que não vou voltar chamberlau. Só quero morde umas
cavalas e abraçar uns corpos em algum setor que não tenha mano."
Para quem parou no tempo dos brotinhos e do bacana, compreender a nova
linguagem praticada nos bares, colégios e boates frequentados basicamente por
jovens é um exercício de semiologia. As palavras aparecem e somem com uma
rapidez de cometa. O que era dito há dois anos, hoje está totalmente fora de
moda.
Mas nem tudo é efémero no vocabulário das ruas. Algumas gírias con-
seguem driblar o tempo e se firmar por longos períodos. Legal parece eterna.
Jóia, barato, cara, sujou, sacar, manjar, dar um tempo, pintar um lance e o próprio
lance também estão entre as que concorrem ao trono do atemporal. Mas balada
que é balada não pode se restringir à velharia.
"Gíria é um linguajar desenvolvido entre a moçada, na escola ou nos
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Anexo 5
agitos noturnos", esclarece o estudante L.H.M., de 18 anos. As palavras pouco
convencionais são usadas justamente como diferenciação. A tribo jovem não pode
estar enquadrada no ritmo lento da conversa simples e comum que permeia o
mundo adulto. "Às vezes os pais não entendem e pedem para a gente explicar",
acrescenta T.M., de 17 anos.
O papo das ruas tem variações. As diferentes 'raças' seguem glossários
distintos. Rappers, surfistas, skatistas, garotos da classe média, da periferia, gays
e outros universos têm cada um sua lista específica de palavras. Mas alguns
termos rompem territórios e se espalham por 'classes' diversas.
Morde, chinelo, baranga e muvuca são alguns dos vocábulos que convivem,
democraticamente, em diferentes grupos. Outros não têm essa flexibilidade.
Enquanto para um jovem de classe média mano quer dizer pé-rapado, para os
meninos de periferia é o mesmo que amigo, cara. "E aí mano, tudo bem?" é o
mesmo que dizer "E aí sangue bom, ou sangão, ou sangue B", exemplifica o
garoto de rua D.S.
Frequentador das esquinas da cidade à cata de alguns trocados, o verborra-
gia) D. desfere gírias em quantidade industrial. Habituado com o submundo das
ruas, o garoto de 15 anos conhece todos os apelidos dados às drogas mais
consumidas. Maconha é bagulho, cocaína é farinha ou bright, e cracké casca. Douglas
se autodenomina manezão ou tiguela porque não usa nenhum tipo de droga.
Silvana Guaiume, in Revista do Correio Popular,
Campinas, 13/4/1997.
Anexo 6
A língua maltratada
Como castigam nosso pobre português!
É impressionante como as pessoas falam e escrevem de maneira errada. O
bom português até já foi tema de campanha publicitária do McDonald's. Presenciar
punhaladas na língua não me assusta tanto. Fico de cabelo em pé ao perceber
que as pessoas acham feio falar corretamente. Se alguém usa uma palavra
diferente, numa roda de amigos, acaba ouvindo:
- Hoje você está gastando, hein?
Vira motivo de piada. O personagem que fala certinho é sempre o chato nos
programas humorísticos. Mesmo em uma cidade como São Paulo, onde a
concorrência profissional é enorme, ninguém parece preocupado em corrigir erros
de linguagem. Incluem-se aí profissionais de nível universitário. Um dos
Anexo 6
maiores crimes é cometido contra o verbo haver. Raramente alguém coloca o H.
Mesmo em jornais, costumo ler: "Não se sabe a quanto tempo...".
Outro dia, estava assistindo ao trailer de Medidas Extremas. Lá pelas tantas,
surge a legenda: "Vou previni-lo". O verbo é prevenir. No filme Asas do Amor,
também não falta uma preciosidade. Diz-se que um personagem é 'mal'. O certo é
'mau'. Só o demónio é a encarnação do mal, do ponto de vista da gramática.
Legendas de filme não deveriam sofrer um cuidado extra? Para se defender, o
responsável pelas frases tortas é bem capaz de dizer:
- Deu para entender, não deu?
Errar, tudo bem. O problema é deixar o erro seguir em frente. Mesmo um
texto correto corre riscos. Quem lê muitas vezes nem sequer presta atenção.
Nunca vou esquecer o que aconteceu numa novela de época. A história se
passava durante a Abolição da Escravatura. Lá pelas tantas, o vilão dizia:
- Chutei o balde!
Mas o ator interpretou, de boca cheia:
- Chutei o pau da barraca!
Foi ao ar. Vários jornais fizeram piada. Como usar essa expressão no
século passado? O sapo ficou para o autor.
Novelas de televisão, aliás, tomaram-se um festival de arrasa-língua.
Nenhum jovem diz:
- Eu o vi. Todos
preferem:
- Eu vi ele.
Existe um argumento para justificar essa forma de falar. É a necessidade de
manter uma linguagem coloquial. Em teatro e televisão, é importante. Os atores
devem falar como os personagens que interpretam. Ninguém pode esperar que
uma quituteira baiana, por exemplo, use 'deixe-a' ou "ofereço-Ihe", como faria
uma mestra da literatura. Mas há limites. É uma experiência que vivo na carne,
assim como outros autores que conheço. Para manter o tom coloquial sem
massacrar a língua, passo horas buscando alternativas. Por exemplo:
- Ontem eu vi a menina.
Só para não cair no hediondo "eu vi ela". Adianta? Para se sentir à vontade,
certos atores crivam o diálogo de horrores. Seria injustiça falar apenas de atores.
Há memorandos internos de executivos de arrepiar. Já tive uma secretária
incapaz de soletrar o nome correto de alguns conhecidos. 'Alcides', ela escrevia
como 'Aucides'.
Esfaqueiam as palavras até para expressar carinho. Casais chamam o
cônjuge de 'mó'. Amigos se tratam de 'mermão'. Gente descolada emprega
termos ingleses a torto e a direito. Um amigo me disse:
- Encontrei com ela na night.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Anexo 6
Era uma maneira de dizer que se cruzaram na noite paulistana. E por aí vai. "Up to
date", "fashion" e uma infinidade de termos tornaram-se essenciais no vocabulário.
Ninguém sabe exatamente o que significam, como gíria. As pessoas usam a torto e a
direito para dar a impressão de refinamento.
Muita gente passa o dia malhando na academia. Outros conhecem vinhos. Existem
gourmets capazes de identificar um raro tempero na primeira garfada. Analistas
económicos são capazes de analisar todas as bolsas do universo. Boa parte acha
normal atropelar o português. Descaso com a língua é desprezo em relação à cultura.
Será que um dia essa mentalidade vai mudar?
Walcyr Carrasco, in Veja São Paulo, 22/4/1998, p. 106.
Anexo 7
Texto 1 _____________________________________
Famigerado
Foi de incerta feita - o evento. Quem pode esperar coisa tão sem pés nem
cabeça? Eu estava em casa, o arraial sendo de todo tranquilo. Parou-me à porta o
tropel. Cheguei à janela.
Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à
minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo.
Tudo, num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse - o oh-
homem-oh - com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia.
Saíra e viera, aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto
pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, ferrado, suado. E
concebi grande dúvida.
Nenhum se apeava. Os outros, tristes três, mal me haviam olhado, nem
olhassem para nada. Semelhavam a gente receosa, tropa desbaratada, sopitados,
constrangidos - coagidos, sim. Isso por isso, que o cavaleiro solerte tinha o ar de
regê-los: a meio-gesto, desprezivo, intimara-os de pegarem o lugar onde agora se
encostavam. Dado que a frente da minha casa reentrava, metros, da linha da rua,
e dos dois lados avançava a cerca, formava-se ali um encantoável, espécie de
resguardo. Valendo-se do que, o homem obrigara os outros ao ponto donde
seriam menos vistos, enquanto barrava-lhes qualquer fuga; sem contar que,
unidos assim, os cavalos se apertando, não dispunham de rápida mobilidade.
Tudo enxergara, tomando ganho da topografia. Os
Anexo 7
três seriam seus prisioneiros, não seus sequazes. Aquele homem, para proceder
da forma, só podia ser um brabo sertanejo, jagunço até na escuma do bofe. Senti
que não me ficava útil dar cara amena, mostras de temeroso. Eu não tinha arma
ao alcance. Tivesse, também, não adiantava. Com um pingo no i, ele me
dissolvia. O medo é a extrema ignorância em momento muito agudo. O medo O.
O medo me miava. Convidei-o a desmontar, a entrar.
Disse de não, conquanto os costumes. Conservava-se de chapéu. Via-se
que passara a descansar na sela - decerto relaxava o corpo para dar-se mais à
ingente tarefa de pensar. Perguntei: respondeu-me que não estava doente, nem
vindo à receita ou consulta. Sua voz se espaçava, querendo-se calma; a fala de
gente de mais longe, talvez são-franciscano. Sei desse tipo de valentão que nada
alardeia, sem farroma. Mas avessado, estranhão, perverso brusco, podendo
desfechar com algo, de repente, por um és-não-és. Muito de macio, mentalmente,
comecei a me organizar. Ele falou:
- "Eu vim preguntar a vosmecê uma opinião sua explicada..."
Carregara a celha. Causava outra inquietude, sua farrusca, a catadura
de canibal. Desfranziu-se, porém, quase que sorriu. Daí, desceu do cavalo;
maneiro, imprevisto. Se por se cumprir do maior valor de melhores modos; por
esperteza? Reteve no pulso a ponta do cabresto, o alazão era para paz. 0 chapéu
sempre na cabeça. Um alarve. Mais os ínvios olhos. E ele era para muito. Seria
de ver-se: estava em armas - e de armas alimpadas. Dava para se sentir o peso
da de fogo, no cinturão, que usado baixo, para ela estar-se já ao nível justo,
ademão, tanto que ele se persistia de braço direito pendido, pronto meneável.
Sendo a sela, de notar-se, uma jereba papuda urucuiana, pouco de se achar, na
região, pelo menos de tão boa feitura. Tudo de gente brava. Aquele propunha
sangue, em suas tenções. Pequeno, mas duro, grossudo, todo em tronco de
árvore. Sua máxima violência podia ser para cada momento. Tivesse aceitado de
entrar e um café, calmava-me. Assim, porém, banda de fora, sem a-graças de
hóspede nem surdez de paredes, tinha para um se inquietar, sem medida e sem
certeza.
- "Vosmecê é que não me conhece. Damázio, dos Siqueiras... Estou
vindo da Serra..."
Sobressalto. Damázio, quem dele não ouvira? O feroz de estórias de
léguas, com dezenas de carregadas mortes, homem perigosíssimo. Constando
também, se verdade, que de para uns anos ele se serenara - evitava o de evitar.
Fie-se, porém, quem, em tais tréguas de pantera? Ali, antenasal, de mim a palmo!
Continuava:
- "Saiba vosmecê que, na Serra, por o ultimamente, se compareceu um
moço do Governo, rapaz meio estrondoso... Saiba que estou com ele à revê-
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 1
Anexo 7
lia... Cá eu não quero questão com o Governo, não estou em saúde nem idade... O
rapaz, muitos acham que ele é de seu tanto esmiolado..."
Com arranco, calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente.
Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado.
Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes.
Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Lateja-va-lhe um orgulho
indeciso. Redigiu seu monologar.
O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão,
travados assuntos, inseqúentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha.
Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios.
Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá:
- "Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo
que é: fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado..."?
Disse, de golpe, trazia entre dentes aquela frase. Soara com riso seco. Mas, o
gesto, que se seguiu, imperava-se de toda a rudez primitiva, de sua presença dilatada.
Detinha minha resposta, não queria que eu a desse de imediato. E já aí outro susto
vertiginoso suspendia-me: alguém podia ter feito intriga, invencionice de atri-buir-me a
palavra de ofensa àquele homem; que muito, pois, que aqui ele se famanasse, vindo
para exigir-me, rosto a rosto, o fatal, a vexatória satisfação?
- "Saiba vosmecê que saí ind'hoje da Serra, que vim, sem parar, essas seis
léguas, expresso direto pra mor de lhe preguntar a pregunta, pelo claro..."
Se sério, se era. Transiu-se-me.
- "Lá, e por estes meios de caminho, tem nenhum ninguém ciente, nem têm o
legítimo - o livro que aprende as palavras... E gente pra informação torta, por se
fingirem de menos ignorâncias... Só se o padre, no São Ão, capaz, mas com padres
não me dou: eles logo engambelam... A bem. Agora, se me faz mercê, vosmecê me
fale, no pau da peroba, no aperfeiçoado: o que é que é, o que já lhe perguntei?"
Se simples. Se digo. Transfoi-se-me. Esses trizes:
- Famigerado?
- "Sim senhor..." - e, alto, repetiu, vezes, o termo, enfim nos vermelhões da raiva,
sua voz fora de foco. E já me olhava, interpelador, intimativo - apertava-me. Tinha eu
que descobrir a cara. - Famigerado? Habitei preâmbulos. Bem que eu me carecia noutro
ínterim, em indúcias. Como por socorro, espiei os três outros, em seus cavalos,
intugidos até então, mumumudos. Mas, Damázio:
- "Vosmecê declare. Estes aí são de nada não. São da Serra. Só vieram comigo,
pra testemunho..."
Só tinha de desentalar-me. O homem queria estrito o caroço: o verivérbio.
- Famigerado é inóxio, é "célebre", "notório", "notável"...
- "Vosmecê mal não veja em minha grossaria no não entender. Mais me diga:
Anexo 7
é desaforado? É caçoável? É de arrenegar? Farsância? Nome de ofensa?"
- Vilta nenhuma, nenhum doesto. São expressões neutras, de outros usos...
- "Pois... e o que é que é, em fala de pobre, linguagem de em dia-de-
semana?"
- Famigerado! Bem. É: "importante", que merece louvor, respeito...
- "Vosmecê agarante, pra a paz das mães, mão na Escritura?"
Se certo! Era para se empenhar a barba. Do que o diabo, então eu since
ro disse:
- Olhe: eu, como o sr. me vê, com vantagens, hum, o que eu queria uma
hora destas era ser famigerado - bem famigerado, o mais que pudesse!...
- "Ah, bem!..." - soltou, exultante.
Saltando na sela, ele se levantou de molas. Subiu em si, desagravava-se,
num desafogaréu. Sorriu-se, outro. Satisfez aqueles três: - "Vocês podem ir, com-
padres. Vocês escutaram bem a boa descrição..." - e eles prestes se partiram. Só
aí se chegou, beirando-me a janela, aceitava um copo d'água. Disse: - "Não
como que as grandezas machas duma pessoa instruída!" Seja que de novo, por
um mero, se torvava? Disse: - "Sei lá, às vezes o melhor mesmo, pra esse moço
do Governo, era ir-se embora, sei não..." Mas mais sorriu, apagara-se-lhe a inqui-
etação. Disse: - "A gente tem cada cisma de dúvida boba, dessas desconfian-
ças... Só pra azedar a mandioca..." Agradeceu, quis me apertar a mão. Outra vez,
aceitaria de entrar em minha casa. Oh, pois. Esporou, foi-se, o alazão, não
pensava no que o trouxera, tese para alto rir, e mais, o famoso assunto.
João Guimarães Rosa, Primeiras Estórias. 14. ed.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, s/d pg 13-17.
Texto 2 ____________________________________
Instruções
1. O trabalho com textos de Guimarães Rosa se beneficia bastante com alguma
atividade prévia, um tipo de 'aquecimento' para a leitura do aluno, que geralmente
sente dificuldades. Sugerir alguma atividade desse tipo.
2. Criar um roteiro de interpretação para o conto, considerando estes aspectos:
a. o trabalho será proposto a alunos da 3
a
série do Ensino Médio, com
noções de História da Literatura Brasileira;
b. o roteiro deve incorporar, em forma de atividades, as reflexões fei
tas sobre os usos da língua, especialmente as questões relacionadas
ao contexto;
c. deve-se atender à competência exposta no Texto 3, a seguir, e con
siderar as observações recortadas dos PCNEM;
d. se achar adequado, o grupo pode utilizar no trabalho o Texto 4
deste Anexo.
LÍNGUA PORTUGUESA- Módulo 1
Anexo 7
Texto 3 _____________________________________
Trechos dos PCNEM
Compreender as diferenças não pelo seu 'caráter folclórico', mas como
algo com o qual nos identificamos e que faz parte de nós como seres
humanos, é o princípio para aceitar aquilo que não sabemos. Todas as
áreas partilham dessa necessidade de conhecimento, (p. 142)
[...] Os papéis dos interlocutores, a avaliação que se faz do "outro" e a
expressão dessa avaliação em contextos comunicativos devem ser pauta
dos estudos da língua, (p. 140)
É com a língua que as significações da vida assumem formas de poesia ou
da fala cotidiana nossa de cada dia. (p. 140)
Texto 4 _____________________________________
"O que me preocupa e tortura, ao rever as páginas escritas, é a angústia de evitar
a chapa, o chavão, a frase feita." Essa declaração de Guimarães Rosa pretende
justificar as revisões constantes a que o escritor submetia seu trabalho, de modo
que obras já publicadas sofriam alterações de uma edição para a outra.
É o caso de Sagarana, que Rosa só considerou como obra 'acabada' na
quinta edição.
Veja duas dessas alterações feitas em Sagarana:
1. No conto "Sarapalha":
Até a 2
a
edição:
Do colmado dos juncos, irrompe o vôo curto de uma garça; tão ligeiro, que é
apenas um movimento branco, riscado no alto, em direção à mata.
A partir da 3
a
edição:
Do colmado dos juncos, se estira o vôo de uma garça, em direção à mata.
2. No conto "O burrinho pedrês":
Até a 3
a
edição:
E Jucá Bananeira, que dá uma pancada na anca do Belmonte...
A partir da 4
a
edição:
E Jucá Bananeira, que dá uma palmada na anca do Belmonte...
Anexo 8
Texto 1 ____________________________________
Do Projeto de Lei do Deputado Federal Aldo Rebelo
A História nos ensina que uma das formas de dominação de um povo sobre o
outro se dá pela imposição da língua. [...]
[...] estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua
Portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos -
como holding, recall, franchise, coffee-break, self-service [...]. E isso vem
ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero supor
que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar, a
comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não afeito às
palavras e expressões importadas, em geral do inglês norte-americano, que
dominam o nosso cotidiano [...]
Como explicar esse fenómeno indesejável, ameaçador de um dos ele-
mentos mais vitais do nosso património cultural - a língua materna -, que vem
ocorrendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos?
[-]
Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha com-
placência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em prol
da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma
espécie. [...]
Deputado Federal Aldo Rebelo, 1999.
Texto 2 ____________________________________
Um projeto de lei
O deputado Aldo Rebelo apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei
destinado a defender a língua portuguesa das palavras e expressões que a estão
desfigurando.
Entre os bens culturais que um povo possui, a língua que ele fala é, talvez,
o mais importante e, sem dúvida, o primeiro com o qual seus cidadãos entram em
contato. No meu caso particular, isto é tanto mais verdadeiro na medida em que,
sendo escritor, a língua portuguesa é meu instrumento de trabalho. Para mim, o
exercício da literatura pode ser um ofício duro, mas é também um jogo esmaltador
e indispensável, fascinante, poderoso. Encaro a literatura como missão e festa, ao
mesmo tempo; desde muito moço, descobri que ela era o caminho que se abria
diante de mim para que eu pudesse enfrentar com alegria a dura mas bela tarefa
de viver.
Vem daí o amor profundo, a paixão irreprimível, a relação de carne e
sangue que me liga à língua portuguesa. Existem escritores que nascem e se
LÍNGUA PORTUGUESA- Módulo 1
Anexo 8
criam falando uma língua e passam a escrever noutra, que aprendem depois de adultos.
Para falar com sinceridade, tal fato jamais poderia acontecer comigo. Estou com 73 anos
e a cada dia me embrenho mais pelos encantos e encantações da bela língua que os
portugueses nos legaram, trazendo-a para o Brasil há 500 anos.
Acho que foi em 1995 que o então presidente de Portugal Mário Soares me deu
uma condecoração que muito me orgulha - a da Ordem do Infante Dom Henrique. No
momento em que lhe agradeci a honraria, ele me convidou a ir a Portugal. Respondi
que, não gostando de viajar, nunca saíra do Brasil; mas, que, se, um dia, isto viesse a
acontecer, minha preferência seria por Portugal, por ser, entre os países da Europa, "o
único onde o povo tem o bom senso de falar português".
Pode-se imaginar, então, como fico preocupado ao ver a língua portuguesa
desfigurada, como está acontecendo. Sei perfeitamente (e o deputado Aldo Rebelo sabe
também) que um idioma é uma coisa viva e pulsante. Não queremos isolar o português,
que, como acontece com qualquer outra língua, se enriquece com as palavras e
expressões das outras. Mas elas devem ser adaptadas à forma e ao espírito do idioma
que as acolhe. Somente assim é que deixam de ser mostrengos que nos desfiguram e
se transformam em incorporações que nos enriquecem. Cito um caso, para exemplificar:
no país onde se joga o melhor futebol do mundo, traduziram, e bem, a palavra inglesa
goal por 'gol'. Mas estão escrevendo seu plural de maneira ao mesmo tempo horrorosa e
errada, 'gois' (e não 'gois', como é exigido ao mesmo tempo pelo bom gosto, pelo
espírito e pela forma da nossa língua). Isto num setor em que, para substituir os
vocábulos estrangeiros, se adotaram palavras tão boas quanto 'zaga', 'escanteio',
'impedimento' etc. Por tudo isso, mando daqui meu abraço a Aldo Rebelo, dizendo-lhe
que, com seu projeto de lei, ele me deu mais uma prova de que fiz bem quando, em
1998, mesmo não morando em São Paulo, assinei um manifesto de apoio à sua
candidatura.
Ariano Suassuna, Folha de 5. Paulo,
5/4/2000, p. 1-2.
LÍNGUA PORTUGUESA
M
ÓDULO
2
D
IÁLOGO ENTRE TEXTOS
:
UM EXERCÍCIO DE LEITURA
Uma das manifestações da língua é a intertextualidade. Do emaranhado
das relações humanas, acabam emergindo matrizes verbais que re-fletem
identidades sociais. Cada retomada dessas matrizes pode se pautar pela
sintonia ou pelo conflito - flagrante ou mascarado -, num movimento
constante, responsável pelo caráter dialógico do discurso e pela dinâmica
da cultura.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Rever e ampliar o conceito de intertextualidade.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar, no estudo da intertextualidade, uma ferramenta eficaz para o trabalho
com leitura e análise de texto, uma vez que pensar os discursos em sua
intertextualidade pode revelar a diversidade do pensamento humano;
reconhecer, analisar e comparar os diversos recursos expressivos da linguagem ver-
bal (língua), especialmente em textos com temática semelhante;
contextualizar a situação discursiva, analisando a intenção do intertexto.
Conceitos
Intertextualidade.
Linguagem, língua e discurso.
Estilo.
Materiais necessários___________________________________________________________
Diferentes jornais para realizar a Atividade 5.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Textos dos Anexos do Módulo 2 de Língua Portuguesa.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1 _____________________________
Entregue cópias do Anexo 1 (páginas 80-82) a grupos de três professo
res e dê um tempo para lerem e comentarem os textos. Socialize depois
a discussão e faça uma seleção dos comentários que se relacionarem
com o conceito de intertextualidade. Registre-os de forma resumida no
quadro-negro.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Em seguida, proponha que façam, por escrito, uma análise comparativa dos
dois textos. Se achar que é o caso, oriente o trabalho com um roteiro, como
este abaixo.
a. É imprescindível conhecer a poesia de Drummond para compreender o texto
de José Saramago? Justificar a resposta.
b. Identificar o segmento do texto de Saramago que traduz, em linguagem po
ética, a seguinte afirmativa dos PCNEM:
O homem pode ser conhecido pelos textos que produz. Nos textos, os
homens geram intertextos cada vez mais diversificados; o princípio das
diferenciações encontra no social o alimento de referência, (p. 142).
c. Tendo em vista que o intertexto sempre implica uma operação de interpreta
ção do texto matriz, por parte do autor:
Quais os significados projetados por Saramago no texto de Drummond?
Pode-se afirmar que essa leitura desentranhou novos significados do texto
do poeta brasileiro? Justificar a resposta.
d. Proponha que alguns professores, espontaneamente, exponham aos demais
sua resposta à seguinte questão:
A/este momento, ao realizar esta atividade, que situação de sua
vida profissional ou social mereceria uma exposição passível de
ser fechada com a pergunta "E agora, José?"?
Conceito: função e natureza da intertextualidade.
Competência: analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, re-
lacionando texto e contexto.
Atividade 2
Solicite a cada professor um depoimento a respeito dos seguintes pontos:
Ao corrigir as redações de seus alunos, tem observado a ocorrência
de intertextualidade?
Quais são as fontes mais frequentes dessa intertextualidade:
cinema, televisão, jornal, letras de música, a literatura estudada na
escola? Outras fontes? Quais?
Distribua o Anexo 2 (página 83) e diga para lerem os Textos 1 e 2.
Em seguida, apresente esta situação:
Para trabalhar o conceito de intertextualidade, um professor escolheu o
recorte do texto do Canto IV de Os Lusíadas que aparece no Anexo. E
apresentou em seguida o Texto 2, do mesmo Anexo.
Peça para o grupo relacionar a atividade desenvolvida pelo professor hipotético
com esta passagem dos PCNEM:
[...] O texto só existe na sociedade e é produto de uma história social e cultural,
único em cada contexto, porque marca o diálogo entre os interlocutores que o
produzem e entre os outros textos que o compõem, (p. 139)
Atividade 3
Entregue cópias do Anexo 3 (páginas 83-85) e peça para os professores lerem.
Terminada a leitura, diga para compararem os dois textos, de acordo com os
seguintes aspectos:
a. A fidelidade (ou não) do título do texto jornalístico ao fato.
b. A dupla significação do título do texto de Scliar, título que também é um intertexto.
(Se for preciso, relembre que o título do texto de Scliar repete o de um filme de
Frederico Fellini, La dolce vita.)
c. A utilização da ironia - um recurso frequente na intertextualidade - no texto de
Scliar. Em relação a esse aspecto, pergunte aos professores:
Nos exercícios de intertextualidade, tem sido comum seus alunos
utilizarem a ironia, recurso que pode conduzir à paródia?
Dependendo das respostas, analise com o grupo o motivo de os alunos manifestarem
essa preferência.
Peça para os professores retomarem as anotações feitas na atividade anterior e
definirem intertextualidade, a partir da comparação dos textos.
Para finalizar a atividade, apresente o seguinte trecho dos PCNEM:
[...] O desenvolvimento da competência linguística do aluno no Ensino Médio,
dentro dessa perspectiva, não está pautado na exclusividade do domínio técnico
de uso da língua legitimada pela norma padrão, mas, principalmente, no saber
utilizar a língua, em situações subjetivas e/ou objetivas que exijam graus de
distanciamento e reflexão sobre contextos e estatutos de interlocutores - a com-
petência comunicativa vista pelo prisma da referência do valor social e simbólico
da atividade linguística e dos inúmeros discursos concorrentes, (p. 131)
Converse com o grupo, levando-o a relacionar esse texto com as atividades realizadas,
especialmente em dois aspectos:
a. identificar as informações necessárias para uma compreensão mais profunda da
intertextualidade entre o Texto 1 e o Texto 2;
b. escolher uma atividade que poderia ser proposta com o objetivo específico de tornar
relevante para o aluno a busca de informações sobre o contexto em que cada um dos
textos foi produzido e sobre a importância do suporte em que foram veiculados.
Atividade 4
Relate aos professores este fato:
Um dia após ter sido publicada a notícia transcrita no Anexo 3, uma
advogada paulistana de classe média alta foi surpreendida em um
supermercado, furtando chocolates. A advogada foi presa.
Distribua o Anexo 4 (páginas 85-86) para os professores lerem e comentarem
livremente.
Discuta com os participantes:
A relação com o fato real que Barbara Gancia cria em seu texto é
semelhante à relação existente entre os dois textos do Anexo 3?
Considerando a condição profissional da jornalista Barbara Gancia, leve o gru
po a relacionar o texto a esta passagem dos PCNEM:
[...] as relações linguísticas, longe de serem uniformes, marcam o poder simbóli-
co acumulado pelos seus protagonistas, (p. 131)
Conceitos: protagonista do discurso; intertextualidade.
Competência: confrontar opiniões e pontos de vista sobre diferentes manifestações
da linguagem verbal.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Atividade 5 ____________________________________________________________
Cada participante do grupo de três professores se encarrega de levar um jornal
diferente, mas do mesmo dia. Sugira que escolham uma notícia que tenha sido
publicada nos três jornais. Deverão comparar as fontes e analisar o diálogo per
manente entre os usuários da língua. Nesse trabalho deve-se levar em conta:
a. este fragmento dos PCNEM:
[...] No Art. 27, quando a Lei fala sobre as diretrizes dos conteúdos curriculares,
a questão da cidadania e do trabalho serve de exemplo do uso da língua, vista
como conhecimento de mundo em interação, em que a linguagem representa
fonte da ética e estética em ação. (p. 38)
b. esta reflexão:
A moral, numa determinada sociedade, indica o comportamento que deve ser
considerado bom e mau. A ética procura o fundamento do valor que norteia o
comportamento, partindo da historicidade presente nos valores.
Terezinha A. Rios, Ética e competência.
São Paulo, Cortez, 1993, p. 24.
Para finalizar, proponha a montagem de um 'varal', a fim de que todos possam
ler as notícias colhidas e os textos produzidos pelos colegas.
Atividade 6 ____________________________________________________________
Distribua o Anexo 5 (páginas 86-87) entre grupos de no máximo quatro pessoas.
Peça para todos os grupos analisarem os textos e comentarem a intertextualidade.
Escolha um dos grupos e explique: para eles, está reservada uma tarefa diferente da
realizada pelos demais. Peça para esperarem.
Proponha à maioria dos grupos que, recorrendo aos textos do Anexo, elabore um
plano de aula para trabalhar a intertextualidade. Os professores deverão levar em
conta o grau de maturidade e conhecimento de seus alunos, e observar também:
a. esta disposição dos PCNEM:
No Parecer do CNE, destaca-se a questão da formação ética, estética e política na
e pela língua, vista como formadora de valores sociais e culturais, (pp. 138-9)
b. esta questão:
Que valor(es) se pode(m) mobilizar com esse trabalho?
Explique então a tarefa do grupo que ficou à parte: identificar e indicar, em mani-
festações que não pertençam ao universo da literatura, intertextos da história de
Chapeuzinho Vermelho, inclusive com seus desdobramentos temáticos (por exemplo,
o homem conquistador encarnado no lobo mau). Esses intertextos - quadros, cartuns,
telenovelas, filmes, quadrinhos, dança, jornalismo escrito e televisivo, sites da internet,
teatro, escultura etc. - deverão não só ilustrar o trabalho dos colegas dos outros
grupos, como também dialogar com esses trabalhos.
Promova a análise dos trabalhos, levando em conta esta passagem dos PCNEM:
[...] O texto só existe na sociedade e é produto de uma história social e cultural,
único em cada contexto, porque marca o diálogo entre os interlocutores que o
produzem e entre os outros textos que o compõem. O homem visto como um
texto que constrói textos, (p. 139)
Sugira que se monte um painel com o resultado do trabalho.
Atividade 7
Reorganize a sala em cinco grupos, entregue um Anexo diferente a cada grupo (Anexos
6, 7, 8, 9 e 10 (páginas 87-93), que deverá realizar a tarefa proposta em seu Anexo.
Enquanto os grupos trabalham, circule entre eles e oriente-os se for necessário.
Quando terminarem, abra um painel para que cada grupo explique sua tarefa, relate
as soluções encontradas e as possíveis dificuldades para a resolução pe-
dagógico/educacional do problema. Incentive os grupos a avaliar mutuamente seus
trabalhos, fazer comentários, sugerir mudanças, cortes, acréscimos etc.
Planeje uma forma de documentar a síntese do trabalho - por escrito, ou com
gravação em áudio ou em vídeo - e posteriormente colocá-la à disposição de todos os
participantes do curso.
Terminado o trabalho, entregue aos professores o Anexo 11 (página 94), que
reproduz o texto de encerramento, a seguir. Se considerar pertinente, promova uma
rodada de discussão desse texto.
O espaço da Língua Portuguesa na escola é garantir o uso ético e estético da lingua-
gem verbal; fazer compreender que pela e na linguagem é possível transformar/
reiterar o social, o cultural, o pessoal; aceitar a complexidade humana, o respeito
pelas falas, como parte das vozes possíveis e necessárias para o desenvolvimento
humano, mesmo que, no jogo comunicativo, haja avanços/retrocessos próprios dos
usos da linguagem; enfim, fazer o aluno se compreender como um texto em diálogo
constante com outros textos. (PCNEM, p. 144, grifo nosso)
O trecho grifado pode sintetizar bem o que se pretende com o trabalho de
intertextualidade. A intenção é levar o aluno a se conscientizar de sua condição de um
intertexto vivo, capaz de referendar, citar, parafrasear os discursos estabelecidos ou negociar
sentidos, desmontá-los, sempre criando intertextos novos, em um exercício constante de
diálogo (a que os PCN chamam de 'jogo comunicativo'), em que a identidade de cada um se
instaura a partir da herança social e cultural comum.
No mundo globalizado, esses intertextos se inserem, por sua vez, em um hipertexto a
que a escola deve garantir, ao mesmo tempo, acesso e condição de preservação da marca
histórica, social e individual de seus alunos.
Esta passagem dos PCNEM referenda essas ideias:
O ponto de vista, qualquer que seja, é um texto entre textos e será recriado em outro
texto, objetivando a socialização das formas de pensar, agir e sentir, a necessidade de
compreender a linguagem como parte do conhecimento de si próprio e da cultura e a
responsabilidade ética e estética do uso social da língua materna, (p. 144)
Consulte também _________________________________________________
PAULINO, Graça, WALTY, Ivete & CURY, Maria Zilda. Intertextualidade: teoria e
prática. Belo Horizonte, Lê.
As autoras apresentam várias propostas de trabalho com intertextualidade, como por
exemplo diversas versões da história de Chapeuzinho Vermelho.
SANTANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase e Cia. São Paulo, Ática, 1998 A
obra traz estudos teóricos e aplicados de intertextualidade.
Para encerrar, recolha os Anexos.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 1
Texto 1
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher, está
sem discurso, está sem
carinho, já não pode
beber, já não pode
fumar, cuspir já não
pode, a noite esfriou, o
dia não veio, o bonde
não veio, o riso não
veio, não veio a utopia e
tudo acabou e tudo fugiu
e tudo mofou, e agora,
José?
E agora, José? sua
doce palavra, seu
instante de febre, sua
gula e jejum, sua
biblioteca,
sua lavra de ouro, seu
terno de vidro, sua
incoerência, seu ódio,
- e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta, não
existe porta; quer
morrer no mar, mas o
mar secou; quer ir
para Minas, Minas
não há mais. José, e
agora?
Se você gritasse, se
você gemesse, se
você tocasse, a valsa
vienense, se você
dormisse, se você
cansasse, se você
morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia, sem
parede nua para se
encostar, sem cavalo
preto que fuja a
galope, você marcha,
José! José, para
onde?
Carlos Drummond de Andrade, in Obra completa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1967, p. 130.
Carlos Drummond de Andrade © 1988 Grana Drummond.
Anexo 1
Texto 2
E agora, José?
Há versos célebres que se transmitem através das idades do homem, como
roteiros, bandeiras, cartas de marear, sinais de trânsito, bússolas — ou segredos.
Este, que veio ao mundo muito depois de mim, pelas mãos de Carlos Drummond
de Andrade, acompanha-me desde que nasci, por um desses misteriosos acasos
que fazem do que viveu já, do que vive e do que ainda não vive, um mesmo nó
apertado e vertiginoso de tempo sem medida. Considero privilégio meu dispor
deste verso, porque me chamo José e muitas vezes na vida me tenho
interrogado: "E agora?" Foram aquelas horas em que o mundo escureceu, em que
o desânimo se fez muralha, fosso de víboras, em que as mãos ficaram vazias e
atónitas. "E agora, José?" Grande, porém, é o poder da poesia para que
aconteça, como juro que acontece, que esta pergunta simples aja como um
tónico, um golpe de espora, e não seja, como poderia ser, tentação, o começo da
interminável ladainha que é a piedade por nós próprios.
Em todo o caso, há situações de tal modo absurdas (ou que o pareceriam
vinte e quatro horas antes), que não se pode censurar a ninguém um instante de
desconforto total, um segundo em que tudo dentro de nós pede socorro, ainda
que saibamos que logo a seguir a mola pisada, violentada, se vai distender
vibrante e verticalmente afirmar. Nesse momento veloz tocara-se o fundo do
poço.
Mas outros Josés andam pelo mundo, não o esqueçamos nunca. A eles
também sucedem casos, desencontros, acidentes, agressões, de que saem às
vezes vencedores, às vezes vencidos. Alguns não têm nada nem ninguém a seu
favor, e esses são, afinal, os que tornam insignificantes e fúteis as nossas penas.
A esses, que chegaram ao limite das forças, acuados a um canto pela matilha,
sem coragem para o último ainda que mortal arranco, é que a pergunta de Carlos
Drummond de Andrade deve ser feita, como um derradeiro apelo ao orgulho de
ser homem: "E agora, José?"
Precisamente um desses casos me mostra que já falei demasiado de mim.
Um outro José está diante da mesa onde escrevo. Não tem rosto, é um vulto
apenas, uma superfície que treme como uma dor contínua. Sei que se chama
José Júnior, sem mais riqueza de apelidos e genealogias, e vive em São Jorge da
Beira. É novo, embriaga-se, e tratam-no como se fosse uma espécie de bobo.
Divertem-se à sua custa alguns adultos, e as crianças fazem-Ihe assuadas, talvez
o apedrejem de longe. E se isto não fizeram, empurra-ram-no com aquela súbita
crueldade das crianças, ao mesmo tempo feroz e
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 1
cobarde, e o José Júnior, perdido de bêbedo, caiu e partiu uma perna, ou talvez
não, e foi para o hospital. Mísero corpo, alma pobre, orgulho ausente -"E agora,
José?"
Afasto para o lado os meus próprios pesares e raivas diante deste quadro
desolado de uma degradação, do gozo infinito que é para os homens
esmagarem outros homens, afogá-los deliberadamente, aviltá-los, fazer deles
objecto de troça, de irrisão, de chacota - matando sem matar, sob a asa da lei ou
perante a sua indiferença. Tudo isto porque o pobre José Júnior é um Jo
Júnior pobre. Tivesse ele bens avultados na terra, conta forte no banco,
automóvel à porta — e todos os vícios lhe seriam perdoados. Mas assim, pobre,
fraco e bêbedo, que grande fortuna para São Jorge da Beira. Nem todas as
terras de Portugal se podem gabar de dispor de um alvo humano para darem
livre expansão a ferocidades ocultas.
Escrevo estas palavras a muitos quilómetros de distância, não sei quem é
José Júnior, e teria dificuldade em encontrar no mapa São Jorge da Beira. Mas
estes nomes apenas designam casos particulares de um fenómeno geral: o
desprezo pelo próximo, quando não o ódio, tão constantes ali como aqui mesmo,
em toda a parte, uma espécie de loucura epidémica que prefere as vítimas
fáceis. Escrevo estas palavras num fim de tarde cor de madrugada com
espumas no céu, tendo diante dos olhos uma nesga do Tejo, onde há barcos
vagarosos que vão de margem a margem levando pessoas e recados. E tudo
isto parece pacífico e harmonioso como os dois pombos que pousam na varanda
e sussurram confidencialmente. Ah, esta vida preciosa que vai fugindo, tarde
mansa que não será igual amanhã, que não serás, sobretudo, o que agora és.
Entretanto, José Júnior está no hospital, ou saiu já e arrasta a perna coxa
pelas ruas frias de São Jorge da Beira. Há uma taberna, o vinho ardente e
exterminador, o esquecimento de tudo no fundo da garrafa, como um diamante,
a embriaguez vitoriosa enquanto dura. A vida vai voltar ao princípio. Será
possível que a vida volte ao princípio? Será possível que os homens matem José
Júnior? Será possível?
Cheguei ao fim da crónica, fiz o meu dever. "E agora, José?"
José Saramago, A bagagem do viajante. São Paulo,
Companhia das Letras, 1996, pp. 38-40.
Anexo 2
Texto 1
Estavas, linda Inês, posta em sossego, De
teus anos colhendo doce fruito, Naquele
engano da alma, ledo e cego, Que a
Fortuna não deixa durar muito, Nos
saudosos campos do Mondego, De teus
fermosos olhos nunca enxuito, Aos montes
insinando e às ervinhas O nome que no
peito escrito tinhas.
Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto III, estrofe 120.
Rio de Janeiro, Edições de Ouro, s/d, p. 310.
Texto 2
Inês da terra. Inês do céu. Inês.
Preferida dos anjos. Árdua rota,
conúbio consumado, anteviuvez. Mas
após amplidão sempre remota, branca
existência, face da sem tez. Ontem
forma palpável. Hoje ignota. Eterna
linda Inês, paz, desapego, porta
recriada para os sem-sossego.
Jorge de Lima, Invenção de Orfeu, Canto IX -
Permanência de Inês. Rio de Janeiro, Ediouro, s/d, p. 186.
Anexo 3
Texto 1
Desempregado do Texas levou barra que custava US$ 1
Americano é condenado a 16 anos por furtar um chocolate
Um homem foi condenado a 16 anos de prisão no Texas (sul dos EUA) após ter
furtado uma barra de chocolate.
O desempregado Kenneth Dude Payne, 29, levou sem pagar um chocolate
da marca Snickers, que valia U5$ 1, de uma loja da cidade de Tyler em 16
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 3
de dezembro do ano passado.
Afirmou que não tinha dinheiro para comprar o chocolate e disse que sabia
que o dono da loja não daria a barra se ele pedisse.
A sentença foi proferida em 16 de março, mas o caso só foi divulgado
ontem.
O desempregado já tinha outras passagens pela polícia, a primeira delas
por ter furtado um pacote de biscoitos, aos 17 anos. Depois, ele também furtou
uma caixa de ferramentas e dois cartões de crédito, crimes pelos quais foi
condenado a 10 anos de prisão. Estava em liberdade condicional depois de ter
cumprido quatro anos e meio de detenção.
" Eu sei que esse caso parece um pouco patético", afirmou o promotor Jodi
Brown. "Mas a condenação não foi resultado apenas do furto de uma barra de
chocolate. Ele foi condenado pelo seu estilo de vida, essencialmente, que ele
escolheu aos 16 anos e vem praticando desde então", disse Brown.
No julgamento, a Promotoria pediu que Payne fosse julgado por "conduta
criminosa habitual", uma tipificação existente no Estado do Texas que estipula
uma pena mínima de 16 anos de prisão. Se tivesse sido julgado apenas pelo
furto do chocolate, Payne pegaria uma pena máxima de 4 anos. A advogada do
desempregado, Linda Altier, afirmou que vai recorrer.
Folha de 5. Paulo, 5/4/2000, p. 1-15.
Texto 2 ____________________________________
Dolce vita
Americano é condenado a 16 anos por furtar um chocolate
Era uma paixão que vinha da infância: ele adorava chocolate. Podia comer dez
barras de uma só vez, podia comer meio quilo de bombons. Mas, de-
sempregado, não tinha dinheiro para isso. Acabou roubando um Snickers. Foi
preso e julgado.
Quando o juiz pronunciou a sentença, sua primeira reação foi de revolta.
Dezesseis anos por ter roubado uma barra de chocolate! Que Justiça era
aquela? Quem o acalmou foi o guarda que o escoltava:
- Calma, rapaz. Pelo menos agora você vai ter comida todos os dias. E vai
ganhar inclusive chocolate.
Ele achou que o homem estava debochando, quis até brigar. Mas o guarda
confirmou; chocolate, sim - ele já tinha trabalhado na prisão da cidade e sabia
que aquilo era praxe; aos domingos, os prisioneiros recebiam, após o almoço,
uma barra de chocolate Snickers. A mesma marca daquele que tinha roubado.
Anexo 3
Conformado - pelo menos teria como satisfazer sua paixão -, ele se deixou
conduzir para a cadeia. Recebeu o uniforme, passou pelo médico que o examinou
e foi levado para a cela. Naquele mesmo dia iniciou-se sua rotina. Tinha sido
designado para a lavanderia. Trabalho duro, que ele enfrentou com resignação.
Com a mesma resignação enfrentou também a zombaria dos companheiros de
prisão. Com um único pensamento: no domingo ele ganharia uma barra de
chocolate.
À hora do almoço, no domingo, ele era o primeiro da fila. Recebeu a sua
bandeja com a comida - mas nada de chocolate.
- Para você não - disse o chefe da cozinha.
- Por que não?
O homem mostrou um papel assinado pelo médico.
- Está escrito aqui: descobriram que você tem peso acima do normal.
Snickers para você, não.
Sem dizer nada, ele foi para a mesa. Mas não pôde comer. Só pensava
numa coisa: no túnel que o levaria à liberdade. Um túnel que ele cavaria de
qualquer jeito. Nem que levasse dezesseis anos para isso.
Moacir Sdiar, in Folha de São Paulo, 10/4/2000, p. 5-16.
Anexo 4
Advogada entra de gaiata no navio
[...] se roubar uma caixa de chocolates e uns doces espanhóis de um
supermercado é motivo para ser preso e ter o nome exposto no jornal e na TV,
então a que tipo de punição deve ser submetido quem mente para o eleitor; quem
faz qualquer manobra para continuar a prevaricar livremente ou quem usa e
abusa da passividade dessa nossa gente acomodada?
O leitor polemista há de dizer que, dias atrás, nos Estados Unidos, um
rapaz foi condenado a passar 16 anos atrás das grades por roubar uma barra de
chocolate. Nada a ver.
Nos EUA a pena aumenta, e muito, de acordo com as condenações
anteriores. Em alguns Estados, por menor que seja o crime, na terceira
condenação o sujeito fica passível a ver o sol nascer quadrado forever.
Mas o que nos interessa no momento é o que acontece aqui e não acolá.
Diante da quantidade de crimes que ocorre nesta cidade
LÍNGUA PORTUGUESA- Módulo 2
Anexo 4
desgovernada, dentro e fora do poder, eu gostaria de saber do leitor se ele
considera correto o tratamento que a advogada recebeu: é justo ela ter seu
nome, o do marido e da escola das filhas divulgados nos jornais e na televisão?
É justo enviá-la para o cárcere em vez de cobrar uma fiança e deixá-la ir para
casa? Ou será que essa senhora, que se manteve calma durante todo o
depoimento na delegacia, representa algum perigo para a sociedade e pode
colocar a vida de alguém em risco? Em vez de dar show de demagogia com a
advogada, só porque ela dirige um Mitsubishi e suas filhas estudam em colégio
tradicional, por que a polícia não trata de fazer uma devassa na favela Paraguai
e prende os traficantes que expulsaram quase todas as famílias do local? Ora, se
a maioria das famílias foi embora, será que os criminosos não estão entre os que
ficaram? Estamos até a tampa com criminosos de colarinho branco, que também
dirigem carros importados. Mas não é indo à desforra contra ladrões de galinhas
ou de chocolates que a gente vai ficar quite.
Barbara Gancia, in Folha de 5. Paulo, 7/4/2000, p. 3-2.
Anexo 5
Todos conhecem a história de Chapeuzinho Vermelho, de Charles Perrault. Os
textos a seguir retomam a velha história.
Texto 1 ____________________________________
História malcontada
A história de Chapeuzinho Vermelho sempre me pareceu mal contada e não há
esperança de se conhecer exatamente o que se passou entre ela, a avozinha e o
lobo.
Começa que Chapeuzinho jamais chegaria depois do lobo à choupana da
avozinha. Ela vencera na escola o campeonato infantil de corrida a pé, e
normalmente não andava a passo, mas com ligeireza de lebre. Por sua vez, o
lobo se queixava de dores reumáticas, e foi isto, justamente, que fez
Chapeuzinho condoer-se dele.
Estes são pormenores da versão da história, ouvida por Tia Nicota, no
começo do século, em Macaé. Segundo ali se dizia, Chapeuzinho e o
Anexo 5
Lobo fizeram boa liga e resolveram casar-se. Ela estava persuadida de que o
lobo era um príncipe encantado, e que o casamento o faria voltar ao estado
natural. Seriam felizes, teriam gémeos. A avozinha opôs-se ao enlace, e
houve na choupana uma cena desagradável entre os três. O lobo não era
absolutamente príncipe, e Chapeuzinho, unindo-se a ele, transformou-se em
loba perfeita, que há tempos ainda uiva à noite, nas cercanias de Macaé.
Carlos Drummond de Andrade,
"História malcontada", in Contos plausíveis.
Rio de Janeiro, José Olympio, 1985, p. 84.
Carlos Drummond de Andrade © 1988 Grana Drummond.
Texto 2 ____________________________________
A verdadeira dialética
aí os caçadores chegaram mataram o
lobo e abriram a barriga e encontraram
a vovozinha toda mastigadinha quanto
a chapeuzinho vermelho
eles comeram
Sebastião Uchoa Leite,
in Obra em dobras, "Col. Claro Enigma".
São Paulo, Duas Cidades, 1988, p. 73.
Anexo 6
ATIVIDADES PARA O GRUPO 1
Texto 1 ____________________________________
O folhetim
De início, ou seja, começos do século XIX, le feuilleton designa um lugar
preciso do jornal: o rez-de-chausée - rés-do-chão, rodapé -, geralmente o da
primeira página. Tinha uma finalidade precisa: era um espaço destinado ao
entretenimento. [...] Aquele espaço vale-tudo suscita todas as formas e
modalidades de diversão escrita: nele se contam piadas, se fala de crimes e
de monstros, se propõem charadas, se
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 6
oferecem receitas de cozinha ou de beleza [...]
E, numa época em que a ficção está na crista da onda, é o espaço onde se
pode treinar a narrativa, onde se aceitam mestres e noviços do género, histórias
curtas ou menos curtas e adota-se a moda inglesa de publicações em série se
houver mais textos e menos colunas. [...]
Lançando a sementeira de um boom lítero-jornalístico sem precedentes e
aberto a formidável descendência, vai-se jogar ficção em fatias no jornal diário,
no espaço consagrado ao folhetim vale-tudo. [...] Já pelos fins de 1836, a fórmula
'continua amanhã' entrou nos hábitos e suscita expectativas. Falta ainda fazer o
romance ad hoc que responda às mesmas, adaptado às novas condições de
corte, suspense, com as necessárias redundâncias para reativar memórias ou
esclarecer o leitor que pegou o bonde andando. No começo da década de 1840 a
receita está no ponto, é o filé mignon do jornal, grande isca para atrair e segurar
os indispensáveis assinantes. Destinado de início a ser uma outra modalidade de
folhetim, o então chamado folhetim-romance vai se transformar no feuilleton tout
court.
Brotou assim, de puras necessidades jornalísticas, uma nova forma de
ficção, um género novo de romance.
Marlise Meyer, Folhetim - uma história. São Paulo,
Companhia das Letras, 1996. pp. 57-9.
Texto 2 ____________________________________
Em uma situação de ensino, a análise da origem de géneros e tempos,
no campo artístico, permite abordar a criação das estéticas que refletem,
no texto, o contexto do campo de produção, as escolhas estilísticas,
marcadas de acordo com as lutas discursivas em jogo naquela época/
local, ou seja, o caráter intertextual e intratextual. (PCNEM, p. 129)
Tarefa
1. Escolher uma telenovela que esteja fazendo sucesso no momento.
2. Traçar um plano de trabalho para sala de aula, partindo da reflexão transcrita
no Texto 2.
3. O trabalho deve prever a comparação da telenovela com o folhetim e o
objetivo final é que o aluno consiga identificar, comentar e analisar o porquê da
intertextualização de um género o tradicional feita por um suporte novo - a
televisão e sua linguagem. O plano de trabalho deve dar destaque sobretudo a
dois aspectos da reflexão: a questão do tempo histórico e o papel dos
interlocutores no campo artístico.
Anexo 7
ATIVIDADES PARA O GRUPO 2
1. Leia esta questão, apresentada no Enem de 1999.
Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se
com passagens já lidas em outros? Os textos conversam entre si em um
diálogo constante. Esse fenómeno tem a denominação de
intertextualidade. Leia os seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser 'gaúche' na vida
(ANDRADE, Carlos Drummond de.
Alguma poesia. Rio de Janeiro, Aguilar, 1964)
II. Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo,
Companhia das Letras, 1989)
III. Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio
de Janeiro, Guanabara, 1986)
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em rela-
ção a Carlos Drummond de Andrade, por:
a. reiteração de imagens.
b. oposição de ideias.
c. falta de criatividade.
d. negação dos versos.
e. ausência de recursos.
2. Identifique o que há de comum entre o objetivo dessa questão e esta
competência expressa nos PCNEM:
Relacionar os discursos com contextos sócio-históricos, ideologias, simu-
lacros e pensar os discursos em sua intertextualidade podem revelar a
diversidade do pensamento humano, (p. 140)
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 7
3. Considere os pré-requisitos para responder corretamente à questão, ba-
seando-se nas alternativas fornecidas. Leve em conta género, conteúdo, tom
do intertexto e conceito de imagem.
4. A partir dessa análise, identifique o grau de dificuldade da questão para seus
alunos que estão concluindo o Ensino Médio.
Anexo 8
ATIVIDADES PARA O GRUPO 3
1. Veja o quadro e leia o poema de Drummond inspirado na tela.
A cigana adormecida, de Henri Rousseau.
Poema de Drummond
Para te acordar do sono
profundo disfarço-me: em
leão que ao te roçar
esquece a missão.
Carlos Drummond de Andrade,
in Arte em exposição.
Rio de Janeiro, Record/Salamandra, 1990, p. 81.
Carlos Drummond de Andrade © 1988 Grana Drummond.
Anexo 8
2. Leia este texto:
Há uma "diversidade de vozes" em um mesmo texto. [...] Uma entoação de
voz pode transformar o sentido de um texto. A simples inversão de um adje-
tivo modifica o significado de uma frase. 0 texto literário se apropria desse
jogo do possível com maestria. A propaganda faz o mesmo. (PCNEM, p. 142)
3. Assim como há uma entoação ou entonação de voz na leitura de um tex-
to, podemos falar em uma entoação ou entonação de uma época. Valen-
do-se da comparação entre o texto e o quadro, que estratégia(s) poderia(m)
ser utilizada(s) para demonstrar ao aluno que "uma entoação de voz pode
transformar o sentido de um texto"?
4. Indique uma obra do campo das artes plásticas que possa dialogar com
um texto da literatura brasileira, a sua escolha. Se possível, faça essa mon-
tagem e apresente-a para o grupo.
Anexo 9
ATIVIDADES PARA O GRUPO 4
Texto 1 _____________________________________
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho Da
aurora da minha vida, Da minha
infância querida Que os anos não
trazem mais! Que amor, que sonhos,
que flores, Naquelas tardes
fagueiras, À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais! Como são
belos os dias Do despontar da
existência Respira a alma inocência
Como perfumes a flor; O mar é -
lago sereno, O céu - um manto
azulado, O mundo - um sonho
dourado, A vida - um hino d'amor!
(O poema está datado: Lisboa, 1857)
Casimiro de Abreu, in Magaly Trindade Gonçalves et ai (org.),
Antologia de antologias. São Paulo, Musa, 1995, p. 222.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 9
Texto 2 ___________________________________
Meus oito anos
Oh que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Das horas
De minha infância
Que os anos não trazem mais
Naquele quintal de terra
Da Rua Santo António
Debaixo da bananeira
Sem nenhum laranjais.
Oswald de Andrade, In Obras completas. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1974, v. 7, p. 162.
Texto 3 ____________________________________
Em 1982 encenou-se a peça A aurora da minha vida, do dramaturgo Naum
Alves de Souza. O crítico Sábato Magaldi viu a peça desta forma:
"Naum teve o cuidado de pesquisar os poemas antológicos transmiti-
dos na escola, bem como os hinos de diferentes inspirações, encarregados de
moldar a personalidade. [...] O espectador ri o tempo inteiro, estimulado ain-
da, talvez pelo reconhecimento de passagens semelhantes em sua biografia."
Tarefa
1. Considere os trechos seguintes dos PCNEM e os objetivos neles explícitos
ou implícitos:
No Parecer do CNE, destaca-se a questão da formação ética, estética e
política na e pela língua, vista como formadora de valores sociais e cultu-
rais. (p. 138)
Recuperar, pelo estudo do texto literário, as formas instituídas de construção
do imaginário coletivo, o património representativo da cultura e as classifica-
ções preservadas e divulgadas, no eixo temporal e espacial, (p. 145)
2. Utilizando os textos e a informação sobre a peça teatral, elabore um
exercício que privilegie o estudo da intertextualidade, de forma que os
objetivos expostos acima sejam atingidos.
Anexo 10
ATIVIDADES PARA O GRUPO 5
1. Leia esta passagem dos PCNEM:
Tomemos como exemplo um acontecimento escolar. A professora ensinou
que "azul, verde, branco, as cores em geral" eram adjetivos e solicitou que
os alunos construíssem frases com as palavras. Um dos alunos escreveu: "O
azul do céu é bonito. O branco significa paz etc". Logicamente, um X foi
colocado sobre as frases. O porquê, o aluno nunca soube. (p. 137)
2. Numa sala de aula, o professor ensinou que paródias são textos dotados
de humor e exemplificou com a seguinte letra de música, sem revelar o
texto gerador da paródia:
Mamãe Coragem
Caetano Veloso e Torquato Neto
Mamãe, mamãe não chore
A vida é assim mesmo eu fui embora
Mamãe, mamãe não chore
Eu nunca mais vou voltar por aí
Mamãe, mamãe não chore
A vida é assim mesmo eu quero mesmo é isto aqui
Mamãe, mamãe não chore
Pegue uns panos pra lavar, leia um romance
Veja as contas do mercado, pague as prestações
Ser mãe é desdobrar fibra por fibra os corações dos filhos
Seja feliz, seja feliz
Mamãe, mamãe não chore.
3. Este é o texto gerador da paródia:
Ser mãe
Coelho Neto
Ser mãe é desdobrar fibra por fibra o coração!
Ser mãe é ter no alheio lábio que suga, o
pedestal do seio, onde a vida, onde o amor,
cantando, vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra sobre
um berço dormindo! É ser anseio, é ser
temeridade, é ser receio, é ser força que os
males equilibra!
In Magaly Trindade Gonçalves et ai (org.),
Antologia de antologias. São Paulo, Musa, 1995, p. 336.
4. Alguns alunos, que não conheciam o texto gerador da paródia, confessaram
não ter identificado qualquer traço de ironia ou humor.
5. Crie um exercício para tentar recuperar para os 'alunos' a intenção do texto de
Caetano e Torquato Neto.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 2
Anexo 11
0 espaço da Língua Portuguesa na escola é garantir o uso ético e estético
da linguagem verbal; fazer compreender que pela e na linguagem é possí-
vel transformar/reiterar o social, o cultural, o pessoal; aceitar a complexi-
dade humana, o respeito pelas falas, como parte das vozes possíveis e ne-
cessárias para o desenvolvimento humano, mesmo que, no jogo comuni-
cativo, haja avanços/retrocessos próprios dos usos da linguagem; enfim.
fazer o aluno se compreender como um texto em diálogo constante com
outros textos. (PCNEM, p. 144 - grifo nosso)
O trecho destacado pode ser uma boa síntese do que se pretende com o
trabalho de intertextualidade: o aluno se conscientizar de sua condição de um
intertexto vivo, capaz de referendar, citar, parafrasear os discursos estabelecidos
ou negociar sentidos, desmontá-los, sempre criando intertextos novos, num
exercício constante de diálogo (a que os PCN chamam de 'jogo comunicativo'), em
que a identidade de cada um se instaure a partir da herança social e cultural
comum.
No mundo globalizado, esses intertextos, por sua vez, se inserem num
hipertexto a que a escola deve garantir, ao mesmo tempo, acesso e condição de
preservação da marca histórica, social e individual de seus alunos.
Nos PCNEM essa ideia está referendada:
O ponto de vista, qualquer que seja, é um texto entre textos e será recriado
em outro texto, objetivando a socialização das formas de pensar, agir e
sentir, a necessidade de compreender a linguagem como parte do conheci-
mento de si próprio e da cultura e a responsabilidade ética e estética do uso
social da língua materna, (p. 144)
LÍNGUA PORTUGUESA
M
ÓDULO
3
E
NSINO DE GRAMÁTICA
:
ALGUMAS REFLEXÕES
Não cabe à instituição de ensino a simples substituição da norma coloquial
usada na língua funcional do aluno pela norma culta usada na língua funcio-
nal da escola. [...] caberá ao professor e à escola como um todo transformar
o aluno num poliglota dentro da sua própria língua histórica - a portuguesa,
em nosso caso.
Evanildo Bechara
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo___________________________________________________________
Reavaliar o ensino da gramática para integrá-la na comunicação como instrumento
efetivo.
Trabalhar com a gramática a partir de situações práticas de uso da língua.
Reavaliar o conceito de erro, valendo-se de estudos linguísticos e gramaticais
contemporâneos.
Demonstrar ao aluno a importância da aquisição da norma considerada culta como
fator de possível inserção social, sem desrespeitar as demais variedades linguísticas.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar e analisar as várias dimensões da linguagem, redimensionando o alcance
do que se costuma considerar como 'norma culta';
articular as redes de diferenças e semelhanças entre a língua, oral e escrita, e seus
códigos sociais, contextuais e linguísticos.
Conceitos _____________________________________________________________________
Norma culta.
Gramática natural, descritiva e normativa.
Erro.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Lousa e giz. PCNEM.
Caderno, lápis e caneta. Anexos do Módulo 1 de Língua Portuguesa.
Dinâmica de trabalho____________________________________________________________
Atividade 1 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 1 (páginas 100-101) para leitura individual.
Após a leitura, comente com os professores que, na obra Língua e liberdade - por uma
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
nova concepção da língua materna (leitura fundamental para professores de Português),
Celso Pedro Luft transcreve e analisa essa mesma crónica. Em sua análise, o autor afirma
que "[...] a língua deve ser vista, analisada e ensinada como entidade viva".
Incentive os professores a expressar sua opinião a respeito da colocação de Luft,
relacionando essa afirmativa com passagens da crónica.
Peça aos professores para identificarem, na crónica, o trecho diretamente relaci
onado a este fragmento dos PCNEM:
[As finalidades do domínio da língua...] devem visar a um saber linguístico amplo,
tendo a comunicação como base das ações. Comunicação aqui entendida como um
processo de construção de significados em que o sujeito interage socialmente, usan-
do a língua como instrumento que o define como pessoa entre pessoas, (p. 138)
Escreva na lousa para os professores pesquisarem:
a. duas regras da gramática normativa (relacionadas sobretudo à fonética e à
morfologia), além das implícitas no texto, que contrariam a índole do português fala
do e escrito no Brasil;
b. uma ocorrência considerada errada pela gramática normativa que sirva para ilus
trar esta passagem da crónica: "A sintaxe é uma questão de uso, não de princípio".
Copie na lousa (ou em um cartaz) esta reflexão:
[...] que fique claro: não se trata agora de incentivar um preconceito contra o
domínio dessas formas escorreitas. Não se trata de achar agora que aqueles que
utilizam formas mais antigas é que estão errados.
Sírio Possenti, in Por que (não) ensinar gramática na escola.
Campinas, Mercado das Letras, 2000.
Em seguida, comente que o texto de Veríssimo, em um certo trecho, pode estimular um
preconceito desse tipo. Peça para identificarem e discutirem esse trecho.
Para finalizar, peça para o grupo tentar responder à seguinte pergunta de Celso
Luft, em seus comentários da crónica de Veríssimo:
Haveria, naquela crónica, realmente um "insidioso desrespeito pela Língua, pela
Gramática", como afirmou um dos artigos de preocupados conservadores?
Celso Pedro Luft, op. c/f.
Atividade 2
Entregue o Anexo 2 (páginas 101) a grupos de três pessoas para lerem em conjunto.
Oriente cada grupo no sentido de identificar as ocorrências que a gramática normativa
consideraria como erros no texto do Anexo e, sempre que possível, agrupar esses
erros em categorias.
O grupo certamente identificará as seguintes ocorrências:
1. Grafia: estingue, por extingue; mantém, por mantém; cangada, por
cansada; hontem, por ontem; escencial, por essencial; lumbriga, por
lombriga.
2. Sintaxe: "os políticos estingue" (concordância); na mesma
construção, o uso do indicativo pelo subjuntivo; "os que [...] vive";
"há as mulheres que os esposos adoece".
Terminado o levantamento, escreva no quadro-negro:
Toda infração à norma tem explicação linguística, excetuando os casos
patológicos.
Solicite aos professores que, com base nessa afirmativa, analisem oralmente cada
ocorrência do texto estudado, considerando que:
a. em qualquer língua, a escrita nunca representa a fala com exatidão;
b. o raciocínio por analogia pode induzir a erros;
c. erro de grafia tornou-se sinónimo de 'erro de português', equivalência cuja legiti
midade é questionável.
Em seguida, narre esta situação:
Um professor diz ao aluno: "Você pode falar 'lumbriga', 'isposa', 'maridu',
mas deve escrever 'lombriga', 'esposa', 'marido'".
Outro professor insiste para que o mesmo aluno 'corrija' a pronúncia.
Proponha que os grupos discutam a situação, com base nas afirmativas abaixo. Cada
grupo deve escolher um relator, para expor de forma sintética suas conclusões.
a. O primeiro professor está trabalhando com gramática descritiva e normativa.
b. O segundo professor precisa rever o conceito de erro.
c. Ortografia deve ser objeto de estudo sistemático e contínuo.
Leve sempre em conta que a exigência da correção ortográfica,
estabelecida por lei, deve servir de garantia para a compreensão das
palavras, mas jamais se transformar em maneira de estigmatizar o
discurso e seu autor. O ponto de partida deve ser o repertório do aluno.
Além do mais, as pronúncias citadas não constituem erro: são variantes
previstas na língua.
Proponha que se faça a análise dos problemas sintéticos do texto lido, conside
rando a afirmativa geral ('Toda infração à norma tem explicação linguística,
excetuando os casos patológicos",), e também dos seguintes tópicos:
a. Tanto na fala quanto na escrita, redundâncias sintáticas tendem a ser eliminadas
pelo falante não-escolarizado.
b. A hesitação do narrador entre duas construções ("os que... vive" / "demonstram")
decorre da tentativa de se adequar à norma culta.
c. Nem mesmo os falantes tidos como cultos cumprem todas as exigências da chama
da 'norma culta'. Nesse aspecto, o quadro de pronomes exposto pela gramática
normativa merece uma revisão, pelo menos no universo da língua falada.
Discuta com os professores a rejeição ao pronome 'cujo' na língua
falada, e muitas vezes também na escrita.
A partir das conclusões do grupo, proponha aos professores que comentem
esta passagem dos PCNEM:
A confusão entre norma e gramaticalidade é o grande problema da gramática
ensinada pela escola. 0 que deveria ser um exercício para o falar/escrever/ler
melhor se transforma em uma camisa-de-força incompreensível, (p. 137)
Aproveitando o texto de Carolina Maria de Jesus, sugira aos grupos que elabo
rem um exercício para ser aplicado em sala de aula tendo por objetivo a aquisi
ção de uma habilidade ou uma competência que considerem importante no
estudo da Língua Portuguesa.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Conceitos: gramática; linguística; gramaticalidade.
Competência: considerar a Língua Portuguesa como fonte de legitimação
de acordos e condutas sociais e como representação simbólica de experiên-
cias humanas manifestas nas formas de sentir, pensar e agir na vida social.
Atividade 3 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 102) para todos os professores e divida a sala em
grupos de seis pessoas.
Dê um tempo para todos lerem e comentarem livremente os dois textos do Anexo.
Distribua o Anexo 4 (página 103): ele apresenta um roteiro para analisar os dois
textos lidos no Anexo 3. Dê um tempo para os professores realizarem essa tarefa.
Encaminhe a socialização das conclusões, sintetizadas pelo relator de cada grupo.
Conceitos: gramática normativa; erro.
Competência: articular as redes de diferenças e semelhanças entre a
língua oral e a escrita em seus códigos sociais, contextuais e linguísticos.
Atividade 4_______________________________________________________
Mantenha os grupos formados e distribua para leitura o Anexo 5 (páginas 103-
105). Terminada a leitura, deixe comentarem oralmente, à vontade.
Chame a atenção para a nota de rodapé do texto.
Após uma rodada de comentários, distribua o Anexo 6 (páginas 105-107) e
peça para os grupos executarem a tarefa, de acordo com o roteiro proposto.
Circule entre os grupos, orientando a atividade.
Escreva na lousa (ou em um cartaz) as duas afirmativas abaixo, que deverão
orientar as conclusões.
As mudanças no ensino da gramática dependem de conhecimento profundo da mes-
ma - capacidade que todo professor de Português deve possuir - e do conhecimento
da realidade em que se trabalha.
Há estereótipos educacionais complexos e difíceis de serem rompidos, como no caso
do ensino das classificações apriorísticas de termos gramaticais. Nada contra ensiná-
las. O problema está em como ensiná-las, em razão do ato comunicativo. (PCNEM,
p. 139)
Peça para cada grupo elaborar um exercício relacionado ao tema do módulo,
sem fornecer as respostas, utilizando um ou mais textos do Anexo 6. Quando
todos terminarem, diga para trocarem os exercícios entre si e uns resolverem as
tarefas dos outros. Encerre a atividade com um painel.
. . . Conceitos:
gramática normativa; ciência versus 'achismo'.
Competência: compreender e usar a Língua Portuguesa como língua
materna, geradora de significação e integradora da organização do mun-
do e da própria identidade.
Atividade 5_____________________________________________________________
Distribua o Anexo 7 (páginas 107-108) para leitura individual.
Proponha o tópico abaixo para discussão em grupo e registro da síntese feita.
Assim como os viajantes 'analisaram' a fala do indígena, até hoje há um
discurso social reverberante, que a tradição literária e os veículos de
massa registram, segundo o qual "nós falamos errado a língua
portuguesa"; "brasileiro não fala bem o português". A que se deve essa
imagem que o brasileiro faz de si mesmo?
Peça para um representante de cada grupo expor a síntese.
Apresente cada um dos preconceitos abaixo, para comentário oral:
a. "A norma (culta, da classe de prestígio) constitui o Português correto; tudo que
foge à norma representa um erro."
b. "O bom Português é aquele praticado em determinada região. [...] o Português de
Portugal é mais correto do que o do Brasil [...]."
c. "O bom Português é aquele exemplificado nas chamadas épocas de ouro da litera
tura. Depois dos clássicos, veio a decadência da língua."
d. "Entre a multiplicidade de formas de expressão, só uma é correta e todas as demais
são erradas."
Texto extraído de: Luiz Carlos Travaglia. Gramática e interação -
uma proposta para o ensino de gramática no 1
o
. e 2°. graus. 2. ed., São Paulo, Cortez, 1997.
Se achar que é o caso, peça para os professores comentarem e discutirem ou
tros preconceitos linguísticos.
Atividade 6 ____________________________________________________________
Entregue o Anexo 8 (página 109) e diga para os professores lerem todos os textos,
prestando atenção à procedência de cada um.
Levante depois estas questões:
a. Existe atualmente alguma descrição abrangente e bem fundamentada da norma
culta do português brasileiro?
Lembre-se de mencionar a obra "Gramática do português falado", já
no sétimo volume, escrita por pesquisadores da Unicamp e
publicada pela editora daquela universidade.
b. Como proceder se o aluno questionar a correçáo efetuada pelo professor, no Texto 1,
contestando: "Mas ninguém escreve assim..."? Sugira que cada professor formule
uma solução para explicar ao aluno a infração cometida, baseando-se na reflexão de
Perini, exposta no Texto 6 (texto que não deverá ser fornecido ao aluno).
O ensino de gramática: um exercício de reflexão
O descompasso entre o ensino de gramática e sua realização na produção de texto torna
necessária uma reflexão mais contundente sobre a abordagem desse tema, se levarmos em
conta que:
[...] o caráter sócio-interacionista da linguagem verbal aponta para uma opção
metodológica de verificação do saber linguístico do aluno, como ponto de partida
para a decisão daquilo que será desenvolvido, tendo como referência o valor da
linguagem nas diferentes esferas sociais. (PCNEM, p. 139)
Para encerrar, recolha os Anexos.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Anexo 1
O gigolô das palavras
Quatro ou cinco grupos diferentes do Farroupilha estiveram lá em casa numa
mesma missão, designada por seu professor de português: saber se eu consi-
derava o estudo da gramática indispensável para aprender ou usar a nossa ou
qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o
instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões.
Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabela diariamente
com as suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para
me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da
revisão"! "Culpa da revisão"!). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele
se criasse. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então
vamos em frente.
Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação
e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras
básicas da gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são
dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é
escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro"
não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível
surpreender, iluminar, divertir, comover... Mas aí entramos na área do talento, que
também não tem nada a ver com a Gramática.) A Gramática é o esqueleto da
língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos
e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa.[...] É o esqueleto que
nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura
da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre
si em Gramática pura.
Claro que eu não disse tudo isso para meus entrevistadores. E adverti que
minha implicância com a gramática na certa se devia à minha pouca intimidade
com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isto eu disse -vejam vocês, a
intimidade com a gramática é tão dispensável que eu ganho a vida escrevendo,
apesar de minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às
suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional.
Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e
potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões
inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E
jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me
interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que os outros já fizeram
com elas. Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo em roubá-las de
outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca
do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o
mínimo respeito.
Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas
Anexo 1
palavras seria tão ineficiente quando um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.
Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de
um marido. A palavra seria sua patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios
ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos,
etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A gramática
precisa apanhar todos os dias para saber quem é que manda.
Luís Fernando Veríssimo, O gigolô das palavras
(crónicas selecionadas e comentadas por Maria da Glória Bordini).
4. ed., Porto Alegre, L & PM, 1982, pp. 10-12.
Anexo 2
Quarto de despejo
[...] Estou residindo na favela. Mas se Deus me ajudar hei de mudar daqui. Espero que os
políticos estingue as favelas. Há os que prevalecem de meio em que vive, demonstram
valentia para intimidar os fracos. Há casa que tem cinco filhos e a velha é quem anda o dia
inteiro pedindo esmola. Há as mulheres que os esposos adoece e elas no penado da
enfermidade mantém o lar. Os esposos quando vê as esposas manter o lar, não saram
nunca mais.
[...] Hoje não saí para catar papel. Vou deitar. Não estou cançada e não tenho sono.
Hontem eu bebi uma cerveja. Hoje estou com vontade de beber outra vez. Mas, não vou
beber. Não quero viciar. Tenho responsabilidade. Os meus filhos! E o dinheiro gasto em
cerveja falta para o escencial. O que eu reprovo nas favelas são os pais que mandam os
filhos comprar pinga e dá as crianças para beber. E diz:
- Ele tem lumbriga.
Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo -
diário de uma favelada. 2. ed., São Paulo, Ática, 1995, pp. 17-18.
Observação
O livro Quarto de despejo foi produzido a partir de cadernos em que uma favelada, que
vivia de catar papéis, anotava seu dia-a-dia. Enquanto fazia uma matéria na favela do
Canindé, o jornalista Audálio Dantas conheceu Carolina Maria de Jesus, que lhe
mostrou vinte cadernos encardidos que guardava em seu barraco. Dos textos,
selecionados, ficaram os recortes mais significativos. O jornalista afirma: "Mexi na
pontuação assim como em algumas palavras cuja grafia poderia levar à
incompreensão da leitura. E foi só, até a última linha".
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Anexo 3
Texto 1 _____________________________________
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Oswald de Andrade, in Literatura comentada.
São Paulo, Abril Educação, 1980, pp. 22-3.
Texto 2_____________________________________
Certos casos da política, de tão inacreditáveis, acabam virando parte do
anedotário. Ou vice-versa: algumas piadas traduzem tão bem determinadas
características da cultura política, que assumem ares de verdade.
Em uma das hipóteses se encaixa a correspondência trocada, cerca de 20
anos atrás, entre o prefeito de Bom Sucesso (MG) e o então secretário estadual
do interior, Ovídeo Abreu.
Conta o deputado Elias Murad (PSDB-MG) que Abreu sempre gostou de
falar difícil. Numa certa ocasião, o secretário recebeu a informação de que Bom
Sucesso (MG) sofreria um tremor de terra capaz de quebrar copos e trincar
pratos. Preocupado, expediu rapidamente um telegrama ao prefeito: "Movimento
sísmico previsto essa região. Provável epicentro movimento telúrico sua cidade.
Obséquio tomar providências logísticas cabíveis".
O secretário esperou ansioso pela resposta. Quatro dias depois chegava o
telegrama do prefeito: "Movimento sísmico debelado. Epicentro preso, in-
comunicável, cadeia local. Desculpe demora. Houve terremoto na cidade".
Folha deS. Paulo, 24/11/1992, p. 1-4
Anexo 4
Roteiro para discussão dos textos
1. Os dois textos anteriores trabalham com as diferenças entre norma culta e
coloquialismo. Essas diferenças, quando surgem em sala de aula, são ge-
ralmente utilizadas pelos alunos para questionar o ensino da gramática. Como
se poderia conduzir essa discussão com os discentes? Um relator anota as
conclusões do grupo.
2. O poema de Oswald de Andrade foi escrito na época do Modernismo. Apesar
de até hoje se considerar o rigor na colocação pronominal como um dos
requisitos para o bem escrever, pouca gente obedece às regras da gramática
normativa nesse particular. O grupo formula explicações para os dois fatos:
a. a ocorrência constante dessas infrações;
b. o motivo da valorização desse item da gramática normativa.
3. Ao comentar o Texto 2, considerar este trecho dos PCNEM:
[...] a interação é o que faz com que a linguagem seja comunicativa. Esse
princípio anula qualquer pressuposto que tenta referendar o estudo de
uma língua isolada do ato interlocutivo. (p. 139)
4. No Texto 2, a linguagem utilizada pelo secretário do Interior é vista como
típica da cultura política. Sabemos, no entanto, que procurar falar difícil
não é uma exclusividade dos políticos. Que diferença fundamental há en
tre "respeitar a norma culta" e "falar difícil"?
K1IBX!M
Uma revolução linguistica*
O computador está conseguindo o que os burocratas não querem:
revolucionar a língua
Leia o título de novo. Eu sei que ele está errado - falta acento, falta trema, falta
cedilha, mas... você entendeu. Não entendeu? Vamos encarar os fatos: a língua
portuguesa não morreu. Mas começa a cheirar mal. Esqueça se ela é bonita, ou
se é rica, ou se é autêntica. Esqueça as emoções, esqueça o nacionalismo
irracional que nos implantam desde que nascemos. Em termos bem práticos -
para que serve a língua portuguesa, agora? Já temos uma presença geográfica
limitada: Portugal, Cabo Verde, Angola. A desagregação de Moçambique faz com
que cada vez mais moçambicanos adotem o inglês da
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Anexo 5
vizinha República Sul Africana. Timor, que fazia as honras da língua portuguesa
na Ásia, foi destruída pela truculência indonésia. Ah, temos Macau, ainda, mas se
nem Hong Kong resistiu...
E o Brasil? Todos sabemos o que está acontecendo: ao lado da língua
oficial convive uma língua paralela, o inglês. O que deveria ser motivo de
comemoração (ter uma população parcialmente bilíngue) é considerado uma
vergonha nacional. Os intelectuais de sempre aparecem para denunciar que a
cultura brasileira está sendo devorada pelo "imperialismo" e precisa ser salva, se
possível por alguma repartição pública. O que esses intelectuais não entendem, e
jamais entenderão, é que a história da linguagem humana obedece a leis naturais
e dinâmicas. O inglês tornou-se a língua planetária, entre outras coisas, porque é
objetiva, simples, económica.
E o português? Nossos filhos passam alguns de seus mais produtivos anos
escolares decorando uma língua que jamais falarão. Uma língua prolixa ao
extremo, que conjuga seus verbos em um zilhão de modos diferentes. É um
mastodonte atolado em regras, fragilizado num ecossistema cada vez mais hostil.
Pense no espanhol. Eu tive um sinal de que o espanhol sobreviveria quando vi
Arnold Schwarzenegger dizendo "Hasta la vista, baby", em Terminator-2.
Enquanto os franceses se negam a falar outra coisa que não seja o francês
(ridículas leis impedem chamar um hambúrguer de hamburger), os hispânicos
relaxam e o espanhol está mais forte.
A BBC World mostrou uma reportagem curiosa sobre o nascimento de uma
nova língua - o spanglish. As pessoas passavam do inglês para o espanhol e vice-
versa com toda a naturalidade. Nada de leis protecionistas. A língua, como o
computador e o carro, é apenas um instrumento a serviço do homem. E não um
objeto de culto religioso.
Aliás, o que tem a ver esse papo todo sobre linguística com uma revista de
informática? Acontece que, ou a língua portuguesa muda radicalmente, ou entra
em coma. E essa revolução não pode ficar nas mãos de académicos e burocratas
da língua. Como qualquer mudança verdadeira, deve ser espontânea e com
objetivos muito práticos. Essa revolução está nascendo - e o fórceps chama-se e-
mail. Por razões técnicas, trocar mensagens por e-mail usando o português "cor-
reto" é arriscado. O software do outro lado pode reconhecer a floresta de acentos
e sinais gráficos - ou não. O "ã" que você envia pode chegar do outro lado como
um símbolo gráfico completamente irreconhevel. Os "á", "à", "ê", "ç", "ú" podem
virar "γ", "δ", "Ο" "Φ" ou "SSigma".
A saída para não mandar uma mensagem truncada e incompreensível é não
arriscar. E simplesmente escrever sem qualquer acento. Como na língua inglesa,
o significado da palavra será reconhecida no contexto da frase. Achar que o leitor
não vai entender que "revolução" quer dizer "revolução" é chamar o leitor de
estúpido. Ou estúpido. Qual a diferença? Ou diferença? Regras exis-
Anexo 5
tem para alguma coisa. Assim é para a língua, assim é para a Constituição. O e-
mail veio para ficar, e já está ajudando a tentar tirar a língua portuguesa da UTI da
História. A própria lógica objetiva da informática está exigindo que brasileiros
aprendam noções básicas de inglês. "Setup" será sempre uma palavra mais fácil
de se dizer e usar do que "configuração", assim como "download" é mais simples
e direta do que "importar arquivos através da linha telefónica". Estamos
caminhando para um portuglish, uma mistura dinâmica de português com inglês, e
nossa cultura só tem a ganhar com isso. Caminhamos também para um português
mais objetivo, mais simples, mais adaptado aos novos tempos. Para os guardiões
da tradição, é uma péssima notícia. Para o resto de nos, nao.
* Quando este artigo foi publicado, os programas de texto empregados no e-mail não apresentavam alguns
recursos gráficos de nossa língua, como acentos e cedilha. Atualmente, esse problema já não existe.
Dagomir Marchezzi, in Revista Informática Exame. São
Paulo, Abril, ano 10, n. 134, maio de 1997, p. 23.
Anexo 6
1. Refutar, por meio de argumentos científicos, as afirmações do jornalista a respeito
de língua e gramática.
2. De que forma a informação da nota de rodapé neutraliza a argumentação do
jornalista?
3. Partindo da síntese das respostas anteriores, cada grupo formula um exercício
para seus alunos, tendo como objetivo conscientizá-los destes dois princípios:
a. a língua funciona como [...] "integradora da organização do mundo e
da própria identidade". (PCNEM, p. 144)
b. a língua, na sua atualização, "representa e reflete a experiência em
ação, as emoções, desejos, necessidades, a visão de mundo, valores,
pontos de visa". (PCNEM, p. 143)
4. O exercício deverá empregar, necessariamente:
I. Pelo menos dois destes segmentos do texto de Marchezzi:
a. Uma revolução linguistica
Leia o título de novo. Eu sei que ele está errado - falta acento, falta
trema, falta cedilha... mas você entendeu. Não entendeu? Vamos en-
carar os fatos: a língua portuguesa não morreu. Mas começa a cheirar
mal. Esqueça se ela é bonita, ou se é rica, ou se é autêntica. Esqueça as
emoções, esqueça o nacionalismo irracional que nos implantaram des-
de que nascemos. Em termos bem práticos - para que serve a língua
portuguesa agora?
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Anexo 6
b. A língua, como o computador e o carro, é apenas um instrumento a serviço do
homem.
c. O inglês tornou-se a língua planetária, entre outras coisas, porque é objetiva,
simples, económica.
II. Esta capa de revista
Veja. 26/4/2000.
III. Um destes textos:
a. Fragmento de romance:
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu
Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que
a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era
doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e
as matas do Ipu? onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o
pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com
as primeiras águas.
José de Alencar, Iracema. São Paulo, Ática, 1992, p. 16.
Anexo 6
b. Letra de música:
Iracema voou
Iracema voou
Para a América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá
Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pra polícia
Se puder, vai ficando por lá
Tem saudade do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita
Me liga a cobrar:
- É Iracema da América.
Chico Buarque de Holanda, As cidades, 1998.
Anexo 7
Texto 1 ____________________________________
A língua de que usam, toda pela costa, é uma [...] Alguns vocábulos há nela
de que não usam senão as fêmeas, e outros que não servem senão para os
machos: carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem
R, coisa digna de espanto porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei e desta
maneira vivem desordenadamente...
Pero de Magalhães Gandavo,
História da Provinda de Santa Cruz. Século XVI.
Observação
O comentário sobre a língua dos indígenas acaba produzindo, erroneamente,
um juízo de valor sobre a organização social dos mesmos. Muitas vezes a raiz do
preconceito reside nesse tipo de relação.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 3
Anexo 7
Texto 2 _____________________________________
Fala de Cirino, personagem do romance Inocência, do Visconde de Taunay,
publicado pela primeira vez em 1872:
"Agora, amigo meu, disse o moço depois de pequena pausa, estou às suas
ordens. Podemos ver a sua doentinha e aproveitar a parada da febre para mim'
atalhá-lha de pronto. Em tais casos, não gosto de adiamentos."
* É este erro comum no interior de todo o Brasil e sobretudo nas províncias de São Paulo, onde pessoas até
ilustradas nele incorrem com frequência. (Nota de Taunay)
No texto, esta e muitas outras ocorrências que registram a fala do sertanejo vêm
em itálico, algumas comentadas pelo próprio autor.
Texto 3_____________________________________
Fragmento de entrevista da cantora Fernanda Abreu para a Folha de 5. Paulo
Folha E você pretende levar sua produção para esse pessoal, fazendo
shows, por exemplo, em clubes funk?
Fernanda Sem dúvida. Quero fazer um show agora na quadra da Império
Serrano. O bacana é esse crossover (fusão). O cara da favela cantar "Eu
quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci", tá tudo limpo.
Agora, a menina do condomínio da Barra da Tijuca cantar isso é que é bacana.
Tem gente que fala: "Pô, como é que você pode achar legal o funk carioca,
neauinho aue fala errado o português?". [...]
Folha de S. Paulo, 27/11/1995, p. 6-5 (grifo nosso).
Texto 4_____________________________________
Carta de leitor para a "Revista da Folha"
Yankees go home!
Cerca de 95% das placas e anúncios ostentam palavras em inglês. Cerca de 95%
das camisetas, idem. Enfim, é inglês por toda a parte. Será que é por isso que
cerca de 95% dos brasileiros não sabem português?
"Revista da Folha". Folha de 5. Paulo,
23/11/1997, última página (grifo nosso).
Anexo 8
Texto 1 ____________________________________
Texto de aluno (ficcional):
Quando já estava na hora dela voltar e nada aconteceu, ficamos pre-
ocupados.
O professor assinalou a construção "dela voltar" e fez a correção: "de ela voltar".
Texto 2 ____________________________________
Era capaz dela ficar com pena e mandar até mais do que manda. Só que
não tenho coragem de arriscar...
Jorge Amado, Tieta do Agreste.
Rio de Janeiro, Record, 1977, p. 23 (grifo nosso).
Texto 3 ____________________________________
Sacchi definiu o seu atleta como "excepcional" e não quis discutir a pos-
sibilidade dele ficar fora da final.
Folha de 5. Paulo,
14/7/1994. p. 4-8 (grifo nosso).
Texto 4 ____________________________________
A preposição que rege o sujeito de um infinitivo não deve combinar
com esse sujeito. Assim, estão incorretas construções como "É hora do almo-
ço estar pronto" (É hora de o almoço estar pronto); "Não há necessidade
deles irem agora" (Não há necessidade de eles irem agora).
Regra preservada pela gramática normativa.
Texto 5 ____________________________________
A confusão entre norma e gramaticalidade é o grande problema da gra-
mática ensinada pela escola. 0 que deveria ser um exercício para o falar/
escrever/ler melhor se transforma em uma camisa-de-força incompreensí-
vel. (PCNEM, p. 137)
Texto 6 ____________________________________
O estudioso Mário Perini, em Gramática descritiva do Português, afirma que
o professor de gramática não deve ser "dispensado da formação científica
que se exige de um professor de biologia ou de psicologia [...]", mas que "é
definitivamente necessário conceber a gramática como uma disciplina viva,
em revisão e elaboração constante" (pp. 16-17).
LÍNGUA PORTUGUESA
M
ÓDULO
4
T
EXTO
,
IMAGINÁRIO E PATRIMÓNIO CULTURAL
Walker Connor corrigiu o cliché que classificava o homem como 'um ser racional'
preferindo considerá-lo como 'um ser nacional'. Na verdade, essas concepções
de pertença a comunidades não são apenas mentalmente concebidas porque
são acima de tudo sentidas, experienciadas.
Onésimio Teotónio Almeida, in.
http://www.ipn.pt/literatura/letras/ensaio60/htm)
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Trabalhar criticamente, por meio da literatura, o conceito de identidade nacional.
Enfatizar, junto aos alunos, o respeito às diferenças culturais plasmadas nas variadas
criações estéticas, abordando-as de acordo com sua contribuição ao imaginário
coletivo, e não pelo que possam apresentar de 'pitoresco' ou 'exótico'.
Trabalhar com variedades linguísticas, de forma a garantir amplo contato com os
vários significados culturais e sociais implícitos na língua e em seu uso.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
ler e selecionar diferentes textos que, pela presença de elementos recorrentes de
nosso imaginário coletivo, despertem a reflexão sobre a brasilidade;
usufruir do património nacional e internacional, com suas diferentes visões de
mundo;
construir categorias de diferenciação, apreciação e criação.
Conceitos _____________________________________________________________________
Imaginário coletivo.
Diversidade.
Cliché.
Materiais necessários___________________________________________________________
Lousa e giz. Anexos do Módulo 4 de Língua Portuguesa.
Caderno, lápis e caneta. PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1 ____________________________________________________________
Organize a turma em grupos de três a cinco participantes e escreva na lousa:
O imaginário social se expressa por ideologias e utopias, e também por símbolos,
alegorias, rituais e mitos.
Dênis de Moraes
Em seguida, peça para cada professor citar um símbolo, ritual ou mito de que a
literatura tenha se apossado como assunto ou tema, e vá anotando na lousa um
resumo das respostas.
Se nenhum participante mencionar o tema 'caipira', apresente esse conceito para
introduzir o passo seguinte.
Solicite a cada professor sua interpretação do termo 'jeca' e registre alguns
significados na lousa.
Distribua então o Anexo 1 (página 115) e dê um tempo para os participantes lerem os
textos. Converse com o grupo, discutindo a razão pela qual a palavra 'caipira'
apresenta tantos sinónimos - ou seja, leve-os a analisar a extensão semântica do
termo. Coloque em discussão o preconceito que os termos 'jeca', 'caipira' e
sinónimos despertam em determinados contextos.
Entregue o Anexo 2 (página 116) para lerem e comentarem à vontade. A seguir,
proponha que façam a articulação entre os três textos do Anexo observando os
seguintes pontos:
a. Identificar a permanência da criação de Lobato na região em que atuam profissio
nalmente, e os traços contemporâneos dessa criação.
b. Analisar o efeito de desmontagem instaurado pelo texto de Gil, ao dialogar com a
criação de Monteiro Lobato.
c. Enumerar as revelações que esse verdadeiro símbolo permite deduzir a respeito do
que "está por trás da organização da sociedade" (Texto 2 do Anexo).
d. Comentar a tendência atual, comum nos veículos de massa, a 'glamourizar' o sím
bolo, visando sua inserção num universo cultural tido como cosmopolita e provo
cando uma falsa equivalência de conceitos (do 'caipira' ao 'country').
Peça para os grupos fazerem uma síntese de sua discussão e, em seguida,
oriente a apresentação dessas sínteses em um painel.
Conceito: o funcionamento discursivo do cliché.
Competência: recuperar, pelo estudo do texto literário, as formas instituídas
de construção do imaginário coletivo.
Atividade 2
Distribua o Anexo 3 (páginas 117-118) para os professores lerem e comentarem.
Discuta com o grupo o procedimento social do qual resultou a incorporação, pelo
imaginário coletivo, de traços - reais ou não - da cultura indígena, enfeixados na
expressão 'programa de índio'. Compare esse procedimento com aquele que levou à
ampliação do sentido do termo 'jeca'.
Se achar que é o caso, discuta a questão da língua como
potencial meio de veiculação e manutenção de diversos
preconceitos.
Sintetize o modo de participação do índio na formação da raça, de acordo com a visão
expressa no poema de Oswald de Andrade.
O resultado da intertextualização feita por Oswald de Andrade sobre o texto de
Gonçalves Dias é uma paródia. Procure analisar como funciona a paródia na
desconstrução de uma imagem e, portanto, de um significado social.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 4
Conceitos: funcionamento discursivo do cliché; preconceito; paródia.
Competência: recuperar, pelo estudo do texto literário, as formas insti-
tuídas de construção do imaginário coletivo.
Atividade 3 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 4 (páginas 118-120) para leitura.
Peça para os professores identificarem uma passagem do Texto 2 que esteja
relacionada com o Texto 1, de Machado de Assis. Coloque a seguinte questão:
Por serem textos, nenhum dos dois é cópia do real. No entanto,
um deles ativa de forma mais contundente - com imagens mais
expressivas - o aspecto simbólico do imaginário. Explique como se
dá isso no texto literário.
De acordo com a resposta obtida, procure discutir o alcance da literatura na cons
trução do imaginário. Comece pela análise do emprego das frases do Texto 3:
Muitas pessoas que empregam essas expressões nunca leram Camões,
Bandeira ou Drummond - nem sequer ouviram falar neles. Por quê? O Texto
4 do mesmo Anexo fornece subsídios para essa resposta.
Para finalizar, peça para os professores darem exemplos de outras expressões de
uso corrente cuja origem esteja na literatura, ou que foram incorporadas por
ela no circuito autor-obra-público.
Atividade 4 ______________________________________________________
Entregue para leitura o Anexo 5 (página 121), que trata de provérbios. Os pro-
vérbios e as frases feitas, que fazem parte da estratégia de conversação de mui-
tos usuários da língua, cristalizam traços do imaginário coletivo.
Proponha aos professores que citem provérbios e frases feitas relacionados ao
tema 'trabalho'. Vá fazendo o registro na lousa.
Alguns exemplos, para estimular a atividade:
•Deus ajuda a quem cedo madruga.
•Faça o que eu mando, e não o que eu faço.
•Gente boba é trabalho dos outros.
•Mãos demais, trabalho de menos.
•Não há atalho sem trabalho.
•O trabalho dignifica, o que avilta é o salário.
•Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer.
•A aranha vive do que tece.
•A preguiça anda tão devagar que a miséria a alcança.
•Abelha atarefada não tem tempo pra tristeza.
•Água parada não move moinho.
•Batendo ferro é que se vira ferreiro.
•Nem só de pão vive o homem.
•Quem não trabuca não manduca. (Quem não trabalha não come.) •Quem
quer colher tem de plantar.
Promova a análise dos provérbios e pergunte depois:
Em um trecho do texto de Roberto Pompeu de Toledo, no Anexo 4, o autor afirma: "Este
é um país formado na concepção de que trabalho é algo que se obriga outro a fazer [...]".
O material coletado endossa ou desautoriza essa frase? Coloque também em discussão
o cliché segundo o qual 'brasileiro trabalha pouco'.
Oriente os professores para, reunidos em grupos de quatro, prepararem uma
atividade para sala de aula a partir dos provérbios anotados na lousa, basean-
do-se também no Texto 2 do mesmo Anexo. A atividade deverá contribuir para
que os alunos desenvolvam a seguinte competência:
Reconhecer, pela análise da dimensão dialógica da linguagem, pontos de vista
diferentes de um mesmo objeto de estudo e formar um ponto de vista próprio.
(PCNEM, p. 143, adaptação)
Peça para os grupos apresentarem suas propostas e promova a análise de cada
uma, avaliando se atende ao objetivo previsto.
Conceitos: identidade nacional; construção e desconstrução do cliché.
Competência: compreender a Língua Portuguesa como língua mater-
na, geradora de significação e integradora da organização de mundo e da própria
identidade.
Atividade 5
O imaginário expresso na literatura e em grande parte na tradição narrativa oral
- bem como em outras artes - plasmou uma visão paradisíaca da natureza bra
sileira. O Anexo 6 (página 122) apresenta exemplos dessa ocorrência em dois
momentos de nossa história literária. Peça para os mesmos grupos formados na
atividade anterior analisarem esses textos, considerando:
a. As origens do mito da superioridade brasileira em relação ao estrangeiro, em deter
minadas épocas de nossa história.
b. O Texto 4 do Anexo, que transcreve um trecho dos PCNEM.
Oriente os grupos para que apresentem sua análise em forma de seminário,
levantando as opiniões convergentes e as divergências. Na discussão da síntese,
diga para partirem da perspectiva fornecida por esta reflexão:
A verdade material do discurso [...] é a união da materialidade histórica dos fatos
com os sonhos dos produtores do discurso.
Dênis de Moraes
Peça então para os professores identificarem as disciplinas que poderiam inte
grar um trabalho conjunto sobre o tema "A idealização da natureza brasileira"
e sugerirem, oralmente, atividades interdisciplinares.
Atividade 6 ____________________________________________________________
Reorganize a turma em grupos maiores (de até seis pessoas) e distribua para
leitura o Anexo 7 (página 123).
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 4
Converse com os professares, pedindo para selecionarem três elementos de
nosso imaginário (com exceção dos já explorados neste Módulo) que tenham
sido incorporados pela literatura, bem como sua presença em outras manifesta-
ções culturais - artes plásticas, música popular, cantigas de roda, cinema, televi-
são, representações circenses, folhetins, cordel, dança, festas populares, causos,
solenidades etc.
Nesse levantamento, incentive cada participante a relembrar a própria experiên-
cia, procurando privilegiar a cultura regional.
Proponha aos grupos que façam o planejamento de uma atividade,
interdisciplinar ou não, para ser desenvolvida com os alunos em um bimestre,
em torno do tema "O imaginário brasileiro". Esse planejamento deve incorpo-
rar os aspectos dos PCNEM transcritos no Texto 2 do Anexo 7.
Reorganize a turma em grupos maiores, se possível de acordo com a identidade
ou a semelhança dos elementos do imaginário escolhidos.
Para encerrar, peça para cada grupo apresentar seu plano de atividade. Socialize
a discussão, levando os participantes a avaliar a possibilidade de realizar de fato
as atividades propostas.
Se for possível realizar a atividade, sugira a montagem de um grande painel
temático para ser fixado na escola.
Conceitos: todos os anteriormente citados.
Competências: todas as anteriormente citadas.
A língua é uma construção coletiva. Por isso, "o homem pode ser conhecido pelos
textos que produz. Nos textos, os homens geram intertextos cada vez mais diversifi-
cados; o princípio das diferenciações encontra no social o elemento de referência".
(PCNEM, p. 142)
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Texto 1 ____________________________________
Com Urupês, publicado originalmente no jornal O Estado de S.Paulo, em 1914,
Monteiro Lobato lançava seu personagem mais famoso: o Jeca Tatu, estereótipo
do anti-herói anêmico e derrotado, que criou raízes em nosso imaginário,
tornando-se sinónimo de homem rural. Era uma resposta a outra imagem pré-
republicana: a do homem rural aventureiro e livre.
Texto 2 ____________________________________
jeca: [F. red. de jeca-tatu.] Brás. S. 2 g. 1. V. caipira (1). Adj. 2 g.
2. V. caipira (3, 4 e 5). 3. P. ext. V. cafona (1).
[De or. controvertida; tupi, poss.]
caipira: 1. Brás. S. Habitante do campo ou da roça, particu-
larmente os de pouca instrução e de convívio e modos rústicos e
canhestros. [Sin., sendo alguns regionais: araruama, babaquara,
babeco, baiano, baiquara, beira-corgo, beiradeiro, biriba ou biriva,
botocudo, brocoió, bruaqueiro, caapora, caboclo, caburé,
cafumango, caiçara, cambembe, camisão, canguaí, canguçu,
capa-bode, capiau, capicongo, capuava, capurreiro, cariazal,
casaca, casacudo, casca-gros-sa, catatuá, catimbó, catrumano,
chapadeiro, curau, curumba, groteiro, guasca, jeca, jacu,
macaqueiro, mambira, mandi ou mandim, mandioqueiro, mano-
juca, maratimba, mateiro, matuto, mixanga, mixuango ou
muxuango, mocorongo, moqueta, mucufo, pé-duro, pé-no-chão,
pioca, piraguara, piraquara, queijeiro, restingueiro, roceiro,
saquarema, sertanejo, sitiano, tabaréu, tapiocano, urumbeba ou
urumbeva.
2. S. m. [...] Brás. Diz-se do caipira (1); biriba ou biriva, matuto,
sertanejo. 3. Brás. Pertencente ou relativo a, ou próprio de caipira
(1); biriba ou biriva, jeca, matuto, roceiro, sertanejo. 4. Brás. Diz-
se do indivíduo sem traquejo social; cafona, casca-grossa. 5.
Brás. Diz-se das festas juninas e do traje típico usado nessas
festas. [Cf. (nas acepç. 1, 3, 4 e 5) provinciano.]
Novo Aurélio - Século XXI. Rio de Janeiro,
Nova Fronteira, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 4
Anexo 2
Texto 1 ____________________________________
Jeca Total
Jeca Total deve ser Jeca Tatu
Presente, passado, representante da gente no Senado,
Em plena sessão, defendendo um projeto que eleva o teto
Salarial no sertão.
Jeca Total deve ser Jeca Tatu
Doente curado, representante da gente na sala,
Defronte da televisão, assistindo Gabriela viver tantas cores,
Dores e emancipação.
Jeca Total deve ser Jeca Tatu,
Um ente querido, representante da gente no Olimpo
Da imaginação, imaginacionando o que seria a criação
De um ditado, dito popular, mito da mitologia brasileira:
Jeca Total.
Jeca Total deve ser Jeca Tatu,
Um tempo perdido... interessante a maneira do tempo ter perdição,
Quer dizer, se perder no correr, decorrer da história, glória,
Decadência, memória, era de aquarius ou mera ilusão.
Gilberto Gil, em Refazenda.
Observação
Notar o significado conotativo do título do disco que inclui essa música: Refazenda.
Texto 2 ____________________________________
A rede imaginária (símbolos, mitos, alegoria...) possibilita-nos observar a vita-
lidade histórica das criações dos sujeitos — isto é, o uso social das representa-
ções e das ideias. Os símbolos revelam o que está por trás da organização da
sociedade e da própria compreensão da história humana.
Dênis de Moraes, revista Contracampo n. 1,
julho/dezembro de 1997. Versão on-line.
Texto 3 ____________________________________
Toda e qualquer análise gramatical, estilística, textual deve considerar a
dimensão dialógica da linguagem como ponto de partida. O contexto, os
interlocutores, géneros discursivos, recursos utilizados pelos interlocutores
para afirmar o dito/escrito, os significados sociais, a função social, os valo-
res e o ponto de vista determinam formas de dizer/escrever. As paixões
escondidas nas palavras, as relações de autoridade, o dialogismo entre tex-
tos e o diálogo fazem o cenário no qual a língua assume o papel principal.
(PCNEM, p. 143)
Anexo 3
Texto 1
Texto 2
l-Juca Pirama
Da tribo pujante, Que
agora anda errante Por
fado inconstante,
Guerreiros, nasci: Sou
bravo, sou forte, Sou
filho do Norte; Meu
canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
Ziraldo, in "A turma do Pererê",
Almanaque n. 1.
São Paulo, Abril, s/d, p. 82.
Gonçalves Dias,
trecho do Canto IV de "l-Juca Pirama".
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 4
Anexo 3
Texto 3 _____________________________________
brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
- Sois cristão?
- Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! O
negro zonzo saído da fornalha Tomou a
palavra e respondeu
- Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval.
Oswald de Andrade, in Poesias reunidas. 5.ed. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1978, pp. 169-170.
Anexo 4
Texto 1 _____________________________________
O vergalho
Tais eram as reflexões que eu vinha fazendo, por aquele Valongo fora, logo
depois de ver e ajustar a casa. Interrompeu-mas um ajuntamento; era um preto
que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente
estas únicas palavras: — "Não, perdão meu senhor; meu senhor, perdão!" Mas o
primeiro não fazia caso, e a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova.
- Toma, diabo! dizia ele; toma mais perdão, bêbado!
- Meu senhor! gemia o outro.
- Cala a boca, besta! replicava o vergalho.
Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos
que o meu moleque Prudêncio, o que meu pai libertara alguns anos antes.
Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele
preto era escravo dele.
- É sim, nhonhô.
- Fez-te alguma cousa?
- É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda hoje deixei ele na qui-
Anexo 4
tanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na
venda beber.
- Está bom, perdoa-lhe, disse eu.
- Pois não, nhonhô. Nhonhô manda, não pede. Entra para casa, bêbado! Saí
do grupo, que me olhava espantado e cochichava as suas conjeturas.
Segui caminho, a desfiar uma infinidade de reflexões, que sinto haver inteira-
mente perdido; aliás, seria matéria para um bom capítulo, e talvez alegre. Eu
gosto dos capítulos alegres; é o meu fraco. Exteriormente, era torvo o episódio do
Valongo; mas só exteriormente. Logo que meti mais dentro a faca do raciocínio
achei-lhe um miolo gaiato, fino, e até profundo. Era um modo que o Prudêncio
tinha de se desfazer das pancadas recebidas, transmitindo-as a outro. Eu, em
criança, montava-o, punha-lhe um freio na boca e desancava-o sem compaixão;
ele gemia e sofria. Agora, porém, que era livre, dispunha de si mesmo, dos bra-
ços, das pernas, podia trabalhar, folgar, dormir, desagrilhoado da antiga condição,
agora é que ele se desbancava: comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto
juro, as quantias que de mim recebera. Vejam as subtilezas do maroto!
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
Obra completa, Vol. 1. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1985, p. 582.
Texto 2_____________________________________
A seguir, trechos selecionados de um longo artigo de Roberto Pompeu de
O Brasil é um país fundado sobre o trabalho forçado e o comércio de gente.
Como foi isso? E o que tem a ver conosco, hoje?
Eles estavam por toda parte. Na lavoura, nas cidades. Dentro de casa, nas
senzalas, fugidos no mato. Prestando serviços nas grandes cidades, como Rio de
Janeiro e Salvador: vendendo água, comida, panelas, miçangas, badulaques.
Exercendo ofícios especializados, como conta um observador da vida brasileira
do século passado, o francês Jean-Baptiste Debret: "...o oficial de barbeiro no
Brasil é quase sempre um negro ou pelo menos escravo. Esse contraste,
chocante para o europeu, não impede ao habitante do Rio de entrar com
confiança numa dessas lojas, certo de aí encontrar numa mesma pessoa um
barbeiro hábil, um cabeleireiro exímio, um cirurgião familiarizado com o bisturi e
um destro aplicador de sanguessugas."
Eles eram carregadores, também. "Carregavam tudo nesse Brasil, onde
homens de qualidade se recusavam a levar o mais ínfimo pacote", escreve a
antropóloga Manuela Carneiro da Cunha, no livro Negros, Estrangeiros.
LÍNGUA PORTUGUESA- Módulo 4
Anexo 4
[...] O Brasil teve três séculos e meio de regime escravocrata, contra apenas
um de trabalho livre. Três e meio para um! Ao longo desses três séculos e meio,
importou 4 milhões de negros africanos, 40% das importações totais das Améri-
cas, numa das mais volumosas operações de transferência forçada de pessoas
havidas na História. Este é um país formado na concepção de que trabalho é algo
que se obriga outro a fazer e pessoas humanas são mercadorias.
[...] A massa dos escravos, que o senso comum costuma imaginar homo-
génea e até, nas visões mais românticas, solidária, era diversa e abrigava con-
flitos em seu seio. Em muitos episódios, emergiu o conflito entre crioulos e
africanos. Em 1789 houve um levante de escravos na Fazenda Santana, em
Ilhéus, Bahia, notável porque os negros amotinados deixaram um documento
contendo suas reivindicações ao proprietário, Manuel da Silva Ferreira. "Meu
senhor, nós queremos paz, e não queremos guerra", começa o documento. Em
seguida os revoltosos, que durante dois anos conseguiram man-ter-se escondidos
no mato, pedem desde a permissão para trabalhar em suas próprias roças, nas
sextas-feiras e nos sábados, até a liberdade de "brincar, folgar e cantar em todos
os tempos que quisermos sem que nos impeça e nem seja preciso licença". Mas
eles também não querem "fazer camboas e mariscar", e dizem ao senhor:
"Quando quiser fazer camboas e mariscar, mandes os seus pretos Minas".
Tratava-se de uma rebelião de crioulos, e eles estavam pouco se importando com
a sorte dos "pretos minas", nome genérico dos africanos caçados na Costa da
Mina, na África Ocidental. [...]
Roberto Pompeu de Toledo, in Veja, 15/5/1996, pp. 52-5.
Texto 3_____________________________________
Três expressões de uso comum na linguagem cotidiana:
a. "Vou-me embora pra Pasárgada."
b. "E agora, José?"
c. "Agora Inês é morta."
Texto 4_____________________________________
Os modos de apreciação e produção dos objetos artísticos integram a área, na
perspectiva de recuperar, pelo seu estudo, as formas instituídas de construção do
imaginário coletivo, patrimónios representativos da cultura, preservados no eixo
temporal e espacial, manifestos em linguagens que detêm estatutos e códigos
próprios, como a música, a pintura, a dança etc, incluin-do-se aí a literatura.
(PCNEM, p. 192, "Rumos e desafios")
Texto 1_____________________________________
O provérbio é a designação genérica dos ditos cristalizados que exprimem, em
geral metaforicamente, uma verdade ou resumem uma experiência. É uma
sentença independente e de sentido completo, que direta ou indireta-mente
expressa um pensamento, uma experiência, uma regra, uma norma, uma
advertência, um conselho. São características dos provérbios, quanto ao
conteúdo, a sua formulação abstrata, isto é, não referida a nenhum caso
particular, e a sua validade é universal, sem distinção de lugar e tempo.
A característica precípua dos provérbios é o anonimato da sua autoria —
excetuando-se os provérbios bíblicos. É lexicalizado, isto é, dicionarizado, parte
do inventário da língua. É também sintaticamente autónomo — surge no discurso
sob forma canónica, cristalizada, fixa, que não muda, congelada, petrificada. É
discursivamente autónomo - a sua aparição independe de uma mudança
conversacional. Considerado fora do discurso, o provérbio possui um valor de
verdade geral. A metáfora é uma estratégia. O provérbio é uma estratégia para se
lidar com uma situação.
Já as frases feitas são dizeres, expressões comuns aos falantes de uma
língua. Se ouvirmos uma dessas frases isoladamente, fora do contexto, somos
capazes de recriar a situação em que se insere, como nos exemplos acima.
Texto adaptado de Ana Maria M.S. Velllasco, in
http://www.utas.edu.au/docs/flonta/DPbooksA/ELLASCO/BRASILEIRO.html
Texto 2
Bom conselho
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera
nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade.
Chico Buarque de Holanda
LÍNGUA PORTUGUESA - Módulo 4
Anexo 6
Texto 1_____________________________________
Da carta de Caminha:
Esta terra. Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos
até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos
vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por
costa. [...] De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa.
[...] Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-as
aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Texto 2_____________________________________
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes
da carnaúba;
Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nas-
cente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros...
José de Alencar, Iracema. São Paulo,
Ática, 1992, cap. 1, p. 15.
Texto 3_____________________________________
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá; As aves
que aqui gorjeiam, Não
gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Gonçalves Dias
Texto 4 ____________________________________
Comunicação aqui entendida como um processo de construção de signi-
ficados em que o sujeito interage socialmente, usando a língua como ins-
trumento que o define como pessoa entre pessoas. A língua compreendi-
da como linguagem que constrói e 'desconstrói' significados sociais.
(PCNEM, p. 35 - grifo nosso)
Anexo 7
Texto 1 _____________________________________
Bronislaw Baczko assinala que é por meio do imaginário que se podem atingir as
aspirações, os medos e as esperanças de um povo. É nele que as sociedades
esboçam suas identidades e objetivos, detectam seus inimigos e, ainda,
organizam seu passado, presente e futuro. O imaginário social se expressa por
ideologias e utopias, e também por símbolos, alegorias, rituais e mitos. Tais
elementos plasmam visões de mundo e modelam condutas e estilos de vida, em
movimentos contínuos ou descontínuos de preservação da ordem vigente ou de
introdução de mudanças.
Dênis de Moraes, revista Contracampo, n. 1,
julho/dezembro de 1997. Versão on-line.
Texto 2 _____________________________________
Trechos dos PCNEM
Recuperar, pelo estudo literário, as formas instituídas de construção do
imaginário coletivo, o património representativo da cultura e as classifica-
ções preservadas e divulgadas no eixo temporal e espacial, (p. 145)
[...] toda linguagem carrega dentro de si uma visão de mundo, prenha de
significações que vão além do seu aspecto formal, (p. 126)
Compreender as diferenças não pelo seu 'caráter folclórico', mas como
algo com o qual nos identificamos e que faz parte de nós como seres
humanos, (p. 142)
[...] o exame do caráter histórico e contextual de determinadas manifesta-
ções da linguagem pode permitir o entendimento das razões do uso, da
valoração, da representatividade, dos interesses sociais colocados em jogo,
das escolhas de atribuição de sentidos... (p. 126)
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
LIANI FERNANDES DE MORAES __________________________
1 O ACESSO A QUESTÕES DE RELEVÂNCIA
SOCIOCUUURAL H
2 SELEÇÃO,
LEITURA E COMPREENSÃO DE
TEXTOS
3 A
PARTICIPAÇÃO EM UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR
4 U
M VEÍCULO DE INTERCÂMBIO E PROPAGAÇÃO CULTURAL
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
M
ÓDULO
1
0
ACESSO A QUESTÕES DE RELEVÂNCIA SOCIOCULTURAL
O aproveitamento dos conhecimentos de nossos alunos, bem como de suas ex-
periências, suas opiniões e seus gostos pessoais, aliado à escolha de textos signi-
ficativos, contribuirá para aproximá-los de outros saberes e culturas, refletindo
sobre as mudanças necessárias.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo__________________________________________________________
Valorizar o uso da Língua Estrangeira Moderna como meio de acesso a questões
socioculturais relevantes.
Escolher textos próximos do universo de interesses dos alunos do Ensino Médio que
sejam significativos do ponto de vista sociocultural.
Criar condições de aproximação dos alunos com outras culturas e outros saberes.
Valorizar os conhecimentos dos alunos e favorecer o uso da Língua Estrangeira
Moderna para ampliar esses conhecimentos e tomar consciência de outras rea-
lidades.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
perceber em que medida os enunciados refletem a forma de ser, pensar, agir e
sentir de quem os produz;
perceber a Língua Estrangeira Moderna como veículo de acesso a outras culturas e
outros grupos sociais, usufruindo do património nacional e internacional;
desenvolver a competência sociolinguística e outorgar importância a questões
socioculturais, no sentido de eliminar estereótipos e preconceitos;
reconhecer a linguagem e suas manifestações como fontes de legitimação de acor-
dos e condutas sociais (uso de variantes linguísticas, expressões dialetais etc).
Conceitos _____________________________________________________________________
Texto.
Contexto.
Identificação de temática.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo).
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 1 de Língua Estrangeira Moderna.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1
Distribua o Anexo 1 (página 130) para os professores lerem, em grupos de quatro ou
cinco.
Entregue depois o Anexo 2 (página 131) e dê um tempo para lerem o poema.
Explique em seguida que cada grupo discutirá as questões abaixo, ficando um de
seus membros encarregado de registrar as respostas.
a. Caracterizar Nellie Wong quanto a sua nacionalidade, local onde vive e cultura a
que pertence.
b. Justificar as razões socioculturais para os nomes 'Nellie', 'Nah Lei' e 'Lai Oy'.
c. Explicar, no contexto do poema, a razão da frase de Nellie: "/ did not look my
parents in the eye".
d. Identificar algumas conclusões que podem ser depreendidas, do ponto de vista
sociocultural, a respeito da mudança pela qual Nellie passou após a adoção do
nome 'Lai Oy'.
e. A partir do poema de Nellie Wong, justificar as afirmativas de Francisco Martins
relacionadas no quadro abaixo. (Copie os trechos na lousa.)
O nome próprio é mais que um signo ou um significante: ele é um texto.
Sem dúvida, o nome, antes de mais nada, é uma palavra que tem um cunho
bastante peculiar.
Não podemos aceitar a ideia simplória e cartesiana de que o nome é somente
um sinal que marcaria o outro, como um estímulo qualquer. Ele ultrapassa
essa visão reducionista.
Mesmo vindo de um Outro, o nome próprio constitui o núcleo daquilo que
vivo como sendo Eu.
Caso o sujeito não se aproprie do nome, ele fica somente a endossar e a se
identificar com o texto vindo do Outro; por isso um nome não é um destino,
mas pesa com autoridade na realidade psíquica do sujeito.
Francisco Martins, O nome próprio
(frases extraídas das páginas 11-13 e 43)
Quando terminarem, socialize as respostas dos grupos, estimulando os comentários e
comparações. Registre na lousa um resumo das conclusões.
Espera-se que o grupo conclua que o poema incorpora, de forma explícita, os seguintes
aspectos do contexto cultural:
O costume asiático de nomear pessoas, especialmente mulheres, a partir de carac-
terísticas estéticas fica claro na escolha do nome 'Lai Oy', isto é, 'Beautiful Love'.
A adoção de um nome inglês em países de língua inglesa é comum para nomear
indivíduos oriundos de outras culturas - como forma de aproximação, para facilitar
a pronúncia, por identificação com valores do país de adoção, ou superação de
diferenças, como é o caso de Nellie.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 1
O fato de não olhar seus pais nos olhos, e sentir-se na obrigação de justificar a
escolha do nome 'Nah Lei', pela professora, revela o comportamento submisso de
Nellie, obediente à expectativa das famílias orientais no relacionamento entre pais e
filhos.
Por ser o chinês uma língua tonal, há a referência de que, além de 'Beautiful Love',
'Lai Oy' também pode significar 'Lost Pocket', "depending on the heart of a
conversation".
Conceitos: texto e contexto.
Competências: perceber em que medida os enunciados refletem a for-
ma de ser, pensar, agir e sentir de quem os produz; observar que um
falante transmite sua cultura, suas tradições e seus conhecimentos pela
forma de se expressar.
Atividade 2 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 132) e diga para os grupos lerem o texto, procu-
rando selecionar os aspectos que julgarem mais relevantes do ponto de vista da
compreensão do universo social e cultural do outro, a partir das diferentes ma-
nifestações da linguagem.
Quando terminarem, socialize a discussão e registre na lousa as observações
que considerar mais importantes.
Entregue então o Anexo 4 (página 133) e diga para lerem o texto "My Name",
de Sandra Cisneros.
Peça para os grupos analisarem e comentarem o texto, tendo em vista os aspec-
tos relacionados abaixo; em cada grupo, um professor ficará encarregado de
registrar as conclusões.
a. Referências socioculturais do narrador.
b. Aspectos depreciativos da condição feminina que transparecem no texto, e as for
mas pelas quais esses traços se manifestam em nossa cultura.
Anote no quadro-negro as respostas dos grupos e estimule o debate, com a
comparação dos pontos de vista, procurando sintetizar o assunto.
Leve a turma de professores a observar como a leitura do texto permitiu que se
aproximassem do universo emocional de Esperanza. A narrativa de experiências
pessoais feita em primeira pessoa instiga a reflexão sobre as próprias formas de
pensar e ver o mundo, em comparação com outras culturas diferentes.
Conceito: contextualização sociocultural como ponto de partida para a
reflexão sobre questões sociais relevantes (no caso, a condição feminina
e a situação dos migrantes hispânicos nos Estados Unidos).
Competências: perceber a Língua Estrangeira Moderna como veículo
da cultura do outro; desenvolver a competência sociolinguística, valori-
zando questões socioculturais, no sentido de eliminar estereótipos e pre-
conceitos.
Atividade 3 _________________________________
Diga para os professores observarem as fotos do Anexo 5 (página 134) e fazerem um
levantamento dos múltiplos temas que essas imagens podem sugerir para trabalhar
em sala de aula. Proponha que valorizem particularmente os aspectos com
desdobramentos de ordem linguística, além das implicações políticas, sociais,
económicas e culturais.
Faça na lousa uma síntese dos comentários e amplie o debate, pedindo para
identificarem outras situações relevantes do ponto de vista sociocultural que possam
suscitar discussão nas aulas de Língua Estrangeira Moderna - principalmente no
sentido de buscar eliminar caracterizações depreciativas em situações de submissão
e desigualdade. Além do desenvolvimento de aspectos metalingúísticos, essas
situações devem contribuir de forma prática para o enriquecimento cultural dos
alunos.
As situações identificadas não devem se referir apenas ao Brasil, mas sim gerar uma
reflexão sobre outras realidades. Mostre que os professores não devem se limitar a
situações que envolvam aspectos negativos, referindo também experiências sociais e
culturais bem-sucedidas - por exemplo, no âmbito da ecologia, da integração social, de
projetos educacionais etc.
Atividade 4 ____________________________________________________________
Distribua os Anexos 6, 7 e 8 (páginas 135-137) e diga para cada grupo escolher
apenas um dos textos, e a partir dele planejar uma atividade que destaque o aspecto
sociocultural do tema. A atividade poderá ser oral, escrita ou com recursos de
qualquer outra linguagem (quadrinhos, colagem, dramatização etc).
Quando terminarem, promova a discussão coletiva, incentivando cada grupo a expor
suas sugestões. Ressalte a importância de, nas aulas de Língua Estrangeira
Moderna, levar os alunos a:
conhecer outras culturas e formas de encarar a realidade;
usar um idioma estrangeiro objetivando a comunicação real;
perceber o processo dinâmico que caracteriza o evoluir linguístico (uso de gírias,
dialetos, expressões de origem técnico-científica, variantes linguísticas, expressões
coloquiais e dialetais).
Proponha aos professores que explicitem formas de efetivar essas ações na prática
da sala de aula e sintetize na lousa as conclusões que achar mais interessantes.
Conceito: identificação de temática de caráter sociocultural.
Competência: considerar a linguagem e suas manifestações como fontes de
legitimação de acordos e condutas sociais, reveladores de outros costumes e
visões de mundo.
Só conseguiremos conferir importância a questões sociais - tais como a frágil condição
feminina em muitos países, o racismo, visões estereotipadas de outras culturas, preconceitos -
ao ampliar os horizontes culturais de nossos alunos, fazendo-os perceber valores e inserções
sociais diferentes das suas, confrontar semelhanças e contrastes, refletir sobre o universo
pessoal e cultural do outro, além do seu próprio.
Para encerrar, recolha os Anexos.
A
n
e
x
o
1
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 1
O nome próprio é mais que um signo ou um
significante: ele é um texto
Sem dúvida, o nome, antes de mais nada, é uma palavra que tem um cunho
bastante peculiar. [...] Não podemos aceitar a ideia simplória e cartesiana de que
o nome é somente um sinal que marcaria o outro, como um estímulo qualquer.
Ele ultrapassa essa visão reducionista.
Dentro de um berçário, um neófito pode pensar que 'todos os bebés' são
iguais. Ledo engano. Os humanos se afligem em logo tentar distinguir aquele
corpo, o bebé, com uma marca distintiva, seja uma camisola, um bracelete com
um número, um colar, ou então um nome: traço pretendidamente definitivo. É
certo que esta marca servirá para o chamamento e identificação daquele
pequeno ser humano. No entanto, o nome próprio transborda de muito esta
perspectiva de servir somente para referência do sujeito. Em breve ele passará a
construir o cerne daquilo que o sujeito mais preza: o seu próprio Eu.
Assim por vezes ocorre em um berçário, ou nos primeiros momentos de
vida da criancinha, alguém decidir que o bebé se chamará António, ou José, ou
Maria, ou Dagoberto, por ter a cara de António, José, Maria ou Dagoberto. Isto
implica reconhecer a existência de um pensar que motiva tal afirmação. [...]
Assim, um nome nada tem de fortuito ou de natural. Ele é sempre fruto de uma
elaboração virtual daquele que pensa ter a criança cara de António, José, Maria,
Dagoberto...
Logo que alguém resolve chamar o recém-nascido Dagoberto, porque o
garotinho tem 'cara de Dagoberto', poderíamos interrogar o mesmo a fim de que
ele vá além desta resposta a tiracolo. Nesta hora, Dagoberto pode tornar-se não
somente um signo que envia a um referente, mas a outros signos, a uma rede de
associações de ideias que atravessam aquele que nomeia.
Francisco Martins, 0 nome próprio. Brasília,
Editora da UnB, 1984. pp. 11-13.
Anexo 2
How a Girl Got Her Chinese Name
On the first day of school the teacher asked me:
What do your parents call you at home?
I answered: Nellie.
Nellie? Nellie?
The teacher stressed the l's, whinnying like a horse.
No such name in Chinese for a name like Nellie.
We shall call you Nah Lei
which means Where or Which Place.
The teacher brushed my new name,
black on beige paper. I practiced writing
Nah Lei Holding the brush straight,
dipping the ink over and over.
After school I ran home.
Papa, Mama, the teacher says my name is Nah Lei.
I did not look my parents in the eye.
Nah Lei? Where? Which Place?
No, that will not do, my parents answered.
We shall give you a Chinese name,
we shall call you Lai Oy.
So back to school I ran,
announcing to my teacher and friends
that my name was no longer Nah Lei,
not Where, not Which Place,
but Lai Oy, Beautiful Love,
my own Chinese name.
I giggled as I thought:
Lai Oy could also mean lost pocket
depending on the heart
of a conversation.
But now in Chinese school
I was Lai Oy, to pull out of my pocket
every day, after American school,
even Saturday mornings,
from Nellie, from Where, from Which Place
to Lai Oy, to Beautiful Love.
Between these names
I never knew I would ever get lost.
Nellie Wong in Eileen Thompson Experiencing Poetry,
Globe Book Company, 1987, pp. 38-39.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA- Módulo 1
Anexo 3
Trechos dos PCNEM
Não há linguagem no vazio; seu grande objetivo é a interação, a comuni-
cação com um outro, dentro de um espaço social, como, por exemplo, a
língua, produto humano e social que organiza e ordena de forma articu-
lada os dados das experiências comuns aos membros de determinada co-
munidade linguística, (p. 125)
A organização do espaço social, as ações dos agentes coletivos, normas,
os costumes, rituais e comportamentos institucionais influem e são influ-
enciados na e pela linguagem, que se mostra produto e produtora da
cultura e da comunicação social. [...] (p. 126)
O exame do caráter histórico e contextual de determinada manifestação
da linguagem pode permitir o entendimento das razões do uso, da
valoração, da representatividade, dos interesses sociais colocados em jogo,
das escolhas de atribuição de sentidos, ou seja, a consciência do poder
constitutivo da linguagem. [...] (p. 127)
Na escola, o aluno deve compreender a relação entre, nas e pelas lingua-
gens como um meio de preservação da identidade de grupos sociais me-
nos institucionalizados e uma possibilidade de direito às representações
desses frente a outros que têm a seu favor as instituições que autorizam a
autorizar, (p. 130)
A visão de mundo de cada povo altera-se em função de vários fatores e,
consequentemente, a língua também sofre alterações para poder expres-
sar as novas formas de encarar a realidade. Daí ser de fundamental impor-
tância conceber-se o ensino de um idioma estrangeiro objetivando a co-
municação real, pois, dessa forma, os diferentes elementos que a com-
põem estarão presentes, dando amplitude e sentido a essa aprendiza-
gem, ao mesmo tempo em que os estereótipos e os preconceitos deixarão
de ter lugar, e portanto, de figurar nas aulas. (p. 152)
Anexo 4
My Name
In English my name means hope. In Spanish it means too many letters. It means
sadness, it means waiting. It is like the number nine. A muddy color. It is the
Mexican records my father plays on Sunday mornings when he is shaving, songs
like sobbing.lt was my great-grandmother's name and now it is mine. She was a
horse woman too, bom like me in the Chinese year of the horse - which is
supposed to be bad luck if you're born female - but I think this is a Chinese lie
because the Chinese, like the Mexicans, don't like their women strong.My great-
grandmother, I would've liked to have known her, a wild horse of a woman, so wild
she wouldn't marry until my great-grandfather threw a sack over her head and
carried her off. Just like that, as if she were a fancy chandelier. That's the way he
did it.And the story goes she never forgave him. She looked out the window ali her
life, the way so many women sit their sadness on an elbow. I wonder if she made
the best with what she got or was she sorry because she couldn't be ali the things
she wanted to be. Esperanza, I have inherited her name, but 1 don't want to inherit
her place by the window.At school they say my name funny as if the syllables were
made out of tin and hurt the roof of your mouth. But in Spanish my name is made
out of a softer something, like silver, not quite as thick as sister's name Magdalena
which is uglier than mine. Magdalena who at least can come home and become
Nenny. But I am always Esperanza.I would like to baptize myself under a new
name, a name more like the real me, the one nobody sees. Esperanza as Lisandra
or Maritza or Zeze the X. Yes. Something like Zeze the X will do.
Sandra Cisneros, in The House on Mango Street.
New York, Vintage Books, 1991, pp. 10-11.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 1
Anexo 5
Fotos do livro de Rob Nolasco, Streetwise (Interrnediate).
Oxford, Oxford University Press, 1996.
Anexo 6
Women in Society
Women are a "mistake". They are silly and superficial, with no depth or
intelligence. They are only interested in trivial things, not "serious matters". They
are full of empty, meaningless charter. Their main purpose in life is to look
decorative and appealing to men. They are home-makers, men are wage-earners.
They are the property of their husbands.
Less than 100 years ago, this was the kind of prejudice that forward-thinking
women were still up against.
As children, middle-class women would learn to cook, sew, keep house and
perhaps to sing and play a musical instrument. They had to attract a good
husband, of course. He would ask the woman's father for permission to marry her
and she would be handed over from one man to another, like a parcel. There were
few "respectable" jobs that women could do. They could look after other people's
children or teach. Singing and acting were considered immoral.
Rob Nolasco, Streetwise (Intermediate).
Oxford, Oxford University Press, 1996.
Anexo 7
Trechos de falas de dois adolescentes americanos negros, com idades entre
15 e 16 anos. Ambos frequentam a escola em Manhattan mas moram em
Brownville, região do Brooklyn, uma das mais pobres da cidade de Nova York.
Seus nomes são Arnold 'Fats' Brathwaite e Delroy 'Dee-Money' Ellis. (As
palavras em negrito constam do glossário, no final do texto.)
About the use ofjewelry and gold tooth caps:
Fats. The gold tooth was first brought out by Brooklyn, alright, so ali your
uptown niggers to get off of it. The jewelry represents, you know, that you got
money and it's ali about truth, that you just be chillin' the most.
Dee-Money. Check it out, this is how it goes. I go to work, get paid and get
my money, so I can chill, you know what l'm saying, know what I mean? I work in
a shoe store. [...]
You know, they (whites) think 'cause, you know, we black, man, we poor an'
everything. [...]
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 1
Anexo 7
About the use of the word 'nigger':
Fats. It's just a word we say, just to catch his attention. We ali know we're
black, we just don't mean nobody no harm. We just be sayin' it just to be sayin' it.
It's just another word.
About whites calling blacks 'nigger':
Fats. See, they can't call us that, you know what l'm sayin'? 'Cause see when
they call us that they ' just tryin' to be down.
Revista Speak Up, São Paulo, Globo, June/1991.
Glossário
uptown (adj.) do Harlem.
nigger (gíria) termo pejorativo (a não ser nesse contexto) para
indicar pessoa negra.
to get off of it copiar (expressão dialetal).
to be chill ser o mais legal, o mais bacana (expressão dialetal).
check it out (gíria) veja isso.
to chill exibir-se; mostrar-se legal, bem arrumado.
to be down ser ofensivo (expressão dialetal).
Anexo 8
The Library Visit
He didn't know how far he had walked before he saw a stone building sitting on a
hill. That was probably the library. It looked just like the one in Kansas City, grey
and ugly. He walked quickly up the steps, studiously ignoring the white faces he
passed. He walked to the desk. When the old woman looked up, her jaw dropped.
"What do you want?" she said sharply. 'Yd like to apply for a library card," he
said firmly.
"You can't come to this library," she said nervously.
Allen could feel his heart pounding as he noticed the white people in the
library gathering a short distance away.
"Why not?" he said calmly.
"You just can't," the old woman said, more agitated. She had lowered
Anexo 8
her head and was busy stamping some cards on her desk.
"I would take proper care of the books." He spoke distinctly and evenly,
betraying no emotion and being very careful not to sound colored, like his father.
"This is the white library," the old woman blurted out. "You people have your
own library."
Allen hadn't known there was a colored library, but it didn't matter.
"But one does not have the wide choice of books there that are available
here. And I think it's the duty of ali Americans to be as fully educated as they can
be. Don't you agree?"
The old librarian turned a deep red and refused to answer.
Just then a young white woman carne out of a back office.
"May I help you?" she said pleasantly.
"Yes, I would like to apply for a library card and this woman told me I can't
have one. I don't understand why. Ali I want to do is read."
"What are you interested in?" the young woman continued.
"Oh," Allen began eagerly, Td like to see if there is a biography of Winslow
Homer. He's one of my favorite painters. And l'd also like the Thayer two-volume
biography of Beethoven."
He was so sincere, but he was also trying to impress her.
"Well, Mrs Helms," the younger woman said, "since I know those books
wouldn't be available at the colored library, I don't think we'd be breaking any rules
if we let this young man have a card."
The old librarian was furious, but she only spluttered, "whatever you say, Mrs
Macintosh." (Adapted)
Rob Noiasco, op. cit, p. 112.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
M
ÓDULO
2
S
ELEÇÃO
,
LEITURA E COMPREENSÃO DE TEXTOS
Na escola, a intervenção pedagógica é fundamental para definir estratégias de
leitura e abordagem de textos que sejam especificas para cada tipo de texto e
cada manifestação de linguagem.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Rever estratégias de seleção, leitura e interpretação de textos.
Considerar estímulos de diversas naturezas ao selecionar o material de trabalho
(textos), favorecendo sistemas diversificados de leitura.
Perceber a diversidade dos sistemas simbólicos das diferentes linguagens dentro do
caráter prático do uso da Língua Estrangeira Moderna.
Considerar o conhecimento da Língua Estrangeira Moderna como meio de acesso a
distintos conhecimentos e informações.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como recur-
sos de organização cognitiva da realidade, pela constituição de significados, ex-
pressão, comunicação e informação;
construir categorias de diferenciação, apreciação e criação;
utilizar estratégias verbais e não-verbais para favorecer a efetiva comunicação e
alcançar o efeito pretendido em situações de produção e leitura.
Conceitos_____________________________________________________________________
Estímulo.
Leitura.
Tradução.
Linguagens.
Seleção de material de leitura de acordo com critérios definidos.
Materiais necessários __________________________________________________________
Dicionário Inglês-Português - um para cada grupo.
Filme Linguagens do mundo, da série "Ensino Legal", do dia 11/11/99.
Televisor e videocassete.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 2 de Língua Estrangeira Moderna.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Peça para os professores se organizarem em pequenos grupos e exiba os 5
minutos iniciais do vídeo Linguagens do mundo - correspondente ao trecho em
que o grupo de adolescentes canta o rap com o refrão "Isso pra mim é grego",
com situações que permitem diferentes 'leituras'.
Distribua os Anexos 1 e 2 (página 142) para leitura. Proponha que os grupos
discutam situações - na vida profissional ou fora dela - nas quais seria cabível
dizerem: "Isso pra mim é grego".
Promova uma discussão coletiva, comparando as respostas dos grupos e procurando
chegar a uma conclusão de consenso a respeito de como identificar uma situação de
comunicação nessa categoria, 'ser como grego'. Registre a síntese na lousa.
Sugira uma comparação entre as situações citadas pelos grupos, o texto em
grego, e o texto do Anexo 2, que trata de Visual Basic.
Entregue o Anexo 3 (página 143) para os professores lerem, pedindo para iden-
tificarem os trechos de texto relacionados à conclusão de consenso geral à qual
o grupo chegou no sentido de tornar clara a compreensão de uma situação que
poderia ser caracterizada como 'de grego'.
Coloque em discussão:
Mesmo dispondo de glossários e dicionários, muitas vezes os alu-
nos reagem da mesma forma provocada pela 'leitura' dos Anexos
1 e 2. É comum essa ocorrência em sua aula? Em que situações?
Conceito: linguagens.
Competência: compreender e usar os sistemas simbólicos das diferen-
tes linguagens como meio de organização cognitiva da realidade, pela
constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Atividade 2
Distribua cópias do Anexo 4 (página 143) e peça para os professores lerem
individualmente, em silêncio, o fragmento de texto tirado dos Symposium, de
Platão, em que este dialoga com Sócrates.
Entregue então o Anexo 5 (página 144) para os professores lerem em seus
grupos. Proponha as questões:
A tradução é uma estratégia útil para assimilar esse tipo de tex-
to? Justifique sua resposta.
Identifique outras possíveis estratégias de leitura e compreen-
são desse texto.
Passe para os professores lerem, a seguir, o Anexo 7 (páginas 144-145), pedin
do para estabelecerem estratégias de pré-leitura e leitura para:
a. um texto de caráter científico, como o do Anexo 8 (página 146);
b. um texto narrativo, como o do Anexo 12 (página 149).
Discuta as conclusões e sintetize na lousa as respostas.
Considerando que, nos Anexos 4 e 5, a tradução foi uma estratégia eficaz
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
para a leitura/compreensão do texto de Platão, peça para os grupos:
a. escolherem outro texto dos anexos em que a tradução fosse útil como estratégia
eficiente de leitura;
b. justificarem verbalmente o motivo da escolha do texto e as razões para avaliar a
tradução como boa estratégia de compreensão.
Promova uma discussão coletiva das respostas.
Se os professores não conseguirem encontrar um vocábulo equivalente
e preciso em português para o verbo bear, da forma que é usado no
texto do Anexo 4, sugira que recorram a imagens ou metáforas visuais
para dar ideia de criar, produzir, fazer emergir, gerar. Trechos de filmes
(sem som), esculturas, pinturas, movimentos, situações do cotidiano e
objetos são algumas das ferramentas que permitem criar significados
em contextos nos quais os recursos linguisticos se revelam
insuficientes.
Conceitos: leitura; tradução.
Competência: integrar as competências gramatical, sociolinguística,
discursiva e estratégica, de modo a obter um nível efetivo de comunicação.
Atividade 3
Entregue aos participantes cópias do Anexo 6 (página 144).
Após a leitura, combine que um professor ficará encarregado de registrar as
conclusões de seu grupo, no qual serão discutidas maneiras de:
a. Explicitar e justificar o número de leituras necessárias para identificar a ideia central
ou o assunto de que trata o texto do Anexo 6.
b. Explicitar e justificar o tipo de leitura e as estratégias de compreensão/interpreta
ção que podem ser usadas no texto do Anexo 6.
c. Explicar por que o grupo adotaria, para o texto do Anexo 6, uma atividade de
leitura equivalente à aplicada ao texto do Anexo 4.
Discuta coletivamente as respostas, promovendo comparações e, se necessário,
sugerindo explicações detalhadas - se ocorrerem divergências flagrantes, ou
pontos que não ficaram suficientemente claros.
Conceito: estímulos diversos como suscitadores de respostas diversas.
Competências: confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes
manifestações simbólicas e os diferentes usos da língua; construir categorias
de diferenciação, apreciação e criação.
Atividade 4
Diga para os professores lerem mais uma vez o Anexo 7.
Apresente os Anexos 8 a 14 (páginas 146-150) para cada grupo selecionar dois
textos, nos quais deverá:
a. em um deles, estabelecer uma sequência de passos de pré-leitura e leitura propria-
mente dita;
b. em relação ao segundo texto escolhido, formular questões de compreensão que
impliquem o uso de outras linguagens, além da fala e da escrita. Para suprir falhas
na comunicação, ou complementar atividades de compreensão, pode-se recorrer a
símbolos, imagens, mímica, dramatização, linguagem gestual etc.
Levando em conta as técnicas de leitura mencionadas no Anexo 7, proponha
aos professores que:
a. escolham um texto dos Anexos 8 a 14 em que a leitura do tipo skimming seja
adequada para a leitura/compreensão, justificando sua escolha;
b. selecionem um texto dos Anexos 8 a 14 para o qual seja mais apropriada a leitura
do tipo scanning, justificando a escolha.
Apresente o trecho abaixo, extraído dos PCNEM:
[...] compreender o discurso do outro [...] divulgar suas ideias com objetividade e
fluência. Tal exercício pressupõe a formação crítica frente à própria produção e a
necessidade pessoal de partilhar sentidos em cada ato interlocutivo. (p. 130)
Peça para os grupos discutirem esse texto e em seguida:
a. definir atividades significativas de leitura;
b. sugerir tipos de texto que propiciem leituras diversificadas, de maneira a alcançar
os objetivos citados nesse trecho dos PCNEM.
Promova a discussão coletiva das diferentes tarefas realizadas nessa atividade.
Conceitos: leitura; seleção.
Competências: utilizar estratégias verbais e não-verbais para compensar
falhas na comunicação; favorecer a efetiva comunicação e alcançar o efeito
pretendido em situações de produção e leitura.
Ler de modo adequado, evitar o desconforto de se confrontar com situações de
estranhamento e 'incompetência' ("isso pra mim é grego") só é possível mediante o uso de
estímulos eficazes, textos apropriados e diversificados, além de passos claros no trabalho
pedagógico. Para isso, deve-se compreender a importância da Língua Estrangeira Moderna
no Ensino Médio, que na prática se torna veículo de comunicação e meio de acesso ao
conhecimento.
Glossário______________________________________________________________________
skimming Técnica de leitura rápida, em que corremos os olhos pelo texto para
apreender a ideia geral por meio de títulos, subtítulos e palavras-chave.
scanning Técnica de leitura por meio da qual lemos o texto mais detalhadamente,
em busca de informações específicas (gráficos, dados, tabelas, nomes, números,
citações, ilustrações, exemplos, definições etc).
Consulte também ______________________________________________________________
Reading Strategies and the Active Classroom. São Paulo, PUC, s/d. {Resource Package
2) Projeto: "Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras".
Using Authentic Texts with Beginners. São Paulo, PUC, s/d. {Reading Package 1)
Projeto: Ensino de Inglês Instrumental em Universidades Brasileiras.
Trecho de texto de Aristófanes (392 a.C),
"Assembleia de mulheres", in H. J. Stórig, A aventura das línguas.
São Paulo, Melhoramentos, 1993, p. 76.
Anexo 2
Analisando um aplicativo
A vantagem que os projetos apresentam para o programador em Visual Basic é
que um projeto é uma manutenção de registro de todo o conjunto de arquivos
que compreendem um aplicativo. Quando você escreve o mais simples aplicativo
Visual Basic, o VB cria um projeto para esse aplicativo para que, conforme
cresça a funcionalidade do aplicativo, o projeto possa manter um registro de
todos os arquivos relacionados com o projeto.
Greg Perry, Visual Basic 5 - Aprenda em 24 horas. Rio
de Janeiro, Sams Publishing Campus, 1977, p. 22.
Glossário
arquivo Informações guardadas de forma organizada em compu-
tador.
aplicativo Programa de computador.
Visual Basic Uma determinada linguagem de programação de
computador.
registro índice de informações.
funcionalidade Conjunto das funções do aplicativo.
projeto Conjunto de programas inter-relacionados.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
A
nexo
1
Texto 1
Anexo 3
Trechos dos PCNEM
A linguagem é considerada aqui como a capacidade de articular significa-
dos coletivos e compartilhá-los em sistemas arbitrários de representação,
que variam de acordo com as necessidades e experiências da vida em
sociedade. A principal razão de qualquer ato de linguagem é a produção
de sentido, (p. 125)
O debate e o diálogo, as perguntas que desmontam as frases feitas, a
pesquisa, entre outros, seriam formas de auxiliar o aluno a construir um
ponto de vista articulado sobre o objeto em estudo, (p. 129)
O gostar ou não de determinada obra de arte ou de um autor exige antes
um preparo para o aprender a gostar. [...] Neste caso, o aluno deixaria de
ser um mero espectador ou reprodutor de saberes discutíveis. Aproprian-
do-se do discurso, verificaria a coerência de sua posição. Dessa forma,
além de compreender o discurso do outro, ele teria a possibilidade de
divulgar suas ideias com objetividade e fluência, (pp. 129-30)
A aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna qualifica a compreensão
das possibilidades de visão de mundo e de diferentes culturas, além de per-
mitir o acesso à informação e à comunicação internacional, necessárias para
o desenvolvimento pleno do aluno na sociedade atual. (pp. 131-2)
Anexo 4
For there are some who conceive in soul still more than in body; what is proper for
the soul to conceive and bear, and who is proper? Wisdom and virtue and beauty
in general - to this class belong ali creative poets, and those artists and crafstmen
who are said to be inventive. When man creates, he incarnates his soul into his
creation; he leaves something newborn, something young in place of the old. By
this device, Sócrates, mortality partakes of immortality, both in body and in soul.
Plato, Symposium
| LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
Anexo 5
Uma possível tradução do texto do Anexo 4
Pois há alguns capazes de conceber na alma ainda mais do que no corpo; o que
é próprio para a alma conceber e produzir, e quem é capaz de fazer isso? A
sabedoria, a virtude e a beleza em geral - a essa categoria pertencem todos os
poetas criativos, e aqueles artistas e artesãos considerados inventivos. Sempre
que alguém cria alguma coisa, põe sua alma na própria criação; deixa algo fresco
e novo no lugar do velho. Desse modo, Sócrates, o que é mortal passa a ser
também imortal, tanto no corpo como na alma.
Anexo 6
One in Four Doctors Is now a Woman
Women doctors are a growing force in American medicine.
About 120,000 U.S. physicians - nearly 25 percent of doctors - are women.
By the year 2010, the percentage of women doctors is expected to reach 30
percent. The number of female physicians tripled between 1975 and 1992 - and
today more than 40 percent of ali medicai students are women, the University of
Texas Lifetime Health Letter reports.
Arnon Hollander & Sidney Sanders in Keyword.
São Paulo, Moderna, 1997, p. 429.
Anexo 7
Ao falar de leitura/interpretação/compreensão de textos em Língua Estrangeira
Moderna, vale a pena refletir sobre os seguintes aspectos, alguns deles
claramente explicitados nos PCNEM:
O que se deve ter como objetivo, em relação ao aluno do Ensino Médio, é
que ele seja capaz, ao final do curso, de se sentir independente para
aprender por si próprio. A ideia é habilitá-lo a aprender técnicas que
facilitem o entendimento de textos, e não apenas for-necer-lhe informações
específicas.
Anexo 7
A leitura feita na disciplina de Língua Estrangeira Moderna não deve ser
apenas de caráter intelectual e metalingúístico: deve ser também um veí-
culo de acesso a múltiplas informações e formas de conhecimento, além da
própria língua. Outro objetivo não menos importante é proporcionar a leitura
que ofereça lazer e diversão. Estar habilitado para "ler o mundo" é ser
capaz de fazer uso e tirar proveito desses três tipos básicos de leitura.
Conversas preliminares sobre o texto (adivinhar o assunto, prediction) e
questões prévias sobre o tema (pre-questions) são técnicas de exploração
de texto importantes e motivadoras.
Técnicas de compreensão geral - skimming (quando corremos os olhos
rapidamente pelo texto para perceber, por exemplo, a ideia principal a partir
de palavras-chave, títulos e subtítulos) e scanning (quando percorremos o
texto em busca de informações mais específicas, como gráficos, datas,
tabelas, nomes, números, ilustrações, etc.) - são igualmente eficazes no
trabalho de leitura e compreensão de textos.
A língua materna, no caso o português, pode e deve ser usada como auxi-
liar da compreensão, por exemplo por meio do uso de palavras cognatas.
Técnicas que focam a estrutura textual também devem ser empregadas:
- que palavras iniciam os parágrafos?
- há título, subtítulos, ilustrações?
- como separar informação essencial de informação complementar ou
acessória?
- como diferenciar argumentação de exemplificação / ilustração ?
- que vocabulário de origem anglo-saxônica é fundamental para a
compreensão do texto? Como pesquisá-lo? Que vocábulo(s) em
português se ajusta(m) melhor ao sentido que se quer dar àquele
contexto em língua estrangeira?
Traduções longas de textos inteiros não levam a tipo algum de apren-
dizagem, nem devem ser usadas como recurso sistemático no ensino de
Língua Estrangeira Moderna. Quando bem usada, a tradução é uma
estratégia útil, que nos remete ainda à ideia de que outros recursos, além
da língua verbal e escrita, podem e devem ser usados para suprir falhas na
comunicação. Pensamos aí em outros tipos de 'tradução'.
O foco central da leitura em língua estrangeira deve ser a comunicação e a
produção de sentido.
• A leitura como parte do processo de aprendizagem em Língua Estrangeira
Moderna deve ser vista dentro de uma perspectiva prática, interdisciplinar,
e relacionada com contextos reais e de interesse para o aluno do Ensino
Médio.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
Anexo 8
Video Surgery
1. In video surgery, the doctor puts a small
camera lens inside the knee.
2. The doctor inserts a tiny surgical instrument.
Americans love sports - they love to play them,
to watch them on television, and to talk about
them. Butthis national pastime sometimes has
serious consequences - at least for the
players. People who play tennis year after
year, for example, often develop "tennis
elbow." And it is easy to hurt a knee or shoulder
in a soccer or football game. These injuries
happen while the player is having fun, but they
still hurt.
A few months ago, Kathleen Simmons
injured her knee on a volleyball game. Her
doctor told her to rest her knee and wear a
bandage. Simmons, a sports writer for a city
newspaper, loves to play volleyball. When her
doctor's advice did not work, she thought she
would never play again.
Then Simmons learned about "video
surgery." With the help of video technology,
doctors can now repair injuries and get people
back on the playing field and back to their jobs
3. The lens sends pictures to a TV screen.
4. As he works, the doctor can see the inside
of the knee and make accurate repairs.
much faster. Simmons found a hospital that
was using this new technology and made an
appointment. Doctors there told her the
surgery could help.
For the operation, her doctor put a very
small camera lens inside her knee. The
special lens sent back pictures, which
appeared on a television screen. The doctor
then inserted a tiny surgical instrument. As
he worked, he could see the inside of
Kathleen's knee on the TV. With the help of
the large picture on the screen, he was able
to make very accurate repairs without opening
her knee.
Simmons started walking five days after
her operation. "My knee hurt a lot the first few
days," she reported. "But I felt better very
quickly." Now, six months after her operation,
Simmons can do everything she did before
her injury. "It feels like a new knee," she said.
"I can even play volleyball again."
Sandra Costinett & Donald R.H. Byrd in Spectrum. Prentice Hall
Regents, 1993, vol. 2, p. 20.
Anexo 9
Romantic Songs
This is the second time l'm writing you. As l've had some ideas about articles, I
wanted to tell you them. Firstly, what about an article informing us about the
brand-new bands that are smashing these days, and the ones which released
great new hits? Another idea carne into my mind. You could talk about
penfriendship between people of different countries, and even among people who
live in the same country. I have some penpals, and I can say it's a fun way to
exchange culture and improve my English. Well, l'm also writing to send you some
lyrics, How deep is your love, from Take That, for Ana Luiza Couto Menna. I agree
with her, there's too much rock and you could tell us more about Mariah Carey,
Laura Pausini, Take That, Gloria Estefan... and much more! I'm sure that lots of
people would love it, as there are people who like rock, there are also those ones
who like pop, romantic, and so on. Well, to take the opportunity, l'd like to ask for
two lyrics: Because you love me, from Susanne Rye, and Machinehead, from
Bush. I hope you can give me a hand! To finish, l'd like to say that I loved to see
my letter published, and it won't be bad if you do it again!
Priscila Barreto, 12, Cultura Inglesa - Santo André.
In Cultura Inglesa Magazine n. 27,
ano VIII, março de 1997, seção "Letters", p. 19.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
Anexo 10
Eurogestures show no
sign of harmony
Thanks to 1992 and ali that, European
countries are becoming ali alike, arerVt
they? Well, yes and no. Teenagers in
Bulgária are at least trying to dress like
kids in Britain. And if you have a bank
account in Stuttgart, chances are you
can withdraw money from an auto-
mated teller machine in Seville. But lan-
guages still build barriers, and gestures
can be more troublesome yet.
Desmond Morris author of The Naked
Ape and of another book called Ges-
tures, says some of Europe's hand sig-
nals emerged 2,000 years ago - and
that details like the single market or the
demise of communism are not about
to change things.
A simple wave of the hand, a friendly
greeting in most of the world, can be
interpreted as a gross insult in Greece.
Obscene gestures come in so many
regional varieties that virtually any hand
motion means something horrendous
somewhere. And the codes can change
from city to city... "Despite ali the modem
media, Naples's gestures are different
from many in Rome, for instance," notes
Morris. Another expert on body
language, Oxford University
psychologist Peter Collet, believes that
culture-specific gesticulation will en-
dure precisely because of the general
trend toward unification. "We've got eve-
rybody espousing European unity, but at
the same time there is this enormous
rise of nationalism," he says. Newsweek
offers this brief guide for the unwary.
In Apliesp Newslettem. 2, June/1992, p. 4.
Anexo 11
In Reader's Digest, December/
1999, p. 199.
Anexo 12
The Little GirI and the Wolf
One aftemoon a big wolf was waiting in a dark forest for a little girl to come along
carrying a basket of food to her grandmother. Finally a little girl did come along and
she was carrying a basket of food.
"Are you carrying that basket to your grandmother?" asked the wolf. The little
girl said yes, she was. So the wolf asked her where her grandmother lived and the
little girl told him and he disappeared into the forest.
When the little girl opened the door of her grandmother's house she saw that
there was somebody lying in bed with a nightcap and a nightgown on. She was
about twenty-five feet from the bed when she realized that it was not her
grandmother but the wolf, for even in a nightcap a wolf does not look any more like
your grandmother than Donald Duck looks like Mick Jagger. So the little girl took
an automatic out of her basket and shot the wolf dead.
Moral: It is not so easy to fool little girls
nowadays as it used to be.
Adapted from d fable by James Thurber,
in Valter Lellis Siqueira & Edson Leone Pellizzon in Enjoy It.
São Paulo, Atual, 1993, vol. 1, p. 48.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 2
Anexo 13
THE FINAL BATTLE
We were iosing the battle. Our King was old and weak and could hardly move. He was
hiding just outside the castle walls. Of the three soldiers who had been appointed to protect
him, two had been killed while on duty, and I was left alone.
From where I was standing, I had a good view of the battle. Fortunately for us, our Queen was young and active.
Tall, dark, and very beautiful, she looked splendid out there on the battlefield with her knights at her side. She had
fought with great courage and had already destroyed two enemy officers herself. Since we had lost so many
men, it was difficult for her to attack. She therefore decided to do ali she could to defend the King. I was shocked
when I saw a lowly enemy soldier threatening her! He carne up very dose, but her brave knights sacrificed
themselves to save her. Alone now, she was trapped by the enemy, and although she fought hard, she too lost
her life. Great numbers of enemy officers and soldiers now descended upon us and soon destroyed the castle.
Completely defeated, the King and I tried to run away together, but it was too late. As the King moved up behind
me, I heard someone shout, "Checkmate!" The chess game was over.
L.G. Alexander & E. T. Cornelius Jr. Exeràses in
Comprehension and Composition. Longman, 1978, pp. 70-71.
In Israel Jelin, English - A High School Coursebook. São Paulo, FTD, 1995, p. 143.
Anexo 14
Einstein
He was a modern magician. His astonishing notions of space and time changed
marVs perception of the universe forever. He fathered relativity and intro-duced the
atomic age with his formula E = me
2
.' Yet his formidable reputation never spoiled his
simple humanity. He spoke courageously against social injus-tice. In his later years,
dressed in loose clothes, his white hair untidy, he helped youngsters with their
geometry homework. He was an old man who still loved to sail, play Mozart on the
violin, and write poems.
He died a little more than a quarter of a century ago, but there are few people
who do not recognize the face or name of Albert Einstein.
The magnitude of Einstein's theories was not the resurt of his individual work.
Others had worked before him and contributed to his formulations. One example is
Copernicus, from whom we learned about the heliocentric theory. Kepler, who was a
German physicist, provided a geometric descrip-tion of the movement of the
planets. Isaac Newton formulated the law of universal gravitation.
* E = me : energia é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz.
E. P. Martins, E. Pasqualin & E. Amos in Graded English. São Paulo, Moderna, 1993, p. 184.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
M
ÓDULO
3
A PARTICIPAÇÃO EM UM PROJETO MULTIDISCIPLINAR
É tarefa do Ensino Médio hoje proporcionar aos alunos oportunidades de integra-
ção em torno de projetos multidisciplinares, expondo-os a vivências intra e extra-
escolares, de forma a desenvolver habilidades e competências que permitam seu
acesso à informação e ao conhecimento de modo contextualizado e articulado.
Cabe às Línguas Estrangeiras Modernas um importante papel nesse processo.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo___________________________________________________________
Reconhecer a importância da Língua Estrangeira Moderna no processo de pesquisa e
execução de projetos multidisciplinares.
Considerar a Língua Estrangeira Moderna como veículo e 'ferramenta' para outros
aprendizados, valorizando a pesquisa e a busca de novos conhecimentos e
informações.
Enfatizar a importância da interdisciplinaridade como meio eficaz para o de-
senvolvimento de múltiplas competências e habilidades.
Retomar a abrangência do ensino de Língua Estrangeira, tomando-a não apenas
como aquisição de habilidades linguísticas, mas como um dos recursos que
convergem para o desenvolvimento global do aluno.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
perceber a linguagem dentro de sua natureza transdisciplinar, como articuladora
de significados coletivos compartilháveis em sistemas arbitrários de representação;
perceber a inter-relação dos sistemas de linguagem, sem perder de vista a
especificidade dos conceitos diretores das disciplinas e suas metodologias de pes-
quisa;
conhecer e usar Línguas Estrangeiras Modernas como instrumento de acesso e
suporte a múltiplas informações, sabendo colocar-se como protagonista no pro-
cesso de produção e recepção;
considerar a aprendizagem de Línguas Estrangeiras Modernas no Ensino Médio em
termos de competências abrangentes e articuladas a outras disciplinas do currículo.
Conceitos ____________________________________________________________________
Interdisciplinaridade.
Contextualização.
Pesquisa dentro de projeto multidisciplinar.
Materiais necessários __________________________________________________________
Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo)
Vídeo Pirâmides do Egito, da série "Como Fazer?", da TV Escola.
Televisor e videocassete.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 3 de Língua Estrangeira Moderna.
PCNEM.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1
Distribua o Anexo 1 (página 155) para os professores lerem, em grupos de quatro ou
cinco. Em seguida, entregue-lhes também o Anexo 2 (página 156).
Baseados nos trechos dos PCNEM contidos no Anexo 2, peça para os grupos
analisarem o texto do Anexo 1, explicitando os aspectos a seguir.
a. Formas pelas quais Mrs. Campbell está propiciando a seus alunos a perspectiva de
diferentes visões de mundo.
b. Linguagens (além da verbal e da escrita) usadas por Mrs. Campbell para favorecer o
conhecimento de outras culturas, que é o objetivo de seu projeto.
c. Modo prático adotado por Mrs. Campbell para levar seus alunos a adquirir conheci
mentos e, ao mesmo tempo, refletir a respeito da cultura e dos valores de outros povos.
Oriente o grupo para que sua reflexão leve em conta a seguinte afirmação contida nos
PCNEM: "O saber exige mais do que uma atitude de reprodução de valores", (p. 192)
d. Outras matérias do currículo, além de Geografia, que poderiam se articular
integradamente nesse projeto, se você fosse desenvolvê-lo em sua escola, e de que
forma isso poderia ser feito.
Terminado o exercício, discuta as conclusões com a turma toda e vá anotando
no quadro os aspectos mais relevantes.
Conceito: contextualização em projeto multidisciplinar.
Competência: compreender e usar a língua estrangeira e outras linguagens
como fontes geradoras de significação e como integradoras da organização do
mundo e da própria identidade, sabendo colocar-se como protagonista no
processo de produção/recepção.
Atividade 2 _____________________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 157) para os professores lerem.
Em seguida, exiba o vídeo Pirâmides do Egito, excluindo a parte do debate.
Peça então para se organizarem em grupos e proponha que:
a. discutam os aspectos mais importantes abordados pelo vídeo e pelos textos do
Anexo 3;
b. selecionem os três aspectos que julgarem mais relevantes, passíveis de ser relacio
nados a três outras disciplinas, além de Língua Estrangeira Moderna e História;
Promova uma discussão coletiva, em que cada grupo poderá expor suas esco
lhas e justificá-las. Para encerrar, proponha ao grupo que:
a. chegue a um consenso quanto a três aspectos significativos do vídeo e dos textos
que sejam adequados para desenvolver um trabalho multidisciplinar;
b. também em consenso, eleja três disciplinas do currículo - além de Língua Estran
geira e História - que possam se articular nesse projeto;
c. explicitem o papel a ser desempenhado pela Língua Estrangeira Moderna no projeto.
Conceitos: interdisciplinaridade; projeto multidisciplinar.
Competências: perceber a linguagem em sua natureza transdisciplinar, como
articuladora de significados coletivos compartilháveis em sistemas arbitrários
de representação; perceber a intertextualidade como reveladora da
diversidade do pensamento humano.
Atividade 3
Distribua o Anexo 4 (páginas 158-163), dizendo para os professores lerem todos os
textos. São cinco notícias, extraídas de informativos escolares, relatando atividades
de várias disciplinas realizadas por alunos do Ensino Médio.
Apresente o trecho dos PCNEM abaixo para os professores lerem e discutirem em
seus grupos,:
O professor deixa de ser uma ilha ao interagir com os colegas, em busca de
um projeto coletivo. Não há novidade na proposta. A novidade fica por
conta da sua efetiva atualização na escola. Isso demanda conhecimento,
participação, disponibilidade, interesse profissional e compreensão do papel
social da escola, (p. 192)
Dê um tempo para os grupos discutirem suas leituras e passe-lhes a seguir as
tarefas abaixo.
a. Explicar qual conhecimento está referido no trecho dos PCNEM acima, transcrito
na lousa.
b. Dar exemplos práticos do papel social da escola em projetos coletivos - podem ser
citadas iniciativas bem-sucedidas de projetos sociais em escolas, envolvendo duas
ou mais disciplinas.
c. Identificar o projeto (ou os projetos) comentado(s) nos informativos do Anexo 4 em
que a Língua Estrangeira teve papel de destaque, e com qual (ou quais) outras
disciplinas se articulou.
d. Indicar um projeto mencionado no Anexo 4 no qual a Língua Estrangeira Moderna
não esteja incluída, embora pudesse estar, explicitando a maneira pela qual ocorre
ria essa participação.
Promova a discussão coletiva das respostas dos grupos.
Conceito: articulação interdisciplinar.
Competência: analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das
diferentes linguagens, relacionando textos com seus contextos, de acordo
com a natureza, a função e a organização das manifestações, e também suas
condições de produção/recepção.
Atividade 4
Apresente o seguinte trecho dos PCNEM:
É preciso entender os princípios das tecnologias da comunicação e infor-
mação, associá-las aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes
dão suporte e aos problemas que se propõem a solucionar, (p. 132)
Peça para os professores, organizados em grupos, relacionarem esse texto
com o planejamento e a execução de um projeto multidisciplinar envolvendo
Língua Estrangeira Moderna. Peça para um professor de cada grupo se incum
bir de redigir as conclusões.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Socialize as conclusões, discutindo-as com a turma toda.
Distribua o Anexo 5 (página 163) para os grupos lerem e proponha a seguir que:
a. identifiquem as disciplinas cuja participação seria natural em um trabalho
interdisciplinar a partir do tema desse texto;
b. indiquem outras disciplinas que poderiam participar do projeto, sem que se confi
gure interdisciplinaridade forçada;
c explicitem os campos semânticos específicos de cada disciplina que concorreriam para o au-
mento do vocabulário em Língua Estrangeira relacionado com a adolescência;
d. sugiram uma forma de participação da informática nesse projeto;
e. explicitem outras linguagens, além da verbal, que poderiam concorrer para enri
quecer e tornar mais claras as informações contidas no texto.
Proponha uma discussão coletiva para os grupos partilharem suas conclusões.
Sugira a seguir que os grupos discutam as seguintes passagens dos PCNEM:
[...] o conhecimento puramente metalinguístico e gramatical cede lugar, na
perspectiva atual, a uma modalidade de curso que tem como princípio geral
levar o aluno a comunicar-se de maneira adequada em diferentes situações
da vida cotidiana. (p. 148, adaptação)
[...] nenhuma área do conhecimento prescinde de outras. Ao contrário, elas
estão perfeitamente interligadas e inter-relacionadas, e qualquer tentativa
de desvinculá-las redundará, com certeza, na criação de contextos
altamente artificiais, geradores de desinteresse, (p. 152)
[...] A Língua Estrangeira, pelo seu distanciamento de outra língua, qualifica
a compreensão das possibilidades de visões de mundo e permite o acesso à
informação e à comunicação internacional, necessário ao desenvolvimento ple-
no do indivíduo na sociedade atual. (pp. 191-2).
Se achar adequado, peça para os grupos exporem a síntese de suas discussões.
Conceitos: interdisciplinaridade como fator integrador e articulador de
conhecimentos; Língua Estrangeira Moderna como meio de expressão,
veículo de informação e fonte de novos aprendizados.
Competências: perceber a linguagem dentro de sua natureza
transdisciplinar, como articuladora de significados coletivos
compartilháveis em sistemas arbitrários de representação; conhecer e usar
Línguas Estrangeiras Modernas como suporte e instrumento de acesso a
múltiplos conhecimentos.
É tarefa do Ensino Médio, hoje, proporcionar aos alunos oportunidades de integração em
torno de projetos multidisciplinares, expondo-os a vivências intra e extra-escolares, no sentido
de desenvolver habilidades e competências, não apenas como coadjuvantes, mas como
protagonistas, nas diversas situações de aprendizagem.
As Línguas Estrangeiras Modernas têm um importante papel a desempenhar nesse processo,
como meio de acesso a informações e conhecimentos amplos e diversificados.
Para encerrar, recolha os Anexos.
There's a world of problems in
Mrs. Campbeirs class
And thafs just the way she wants it.
To help her ninth grade Geography class
understand how different countries and cultures
cope with the difficulties of day-to-day living, Mrs.
Campbell has her students "live off the economy"
of various nations. Students assume the identity of
someone in another country and, for one week,
attempt to live as that person would - using the
same food, shelter and clothing.
Through this experience, students gain
a better understanding of the challenges
facing other people around the world
and a greater appreciation for the
abundance produced by the American
economic system. This, in turn, shows
them the need for global responsibility;
that wealthier nations can - and should
- help other countries in need.
In recognition of her innovative and
inspirational teaching techniques, State
Farm is proud to present Linda Campbell
with our Good Neighbor Award and to
donate $5.000 to Mountain Brook Júnior
High School in Mountain Brook, Alabama.
Because teachers like her make a world
of difference.
Readers Digest, August/1998.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Anexo 2
Trechos dos PCNEM
A opção por um trabalho dentro da área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias procura considerar as intersecções que as linguagens estabe-
lecem por sua natureza de articulação de significados culturais e sociais e
função comunicativa, (p. 191)
A análise de outras linguagens como a televisual, a cinematográfica, a
radiofónica e, a mais nova delas, a informática pode sugerir o encontro,
cada vez mais propício, nos processos comunicativos, dos sistemas de lin-
guagens. (p. 192)
Os usos das linguagens e seus códigos só são possíveis pela prática, mes-
mo que em situações de simulação escolar. O saber exige mais do que
uma atitude de reprodução de valores. É o sentido da eficácia simbólica
mediada pela linguagem, o conhecimento das redes de textos que se cru-
zam em constante transformação, (p. 192)
A proposta por área implica aceitar o caráter transdisciplinar da lingua-
gem e a inter-relação dos sistemas de linguagens, sem perder a
especificidade dos conceitos diretores das disciplinas e suas metodologias
de pesquisa. Procura ainda provocar a integração horizontal e vertical dos
conhecimentos trabalhados pela escola, à semelhança daqueles presentes
no social, (p. 192)
Através da ampliação da competência sociolinguística como da compe-
tência comunicativa, é possível ter acesso, de forma rápida, fácil e eficaz,
a informações bastante diversificadas. [...] (p. 152)
Anexo 3
The Pyramids of Egypt
Giza, Pyramids of,
three 4th-dynasty (c.
2613-c. 2494 BC)
pyramids erected on a
plateau on the west
bank of the Nile near al-Jizah. Egypt; they are
included among the Seven Wonders of the
World. The northernmost and oldest of the
group was built by Khufu (Greek, Cheops), the
second king of the 4th dynasty. Called the
Great Pyramid. it is the largest of the three, the
length of each side at the base averaging 775
3/4 ft and its original height being 481 2/5 ft.
The middle pyramid was built by Khafre (Greek,
Chephren), the fourth of the eight kings of the
4th dynasty; the structure measures 707 V* ft
on each side and was originally 471 ft high.
The southernmost and last pyramid to be built
was that of Menkaure (Greek. Mycerinus), the
sixth king of the 4th dynasty. Each side
measures 356 Vi.
Encyclopaedia Britannica.
Micropaedia IV, p. 561.
"1 .et your hauris build, O
people!"
urges an inscription carved nearly 3500
years ago on the rock-cut tomb of a high
official at Thebes.
Build they did, the ancient Egyptians
- beginning about 3000 b.C. and
continuing with only periodic disruptions
for more than three millennia. So
prodigious were they, and so substantial
their creations, that the valley of the Nile
endures today as an open-air museum
filled with pyramids and tombs. temples
and chapeis, obelisks and colossi.
To put up structures on the scale of the
pyramids, the Egyptians had to mobilize,
feed. and administer a huge labor force.
Recent excavation of the graves of
pyramid workers reveals that some were
missing limbs or had damaged spines -
the human cost of a national compulsion
to glorify gods and deify the souls of kings.
Suplemento da revista National Geographic.
Janeiro de 1995.
Pyramids of Egypt, the oldest of the Seven Wonders of the World and the only one substantially
in existence in modern times. Therc are numerous pyramids located throughout Egypt, but the
best known lie along a 50-mile stretch of the Nile Valley west of the river near ancient Memphis
and date from the Old Kingdom (c. 2686-c. 2160 BC). The threc great
p
yramids of Khufu,
Khafre, and Menkaure at Giza are the most famous (that of Khufu being one of the largest
buildings ever erected, ancient or modern), but othcr important pyramids are also located in this
region, notably at Abu Ruwaysh, Abu Sir, Saqqarah, and Dahshur. Pyramids were also buill at
Lisht, Medum, el-Lahun, Hawara, and Mazghunah. but these are general ly in poorly preserved
condition. The pyramids were funerary edifices for Egyptian rulers, and most scholars agree
that tliey were constructed so as to bring about a closer union between heaven and the deceased
ruler.
Eneyciopaeâta Britannica, Micropaedia VIII, p. 321.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Anexo 4
Notícia 1
Um exemplo de trabalho contextualizado e interdisciplinar está acontecendo
na Escola Estadual Prof. José Fernandes Machado, em Natal (RN). A
professora Vera Lúcia Sanches Cerchi realiza com seus alunos várias
experiências contextualizando o ensino-aprendizagem de Física.
Uma dessas experiências tem como objetivo geral comparar conceitos
teóricos da fisica moderna sobre energia com a energia solar, aproveitando
um protótipo de aquecedor solar instalado na própria escola. São quatro
etapas:
1. Medições de temperatura de 15 em 15 minutos e elaboração de um
gráfico que relaciona tempo e temperatura.
2. Visita a uma empresa de irrigação a fim de comparar o aquecedor
solar profissional com o protótipo da escola.
3. Elaboração de um projeto que mostra como a energia solar pode
modificar a qualidade de vida de uma comunidade de baixa renda,
que não tem os benefícios da energia elétrica. Do projeto, devem
constar dados sobre o crescimento social, económico e acesso aos
meios de comunicação dessa comunidade.
4. Construção de um aparelho de energia solar que atenda às ne-
cessidades de uma hipotética comunidade de 28 famílias, com
cinco membros cada, morando numa propriedade rural de um
hectare para cada família. Nessa comunidade não há escola, trans-
porte, posto de saúde nem orientação para os agricultores, que
vivem da agricultura de subsistência, cri-
ação de pequenos animais e de algumas
cabeças de gado.
A execução do projeto envolve professores
de Língua Portuguesa, Língua Estrangeira
Moderna, Geografia, Informática, Desenho, His-
tória, Economia, Matemática, Química e Artes,
além de profissionais e estudantes das áreas de
Engenharia, Arquitetura, Saúde e Agricultura.
A
professora Vera Cerchi
conduz as experiências
Ministério da Educação. Informativo Novo Ensino Médio.
Brasília, Semtec, mar/abr 2000, ano 1, n. 3.
Anexo 4
Notícia 2
Colégio Bandeirantes - São Paulo - 1
o
ano do Ensino Médio -
Laboratório de Química
No 1
o
ano há dois temas principais de discussão: Saúde Pública (1
o
semes-
tre) e Meio Ambiente (2
o
semestre).
Em Saúde Pública estudam-se, desde os procedimentos apropriados
para a preparação de soluções, certos medicamentos etc, até a ação de
agentes germicidas, como, por exemplo, o cloro e a água oxigenada, bem
como algumas análises químicas que podem ser realizadas em remédios
como controle de qualidade dos mesmos, entre outros assuntos. Durante o
estudo de soluções iónicas e bebidas isotônicas foi realizado o "Projeto Hidrate-
se", juntamente com a área de Educação Física - na qual times de alunos
jogaram handebol, consumindo alternadamente água mineral e uma bebida
isotônica, para posterior comparação entre as duas bebidas.
O tema Meio Ambiente começou com alguns testes químicos realiza-
dos em diferentes amostras de água recolhidas pelos alunos, numa ativida-
de extraclasse, com o posterior estudo de uma forma de tratamento de água.
Em seguida, o estudo transfere-se para os poluentes do ar atmosférico, sen-
do que em cada aula há discussão de alguns tipos de poluente, entre eles os
produtos da combustão do álcool e da gasolina, com testes realizados a par-
tir de um motor a combustão, a chuva ácida formada a partir da reação entre
gases poluentes e a água da chuva, as queimadas, a poluição causada pelo
cigarro (e também os problemas que ele pode causar ao ser humano, fu-
mante ativo ou passivo), a produção de alguns gases e possíveis reações
entre eles no ar atmosférico.
Projeto Hidrate-se
Os alunos do 1
o
ano do Ensino Médio, nas aulas práticas de Laboratório de
Química, discutem, no 1
o
semestre, assuntos relacionados à Saúde Pública.
No 2
o
bimestre, os temas escolhidos
para as aulas foram os produtos de
características ácidas e básicas,
antiácidos como o Leite de Magnésia, o
uso do cloro como germicida, a de-
composição e a ação da solução de
água oxigenada, a obtenção do sal de
cozinha, entre outros.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Anexo 4
Um dos temas, Bebidas Isotônicas, foi estudado com a identificação prática
da presença de íons nessas bebidas, pelo conceito de Condutibilidade Elétrica.
Como complemento às aulas de Laboratório de Química e Educação Física,
foi desenvolvido um projeto de pesquisa sobre a necessidade da ingestão de bebi-
das isotônicas como repositores hídricos em atividades físicas de curta duração.
Os alunos do 1
o
ano foram convidados a participar de dois jogos de handebol,
com a ingestão, alternadamente, de água mineral e um isotônico, sendo 200 ml do
líquido antes e 200 ml depois de cada jogo. Nos dois dias os alunos responderam a
uma pesquisa, com perguntas relacionadas à transpiração durante o jogo,
sensação de boca seca e peso no estômago e satisfação após a ingestão do
líquido. Além disso, indicaram um valor para a Escala de Borg, referente ao esforço
realizado durante a atividade física.
Para a realização dessa pesquisa, a bebida isotônica utilizada foi o Energil C
sabor maracujá.
Site do Colégio Bandeirantes na internet.
Notícia 3
The best writing
Um sonho de liberdade is a
great movie directed by Steven
Spielberg a couple of years ago. It was
a well recognized film and it won three
Oscars: best actor, director and photography. It
is really a great production.
The film is about a man who is in jail but is innocent.
While in jail he fights for his liberty. He wants it back and
deserves it. However, he needs a plan to get out of there. He
must be smart. He must be careful. He must have his freedom back
because his life is outside. You wont get away from the TV. And even at
the end, you will be shocked with this movie and impressed by this wonderful
story, its braveness and dream. Don't miss it!
Nathalia Federman. Pre-lntermediate. in Today by Day ano 2, n. 3.
Informativo do Day by Day - Curso de Inglês, São Paulo.
Anexo 4
Notícia 4
Os alunos do 2
o
ano do Ensino Médio do Colégio São Luís, em São Paulo,
trabalharam nas aulas de Química e Inglês o texto abaixo, publicado na
revista Scientific American, de fevereiro de 1999.
Breath of Fresh Liquid
Saving the sick by flooding their lungs
Scientific American, February/1999, page 23.
If, while wandering the corridors of CS. Mott
Children's Hospital in Ann Arbor, Michigan, you
happened on a white-coated physician injecting
an oversize syringe full of clear fluid into the air
line of a dangerously sick infant, you might
wonder whether it was Jack Kevorkian
expanding his clientele. More likely, it would be
Ronald B. Hirschl, a pediatric surgeon, filling
the child's lungs with liquid in order to save the
baby's life, not end it.
Hirschl and a handful of other specialists
have given this counterintuitive treatment,
called liquid ventilation, to some 270 adults and
children in small-scale experiments over the
past decade. The therapy seems able to rescue one quarter to one half of
the patients who would otherwise die of respiratory failure, without causing any
harmful side effects. But scientists cannot be sure of that until they put the
technique through its first large-scale trial, which Alliance Pharmaceutical in
San Diego launched last November.
Normally, of course, fluid in the lungs is a bad thing. In fact, many of the
insults that frequently cause lungs to give out - shock, pneumonia, burns,
gunshots - harm the organs by drowning them one tiny air sac at a time. "The
clear part of the blood, known as plasma, leaks into the alveolar sacs," explains
Mark Wedel, who leads the liquid-ventilation project at Alliance. "Plasma is
loaded with inflammatory messengers and clotting components. So that portion
of the lung consolidates, leaving no room for air." What is worse, these
"microdrownings" happen where blood flow is heaviest, Wedel says. "So blood
looking to dump its carbon dioxide and pick up oxygen tends to go to the sickest
portion of the lung."
SUBMERGED IN PERFLUBRON
a mouse can hreathe the oxygen
carrying fluid for hours without harm.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 3
Anexo 4
Gases such as oxygen cannot displace the plasma and flush out the
inflammatory agents, but a liquid could if it were dense enough. Enter
perfluorocarbons: colorless, odorless fluids that are biologically inert, that
evaporate in air but do not mix with water, that absorb oxygen and C0
2
but
readily give it up and that are denser than water and most bodily fluids. In a
famous experiment at the University of Alabama in 1966, Leland C. Clark, Jr,
demonstrated that mice submerged in a perfluorocarbon would, after a few
seconds of wide-eyed shock, begin breathing the liquid with no ill effects. Some
doctors have hoped ever since that these Chemicals could provide a gentler
way to help people who cannot breathe for themselves than forcing high-pressure
gas into their lungs. Progress was slow at first, Hirschl recalls, because "the
initial approach was to try total liquid ventilation. There you use a special machine
to oxygenate the liquid, remove C0
2
from it, warm it and infuse it into the lungs.
It works fine," Hirschl says, "but it requires advanced knowledge of flows and
physiology, and it seemed rather radical to many people."
About 10 years ago pulmonologists hit on a simpler approach: fill the lungs
up with the drug to reopen the alveoli and then connect the patient to a
conventional gas respirator. It is that combination approach that doctors at 45
hospitais will test on some 450 gravely ill adults over the next 18 months. Each
participam will be randomly given a fill-up with Alliance's medical-grade
perfluorocarbon, a half-dose of the drug or traditional treatment. Doctors will
continue to trickle perflubron, as the compound is called, down patients' air
tubes for up to five days, after which the fluid will simply evaporate away. If the
trial works as well as a previous (but much smaller and less reliable) test
completed last year, 35 to 40 people will survive who otherwise would not have.
Alliance plans to initiate smaller tests on children and on newborn infants, who
succumb to lung failure much more frequently than adults do, later this year.
Informativo São Luis, ano III, n. 21, abril de 2000.
Anexo 4
Notícia 5
T-Shirts in English
Esse pessoal que você está vendo aí na foto
passou de três a quatro horas aqui no Day
by Day tendo uma aula bem diferente: eles
aprenderam uma técnica de pintura em
tecido para pintar uma camiseta. O mais
interessante de tudo isso é que a ati-vidade
foi desenvolvida todinha em inglês e
ninguém sentiu o tempo passar.
Alunos do Ensino Médio de várias
escolas de São Paulo.
Today by Day, ano 2, n. 3. Informativo do Day by Day - Curso de Inglês. SP.
Anexo 5
Adolescence
Adolescence is the period of life f rom the beginning of puberty to the attainment of
adurthood. Although there are many individual differences, for girls adolescence
begins at about age 12 and ends about age 21; for boys the age range is from
about 13 to about 22. Puberty is that period of life during which the reproductive
organs and secondary sex characteristics mature. In the female, it is usually
considered that puberty begins with the first menstrual period, but this is not a very
dependable criterion. For the male, it is more difficurt to fix a specific time as
indicating the beginning of puberty, but such conditions as the need for occasional
shaving, the deepening of the voice, and the rapid growth of the externai sex
organs may be noted. Adulthood is achieved when the individual is not only
physically mature but has sufficient practical wisdom, emotional stability, and
social adjustment so that he can take his place in adult society.
Arnon Hollaender & Vidal Varella Filho in What about Learning - 7.
São Paulo, Saraiva, 1980, p. 68.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
M
ÓDULO
4
U
M VEÍCULO DE INTERCÂMBIO E PROPAGAÇÃO CULTURAL
A valorização de outras culturas e outros grupos sociais é um importante
aspecto a ser trabalhado no ensino e na aprendizagem de Línguas Estran-
geiras Modernas.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo__________________________________________________________
Refletir sobre a importância de dar destaque a temas culturais de âmbito universal e
que, ao mesmo tempo, estejam próximos do cotidiano dos alunos.
Planejar atividades que permitam tornar claro para os alunos o caráter dinâmico do
evoluir linguístico.
Criar condições de aproximação dos alunos com outras culturas e outros grupos
sociais.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
selecionar aspectos diversificados da cultura como tema para as aulas de Língua
Estrangeira Moderna;
estimular a pesquisa e a articulação de informações variadas, aproximando os alu-
nos de outros universos socioculturais;
estimular o aprendizado e o uso de novas tecnologias e linguagens para obter aces-
so aos múltiplos aspectos da cultura;
perceber a língua como veículo de comunicação, informação e expressão no âmbi-
to cultural;
perceber que o ensino e a aprendizagem de Língua Estrangeira Moderna contribu-
em para o acesso à informação e à comunicação internacionais;
compreender em que medida os enunciados refletem a forma de ser, pensar, agir e
sentir de quem os produz, reconhecendo a língua como meio de transmissão da
cultura, das tradições e dos conhecimentos de um povo.
Conceitos ____________________________________________________________________
Cultura e sociolinguística.
Preservação cultural e dinamismo.
Língua e cultura.
Língua Estrangeira Moderna como catalisadora e propagadora de múltiplos fazeres
culturais.
Materiais necessários __________________________________________________________
Dicionário Inglês-Português (um para cada grupo).
Vídeo Fast food, da série "Como Fazer?", da TV Escola.
Televisor e videocassete.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 4 de Língua Estrangeira Moderna.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Exiba o vídeo Fast food, incluindo a fala da professora Maria Teresa Rocco.
Oriente os grupos para que selecionem os aspectos culturais mais importantes
mostrados no vídeo; peça para um professor de cada grupo registrar esses aspectos.
Em seguida, peça para cada grupo:
a. relacionar o tipo de narrativa usado no vídeo com o termo 'fast food', explicitando
essa relação;
b. identificar os índices não-verbais que remetem para a cultura particular de que
trata o vídeo;
c. relacionar comida e cultura, a partir da fala em que o narrador argumenta que fast
food é mais que comida, é um conceito; essa afirmação é também comentada pela
professora Maria Teresa Rocco.
Promova uma discussão coletiva para que cada grupo exponha e compare suas
conclusões.
Conceito: aspectos culturais como determinantes de conceitos
sociolinguísticos (fast food como conceito).
Competências: perceber as várias linguagens - e seus cruzamentos -como
veículos de cultura; perceber que o ensino e a aprendizagem de Língua
Estrangeira Moderna possibilitam o acesso a diferentes culturas e visões de
mundo.
Atividade 2
Distribua os Anexos 1 e 2 (páginas 169-170) para os grupos e instrua os profes
sores para que observem as fotos e leiam o trecho dos PCNEM. Copie na lousa:
No mundo globalizado em que vivemos, o modo de vida americano, por exem-
plo, tem influenciado nosso modo de vida e nossos costumes, com desdobra-
mentos do ponto de vista linguístico, comportamental e sociocultural.
Diga para os grupos observarem as fotos do Anexo 1 levando em conta o texto
do Anexo 2 para que possam:
a. ilustrar com exemplos do cotidiano as influências mencionadas no texto escrito na
lousa;
b. discutir os reflexos dessas influências na linguagem e no comportamento de nossos
alunos.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Converse com a turma, levando os grupos a partilhar e comentar suas respostas.
Baseando-se nos quadrinhos do Anexo 3 (página 170) e nos textos dos Anexos 4 e 5
(página 171), os grupos devem:
a. citar aspectos ou costumes da cultura brasileira que poderiam ser considerados
estranhos ou 'bárbaros' aos olhos de outras culturas;
b. citar aspectos ou costumes de outras culturas que nos causam estranheza e que
caracterizaríamos como 'bárbaros';
c. formular duas atividades demonstrando que o ensino-aprendizagem de Língua Es
trangeira Moderna pode levar os alunos a refletir sobre sua própria cultura e a de
outros povos e grupos sociais.
Organize uma discussão coletiva, levando todos os grupos a relatar suas conclu
sões e comparar com as dos demais.
Conceito: aspectos culturais e sua influência sociolinguística.
Competências: compreender em que medida os enunciados refletem a forma
de ser, pensar, agir e sentir de quem os produz; perceber a língua como
veículo de comunicação, informação e expressão, no âmbito cultural.
Atividade 3
Distribua para os grupos os Anexos 6 e 7 (páginas 172-173). O Anexo 6 transcreve
uma questão de Português da prova da Fuvest/2000.
Após a leitura, passe como tarefa aos professores:
a. discutir a validade do uso de estrangeirismos e empréstimos linguísticos;
b. explicitar modos pelos quais a questão dos empréstimos linguísticos pode ser trata
da nas aulas de Língua Estrangeira Moderna, sem implicar aculturação ou perda da
identidade cultural.
Oriente os grupos para exporem suas respostas e comentarem as dos demais.
Entregue para leitura os Anexos 8 e 9 (páginas 173-174) e proponha que os grupos
discutam os tópicos abaixo.
a. Aspectos positivos e negativos dos empréstimos linguísticos, especialmente em rela
ção ao repertório vocabular resultante de avanços tecnológicos - como no texto do
Anexo 8.
b. Possibilidade de levar os alunos a refletir sobre os usos dos diferentes registros e
variantes da língua, constatando a importância da aquisição de competências lin
guísticas abrangentes, que envolvam o uso de norma culta, gíria ou neologismos.
Proponha aos grupos que discutam suas conclusões.
Conceito: dinamismo da língua.
Competências: compreender de que forma determinada expressão pode ser
interpretada em razão de aspectos sociais e/ou culturais; ser capaz de
escolher o registro adequado à situação na qual se processa a comunicação.
Atividade 4
Distribua para leitura os Anexos 10 e 11 (páginas 174-175). Dê um tempo para
os professores lerem os textos e, a partir das leituras:
a. citar maneiras pelas quais "a linguagem também mantém estreita relação com a
cultura" (conforme está dito no texto do Anexo 11), mediante as aulas de Língua
Estrangeira Moderna;
b. explicitar atividades ou maneiras práticas de promover a aproximação de nossos
alunos com diferentes culturas, em situações de aprendizagem.
Entregue os Anexos 12, 13 e 14 (páginas 175-177) para os professores lerem e
procurarem:
a. identificar as modificações linguísticas observáveis nos textos dos Anexos 12 e 13 e
as comentadas no texto do Anexo 14;
b. explicitar possíveis razões para o surgimento dessas modificações, considerando o
dinamismo da língua e os contextos de uso.
Peça para os grupos comentarem as respostas coletivamente.
Proponha aos professores que, em seus grupos, leiam e comentem o Anexo 15
(páginas 178-179), associando esse texto a trechos do Anexo 14 e também a um ou
mais dos fragmentos dos PCNEM transcritos no Anexo 10.
Promova a socialização das conclusões tiradas pelos grupos.
Copie na lousa este trecho dos PCNEM:
A aprendizagem da Língua Estrangeira Moderna qualifica a compreensão das
possibilidades de visão de mundo e de diferentes culturas, além de permitir o
acesso à informação e à comunicação internacional, necessárias para o desen-
volvimento pleno do aluno na sociedade atual. (pp. 131-2)
Proponha então que, baseados no texto da lousa e na leitura dos Anexos 16 e
17 (páginas 180-181), os grupos:
a. explicitem maneiras de utilizar a Língua Estrangeira Moderna para a compreensão
de diferentes culturas e visões de mundo;
b. identifiquem trechos dos Anexos 16 e 17 que revelam preocupação com a preser
vação cultural.
Assim como falamos de empréstimos linguisticos, podemos
também falar de empréstimos culturais, dentro do processo de
propagação e intercâmbio cultural.
Ainda em relação aos textos do Anexo 16, proponha aos professores:
a. identificar empréstimos culturais nos contextos citados;
b. citar outros exemplos de adaptações ou empréstimos culturais de outros povos
incorporados à cultura brasileira, após adaptação a nossa realidade.
Leve os grupos a partilhar as respostas entre si.
Copie na lousa os seguintes trechos dos PCNEM:
[...] as Línguas Estrangeiras na escola regular passaram a pautar-se, quase sem-
pre, apenas pelo estudo de formas gramaticais, memorização de regras e priori-
dade da língua escrita e, em geral, tudo isso de forma descontextualizada e
desvinculada da realidade, (p. 148)
[...] assumem a sua função intrínseca que, durante muito tempo, esteve camufla-
da: a de serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens, (p. 148)
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Solicite aos professores que, a partir desses fragmentos:
a. explicitem maneiras pelas quais a abordagem de aspectos culturais nas aulas de
Língua Estrangeira Moderna pode contribuir para a contextualização da aprendiza
gem e o estabelecimento de vínculos de nossos alunos com outras realidades;
b. identifiquem atividades práticas em Língua Estrangeira Moderna que permitam a
nossos alunos o acesso a diferentes visões de mundo e a valorização de aspectos
culturais significativos.
Dê um tempo para os grupos apresentarem e comentarem suas respostas.
Conceitos: dinamismo cultural; cultura como valor a ser aprendido e
preservado.
Competência: conhecer e usar a Língua Estrangeira Moderna como
instrumento de acesso a informações, a outras culturas e outros grupos
sociais.
É pelo uso da língua que estabelecemos nossas visões de mundo. É também por ela que
podemos ter acesso a outros universos culturais, com suas múltiplas formas de ver o mundo e
externá-las. Nesse sentido, por meio do ensino e da aprendizagem de idiomas modernos,
poderemos caminhar para além da hegemonia cultural e linguística, no rumo do respeito à
diversidade, tanto no aspecto sociocultural, como também no âmbito intelectual e afetivo.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Fotos publicadas na revista Veja.
Editora Abril, 26/4/2000.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 2
Conceber-se a aprendizagem de Línguas Estrangeiras de uma forma arti-
culada, em termos dos diferentes componentes da competência linguísti-
ca, implica, necessariamente, outorgar importância a questões culturais.
A aprendizagem passa a ser vista, então, como fonte de ampliação dos
horizontes culturais. Ao conhecer outra(s) cultura(s), outra(s) forma(s) de
encarar a realidade, os alunos passam a refletir, também, muito mais so-
bre a sua própria cultura e ampliar a sua capacidade de analisar o seu
entorno social com maior profundidade, tendo melhores condições de
estabelecer vínculos, semelhanças e contrastes entre a sua forma de ser,
agir, pensar e sentir e a de outros povos, enriquecendo a sua formação.
(PCNEM, p. 152)
Anexo 3
Amadeu Marques, in Password. São Paulo, Ática, 1999, p. 199.
Anexo 4
Minha mãe achava que o Brasil era um país de bárbaros. "Não vou de jeito
nenhum! Deus me livre, com quem vou casar minhas filhas?"
Adrienne Fischman, filha de imigrantes húngaros.
Ao chegar à estação do Brás, foi um choque. Fomos ao porta-bagagens que
parecia caótico. Quando vi tudo aquilo, pensei: "Volto a nado, se for preciso."
Edith Gillon, imigrante romena.
Nosso plano era ficar uns cinco anos só! Porque ninguém sai assim, da sua terra,
da sua família, da sua língua, para nunca mais voltar.
Maria Rifiotis, imigrante grega.
Marina Heck & Rosa Belluzo, Cozinha dos Imigrantes - Memórias & Receitas.
São Paulo, DBA / Melhoramentos, 1998, pp. 203, 213 e 289.
Anexo 5
a. On the evening of February 3™. people in
Japanese íamihes take one dried bean for
each year of lheir age and throw the beans
on lhe floor, shouling "Good luck in! EvB
spirits out!" This is known as "Setsubun," a
time to celebrate the end of winter and the
beginning of spring.
b. Before the Chinese New Year, many
Chinese families bum the picture of their
kitchen god, Tsao Chen, to bring good luck.
When New Year's Day comes, they put a
new picture of Tsao Chen on the wall.
c. When American women get married, they
sometimes follow an old custom in choosing
what lo wear on lheir wedding day. The
custom says the bride must wear
"something old, something new, something
borrowed. and something blue." This is to
bnng good luck.
d Before Leni (a time on the Christian
calendar), the people of Ponti, llaly, eat
an omelet made with 1,000 eggs
People cannot eal meai or dairy
products during Lent, so they try to use
up these things before Lent begins.
e. When winter ends in Czechoslovakia,
children make a straw man called
"Smrt". which is a figure of death. Then
they bum it or throw it in the river After
they destroy it, they carry flowers nome
lo show lhe arrival of spring.
f. January 17th is Si. Anthony's Day in
México. It's a day when people bring
their animais lo church Bui before the
animais go into the church, lhe people
dress them up in flowers and ribbons.
This ceremony is to prateei people's
animais
Jack C. Richards, J. Hull & S.
Proctor, in Interchange 2 ~
Students Book. Cambridge
University Press, 1991, p. 53.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 6
Recentemente, o Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B - SP), visando
proteger a identidade cultural da língua portuguesa, apresentou um pro-jeto de lei
que prevê sanções contra o emprego abusivo de estrangeirismos. Mais que isso,
declarou o deputado, interessa-lhe incentivar a criação de um "Movimento
Nacional de Defesa da Língua Portuguesa".
Leia alguns dos argumentos que ele apresenta para justificar o projeto,
bem como os textos subsequentes, relacionados ao mesmo tema.
A história nos ensina que uma das formas de dominação de um povo
sobre outro se dá pela imposição da língua. [...]
[...] estamos a assistir a uma verdadeira descaracterização da Língua Por-
tuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária de estrangeirismos -
como holding, recall, franchise, coffee-break, self-service -[...]. E isso vem
ocorrendo com voracidade e rapidez tão espantosas que não é exagero
supor que estamos na iminência de comprometer, quem sabe até truncar,
a comunicação oral e escrita com o nosso homem simples do campo, não
afeito às palavras e expressões importadas, em geral do inglês norte-ame-
ricano, que dominam o nosso cotidiano [...]
Como explicar esse fenómeno indesejável, ameaçador de um dos elementos
mais vitais do nosso património cultural - a língua materna - que vem ocor-
rendo com intensidade crescente ao longo dos últimos 10 a 20 anos? [...]
Parece-me que é chegado o momento de romper com tamanha compla-
cência cultural, e, assim, conscientizar a nação de que é preciso agir em
prol da língua pátria, mas sem xenofobismo ou intolerância de nenhuma
espécie. [...]
Deputado Federal Aldo Rebelo, 1999.
Na realidade, o problema do empréstimo linguístico não se resolve com
atitudes reacionárias, como estabelecer barreiras ou cordões de isolamen-
to à entrada de palavras e expressões de outros idiomas. Resolve-se com o
dinamismo cultural, com o génio inventivo do povo. Povo que não forja
cultura dispensa-se de criar palavras com energia irradiadora e tem de
conformar-se, queiram ou não queiram os seus gramáticos, à condição de
mero usuário de criações alheias.
Celso Cunha, 1968.
Um país como a Alemanha, menos vulnerável à influência da colonização
da língua inglesa, discute hoje uma reforma ortográfica para 'germanizar'
expressões estrangeiras, o que já é regra na França. Não é preciso, porém,
agir como Policarpo Quaresma, personagem de Lima Barreto, que queria
transformar o tupi em língua oficial do Brasil para recuperar o instinto de
nacionalidade.
No Brasil de hoje já seria um avanço se as pessoas passassem a usar, entre
outros exemplos, a palavra 'entrega' em vez de delivery.
Folha de S. Paulo, 20/10/1998.
Anexo 8
Would You Like Nachos or the Internet?
By Todd Copilevitz
Rick and Teresa Bent have a curious view of how best to negotiate the Net.
"There's nothing like a plate of nachos to make learning Netscape nice and
easy," Ms. Hunt explains. If nachos aren't your speed, they can also suggest
potato skins, a burger or any of the other several dozen items on the menu
at Rick's American Cyber Grill in Denton, Texas http://www.cybergrill.com
Rick's has become a local gathering place, where the regulars surf the Net,
research their competition, market their businesses and help others do the
same. On any given day, you'll see a mixture of college students, sénior
citizens and often families whose children find the computers as attractive
as the games at Chuck E. Cheese's. Only here, the parents find themselves
just as intrigued. On the East and West coasts, cyber coffeehouses and cas
may be ali the rage. Typically they are places where the digitally cool stop
by for an espresso, check their e-mail and show off their hotlist.
M.E. Sokolik, Rethinking America. Heinle & Heinle. 1999, vol. 2, p. 191.
Glossário
nachos A snack made of tortilla chips, cheese, and other ingredients.
Netscape A brand of computer software that permits a user to look at
web pages.
Chuck E. Cheese's A popular pizza chain of restaurants, which focuses
on serving children; children go there to play games as well as eat pizza.
digitally Related to computers.
hotlist A list of favorite World Wide Web sites; the hotlist is also a web
site that contains links to those web pages.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 9
Trecho dos PCNEM
A tecnologia moderna propicia entrar em contato com os mais variados
pontos do mundo, assim como conhecer os fatos praticamente no mes-
mo instante em que eles se produzem. A televisão a cabo e a Internet são
alguns exemplos de como os avanços tecnológicos nos aproximam e nos
integram do/no mundo.
Mas nem sempre os indivíduos usufruem desses recursos. Isso se
deve, muitas vezes, apenas a deficiências comunicativas: sem conhecer
uma língua estrangeira torna-se extremamente difícil utilizar os modernos
equipamentos de modo eficiente e produtivo.
Daí a importância da aprendizagem de idiomas estrangeiros. Para
estar em consonância com os avanços da ciência e com a informação, é
preciso possuir os meios de aproximação adequados e a competência co-
municativa é imprescindível para tanto. (p. 152)
Anexo 10
Trechos dos PCNEM
Ao figurarem inseridas numa grande área - Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias -, as Línguas Estrangeiras Modernas assumem a sua
função intrínseca que, durante muito tempo, esteve camuflada: a de
serem veículos fundamentais na comunicação entre os homens. Pelo
seu caráter de sistema simbólico, como qualquer linguagem, elas fun-
cionam como meios para se ter acesso ao conhecimento e, portanto,
às diferentes formas de pensar, de criar, de sentir, de agir e de conce-
ber a realidade, o que propicia ao indivíduo uma formação mais
abrangente e, ao mesmo tempo, mais sólida, (p. 148)
Não nos comunicamos apenas pelas palavras; os gestos dizem muito
sobre a forma de pensar das pessoas, assim como as tradições e a
cultura de um povo esclarecem muitos aspectos da sua forma de ver o
mundo e de aproximar-se dele. Assim, as similitudes e diferenças en-
tre as várias culturas, a constatação de que os fatos sempre ocorrem
dentro de um contexto determinado, a aproximação das situações de
aprendizagem à realidade pessoal e cotidiana dos estudantes, entre
outros fatores, permitem estabelecer, de maneira clara, vários tipos
de relações entre as Línguas Estrangeiras e as demais disciplinas que
integram a área. (p. 148)
Anexo 11
[...] A cultura é [...] o processo pelo qual o homem acumula as experiências que
vai sendo capaz de realizar, discerne entre elas, fixa as de efeito favorável e,
como resultado da ação exercida, converte em ideias as imagens e lembranças, a
princípio coladas às realidades sensíveis, e depois generalizadas, desse contato
inventivo com o mundo natural.
Vieira Pinto, Ciência e Existência, p. 123, apud
Maria Lúcia A. Aranha & Maria Helena P. Martins,
Filosofando - Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1991, p. 5.
[...] Além do pensamento, a linguagem também mantém estreita relação com a
cultura. Se, por um lado, as várias linguagens fixam e passam adiante os produtos
do pensamento do homem sob a forma de ciência, técnicas e artes, elas também
sofrem a influência das modificações culturais. Nas línguas há modificações de
repertório e semânticas a partir das novas descobertas e do desenvolvimento da
técnica. Nas artes, as reestruturações da linguagem respondem a mudanças de
valores, de anseios e de buscas no seio da cultura de cada sociedade.
Maria Lúcia A. Aranha & Maria Helena P. Martins,
Filosofando - Introdução à Filosofia. São Paulo, Moderna, 1991, p. 16.
Anexo 12
Cyber View - Mobilizing the Internet
A November 1999 research report from Cyber Dialogue, an Internet database
marketing firm, warned e-commerce companies that they were going to have to
work harder in the future: the stampede onto the Internet has slowed in the United
States. The survey cites three constraints to growth. First, it takes money to get
connected, and many of those off-line simply can't afford Internet access. Second,
a third of American adults believe that they have no need for the Internet and have
no intention of getting on-line. Third, 27.7 million Americans have tried the Internet
- and dropped it; the number is triple that measured in 1997. Only about a third of
those individuais expect to go back on-line anytime soon. In other countries the
boom continues. Expectations are that usage in China and Latin America is set to
explode over the next few years.
Scientific American. March/2000, p. 21.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 13
Londrinas?!
Os segredos do exótico idioma falado
nas ruas da capital inglesa
Ricardo Marques da Silva e Tina Leme
Você está em Londres e ouve um carinha comentar com outro, apontando
para o seu lado: "Oh, boy, she is so sad!" Não pense que você parece
triste. Nem fique crusty ou dead rar. O melhor é procurar uma butique
maneira e atualizar o guarda-roupa. E, a partir daí, começar a ouvir frases
mais agradáveis, como "She is kosher", ou, melhor ainda, "She is cris", ou
"She is so det", o que significa que você pode estar realmente pukka.
Em todo caso, antes de arrumar as malas vale a pena conhecer a
gíria das ruas e dos pubs londrinos, para não se confundir. Como em
qualquer outro lugar, a linguagem em Londres nem sempre é literal - e nem
sempre um bom dicionário é o suficiente. O importante é "don't give it the
large".
Sad, no caso, em vez de triste quer dizer ultrapassado, out of fashion.
E tem sentido: para os jovens londrinos, em geral, uma pessoa fora de
moda é alguém que não curte a vida - portanto, sad. Crusty é usado no
sentido de estar chateado, "de saco cheio", e rar é quando alguém está
bravo de verdade. Dead apenas enfatiza o pensamento: "My Dad is dead
rar because I got home too late last night", ou seja, o pai da garota está
uma fera porque a festa de ontem extrapolou.
Em compensação, sorria quando alguém disser que você está
kosher. Essa palavra, que em iídiche designa a comida preparada segundo
os preceitos judaicos, foi apropriada pelos jovens ingleses para identificar
algo ou alguém very good, ou muito legal. E sorria ainda mais se lhe
chamarem de cris ou det: ambos os termos foram inspirados pela
comunidade afro-caribenha e podem ser o anúncio de uma bela cantada,
significando que você é gatíssima, ou gatíssimo, e está abafando. Pukka,
então, de origem indiana (pro-nuncia-se "paca"), é o máximo: indica algo
maduro, pronto para comer. "To give it the large" é algo como exagerar, dar
bandeira. Por exemplo, quando um carinha está dançando piradão demais,
fala-se: "He's giving it the large".
Cultura Inglesa Magazine n. 27, ano VIII, março de 1997, pp. 15-16.
Anexo 14
Ebonics: A Language Debate
In December of 1996, the Oakland, Califórnia Board of Education received
nationwide attention after declaring, in essence, that African-American English, or
"Ebonics", is not a dialect of American English, but a separate language which has
developed from the distinct African-American culture in the United States.
Although the Board of Education later retreated from this statement, at the time
this classification of Ebonics as a separate language led to the development of an
Ebonics policy in the public school system.
Basically, this policy suggests that, rather than banishing African-American
English from the classroom, it should actually be used as a tool with which to teach
standard English.
The Board of Education said, "Too many African-American children are
entering school year after year speaking differently, and it is obstructing their
ability to learn. Let's recognize that this is happening."What the board was
saying was that students who speak African-American English should not be
criticized or harshly corrected, but given special assistance in learning standard
English in much the same way as a student who moved from México and spoke
only Spanish would receive training in English as a second language. [...]
The Ebonics controversy has divided African-American leaders. Some feel
that recognizing that some African-American students who enter school do not
speak standard English, is the first step toward helping these students achieve
success in school. But other African-Americans, including the Reverend Jesse L.
Jackson, said that movement toward Ebonics would limit African-American
students' ability to compete for jobs against graduates who speak standard
English. On NBCs "Meet the Press," Jackson said, "I understand the attempt to
reach out to these children, but this is an unacceptable surrender borderlining on
disgrace. It's teaching down to our children and it must never happen."
M.E. Sokolik, Rethinking America, vol. 2,
Heinle & Heinle, 1999, pp. 128-129.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 15
Cozinha dos imigrantes - memórias & receitas
Dentre as diferentes formas de memória coletiva, uma das mais persistentes é a
memória culinária, com sua variedade de sabores, aromas e cores que resistem
ao impacto do tempo e até mesmo ao desenraizamento cultural e geográfico. Por
isso, a lembrança dos pratos feitos pelos antepassados ocupa um lugar tão
importante nos relatos dos imigrantes, obrigados a se adaptarem a novas relações
sociais, novos costumes e, sobretudo, novos hábitos alimentares, quando trocam
de país.
O sabor de certos alimentos e a singularidade de certos temperos são um
testemunho do passado. Eles reafirmam, pela materialidade dos sentidos, que
esse passado a cada dia mais distante não se perdeu, que ele sobrevive na
maneira especial de assar o pão, no formato gracioso de biscoitos que marcam as
lembranças da infância, ou no odor forte de ingredientes que, não sendo
encontrados no novo país, são preparados em casa, impregnando os quartos e
corredores da memória. [...]
[...] Por essa razão, Cozinha dos Imigrantes é ao mesmo tempo um livro de
culinária e um livro de interesse sociológico e antropológico. Um livro de sabor e
um livro de saber. Afinal, o alimento sempre poderá ser visto como um código
simbólico que organiza a produção económica e as relações sociais dos mais
diversos grupos. O valor económico de um alimento é dependente de seu valor
social, pois a prática alimentar revela a classe de quem a consome e mapeia o
imaginário e a história de sua comunidade. É assim, por exemplo, que em
determinadas sociedades a carne de coelho é índice de escassez, enquanto em
outras é signo de sofisticação, ocupando lugar nobre nos cardápios da alta
cozinha.
As distinções sociológicas feitas a partir da cultura gastronómica têm se
tornado fundamentais nas ciências sociais contemporâneas. Elas servem para
demarcar esferas de civilidade e de segregação social expressas por meio da
etiqueta à mesa, dos padrões de bom gosto e da qualidade dos ingredientes. E o
que é válido no interior de uma sociedade mais fechada será válido também para
o imigrante, que estabelece a ponte entre diferentes culturas. Pois se o imigrante
carrega para seu novo destino os hábitos de sua terra nativa, logo ele é obrigado
a se adaptar a novas formas de sociabilidade e trabalho, permanecendo a
culinária como marca de resistência à aculturação absoluta.
Inferiorizado, o imigrante tem na comida uma despensa simbólica que
garante a autonomia de sua subjetividade. Tão logo ele consegue
Anexo 15
romper as barreiras da segregação material, porém, seus costumes mudam de
estatuto para a sociedade que o acolhe: a polenta, por exemplo, prato que
simboliza a privação dos períodos de guerra, passa a ser servida como iguaria por
uma comunidade de italianos que agora integram a elite industrial paulistana.
Mais do que isso, porém, a culinária representa um amplo arsenal de
identidades que, por não se diluírem no contato com o outro, mantêm a tensão da
alteridade, do convívio multicultural que resiste aos efeitos pasteurizadores da
globalização. [...]
[...] E a melhor forma de dar voz a essa diversidade de experiências é
certamente o relato oral do imigrante que vive a angústia do desterro -voluntário
ou imposto -, que se vê obrigado a assimilar hábitos estranhos, que deve
aprender uma nova língua para sobreviver e que, para completar, desembarca
num lugar em que se come arroz com feijão e banana.
Mas o fato é que praticamente todos esses imigrantes acabaram por
partilhar os mesmos gostos que os "brasileiros" - ou melhor, torna-ram-se
brasileiros acrescentando sabores a uma tradição que já em sua origem colonial
era miscigenada, fruto do encontro de paladares portugueses, indígenas e negros.
Como resultado, temos em Cozinha dos Imigrantes uma espécie de
"multiculturalismo culinário" que caracteriza a mesa brasileira.
Marina Heck & Rosa Belluzzo, Cozinha dos imigrantes - memórias & receitas.
São Paulo, DBA/Melhoramentos, 1998, pp. 13-14 e 17.
LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA - Módulo 4
Anexo 16
Cada povo tem o seu...
Na Sibéria, segundo a lenda, as mulheres tártaras faziam uma grande
quantidade de pequeninos pastéis recheados, que depois enterravam na
neve. Assim que ouviam o trotar dos cavalos, trazendo os maridos de
volta, bastava abrir a janela da cozinha, encher as mãos de pelhmenys e
cozinhá-los em água fervente. Por sorte, quando os cossacos
saquearam os tártaros, tiveram o bom senso de salvar a receita. Em
toda a Ásia, grande parte da Europa e Oriente Médio, são encontrados
pasteizinhos muito semelhantes, sempre feitos com massa não-
fermentada, mas ligeiramente diferenciados quanto ao recheio e
formato. Na Ucrânia, eles se chamam varenickes] na China, giotze; na
Arménia, boraks; entre os judeus asquenazim, kreplach. O equivalente
ocidental, como se deduz facilmente, é o popular capelleti italiano em
suas distintas opções regionais.
Minha mãe continuou fazendo repolho azedo e outras conservas, em um
barrilzinho. Depois foi adaptando: fermentava a couve e fazia conserva
de machucho.
Fanny Fayntych, filha de imigrantes poloneses.
Minha mãe aprendeu a cozinhar com a tia húngara, adaptando os
pratos às difíceis condições financeiras de sua vida de imigrante.
Lenina Pomeranz, neta de imigrantes poloneses.
Marina Heck & Rosa Belluzzo, op. c/f., pp. 255, 263 e 309.
Anexo 17
Persian Rugs
There is an old saying in Iran, "Where my carpet is, is my home." Rugs have
always played a very important role in Iranian life. Besides covering the floors of
the home in a kaleidoscope of patterns, the rugs decorate the mosques and
provide color for festivais, much as flags or streamers do. Prayer rugs protect the
Moslem worshiper from dirt, while woven rugs dose off the entrance to the
nomads' tents, providing a shield from the wind and a bright contrast to the
drabness of the stark desert. Silk rugs make elegant walls and table coverings and
Persian carpets were once even used to pay taxes!
Although a majority of the rugs are woven in factories throughout Iran, more
than a third are made by nomadic families, each known for their original designs.
These include members of the Bakhtiari, Turkoman, and Qashqai tribes. Each
district gives its name to a particular style for which it has become famous. The
rugs, both old and new, are highly prized throughout the world, with prices varying
according to the size and quality. Collectors will pay well over seven thousand
dollars for a Kashan, and forty-five thousand for a Tabriz! Each year seventeen
million dollars' worth of carpets is shipped to the United States alone.
Storytelling
Storytelling is an old tradition in Nigéria. Families often gather in their compounds
in the evenings listening for hours to folktales that have been passed down from
father to son for generations. The qualities of humor, fantasy and exaggeration
give these stories universal appeal. Some are about superstition and magic or
howthe world carne to be; others have frightening or violent themes; some
describe heroes and tricksters; and many are fables with animais as the leading
characters, a favorite among them being the tortoise known for his wisdom.
Ann Cole, Carolyn Haas, Elizabeth Heller & Betty Weinberger,
in Children Are Children Are Children.
Boston/Toronto, Little, Brown and Company, 1978, pp. 84 e 166.
EDUCAÇÃO FÍSICA
S
URAYA
C
RISTINA
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(
COORDENADORA
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DUARDO
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ENRIQUE
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ENAIDE
G
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1
C
ULTURA CORPORAL E A FORMAÇÃO DO CIDADÃO AUTÓNOMO
2 E
DUCAÇÃO
F
ÍSICA E SEU CONTEXTO ATUAL
3 S
AÚDE
,
CORPOREIDADE E LAZER
4 E
DUCAÇÃO
F
ÍSICA
:
INCLUSÃO E FORMAÇÃO PLENA
EDUCAÇÃO FÍSICA
M
ÓDULO
1
C
ULTURA CORPORAL E A
FORMAÇÃO
00
CIDADÃO AUTÓNOMO
A Educação Física no Ensino Médio deve contribuir para a autonomia dos alunos,
envolvendo-os no usufruto, na partilha, na produção, na reprodução e na trans-
formação das formas culturais da atividade física.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo ___________________________________________________
Identificar formas de demonstrar aos alunos a importância e a necessidade do
conhecimento da cultura corporal.
Reavaliar o ensino da Educação Física na perspectiva de proporcionar autono-
mia aos alunos.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
compreender o conceito de Educação Física de modo a integrar os alunos na cultu-
ra corporal;
analisar e discutir o conceito de cultura corporal;
relacionar o conceito de autonomia com o de cultura corporal.
Conceitos ______________________________________________________________
Cultura corporal.
Autonomia.
Materiais necessários ____________________________________________________
Bolas, cordas, arcos e cones.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 1 de Educação Física.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ____________________________________________________
Atividade 1
Leve os professores a refletir a respeito de sua realidade profissional. Em grupos
de três, os professores discutem se a Educação Física no Ensino Médio tem cola
borado para que os alunos tenham condições de:
elaborar seu próprio programa de atividades aeróbicas;
posicionar-se criticamente em relação aos padrões de beleza im
postos pela mídia;
participar de um jogo de voleibol no seu tempo de lazer;
criticar a violência que ocorre no esporte, entre os atletas e a torcida;
relacionar as diferentes práticas de atividades físicas com os aspectos
nutricionais e os gastos energéticos.
Oriente o debate, pedindo para os professores avaliarem a importância, a pos
sibilidade e a viabilidade de os alunos alcançarem tais capacidades a partir das
aulas de Educação Física.
Para marcar posição a favor do desenvolvimento da autonomia dos
alunos em relação à cultura corporal, trace um paralelo com o ensino de
Matemática.
Em Matemática, espera-se que, ao completar o Ensino Médio, o
indivíduo tenha condições de calcular troco, reconhecer índices de
inflação, calcular aumentos salariais, interpretar gráficos etc.
Em Educação Física, espera-se que ele seja autónomo em relação à
cultura corporal, tendo condições de manter um programa de
atividade física regular, apreciar um jogo, posicionar-se criticamente
em relação ao uso de anabolizantes e à prática da violência, além de
outros valores.
Proponha a cada grupo que apresente suas posições, comentando as dos de
mais. Se achar que é o caso, diga para registrarem suas conclusões.
Conceito: autonomia.
Competência: refletir sobre as informações específicas da cultura corporal,
sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando
uma postura autónoma ao selecionar atividades e procedimentos para a
manutenção ou a aquisição da saúde.
Atividade 2
Distribua o Anexo 1 (página 188) para leitura individual.
Organize a turma em cinco grupos, incumbindo cada um de elaborar uma atividade -
um jogo, uma seção de ginástica, capoeira, voleibol, futebol ou outras -, inspirada no
trecho lido.
Peça para os professores indicarem antes, durante e/ou no final de cada atividade:
• objetivos envolvidos;
possíveis benefícios e cuidados a serem tomados na realização da atividade;
habilidades motoras, afetivas e cognitivas necessárias.
Promova uma discussão coletiva em torno das atividades sugeridas e de suas
justificativas, levando os professores a comentar se em suas aulas costumam
informar aos alunos os motivos de propor cada atividade e os benefícios que ela pode
trazer.
Sugira que os professores, em grupos de até cinco, discutam a contribuição de suas
aulas para a construção da autonomia dos alunos. Diga para fazerem uma
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 1
lista das atividades e das estratégias utilizadas para transmitir aos alunos conhe-
cimentos relacionados à cultura corporal.
Oriente uma discussão coletiva, fazendo na lousa uma síntese das respostas dos
grupos.
Leve os professores a debater a ideia de que a autonomia em relação à cultura
corporal envolve:
a. a descoberta dos motivos para praticar uma atividade física;
b. o desenvolvimento de atitudes positivas em relação à atividade física;
c. o conhecimento, a compreensão e a análise das informações relacionadas às con
quistas materiais da cultura corporal;
d. a orientação da vontade e da emoção para a prática e a apreciação do corpo em
movimento.
Avançando a discussão, sugira que se comente esta passagem dos PCNEM:
Raras vezes as escolas se preocupam em desenvolver ações educativas para
levar os jovens a adquirir hábitos de vida que favoreçam a prática de ativida-
des físicas de forma continuada. [...] Esclarecendo: a compreensão do funci-
onamento do organismo, no que concerne ao consumo de energia ou ao
acúmulo em forma de gordura, poderá diminuir a prática, tradicional entre
os jovens, de períodos de jejum prolongados, utilização de inibidores de ape-
tite, práticas desportivas utilizando excesso de agasalhos, a fim de alcançar
uma silhueta culturalmente aceita como bela. (p. 165)
Conceito: cultura corporal e autonomia.
Competência: demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais, bem
como a capacidade de discutir e modificar regras, reunindo L elementos de várias
manifestações de movimento e utilizando melhor os conhecimentos adquiridos
sobre a cultura corporal.
Atividade 3
Organize a turma em pequenos grupos e distribua o Anexo 2 (páginas 188-189) para
lerem.
Abra uma discussão coletiva, incentivando todos a comentar livremente suas
opiniões.
Retome o trabalho em pequenos grupos, sugerindo que rediscutam aspectos
particulares do texto e elaborem dramatizações a partir da compreensão e da
articulação dos conceitos de autonomia e cultura corporal.
Crie condições para que os professores apresentem as dramatizações.
Promova uma discussão coletiva, a respeito da importância e do significado da cultura
corporal para o jovem.
Conceito: cultura corporal.
Competência: refletir sobre as informações específicas da cultura corporal,
sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas e adotando
uma postura autónoma na seleção de atividades e procedimentos para a
manutenção ou a aquisição da saúde.
Atividade 4
Distribua o Anexo 3 (página 189) para que seja feita a leitura, em grupos de três
professores.
Proponha aos grupos que, inspirados na leitura dos textos, identifiquem proce-
dimentos pedagógicos capazes de facilitar a autonomia dos alunos em relação à
cultura corporal.
Alguns procedimentos que podem ser lembrados pelos
professores: emprego de trabalhos em grupo, estimulo à
participação ativa dos alunos, consultas a bibliotecas, leitura de
textos, entrevistas com especialistas ou ex-atletas da comunidade,
bailarinos e outros.
Entregue cópias do Anexo 4 (páginas 190-193) para os professores fazerem leitura
individual.
Proponha uma análise do texto de acordo com o seguinte roteiro:
a. Qual a diferença entre o trabalho com planejamento participativo e o planejamento
tradicional?
b. Qual a relação entre o planejamento participativo e a autonomia dos alunos?
c. Quais são os benefícios da utilização do trabalho com planejamento participativo?
d. Quais dificuldades os professores poderiam enfrentar ao utilizar o planejamento
participativo?
Solicite a um professor que vá anotando na lousa a síntese da discussão.
Conceitos: autonomia e cultura corporal; planejamento participativo.
Competência: assumir uma postura ativa na prática das atividades físicas e
consciente da importância delas na vida do cidadão.
O aluno do ensino médio, após, ao menos, onze anos de escolarização, deve
possuir sólidos conhecimentos sobre aquela que denominamos cultura corporal.
Não é permitido ao cidadão do novo milénio uma postura acrítica diante do
mundo. A tomada de decisões para a sua autoformação passa, obrigatoriamente,
pelo cabedal de conhecimentos adquiridos na escola. A Educação Física tem,
nesse contexto, um papel fundamental e insubstituível. (PCNEM, p. 159)
A construção da autonomia do aluno passa pela compreensão, pela utilização e pela
incorporação da cultura corporal, de forma a lhe permitir opções conscientes.
Para encerrar, recolha os Anexos.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 1
Anexo 1
Não basta (o aluno) correr ao redor da quadra; é preciso saber por que está
correndo, como correr, quais os benefícios advindos da corrida, que intensidade,
frequência e duração são recomendáveis. Não basta aprender as habilidades
motoras específicas do basquetebol; é preciso aprender a organi-zar-se
socialmente para jogar, compreender as regras como um elemento que torna o
jogo possível (e portanto é preciso também que os alunos aprendam a interpretar
e aplicar as regras por si próprios), aprender a respeitar o adversário como um
companheiro e não um inimigo a ser aniquilado, pois sem ele não há jogo; é
preciso, enfim, que o aluno seja preparado para incorporar o basquetebol e a
corrida em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível.
Mauro Betti, "Ensino de primeiro e segundo graus: Educação Física para quê?"
Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 13 (2) janeiro de 1992, pp. 282-287.
Anexo 2
Cultura corporal
A Educação Física precisa superar o modelo de ensino baseado no desenvolvi-
mento do gesto motor correto; para além disso, é preciso introduzir e integrar o
aluno nas dimensões da cultura corporal. A cultura corporal é um conjunto de
valores relativos ao corpo e ao movimento que envolve ética desportiva, ocupa-
ções e práticas de lazer, expressão corporal, conhecimento científico, produção
da mídia, equipamentos e outros. Ao longo de sua história os seres humanos
buscaram suprir as insuficiências com criações que tornassem os movimentos mais
eficientes e satisfatórios, procurando desenvolver diversas possibilidades de uso
do corpo com a intenção de solucionar as mais variadas necessidades.
Entre essas possibilidades e necessidades podem-se incluir motivos mili-
tares, relativos ao domínio e ao uso do espaço; motivos económicos, que dizem
respeito às tecnologias de caça, pesca e agricultura; motivos de saúde, pelas
práticas compensatórias e profiláticas. Podem-se incluir, ainda motivos religiosos,
no que se referem aos rituais e festas; motivos artísticos, ligados à construção e à
expressão de ideias e sentimentos; e por motivações lúdicas, relacionadas ao
lazer e ao divertimento.
Algumas práticas com motivos de caráter utilitário relacionam-se mais
diretamente à realidade objetiva com suas exigências de sobrevivência,
adaptação ao meio, produção de bens, resolução de proble-
Anexo 2
mas e
#
nesse sentido, são conceitualmente mais próximas do trabalho. Outras,
com motivos de caráter eminentemente subjetivo e simbólico, são realizadas
como fim em si mesmas, por prazer e divertimento. Estão mais próximas do lazer
e da fantasia, embora suas origens, em muitos casos, estejam em práticas
utilitárias. Por exemplo, a prática do remo, da caça e da pesca por lazer e não por
sobrevivência, o caminhar como passeio e o correr como competição e não como
forma de locomoção. Assim, às atividades desse segundo agrupamento pode-se
atribuir o conceito de atividade lúdica, de certo modo diferenciada do trabalho.
Derivam daí conhecimentos e representações que se transformam ao longo
do tempo. Ressignificadas, suas intencionalidade, formas de expressão e
sistematização constituem o que se pode chamar de cultura corporal de
movimento. Dentro desse universo de produções da cultura corporal de mo-
vimento, algumas foram incorporadas pela Educação Física como objetos de ação
e reflexão: os jogos, e brincadeiras, os esportes, as danças, as ginásticas e as
lutas, que têm em comum a representação corporal de diversos aspectos da
cultura humana. São atividades que ressignificam a cultura corporal humana e o
fazem utilizando ora uma intenção mais próxima do caráter lúdico, ora mais
próxima do pragmatismo e da objetividade.
Texto baseado nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental.
rJTuTTSBcl
Trechos dos PCNEM
A importância do trabalho em grupo está em valorizar a interação
aluno-aluno e professor-aluno como fonte de desenvolvimento social,
pessoal e intelectual. Situações de grupo exigem dos alunos a
consideração das diferenças individuais, respeito a si e aos outros.
Trazer contribuições para o cumprimento das regras estabelecidas é
atitude que propicia a realização de tarefas conjuntas, (p. 163)
Na discussão de uma proposta de atividade física entre os alunos, o
professor adotará a postura de coordenador dos debates, questio-
nando o grupo de forma a favorecer o aproveitamento de respostas
que sejam oriundas de reflexões individuais e coletivas. Os alunos
serão estimulados a explicar as suas posições e ações e essa explica-
ção far-se-á no sentido de atribuir-lhes um significado. Isto permite
ao aluno o questionamento de condutas e valores do grupo e de si
próprio, (p. 163)
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 1
Anexo 4
Planejamento participativo
Proposta _______________________________________________
Diante de um adolescente que necessita movimento, que amplia sua capacidade
de analisar a realidade que está a sua volta, creio que o trabalho no 2
2
grau deve
apresentar um caráter essencialmente participativo, diversificado, equilibrado na
relação entre propostas teóricas e práticas.
Portanto [...] elaborei uma proposta de um planejamento participativo,
apoiada sobre uma concepção aberta de currículo.
A existência apenas abstrata da autonomia escolar não é algo que tenha
consequências construtivas no processo educacional. Pelo contrário, na medida
em que tal situação evidencia claramente uma incongruência entre teoria
autónoma e prática não-autônoma, dela resultam consideráveis prejuízos à
formação dos alunos, cuja dependência não deixará de ser fortemente reforçada.
E, certamente, o professor é um dos fato-res fundamentais mediante os quais a
autonomia poderá se tornar não só perceptível, como também vivenciada nodia-a-
dia escolar. (Piletti, 1990)
Em linhas gerais, a proposta se caracterizou pela apresentação de uma
concepção de Educação Física que, na ocasião, utilizou o conceito de cultura
corporal e os possíveis temas a serem trabalhados a partir deste, ou seja, temas
como dança, ginástica, jogos, lutas etc.
Após apresentar essa concepção e ter procurado discutir qual seria o papel
da disciplina, sugeri quatro temas, sendo que os alunos poderiam opinar e sugerir
atividades dentro dos temas em questão. Dança, ginástica, jogos e lutas: estes
eram os quatro temas, sendo que os alunos apresentariam sugestões, dentro
deles, incluindo-se aí minhas considerações. Por exemplo, no tema lutas e dança
foram colocados em discussão os estilos de luta que lhes interessavam; ou, no
caso da dança, quais ritmos eram do interesse da maioria. Isso se sucedia nos
demais temas. A proposta era que o número de atividades para o ano letivo
ficasse em torno de doze, reservando três tipos de modalidade ou ativi-dade por
bimestre.
O debate, a discussão e o processo de votação eram os procedimentos
iniciais para a construção do projeto, uma vez que era desejável que os alunos
pudessem tomar parte do processo de decisão, organização, participação e
avaliação.
Após selecionar um rol de atividades que estivesse compreendido entre os
temas propostos, os alunos deveriam distribuí-los entre os bimestres, iniciando
assim um novo processo de discussão e votação. Dessa forma, todos que
estivessem envolvidos no processo já teriam conhecimento do que estava
previsto para o ano letivo, e principalmente, teriam
Anexo 4
a oportunidade de participar nas decisões do que fazer com sua capacidade de
se mover e com seu corpo!
Uma vez distribuídos os temas pelos bimestres, caberia então construir o
cronograma do primeiro bimestre, negociando com o professor o número de aulas
destinado a cada tema, bem como a contribuição dos alunos e do docente.
Tendo tomado essas decisões, iniciou-se o trabalho de eleição dos
monitores da disciplina, que seriam os alunos interessados em colaborar no
processo de preparação das aulas, das atividades extracurriculares e outras.
Após esses procedimentos, os alunos deveriam entregar um documento, no
qual constasse toda a programação da classe e as assinaturas de todos os
envolvidos. Iniciava-se nesse momento um trabalho de busca dos recursos
materiais e humanos para a viabilização das atividades programadas e também,
por parte do professor, uma seleção de material para subsidiar algumas
discussões em relação aos temas propostos. Apesar de os alunos tomarem
decisões sobre o processo, isso não implicava, em hipótese alguma, a omissão
do professor e a ausência de discussões de caráter mais teórico sobre as
implicações históricas, psicológicas, antropológicas e fisiológicas socioculturais do
movimento humano - na dança, nas lutas, nos jogos, na ginástica e na vida
cotidiana.
Esse processo teve como pretensão os seguintes objetivos:
a. identificar os principais temas relacionados com a cultura corporal;
b. vivenciar atividades relacionadas a essa mesma cultura;
c. desenvolver uma visão crítica em relação às manifestações corpo
rais, bem como a suas implicações em relação à qualidade de vida;
d. favorecer o interesse, a participação e o senso crítico em relação
às atividades motoras dentro e fora do ambiente escolar.
Além dos objetivos propostos, outros aspectos deveriam ser considerados:
a. o papel da escola: colocar à disposição o acervo de conhecimen
tos enquanto património cultural da humanidade;
b. o currículo enquanto meio, e não fim;
c. o currículo enquanto construção cultural e trajetória do aluno a
ser feita na escola;
d. a valorização da experiência vivida e da subjetividade. No de
senrolar do processo, as repercussões emergem no interior da
escola, na medida em que tanto os alunos envolvidos no traba
lho quanto os que não estão envolvidos passam a comentar as
atividades, principalmente aquelas que não pertenciam à tradi
ção da escola.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 1
Anexo 4
Uma segunda questão correspondeu às atitudes dos professores de
Educação Física diante dos questionamentos de seus alunos, que passaram a
pleitear temas e atividades diversificadas, gerando uma crise no relacionamento
entre os professores da área.
Um aspecto importante, que emergiu nas atitudes dos alunos envolvidos no
trabalho com o planejamento participativo, foram as iniciativas no sentido de
prover as aulas de Educação Física de recursos materiais. Na ocasião, os alunos
por conta própria fizeram 'pedágios' para levantar fundos para a compra de
materiais de pintura e reparos na quadra, pois havíamos feito uma programação
que continha eventos para aquele espaço.
No final de cada bimestre, realizávamos avaliações e discutíamos o
bimestre posterior, levando em consideração a possibilidade de mudar o
cronograma diante das necessidades que iam surgindo.
Apesar das iniciativas em torno das condições materiais e humanas, houve
momentos de denúncia e protesto em relação às condições de trabalho a que
estávamos submetidos, o que poderia sugerir uma modificação do
comportamento individual e também do coletivo.
Conclusão________________________________________________________
Após ter vivenciado esse processo, gostaria de apresentar algumas conclusões
do trabalho realizado.
Vantagens
Níveis satisfatórios de participação e motivação nas atividades propostas.
Valorização do componente curricular por parte dos alunos e da direção.
Identificação positiva no que tange à relação professor-aluno.
Repercussão do trabalho em relação aos outros grupos que não estavam
engajados, possibilitando um repensar nas reuniões de área.
Menor despersonalização dos educandos, uma vez que tinham a
possibilidade de se expressar, graças ao caráter participativo da proposta.
Desvantagens
Desgaste pessoal no sentido de providenciar recursos materiais e teóricos,
e diante da necessidade de coordenar diferentes programações em
diferentes classes.
As limitações de meu processo de formação profissional: as noções sobre
escolarização, educação, adolescência e 2
fi
grau eram insuficientes para
melhor contextualizar e avaliar minha própria praxis.
Anexo 4
• A dificuldade de obter subsídios teóricos para desenvolver discussões sobre
as implicações do movimento nos níveis sociocultural e psicológico, ou seja,
a inexistência de material didático para o 2
Q
grau.
Concluindo, entendo que a construção de uma identidade para a escola,
para a Educação Física no 2
2
grau, é um desafio para todos os envolvidos com a
questão da escolarização.
Entendo também que a Educação Física na escola tem um compromisso em
desencadear uma educação sobre o movimento, levando em consideração o
contexto em que os educandos estão inseridos, para que suas necessidades e
seus interesses sejam atendidos, na perspectiva do resgate da qualidade do
ensino, e em sua consequente democratização.
Com vista a uma educação para a autonomia, para garantir o acesso da
criança e do adolescente aos possíveis entendimentos sobre a realidade, ou seja,
o conhecimento, necessitamos um processo e uma experiência autónoma que
impliquem o exercício da reflexão crítica, as escolhas e as tomadas de decisão
dentro do próprio processo educativo, sendo essa condição indispensável para
que uma educação pela e para a cidadania ocorra.
Walter R. Correia, "Planejamento participativo e o ensino de Educação Física no 2
o
grau",
Revista Paulista de Educação Física, suplemento 2, 1996, pp. 43-48.
EDUCAÇÃO FÍSICA
M
ÓDULO
2
E
DUCAÇÃO
F
ÍSICA E SEU CONTEXTO ATUAL
Mesmo enfrentando uma série de dificuldades em sua prática pedagógica, os
professores de Educação Física têm a seu dispor um conjunto de procedimentos
que podem auxiliá-los a melhorar a qualidade de suas aulas.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo _________________________________________________________
Conhecer a importância do papel do professor na formação do aluno.
Trabalhar com ampla diversidade de conteúdos, do ponto de vista dos conceitos, das
atitudes e dos procedimentos.
Identificar as dificuldades enfrentadas no cotidiano profissional e caminhos que
permitam atuar na integração do aluno à cultura corporal.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
reavaliar o papel do esporte na escola e as possibilidades de trabalho com esse
conteúdo;
compreender as diferentes manifestações da cultura corporal, reconhecendo e va-
lorizando as variações de desempenho, linguagem e expressão.
Conceitos _____________________________________________________________________
Esporte.
Interdisciplinaridade.
Contextualização.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Bolas de basquetebol, voleibol, handebol, futsal e outras.
Vídeo Como se faz um atleta, da série "Divirta-se aprendendo", de Como Fazer?
Televisão e videocassete.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 2 de Educação Física.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho____________________________________________________________
Atividade 1
Diga para os professores se reunirem em pequenos grupos e comentarem entre
si as experiências mais interessantes e positivas ocorridas em suas aulas de Edu
cação Física. Proponha ao grupo que eleja a mais interessante e encarregue um
relator de fazer a síntese escrita.
Peça para o relator de cada grupo expor a experiência eleita para os demais
participantes e faça uma síntese geral na lousa, sob o título "Vivências positivas".
Em seguida, entregue aos mesmos grupos uma folha de sulfite para que descrevam
as dificuldades que encontram em suas aulas. Sugira que os participantes troquem
entre si seus registros, façam comentários e escolham um relator para registrar a
síntese.
Recolha todas as folhas e, com a ajuda dos professores, registre na lousa um resumo
das dificuldades relatadas.
É possível que os grupos comentem algumas das seguintes
dificuldades: questões pedagógicas (falta de interesse dos alunos,
grupos heterogéneos, violência na escola, falta de limites dos alunos,
grande número de dispensas, baixo status da disciplina perante as
demais, horário das aulas em período igual ou diferente das demais);
questões estruturais da escola (falta de espaço e de materiais, excesso
de alunos por turma, falta de chuveiros, torneiras e bebedouros, baixa
remuneração etc).
Peça aos grupos que sugiram soluções para as dificuldades relatadas, levando
em conta a realidade de cada professor, baseando-se nos seguintes trechos dos
PCNEM:
0 professor de Educação Física deve buscar, a todo custo, uma integração
com o trabalho desenvolvido na escola, colocando seu componente
curricular no mesmo patamar de seriedade e compromisso com a formação
do educando, (p. 158)
Os professores devem lutar por condições de trabalho adequadas ou próximas
a essa situação, mas nunca podem deixar de atuar com as condições de traba-
lho que possuem, pois o conformismo é o nosso maior inimigo, (p. 164)
Atividade 2 ____________________________________________________________
Distribua o Anexo 1 (páginas 199-200) para os professores lerem e comentarem
livremente.
Promova um debate, com a participação de todos, a respeito das dificuldades
encontradas nas classificações e exemplificações do texto do Anexo. Sugira que
criem suas próprias categorias.
Feita a categorização possível, peça para grifarem estas duas passagens do texto:
[...] precisamos considerar as limitações e possibilidades que caracterizam o con-
texto do ensino-aprendizagem da cultura corporal de movimento, surgindo daí
uma intervenção significativa e real.
[...] a teoria deixa de apresentar um caráter supremo e impositivo, passando a
ser formulada a partir das necessidades concretas da realidade educacional.
Diga para analisarem esses dois fragmentos do texto, buscando identificar as
categorias de problemas que melhor se relacionam com tais ideias.
Proponha à turma que sugira atividades - possíveis de se realizar na escola -com o
objetivo de procurar sanar os problemas identificados.
Valorize sempre as soluções propostas pelos professores,
admitindo as dificuldades e enfatizando as condições de buscar
alternativas capazes de superá-las.
EDUCAÇÃO FÍSICA- Módulo 2
Conceitos: problema; solução; contexto.
Competência: compreender as diferentes manifestações da cultura corporal,
reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, linguagem e
expressão.
Atividade 3 ____________________________________________________________
Exiba o vídeo Como se faz um atleta. Converse em seguida com os professo
res, levando-os a expor suas considerações sobre 'esporte'. Encarregue um
dos professores de ir registrando as respostas principais. Para conduzir o de
bate, coloque questões como estas abaixo:
a. Existem diferenças entre o esporte praticado na escola e o que acontece fora dela?
b. O esporte de rendimento é educativo?
c. Analise a situação das pessoas que não têm muita habilidade em uma disputa
esportiva.
d. Suas turmas de treinamento recebem aulas iguais às ministradas para as turmas
'normais'?
e. Quais as diferenças e semelhanças?
f. Pode-se mudar as regras do esporte dentro da escola, ou elas têm de ser as mesmas
das competições normais?
Distribua o Anexo 2 (páginas 201-203) e dê um tempo para os professores lerem.
Oriente a discussão do texto, relacionando-o com as experiências narradas pelos
professores. Procure questionar a importância de se pensar o esporte nas dimensões
conceituais e atitudinais.
Para finalizar, organize quatro grupos. Proponha que cada um planeje uma atividade,
a partir de desportos tradicionais, com regras que permitam a inclusão dos menos
habilidosos (por exemplo: voleibol podendo segurar e passar a bola; mistura de duas
modalidades; futebol dentro da área com handebol fora da área; basquetebol
podendo correr com a bola por determinado tempo etc). Como orientação básica, diga
para observarem o seguinte trecho dos PCNEM:
A influência do esporte no sistema escolar é de tal magnitude que temos não o
esporte da escola, mas, sim, o esporte na escola. Isso indica a subordinação da
Educação Física aos códigos/sentido da instituição esportiva: esporte olímpico,
sistema desportivo nacional e internacional.
Esses códigos podem ser resumidos em: princípios de rendimento atlético/
desportivo, comparação de rendimento, competição, regulamentação rígida, su-
cesso no esporte como sinónimo de vitória, racionalização de meios e técnicas etc.
Essa espécie de atividade determina relações entre professor e aluno que
passam a ser: professor-treinador e aluno-atleta. Esse posicionamento, presente
em grande parte das escolas brasileiras, é fruto da pedagogia tecnicista muito
difundida no Brasil na década de 70. Vários autores têm abordado essa temática
coincidindo suas opiniões na necessidade de superação.
A Educação Física precisa buscar sua identidade como área de estudo fun-
damental para a compreensão e entendimento do ser humano, enquanto pro-
dutor de cultura, (p. 156)
Conceito: esporte.
Competências: demonstrar autonomia na elaboração de atividades cor-
porais e capacidade para discutir e modificar suas regras, reunindo ele-
mentos de várias manifestações de movimento e estabelecendo uma me-
lhor utilização dos conhecimentos adquiridos sobre cultura corporal.
Atividade 4______________________________________________________
Divida a sala em três grupos e atribua a cada um a preparação de uma das
seguintes atividades:
ginástica;
ritmo/expressão;
esporte não-tradicional ou jogo.
Lembre-se de que os esportes mais tradicionais da cultura
brasileira são voleibol, futebol, basquetebol e handebol.
Oriente para que todos os participantes desenvolvam cada uma das atividades.
Quando terminarem, peça para os professores relatarem suas dificuldades e
suas sensações (prazer, medo, vergonha etc.) ao realizar cada uma das ativida-
des. Leve-os a comparar suas próprias reações com as que os alunos podem ter,
em circunstâncias semelhantes.
A partir das vivências, discuta com os professores as possíveis contribuições das
atividades não-esportivas para a qualidade das aulas de Educação Física.
Peça para lerem o trecho abaixo dos PCNEM e relacioná-lo com as atividades e
a discussão anteriores.
Num pais tão rico em ritmos e danças, parece paradoxal um programa de Educa-
ção Física centrado em esportes e ginásticas. O professor, no entanto, perguntar-
se-á como inserir essa atividade para os alunos que até então não vivenciaram
essas experiências em aula.
Pois bem, não podemos negar que as atividades rítmicas e expressivas têm
o seu espaço na vida dos adolescentes e jovens. O fato de isso não acontecer na
escola é que nos chama a atenção. O professor poderia começar resgatando o
que seus alunos conhecem de música, quais estilos ouvem, quais estilos dançam.
Partindo daí para a inserção de pequenos momentos das aulas em que uma
atividade ritmada seja desenvolvida, (p. 166)
Conceito: necessidades e possibilidades de variação.
Competência: interessar-se pelo surgimento das múltiplas variações da
atividade física enquanto objeto de pesquisa, área de grande interesse
social e mercado de trabalho promissor.
Atividade 5______________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 204) para os professores lerem.
Peça para formarem pequenos grupos e discutirem as diversas possibilidades
de desenvolver um trabalho interdisciplinar contextualizado, partindo
»
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 2
das seguintes questões:
Em sua escola se costuma trabalhar de forma interdisciplinar?
Você procura aproximar suas aulas da realidade dos alunos? Como?
O que você faz no sentido de favorecer uma atuação interdisciplinar em suas aulas?
Os professores de outras disciplinas demonstram interesse em desenvolver traba-
lhos interdisciplinares com Educação Física?
Ao elaborar suas aulas, você leva em consideração o nível de conhecimento dos
alunos em relação à cultura corporal? De que forma?
Registre na lousa a síntese das discussões.
Oriente os grupos no sentido de analisar a síntese feita e, a partir dela, sugerir
atividades que favoreçam um trabalho interdisciplinar contextualizado.
Proponha a realização de algumas das atividades sugeridas, à escolha do grupo.
Conceitos: interdisciplinaridade e contextualização.
Competência: compreender as diferentes manifestações da cultura corporal,
reconhecendo e valorizando as variações de desempenho, linguagem e
expressão.
Apesar das dificuldades encontradas em seu cotidiano escolar, o professor de Educação
Física pode tornar suas aulas motivadoras e relevantes. Para isso, o importante é dar espaço
à manifestação dos alunos e pôr em prática as diversas possibilidades abertas pela cultura
corporal, que vão muito além do esporte.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Dificuldades enfrentadas pelos professores de
Educação Física
Muitas pesquisas realizadas em Educação Física escolar, referentes ao professor,
têm-se preocupado em comparar a sua atuação com uma situação ideal de
ensino, desconsiderando na maioria das vezes o que acontece na sua realidade.
Essa evidência é bastante clara na fala de um dos professores entrevista-
dos: "Os pesquisadores vão para a escola, usam os professores e depois os
criticam em suas análises".
Em vez dessa postura de distanciamento, precisamos considerar as limi-
tações e possibilidades que caracterizam o contexto do ensino-aprendizagem da
cultura corporal de movimento, surgindo daí uma intervenção significativa e real.
Dessa maneira, a teoria deixa de apresentar um caráter supremo e impositivo,
passando a ser formulada a partir das necessidades concretas da realidade
educacional.
É justamente dentro dessa perspectiva que buscamos analisar as dificul-
dades que os professores afirmam enfrentar no seu cotidiano.
Os resultados mostraram que, dos trinta professores, 25 revelaram que a
falta de interesse dos alunos, aliada à falta de habilidade dos mesmos, é a sua
maior dificuldade. Parece que essa realidade demonstra a restrita vivência motora
adicionada às experiências negativas anteriores na prática da cultura corporal de
movimento desses alunos na escola. Além disso, no ensino médio, os alunos
apresentam vergonha de se expor e rejeição às novidades. Tudo isso, associado
ao medo de errar, acaba por distanciar ainda mais os alunos das aulas de
Educação Física.
Outra característica do Ensino Médio, que acaba competindo com a Edu-
cação Física, diz respeito à busca de uma definição profissional. A preocupação
em investir no futuro, muitas vezes representado pelo vestibular, vai se tornando
uma exigência cada vez maior pela sociedade. Por isso, as expectativas acerca da
Educação Física, quando existentes, ficam em segundo plano.
Outro ponto que também pode contribuir para acentuar a falta de interesse
desses alunos diz respeito ao aumento das diferenças individuais nesse nível de
ensino. Essa preocupação é explícita na fala de um dos professores pesquisados:
"Minha maior dificuldade é que os alunos chegam de muitas escolas
diferentes umas das outras e trazem consigo conceitos e conteúdos diversos. Os
que já sabem e conhecem o conteúdo proposto não querem voltar e os que não
sabem sentem-se envergonhados."
Mas, o professor não pode se eximir de motivar o aluno; além disso, é
preciso que a escola crie uma cultura que valorize a Educação Física.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 2
Anexo 1
Embora as soluções pareçam complexas nesse nível de ensino, nem sem-
pre são as habilidades complexas, envolvendo os esportes, que motivam os
alunos, mas os jogos, havendo a inclusão dos habilidosos e não-habilidosos,
promovendo um engajamento dos alunos às aulas
Dez professores referem-se à falta de infra-estrutura como uma das suas
dificuldades.
A falta de disciplina dos alunos também é citada enquanto uma das
dificuldades do professor, ameaçando na maioria das vezes o papel do professor,
que somente com as normas e regras da escola não consegue mais conter o
aluno. O aluno não tem mais vergonha de ser ignorante, isso tor-nou-se sinónimo
de poder na sociedade atual, aliás, eles reinam na mídia fazendo sucesso e
conquistando fãs. Desse modo, é fundamental repensar os valores que regem a
sociedade atual.
O problema da indisciplina não é um problema fácil que a escola possa
resolver, nem são falhas pedagógicas, pois está em jogo o lugar que a escola
ocupa hoje na sociedade, o lugar que a criança e o jovem ocupam, o lugar que a
moral ocupa.
As roupas impróprias para a prática da aula também foram citadas pelos
professores como dificuldade, nos sugerindo dois pontos de análise. O primeiro
refere-se às experiências negativas anteriores, que se reflete em uma postura de
não querer assumir publicamente uma dificuldade pessoal; desse modo, a roupa
se torna um escudo protetor, livrando o aluno das possíveis chacotas dos alunos.
O segundo parece retornar à questão da indisciplina, problema muito maior,
ultrapassando os limites da escola, mas que não pode nos isentar do papel de
professores e, portanto, responsáveis por preparar nossos alunos para o
exercício da cidadania.
Excertos de Suraya C. Darido, Zenaide Galvão, Lílian A. Ferreira & Giovana Fiorin,
revista Motriz, vol. 5, n. 2. Rio Claro, Unesp, 1999, pp. 138-145.
Anexo 2
Esporte... mas qual esporte?
A prática do esporte em escolas é uma realidade que não podemos negar. Muito
embora em diversas regiões do Brasil e em muitas escolas públicas essa prática
seja impossível, por falta de material e de espaço apropriado, a verdade é que,
mesmo assim, copiamos os modelos esportivos de outros países, e os utilizamos
em nossa prática diária. Tendo em vista a difusão que os meios de comunicação
fazem dos esportes, dificilmente isto seria diferente. Assim sendo, acredito que
possamos conciliar a difusão de jogos de origem folclórica, ou criados por nossos
alunos em aula, com os esportes ditos formais ou de rendimento, além, é claro, de
outros conteúdos que contribuam para a formação integral dos alunos.
Enfim, não podemos negar o esporte na escola, negar a cultura esportiva,
mas sim atuar sobre o mesmo e desmistificá-lo. Assim, desde que a utilização do
esporte como prática social-pedagógica seja aceita como uma realidade,
passamos, a seguir, a discutir alguns pontos dessa prática.
Um dos pontos fundamentais dessa discussão é a contribuição para a
formação do espírito de equipe. De que forma isto acontece? De forma bem
simples, podemos e devemos explicar aos nossos alunos coisas que às vezes
parecem redundantes, mas que são fundamentais para a formação do espírito de
equipe. Uma equipe necessita de todos os integrantes para jogar. A falta de um
ou mais companheiros torna o jogo esportivo desmotivante, enfadonho ou
descaracterizado; sendo assim, todos são importantes. Dentro ainda dessa linha
de pensamento, não importa quanto um jogador seja bom, sem o restante da
equipe não pode haver o jogo, "uma Hortência só não faz verão".
Outro fator importante é mostrar aos alunos que jogar contra é jogar com.
Não haveria jogo ou competição sem a equipe adversária e, portanto, o adversário
é peça fundamental. O coletivo deve estar além do individualismo, e isto equivale
a compreender que o adversário é um companheiro tanto quanto o companheiro
de nossa equipe. Mesmo porque se deve levar em conta que o jogo esportivo,
como qualquer jogo, possui a magia de ter um começo, um meio e um final.
Terminada essa magia, todos voltam à realidade, e isto equivale a dizer que todos
os alunos estarão se encontrando em outras aulas, em diversos locais da escola,
em outras aulas de Educação Física; e o mesmo colega-adversário poderá, em
dado momento, estar em sua equipe. A escola, portanto, funciona em um contexto
diferente do contexto institucional esportivo. Cabe ao professor elucidar isto aos
alunos.
Em relação à cooperação, creio que ela ocorra muito mais em nossas vidas
do que a competição, ainda que se pense e se afirme o contrário. Considero o
ser humano muito mais cooperativo do que competitivo.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 2
Anexo 2
Apesar de a sociedade em que vivemos estimar mais o valor da competição,
entendo que a cooperação é predominante. Se o contrário ocorresse, fatalmente
o ser humano já estaria extinto da face da Terra. O mesmo pode ser observado
no esporte escolar: sobra cooperação, mas falta falar sobre ela.
Creio que aí reside o papel do professor, discutir com os alunos e mostrar
quando e como ocorre a cooperação. No jogo esportivo, cooperar significa
alcançar o mesmo objetivo em conjunto, para que o jogo possa ocorrer. Se cada
um jogar de acordo com o que pensa, e da forma como acha correto, sem
observar o outro, sem colaborar, não haverá jogo. A própria definição de jogo
coletivo já nos demonstra esse princípio.
Assim, no jogo encontramos várias formas de desenvolvimento da
cooperação. Podemos percebê-la na cooperação interna entre o grupo (da própria
equipe e da equipe adversária) para que o jogo aconteça. Além disso, o professor
pode solicitar a cooperação de seus alunos para a organização do jogo, que inclui
a divisão das equipes, a organização do material necessário (transportar, cuidar,
conservar, guardar), a arbitragem, a contagem, o tempo etc. Dessa forma, os
alunos não serão tratados como meros espectadores.
Uma outra característica do esporte é a competição; não podemos negá-la,
mas podemos discuti-la. Muitas questões podem ser levantadas junto aos alunos,
como por exemplo: Qual o valor da competição? Quais os exageros ligados à
competição? O doping, a corrupção e a violência são valores a serem
aproveitados? As agressões que assistimos ultimamente entre torcidas são
exemplos a serem copiados?
O que geralmente ocorre quando há competição exagerada pode significar
uma oportunidade de discussão e acordo por parte da turma. O professor não
pode continuar como promotor das resoluções desses conflitos, atuando como
juiz e resolvendo todos os problemas. Um momento de discórdia sempre pode
acontecer, e nessa hora deve ser incentivada a resolução de conflitos pelos
próprios alunos. Isto pode significar, às vezes, perda de tempo em termos de
horário de aula. Entretanto, deixar que estes decidam pode significar muito em
ganho de vivência e participação social. Muitas vezes, os alunos acabam
percebendo que a discussão sem resultados faz com que a aula seja perdida, e
geralmente chegam a um entendimento. Quando o professor decide o que está
certo ou errado evita discórdias, mas impede também a participação e a tomada
de decisão dos alunos.
Quanto às regras, acredito que não devam servir como suporte para a
alienação e a subserviência dos alunos. Muito pelo contrário, é necessário
compreender por qual motivo determinadas regras foram criadas e
Anexo 2
por que podemos questioná-las. A possibilidade de discussão sobre as regras
do jogo esportivo, ou a adaptação de novas regras, não faz com que o jogo perca
suas características, mas permite que seja entendido e não simplesmente
copiado. Neste ponto, outros esportes podem surgir, adaptados às condições
regionais da escola.
O incentivo à lealdade também é algumas vezes esquecido, e até mesmo a
deslealdade é praticada quando o interesse está em ganhar a qualquer preço.
Ações como ficar na frente da bola para o juiz não enxergar corretamente, ou
elevar os braços à frente do adversário, são ensinadas aos alunos, parecendo
sem muita importância ou consequência, mas camuflam uma deslealdade.
Aprender a dizer quando uma bola foi dentro ou fora e reconhecer uma falta
cometida, ao contrário, são ações que incentivam o fair play, tão fora de moda
ultimamente.
Outras discussões podem ser levantadas, por exemplo, em relação à
hierarquia existente no esporte de alto nível. Quais os valores que estão por trás
disto? É possível observar o esporte de alto nível e compará-lo à sociedade
capitalista? É esse o tipo de exemplo que devemos seguir?
Dentro dessa perspectiva, podemos discutir também a questão do
rendimento máximo. Até que ponto um treinamento máximo pode significar fator
de saúde? Oito horas de treinamento diário é um exemplo de dedicação, ou de
suicídio? E a questão das recompensas? A um escolar interessa mais a
recompensa intrínseca (interna), na qual o real valor está em sentir prazer em
jogar, ou a recompensa extrínseca (externa) representada por medalhas é mais
importante?
Por último, gostaria de acrescentar que discutir questões relativas ao
esporte nas aulas de Educação Física não significa transformar estas em aulas
exclusivamente teóricas, mas significa aproveitar os momentos do aprendizado
em algo mais do que aprender técnicas e táticas. As técnicas e táticas,
inclusive, devem igualmente ser analisadas e contextualizadas - por que
utilizá-las, quando, como podem ser diferentes de indivíduo para indivíduo, quais
as facilidades e dificuldades de sua utilização etc.
Irene C. Rangel-Betti, "Reflexões a respeito do esporte
como meio educativo em Educação Física Escolar". Kinesis n. 15,
Univ. Federal de Santa Maria, RS, 1997, pp. 37-43.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 2
Anexo 3
Trechos dos PCNEM
Projetos como a elaboração de jogos, o resgate de brincadeiras populares,
a narração de fatos e a elaboração de coreografias podem estar perfeita-
mente articulados com Português, História, Geografia, Sociologia etc. Es-
clarece-se que a via de integração não é única, e sim de duas mãos, o que
significa que as demais áreas devem utilizar-se do movimento, buscando
também integrar-se de forma eficiente com a Educação Física.
Exemplificando, é fator comum o pronto atendimento do professor
às dúvidas apresentadas pelos alunos no que concerne às questões de
fisiologia do esforço. No transcorrer da aula, muitos alunos se queixam de
dores musculares ocasionadas por esforços físicos anteriores, perguntan-
do a todo momento porque as dores persistem mesmo após o exercício.
O professor, impulsionado pelo entendimento de ser o único responsável
por apresentar as respostas, perde uma excelente oportunidade de levar
seus alunos à construção do seu próprio conhecimento, através de uma
busca em diversas fontes como: perguntar a outros professores, investigar
em casa ou na biblioteca da escola, (pp. 162-3)
As visões, fantasias e decisões sobre o próprio corpo e saúde, base para
um desenvolvimento autónomo, poderão ser mais bem orientadas se as
aprendizagens da escola estiverem significativamente relacionadas com
as preocupações comuns na vida de todo jovem: aparência, sexualidade e
reprodução, consumo de drogas, hábitos de alimentação, limite e capaci-
dade física, repouso, atividade, lazer. (p. 94)
EDUCAÇÃO FÍSICA
M
ÓDULO
3
S
AÚDE
,
CORPOREIDADE E LAZER
As dimensões de saúde, corporeidade e lazer podem contribuir para a
compreensão das finalidades da Educação Física na escola.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo _________________________________________________________
Ampliar os procedimentos didático-pedagógicos nas aulas de Educação Física, a
partir da apropriação dos conceitos de saúde, lazer e corporeidade.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar e analisar as dimensões relacionadas à cultura corporal no tocante a
saúde, lazer e corporeidade;
compreender, analisar e discutir os conceitos de saúde, corporeidade e lazer;
utilizar os conceitos de saúde, corporeidade e lazer para elaborar, implementar e
avaliar os programas de Educação Física;
compreender o papel da Educação Física na escola nas dimensões de saúde,
corporeidade e lazer.
Conceitos ____________________________________________________________________
Saúde.
Lazer.
Corporeidade.
Materiais necessários __________________________________________________________
Bolas de borracha, cordas e arcos. Caderno, lápis e caneta.
Revistas e jornais. Anexos do Módulo 3 de
CDs de música lenta e CD player. Educação Física.
Lousa e giz. PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1
Em um pátio, proponha aos professores a realização das três atividades abaixo.
Formados em círculo, sugerir alguns exercícios de alongamento e realizá-los, du-
rante 10 a 15 minutos.
Montar equipes de 10 pessoas (de preferência 5 homens e 5 mulheres) e jogar 'fute-
bol de casais ou de pares'. As equipes, cada uma com 5 duplas de mãos dadas,
praticam um jogo de futebol, com regras estabelecidas pelos próprios participantes.
Por fim, oriente um relaxamento. Coloque para tocar uma música de fundo, em
som moderado para baixo. Diga para os professores se espalharem pela quadra, em
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 3
posição sentada ou deitada, em silêncio e de olhos fechados; inicialmente, sugira
que procurem sentir o próprio corpo. Em seguida, dê instruções para que prestem
atenção à própria respiração e aos diferentes grupos de músculos do corpo.
Ainda no pátio, peça para se organizarem em círculo e converse a respeito das
atividades realizadas, partindo das seguintes questões:
Quais aspectos relacionados à saúde foram mobilizados?
É possível que mencionem as seguintes ocorrências: aquecimento,
condições cardiorrespiratórias, flexibilidade, qualidade de vida e
bem-estar, tensão e relaxamento, alívio do stress, fadiga ou
recuperação, entre outras.
Quais aspectos relacionados à corporeidade foram mobilizados?
É possível que o grupo mencione as seguintes ocorrências: lentidão
e rapidez, conhecimento sobre o próprio corpo, relaxamento e
tensão, postura, respeito aos limites corporais, descanso, dores
musculares, respiração etc.
Quais aspectos relacionados ao lazer foram mobilizados?
É possível que mencionem as seguintes ocorrências: divertimento,
prazer, recreação, relaxamento, socialização, trabalho versus lazer
etc.
Proponha outras questões mais específicas, como por exemplo:
Estamos acostumados a respeitar nossos corpos?
0 que é respeitar meu corpo?
Eu tenho, ou eu sou um corpo?
Eu procuro dar identidade para o meu corpo ou o que eu sou é apenas
uma reprodução dos modelos de corpos ditados pela mídia?
Eu costumo ouvir as mensagens do meu corpo quando ele me alerta para
o cansaço e os meus limites?
Peça para os professores formarem cinco grupos e encarregue cada grupo de
elaborar e apresentar uma atividade, relacionando-a com as dimensões de saúde,
lazer e corporeidade.
Copie na lousa para todos lerem e refletirem:
É preciso localizar em cada um dos conteúdos e atividades da Educação Física seus
benefícios humanos e suas possibilidades de utilização como instrumento de comu-
nicação, expressão de sentimentos e emoções, de lazer e da saúde e, a partir desse
recorte, formular as propostas de ensino e aprendizagem da Educação Física escolar.
Atividade 2_____________________________________________________________
Distribua os Anexos 1, 2 e 3 (páginas 208-211) para leitura individual.
Peça aos professores que, em grupos de três, localizem em cada texto os procedi-
mentos que estão habituados a pôr em prática em suas aulas e nas atividades com-
plementares e extracurriculares (passeios, viagens, excursões, campeonatos etc).
Oriente a discussão do texto, propondo algumas questões, como por exemplo:
As sugestões do texto do Anexo 1, sobre saúde, são viáveis e úteis?
Como os adolescentes percebem sua própria corporeidade?
• O que inspira o texto apresentado por Rubem Alves sobre a corporeidade
nas aulas de Educação Física?
Como as aulas de Educação Física podem favorecer o uso apropriado do
tempo livre de lazer?
Organize um círculo e proponha que um relator de cada grupo exponha a todos
as principais conclusões.
Atividade 3
Organize a equipe em grupos de cinco pessoas e distribua o Anexo 4 (página 211)
para leitura.
Peça para cada grupo apresentar possibilidades de enfrentar os problemas men-
cionados no texto, levando em conta a saúde, a corporeidade e o lazer.
É possível que algum grupo refira o seguinte exemplo, extraído dos PCNEM:
[...] no caso especial da Educação Física, até mesmo no ensino noturno, existe a
possibilidade de reunir os alunos por grupos de interesse e necessidades e, junto
a eles, desenvolver projetos de atividades físicas especiais. Exemplificando, os
alunos trabalhadores podem compor um grupo que desenvolva atividades volta-
das à restituição de energias, estímulos de compensação e redução de cargas
resultantes do cotidiano profissional, (pp. 157-8)
Atividade 4 ____________________________________________________________
Distribua algumas publicações - revistas e jornais - variadas aos professores, reunidos
em grupos de seis participantes.
Peça para cada grupo localizar matérias, reportagens, entrevistas, propagandas etc.
que possam ser relacionadas a corporeidade, saúde e lazer.
Para finalizar, proponha que elaborem painéis e apresentem oralmente as questões
que tiverem levantado a partir do material selecionado.
Se achar que é o caso, proponha também a leitura do texto e a realização
da atividade que constam do Anexo 5 (páginas 212-213).
É com o corpo que somos capazes de ver, ouvir, falar, perceber e sentir as coisas. O
relacionamento com a vida e com outros corpos dá-se pela comunicação e pela
linguagem que o corpo é e possui. Essa é nossa existência, na qual temos consciên-
cia do eu e do eu no tempo e no espaço. O corpo, ao expressar seu caráter sensível,
torna-se veículo e meio de comunicação. [...]
Os gestos, as posturas e as expressões faciais são criados, mantidos ou modi-
ficados em virtude de o homem ser um ser social e viver em um determinado
contexto cultural. Isto significa que os indivíduos têm uma forma diferenciada
de se comunicar corporalmente, que se modifica de cultura para cultura.
(PCNEM, p. 160)
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 3
Anexo 1
Saúde
Neste artigo pretendemos explorar algumas possibilidades da educação física
escolar sobre o tema transversal saúde. Lembramos e estamos conscientes que
intervenções dessa natureza, somente no campo da educação física, em nada
resolvem a problemática maior da saúde no nosso país, tendo em vista o número
significativo de pessoas que ainda não tem acesso à escola e o descaso dos
setores públicos e privados com o assunto.
Acreditamos, porém, em meio a essa problemática, que a escola - e também
a educação física escolar! - não podem se eximir do seu papel, devendo assumir
sua parcela de responsabilidade junto a seus alunos, professores, pais e
comunidade.
A partir da perspectiva da cultura corporal, sugerimos algumas possibi-
lidades de encaminhamento do tema transversal saúde nas aulas de educação
física, a saber:
a. Em aulas cujo conteúdo central seja o futebol, por exemplo, explicitar
aos alunos a importância e a necessidade de se realizar exercícios de
aquecimento e alongamento das principais musculaturas envolvidas
naquela prática esportiva, apresentando informações claras e justifi
cando sua realização, evitando, dessa maneira, as famosas "dores
do dia seguinte" e, mais do que isto, possibilitar a autonomia do
aluno em relação à atividade física e à saúde.
b. Em aulas cujo conteúdo central seja, por exemplo, o basquetebol,
procurar trabalhar com os alunos aspectos ligados à interação social
e às diversas possibilidades de alteração das regras para aquele gru
po em questão, enfatizando a questão da auto-estima e da
sociabilização, importantes pontos diretamente relacionados à ques
tão da saúde individual e coletiva.
c. Em uma aula de ginástica localizada, por exemplo, falar de sua reali
zação, justificando sua execução pelo fortalecimento da musculatu
ra local (bíceps, quadríceps, abdome...); esclarecer sobre postura e
respiração adequadas durante a realização dos exercícios; informar
sobre a necessidade da ingestão de líquidos e alimentos adequados
antes, durante e após a atividade física; capacitar o aluno a perce
ber seus limites corporais, identificando seu próprio ritmo de execu
ção dos exercícios da ginástica localizada; discutir os efeitos da 'ma-
Ihação' sem medida; problematizar o atual padrão de beleza im
posto pela mídia e sua relação com a saúde individual e coletiva.
d. Propor aos alunos um estudo histórico do caráter higiénico atribuído
à educação física ao longo do tempo, caracterizando seus objetivos,
a população que tinha acesso às práticas corporais, a percepção de
Anexo 1
corpo expressa, por exemplo, nas vestimentas utilizadas (por homens e
mulheres), se havia a perspectiva de transformação da realidade. Tal estudo
pode ser desencadeado por meio de determinadas práticas corporais como,
por exemplo, a capoeira e o futebol, no contexto brasileiro. e. Em relação ao
esporte de alto rendimento, buscar desmistificar junto aos alunos a ideia
simplista e corrente que "Esporte é saúde", apresentando exemplos
divulgados pela própria mídia das inúmeras lesões advindas do excesso de
treinamentos e jogos; da utilização de estimulantes em busca de melhores
resultados em detrimento da própria saúde, caracterizando as diversas
situações de doping. Uma alternativa bastante viável seria solicitar que os
alunos fizessem pesquisas e entrevistas junto a times de seu bairro e/ou de
sua cidade, procurando relacionar o trinômio esporte-saúde-rendimento.
Glauco N.S. Ramos & Lílian A. Ferreira,
"Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física e saúde",
in revista Corpoconsciência, Santo André, 2000, v. 5, pp. 55-63.
Anexo 2
Corporeidade
Depois foi aquela corredora, ao fim da maratona, o público num delírio de exci-
tação, o corpo todo contorcido, já não mais se reconhecendo a si mesmo, incapaz
de obedecer as ordens que vinham do cérebro (se é que o cérebro, num corpo tão
torturado, ainda era capaz de pensar), prefiro pensar em feitiço, corpo enfeitiçado
por anos de treinamento, educação física, os locutores louvando aquele exemplo de
espírito desportivo, sonâmbulos incapazes de ver o horror/terror daquilo que
acontecia bem diante dos seus olhos, expressão suprema do espírito militar: o
corpo deve se esquecer de si mesmo. E não é só isto: lá estava um corpo torturado
que pedia misericórdia, que pedia o fim, o descanso. Mas não, ele fora educado
para se ultrapassar. E silenciosamente, dentro das carnes daquela corredora,
antigas lições eram repetidas: "O corpo precisa ser ultrapassado, o corpo precisa
ser ultrapassado. O que importa é fazer com que o corpo obedeça..." A voz do
corpo: silenciada. Não mais ouvido. Transformado de texto, com uma sabedoria,
em simples meio para se atingir um fim. Um centésimo de segundo. Um
centímetro a mais. Educação física: morte do corpo?
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 3
Anexo 2
Nossas atividades corporais não podem impor, exigir, explorar, mas ne-
cessitam urgentemente despertar as pessoas para vivenciar seus próprios corpos,
ou seja, precisamos desenvolver nos alunos que praticam nossas aulas a leitura
dos signos que estão relacionados à sua prática corporal de movimento: a
intensidade, as sensações, os significados, o prazer, a fadiga, seus limites.
É preciso deixar o corpo chorar, ter medo, amar, sonhar, correr, ouvir
música, sentir o sol, o vento, a chuva, enfim... viver.
O que está em jogo são duas maneiras diferentes de se ver o corpo: num
caso, o corpo que é simples meio e que é treinado para se transformar num
instrumento de luta contra o tempo e o espaço. Num outro, é o corpo reconciliado
com o espaço e o tempo, e que não deseja vencê-los mas apenas usufruí-los.
Adaptação do texto de Rubem Alves, "0 corpo e as palavras", in Heloísa T. Bruhns (org.),
Conversando sobre o corpo. 5. ed. Campinas, Papirus, 1994, pp. 17-42.
Anexo 3
Lazer
Embora sempre tenha existido, o termo 'lazer' surge a partir da era industrial na
cultura ocidental, assumindo vários significados, agregados ou não às práticas
corporais.
Segundo Dumazedier, um dos maiores autores da área, o lazer é com-
preendido como conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode integrar-se de
livre vontade, ou seja, divertir-se, recrear-se e entender-se, ou ainda, para
desenvolver a sua informação ou formação desinteressada, sua participação
voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desemba-raçar-se
das obrigações profissionais, familiares ou sociais. O lazer é entendido como
"cultura - compreendida no seu sentido mais amplo - vivenciada (praticada ou
fruída) no 'tempo disponível'. O importante, como traço definidor, é o caráter
'desinteressado' dessa vivência. Não se busca, pelo menos, fundamentalmente,
outra recompensa além da satisfação provocada pela situação. A 'disponibilidade
de tempo' significa possibilidade de opção pela atividade prática ou
contemplativa".
O lazer, compreendido como uma necessidade e um direito do cidadão,
pode englobar vários conteúdos, entre eles aqueles diretamente relacionados à
cultura corporal. A utilização das atividades de lazer depende da disponibilidade
de tempo e espaço mas, principalmente, da atitude frente às práticas de lazer.
Nas aulas de Educação Física os alunos podem compreender que os es-
Anexo 3
portes e as demais atividades corporais não devem ser privilégio apenas dos
atletas profissionais ou dos indivíduos que podem pagar por uma academia
ou clube. Valorizar as atividades físicas e reivindicar o acesso a centros espor-
tivos e de lazer e a programas de práticas corporais dirigidos à população em
geral é um posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimen-
tos adquiridos nas aulas de Educação Física.
Adaptação de texto de Nelson C. Marcellino,
Lazer e educação, 2. ed. Campinas, Papirus, 1990.
Anexo 4
Problemas
Repetição de conteúdos____________________________________________
Confrontando os objetivos do Ensino Médio com os que vemos no cotidiano da
Educação Física nas escolas, deparamo-nos com uma incongruência. Enquanto as
demais áreas de estudo se dedicam a aprofundar os conhecimentos dos alunos, por
meio de metodologias diversificadas, estudos do meio, exposição de vídeos, apreci-
ação de obras de diversos autores, leitura de textos, solução de problemas, discus-
são de assuntos atuais e concretos, as aulas do "mais atraente" dos componentes
limitam-se aos já conhecidos fundamentos do esporte e jogo.
Turmas heterogéneas______________________________________________
O que fazer no Ensino Médio, uma vez que nossa realidade nos impõe turmas abso-
lutamente heterogéneas, no que concerne aos aspectos motores, afetivos e
cognitivos?
Educação Física como espaço de treinamento esportivo ________________
Os professores de Educação Física tiveram na sua formação experiências e uma ba-
gagem de conhecimentos, alicerçadas, majoritariamente, nos conhecimentos de
ordem técnica (disciplinas esportivas). Esse fato se deu, entre muitas causas, pela
confusão do ambiente esportivo - competitivo - com o escolar, educacional, fruto
de um contexto histórico que quis elevar o país à categoria de nação desenvolvida à
custa de seus sucessos no campo dos esportes. Portanto, como é de se esperar, o
que predomina no Ensino Médio é a ideia de que a aula de Educação Física é um
espaço para treinamento e aperfeiçoamento das habilidades desportivas.
Educação Física optativa no ensino noturno ________________________
A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da popu-
lação escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 3
Anexo 5
Atividade física e saúde são a mesma coisa?
Será que a atividade física sempre esteve associada ao conceito de saúde, bem-
estar e qualidade de vida? Vejamos um pouco esse assunto.
Os corpos de grandes atletas, para a maioria da população, destacam-se
como sinónimos de melhor saúde e, por isso, acabam sendo invejados,
desejados e imitados.
Em busca desses desejos e dessas imitações, as pessoas acabam perdendo
a noção dos seus limites, como, por exemplo, correr em horários impróprios,
realizar exercícios até a exaustão, ingerir substâncias químicas, alimen-tar-se de
forma inadequada, entre outras coisas.
Mas será que os atletas de alto nível, de fato, representam um modelo de
saúde a ser seguido por todos?
Lesões de ombros, joelhos e tendões são constantes na vida dessas pesso-
as que, em virtude da sobrecarga de "atividade física" causada pelos treinos e
pelas repetições diárias, acabam não sendo um modelo adequado de saúde.
Com isso, necessitamos entender que atividade física nem sempre é si-
nónimo de saúde!
Na tabela a seguir podemos observar como a atividade física foi se mo-
dificando, nos últimos cinquenta anos - seus símbolos, objetivos, métodos e
resultados -, em busca de uma melhor saúde.
1950 1970 1980 1999
Atividade Ginástica
Corrida
Academia Caminhada
Símbolo Charles Atlas Kenneth Cooper Arnold Schwarzenegger Kenneth Cooper
Objetivo Criar músculos
Melhorar o desempenho
cardiocirculatório
Músculos desenvolvidos e
bem torneados
Combater o sedentarismo com
uma prática acessível a um
maior número de pessoas
Método Treinamento militar Corridas diárias e longas Musculação e aeróbica
Caminhadas de 30 minutos, 3
vezes por semana
Resultado
Especialização para
desenvolver força
muscular. Não visava
outros benefícios.
Beneficiava o coração,
mas causava danos
musculares e ortopédicos
frequentes
0 excesso de carga
continua maltratando
músculos e articulações
Pode não deixar apto para a
prática de esportes, mas cria
pessoas mais saudáveis
Portanto, quando se fala da prática de atividade física em busca de um
estilo de vida saudável, nem sempre o modelo atlético é o mais recomendável
para toda a população.
Nesse sentido, a atividade física regular, moderada e bem orientada parece
atender às necessidades atuais da nossa sociedade, em busca da saúde!
Maurício Cardoso, "Devagar e sempre",
Veja, 24/3/1999, pp. 72-73.
Anexo 5
Atividade física e saúde são a mesma coisa?
Objetivos da aula
1. Problematizar as relações entre atividade física e saúde.
2. Identificar as mudanças do conceito de atividade física ao longo da história.
3. Reconhecer e diferenciar os limites individuais e coletivos relativos à prática da
atividade física.
Sugestões de atividades para o professor
1. Dramatizar, em grupos, os diferentes períodos históricos que caracteriza-
ram/caracterizam a atividade física, de acordo com as tabelas apresentadas.
2. Durante o aquecimento, por exemplo, propor exercícios físicos idênticos
(abdominais, polichinelos, corridas...) em um mesmo intervalo de tempo,
possibilitando a identificação, por parte dos alunos e do professor, dos ritmos e
limites individuais.
3. Solicitar que os alunos façam "entrevistas" com pessoas de diversas faixas
etárias (avós, pais, tios...), buscando verificar os conceitos de atividade física
relacionados à saúde nos diferentes momentos históricos (avós, pais, tios...).
4. Solicitar aos alunos que façam pesquisas em livros, revistas, jornais, filmes...
buscando identificar a variação dos conceitos de atividade física relacionada à
saúde existentes no momento atual.
5. Propor, através de circuito, atividades físicas que caracterizem os quatro
períodos citados pelas tabelas do texto. Exemplo: uma estação seria composta
por exercícios calistênicos, caracterizando o "treinamento militar" (1
9
período);
outra estação seria marcada pelas corridas longas e intensas (2
S
período);
próxima estação, composta por exercícios localizados com pesos (3
9
período);
estação seguinte, caminhadas e exercícios leves, de acordo com o ritmo e
limite individuais (4
e
período).
EDUCAÇÃO FÍSICA
M
ÓDULO
4
E
DUCAÇÃO
F
ÍSICA
:
INCLUSÃO E FORMAÇÃO PLENA
A Educação Física na escola deve buscar a inclusão de todos os alunos e
favorecer formação e informação plenas.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Modulo____________________________________________________________
Repensar a exclusão, a alteridade e os meios de informação utilizados em aula.
Repensar as atividades desenvolvidas em aula, respeitando as diferenças.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar alternativas que valorizem as diferentes linguagens;
trocar experiências como forma de buscar soluções práticas aplicáveis ao cotidiano
escolar;
interpretar as ações do cotidiano escolar que favorecem a exclusão e desfavorecem
a alteridade, a formação e a informação plenas;
utilizar o conhecimento dos pares, dos alunos e/ou da comunidade para enriquecer
a própria atuação profissional.
Conceitos _____________________________________________________________________
Inclusão.
Alteridade.
Formação e informação plenas.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papel pardo, giz de cera.
Bolas, cordas e arcos.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 4 de Educação Física.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1
Distribua folhas de papel aos participantes, com instruções para que registrem
ali algumas preferências pessoais, sem colocar seu nome:
• cor?
praia ou campo?
bomba de chocolate ou empadinha de camarão?
Diga para dobrarem os papéis. Recolha todos e distribua-os em seguida, de
forma aleatória. Avise que se alguém, por acaso, receber a própria folha, deve
pedir para trocar.
Cada pessoa deverá assumir as preferências registradas na folha que recebeu
como se fossem as suas - mesmo que não sejam. Dê instruções para que se for-
mem grupos de acordo com uma das preferências - 'grupo bomba de chocolate',
'grupo praia', e assim por diante. Os participantes irão entrando e saindo dos
grupos, circulando pela sala, prestando atenção à formação dos grupos que con-
têm suas preferências reais, para tentar descobrir quem está com seu papel.
Ao final de algumas rodadas, peça para cada um tentar adivinhar com quem
está seu papel.
Ressalte o fato de que cada um está, na verdade, 'se
colocando no lugar do outro', ao assumir escolhas que não
são necessariamente as suas.
Distribua a seguir o Anexo 1 (páginas 218-220) para lerem e discutirem em
grupos de cinco pessoas.
Após a leitura, oriente a discussão para que os professores identifiquem as im-
plicações do conteúdo principal do texto em sua área de atuação profissional.
Proponha que cada grupo escreva em um cartaz, com giz de cera, a síntese de
suas discussões, para apresentar aos demais. Ao final, pode-se montar um varal.
Atividade 2
Distribua o Anexo 2 (páginas 220-222) e organize a turma em três grupos: A, B
e C. Cada grupo deverá ler um dos três textos do Anexo, discuti-lo e fazer um
resumo escrito.
Atribua um número sequencial a cada participante dos grupos. Terminada a
primeira discussão, oriente a formação de subgrupos de três pessoas, tendo
como critério a numeração atribuída. Por exemplo, o subgrupo 7 será formado
pelos números 7 do grupo A, 7 do grupo B e 7 do grupo C.
Dê um tempo para as discussões dos subgrupos, nos quais cada participante
deverá expor o conteúdo do texto discutido em seu grupo.
Promova uma discussão coletiva, para todos analisarem e registrarem as con-
clusões.
Conceito: inclusão, diversidade e formação do aluno de Ensino Médio.
Competência: reconhecer, na convivência e nas práticas pacíficas, ma-
neiras eficazes de crescimento coletivo, dialogando, refletindo e adotan-
do uma postura democrática sobre os diferentes pontos de vista postos
em debate.
Atividade 3
Organize uma roda, com todos sentados, exceto três dos participantes, que
devem sair da sala.
Explique a brincadeira: em uma viagem imaginária à Lua, cada viajante poderá levar
apenas um objeto de estimação. Cada professor precisará fazer antecipadamente
sua escolha e você dará - ou não - permissão para que leve o objeto escolhido.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Chame de volta os três ausentes e comece a brincadeira (cuja explicação eles
não acompanharam).
À medida que cada participante declarar sua escolha, confirme sempre a auto-
rização, exceto no caso dos três que estavam fora: para eles, recuse sempre a
permissão. Dessa forma, sem entender o que está acontecendo, eles se sentirão
excluídos da brincadeira. Intencionalmente, elogie as escolhas 'certas' e desva-
lorize 'um pouco' os três que não acertam.
Após duas ou três rodadas, interrompa a atividade e peça para os três excluídos
contarem como se sentiram. Leve o grupo todo a relacionar esses sentimentos
com os dos alunos que são excluídos de alguma atividade.
Conceitos: alteridade; exclusão. Competência: reconhecer na
convivência e nas práticas pacíficas maneiras eficazes de crescimento coletivo,
dialogando, refletindo e adotan-do uma postura democrática sobre os diferentes
pontos de vista postos em debate.
Atividade 4
Organize a turma em cinco grupos, que deverão discutir situações de exclusão
observadas em suas aulas de Educação Física, fazendo um registro dos casos.
A exclusão pode ocorrer em consequência de discriminação, por
diferenças de habilidade e capacidade, pela própria atividade
(exclusão total ou parcial), por falta de espaço e material, auto-
exclusão, entre outras.
Em Educação Física, algumas situações em que é frequente ocorrer
exclusão são: jogos como a queimada, nos quais a maioria dos
'queimados' não toca mais a bola; utilização da quadra com apenas
dez (futebol, basquetebol), doze (voleibol) ou catorze (handebol)
alunos, deixando os demais à espera; eleição de um esporte único
pelo professor, com exclusão de quem prefere outra atividade (como
a dança, por exemplo).
Faça uma discussão coletiva e resuma na lousa os relatos de cada grupo, pedin
do para proporem possíveis soluções práticas.
Conceito: exclusão e inclusão.
Competência: participar de atividades em grupos grandes e pequenos,
compreendendo as diferenças individuais e procurando colaborar para
que o grupo possa atingir os objetivos a que se propôs.
Atividade 5 ______________________________________________________
Com a turma dividida em quatro grupos, proponha duas tarefas diferentes.
Dois grupos (A e B) planejarão e registrarão por escrito atividades para os alu-
nos envolvendo a mídia televisiva. Os outros dois grupos (C e D) realizarão a
mesma tarefa, mas utilizando a mídia escrita.
Peça para os grupos A e B se reunirem, discutirem as propostas e apresentá-las
em um cartaz, enquanto os grupos C e D fazem o mesmo.
Promova uma discussão coletiva, com a apresentação de todas as propostas. Em
seguida, distribua o Anexo 3 (páginas 223-226) para leitura individual e comentários
livres.
Leve os professores a analisar e debater o texto, relacionando-o com as ativida-des
que planejaram para os alunos.
Conceitos: formação e informação plenas.
Competência: compreender as diferentes manifestações da cultura corporal,
reconhecendo e valorizando as diferenças de desempenho, linguagem e
expressão.
Atividade 6
Coloque na lousa, ou em um cartaz grande, as frases abaixo. Organize a turma
em dois grupos: um deles deverá se manifestar em defesa de cada enunciado,
enquanto o outro se oporá a ele. Após alguns minutos, troque os papéis: o
grupo que estava defendendo deverá se opor, e vice-versa.
• O aluno de Ensino Médio não necessita de aulas de Educação Física na escola,
porque precisa se concentrar para o vestibular.
• O professor, que é quem entende das práticas da cultura corporal, é quem deve
escolher o conteúdo para os alunos do Ensino Médio.
É praticamente impossível para o professor se colocar no lugar do aluno, pois sua
adolescência já passou há muito tempo.
É impossível motivar o aluno do Ensino Médio para as aulas de Educação Física,
porque as academias e clubes oferecem conteúdos mais diversificados.
Conceito: alteridade e inclusão.
Competência: demonstrar autonomia na elaboração de atividades corporais e
capacidade para discutir e modificar regras, reunindo elementos de várias
manifestações de movimento e estabelecendo uma melhor utilização dos
conhecimentos adquiridos sobre a cultura corporal.
Na discussão de uma proposta de atividades físicas entre os alunos, o professor
adotará a postura de coordenador dos debates, questionando o grupo de forma
a favorecer o aproveitamento de respostas que sejam oriundas de reflexões indi-
viduais e coletivas. Os alunos serão estimulados a explicar suas posições e ações e
essa explicação far-se-á no sentido de atribuir-lhes um significado. Isto permite
ao aluno o questionamento de condutas e valores do grupo e de si próprio.
(PCNEM, p. 163)
Para encerrar, recolha os Anexos.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Todos os textos dos Anexos deste Módulo foram extraídos de: Mauro Betti,
"Educação Física, Esporte e Cidadania", in Revista Brasileira Ciências do
Esporte 20 (2 e 3). 1999, pp. 84-92.
Anexo 1
Cidadania
"Direito a ter direitos". Esta é uma boa definição de cidadania, citada por inúmeros
autores de ciência política, cuja fundamentação podemos encontrar em Arendt
(1987). Segundo Vieira (1997), a partir de trabalho clássico de Marshall, podemos
dividir a cidadania em três instâncias:
1. Direitos de primeira geração. São os direitos civis e individuais
conquistados no século XVIII (direito à vida, à liberdade, à igualdade de
ir e vir etc); e os direitos políticos, que são direitos individuais, mas
exercidos coletivamente (liberdade de associação e reunião,
organização política e sindical, sufrágio universal etc), alcançados no
século XIX. São direitos que embasam o liberalismo clássico.
2. Direitos de segunda geração. Conquistados no século XX, a partir de
lutas do movimento operário-sindical, são direitos sociais e económicos,
basicamente os que garantem o acesso aos meios de vida e bem-estar
social, ou seja, trabalho, saúde, aposentadoria, seguro-desemprego etc.
Acrescentamos aqui o direito ao lazer, importante na atual sociedade
urbano-industrial, que guarda relações com a Educação Física/Esporte.
Foram direitos também incorporados pelo liberalismo clássico e tornam
reais os direitos formais.
3. Direitos de terceira geração. Reivindicados desde meados do século
XX, são direitos relativos a interesses difusos, já que o titular desses
direitos não é o indivíduo, mas sim povos, nações, co-letividades étnicas
etc; dizem respeito, enfim, a toda a humanidade, como o direito ao meio
ambiente, direito do consumidor, o direito das mulheres, das crianças,
das minorias étnicas etc.
Fala-se já em direitos de quarta geração, relativos à bioética, visando
regular a criação de novas formas de vida pela engenharia genética. Uma
pequena nota de jornal nos dá uma ideia da complexidade do assunto: cientistas
vêm produzindo embriões de rã sem cabeça, e especula-se que a mesma técnica
de clonagem poderia ser empregada para produzir seres humanos sem cérebro,
com a finalidade de utilizar seus órgãos em transplantes.
Anexo 1
Os avanços nas pesquisas de mapeamento genético do ser humano já nos
permitem também especular no campo do esporte: quais seriam os direitos de um
atleta 'fabricado' a partir de manipulão genética, em comparação com atletas
gerados 'naturalmente'?
Mas por que "direito a ter direitos" é uma boa definição? Em nosso
entendimento, é porque supera a polémica sobre quais direitos seriam universais,
e quais seriam históricos, e contextualiza a questão nas democracias ocidentais.
Como lembra Chauí (1995), uma sociedade democrática caracteriza-se por
trabalhar incessantemente suas divisões e diferenças internas, possibilitando a
criação constante de novos direitos e ampliando os direitos já existentes. A
cidadania, nessa perspectiva, define-se como criação de espaços sociais de luta
(movimentos sociais) e definição de instituições para expressão política (partidos,
órgãos públicos), visando a conquista e consolidação de direitos. É a cidadania
ativa, segundo Chauí (1984). Por isso, a existência de uma sociedade
democrática e pluralista pressupõe a educação política de seus cidadãos.
Como exemplo atual de reconhecimento (ou não reconhecimento!) de
direitos na Educação Física Escolar, temos o caso do parágrafo 3
2
do artigo 26 da
lei 9.394 (LDB) que, ao tratar da base nacional comum dos currículos dos ensinos
fundamental e médio, reza: "a educação física, integrada à proposta pedagógica
da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas
etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa aos cursos
noturnos" (Brasil, Congresso Nacional, 1998, p. 12). A princípio, isto nos pareceu
uma grande conquista pois retira da Educação Física aquele caráter de ser algo "a
mais", que se sobrepõe ao currículo, diferenciando-a das demais disciplinas, como
aparecia na legislação anterior e, pelo contrário, afirmando a necessidade de
integração da Educação Física no contexto escolar.
Contudo, era preciso interpretar a expressão "integrada à proposta
pedagógica da escola", e recorrendo às ideias que apresentamos anteriormente,
essa interpretação é política, pois envolve o interesse de diversos grupos. Pois
bem, o que se tem visto é uma interpretação distorcida desse dispositivo em
vários conselhos estaduais de educação, o que tem levado à perda do direito à
Educação Física por parte dos alunos. A "terceirização da Educação Física"
(como é possível "terceirizar" uma relação pedagógica?), a não-obrigatoriedade
da frequência, a aceitação de frequência substitutiva em academias e clubes, e a
drástica redução do número de aulas têm sido algumas das consequências
dessas interpretações, instituindo uma liberalidade abusiva, que, segundo nosso
entendimento, não encontra respaldo na lei, atendendo mais aos interesses de
'enxugamento' do currículo.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Anexo 1
Com esse tipo de interpretação da lei, a expressão "integrada à proposta
pedagógica da escola", presente na redação do artigo 26 da LDB, deixa de
produzir o efeito que parecia mais promissor: alertar para o histórico de
isolamento e discriminação da Educação Física na escola, e estimular a busca e a
consolidação de novos caminhos teórico-metodológicos para sua prática
pedagógica. [...]
[Portanto,] o que podemos concluir é que o direito à Educação Física não
está conquistado e consolidado nesse novo ordenamento legal, e só será, entre
outros fatores, na dependência da nossa participação ativa no processo de
interpretação e aplicação da lei.
Anexo 2
Texto 1 _____________________________________
Princípio da inclusão
O aluno tem direito à Educação Física não como direito formal, mas como
participação plena. O aluno não pode apenas estar formalmente presente na
escola, mas deve ter acesso pleno a todas as vivências que ela oferece. Nesse
sentido, a Educação Física deve, tanto quanto possível, incluir todos os alunos
aos conteúdos que propõe, adotando para isso estratégias adequadas.
A sociedade está cada vez mais consciente da exclusão que, histori-
camente, tem caracterizado a Educação Física escolar brasileira. Veja-se, por
exemplo, uma matéria em uma revista feminina para adolescentes, que convida
as leitoras a avaliar bem os seus professores de Educação Física e, ao propor
isso, enumera algumas características do que julga ser uma boa Educação Física.
Em um dos itens afirma: "Todos os alunos têm os mesmos direitos,
independentemente do fôlego, da altura ou da agilidade. Sem essa de dividir a
classe entre baixinhas do handebol e altinhas do vôlei. Na escola todo mundo
deve participar de todas as atividades!" (Revista Capricho, 1997, p. 92).
Como isto se manifesta no cotidiano de todo professor? O "campeonato
interclasses", por exemplo, comum em muitas escolas, pode excluir muitos alunos
quando limitado a modalidades esportivas mais tradicionais (futebol, voleibol etc).
Mas se aplicamos as modalidades (atletismo, por exemplo) e incluirmos outras
atividades como dança, pipa, bolinha de gude e jogos da cultura local,
ampliaremos também as possibilidades
Anexo 2
de participação dos alunos, ao abrir espaço para outros interesses, capacidades,
habilidades. Outro exemplo é o da tradicional "queimada"; ao invés da forma que
elimina os "queimados", há inúmeras variações em que, mesmo naquela
condição, o aluno tem oportunidade de participar ativamente e/ou mediante
rodízio: os "queimados" voltam ao campo de jogo. A inclusão é o direito básico do
aluno.
Texto 2
Princípio da alteridade
É preciso considerar o outro (o aluno na escola, o cliente na academia ou o atleta
no clube) numa relação de totalidade, não como um objeto, mas como um sujeito
humano; nas palavras de Bubber (1977), não como um isso, mas como um tu. O
isso pertence ao domínio das coisas: percebo alguma coisa, experimento,
represento, quero ou sinto alguma coisa. O domínio do tu é a relação: com a
natureza e com os homens. "Quem disse tu não possui coisa alguma, não possui
nada. Ele permanece em relação" (p. 5). O eu-isso implica um movimento de
separação que se estabelece na relação como iniciativa sujeito-objeto; o eu-tu é
um movimento de relação que implica o ultrapasse do "sujeito e objeto", como
uma forma intuitiva de captação do outro. Segundo Todorov (1991), há nesse
relacionamento três níveis:
1. axiológico, que envolve um julgamento de valor: o que do outro é bom
ou mau, eu gosto dele ou não, ele me é igual ou inferior;
2. praxiológico: eu me aproximo do outro, adotando seus valores, iden-
tifico-me com ele, ou me distancio do outro, impondo-lhe a minha
própria imagem (o outro tem de ser igual a mim);
3. epistemológico: eu conheço ou ignoro a identidade do outro.
Parafraseando Bubber (1991) e considerando o meu aluno: eu posso
apreendê-lo como uma imagem; posso senti-lo como um movimento; posso
classificá-lo numa espécie e observá-lo como um exemplar; posso dominar tão
radicalmente sua presença e sua forma, que passo a não reconhecer nele senão
a expressão de uma lei; eu posso volatizá-lo, tornando-o um número.
Até aqui ele é um isso (e sabemos bem como a Educação Física, ao longo
da sua história, tem tratado os alunos como "issos" fisiológicos...). Mas se eu
entrar em relação com ele, passa a ser um tu. Todavia, não é necessário
renunciar a nenhum dos modos de consideração anteriores, pois "imagem e
movimento, espécie de exemplares, lei e número estão indissoluvelmente unidos
nessa relação" (p. 8), que é uma totalidade.
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Anexo 2
Em resumo, é preciso gostar do aluno, respeitá-lo, ouvi-lo, conhecê-lo como
ser humano global, como um tu. Só assim superaremos a abordagem do aluno
como um isso fisiológico, abordagem em que todos são iguais e na qual se
instaura não o princípio da alteridade, mas, como quer Ricouer (1991), a
'mesmidade', na qual o 'outro' é antônimo: 'contrário', 'distinto', 'diverso'. Para ele,
a alteridade implica uma dialética entre si e o diverso de si: o outro é constitutivo
do si-mesmo. Em outras palavras, o professor constitui-se em função do aluno, e
vice-versa.
Texto 3
Princípio da formação e da informação plenas
É antigo o discurso da 'formação integral' na Educação e na Educação Física,
mas para atingi-la não basta somar atividades intelectuais às físicas e artísticas, é
preciso integrá-las. As recentes abordagens da Educação Física Escolar têm
esse ponto em comum: propõem a integração entre as dimensões corporal,
cognitiva e afetivo-social, buscando, cada uma a seu modo, com maior ou menor
felicidade, fundamentá-la e operacionalizá-la no processo de ensino e
aprendizagem.
Assim, se falamos em aptidão física, a Educação Física deve propiciar a
instrumentalização teórico-prática (intensidade, duração e frequência do exercício,
noções de fisiologia etc.) que permita aos alunos a autonomia para realizar seus
próprios programas de atividade física.
Pensamos que tal orientação poderia também prevalecer nas academias,
centros esportivos públicos etc. Se falarmos em aprendizagem de esportes, a
mesma coisa. Se o professor quer ensinar basquetebol, é preciso ensinar as
habilidades específicas da modalidade, mas que precisam estar integradas às
dimensões afetiva (é preciso aprender a gostar do basquetebol), cognitiva (por
exemplo, compreender as regras como algo que torna o jogo possível, a
organização e as possibilidades de acesso ao esporte em nosso meio) e social
(aprender a organizar-se em grupos para jogar basquetebol).
Assim, quem sabe, poderemos desenvolver nas crianças e nos jovens as
capacidades necessárias para a reivindicação e o exercício dos direitos de
segunda geração, aqueles, recordamos, que garantem o acesso aos meios de
bem-estar social, em especial o direito ao lazer no campo dos interesses físicos, e
de uma maneira crítica e criativa, não conformista, como diria Marcellino
(1995). Essa poderia ser a contribuição específica da Educação Física para a
construção da cidadania crítica, democrática e participativa.
Anexo 3
Educação, mídia e cidadania
A democratização dos meios de comunicação é uma exigência, ao lado do
pluralismo e da educação política, que se coloca para a sobrevivência da
democracia. Portanto, o direito à informação plena é um novo direito pelo qual
temos que lutar.
Quais as consequências de toda essa parafernália de objetos e infor-
mações? Temos muita informação e poucas chances de utilizá-las; temos muita
informação e pouco significado; temos muita informação fragmentada e pouco
contexto.
Nesse cenário, surge um novo papel para a escola: educar para a mídia, e
educar com a mídia. Para Babin e Kouloumdjian os educadores precisam
compreender a linguagem audiovisual que predomina na cultura jovem, que se
caracteriza pela mixagem entre o som, a palavra e a imagem, e da qual "fala-se
mais do que se escreve, vê-se mais do que se lê, sente-se antes de
compreender" (p. 38)
Essa mixagem é a linguagem que predomina nas novas tecnologias de
comunicação (TV, cinema, videogame etc), e ela proporciona uma experiência
global unificada, que envolve o espectador por inteiro. A mídia, ao contrário de um
livro, por exemplo, age primeiro sobre os sentidos, comove antes de apelar à
razão e, por isso, ela assusta tanto os educadores que pertencem à cultura
letrada. Apenas numa segunda fase é que podemos (ou não!) estabelecer uma
distância crítica e reflexiva em relação às mensagens. À Escola cabe, entendem
Babin e Kouloumdjian, educar para esse "segundo tempo", pois dificilmente se
consegue alcançá-lo espontaneamente, ele exige um processo de educação.
Como a multiplicação dos meios de comunicação não leva a algum aumento
das recepções individuais de mensagens, a Escola deve ser lugar de
reagrupamento e comunicação, para reestruturar, ressignificar as informações da
mídia. Nas palavras de Babin e Kouloumdjian, a Escola deve ser o lugar da "mesa
do saber", não tanto onde se aprendem coisas que se pode aprender sozinho,
mas sobre a qual se coloca junto o que se aprendeu "a fim de ligar, isto é,
completar, relativizar, criticar e confrontar o aprendido com a sociedade e a ação"
(p. 150) - em suma, lugar de conexões.
Por conta disso, pensamos que é um equívoco substituir a Educação Física
no currículo regular por atividades na academia ou no clube, como vem ocorrendo
em muitas escolas particulares, mesmo no ensino médio. Evidentemente, a
Educação Física Escolar não conseguiria, mesmo que quisesse, competir com
academias e clubes sob o ponto de vista de infra-estrutura e diversidade de
atividades. De qualquer modo, essa não seria
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Anexo 3
a sua função, mas sim trazer as experiências vivenciadas pelo aluno para dentro
da escola, a fim de contextualizá-las, quer dizer, completá-las, revitalizá-las,
criticá-las, atendendo assim o princípio da informação e formação plenas.
E como a mídia lida com a cultura corporal de movimento? É fazendo uso
da lógica da espetacularização, na qual qualquer coisa pode ser transformada em
espetáculo, inclusive a morte e a violência - a esse respeito, todos lembramos da
"Guerra no Pacaembu" e da morte de Ayrton Senna. Evidentemente, há um
predomínio do esporte, que está em toda parte, nos outdoors, nas revistas, nos
jornais e até, é claro, na tevê, em todos os géneros: desenhos, propagandas,
seriados, programas de auditório, telejornais, além dos eventos e programas
especificamente esportivos.
É fundamental perceber que, para espetacularizar, a mídia fragmenta e
descontextualiza os fenómenos. Por exemplo, a cada final de semana realizam-se
milhares de partidas de futebol em todo o mundo. Contudo, terão grande
destaque nos noticiários de domingo à noite aquelas em que houve gois
espetaculares, ou cenas de violência, seja de torcedores ou jogadores, induzindo
à falsa conclusão de que o futebol é, ou está se tornando, um esporte violento.
Assistir ao basquetebol da NBA pela televisão é, principalmente, ma-
ravilhar-se com uma série infindável de 'enterradas' espetaculares, editadas a
partir das melhores jogadas. Mesmo as tradicionais transmissões de partidas de
futebol utilizam cada vez mais câmeras, microfones no campo, replay
computadorizado (o 'tira-teima') e outros recursos que propiciam ao telespectador
uma experiência muito diferente de assistir ao vivo, no estádio.
Esse processo criou um novo fenómeno da cultura esportiva contem-
porânea: o esporte telespetáculo, realidade textual autónoma, ou melhor,
relativamente autónoma em face da prática 'real' e do esporte.
Há o discurso hegemónico nessa representação do esporte: falar de esporte
é falar principalmente de competição, vitória, esforço intenso, trabalho
profissional, dinheiro, violência e nacionalismo.
O esporte telespetáculo repercute profundamente na Educação Física,
entendida como prática educacional no sentido lato. As crianças tomam contato
precocemente com o esporte por intermédio da mídia, em especial a televisão,
antes mesmo de experiênciá-lo corporalmente, invertendo a relação histórica
entre jogo e esporte, quer dizer, o esporte formal antecipa-se à vivência lúdica.
Padrões técnicos mais elevados tornam-se referência para crianças e
jovens, o que de um lado forçará a elevação do nível de habilidades, pois as
crianças aprendem por imitação, mas por outro coloca paradoxos: como
Anexo 3
alcançar o nível técnico do esporte profissional nas escolas? Um professor
relatou-me, certa vez, que em sua escola (pública) os aros da tabela de basquete
haviam quebrado de tantos os alunos se pendurarem neles, imitando os astros da
NBA... Há um evidente descompasso entre o nível técnico difundido pelo esporte-
espetáculo da tevê e as reais possibilidades de alunos e professores de escolas o
atingirem.
Outro importante efeito da mídia é tornar informações e temas da cultura
corporal de movimento publicamente partilhadas. O esporte, as ginásticas e
práticas de aptidão física, a dança e as artes marciais tornam-se, cada vez mais,
produtos de consumo (mesmo que apenas como imagens), objeto de
conhecimento e de informações amplamente divulgadas ao grande público.
Jornais, revistas, videogames, rádio e televisão difundem ideias sobre a cultura
corporal de movimento. Há muitas produções dirigidas ao público adolescente e
infantil.
Os alunos tomam contato precocemente com práticas corporais e esportivas
do mundo adulto. Há aulas de ginástica aeróbica pela tevê, médicos dão
entrevistas falando dos benefícios e riscos da atividade física, comentaristas nos
informam sobre táticas e regras nas partidas de futebol, voleibol ou basquete, as
revistas femininas e para adolescentes sugerem exercícios para 'perder barriga',
'levantar o bumbum' etc. Informações nem sempre correias, nem sempre
confiáveis, mas que se sobrepõem pela baixa capacidade crítica da maioria dos
telespectadores e leitores.
Essa elevação na quantidade da informação publicamente partilhada na
área de Educação Física/Esporte a um patamar nunca antes atingido na História
faz ver a função de conhecimento que a mídia possui atual-mente. O que a
Educação Física na Escola precisa fazer é contextualizar, articular essas
informações com outras - enfim, mediante a reflexão crítica, ressignificá-las.
Agora, voltando ao discurso hegemónico da mídia sobre o esporte,
podemos explorar as contradições que, por vezes, nele se evidenciam. Porque,
ao lado do discurso do esforço, olhos e ouvidos atentos podem descobrir
referências a relaxamento, descanso, suavidade e prazer do esporte ou
práticas corporais alternativas; o discurso da busca da vitória a qualquer custo
põe em evidência o doping; a ênfase no esporte como trabalho denuncia a
exploração do atleta profissional; a cobertura sobre violência das torcidas revela a
marginalidade dos jovens envolvidos; a obsessão pelo dinheiro faz emergir a
corrupção; à ética do profissionalismo sobrepõem-se a aventura, o prazer, a
liberdade dos esportes radicais.
As ginásticas alternativas, a caminhada no parque, o passeio de moto pela
trilha na mata ou a asa-delta são chamados de 'esporte' pela mídia, porque ela se
vale do fenómeno da polissemia, presente no dinamismo
EDUCAÇÃO FÍSICA - Módulo 4
Anexo 3
da linguagem. Parafraseando Ricouer (1987), para quem, "porque temos mais
ideias do que palavras para as expressar, é necessário alargar as significações
das que temos para além do seu uso comum" (p. 60), diria que na cultura corporal
de movimento contemporânea temos mais práticas que nomes para dar a elas. A
mídia, então, na sua ânsia de espetacularizar, de 'vender' o produto que o público
conhece, o chama e nos induz a tudo chamar de 'esporte', mesmo quando não há
comparação de desempenho, competição etc. A mídia subverteu os critérios
clássicos da Sociologia do Esporte.
Mas, ora, esse fenómeno também nos coloca, por outro lado, novas
possibilidades para a Educação Física. Devemos, como grupo profissional, propor
à sociedade novos sentidos para a palavra 'esporte' e traçar qualificações
pedagógicas para o esporte infantil, juvenil, escolar, adaptan-do-o a portadores de
necessidades especiais, terceira idade etc. Porque ou fazemos isso, ou outros o
farão por nós.
ARTE
1
E
NSINANDO E APRENDENDO
A
RTE
M
ARIA
H
ELOÍSA
C
ORRÊA DE
T
OLEDO
F
ERRAZ
______________
2
A
RTE E PATRIMÓNIO CULTURAL
L
ILIAN
A
MARAL
____________________________________
3
L
INGUAGENS DA ARTE
I
VETA
M
ARIA
B
ORGES
Á
VILA
F
ERNANDES
___________________
4
G
OSTO CONSTRUÍDO E GOSTO EM CONSTRUÇÃO
H
ELOÍSA
M
ARGARIDO
S
ALES
ARTE
M
ÓDULO
1
E
NSINANDO E APRENDENDO
A
RTE
Conhecer e atuar com a arte, segundo as novas diretrizes do Ensino Médio,
significa efetivar uma proposição de educação escolar criadora, sensível e demo-
crática, no contexto da sociedade brasileira e em suas múltiplas dimensões, sin-
gularidades e desafios.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Debater a fundamentação e o papel da arte na educação escolar e refletir a respeito.
Refletir sobre as relações entre a formação de jovens e adultos, o aprendizado de arte
na escola e o processo de construção da cidadania.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
analisar, interpretar e estabelecer relações entre vários sistemas de representação
e expressão artística - apresentados em textos, imagens e sons e articulados em
conexões verbais, verbo-visuais, audiovisuais e corporais - com os contextos e
experiências pessoais;
• investigar e estabelecer contextualizações históricas, artísticas, estéticas e
socioculturais em relação às práticas vividas em arte;
compreender e saber articular conexões entre a arte e os outros componentes
curriculares;
analisar as linguagens artísticas como manifestações cognitivas sensíveis e
integradoras da identidade e de processos culturais.
Conceitos _____________________________________________________________________
A linguagem da arte.
Leitura da obra artística.
Experiência estética.
Produção artística.
Apreciação de produtos de arte, em suas várias linguagens.
Arte e contexto social.
Arte como produção cultural e histórica.
Atuação profissional.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papéis de vários tipos, cores e tamanhos (kraft, sulfite etc).
Pincéis atómicos (várias cores).
Canetas hidrocor.
1 rolo de fita adesiva dupla face.
Tesoura e cola.
Vídeo do acervo da TV Escola: série "Ensino Legal" - Debates: Programa n. 6, de
11/11/99: A linguagem do mundo.
Televisor, videocassete, gravador de som e retroprojetor.
Se possível, computador conectado à internet, para a Atividade 4.
Revistas e jornais, que serão usados na Atividade 4.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 1 de Arte.
PCNEM.
inâmica de trabalho _____________________________________________________
O encaminhamento proposto para as atividades a seguir oferece apenas sugestões de
trabalho: avalie os passos e os procedimentos e faça as adaptações necessárias. O
importante é vincular as atividades às mais diversas linguagens artísticas, procurando situá-
las em seus âmbitos de apreciação, do fazer, e inseridas em seus contextos.
As propostas de registro dos debates e de sínteses verbais e/ou não-verbais
servem como ponto de partida, sendo imprescindíveis tanto para a sequência dos
encontros quanto, posteriormente, para as trocas entre os integrantes do grupo e os
professores de suas respectivas unidades escolares.
Para dar inicio ao trabalho, proponha aos professores que manifestem
suas expectativas com relação a este Módulo.
Atividade 1
Projete a imagem (ou distribua cópias) da foto das crianças do projeto
Timbalata (Anexo 1, página 235). Dê um tempo para os professores observa
rem e diga para registrarem suas impressões com palavras, frases, desenhos,
sons, gestos etc.
A intenção é orientar a observação e a análise da foto, levando os
professores a fazer discriminações visuais, verbo-visuais e corporais e
buscar referenciais para compreendê-la e refletir sobre seus
significados.
Para ampliar a observação e a reflexão, coloque em discussão os seguintes
pontos:
elementos visuais e simbólicos da imagem;
possíveis sons produzidos na cena fotografada;
impressões despertadas pela participação das crianças no grupo de percussão e ritmo;
comparação com outras apresentações musicais, como bandas da região, por exemplo;
caráter documental e artístico da fotografia;
o significado do 'ver', intermediado pelo olhar do fotógrafo.
Peça para registrarem as principais conclusões.
A partir das observações e dos registros, proponha que, em duplas, reflitam
sobre a seguinte frase de Fernando Pessoa (anote a frase na lousa):
Somente vemos o que o olhar alcança
ARTE - Módulo 1
Promova então um debate a respeito das conclusões que registraram. Vá fazendo um
resumo dos resultados da discussão em cartazes que possam ser acessíveis a todos.
Conceitos: a linguagem da arte; apreciação e leitura de uma imagem.
Competências: analisar, interpretar e estabelecer relações dos vários siste-
mas de representação e expressão artísticas - apresentados em textos, ima-
gens e sons e articulados em conexões verbais, verbo-visuais, audiovisuais e
corporais - com os contextos e experiências pessoais. Dialogar, comentar e
emitir juízos sobre diversas modalidades artísticas e estéticas.
Atividade 2
Projete a imagem (ou distribua cópias) do Anexo 2 (página 236), que reproduz
a instalação Desvio para o vermelho, de Cildo Meireles. Deixe observarem e
comentarem.
Oriente uma leitura informal, permitindo que os professores
deixem fluir percepções, sentimentos, ideias, para depois propor
uma análise mais detalhada da imagem (cores, formas,
dimensões, espaços, ambiente), com discussão das técnicas e
dos materiais empregados.
Organize grupos de até cinco pessoas e dê algum tempo para observarem e
fazerem seus comentários. Peça para cada grupo registrar suas observações e
suas leituras.
Para aprofundar a inter-relação dos participantes com a obra, comente aspectos
da vida do artista e fale de seus trabalhos. Distribua a seguir o Anexo 3 (páginas
236-237) dando um tempo para os grupos lerem a entrevista de Cildo Meireles.
Reapresente a imagem, para que os professores possam reiterar o contato vi-
sual e fazer uma leitura interpretativa - agora munidos de novas informações -
e registrar suas conclusões.
Oriente a observação e a análise da instalação, levando os
professores a procurar referenciais para a compreensão dos
significados da obra, imaginando, refletindo e associando a suas
próprias experiências.
Distribua o Anexo 4 (página 238) para que os professores leiam, alertando para o
fato de que se trata de uma interpretação possível, entre incontáveis outras. Sugi
ra que comparem esse texto com os comentários produzidos pelos grupos. Pro
ponha que registrem suas conclusões da maneira que acharem melhor: em forma
de texto, palavras-chave, desenhos, colagens, pintura, dramatização etc.
Conceitos: apreciação, leitura e interpretação de produtos de arte.
Competência: compreender e usar os sistemas simbólicos das diferen-
tes linguagens como meio de organização cognitiva da realidade, pela
constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Atividade 3 ______________________________________________________
Faça um levantamento das experiências e opiniões dos professores a respeito do
ensino de Arte no Ensino Médio, baseando-se nas atividades anteriores.
Retome a reportagem jornalística transcrita no Anexo 1 e peça para lerem o texto.
Oriente um debate entre os grupos, propondo algumas questões:
Como a arte permite o reconhecimento e a valorização da diver-
sidade pessoal, étnica, social e cultural?
Que manifestações artísticas devem ser trabalhadas na escola?
Por que é importante o aprendizado de arte (música, artes visuais,
teatro, dança) no processo de construção da identidade de crianças
e jovens?
Como o trabalho com a arte pode garantir a formação dos alunos como
cidadãos sensíveis, críticos e comprometidos com a sociedade?
Que recursos são utilizados nas atividades artísticas com os alunos,
considerando o contexto em que se trabalha?
Diga para cada grupo registrar suas conclusões e depois compartilhá-las com os
colegas. Sintetize as respostas em cartazes ou painéis que sejam acessíveis a todos.
Oriente uma discussão coletiva para que seja feita uma síntese geral, tomando por
base o seguinte trecho dos PCNEM:
Como expressão de identidade nacional, a estética da sensibilidade facilitará o reco-
nhecimento e a valorização da diversidade cultural brasileira e das formas de perceber
e expressar a realidade própria dos géneros, das etnias e das muitas regiões e grupos
sociais do Pais. Assim entendida, a estética da sensibilidade é um substrato indispen-
sável para uma pedagogia que se quer brasileira, portadora da riqueza de cores, sons
e sabores deste País, aberta à diversidade dos nossos alunos e professores, mas que
não abdica da responsabilidade de constituir cidadania para um mundo que se
globaliza, e de dar significado universal aos conteúdos da aprendizagem, (p. 76)
Conceitos: produção artística e experiência estética.
Competência: analisar as linguagens artísticas como manifestações sen-
síveis, cognitivas e integradoras da identidade e de processos culturais.
Atividade 4 ____________________________________________________________
Distribua o Anexo 5 (páginas 238-239); peça para os professores lerem o texto,
individualmente, e assinalarem as ideias que remeterem às discussões e conclusões
das atividades anteriores.
Sugira que localizem passagens que deixem claro o papel da arte na vida das
pessoas e na escola, como por exemplo - mobilizar ações de respeito ao património,
desenvolvimento da solidariedade, fortalecimento da auto-estima, abertura de
espaços para os estudantes se expressar e comunicar seus sentimentos, suas ideias
e seus desejos.
Abra um debate coletivo sobre o sentido da arte, orientando com questões do tipo:
O que a arte pode promover na vida das pessoas e na escola?
Como propor e avaliar novas formas de ler, representar e se ex-
pressar, por imagens, sons, gestos, palavras, movimentos, dentro de
perspectivas transformadoras, sensíveis e criativas?
Diante de nosso compromisso como educadores, como se dá nossa
efetiva participação na história da educação escolar e na sociedade?
Essas questões podem servir para desencadear outras, dinamizando o
debate. O importante é estimular a reflexão e o diálogo entre os
professores, para que estabeleçam comparações com as próprias
experiências e manifestem opiniões.
ARTE - Módulo 1
Proponha que pesquisem, em jornais, revistas, rádio, televisão, internet e outros
meios de informação, temas e imagens úteis para enriquecer esse debate.
Oriente a realização de uma síntese das informações e dos debates e a construção
de um painel coletivo. Esse painel poderá ser feito com desenho, colagem, pintura,
técnica mista e textos. Utilizar como suporte papéis de dimensões amplas.
Conceito: arte e contexto social.
Competência: aplicar os recursos expressivos e comunicativos das lin-
guagens artísticas contextualizadas na experiência e na história pessoais.
Atividade 5
Oriente a leitura das páginas 169-171 dos PCNEM. Proponha que formem duplas e
discutam o texto, estabelecendo comparações com suas histórias pessoais -quais
linguagens artísticas foram ensinadas e aprendidas por eles, quais os obje-tivos e
conteúdos trabalhados, aspectos positivos e negativos, avanços, dificuldades,
colaborações etc.
Promova uma discussão coletiva, levando cada um a fazer associações com seu
trabalho pessoal e tomando por referência este trecho dos PCNEM:
Ao compor a área Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na escola média, a
Arte é considerada particularmente pelos aspectos estéticos e comunicacionais.
Por ser um conhecimento humano articulado no âmbito sensivel-cognitivo, por
meio da arte manifestamos significados, sensibilidades, modos de criação e co-
municação sobre o mundo da natureza e da cultura, (p. 171)
Contextualização sociocultural
Proponha que os grupos façam um levantamento dos elementos naturais, cul
turais, artísticos e estéticos da localidade, procurando identificar:
obras de arte (visual, dramática, musical, dança, audiovisual), monumentos, obras
arquitetônicas, urbanísticas, sítios arqueológicos etc;
artistas e suas produções (regionais, nacionais ou internacionais);
instituições culturais e educativas de arte, tais como museus, teatros, casas de cul-
tura, ateliês, conservatórios, centros de pesquisa e exibição de arte;
sites da internet e outros sistemas de informação e divulgação artística.
Diga para fazerem o registro - na lousa, em cartazes ou painéis - das informações
obtidas.
Promova um debate para selecionar a referência cultural ou a informação que
consideraram mais significativa. Discuta a possibilidade de incorporá-la às aulas de
Arte, a projetos escolares e a trabalhos com a comunidade.
Analise as proposições com os grupos, com o apoio deste trecho dos PCNEM:
[...] a concretização e a apreciação de produtos artísticos pelos alunos requer
aprender a trabalhar combinações, reelaborações imaginativas - criativas, intuiti-
vas, estéticas - a partir de diversos elementos da experiência sensível da vida
cotidiana e dos saberes sobre a natureza, a cultura, a história e seus contextos. É
na travessia dessas mútuas e múltiplas influências entre reelaborações imaginati-
vas de arte e experiências com as realidades culturais em que vivem que os ado-
lescentes, jovens e adultos da escola média vão desvelando o sentido cultural da
Arte e de seu conhecimento para suas vidas. (p. 172)
Proponha ainda para discussão o seguinte tema:
Para a efetivação de projetos artísticos dentro da própria escola, ou interligados à
comunidade, não basta a oportunidade expressa pela vontade política, ou a dis-
ponibilidade pessoal dos envolvidos. O desenvolvimento e a realização de projetos
artísticos dependem do conhecimento da arte e da consciência das finalidades das
ações educativas, artísticas e estéticas de seus autores, educadores e alunos.
Conceito: arte como produção cultural e histórica.
Competência: pesquisar as contribuições sociais e culturais disponíveis na
localidade, verificando suas possibilidades artísticas e estéticas e as eventuais
aplicações às atividades escolares.
A arte e a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Exiba o programa A linguagem do mundo (sem os debates). Oriente os
professores para que observem atentamente e registrem suas impressões,
dúvidas, sugestões e críticas, para posterior discussão com os demais parti
cipantes.
Procure avaliar o melhor momento para colocar em debate as
observações dos professores: após a apresentação do vídeo, ou
entrelaçado com ela.
Faça pausas durante a exibição, estimulando os professores a observar, refletir e
registrar:
Os sistemas de código (visual, audiovisual, verbal, verbo-visual, sonoro, corporal
etc).
A linguagem televisiva: qualidade da imagem, som, ritmo, tempo, enquadramentos
da câmera etc.
0 roteiro e a adequação dos assuntos.
A diferença entre apreciar manifestações artísticas ao vivo (teatro, shows, museus,
concertos, cinema, festas populares, vídeos de arte) e seus registros e reproduções.
A relação do vídeo com a vida dos alunos, da escola e dos professores.
A relação dos alunos com os meios de comunicação.
Oriente a discussão em grupos, para que os professores possam comparar seus
registros individuais, identificando pontos em comum ou diferenças. Procure introduzir
outros aspectos de visualidade e meios tecnológicos - videoarte, arte informatizada -
como conhecimentos a serem desenvolvidos na escola de Ensino Médio.
Proponha que os grupos reúnam os resultados de suas discussões, para apresentar
aos colegas. Podem optar por um ou mais dos seguintes recursos: relatório, jornal,
vídeo, registro fotográfico, transparência, sonorização, criação de imagens etc.
Conceitos: linguagem audiovisual; apreciação da arte.
Competência: pesquisar as contribuições sociais e culturais disponíveis na
localidade, verificando suas possibilidades artísticas e estéticas e as
aplicações nas atividades escolares.
ARTE - Módulo 1
Atividade 6
Proponha que os grupos desenvolvam um debate a respeito das representações
dos professores a propósito dos atos de ensinar e aprender arte, enfatizando:
a importância de aprender artes visuais e audiovisuais, música, teatro, dança;
a possibilidade de fazer com que o ensino e a aprendizagem da arte abram caminho
para o fortalecimento e a construção da identidade e da cidadania de jovens e adultos;
a possibilidade de estabelecer relações entre conhecimentos de arte abordados em
uma determinada linguagem artística e outras áreas do conhecimento humano;
a contribuição das especificidades das artes visuais e audiovisuais, da música, do
teatro e da dança para a área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Sugira que façam então propostas de novas situações significativas para ensinar e
aprender arte no Ensino Médio.
Oriente os grupos para que sistematizem a síntese das propostas, apresentan-do-a
em diferentes sistemas de códigos e linguagens - visuais, sonoros, audiovisuais, jogos
dramáticos etc.
Conceito: atuação profissional.
Competência: compreender e saber articular conexões entre a arte e os
outros componentes curriculares.
Atividade 7
Peça para os professores fazerem um registro de seu percurso pessoal neste Módulo.
Isso pode ser feito em um caderno de anotações, com imagens, em um diário de
bordo, um portfólio etc. O importante é analisarem como desenvolveram os trabalhos -
procurando identificar pontos de encontro e desencontro - e os resultados a que
chegaram, confrontando-os com suas expectativas iniciais.
Para encerrar, distribua o Anexo 6 (página 239), com um trecho de uma letra de Lupicínio
Rodrigues, para que leiam e reflitam a respeito. Se achar pertinente, apresente o vídeo Amigo
Lupi, da TV Escola.
Glossário
Cildo Meireles Artista carioca nascido em 1948, participou pela primeira vez de
uma mostra em Brasília, em 1965, e realizou sua primeira exposição individual
no MAM da Bahia, em 1967. Artista de múltiplas linguagens, reconhecido no
Brasil e no exterior, foi um dos pioneiros na criação de instalações artísticas em
nosso país. Entre seus trabalhos, que se caracterizam pela ênfase no
questionamento social e político, a instalação Desvio para o vermelho foi um dos
destaques da 24
â
Bienal de São Paulo.
instalação Produção artística que se organiza por intermédio de diversos meios
e linguagens, explorando uma ideia ou um conceito e compondo ambientes que
o espectador pode percorrer, e aos quais pode se integrar de variadas maneiras.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
A observação atenta de uma
imagem como esta pode
descortinar inúmeras possibilida-
des de leitura e interpretação.
Podemos nos ater às informações
do campo da visualidade e
documentação do cotidiano, ou
reportar-nos às de ordem social,
cultural, artística e educativa.
Projeto usa latas para
combater violência
Em vez de tiros, batidas na lata. Parece
maluca, mas essa troca vem dando certo no
Jardim Ângela. As latas são batidas pelo
Timbalata. um projeto musical que reúne
160 crianças e adolescentes e 80 bailarinas,
as Timbaletes. A música funciona como
aglutinador de um projeto ramificado em
curso gratuito pré-vestibu-lar, aulas de
dança, capoeira, teatro, canto e artesanato.
"A ideia é promover a educação pela
arte e a organização da vida a partir de coi-
sas que a gente gosta: dançar, cantar, batu-
car", resume Israel Nascimento Cruz, 30,
um dos coordenadores da ONG Cio da Ter-
ra, da qual o projeto Timbalata é o filhote
mais visível.
O sucesso da empreitada é impressio-
nante para uma terra devastada como o Jar-
dim Angela. Fundada em março do ano pas-
sado, a ONG já implantou seus cursos em
dez escolas e atinge 1.300 crianças e ado-
lescentes. O nome Timbalata é uma alusão
óbvia ao Timbalada, grupo baiano criado
por Carlinhos Brown em Salvador, que
combina música e preocupações comuni-
tárias. Cruz 'espelhou-se' também no
Olodum e no Funk'n Lata, grupo do morro
da Mangueira, no Rio.
A diferença do Timbalata e seus
congéneres é a ênfase no combate à violên-
cia. Mas o que pode a música contra tiros?
Responde Cruz: "Nossa vontade é aproximar
as pessoas pela música e desarmar os
espíritos pela conversa". [...]
O algo bom a ensinar é a viga-mestra
dos projetos do Cio da Terra. "Sempre achei
que qualquer um. por mais pobre que seja,
sempre tem alguma habilidade para mostrar.
O Cio da Terra valoriza a habilidade dessa
pessoa, seja na música ou na capoeira. Quan-
do ele descobre que é bom em algo. tudo
muda: ele passa a ser um espelho num local
onde quase não há bons exemplos. Nossa
ideia é multiplicar esses espelhos", relata.
[...) "A coisa aqui funciona porqueo
desprezamos a cultura do pessoal, e nunca
deixamos o prazer de lado", diz Cruz.
O som tocado pelo Timbalata é exem-
plo de como a cultura local é prezada. Mis-
tura raps dos Racionais MCs ("Diário de um
Detento" e "Homem na Estrada"), com mú-
sicas de Caetano Veloso ("Tieta") e Olodum
("Revolta 01odum").Cerca de 80% do reper-
tório, porém, é do pessoal do bairro. O suces-
so do Cio da Terra foi tão fulminante que já
conseguiram apoio de duas secretarias do Es-
tado: da Cultura e da Justiça [...].
Folha de S.Paulo, 20/10/1999, p. 3-5.
Cildo Meireles, instalação Desvio para o vermelho 1968/84.
24
a
Bienal de São Paulo.
Anexo 3
Espaços ígneos - entrevista
[...] Cult No momento em que você iniciou sua produção, nos anos 60, o Brasil
era cenário de um importante movimento de arte concretista, herdeiro do
construtivismo russo e europeu. Em São Paulo, o movimento seguiu caminho
ortodoxo. No Rio de Janeiro, no entanto, o neoconcretismo, como foi chamado,
elaborou implicações sociais e políticas. Como o seu trabalho se relaciona com
esse movimento?
Cildo Meireles O neoconcretismo se baseava numa abordagem multissensorial
do objeto de arte. [...] Durante dez anos, até os 19, vivi em Brasília, não estava
próximo dos neoconcretistas. Acompanhava seus trabalhos lendo revistas de arte
e arquitetura. No começo dos anos 70, Oiticica e eu vivemos em Nova York, onde
tínhamos participado da mostra "Information", de arte conceituai, montada no
Museu de Arte Moderna de lá. No Rio, a maioria de meus amigos artistas estava
na faixa dos 20 anos. A vida cultural era intensa. Havia muito intercâmbio entre
artistas plásticos e os que faziam outros tipos de arte. Música, poesia,
performance e cinema tinham a mesma importância que artes plásticas. Foi
quando comecei a ler Jorge Luis Borges, Júlio Cortázar e Bioy Casares. São
escritores importantes em minha formação intelectual.
ARTE - Módulo 1
A
nexo
2
Anexo 3
Cult O que você produziu inicialmente como artista?
CM. Comecei com o desenho, e um dos motivos é que era muito difícil encontrar
materiais no Brasil na época. Eram desenhos figurativos e derivavam de uma exposição
de máscaras e esculturas africanas da coleção da Universidade de Dacar, no Senegal, que
vi na Universidade de Brasília em 1963. Fui influenciado também pelo cinema de
animação da Europa Central. Os desenhos tinham uma preocupação social e perten-
ciam à tradição da nova figuração, que dominou a arte latino-americana no final dos
anos 60. Mas eu precisava formalizar também ideias conceituais. Comecei então a
investigar o que acontece quando você descreve secções de sólidos tridimensionais ou
formas bidimensionais indicando-as, por exemplo, com uma linha interrompida. Eram
trabalhos que rompiam os princípios euclidianos de espaço: Espaços virtuais: Cantos, de
1967/68, Volumes virtuais, de 1968/69, e Ocupações, também feitos entre 1968 e 1969.
Os Espaços virtuais eu terminei por realizar em maquetes de cantos de uma típica sala
doméstica e, por fim, com ambientes escultórios. Os Volumes virtuais eram feitos com
linhas projetadas em paredes e que constituíam perímetros, áreas ou cantos de sólidos.
Ocupações eram construções espaciais, com poucos elementos, sobretudo grandes
telas que cobriam todo o espaço de uma galeria.
Cult Em 1970 seu trabalho sofreu uma guinada radical com Inserções em circuitos
ideológicos: Projeto Coca-Cola. Frases antiimperialistas como "Yankees, go nome" eram
impressas em garrafas de Coca-Cola, que eram repostas em circulação. O projeto
porém foi rapidamente abandonado. Por quê?
CM. Meu objetivo era encontrar uma fórmula que tivesse efeito político, e creio que
Inserções o conseguiu. [...]
Cult Você queria fazer arte ou se engajar em ações políticas?
CM. Eu buscava o sentido duplo desses trabalhos, que podiam abranger duas instân-
cias, dentro e fora de uma definição artístico-histórica do objeto de arte - na verdade,
toda vez que vamos definir arte, nos vemos diante da ambiguidade entre o que é e o que
não é considerado objeto de arte. Inserções em circuitos ideológicos questiona a
natureza do objeto de arte, fazendo o caminho inverso ao que fez Mareei Duchamp
(1887-1968), isto é, Inserções não são objetos industriais que substituem a arte, mas
objetos de arte que se comportam como objetos industriais; além disso, isola e define o
conceito de circuito, valendo-se de um sistema de circulação preexistente, isto é, os
mecanismos capitalistas de distribuição de bens de consumo e informação. Assim, os
textos nas garrafas de Coca-Cola são uma espécie de grafite móvel.
Cult Você começou a criar num momento dramático da história brasileira, o regime mili-
tar de 1964. O recrudescimento do regime, com a promulgação do Ato Institucional n. 5,
coincide com um índice de politização maior de sua obra. Por exemplo, foi em 1970 que
você fez Tiradentes: Totem-monumento ao preso político, em Belo Horizonte. [...]
CM. [...] Tiradentes foi a oportunidade de lidar com a metáfora e o deslocamento do
tema vida e morte como matéria-prima da performance. [...]
Len Berg, "Espaços ígneos", revista Cult, fevereiro de 2000, pp. 32-38.
ARTE - Módulo 1
Anexo 4
A instalação Desvio para o vermelho foi exposta pela primeira vez no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), em 1984. Uma interpretação possível
para essa obra de Cildo Meireles é que ela sintetiza, em sua concepção e forma,
metáforas sobre o período da ditadura militar no Brasil. Na realização desse
trabalho, o autor usa objetos e líquidos que escorrem, todos na cor vermelha,
fazendo conexões entre a arte, as ciências humanas e as da natureza. A
superexposição do observador ao vermelho e o envolvimento que provoca no
espectador é desafiante e marcadamente sensível, conduzindo à busca de novos
sentidos para essa instalação. É uma obra em que Cildo Meireles articula
conhecimentos históricos, sociais, artísticos, estéticos, científicos e tecnológicos,
ressignificando, assim, aquele período de exceção.
Anexo 5
Salas de aula
devem ser usadas para
convivência
Gilberto Dimenstein
COLUNISTA DA FOLHA
O Liceu de Artes e Ofício, da
Bahia recolhia parte de sua renda
consertando carteiras escolares,
destruídas pelos alunos. A cada mês,
chegavam à marcenaria caminhões e
mais caminhões com restos de mesas
e cadeiras.
Investindo contra sua própria fon-
te de renda, o Liceu, apoiado pela Se-
cretaria Estadual da Educação, criou
com artistas profissionais uma peça
de teatro para convencer os alunos a
respeitar a escola, ensinar-lhes tam-
bém o valor da coisa pública.
Para montar o espetáculo, eles in-
vestigaram a percepção dos estudantes.
Promoveram oficinas em que os alunos
quebravam as cadeiras e diziam o que
lhes passava pela cabeça.
As frases soltas durante a que-
bradeira desnudavam o ressentimento
com a escola em que falta quase tudo -
de professor a giz, num espaço que re-
força a sensação de marginalidade.
Anexo 5
Mas logo ficaria nítido que os alu-
nos viam nas carteiras um jeito de
descontar os vários ressentimentos,
moldados em diferentes graus de vio-
lência vivida fora da escola - a violência
da falta de lazer, do desemprego, dos
pais separados, muitos viciados em
bebida, da selvageria doméstica, da
droga, dos assaltos.
Dessas oficinas surgiu, em 1995,
"Cuida Bem de Mim ", encenada para
os alunos baianos; para a imensa
maioria deles, era a primeira vez que
iam a um teatro. A cadeira transfor-
mou-se, ali, não na questão central,
como se planejava, mas apenas em um
símbolo, uma síntese.
As plateias acompanham silenciosas
e emocionadas sua própria vida no
palco, rindo, chorando, gritando. Em
pouco tempo começou a diminuir o nú-
mero de carteiras destruídas. A peça fez
o aluno perceber que não seria ali, na
escola, que resolveria seus ressentimen-
tos -justamente a escola deveria ser o
espaço para construção [...].
Folha de 5. Paulo, 27/10/1999, p. 3-9.
Anexo 6
Maestros, músicos, cantores
Gente de todas as cores Façam
este favor pra mim Quem souber
cantar que cante Quem souber
tocar que toque Flauta, trombone
ou clarim Quem puder gritar que
grite Quem tocar apito apite Faça
esse mundo acordar...
Lupicínio Rodrigues. http://www.uol.com.br/Iupicinio/
As questões sobre reconhecimento e representação do meio integram e enri-
quecem os processos de ensino e aprendizagem de Arte. Trazem subsídios para
a conscientização dos indivíduos acerca de suas relações e responsabilidades
com o mundo natural e cultural.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________
Refletir sobre o conceito de meio - natural e cultural - e integrar tal conceito à
própria prática docente.
Organizar as ações educativas, considerando situações e espaços dentro e fora
da escola.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar elementos naturais e histórico-culturais que possam ser comparados e
contextualizados, integrando-os criticamente às práticas artísticas e estéticas;
reconhecer e valorizar a diversidade cultural, bem como o ambiente natural e
construído;
produzir intervenções tanto no âmbito escolar quanto no comunitário.
Conceitos ______________________________________________________________
Meio ambiente (por redundante que seja, essa expressão já está incorporada
em nossa linguagem).
Diversidade cultural.
Percepção.
Representação.
Preservação.
Património.
Iconografia.
Análise estética.
Materiais necessários ____________________________________________________
1 resma de papel sulfite.
Folhas de papel kraft, cartolina ou papel cartão.
Caderno ou bloco sem pauta para desenho.
Lápis preto HB (para escrever) e 6B (para desenhar) - 2 caixas de cada.
2 caixas de giz de cera.
Pincel atómico.
Etiquetas adesivas.
2 bastões de cola.
Fita dupla face; fita adesiva; fita crepe.
1 rolo de fio de náilon de espessura média.
Martelo e 1 dúzia de pregos.
Pregadores ou outros objetos apropriados para fixação de fotos.
Máquina fotográfica.
1 filme colorido de 36 poses.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 2 de Arte.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ____________________________________________________
Atividade 1______________________________________________________
Converse com os professores, convidando-os a fazer uma exploração sensível
do ambiente: observar a diversidade ou a ausência de sons, odores, movimen-
tos, texturas, cores, luminosidade, dimensões, temperatura etc. Oriente a ex-
ploração, chamando a atenção para as diversas gamas de percepção: respira-
ção, batimento cardíaco, sutilezas da movimentação do ar, variedade de sons,
luzes, gestos, olhares etc.
Diga para irem anotando tudo em seu caderno - um 'diário de bordo' -, por
meio de desenhos ou textos.
Abra uma discussão pedindo para cada participante descrever suas percepções, a
partir das anotações. Deixe comentarem e trocarem impressões e vá classificando
na lousa os diferentes tipos de percepção - visual, táctil, sonora, olfativa.
Distribua o Anexo 1 (páginas 247-248) e dê um tempo para a leitura individual.
Em seguida, diga para se reunirem em duplas e comentarem o texto, estabele-
cendo relações com a atividade que acabaram de realizar.
Sugira que cada participante procure recordar suas sensações nos diferentes
ambientes em que vive no dia-a-dia e, posteriormente, rememore também am-
bientes da infância.
Retome o trecho do texto "Ambiente sônico" que comenta as características
sonoras em distintos momentos histórico-sociais, levando os participantes a es-
tabelecer relações com as próprias experiências.
Proponha que, em grupos de cinco, os professores elaborem formas de apre-
sentar - em linguagens artísticas livremente escolhidas - a síntese das experiên-
cias perceptivas anteriores.
Se achar conveniente, dê algumas sugestões: uma pequena
coreografia, uma composição sonora, um desenho, um poema,
uma intervenção no próprio espaço por meio de composição
(reorganizando objetos, ou o mobiliário da sala, criando formas),
assim por diante.
Estimule uma discussão coletiva para comentar as formas de apresentação e
comparar as percepções iniciais e as posteriores.
ARTE - Módulo 2
Conceitos: percepção; expressão.
Competências: expressar e comunicar sentimentos e ideias por meio de
linguagens artísticas; utilizar conhecimentos de 'ecologia acústica',
enfocando diversos meios ambientes - com análise, apreciação, reflexão
e posicionamento diante das causas e consequências de variadas paisa-
gens sonoras - e projetando transformações desejáveis e de qualidade
para o coletivo das pessoas; expressar e comunicar sentimentos e ideias
por meio de linguagem artística.
Atividade 2
Proponha aos professores uma atividade externa. Eles irão observar e comparar
atentamente os elementos naturais e culturais (construídos) de seu entorno, a
partir do edifício da escola (muros, calçadas, ruas), prestando atenção às formas
de uso, conservação e preservação dos espaços.
Para orientar a tarefa, ressalte a diversidade dos elementos da
natureza e da arquitetura - cor do céu, formas das nuvens,
umidade do ar, tipos de solo e de piso, variedades e dimensões
das árvores, folhas, troncos, raízes, gravetos, pedras, flores,
arquitetura da escola, fachada, muros, tipos de revestimento,
variedade de cores e texturas, sons, cheiros e movimentos,
forma e dimensão das ruas.
Explique que deverão organizar um inventário detalhado em seu 'diário de
bordo', fazendo as anotações de diversas formas: por exemplo, combinar de-
senho com escrita, decalcar no papel, com giz de cera, a textura de troncos,
folhas, raízes e diferentes tipos de solo ou piso. Diga também para coletarem
material que possa vir a integrar um trabalho artístico posterior, registrando
sua origem e a adequação ao local em que foi encontrado - como no caso do
lixo, sucata etc.
No retorno à sala de aula, proponha aos professores que confrontem suas per-
cepções, a partir da investigação do ambiente interno e externo, recorrendo às
anotações e aos registros realizados.
Promova uma discussão coletiva a respeito da contribuição dos textos lidos, e
dos registros realizados na atividade externa, para a expansão do conceito de
ambiente e para a ampliação da percepção em relação aos espaços.
Sugira que, recorrendo ao inventário feito, os professores troquem experiên-
cias livremente.
Conceitos: observação; meio ambiente.
Competência: identificar elementos da natureza e histórico-culturais que
possam ser comparados e contextualizados, integrando-os criticamente
às práticas artísticas e estéticas.
Atividade 3
Sugira que, em grupos de cinco, os professores utilizem linguagens artísticas
para criar composições coletivas, aproveitando os objetos e outros elementos
recolhidos na atividade anterior. Estimule-os a discutir e expressar o potencial
estético dos elementos coletados, refletindo a relação do homem com o ambiente
natural e construído.
Dê algumas ideias, como por exemplo: poema; música ou criação
sonora; dramatização e improvisos; painel com textos, desenhos e
colagens mesclando elementos naturais (terra, areia, pedrisco, folhas,
sementes) e objetos (sucata, lixo). Os professores também podem
planejar uma instalação - e, se possível, montá-la - articulando
elementos coletados, anotações, desenhos e objetos de uso escolar,
interferindo no ambiente.
Após a apresentação das produções, leve os professores a confrontar percepções de
reconhecimento e representação, questionando a contribuição da linguagem da arte
para discriminar melhor, dar visibilidade e ampliar o significado dos elementos de
valor estético observados na natureza - linhas, formas, volumes, cores,
transparências, opacidades, texturas, sons, cheiros, dimensões, planos etc.
Oriente uma síntese da discussão.
Com base nas produções e nas reflexões, proponha que façam uma apresentação,
na sala ou em um espaço externo.
Conceitos: expressão; representação; diversidade ambiental.
Competências: compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes
linguagens como meio de organização cognitiva da realidade, pela
constituição de significado, expressão, comunicação e informação; comparar;
analisar.
Atividade 4 ____________________________________________________________
Retome a síntese feita na Atividade 3 e organize um painel comparativo das
atividades anteriores. Indague aos professores se houve mudanças em sua per-
cepção do meio natural e cultural questionando-os a respeito da acuidade visual e
sonora, da identificação do potencial estético de elementos da natureza e de sua
interpretação com linguagens artísticas etc.
Distribua o Anexo 2 (páginas 249-250) para os professores lerem, em grupos de três.
Peça para os grupos relacionarem o conteúdo da leitura com os processos e as
atividades desenvolvidos até aqui e com os contextos e as práticas trabalhados em
sala de aula. Para orientar a discussão, sugira alguns tópicos:
formas de estimular os alunos a desenvolver um olhar crítico sobre o meio natural e
o construído;
eventuais transformações que as atividades artísticas podem trazer para o ambiente
e o património escolar;
possíveis repercussões dessas atividades na comunidade;
potencial de articulação da arte com outras áreas do conhecimento.
Copie na lousa, ou escreva em um cartaz, a seguinte passagem dos PCNEM:
Por meio de práticas sensíveis de produção e apreciação artísticas e de reflexões
sobre as mesmas nas aulas de Arte, os alunos podem desenvolver saberes que os
levem a compreender e se envolver com decisões estéticas, apropriando-se, nes-
ARTE - Módulo 2
sa área, de saberes culturais e contextualizados referentes ao conhecer e comu-
nicar arte e seus códigos, (p. 171)
Deixe comentarem livremente e organize em seguida uma rodada de opiniões
a respeito das facilidades e dificuldades, dos ganhos e das perdas decorrentes
da realização dessas práticas sensíveis de investigação e produção fora da sala
de aula.
Conceito: meio natural e sociocultural.
Competência: confrontar opiniões sobre diversos elementos de interes-
se artístico, histórico e cultural, considerando seus contextos.
Atividade 5______________________________________________________
Projete as imagens do Anexo 3 (página 250), ou distribua cópias impressas.
Peça para os professores enquadrarem as imagens em categorias: monumento
arquitetônico, obra de arte, paisagem natural ou paisagem urbana.
A partir dessa categorização, diga para identificarem aspectos do património e
das manifestações culturais locais e comentarem:
como a comunidade se relaciona com essas produções e com o património local;
quais transformações ocorreram ao longo do tempo.
Encaminhe a síntese das discussões e, para estimular a compreensão e os obje-
tivos da atividade de pesquisa, solicite a seguir que reflitam sobre a seguinte
passagem dos PCNEM:
Respeitar e preservar as diferentes manifestações da linguagem utilizadas por
diferentes grupos sociais, em suas esferas de socialização; usufruir do património
nacional e internacional, com suas diferentes visões de mundo; e construir cate-
gorias de diferenciação, apreciação e criação, (p. 130)
Conceitos: património; preservação.
Competências: reconhecer e valorizar a diversidade cultural, bem como
o ambiente natural e construído; contextualizar.
Atividade 6 ______________________________________________________
Encomende antecipadamente aos professores uma pesquisa iconográfica indi-
vidual a respeito do património cultural (natural e construído) do local em que
se situa a comunidade escolar - acidentes geográficos, monumentos, arquite-
tura, museus, publicações, documentos históricos, objetos etc. A investigação
pode recorrer a fotos, filmes, vídeos, documentos, jornais, revistas, cartazes,
sites na internet, cartões-postais, arquivos, bibliotecas, museus, casas de cultu-
ra, igrejas e inclusive aos dados e documentos preservados no meio familiar.
Ajude os professores a organizar o material coletado, classificando-o por afini-
dade temática ou por categorias. Oriente a apresentação a todo o grupo, esti-
mulando os comentários.
Retome o Anexo 3 e encaminhe a comparação dos cartões-postais com os do-
cumentos coletados na localidade, procurando identificar semelhanças e dife-
renças.
Promova um debate a respeito do tema "Cartões postais e seu significado",
orientando a discussão com algumas questões:
Que tipo de imagem costuma ser apresentada em cartões postais?
Existem postais com imagens de nossa localidade? Que imagens?
Essas imagens correspondem ao que escolheríamos para 'falar'
de nossa região? Poderíamos inventar novas imagens?
Para que colecionar postais e imagens, ou seja, qual a impor-
tância dos documentos iconográficos como registro e constitui-
ção de memórias individuais e coletivas?
Para encerrar, promova uma discussão a respeito das facilidades e dificuldades
encontradas para realizar a pesquisa.
Conceito: iconografia.
Competência: identificar elementos naturais e históricos que possam
ser comparados e contextualizados, integrando-os criticamente às práti-
cas artísticas e estéticas.
Sugestão de atividades complementares _____________________________
1. Sugira a montagem de uma exposição do material coletado, na escola ou fora
dela - em uma praça, um centro de convivência ou de cultura etc. Pode ser
feito, por exemplo, um Varal de Fotografia, Postais e Registros, ou um evento
estabelecendo interfaces com outras instituições da cidade.
2. Proponha ainda a simulação de um debate que poderia ser feito na escola de cada
professor, com a participação de toda a comunidade. 0 debate poderia ser regis-
trado em vídeo, incorporar uma dramatização, ou mesmo se transformar em um
programa radiofónico. Na simulação, supor o envolvimento dos demais professo-
res e alunos, bem como de outros profissionais e moradores da comunidade -
arquitetos, músicos, contadores de histórias, artistas, ecologistas, festeiros etc.
Conceitos: preservação; património.
Competências: organizar exposição documental; organizar ações
educativas considerando espaços dentro e fora da escola.
Atividade 7 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 4 (páginas 251-252) para leitura e discussão do Texto 1, em
grupos de até cinco professores. Peça para cada grupo fazer uma síntese de
suas discussões.
Promova um debate em torno da comparação entre o 'ver' e o 'olhar' e da
interpretação que cada participante deu ao texto.
Leve os professores a questionar a maneira pela qual cada um percebe, com um
olhar atento ou superficial, os espaços e objetos à própria volta - casa, sala de
aula, escola, ruas. Como seria possível ampliar essa percepção e desenvolver
uma atitude crítica?
Proponha a leitura, em duplas, do Texto 2 do Anexo 4, que aborda a construção
do património. Desenvolva a seguir uma discussão, procurando estimular nos
professores uma posição mais crítica em relação ao uso, à conservação e à pre-
servação do património cultural.
ARTE - Módulo 2
Mobilize um debate, colocando algumas questões:
Até que ponto as placas de sinalização e a publicidade - em
outdoors, luminosos e faixas -interferem na percepção dos ele-
mentos urbanos e na paisagem natural? Como isso ocorre?
Em nossos trajetos diários, será que temos um olhar, atento ou
superficial, para os elementos da natureza, da arte e da arquite-
tura?
Apresente o trecho dos PCNEM transcrito abaixo, no Fechamento, e procure
orientar a discussão em relação à possibilidade de os professores, a partir de sua
prática, procurarem ampliar a participação e a intervenção da escola na vida
cotidiana de sua comunidade. Ressalte os resultados que podem advir dessa
atitude - conscientização, mobilização e melhoria da qualidade de vida.
Conceito: arte e património cultural.
Competência: analisar, refletir, compreender e produzir intervenções no
âmbito da escola e da comunidade.
As práticas sociais e politicas e as práticas culturais e de comunicação são parte
integrante do exercício cidadão, mas a vida pessoal, o cotidiano e a convivên-
cia e as questões ligadas ao meio ambiente, corpo e saúde também", (p. 94)
Glossário _____________________________________________________________
instalação Intervenção artística no espaço, organização inventiva e não
usual de objetos em um local especialmente escolhido para tal finalidade,
alterando seu uso ou significado, propiciando a estimulação, a integração
e a ampliação dos sentidos e o deslocamento físico do observador.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
O ambiente sônico
Qualquer coisa que se mova, em nosso mundo, vibra o ar. Caso ela se mova de
modo a oscilar mais de 16 vezes por segundo, esse movimento é ouvido como
som. O mundo, então, está cheio de sons. Ouça. Abertamente atento a tudo que
estiver vibrando, ouça. Sente-se em silêncio por um momento e receba os sons.
A classe tinha feito isso por quatro dias seguidos, dez minutos a cada dia,
cadeiras voltadas para a parede, recebendo mensagens sonoras. No quinto dia,
foi-lhes pedido que descrevessem o que tinham ouvido. Àquela altura todos
tinham ouvido um bocado de sons - passos, respiração, movimento de cadeiras,
vozes distantes, uma campainha, um trem etc.
Mas eles estavam descrevendo o que tinham ouvido? Aquilo não era
meramente uma lista de palavras comuns? Todo mundo sabe como é que soa um
passo ou uma tosse, ou uma campainha. Mas a diferença entre meus passos e
os seus, ou a tosse dele e a dela, como deveríamos descrever isso?
Um ou dois tentaram expressar a diferença fazendo desenhos. Não ajudou
muito. Se a nova orquestra é o universo sônico, como diferenciarmos os
instrumentos? Como poderíamos descrever a biografia completa de um passo, de
modo a sabermos que era a história do seu passo e não do meu?
Uma garota decidida foi até uma esquina no sábado e tentou elaborar uma
notação descritiva para os diferentes pés dos passantes. Ela observou e ouviu a
coreografia dos pés e anotou o tamanho do sapato ou bota; a altura de seu passo,
agudo ou grave; o timbre de seu som, metálico, arrastado ou pesado; e o tempo
de seu movimento, desde o ágil tique-taque dos saltos pontiagudos até o abafado
arrastar de pés errantes.
Os sons da orquestra universal são infinitamente variados. Foi pedido a
todos que passassem dez minutos por dia ouvindo em casa, num ônibus, na rua,
numa festa. Foram preparadas listas de sons. Mais listas foram entregues, ainda
não descritivas.
Mas uma coisa descobrimos que podíamos dizer. Os sons ouvidos podiam
ser divididos em sons produzidos pela natureza, por serem humanos e por
engenhocas elétricas ou mecânicas.
Dois alunos catalogaram sons. Será que as pessoas sempre escutaram os
mesmos sons que escutamos hoje?
Para fazer um estudo comparativo, foi pedido a todos que tomassem um
documento histórico e listassem todos os sons ou sons em potencial contidos
nele. Qualquer documentos serviria: uma pintura, um poema, a descrição de um
evento, uma fotografia.
Alguém tomou A batalha entre o Carnaval e a Quaresma de Pieter Brueghel,
O Velho, e nos apresentou os sons de uma paisagem urbana holandesa do
século XVI. Outra pessoa tomou um trecho de um romance de Arnold
ARTE - Módulo 2
Anexo 1
Bennett e nos apresentou os sons de uma cidade industrial do norte da Inglaterra
no século XIX. Outra pessoa tomou uma aldeia indígena norte-america-na, outra,
uma cena bíblica, e assim por diante.
Tínhamos somente amostras aleatórias, naturalmente, mas talvez pu-
déssemos extrair delas algumas conclusões. Por exemplo, descobrimos que a
princípio, quando havia poucas pessoas e elas levavam uma existência pastoril,
os sons da natureza pareciam predominar: ventos, água, aves, animais, trovões.
As pessoas usavam seus ouvidos para decifrar os presságios sonoros da
natureza.
Mais tarde, na paisagem urbana, as vozes das pessoas, seu riso e os sons
de suas atividades artesanais pareceram assumir o primeiro plano. Ainda mais
tarde, depois da Revolução Industrial, os sons mecânicos abafaram tanto os sons
humanos quanto os naturais, com seu onipresente zunido. E Hoje? Eis algumas
de nossas tabelas:
Sons naturais Sons humanos
Sons de utensílios
e de tecnologia
Culturas primitivas 69% 26%
5%
Culturas medieval,
renascentista e pré-
industrial
34% 53% 14%
Culturas pós-
industriais
9% 25%
66%
Hoje 6% 26% 68%
R. Murray Schafer, "A Nova Paisagem Sonora", in O ouvido pensante.
São Paulo, Unesp, 1991, pp. 124-5 e 128.
Anexo 2
Aprendendo a ver
[...] O trabalho nas escolas abrange um amplo raio de interesses. Isso inclui tudo
aquilo que desenvolva um maior grau de conhecimento ambiental; aquilo que
constrói um vocabulário relacionado com experiência estética e de design; aquilo
que encoraja uma resposta ampla para promover um sentido de lugar.
A arte aqui é importante no desenvolvimento do sentido de posse e
identidade em relação ao meio ambiente. Ela é usada como um meio de
intensificar experiências, influenciar a percepção, permitindo aos estudantes que
reflitam sobre a experiência adquirida e possam reprocessá-la para que faça
sentido. Ela também encorajou uma abordagem que enfatiza a crítica, como um
estudo através do qual os estudantes têm sido ajudados a formar julgamentos de
avaliação sobre qualidade e a tentar explicá-los ou justificá-los.
Esse tipo de trabalho envolveu, assim, tanto o uso de uma linguagem visual como
o uso de palavras. Ele mostrou como em alguns casos isto conduz à atividade de
design, onde os estudantes estavam engajados a conceitualizar possibilidades de
mudança, utilizando imaginação e fantasia para criar uma nova realidade.
[...] Os métodos de estudo procuraram responder a duas perguntas: como
podemos ampliar a experiência ambiental dos estudantes? E como podemos
aprofundar sua compreensão do meio ambiente? A arte tem sido usada como um
meio de intensificar experiências, concentrar a atenção, como um meio de
percepção, de análise, de reflexão sobre essas experiências, como meio de
reprocessar essa experiência a fim de entendê-la.
Ela foi usada não apenas para responder o que ali havia, mas para
considerar o que poderia haver, para explorar o significado e o valor e para
envolver os estudantes na criação do significado através da avaliação das
atividades.
A escola propriamente dita age como um poderoso educador através da
linguagem visual, especial e simbólica, que ela emprega e proporciona como uma
fonte significativa para educação ambiental, artes e design.
Poderíamos perguntar: até que ponto o ambiente escolar, tanto em termos
físicos como sociais, destrói as ideias, atitudes e valores que procuramos
promover na aula de artes? Como ampliaremos o interesse por valores estéticos
e qualidade de projeto introduzindo-os no nosso ambiente do dia-a-dia e nas
atividades com ele relacionadas? [...]
Estudos de construção ambiental poderiam ser incluídos em pelo menos
três áreas: não apenas em geografia, mas em arte e design e
ARTE - Módulo 2
Anexo 2
design e tecnologia. Podemos de uma forma útil adotar o conceito do
praticante, onde, através de reflexão sobre nossa atuação e da sua ava-
liação, possamos revisar, definir e redefinir nosso trabalho, depois in-
vestindo essa compreensão em futuros empreendimentos.
De forma igualmente frequente, o desenvolvimento de currículos
requer novos relacionamentos de trabalho, período de experiências, assumir
riscos, questionamento e reavaliação, e implica estar preparado para
trabalhar em favor de e aceitar um inevitável grau de mudança. [...]
Eileen Adams, "Aprendendo a ver",
in Ana Mae Barbosa, Tópicos utópicos. Belo Horizonte, C/Arte, 1998.
(Eileen Adams è arte-educadora e atua na Inglaterra)
Anexo 3
Documentos iconográficos - Património cultural
Reprodução de foto do
Monumento às
Bandeiras, de Victor
Brecheret, São Paulo.
Reprodução de cartão-
postal: Palácio da
Alvorada.
Reprodução de
cartão-postal:
Torre Eiffel.
Reprodução de
cartão-postal:
Foz do Iguaçu.
Anexo 4
Texto 1 ____________________________________
O olhar
[...] O ver, em geral, conota no vidente uma certa discrição e passividade ou, ao
menos, alguma reserva. Nele um olho dócil, quase desatento, parece deslizar
sobre as coisas; e as espelha e registra, reflete e grava. [...]
Com o olhar é diferente. [...] Ele perscruta e investiga, indaga a partir e para
além do visto, e parece originar-se sempre da necessidade de "ver de novo" (ou
ver o novo), como intento de "olhar bem". [...]
O olhar não descansa sobre a paisagem contínua de um espaço in-
teiramente articulado, mas se enreda nos interstícios de extensões descontínuas,
desconcertadas pelo estranhamento. Aqui o olho defronta constantemente limites,
lacunas, divisões e alteridade, conforma-se a um espaço aberto, fragmentado e
lacerado. Assim, trinca e se rompe a superfície lisa e luminosa antes oferecida à
visão, dando lugar a um lusco-fusco de zonas claras e escuras, que se
apresentam e se esquivam à totalização.
E o impulso inquiridor do olho nasce justamente dessa descontinuidade,
deste inacabamento do mundo: o logro das aparências, a magia das perspectivas,
a opacidade das sombras, os enigmas das falhas, enfim, as vacilações das
significações, ou as resistências que encontra a articulação plena da sua
totalidade. [...] Ela, a simples visão, supõe e expõe um campo de significações.
Ele, o olhar - necessitado, inquieto e inquiridor - as deseja e procura, seguindo a
trilha do sentido. O olhar pensa; é a visão feita interrogação.
Adauto Novaes, 0 olhar. São Paulo,
Companhia das Letras, 1988, pp. 348-9.
Texto 2 ____________________________________
Memórias do social
Com o advento da modernidade, e especificamente a partir da Revolução
Francesa, começa-se a coletar o passado. A uma aceleração do tempo histórico
rumo ao futuro corresponderia, paradoxalmente, um interesse em relação ao
passado.
Esse interesse começou como um colecionismo, voltado para o obje-to: a
arte e a arquitetura colocam em ordem os valores do grupo social. Assim como o
indivíduo precisa de memória, a coletividade precisa de uma representação
constante de seu passado. A ideia de um património que reproduza a mentalidade
coletiva se apoia, primeiramente, na monumentalidade: castelos, igrejas, obras de
arte.
ARTE - Módulo 2
Anexo 4
O crivo para seleção do que deveria ser preservado vinha da base política e
histórica com que se procurava entender as ideias e os acontecimentos que
informavam o grupo social; a noção estética - o belo -também se enraizava nessa
base.
Com o tempo, a 'monumentalidade bela' foi cedendo espaço para outros
tipos de seleção patrimonial: prédios industriais, cafés, objetos de uso cotidiano
ou de caráter técnico foram sendo incorporados ao 'teatro de memórias' do grupo
social.
A prática de incorporação patrimonial foi se tornando mais e mais
especializada, mais e mais 'científica'. O património deixava de ser 'em si', e
passava a ser socialmente apropriado.
As táticas de inventário e classificação, bem como o ordenamento da
conservação, passavam a ser objeto de estudo, isto é, a lógica da conservação
patrimonial, com suas normas e seus ideais, passava a ser processada
epistemologicamente.
Esse movimento em direção ao exame crítico da função patrimonial seria,
na visão de Jeudy, indicativo da crescente desmaterialização do património.
A tendência atual seria a coletar 'modos de vida', 'modos de comunicação',
isto é, os valores sociais é que se tornam património. A ideia de conservação é
substituída pela de resgate. A questão do património deixa de ser o objeto e
passa a ser a função social da memória. Em vez de sacramentar, a memória
interroga.
É a própria cultura que vira objeto: ela não está mais na cabeça das
pessoas, mas diante delas. A cultura se exibe. Uma das chaves para a com-
preensão dessa mudança de enfoque é dada pela etnologia. O património não é
apenas o depósito da memória. Ele necessita de uma teatralização. Essa
memória teatralizada é, assim, uma arqueologia social.
A teatralização dos diversos modos de vida, o interesse recíproco dos
grupos sociais por práticas diferentes das suas originais, a escrita de uma
memória coletiva e partilhável, apontam para um olhar etnológico, de respeito às
especificidades e às práticas culturais.
Síntese elaborada pela professora Lilian Amaral,
com base em Henry-Pierre Jeudy, Memórias do social.
Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1990.
ARTE
M
ÓDULO
3 L
INGUAGENS
DA ARTE
As linguagens da arte estão presentes nas manifestações artísticas dos povos que
habitam diferentes espaços da Terra. Utilizar a linguagem musical como fio con-
dutor para conexões com as demais linguagens artísticas, e da arte com outros
componentes curriculares, é uma das contribuições para o trabalho interdisciplinar.
Nosso conhecimento específico da arte e do ensino de Arte é indispensável para
que essas articulações ocorram.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Ampliar o conhecimento a respeito das linguagens artísticas e de suas manifestações
em povos de distintos espaços geográficos.
Refletir sobre a própria prática como professor e realimentá-la.
Adquirir conhecimentos a respeito de elementos da linguagem musical.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
articular as linguagens artísticas, relacionando-as com outras áreas do conheci-
mento;
analisar diferentes processos e produtos da arte em seu contexto, como manifesta-
ções socioculturais e históricas;
estabelecer relações com conhecimentos afins de caráter filosófico, histórico, geo-
gráfico, sociológico, antropológico, científico e tecnológico;
reconhecer, analisar e comparar recursos expressivos de linguagens artísticas de
diferentes grupos sociais;
realizar discussões estéticas e críticas sobre as linguagens da arte, bem como sobre
estilos e ritmos musicais.
Conceitos _____________________________________________________________________
Linguagens da arte e seus recursos expressivos.
Pluralidade cultural.
Contextualização.
Interdisciplinaridade.
Estéticas artísticas.
Funções da arte.
Produção artística.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papel pardo, manilha ou kraft.
Pincéis atómicos coloridos.
ARTE - Módulo 3
Papel sulfite, lápis e/ou caneta.
Fita crepe.
Rolo de barbante.
Vídeos da série da TV Escola "Explorando o mundo da música":
n. 1 Som, música e meio ambiente
n. 5 Ritmo
Retroprojetor.
Televisão e videocassete.
Lousa e giz.
Anexos do Módulo 3 de Arte.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Orientação geral __________________________________________________
Este Módulo procura explorar, paralelamente, dois saberes necessários ao profes-
sor de Arte: saber 'arte' e saber ser 'professor de arte'. Apresentamos um caminho
e sugerimos algumas opções, mas é inevitável que surjam desdobramentos nos
encontros, desencadeados pelo próprio processo.
Ao planejar seu trabalho, assista quantas vezes for preciso aos trechos su-
geridos dos vídeos da série "Explorando o mundo da música". É importante
conhecer muito bem os programas, fazer várias leituras dos mesmos, observan-
do e registrando as linguagens: musical, visual, cénica, da dança, audiovisual e
verbal.
Adapte a organização do espaço físico da sala: em vez de arrumar as cartei-
ras em fileiras, coloque-as em um grande círculo, interrompido para dar espaço ao
televisor e ao vídeo. Fique atento às acomodações, permitindo que todos se sin-
tam instalados confortavelmente para assistir aos programas.
Atividade 1
Converse com os professores e exiba em seguida as três primeiras partes do
programa Som, música e meio ambiente: "Introdução", "A natureza do som" e
"Os elementos da música" (12 minutos de duração). Avise que todos devem
ficar bem atentos, sem se preocupar em fazer anotações.
Há várias possibilidades de leitura, de apreensão e de
interpretação - leitura sonora, visual, corporal, cénica, de
contextos socioculturais, étnicos, estéticos, filosóficos. A
variedade de culturas que integram a riqueza artística criada
pelo homem exige que todos estejam com olhos, ouvidos e
mentes bem abertos.
Quando terminar a exibição, peça para os professores continuarem em silêncio,
refletindo sobre o que viram. Em seguida, diga para registrarem livremente, em
uma folha de sulfite, palavras, imagens, símbolos, signos, gráficos que emergi-
rem à memória.
Oriente os professores para comentarem o que comunicaram as linguagens
visual, musical, cénica, da dança e verbal presentes no vídeo. Vá fazendo per-
guntas do tipo:
Perceberam a simultaneidade de mensagens e as linguagens pre-
sentes na dança do menino africano?
Identificaram como as linguagens audiovisuais estão concorrentes,
quando a câmera mostra o show no palco e a participação do
público?
Observaram a estética oriental transmitida por várias linguagens por
meio de: cenário; visualidade dos quimonos; sonoridade das cordas
do koto tocado pela instrumentista; sistema musical; movimento
corporal suave e discreto?
Identificaram a natureza física dos sons e os elementos estruturais
básicos da linguagem musical presentes no vídeo?
Organize a sala em grupos de cinco ou seis participantes e oriente o trabalho. Peça
para cada grupo fazer a síntese dos registros individuais da atividade anterior e
escolher uma forma de expressar essa síntese: desenhando com pincéis atómicos
coloridos em uma folha grande de papel (pardo, kraft ou manilha), utilizando
linguagens corporal, sonora ou cénica.
Arrume um local para expor os trabalhos feitos em papel, um lugar em que todos
possam circular, observar e ver. Quanto às atividades que usarem outras linguagens,
procure definir o espaço e o momento da apresentação de acordo com as
características dessa atividade.
Conceitos: linguagens da arte; pluralidade cultural; produção artística,
estéticas musicais e artísticas; elementos da linguagem musical.
Competências: fazer produções artísticas em diferentes linguagens;
conhecer, identificar, reconhecer, analisar e comparar recursos expressivos
das linguagens artísticas de diferentes grupos sociais; trabalhar em equipe.
Atividade 2
0 vídeo exibido anteriormente implica uma grande diversidade de percepções.
Levando isso em conta, volte a apresentá-lo, procurando contribuir para que o
grupo capte melhor a linguagem musical e as conexões com as diversas áreas
do conhecimento. Nessa segunda apresentação, anote na lousa (ou faça um
cartaz, ou uma transparência para uso no retroprojetor) alguns itens para orien
tar as observações:
a. parâmetros dos sons;
b. elementos básicos da linguagem musical;
c. interpretações e improvisações - vocais, instrumentais e de dança;
d. características das estéticas musicais nas manifestações artísticas de povos distintos;
e. áreas do conhecimento e disciplinas com as quais se possa fazer conexões e
relações.
Promova então uma discussão, criando espaço para que todos dêem seus
depoimentos - forneça explicações e esclareça as dúvidas, quando for preciso.
Proponha que, agrupados em duplas, trios ou quartetos, os professores elaborem um
plano para uma aula a ser desenvolvida com alunos do Ensino Médio, explorando os
temas e conceitos abordados neste Módulo 3.
Promova uma conversa coletiva, ou em grupos maiores, para os planos serem
apresentados aos colegas e discutidos.
ARTE - Módulo 3
Conceitos: linguagem musical e linguagens da arte; pluralidade cultu-
ral; produção artística; estéticas musicais e artísticas; elementos da lin-
guagem musical.
Competências: conhecer, reconhecer; distinguir; refletir; analisar; com-
parar.
Atividade 3______________________________________________________
Converse com os professores, preparando-os para assistir ao vídeo Ritmo (26'04"),
programa número 5 da série "Explorando o mundo da música".
Distribua o Anexo 1 (página 259) e dê um tempo para a leitura individual.
Proponha em seguida que cada participante escolha um dos itens e se con-
centre em seu conteúdo, enquanto assiste ao vídeo. Deixe a critério dos pro-
fessores a decisão de fazer ou não anotações durante a exibição.
Quando o programa terminar, sugira que os participantes se reúnam em gru-
pos, de acordo com os itens escolhidos, para trocar informações e refletir a
respeito do que viram.
Peça para um relator de cada grupo expor e comentar brevemente as principais
conclusões ou opiniões.
Proponha a formação de duplas, ou trios, para pesquisar na internet sites rela-
cionados com os assuntos tratados. Peça para exibirem os resultados de sua
busca no próximo encontro - podem montar cartazes com imagens, frases e
desenhos. Os cartazes poderão ser expostos em varal de barbante e/ou afixados
com fita crepe.
Faça um lembrete: os professores precisam registrar os
endereços dos sites e outras orientações úteis para
encontrá-los, como por exemplo as ferramentas usadas na
busca.
Conceitos: linguagens da arte; pluralidade cultural; funções da arte; pro-
dução artística; elementos da linguagem musical; ritmo; performance e
recursos expressivos das linguagens musical e da dança; contextualização;
interdisciplinaridade.
Competências: comparar; distinguir; caracterizar; elencar; analisar;
contextualizar; sintetizar; reconhecer; comparar; discutir; pesquisar.
Atividade 4 ______________________________________________________
Distribua o Anexo 2 (página 260) para leitura e deixe os professores conversa-
rem livremente a respeito da carta de Koellheutter.
Organize um painel para levar os professores a relacionar as conversas e dis-
cussões anteriores com trechos da cartas de Koellheuter ao professor Tanaka
transcrita no Anexo 3 (página 261):
[...] o desenvolvimento imprevisível da tecnologia deve fazer-se acompanhar por
reformas sociais e morais mais amplas e universais, reformas que ficarão incom-
pletas sem o exame crítico dos valores de outras culturas.
Acredito que deveríamos estar prontos, e não receosos, para receber valores de
culturas alheias.
[...] seria erróneo julgar valores de determinada cultura, com os critérios de valor
de uma outra. [...] A discussão de valores de culturas alheias só é possível se
formos capazes de reconhecer e compreender suas leis e qualidades específicas,
independentemente de sua validade em nossa própria cultura.
Conduza as discussões de forma a identificar elementos úteis para planejar e
pôr em prática as atividades - tanto nas aulas de Arte quanto no projeto
educativo da escola. Peça para registrarem as conclusões e, em seguida, pro
mova a socialização e os comentários dos registros feitos.
Conceitos: valores culturais; reformas sociais; pensamento globalizante.
Competências: relacionar; comparar; selecionar; refletir; inter-relacio-J nar
saberes das áreas filosófica, cultural e educacional.
Atividade 5__________________________________________________________________
O Anexo 4 (páginas 261-262) traz um trecho de uma entrevista de Terezinha Rios.
Distribua esse anexo e dê um tempo para os professores fazerem a leitura individual.
Entregue o Anexo 5 (página 262) e diga para também lerem individualmente, grifando
os pontos fundamentais.
A partir dessas leituras, e considerando ainda a contribuição de Koellheutter,
proponha um debate, em grupos, em torno da seguinte questão:
Qual é a função do professor de Arte no Ensino Médio?
Socialize a discussão e escreva a conclusão em um cartaz de papel manilha,
pardo ou kraft, com pincel atómico colorido.
Conceitos: interdisciplinaridade; currículo; grade curricular; apreciação
artística; produção artística; contextualização.
Competências: ler textos filosóficos de modo significativo; exercitar a
capacidade de problematização e resolução de questionamento; analisar;
discutir.
A cabeça da gente é uma só, e as coisas que há e que estão para haver são
demais de muitas, muito maiores, diferentes, e a gente tem de necessitar de
aumentar a cabeça, para o total.
Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro, José Olímpio, 1965, p. 236.
Explore essa citação de Guimarães Rosa para tentar desencadear no grupo um processo de
avaliação. Faça uma roda de conversa e sugira que, pensando nas Finalidades do Módulo, e
em tudo que foi feito até aqui, os professores projetem quais avanços seriam necessários na
próxima etapa.
ARTE - Módulo 3
Consulte também ________________________________________________________
MENUHIN, Yehudi & DAVIS, Curtis W. A música do homem. São Paulo, Martins
Fontes, 1990.
O livro acompanha a evolução da criação musical desde suas origens, a partir de
uma perspectiva histórica e social, em uma caminhada fascinante pelo mundo
maravilhoso do som, do canto, da harmonia e da música instrumental, bem
como pelos lugares mais afastados e surpreendentes da Terra. Apresenta gran-
des compositores do passado e da atualidade: Beethoven, Bach, Purcell, Schubert,
Mozart, Wagner, Presley, Beatles, Rolling Stones, Stravinsky, Glenn Gould, John
Cage etc, chegando à época dos computadores, do pop-rock e do disco.
SOLTI, Georg (org.). O mundo maravilhoso da Música: arte, história, instrumen-
tos, tecnologia. Trad. Luciano Jelen. São Paulo, Melhoramentos, 1997.
Esse livro explora o universo da música, estabelecendo comparações com os acon-
tecimentos no âmbito das artes, das ciências e da história. Apresenta tradições
musicais de várias partes do mundo e inclui sugestões de músicas que devem ser
ouvidas. Contém ainda mais de 250 fotografias e ilustrações coloridas.
Mawaca. CD-Plus, MCD World Music. Brasil, 1997.
Esse CD reproduz sonoridades de vários povos da Terra, sendo que a última
faixa é multimídia, para CD-ROM. Com músicas, cenários, instrumentos musi-
cais e personagens, o CD-ROM tece uma rede de conexões entre povos de dis-
tintos espaços geográficos: África, Brasil, Europa, Japão e Oriente Médio.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Observar e trabalhar com estas questões:
1. Tradicionalmente, em nossa cultura, o ritmo é tido como um elemento das
linguagens musical e da dança, com 'pulsação básica' bastante evidente. Já na
tradição musical japonesa do Shakuhachi, conforme o vídeo Ritmo, isso não
acontece. Discutam esse fato.
2. No mesmo vídeo há uma tela também japonesa. Vocês observaram o ritmo
presente na pintura? Escolham uma obra de arte visual conhecida e conversem
sobre a presença do ritmo nela. Depois, comparem o contraste de ritmos entre ela
e a tela japonesa exibida no vídeo.
3. Relacionem maneiras de dançar com as culturas e contextos geo-socioculturais
aos quais pertencem.
4. As estéticas das visualidades, das roupas, adornos, ambiências e cenários eram
bastante distintas. Ao distingui-las, relacione-as com as características de modo
de vida e meio ambiente dos povos aos quais pertencem.
5. Quais as semelhanças e diferenças entre as performances musicais e as
performances da dança que esse vídeo apresenta?
6. Comparem os recursos expressivos das linguagens musical e da dança, tal como
apresentados no vídeo.
7. Quais são as funções da Arte, se pensarmos nas manifestações artísticas de
diferentes povos?
8. Quais as performances artísticas que mais chamaram a atenção? Quais relações
se pode estabelecer entre elas e as condições socioculturais em que ocorrem?
ARTE- Módulo 3
Anexo 2
Trecho de correspondência entre Koellheutter e Tanaka em
torno das artes oriental e ocidental
Tóquio, 7de abril de 1975.
Frezadoprofessor Tanaka
0 senhor tem razão, sou realmente de opinião de que o exame
crítico dos valores de culturas alienígenas e a aceitação dos
mesmos - na medida em que tenham ou possam ter validade
universal - se tornaram, em nosso tempo, absolutamente
Imprescindíveis. Forque o desenvolvimento Imprevisível da
tecnologia deve fazer-se acompanhar por reformas sociais e
morais mais amplas e universais, reformas que ficarão
Incompletas sem o exame crítico dos valores de outras culturas.
Acredito que deveríamos estar prontos, e não receosos, para
receber valores de culturas alheias. A unidade a que somos
exortados a aspirar requer de nós a compreensão e o
reconhecimento de todos os valores culturais que a humanidade já
criou e continua criando, e nos obriga a integrá-los e compreendê-
los como partes de um todo.
Esta tese, caro professor, de maneira alguma encontra-se
em contradição com a minha constatação de que seria erróneo
julgar valores de determinada cultura, com os critérios de valor
de uma outra. Multo pelo contrário. A discussão de valores de
culturas alheias só é possível se formos capazes de reconhecer e
compreender suas leis e qualidades específicas,
Independentemente de sua validade em nossa própria cultura.
Forque, como já contei em minha última carta, valores culturais
são o produto de uma determinada situação social e só podem ser
compreendidos a partir dela.
Koellheutter
HJ. Koellheutter, in Estética - À procura de um mundo sem "vis-a-vis"-
Reflexões estéticas em torno das artes oriental e ocidental. São Paulo, Novas Metas, 1984, p. 25.
Anexo 3
Trecho de correspondência entre Koellheutter e Tanaka, em
torno das artes oriental e ocidental
[...] Nós, do Ocidente, temos que reaprender o pensar globalizante.
Desde há multo nossos cientistas mais avançados têm nos alertado
para a perda da faculdade do pensamento globalizante, como um
dos fatores que contribuem para privar o homem de uma parte
essencial de sua capacidade cognitiva. Em seu livro Física e
Filosofia, escreve o físico Werner Heisenberg: "a grande contribuição
científica feita pelos japoneses, a partir da última guerra, à física
teórica, pode ser Interpretada como sintoma de certas relações entre
ideias tradicionais do extremo oriente e a substância filosófica da
Teoria Quântica. 0 homem se acostumará talvez mais facilmente ao
conceito quântico da realidade, se não passar pelo pensamento
materialista Ingénuo, ainda vigente na Europa das primeiras décadas
deste século".[...]
Trecho de carta de Koellheutter ao prof. Tanaka, em 11/07/75.
In, H.J. Koellheutter, op. c/f., p. 36.
Anexo 4
Trecho de entrevista com Terezinha Rios
Pode-se concluir que todo professor é professor de moral?
Isto pode parecer complicado, mas o que se quer trazer é a referência a uma
característica fundamental do processo educativo, que é a de transmitir valores no
ensinamento que se faz cotidianamente. Ensinando Português, Matemática,
Geografia, História e Artes, por exemplo, o professor está trazendo e revelando
valores que sustentam sua prática e a da sociedade em que vive.
Afinal, o objetivo é ampliar o conceito de currículo ?
Isso pode ser verdade se chamarmos de currículo a escola em movimento. Na
verdade, o currículo é a vida da escola e necessita ter vigor transformador. Ao
ARTE - Módulo 3
Anexo 4
refletir sobre a organização curricular, tenho pensado no trânsito que é preciso fazer
das grades às redes.
Quando o currículo é reduzido à grade curricular ele imobiliza, aprisiona,
impede o contato com o exterior, fecha a escola. Afinal, grade é uma espécie de
muro e, como os muros, pode proteger, mas corre o risco de isolar.
Uma transformação?
Penso numa transformação que aponte para redes, mais flexíveis do que grades.
Redes tecidas a partir de um objetivo comum, com o trabalho conjunto de edu-
cadores, com o entrelaçamento de todos os saberes, numa prática interdisciplinar.
"Ética, para alargar a consciência".
Entrevista de Terezinha Azeredo Rios, Jornal do MEC.
Brasília, DF, Maio de 1999, p. 10.
Anexo 5
Competências e habilidades a serem desenvolvidas em Arte
Adolescentes, jovens e adultos, na escola média, podem desenvolver competências em
Arte, na medida em que praticam modos de fazer produtos artísticos (experimentando
elaborações inventivas - percepções e imaginações com significado sobre a cultura - ,
expressões sínteses de sentimentos) e maneiras de fazer apreciações e fruições em cada
linguagem da Arte ou em várias possibilidades de articulação. Na medida em que tais
fazeres são acompanhados de reflexões, trocas de ideias, pesquisas e contextualizações
históricas e socioculturais sobre essas práticas, transformam conhecimentos estéticos e
artísticos anteriores em compreensões mais amplas e em prazer de conviver com a arte.
Ao serem expostos de maneira viva, instigante, os conteúdos e métodos traba-
lhados no Ensino Médio podem ajudar os alunos a produzirem e apreciarem as lingua-
gens artísticas e a continuar a aprender arte a vida toda. Ao mesmo tempo, os assun-
tos e as atividades de aprender arte, propostos no Ensino Médio, precisam ser cuida-
dosamente escolhidos, no sentido de possibilitar aos jovens o exercício de colaboração
artística e estética com outras pessoas com as quais convivem, com a sua cultura e
com o património artístico da humanidade.
O intuito do processo de ensino e aprendizagem de Arte é, assim, capacitar os
estudantes a humanizarem-se melhor como cidadãos inteligentes, sensíveis, estéticos,
reflexivos, criativos e responsáveis, no coletívo, por melhores qualidades culturais na
vida dos grupos e das cidades, com ética e respeito pela diversidade. Nesse âmbito,
entre as competências gerais em Arte no Ensino Médio, propomos que os alunos
aprendam, de modo sensível-cognitivo e predominantemente, as competências arro-
ladas neste texto: realizar produções artísticas e compreendê-las; apreciar produtos
de arte e compreendê-los; analisar manifestações artísticas, conhecendo-as e com-
preendendo-as em sua diversidade histórico-cultural.
PCNEM, p. 173.
Nosso gosto, nossas preferências pessoais, interferem em nossa forma de apren-
der e de ensinar Arte na escola. Nosso gosto pessoal tem relação com quem
somos, com nosso ambiente familiar, com nosso grupo de amigos, com a escola
e cursos que fizemos, com nossas expectativas e interesses, com o que vemos da
produção dos artistas e dos comunicadores culturais. Nosso gosto é construído e
está em construção.
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Reconhecer que algumas preferências pessoais fazem parte da construção do próprio
conhecimento em arte e refletir sobre a incorporação dessas preferências à prática
cotidiana de ensino.
Repensar a prática de ensino de Arte.
Refletir sobre aspectos da cultura dos jovens.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
identificar preferências pessoais com os produtos de arte e de comunicação veicu-
lados pela mídia;
recuperar, selecionar e comparar elementos da produção artística veiculada pela
mídia que possam ser utilizados no ensino e no aprendizado de Arte;
criar e apreciar produtos artísticos, em várias linguagens.
Conceitos
Linguagens artísticas.
Linguagens do corpo.
Máscara.
Relação entre linguagens artísticas.
Gosto.
Cultura jovem.
Apreciação e experiência estética.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Uma cópia para cada grupo de cinco ou seis professores das imagens dos Anexos 2,
3, 5 e 6.
Papel sulfite (3 folhas por participante)
Lápis grafite B para todos os participantes.
Canetas hidrocor de várias cores.
Tesouras ou estiletes.
Cola.
ARTE - Módulo 4
Revistas e jornais variados.
Equipamento para fazer cópias xerox, se possível.
Lápis, papel e caneta,
Lousa e giz.
Anexos do Módulo 4 de Arte.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Proponha um exercício focalizado no rosto dos participantes: peça para forma-
rem duplas e se sentarem de preferência no chão, um de frente para o outro.
Cada dupla escolhe um 'iniciador', que será imitado pelo parceiro; durante a
atividade, ambos vão se alternando nesse papel.
Vá dando as instruções, pedindo para os iniciadores realizarem determinados
movimentos (que serão imitados pelos parceiros). Diga, por exemplo, para usa-
rem toda a musculatura facial:
em movimentos simples, mexendo progressivamente a testa, as sobrancelhas, os
olhos, as pálpebras, o nariz, as bochechas, os lábios, os dentes, o queixo, o pesco-
ço, o cabelo etc;
em expressões sonhadoras, melancólicas, tristes, de medo, aterrorizadas, sonolen-
tas, esperançosas, de alegria, de espanto etc;
em caretas e carrancas, marcando as intenções.
Sugira em seguida que, alternando os papéis, cada parceiro 'construa' com
suas mãos uma cara - uma máscara - na face do companheiro. Ele irá modificar
a posição das sobrancelhas, dos lábios, das bochechas etc, e o companheiro
tentará manter por algum tempo a expressão construída.
Terminado o exercício, distribua o Anexo 1 (página 268) e dê um tempo para
todos lerem o texto e, com base nele, discutirem a atividade que realizaram.
Conceitos: a linguagem do corpo; máscara.
Competências: representar; interpretar; comunicar ideias e sentimentos
por meio do gesto e da leitura do gesto.
Atividade 2
Comente com o grupo a maneira pela qual em nosso dia-a-dia somos 'apresen-
tados' a outras pessoas, a personagens ou a personalidades, às vezes pessoal-
mente e outras por meio de representações visuais.
Organize a turma em grupos de quatro ou cinco professores e distribua as có-
pias das imagens do Anexo 2 (páginas 268-269). Oriente a tarefa:
a. observar atentamente as personagens (expressões, possíveis motivações interiores,
contexto, verossimilhança), nas fotos, na ilustração, na colagem e na caricatura,
comparando com as expressões exercitadas na Atividade 1;
b. comparar o tipo de recurso utilizado para produzir a imagem: fotografia, ilustração
com cores, desenho a lápis, desenho a tinta, colagem, elementos da colagem;
c. discutir a apresentação das personagens e a maneira como foi feita;
d. escolher uma imagem e trabalhar sobre ela, modificando-a - com colagem, dese
nho, criação ou modificação do contexto, deslocamento, ocultação ou reorganiza
ção de elementos, reprodução em xerox e reapropriação.
Proponha aos grupos que façam uma exposição dos trabalhos nas paredes da sala.
Oriente uma discussão, dentro de cada grupo, a respeito de:
outras situações em que foram 'apresentados' a pessoas ou personalidades - com
que tipo de recurso visual, e qual a eficácia desse recurso;
meio visual que cada participante prefere para apresentar uma personagem ou uma
personalidade.
Sugira que os grupos escolham duas imagens, dando os motivos de cada opção
e comentando em seguida:
É possível que seus alunos também fizessem essa escolha?
As propostas aos alunos costumam levar em conta a preferência
pessoal deles - o 'gosto jovem'?
Quais os resultados, positivos ou negativos, obtidos em cada
situação?
Conceitos: intervenção; linguagens artísticas; preferências pessoais.
Competências: identificar as preferências pessoais com os produtos de arte
e comunicação veiculados pela mídia; criar produtos artísticos, em várias
linguagens.
Atividade 3
Comente com o grupo o fato de que as fachadas das residências permitem imaginar o
perfil das pessoas que ali vivem. 0 mesmo acontece com instituições e edifícios
públicos. Essa organização arquitetônica e decorativa, que reflete um vínculo do
espaço interior com o espaço público, da rua e da cidade, é registrada por alguns
artistas, como a fotógrafa Ana Mariani.
Distribua cópias da imagem do Anexo 3 (página 269).e do texto do Anexo 4 (página
270). Diga para os professores observarem a foto e discutirem seu contexto, partindo
da leitura do texto de Caetano Veloso. Peça para cada grupo fazer uma síntese por
escrito de suas conclusões.
Passe então algumas tarefas para os grupos:
a. identificar a existência de casas desse tipo em sua própria localidade, ou na locali
dade de seus alunos;
b. opinar a respeito desse tipo de casa;
c. inferir a distribuição dos espaços internos da casa fotografada por Ana Mariani;
d. inferir o jeito de morar e as atividades das pessoas dessa casa;
e. discutir o ponto de vista estético: elementos decorativos, simplificação de elemen
tos arquitetônicos, funcionalidade;
f. refletir sobre a importância das fachadas dos prédios do património histórico cultu
ral de sua localidade;
g. discutir as fachadas de instituições locais (sua escola, por exemplo).
ARTE - Módulo 4
Conceitos: apreciação; julgamento.
Competência: analisar as manifestações de cultura regional como
integradoras da identidade.
Atividade 4 ____________________________________________________________
Proponha aos grupos que:
a. realizem uma intervenção sobre a foto, ou com ela, utilizando colagem, desenho,
reprodução da imagem (xerox), recontextualização, ampliação ou redução, duplica
ção de partes ou elementos, ocultação etc;
b. discutam as novas fachadas obtidas e confrontem com a da foto de Ana Mariani.
Entregue a cada grupo uma cópia da foto do Anexo 5 (página 270) e peça para:
a. comparar o estilo e os aspectos culturais e étnicos das duas fachadas: a da foto de
Ana Mariani e a da cultura Sotho;
b. comparar a intervenção feita pelo grupo na foto com a arquitetura da fachada da
cultura Sotho;
c. discutir as intervenções realizadas e as ideias e os sentimentos despertados ao con
frontar com as culturas populares brasileira e africana.
Peça em seguida para cada grupo discutir:
a. como o professor pode atuar no sentido de incorporar as preferências dos jovens
na escola;
b. a possibilidade de interferir nas preferências dos jovens na escola e as maneiras de
fazê-lo;
c. a possibilidade de, a partir de signos ligados aos estilos e à cultura jovem (guitarra,
boné, logomarcas, conjuntos musicais, internet etc), resgatar e aprofundar aspec
tos ligados às preferências dos alunos.
Encomende uma síntese da discussão, por escrito, em tópicos breves.
Conceito: gosto e preferência pessoais.
Competência: identificar e comparar diferentes linguagens e estilos.
Atividade 5_____________________________________________________________
Comente com os professores o fato de alguns artistas terem construído 'fachadas'
para o Brasil com simplicidade de recursos, humor ou crítica.
Em seguida, entregue aos grupos cópias do Anexo 6 (página 271).
Peça aos participantes para, em grupos de até quatro pessoas, discutirem e redigirem
uma proposta de atividade para os alunos, considerando:
uma das anotações ou sínteses feitas durante as atividades deste Módulo;
uma das competências ou habilidades expostas na página 181 dos PCNEM;
as preferências pessoais de seus alunos.
Sugira que, em cada grupo, se escolha um representante para apresentar e explicar
a atividade proposta e suas relações com o que foi discutido ao longo deste Módulo.
Passe a seguir estas tarefas para os grupos:
a. ler o item 3.1, "A estética da sensibilidade", nas páginas 75-6 dos PCNEM e anotar
os pontos fundamentais, como conceitos e definições;
b. relacionar as atividades realizadas neste Módulo com os pontos levantados no texto
dos PCNEM.
Para finalizar, discuta as possibilidades de mudança no Ensino Médio, tomando
como referência o trecho abaixo do texto dos PCNEM já comentado:
Por esta razão, procura não limitar o lúdico a espaços e tempos exclusivos, mas
integrar diversão, alegria e senso de humor a dimensões de vida muitas vezes
consideradas afetivamente austeras, como a escola [...]. (p. 76)
Conceitos: diversidade; preferências dos jovens.
Competência: analisar as diversas manifestações de arte, refletir sobre elas,
respeitá-las e preservá-las - em suas múltiplas funções, utilizadas por
diferentes grupos sociais, interagindo com o património nacional e
internacional.
Distribua cópias do Anexo 7 (página 272) e leia o texto em voz alta, para todos os participantes
acompanharem.
Anexo 7
Iniciamos este Módulo com a premissa de que nosso gosto e nossas preferências
pessoais interferem em como aprendemos e ensinamos Arte na escola. De fato,
nosso gosto pessoal tem relação com quem somos, com nosso ambiente familiar,
com nosso grupo de amigos, com a escola e cursos que fizemos, com nossas
expectativas e nossos interesses, com o que vemos da produção dos artistas e dos
comunicadores culturais.
A escola é o ambiente privilegiado para exploração dessa paisagem de
interesses diversificados, terreno de vivências e confrontação do amplo espectro
de percepções e sensibilidades que dão forma às culturas que conhecemos.
E é essa a tarefa que nos propomos, como educadores do ensino médio: de
ampliação e consciência de quem somos e de como respondemos às demandas de
nosso cotidiano, atentos ao simples e ao singelo dos pequenos gestos, dos peque-
nos objetos de nosso ambiente pessoal e familiar, de nossos caminhos de todos os
dias, da nossa rua e nossa cidade e, simultaneamente, ligados no dinamismo da
contemporaneidade, em suas múltiplas formas e organizações.
Nosso gosto é construído e está em construção nessa dupla mão de sen-
tidos. A arte aí coopera com a perspectiva das linguagens e a concisão de seus
dispositivos.
Para encerrar, recolha os Anexos.
ARTE - Módulo 4
Anexo 1
O reconhecimento do corpo como origem de um universo pessoal que, por sua
vez, generaliza grande parte dos significados através dos quais experimentamos
o mundo exterior nos faz entender melhor a função que cumprem as expressões
faciais e as posições da cabeça.
O rosto é realmente uma espécie de fachada que atua como sistema
fundamental de transmissão de signos e mensagens do corpo. As expressões
faciais não são senão metáforas das expressões que podem ser, ou têm sido já,
consumadas no corpo. [...] Como consequência, em função de sua capacidade
para abstrair, simplificar e referir a determinadas necessidades, as expressões
faciais, atuando como fachada do corpo, podem ser utilizadas tanto para mostrar
como para dissimular os sentimentos autênticos de uma pessoa.
Kent Bloomer & Charles Moore, Cuerpo, memoria y arquitetura.
Madri, H. Blume, 1979, p. 55.
Anexo 2
Herbert de Souza, o Betinho.
Foto de Oscar Cabral. Veja,
março de 1993.
Cortador de cana. Foto de Paulo Wolfgang. Veja, agosto de 1994.
Anexo 2
Chico Caruso,
caricatura de
personagens de
Chico Anísio. In
Fora Collor. O
fenómeno em
decomposição.
São Paulo,
Globo, 1992.
"Sem bons dentes,
como namorar?".
Colagem para editoria
Pesquisa. São Paulo,
Jornal da USP Divisão de
Editoração e
Jornalismo da
Coordenadoria de
Comunicação Social da
Universidade de São
Paulo, 8 a 14 de maio
de 2000.
Alex Ross & Paul Dini
(argumento e roteiro);
Alex Ross (arte).
Batman. Guerra ao crime.
São Paulo, abril de 2000.
Anexo 3
Ana Mariani,
Fachadas e caatinga
(díptico fotográfico,
série "Nordeste",
detalhe), 1988.
ARTE - Módulo 4
Anexo 4
[...] vendo essas casas reduzidas a sua essência formal em retratos frontais,
sobretudo aquelas que Ana foi encontrar longe da minha microrregião, no
sertão, onde elas exibem mais inspiração e rigor, eu me pergunto qual o
caráter do ensinamento que elas trazem.
O impacto estético que elas produzem em nós sem dúvida confirma e
ultrapassa o sentido de superação da miséria. Os homens que desenvolveram
esse estilo visual numa região tão pobre do Brasil nos fazem ver que há mui-
tos níveis insondados, muitos estágios misteriosos nas relações entre as mas-
sas e o que se convencionou chamar de modernidade.
Caetano Veloso in Faqades: maisons populaires du nordeste.
Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1988.
Anexo 5
Fachada de casa da cultura africana
Sotho. In The African Mural.
Fotographs by Paul Changuion.
Londres, New Holland, 1989.
Anexo 6
Bem baixinho
Gosto dela meio velha assim mesmo Ainda
ontem eu comentei com meu amigo: Ele é meio
velha mas é tão bonita! E ele disse: puxa! É
mesmo!
Ela é assim meio velha mas é tão bonita! E
é uma beleza espontânea, natural Não tem
medo de dizer Que está amando outra vez
E não diz de qualquer jeito, não Num
momento que você está atento Ela
cochicha baixinho e tão pertinho Que
só pode ser você dessa vez
E essa nação é assim mesmo com todo mundo
Grandalhona, meio velha, mas uma musa e tanto E
quando você menos espera ela diz: Estou livre outra
vez!
Letra de Bem baixinho, de Luis Tatit, grupo Rumo, 1982.
http://www.mpbnet.com.br/musicos/luiz.tatit/letras
Emanuel Nassar, Liberdade e
amizade, 1996, tecido.
Ivens Machado, Mapa mudo,
1979, concreto e vidro.
ARTE - Módulo 4
Anexo 7
Preferências pessoais
Iniciamos este Módulo com a premissa de que nosso gosto e nossas preferências
pessoais interferem em como aprendemos e ensinamos Arte na escola. De fato,
nosso gosto pessoal tem relação com quem somos, com nosso ambiente familiar,
com nosso grupo de amigos, com a escola e os cursos que fizemos, com nossas
expectativas e interesses, com o que vemos da produção dos artistas e dos
comunicadores culturais.
A escola é o ambiente privilegiado para a exploração dessa paisagem de
interesses diversificados, terreno de vivências e confrontação do amplo espectro
de percepções e sensibilidades que dão forma às culturas que conhecemos.
E é essa a tarefa que nos propomos, como educadores do Ensino Médio:
de ampliação e consciência de quem somos e de como respondemos às
demandas de nosso cotidiano, atentos ao simples e ao singelo dos pequenos
gestos, dos pequenos objetos de nosso ambiente pessoal e familiar, de nossos
caminhos de todos os dias, da nossa rua e nossa cidade e, simultaneamente,
ligados no dinamismo da contemporaneidade, em suas múltiplas formas e
organizações.
Nosso gosto é construído e está em construção nessa dupla mão de
sentidos. A arte aí coopera com a perspectiva das linguagens e a concisão de
seus dispositivos.
INFORMÁTICA
LUCIANA MARIA ALLAN SALGADO ________________________I
1 0 PAPEL DA INFORMÁTICA NO DIA-A-DIA
2
A
INFORMÁTICA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
3 U
MA FERRAMENTA PARA NOVAS ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM
4
A
INFORMÁTICA NOS PROJETOS EDUCACIONAIS
O Homem está no mundo e com o mundo. Está na realidade e com a realidade,
agindo e refletindo sobre a sua realidade, inserido nela. Estando no mundo,
relaciona-se com ele. Como seres no mundo e com o mundo, o homem e a
mulher estão inseridos no contexto. É das relações com o seu contexto, com a
sua realidade, que o indivíduo dinamiza o seu mundo.
Paulo Freire
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo__________________________________________________________
Refletir sobre o aprimoramento do processo educacional na escola e sobre a
construção da cidadania.
Verificar as possibilidades de utilização da informática no processo de ensino-
aprendizagem.
Sensibilizar os alunos quanto à importância da informática no desenvolvimento de
diversas habilidades; no funcionamento de economias e mercados; no transporte do
trabalho até as pessoas; no incremento da circulação de ideias; na obtenção e no
processamento de informações relacionadas ao dia-a-dia.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
debater e refletir sobre a influência da informática em nosso dia-a-dia: as mudan-
ças nos planos pessoal, social, económico e cultural decorrentes da utilização da
informática, enfatizando a abertura de um novo espaço de comunicação (a internet);
interpretar a informática como um recurso de apoio à escola;
analisar, interpretar e estabelecer relações entre as atividades de nosso cotidiano e a
utilização da informática - as mudanças, a velocidade e o dinamismo da vida em um
mundo globalizado, no qual o tempo e o espaço deixaram de ser fatores limitantes;
estabelecer a interface entre a educação e as tecnologias de informação como fer-
ramenta para a criatividade e o constante aperfeiçoamento.
Conceitos _____________________________________________________________________
Conhecimento.
Informação.
CD-ROM.
Informática.
Internet.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papéis de vários tipos, cores e tamanhos (kraft, sulfite etc).
Pincéis atómicos de várias cores.
Canetas hidrocor.
Guache.
1 rolo de fita adesiva dupla face.
Revistas e jornais.
Tesoura e cola.
Computadores com conexão para a internet (se possível).
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 1 de Informática.
PCNEM.
Se preferir, distribua logo no início do encontro o Anexo 8 (página XX),
com o Glossário, dando uma explicação geral e orientando os
participantes para consultá-lo quando acharem necessário.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________
Atividade 1 ____________________________________________________________
Distribua cópias do Anexo 1 (página 279) e dê um tempo para todos lerem; a seguir,
discuta o texto, salientando a importância de refletir sobre o uso pedagógico da
informática em nosso dia-a-dia.
Entregue cópias do Anexo 2 (páginas 280-282) a grupos de quatro professores. Diga
para observarem e identificarem, em cada site:
a. para que serve;
b. que tipo de informação oferece;
c. que benefícios se pode obter navegando nele.
Se houver computadores ligados à internet, oriente os grupos para
entrar nos sites que constam do Anexo.
Observando as páginas, discuta com o grupo os conceitos de site, frame, link,
hipertexto e endereço (www).
Sugira que os professores procurem imaginar como 'fazer uma pesquisa' com o
auxílio de um computador e sem ele. Prepare um cartaz com um quadro como o do
modelo abaixo, para orientar o trabalho.
Atividade: fazer uma pesquisa
É possível que os professores apontem, como vantagens da
pesquisa pela internet, economia de tempo e dinheiro, segurança,
dados atuais e conforto.
Para finalizar, coloque em discussão as seguintes questões:
Para que você usaria a internet?
Como a internet contribui para a aprendizagem de nossos alunos, ajudando a
construir o conhecimento?
INFORMÁTICA - Módulo 1
Encaminhe uma síntese da discussão e peça para um dos professores registrar as
ideias principais em um cartaz.
Peça para os professores lerem e comentarem livremente estes trechos dos PCNEM:
0 mundo está em constante mutação; barreiras e muros ideológicos, culturais e
comerciais foram e estão sendo derrubados. A globalização se impõe, o mundo se
organiza para fins comerciais em grandes blocos, como Nafta, Mercosul, Comuni-
dade Europeia, Alça etc. Simultaneamente, ocorre um grande desenvolvimento na
área de Telecomunicações, em especial em nosso País, associado a uma grande
curiosidade pelas novas 'mídias' e a uma ansiedade por informação, tornando as
redes, em especial a internet, a grande sensação deste final de milénio e, sem
dúvida, um passaporte obrigatório para a entrada no novo século, (p. 185)
Informática é mais do que um conjunto de micros, é uma realidade que nos
cerca em quase todos os ambientes em que estamos, independentemente da
região, (p. 185)
Conceitos: informática; internet; biblioteca virtual; projetos on-line; homepage; link;
frame. Competências: acessar a internet; selecionar dados; reconhecer o papel da
informática na organização da vida sociocultural e na compreensão
da realidade, relacionando o manuseio do computador a casos reais, seja no mundo do
trabalho ou na vida privada.
Atividade 2 _____________________________________________________________________
Distribua o Anexo 3 (página 283) para leitura individual silenciosa.
Organize os professores em grupos de três ou quatro e distribua cartolinas, revistas,
tesoura e cola, propondo que elaborem um cartaz para ilustrar um dos seguintes
trechos do texto:
"[...] a sociedade vai se tornando mais e mais dependente da rede para troca de
informações e transações comerciais, e milhões de pessoas correm o risco de viver à
parte do ciberespaço, condenadas à categoria dos sem-intemet."
"[...] evitar que o mundo se divida entre os 'computers nerds' e os analfabetos da
informática."
"[...] estimam que em dez anos quem não souber usar o computador ou acessar a
rede terá poucas chances de conseguir um emprego no setor de serviços, [...]"
Proponha um brainstorming (técnica de geração de ideias de modo aleatório) a
respeito do seguinte trecho dos PCNEM:
Ter acesso ou não à informação pode se constituir em elemento de discriminação
na nova sociedade que se organiza, (p. 185)
O processo de brainstorming está descrito minuciosamente no Anexo 4
(página 284). Você pode distribuir cópias do texto, ou explicar o processo de
forma resumida. Talvez valha a pena fazer um 'aquecimento', discutindo em
torno de um exemplo simples, tirado do cotidiano dos professores.
Durante a discussão, peça para um professor fazer a síntese das ideias expostas
em um cartaz. Ao final, faça uma votação para definir as posições que forem
consensuais e registrá-las em um outro quadro. (Guarde o material, que será
utilizado na próxima atividade.)
Proponha ao grupo que relacione a atividade desenvolvida com o seguinte tre
cho dos PCNEM:
Na educação, as mudanças não ocorrem de forma tão rápida quanto na tecnologia,
gerando um distanciamento a ser superado. [...] Ter acesso ou não à informação
pode se constituir em elemento de discriminação na nova sociedade que se orga-
niza. O que já se pode constatar, atualmente, é o distanciamento entre os que
conhecem e desconhecem o funcionamento dos computadores, (p. 185)
Conceitos: brainstorming; capacitação; análise; síntese.
Competências: utilizar as linguagens como meio de expressão, informação e
comunicação em situações intersubjetivas, que exijam graus de
distanciamento e reflexão em relação aos conteúdos e estatutos dos
interlocutores; colocar-se como protagonista no processo de produção e
recepção de informações.
Atividade 3
Distribua os textos dos Anexos 5a, 5b e 5c (páginas 285-287) e peça para cada
grupo, após a leitura, fazer uma síntese das ideias principais dos textos.
Oriente uma discussão para que os grupos socializem suas conclusões e, se os itens
abaixo não tiverem sido lembrados, sugira:
consequências do uso do laboratório de informática como instrumento de marketing;
desconhecimento do potencial da ferramenta;
resistência de alguns professores;
falta de estímulo e capacitação para o emprego da informática.
Retome as ideias geradas anteriormente no brainstorming. Proponha que cada grupo
escolha, entre elas, as que achar mais consistentes - ou mais próximas de sua
realidade -, e proponha ações com o intuito de contribuir para eliminar as causas do
emprego ineficaz da informática na educação. Peça para um professor de cada grupo
fazer um resumo da discussão em um cartaz.
Leve os professores a relacionar as conclusões com este fragmento dos PCNEM:
No momento em que se verifica uma revolução na vida e no trabalho, através do
processo de automação, a escola precisa mudar, não só de conteúdos, mas acei-
tando novos elementos que possibilitem a integração do estudante no mundo
que o circunda, (p. 186)
Conceitos: laboratório de informática; computador; software; internet; e-mail.
Competências: reconhecer os diversos periféricos, o funcionamento da
internet e dos softwares criar estratégias para potencializar o uso dos
computadores na educação.
Atividade 4
Distribua o Anexo 6 (páginas 287-289) para leitura individual. Em seguida peça
para os professores elaborarem, em grupos de três, o roteiro de uma atividade-
relacionada aos conteúdos do Ensino Médio - que utilize recursos tecnológicos
tais como: editor de texto, planilha eletrônica, software de apresentação, internet
para pesquisa, e-mail, software para montagem de homepage etc.
INFORMÁTICA- Módulo 1
Promova um painel, levando cada grupo a apresentar seu roteiro, enquanto os
outros grupos debatem e fazem sugestões.
Conceitos: homepage; softwares de apresentação; pesquisa na web; editores
de textos; planilhas eletrônicas.
Competência: planejar atividade em grupo.
Atividade 5
Entregue cópias da crónica do Anexo 7 (página 290) para leitura individual.
Coloque à disposição dos professores vários materiais: diversos tipos de papel
(inclusive para a confecção de cartazes), pincéis atómicos, canetas, guache, te-
souras, revistas, cola etc.
Peça para cada grupo fazer uma síntese do módulo em torno do tema: "Educação,
informática e vida". Sugira que, em vez de um texto narrativo, utilizem outro tipo de
linguagem - por exemplo, um poema, um desenho, uma dramatização etc.
A presença de uma música de fundo suave pode ajudar a
descontrair o ambiente, estimulando a criatividade.
Conceitos: ética; auto-estima; habilidade; especialização.
Competência: compreender e utilizar os sistemas simbólicos das diferentes
linguagens como meio de organização cognitiva da realidade, pela
constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Só os idiotas acham que a máquina deixa o professor menos importante. É justa-
mente o contrário. Um professor apaixonado pela vida estimula a curiosidade e a
curiosidade é fonte do saber.
Paulo Freire
Distribua o Anexo 8 (páginas 291-295), que contém um glossário de termos ligados à
Informática. Se preferir, entregue esse anexo logo no início das atividades.
Consulte também ______________________________________________________________
NEGROPONTES, Nicholas. A vida digital. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
O livro apresenta um quadro do futuro da computação, discutindo aspectos práticos
que afetam tanto as grandes companhias como a vida de cada um de nós.
SCHAFF, Adam. A sociedade informatizada. São Paulo, Brasiliense, 1992. O pensador
polonês busca respostas e soluções alternativas para os problemas derivados da
revolução da informática. Seu ponto de partida é um conjunto de práticas efetivas
que, nos próximos vinte ou trinta anos, afetaráo todos os homens.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Ministros apresentam a secretários de Educação programa de
informatização no Ensino Médio
O Brasil vai começar a vivenciar nos próximos meses uma verdadeira revolução na área
de informática. Em fevereiro próximo, o presidente Fernando Henrique Cardoso lança,
na cidade de Sinope (MT), o Programa de Informatização das Escolas de Ensino Médio,
a ser financiado pelo Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
(Fust). Serão adquiridos 250 mil computadores para atender a alunos de 12.500
escolas. A expectativa é de dobrar o número de intemautas no País. O Programa prevê
a instalação de uma infra-estrutura adequada, linhas telefónicas de boa velocidade e
equipamentos de informática necessários.
Hoje (25), os secretários estaduais de Educação, reunidos no Ministério da Edu-
cação, receberam um livro com instruções sobre como fazer o convénio para se bene-
ficiar do Programa e preparar as escolas para receberem os equipamentos. Os ministros
Paulo Renato, da Educação, e Pimenta da Veiga, das Comunicações, explicaram aos
secretários detalhes da operação. Ainda este ano, todas as escolas públicas de Ensino
Médio com mais de seiscentos alunos receberão os computadores.
Paulo Renato explicou que o Fust vai priorizar a Educação e que, em todas as
escolas do Ensino Médio, haverá um computador para 25 alunos. Hoje, a média nas
universidades brasileiras é de um computador para cada grupo de vinte alunos, igual à
da Alemanha. Em fevereiro, o Ministério das Comunicações lançará licitação para
adquirir os computadores e instalar as redes da internet. O Ministério da Educação - que
já desenvolve o Programa Nacional de Informática na Educação (Prolnfo) em 3 mil
escolas de ensino fundamental e 240 Núcleos de Tecnologias Educacionais - capacitará
todos os professores e dará suporte técnico.
Os estados e municípios custearão o treinamento dos professores e a adequação
das escolas para que recebam os computadores. "É uma parceria que envolve dois
ministérios, o Governo Federal e todas as secretarias de Educação", assegura o
ministro Paulo Renato. Segundo ele, em dois anos todas as escolas públicas de Ensino
Médio serão atendidas. Mais da metade do Fust (R$ 1 bilhão em dois anos) irá para o
Programa. O Fust recebe 1% de toda a arrecadação das operadoras de
telecomunicações do País - fixas, móveis e de TV a cabo.
Merenda
Os secretários, reunidos hoje com o ministro da Educação, também discutiram assuntos
como Escola Jovem, Projeto Alvorada, Formação de Professores Alfabetizadores,
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Sistema de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) e Merenda Escolar. Segundo a presidente do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), Mónica Messemberg, apenas dez estados
e 2.700 dos 5.507 municípios do País prestaram contas da Merenda Escolar. Esse é um
pré-requisito para que eles se beneficiem do programa este ano. "Este é um bom fórum
para fazermos esta cobrança", explica.
http://www.mec.org.br 25/1/2001 17:04.
INFORMÁTICA - Módulo 1
Anexo 2
A
B
Anexo 2
D
E
F
INFORMÁTICA - Módulo 1
Anexo 2
G
H
Anexo 3
Vêm aí os sem-internet?
Depois dos sem-teto e sem-terra, vêm aí os sem-internet? Pelo menos nos
Estados Unidos, parece que sim. A pesquisa mais recente, divulgada pela
Nielsen, demonstra que entre agosto do ano passado e abril deste ano o acesso
à internet cresceu 50% nos Estados Unidos e no Canadá.
O levantamento demonstra que a rede está virando coisa de classe média.
Entre os veteranos da internet, 55% tinham educação superior e 27%
ganhavam pelo menos US$ 6.500 mensais. Entre os novos usuários, só 39% têm
diploma de faculdade e 17% atingem aquela renda. Trocando em miúdos, o que
começou como coisa dos almofadinhas aos poucos está virando objeto de
consumo da média da população. Esses dados não bastaram para tranquilizar
aqueles que querem a internet para todos.
Segundo eles, a sociedade vai se tornando mais e mais dependente da rede
para troca de informações e transações comerciais, e milhões de pessoas correm
o risco de viver à parte do ciberespaço, condenados à categoria dos sem-internet.
A conclusão é daqueles que têm se esforçado para evitar isso. Gente
envolvida com projetos dedicados a tomar a rede mais acessível.
Em Boston, um grupo batizado de Virtually Wired abriu uma loja no centro
da cidade acreditando que atrairia gente de baixa renda e até mendigos para lidar
com computadores. Viu-se invadido por executivos em horário de almoço,
estudantes desocupados e vendedores das lojas da região.
Um dirigente do projeto tirou uma conclusão óbvia: "Os mendigos têm
outras prioridades. A compra de um computador é o terceiro maior investimento
na vida das pessoas, depois da casa e do carro".
Isso não diminuiu o entusiasmo dos que trabalham para evitar que o mundo
se divida entre os "computer nerdf' e os analfabetos da informática.
O objetivo deles é tornar a internet tão acessível quanto o telefone.
Batalham por investimento público e privado para vencer as barreiras de renda,
raça, idade e local de residência. Uma experiência bem-sucedida acontece na
Califórnia. Numa estação de trens de subúrbio da cidade de Compton foi montado
o Metro Blue Line Tele Village. Ao custo anual de US$ 10, qualquer pessoa pode
frequentá-lo para aprender a lidar com computadores, visitar a internet ou jogar
videogame.
Com um computador razoável custando pelo menos US$ 1.000 com os aces-
sórios básicos, os idealistas da internet sem fronteiras correm contra o tempo.
Estimam que em dez anos quem não souber usar o computador ou acessar
a rede terá poucas chances de conseguir um emprego no setor de serviços, que é
o que mais cresce nos EUA.
Marina Moraes, Folha de São Paulo, 21/8/1996, p. 5-2.
INFORMÁTICA - Módulo 1
Anexo 4
Brainstorming
O brainstorming (em inglês, tempestade cerebral) é a mais conhecida técnica de
geração de ideias. É o desenvolvimento de soluções criativas para os problemas e
são as oportunidades de melhoria apresentadas que determinam o sucesso das
reuniões em equipe. Baseia-se em dois princípios e quatro regras básicas:
Princípios
1. O primeiro princípio é o da suspensão do julgamento, que requer esforço e
treinamento. O objetivo da suspensão do julgamento é permitir a geração de
ideias, sobrepujando a crítica. Só após a geração das ideias consideradas sufi-
cientes é que se fará o julgamento de cada uma.
2. O segundo princípio sugere que quantidade origina qualidade. Quanto mais
ideias, maior a chance de encontrar a solução do problema. Maior será também o
número de conexões e associações a novas ideias e soluções.
Regras
1. Eliminar qualquer crítica, no primeiro momento do processo, para que não haja
inibição nem bloqueios, e ocorra o maior número de ideias.
2. Apresentar as ideias tal qual elas surgem na cabeça, sem rodeios ou elaborações.
As pessoas devem se sentir à vontade, sem medo de dizer bobagens. Ao
contrário, as ideias mais desejadas são as que a princípio parecem disparatadas,
sem sentido. Elas costumam oferecer conexões para outras ideias criativas e até
representar soluções. Mesmo que mais tarde sejam abandonadas, isso não é
importante na hora da colheita das contribuições.
3. No brainstorming, quantidade gera qualidade. Quanto mais ideias aparecerem,
cresce a chance de conseguir, diretamente ou por associação, ideias realmente
boas.
4. Feita a seleção de ideias, as potencialmente boas devem ser aperfeiçoadas.
Nesse processo, costumam surgir outras ideias, mas lembre-se: derrubar uma
ideia é mais fácil que concebê-la. Ideias em geral nascem frágeis, é preciso
reforçá-las para que sejam aceitas.
"Regra de ouro": É proibido criticar
Um brainstorming é conduzido por um coordenador e tem duas fases distintas:
1
§
fase: Geração de ideias - Escrever claramente a questão/objetivo num
quadro. Nesse período, cada pessoa deve ser estimulada e desinibida para ofe-
recer o maior número de ideias. As ideias devem ser anotadas em local visível.
2
a
fase: Agrupamento, crítica e seleção das ideias - Agrupar as ideias similares;
o coordenador define critérios de seleção (votação). São selecionadas as ideias que
atendam aos critérios definidos. Aproximadamente 20% das ideias geradas.
Cosete Ramos, In Pedagogia da qualidade total. São Paulo, Qualitymark, 1998.
Anexo 5a
Ivo viu a uva via internet
Não é animador: [...] o retrato da maioria das escolas de primeiro e segundo graus
que tenta introduzir as novas tecnologias no currículo escolar apenas como mais
uma ferramenta a serviço dos antigos métodos de ensino, sem levar em
consideração o potencial de mudança que trazem embutidos. As novas
tecnologias - e principalmente o computador - entram em cena para reanimar uma
educação já cansada e, segundo Nelson Pretto, "fundamentada apenas no
discurso oral e na escrita, centrada em procedimentos dedutivos e lineares,
praticamente desconhecendo o universo audiovisual que domina o mundo
contemporâneo".
O paradoxo educacional é a supremacia do corpo discente sobre os
docentes no que se refere ao manejo das novas tecnologias. Os professores
tendem a enquadrar as novas técnicas em antigos métodos educacionais: esse é
o principal problema da entrada do computador nas escolas e que, sobreposto
aos demais problemas do quadro educacional - no caso específico brasileiro -,
gera uma distância muito grande entre a contemporaneidade e a educação
moderna ainda praticada nas escolas. A superação do analfabetismo da língua
ainda é um desafio para muitos países como o Brasil e, no entanto, um novo
desafio já se coloca, sem a possibilidade de se esperar a solução do primeiro. É o
analfabetismo tecnológico sobrepondo-se ao analfabetismo escrito.
Clarissa Braga & Lídio Pinho (texto adaptado)
http://www.facom.ufba.br/hipertexto
Anexo 5b
Uma zona de conflitos e muitos interesses
A informática aplicada à Educação tem dimensões mais profundas, que não
aparecem à primeira vista. Não se trata apenas de informatizar a parte admi-
nistrativa da escola (como o controle de notas ou dos registros académicos), ou
de ensinar informática para os jovens (eles aprendem sozinhos, fuçando,
experimentando, testando sua curiosidade, ou quando precisam usar esse ou
aquele software ou jogo).
O problema está em como estimular os jovens a buscar novas formas de
pensar, de procurar e de selecionar informações, de construir seu jeito de
trabalhar com o conhecimento e de reconstruí-lo continuamente, atribuindo-Ihe
novos significados, ditados por seus interesses e necessidades. Como des-
INFORMÁTICA-Módulo 1
Anexo 5b
pertar neles o prazer e as habilidades da escrita; a curiosidade para buscar dados,
trocar informações, atiçar o desejo de enriquecer seu diálogo com o conhecimento
sobre outras culturas e pessoas, de construir peças gráficas, de visitar museus, de
olhar o mundo além das paredes de sua escola, de seu bairro ou de seu País...
Não se trata também de ensinar os velhos conteúdos de forma eletrôni-ca,
por meio de telas iluminadas, animadas e coloridas. Claro que os conteúdos das
Ciências, o raciocínio matemático e os códigos da linguagem não podem ser
substituídos por uma busca frenética de dados contextualizados, estatísticas frias,
gráficos coloridos ou relações virtuais que se estabelecem por meio de uma tela
que pode falsear os problemas que devemos olhar de frente!
Enfrentar essa nova realidade significa ter como perspectiva cidadãos
abertos e conscientes, que saibam tomar decisões e trabalhar em equipe.
Cidadãos que tenham capacidade de aprender a aprender e de utilizar a
tecnologia para a busca, a seleção, a análise e a articulação entre informações e,
dessa forma, construir e reconstruir continuamente os conhecimentos, utilizando-
se de todos os meios disponíveis, em especial dos recursos do computador.
Pessoas que atuem em sua realidade tendo em vista a construção de uma
sociedade mais humana e menos desigual.
Para isso, não basta modernizar o sistema educacional nem adotar novos
programas, métodos e estratégias de ensino - é preciso compreenderdes a
transitoriedade. E mais: é preciso organização política e competência.
Qual o espaço da informática na luta para a transformação da sociedade e
da Educação? O desafio diante do qual os educadores ora se encontram é o de
definir o espaço e a competência do uso do computador para realizar e construir
os grandes objetivos da Educação.
Elizabeth Bianconcini & Fernando José de Almeida,
TV e Informática na Educação.
Série de Estudos "Salto para o Futuro". Brasília: MEC/SEED, 1998, p. 49.
Anexo 5c
Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da
informática na área educacional é a capacitação do professor perante essa nova
realidade educacional. O professor deverá estar capacitado de tal forma que
perceba como deve efetuar a integração da tecnologia com sua proposta de
ensino. Cabe a cada professor descobrir a sua própria forma de utilizá-la
conforme o seu interesse educacional, pois não existe uma forma universal para a
utilização de computadores em sala de aula. O professor deve estar aberto para
as mudanças, principalmente em relação à sua postura; ele precisa aprender a
aprender.
A capacitação do professor deverá envolver uma série de aspectos, tais
como: conhecimento básico em informática, conhecimento pedagógico, elo entre
essas duas áreas, formas de gerenciamento da sala de aula com esses recursos
físicos disponíveis quanto ao 'novo' comportamento dos alunos, que passam a ter
uma atitude ativa nesse processo; bem como é necessária uma revisão das
teorias de aprendizagem, didática, construção do conhecimento,
interdisciplinaridade e forma de abordagem da aprendizagem significativa.
Sanmya Feitosa Tajra, Informática na Educação:
professor na atualidade. São Paulo, Érica, 1998, p. 73.
Anexo 6
Lição de Dante
Por causa da minha dificuldade em dizer não, fui parar na rua 136, no Harlem,
região de Nova York povoada por gangues, traficantes de drogas e desem-
pregados. Naquele dia, literalmente, redescobri o inferno de Dante.
Um tanto a contragosto, aceitei o convite de última hora de amigos do
Instituto de Tecnologias do Aprendizado {Institute for Learning Technologies), da
Universidade de Colúmbia, para ver uma apresentação de adolescentes sobre a
Divina Comédia, de Dante Alighieri.
Pesquisadores daquele instituto (http://www.ilt.columbia.edu/) vinham
trabalhando o poeta florentino com alunos de uma escola do Harlem, chamada
Frederick Douglas Academy, onde o professor é tão importante quanto o policial
encarregado de evitar a violência.
A caminho da apresentação, dia 4 de junho passado, vislumbrei-me,
sentado, disfarçando o mal-estar por assistir a um interminável massacre poético.
Dante para crianças pobres no Harlem? Seria como ver adolescentes de escolas
públicas brasileiras deteriorando o Camões.
INFORMÁTICA - Módulo 1
Anexo 6
Naquele improvável cenário, onde adolescentes desfilam com rádios enor-
mes ouvindo rap em alto volume, bonés ao avesso, falando um inglês incom-
preensível, lixo nas esquinas, prédios abandonados, muros grafitados, redescobri
o encanto do poeta italiano. E experimentei uma das cenas mais marcantes dos
vinte anos em que tenho trabalhado com transmissão de informação.
Aquele dia reafirmou minha crença na necessidade de educarmos nossas
crianças para um novo mundo que já existe, onde as descobertas digitais definem
os limites do saber e do aprender. O debate sobre o papel e a influência das
novas tecnologias percorre salas dos professores, redações de jornais,
departamentos de recursos humanos das empresas, chegando aos formadores
de políticas públicas, obrigados a pensar as chances de sobrevivência das
nações no futuro.
Repensando o inferno
Quando sentei no pequeno auditório da escola do Harlem, logo percebi que veria
algo diferente...
Um grupo de cinco adolescentes se perfilou. Cada um deles escolheu um
trecho da Divina Comédia, dissecando a jornada do ser humano à procura da
purificação para se libertar do pecado. Eles explicaram que visitaríamos as
camadas do céu, do purgatório e do inferno em uma homepage, utilizando os
recursos multimídia da internet.
Os jovens aprenderam a desenhar a homepage, criaram ilustrações em
movimento e, mais importante, aprenderam a pesquisar em bancos de dados
eletrônicos. Para cada segmento do céu, purgatório e inferno, encaixaram um
personagem da realidade americana, explicando os motivos da escolha.
Passearam pela obra e, ao mesmo tempo, discutiram suas próprias experiências,
aprofundando o debate sobre as estruturas de poder na sociedade nor-te-
americana. Luther King, um frequentador do Harlem, teve sua biografia detalhada
antes de entrar no paraíso; assim como um de seus inspiradores no movimento
de não-violência, o indiano Mahatma Gandhi.
Os alunos fizeram uma incursão sobre as camadas do poder em sua
sociedade, assim como Dante fez com a sociedade de seu tempo, dissecando as
principais personagens, ideias, virtudes e pecados.
Algumas figuras eram conhecidas apenas no Harlem, ligadas ao movimento
de recuperação do deteriorado bairro ou à emancipação dos negros.
Depois da apresentação, impressionado, perguntei aos coordenadores
daquele projeto pedagógico como conseguiram entusiasmar adolescentes pobres
pela Divina Comédia, uma das obras mais complexas da literatura?
Sedução da rebeldia
O que poderia haver de comum entre jovens pobres do Harlem no final do século
XX e um poeta italiano do século XIII? A equipe de Mc Clintock mos-
Anexo 6
trou que Dante, como eles, também era rebelde, incompreendido, pressionado.
Por sua rebeldia, foi punido. Condenado à pena de morte por suas posições em
Florença, teve de viver no exílio, marginalizado.
"Fizemos com que cada um deles se sentisse um pouco Dante", explica
Jennifer Hogan, coordenadora do projeto na escola.
A própria Divina Comédia se encaixa com o Harlem, onde, hoje, vários
grupos tentam encontrar ordem no caos, numa espécie de 'purificação do
pecado'. Por causa desses movimentos, os primeiros sinais positivos já são
visíveis no bairro: casas de espetáculos reabrem, explorando a mística do jazz,
empregos são gerados. Projetos são desenvolvidos em escolas, transformadas
em centros comunitários.
Esses primeiros sinais, inimagináveis até há pouco tempo, compõem o que
hoje se chama de "A Renascença do Harlem" - uma expressão que remonta a
Florença, mas também ao período em que o bairro era um fértil cenário da
criatividade intelectual negra, de onde o jazz se espalhou para o mundo.
O Dante digital, do qual a apresentação da escola da rua 136 faz parte, é
apenas um dos projetos do Instituto de Tecnologias do Aprendizado, ligado ao
Teachers College, da Universidade de Colúmbia.
A boa novidade para os alunos e professores brasileiros é que, graças às
novas tecnologias, a equipe de Mc Clintock está colocando toda a obra de Dante
na internet, transformando-a em instrumento pedagógico para ser consultado por
estudantes de todo o planeta.
Através da página, um garoto de Roma troca ideias com alguém de Nova
York que, por sua vez, já discutiu com um estudante de Hong Kong sobre o amor
de Dante por Beatriz. Se você quiser experimentar, é só clicar a página:
http://www.ilt.columbia.edu/projects/dante/.
Gilberto Dimenstein, http://www.aprendiz.com.br
INFORMÁTICA-Módulo 1
Anexo 7
Um ato de amor
Hora do intervalo na escola estadual. Lá no pátio as crianças brincam, correm,
brigam, conversam, paqueram. Na sala dos professores, colocam-se assuntos em
dia. Uns atualizam seus diários de classe, outros folheiam o jornal, a maioria
conversa sobre o salário e tudo quanto ele jamais poderá comprar. De repente, a
conversa é interrompida pelo ingresso repentino de uma jovem com roupa de
enfermeira, solicitando desesperada ajuda:
- Por favor. Será que alguém pode ajudar? Estamos lá no hospital, aqui ao
lado, com um paciente aberto e o médico desmaiou. O anestesista nega-se a
continuar a cirurgia e não sei o que fazer. Será que algum dos professores
poderia ir até lá e dar continuidade à operação?
Não. Infelizmente não. O ato cirúrgico é um procedimento altamente
profissional e somente especialistas em saúde podem promovê-lo. O professor
pode sentir extrema solidariedade pelo paciente e até pela enfermeira em seu
santo desespero. Mas nada pode fazer para ajudar. Nenhum professor é
especialista em atos cirúrgicos.
Não é, também, especialista em atos jurídicos. Para isto existem advogados
e, se chamados a defender um réu, certamente teriam dignidade de recusar. Toda
a sociedade brasileira compreende que o ato cirúrgico é para o médico, o ato
económico para o economista, o ato jurídico para o advogado... e assim por
diante. Compreende, enfim, que cada profissão se expressa pela execução de
sua missão, através do exercício de um perito especialista no uso dessas
habilidades. Será que compreende mesmo?
Infelizmente compreende em parte. O ato pedagógico, o mais nobre dos
gestos de amor, é ministrado por professores, mas muitos crêem que também
médicos, engenheiros, advogados, administradores, sapateiros, farmacêuticos,
mecânicos, meteorologistas e sabe-se lá quem mais, podem 'dar uma aula'.
Afinal, basta conhecer um assunto e ir lá à frente falar sobre o mesmo...
Infelizmente poucos sabem que a verdadeira aula consiste em ensinar a
aprender, treinar a atenção, desenvolver habilidades, fazer do conteúdo um
instrumento para a descoberta de soluções novas. A sociedade brasileira, com
raras exceções, ainda não descobriu que, se existem aulas que não levam
ninguém a lugar algum, existem outras que constroem o ser humano e exploram
toda incrível potencialidade de suas múltiplas inteligências.
A verdadeira aula é um nobre ato. O ato pedagógico é um ato de amor.
Celso Antunes, Marinheiros e professores. Rio
de Janeiro, Vozes, 1999, pp. 30-1.
Anexo 8
Glossário
banco de dados Conjunto de informações arquivadas em registros. Um conjun-
to de registros forma um banco de dados. Cada registro tem um (ou mais)
índice que permite o acesso rápido a suas informações. Exemplo: fichas de
alunos contendo seu histórico escolar, comportamento e dados pessoais. As
fichas são os registros no banco de dados e podem ser acessadas, por exemplo,
pelo número ou pelo nome do aluno.
browser Significa rastreador. Programa para navegar pela internet. Os browsers
mais utilizados são o Netscape Communicator, da Netscape, e o Internet Explorer,
da Microsoft. Os browsers, além de apresentar textos, podem mostrar imagens,
sons, vídeos e mesmo executar programas.
CD-ROM (Compact Disk-Ready Only Memory) Disco compacto usado como
dispositivo de memória nos computadores.
chat Ver teleconferência.
ciber Vem de cibernética, ciência que estuda as comunicações e o sistema de
controle nos seres vivos e nas máquinas. Há poucos anos surgiu o termo
ciberespaço, que se refere basicamente ao espaço virtual da internet. Hoje em
dia a palavra é usada com a conotação de "relativo ã informática, à comunica-
ção e a novas tecnologias".
COM São portas seriais do computador. Essas portas são numeradas, de COM1
a COM4. Os periféricos são adicionados a essas portas. Usualmente o mouse é
instalado na COMI e o modem na COM2. Alguns computadores não permi-
tem o uso simultâneo da COM1 e da COM3, ou da COM2 e da COM4. Nesse
caso as configurações de IRQ (Interrupt Request Lines) devem ser utilizadas para
a eliminação de conflitos.
download Transferência de um arquivo de um computador remoto para um
computador local. O arquivo é requisitado através do browser. Ver também
upload.
e-mail Mensagem eletrônica enviada de uma pessoa a outra através dos compu-
tadores conectados à rede. Os usuários recebem do provedor uma caixa postal
(endereço eletrônico), que é utilizada para armazenamento das mensagens. As
mensagens são enviadas a esses computadores (servidores de e-mail), que as
redirecionam para seus assinantes.
endereço. A localização de um site na internet, de um arquivo específico (por
exemplo uma página da web), ou o e-mail de um usuário.
ferramenta de busca, ou search-engine Programa que busca informações
pela internet, usando palavras-chave.
fórum Área de publicação de mensagens que permite a participação de vários
INFORMÁTICA-Módulo 1
Anexo 8
usuários para discussão de temas predefinidos.
frame. Recurso que permite a existência de várias janelas em uma página, con-
troladas e roladas separadamente.
grupo de discussão (news group) Discussões mantidas em algum compu-
tador e separadas por assunto dentro do qual os usuários podem enviar e
ler mensagens. Para acompanhar as discussões o usuário precisa acessar o
provedor {news server) de grupos de discussão. Ver também lista.
hiperlink Ver hipertexto.
hipertexto Link para outras páginas da web. Também é chamado de hiperlink.
hipertextual Texto com links que levam a outros pontos do mesmo texto ou a
novos textos.
homepage Página escrita usando hipertexto e seguindo um padrão específico
adotado na web. Um site de internet pode ter várias páginas. A homepage é a
primeira página do site.
Html (Hypertext Mark-Up Language) É a linguagem de hipertextos usada na web.
Permite links para outros arquivos de texto, para arquivos de som, de imagem e
de vídeo. Os links podem ser âncoras (dentro da mesma página), locais (dentro
do mesmo site) ou externos (para outros sites).
http (hypertext transfer protocol) Protocolo usado para a transferência de
hipertexto.
internet Rede mundial que interliga computadores. Começou no final dos anos
60, com objetivos militares, e se caracteriza por ser uma rede altamente des-
centralizada. É comumente chamada de www ou web.
intranet Rede local baseada no protocolo IP
linha dedicada Linha telefónica permanente que liga um computador (ou
roteador) à linha telefónica normal.
linha discada Ligação, por meio de discagem, do modem de um computador a
um modem remoto. A conexão não é permanente, sendo feita após a disca-
gem e o estabelecimento de comunicação entre o modem local e o remoto.
link Especifica o caminho, o endereço que o browser precisa rastrear na rede
para trazer a informação solicitada pelo usuário. Os browsers entendem o for-
mato html padrão que especifica endereços contidos em palavras destacadas.
O dique do mouse sobre essas palavras leva a outras páginas.
lista de discussão Discussões mantidas por assuntos predeterminados, em que
um computador {list server) gerência o envio e recebimento de mensagens
para uma lista de e-mails (mailing lists). O usuário precisa se inscrever e, então,
Anexo 8
passará a receber as mensagens em sua caixa postal. Ver também grupo.
modem (Modulador/demodulador) Equipamento utilizado para interligar o com-
putador à linha telefónica para o envio de fax ou dados. Para usar a internet,
a velocidade mínima do modem deve ser de 14.400 bits por segundo (bps).
Quanto maior a capacidade de transmissão de dados do modem, maior será
a velocidade.
multimídia Uso simultâneo de várias mídias (texto, som imagem etc). Um com-
putador multimídia é aquele capaz de utilizar essas mídias simultaneamente,
para isso tem caixas acústicas, placa de vídeo e outros periféricos. Parte do
crescimento da web se deveu a suas características multimídia.
navegar O mesmo que surfar na internet. Significa seguir os links das páginas
buscando informações. O navegador não precisa se preocupar com o local em
que as informações estão armazenadas (elas podem estar em qualquer compu-
tador do planeta ligado à internet).
notebook Computador portátil.
off-line Com a ligação telefónica desativada.
on-line Com o computador ligado ao telefone.
password O mesmo que senha. Usado em sistemas que exigem identificação.
placa de rede Placa que faz a interface entre o computador e a rede em que ele está
inserido. A placa tem um local para a conexão do cabo de rede.
placa de vídeo Placa que faz a interface entre o computador e o monitor de
vídeo.
planilha de cálculo Programa para a elaboração de tabelas e para cálculos
matemáticos que envolvem os dados contidos nessas tabelas.
plug-in (extensão) Aplicativo adicional para browsers que habilita funções extras
como exibição de videoclipes, imagens 3D ou apresentações multimídia.
processador Componente que realiza as operações contidas em todos os pro-
gramas do computador. É o 'coração' do computador.
processador de texto O mesmo que editor de texto. Programa para editar um
texto e trabalhar sua estética.
projetor multimídia Aparelho para ser ligado ao computador e projetar numa
tela as mesmas imagens que o computador envia ao monitor.
provedor de acesso Mantém uma ligação permanente com a internet através
de uma linha telefónica rápida, e modems ligados aos seus computadores para
permitir que usuários o contatem e usem como ponte para acessar a internet.
INFORMÁTICA- Módulo 1
Anexo 8
RAM (Random Access Memory) Memória temporária utilizada pelos programas
quando são abertos. Quanto mais memória, maior a velocidade do computa-
dor e maior a capacidade de lidar com vários programas ao mesmo tempo.
rede Ligação entre computadores. Pode ser feita de várias maneiras, através de
diferentes tipos de cabo (ou mesmo sem cabos), e usando diferentes tecnologias.
servidor Computador que realiza tarefas ou provê informações. O servidor http
é responsável pela distribuição das páginas da web. Os servidores de e-mail
recebem e enviam as mensagens de e-mail aos destinatários. Os servidores de
DNS (Domain Name Server) fazem a tradução dos nomes que aparecem nos
links para os números correspondentes aos computadores servidores, e assim
por diante; ou seja, os servidores DNS convertem o domínio www para um
endereço representado por um número, que indica o local em que a página
está hospedada no servidor. Qualquer página www tem um número correspon-
dente. Por exemplo: o domínio que aparece para o usuário como sendo http://
www.XXX.com.br pode corresponder ao endereço 200.246.9.10. Uma página
na internet pode ser localizada por seu endereço ou por seu domínio.
servidor proxy Servidor que pode armazenar páginas da internet para
disponibilizá-las a usuários de uma rede local (da qual o servidor proxy faz par-
te), sem ter de acessar o site remoto. Com isso aumenta a velocidade para os
usuários. Serve também para dar maior segurança à rede local, usando apenas
o endereço do servidor proxy em conexões com computadores de outras redes.
Os endereços dos computadores locais ficam invisíveis para alguém de fora da
rede e se torna difícil saber onde está determinada informação.
sistema operacional Sistema utilizado pelo computador para que o processador
realize as operações contidas nos diversos programas.
site Conjunto de páginas de uma mesma instituição na internet. Um site contém
páginas escritas em html (o protocolo padrão usado na internet). Um site pode
ser pessoal, institucional, comercial, educacional etc.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) Protocolo para o envio de mensagens e-
mail.
software Programa de computador. Existem softwares para as mais variadas
funções. Por exemplo, para navegar na internet, para jogar, escrever textos,
produzir multimídia etc.
software aberto É também chamado de software de produtividade. Não tem
finalidade pedagógica específica, serve de apoio para a produção de trabalhos
e materiais didáticos (editores de texto, planilhas de cálculo, softwares para a
preparação de apresentações etc).
software de autoria Software para a produção de cursos, CDs ou páginas na
internet.
Anexo 8
software de produtividade Usado para editar textos, planilhas de cálculo e
gerenciadores de bancos de dados.
TCP/IP (Transmission Control Protocol/lnternet Protocof) Protocolo que encapsula
as informações a serem transmitidas pela internet. Acrescenta cabeçalhos utili-
zados para especificar os endereços dos computadores destinatários e reme-
tentes, para dividir e remontar as informações em pequenos pacotes, para au-
mentar ou diminuir a velocidade de transmissão conforme a confirmação ou
não dos pacotes recebidos etc.
tecnofobia Medo de tecnologia.
teleconferência Comunicação síncrona (em tempo real) para a troca de mensa-
gens entre dois computadores. Hoje em dia alguns programas permitem a cria-
ção de um 'quadro-branco' em que se pode desenhar ou mostrar arquivos de
imagens, além da janela de texto. Também chamada de chat ou bate-papo.
tutorial Explicações passo a passo de uso de uma ferramenta. Usado geralmente
em seções do tipo 'como fazer', na qual entram detalhes, explicações
simplificadas e exemplos.
upload Arquivo transferido de um computador local para um computador re-
moto. Ver também download.
URL (Uniform Resource Location) Endereço da web.
videoconferência Comunicação síncrona (em tempo real) entre dois computa-
dores usando imagens e sons obtidos por pequenas câmeras e microfones
acoplados aos computadores. Ver também teleconferência.
web Sistema baseado em hipertexto que permite a navegação por computado-
res ligados à internet. Suporta texto, imagens, vídeo e sons.
webmaster Pessoa responsável por um site de internet. Normalmente com res-
ponsabilidades pela integridade do site do ponto de vista técnico (questões de
segurança, validade de links, velocidade etc), embora algumas vezes seja tam-
bém responsável pelo conteúdo.
Windows 95 Sistema operacional utilizado nos computadores com processadores
IBM ou compatíveis.
WWW (World Wide Web) Ver também web; internet.
http://www.moderna2000.com.br/cibergiz/
Há uma certa confusão entre informação e conhecimento. Temos muitos
dados, muitas informações disponíveis. Na informação os dados estão orga-
nizados dentro de uma lógica, de um código, de uma estrutura determinada.
Conhecer é integrar a informação no nosso referencial, no nosso
paradigma, apropriando-a, tornado-a significativa para nós. O conhecimento
não se passa, o conhecimento se cria, se constrói.
José Manuel Moran
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo
Reconhecer na informática uma poderosa ferramenta para a construção do co
nhecimento.
B Reconhecer a necessidade de que o conteúdo esteja inserido em um contexto, para
garantir a aquisição de conhecimento.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
compreender a diferença entre informação e conhecimento;
diferenciar as linguagens presentes nas diversas tecnologias;
analisar, interpretar e estabelecer relações entre várias estratégias, visando estimu-
lar as diversas inteligências para a aquisição de habilidades necessárias no exercício
profissional;
articular informação, conhecimento, habilidades e competências na atuação em
sala de aula;
analisar as linguagens tecnológicas como manifestações cognitivas sensíveis,
integradoras da identidade e de processos culturais.
Conceitos
B Informação.
Conhecimento.
Habilidade.
• Competência.
B Contexto.
Paradigma.
Materiais necessários
Papéis de vários tipos, cores e tamanhos (kraft, sulfite etc).
Pincéis atómicos (várias cores).
Canetas hidrocor.
1 rolo de fita adesiva dupla face.
Recortes (de revistas, jornais) de imagens relacionadas com os textos do Anexo 1.
Computador com CD-ROM, Microsoft Office e acesso à internet (se possível).
Lousa e giz.
Caneta e papel sulfite.
Anexos do Módulo 2 de Informática.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho
Atividade 1
Peça para os participantes se organizarem em grupos de seis, com três duplas.
Distribua cópias do Anexo 1 (páginas 301-309) escolhendo um texto diferente
para entregar a cada dupla do grupo. Deixe à disposição dos grupos as imagens
que houver selecionado.
Exponha o seguinte problema:
Imaginem que vocês foram escolhidos para participar de uma mis-
são especial. A tarefa consiste em lecionar durante um ano em um
lugar do Brasil. Para se preparar, receberam esse texto do Anexo,
com informações a respeito de um dos prováveis destinos.
O ideal seria desenvolver essa atividade usando o
computador. Se isso não for possível, o trabalho pode
ser feito no papel.
Oriente as duplas para que leiam atentamente o texto e registrem, no editor de
texto do computador (ou na folha de papel), o seguinte:
nome do lugar;
duas informações a respeito desse lugar, extraídas do texto lido.
Dê um tempo de 10 minutos para realizarem a tarefa. Em seguida, diga para as
duplas trocarem de computador, dentro de seu grupo. (Se estiverem trabalhan-
do no papel, trocam as folhas entre si.)
Peça então para lerem as informações registradas pela dupla anterior e acres-
centarem mais duas informações a respeito de seu suposto destino.
• Repita o procedimento até as duplas voltarem à posição inicial (ou receberem
de volta o papel em que começaram o registro).
Diga para os grupos imprimirem os textos e organizá-los em um painel, com
fotos, mapas e recortes de revista referentes às cidades comentadas. Para finali-
zar, peça para criarem um título para seu painel.
Promova uma discussão entre os grupos, levantando as opiniões a respeito dos
lugares que podem escolher para trabalhar.
Mostre aos professores que poderão desenvolver essa atividade
com seus alunos com outros recursos. Se a escola tiver uma
biblioteca, basta oferecer uma bibliografia para consulta; e se for
possível o acesso à internet, podem sugerir sites para a busca.
INFORMÁTICA - Módulo 2
Conceitos: informação; conhecimento; trabalho em equipe.
Competências: reconhecer possibilidades de utilizar a informática como
ferramenta na construção do conhecimento; reconhecer a importância da
contextualização para a solução de problemas.
Atividade 2
Distribua o Anexo 2 (página 310). Diga para os professores observarem a ilustração,
rememorando a atividade que acabaram de desenvolver.
Sugira que identifiquem na atividade anterior, oralmente:
as estratégias que estimularam a aquisição de conhecimento;
as habilidades requeridas para desenvolver a atividade;
as competências adquiridas ou mobilizadas no desenvolvimento da atividade.
Proponha a seguir a discussão dos seguintes trechos dos PCNEM:
[Os currículos escolares ] devem desenvolver competências de obtenção e utiliza-
ção de informações por meio do computador, e sensibilizar os alunos para a
presença de novas tecnologias no cotidiano. (p. 186)
O mundo da tecnologia e da informação nos fornece indicações, aprimora nos-
sos sentidos, permite-nos viver em um bem-estar com que nossos antepassados
não ousaram sonhar, (p. 185)
Conceitos: informação; conhecimento; criatividade; competência.
Competência: reconhecer a informática como ferramenta para novas
estratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma significativa para o
processo de construção de conhecimento, nas diversas áreas.
Atividade 3
Entregue a cada professor uma cópia do Anexo 3 (página 311). Prepare um cartaz,
com duas colunas sob os títulos: Paradigma antigo e Paradigma novo.
Comece a ler os tópicos da tabela, um a um, e proponha aos professores que
sintetizem cada um dos paradigmas em apenas uma palavra. Vá registrando em seu
cartaz as palavras-síntese.
Exemplo
No primeiro tópico
Paradigma antigo: "Valorização do objetivo e da observação empírica." A
palavra-síntese pode ser: Conteudista.
Paradigma novo: "Formas integradas do saber; conexões e significados são
construídos pelo aprendiz; valoriza as relações sociais." A palavra-síntese
pode ser. Integração.
Repita o procedimento para todos os outros tópicos, ou para aqueles que julgar mais
pertinentes, dentro do contexto em que está trabalhando.
Feito o quadro, procure levar os professores a identificar, em cada tópico de ambas as
colunas, um aspecto positivo (P) ou negativo (N) do processo educacional. Vá
registrando, ao lado da palavra-chave, um P ou um N, de preferência com canetas de
cor diferente.
Discuta com a turma a tabela, propondo questões como estas abaixo e registrando a
síntese das respostas em um cartaz.
• Relacione suas experiências em Informática Educacional com os tópicos presentes
no novo paradigma educacional proposto por Marshall.
• Identifique, para os tópicos 3, 4, 5, 8 e 10, como os recursos tecnológicos podem
ser utilizados no novo paradigma.
Em relação a esses mesmos tópicos, especialmente no número 10, descreva o papel
do professor.
Para encerrar, proponha uma discussão coletiva deste trecho dos PCNEM:
O grande número de estudantes na área gera a necessidade de que profissionais
do mercado atuem como professores sem terem o adequado preparo pedagógi-
co para tal, transformando-se em mais um fator comprometedor da qualidade
de ensino, (p. 184)
Conceitos: paradigma; novas formas de ensinar e aprender; segmentação.
Competências: identificar as diferenças entre os paradigmas; reconhecer a
necessidade de planejar atividades que desenvolvam habilidades e com-
petências - entre as quais as de planejamento, organização, gestão, trabalho
em equipe - e associá-las aos problemas que se pretende resolver.
Atividade 4
Divida a turma em dois grupos e distribua entre eles:
• Grupo A: Anexo 4 (página 312).
• Grupo B: Anexo 5 (página 313).
Oriente os grupos para elaborarem uma síntese por escrito da posição do autor
de cada texto a respeito da utilização da internet no trabalho escolar e, em
seguida, fazerem uma exposição oral.
A discussão dos textos deve gerar uma boa polémica, pois BUI Gates,
no Anexo 4, defende o uso da tecnologia como fundamental para a
aquisição do conhecimento. Moran, no Anexo 5, não se opõe a isso, mas
é mais criterioso, mostrando que o sucesso das tecnologias depende do
envolvimento e da interferência dos professores.
Promova um debate entre os grupos em torno das seguintes questões:
Que estímulos se costuma utilizar em uma sala de aula?
Segundo o texto do Anexo 4, a tecnologia estimula a pesquisa. Será
que isso é uma questão de modismo, ou a natureza dos novos meios
interfere de fato na maneira de pesquisar? Justifique as respostas.
Diante da grande quantidade de informação presente em nosso
cotidiano, e apresentada na rede por meio de um arranjo apa-
rentemente aleatório, qual a melhor forma de trabalhar com os
alunos em uma pesquisa?
Em sua sala de aula, o uso da tecnologia contribui para estimu-
INFORMÁTICA - Módulo 2
lar uma participação ativa dos estudantes - como explorar, apresentar
experiências ou colaborar com os colegas?
Encarregue um relator de sintetizar as conclusões, em um grande painel.
Escreva na lousa este trecho dos PCNEM:
A ausência de planejamento específico para o aproveitamento desse recurso na
educação e de um treinamento orientado aos professores compromete a utiliza-
ção eficaz da internet, (p. 185)
Conceitos: tecnologia; estímulo; colaboração.
Competências: distinguir informação de conhecimento; escolher e sintetizar
atividades visando atingir um objetivo específico.
Atividade 5
Distribua o Anexo 6 (páginas 314-315) e dê um tempo para leitura.
Peça para cada grupo elaborar um roteiro de uma atividade que use a informática,
com a preocupação de mobilizar uma ou duas competências escolhidas pelo grupo
nos PCNEM.
Oriente a apresentação dos roteiros em um painel, para que os grupos comentem e
avaliem os trabalhos dos colegas.
Para finalizar, leve os professores a estabelecer a relação entre os resultados do
trabalho e o trecho dos PCNEM transcrito abaixo, comentando o impacto causado
pela inserção dessa nova linguagem no âmbito escolar:
O acelerado aumento do conhecimento humano, verificado nas últimas déca-
das, bem como a transformação das experiências em informação ordenada,
armazenável, representável em diferentes formas e de fácil recuperação - além
de seu uso comunitário e da respectiva transferência desta aquisição a quaisquer
distâncias - torna a informática um elemento do processo de comunicação e,
portanto, um código que se designa como linguagem digital, (p. 183)
Conceitos: competência; similaridade.
Competências: selecionar competências nos PCNEM; relacionar competências e
atividades.
Onde está a vida, que perdemos ao viver?
Onde está a sabedoria, que
perdemos ao conhecer? Onde
está o conhecimento, que
perdemos na informação ?
T.S. Eliot
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
Maristela do Valle Folha I
A formação rochosa que tem o
formulo de u/n soldado carre-
gando uma mochila nas cosias é
uma das aí rações de Ponta
Grossa, a leste de Fortaleza.
LITORAL DE CONTRASTES
Povoado considera importante preservar natureza e identidade cultural
Ponta Grossa quer turismo light
MARISTELA DO VALLE
NO LITORAL CEARENSE
Ainda não é coisa do passado aquela aldeia de pescadores quase imaculada dos vícios da
sociedade moderna e que parece existir apenas em novelas regionais.
Cerca de 190 km a leste de Fortaleza, a praia de Ponta Grossa, no município de Icapuí,
mantém intacta sua beleza de falésias e rochas cor de fogo e ainda conserva uma população
ingénua e ao mesmo tempo preocupada com a manutenção de sua identidade.
Os moradores afirmam categoricamente que não querem seguir o exemplo da vizinha
Canoa Quebrada, que sucumbiu ao turismo de massa e aos vícios da sociedade moderna,
com sua música altíssima, seu trânsito incessante de bugues e caminhões, sua ocupação
desordenada.
"Os moradores de Canoa venderam a preço de banana suas terras aos gringos. A gente
não cai nessa, não", comenta Jeová Crispim, habitante de Ponta Grossa. Ele se refere aos
estrangeiros que um dia se apaixonaram por Canoa Quebrada e ali construíram pousadas,
restaurantes e bares, "empurrando" os moradores para áreas afastadas da praia.
A Prefeitura de Aracati, onde fica Canoa, afirma ter planos para dar assistência à população
que se prejudica com o turismo desenfreado. "Se não tomarmos cuidado, é a própria
cultura do Ceará que vai deixar de existir, a do pescador e suas jangadas", diz Régis
Azevedo, assessor da Secretaria de Cultura e Turismo da cidade.
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 1
Porém quem trabalha com turismo agradece a transformação do povoado. "Trabalho
muito menos e ganho muito mais agora que sou bugueiro", comenta Olavo da Rocha
Grangeiro, que nasceu em Canoa e trabalhou como pescador durante muito tempo.
Pacto
Com os prós e os contras que o turismo pode trazer a Ponta Grossa, a população, de
cerca de 180 habitantes, tem alguns cuidados para manter seus direitos e a natureza
protegidos. Segundo a Prefeitura de Icapuí, a comunidade tem um pacto que não permite
a venda de suas terras a pessoas estranhas ao povoado.
Também segundo a prefeitura, outros três pontos resguardam a região: 70% da área pertence
a uma APA (Área de Proteção Ambiental), o local tem um projeto de desenvolvimento
sustentável e há um conselho de turismo no município, com representantes de todas as
praias que abrangem os 67 km do seu litoral. Esse conselho discute os projetos relativos a
turismo e tem o poder de barrar propostas de empresários interessados em construir mega-
resorts e parques em Ponta Grossa.
Outro detalhe é que no povoado só é permitida a existência de pousadas domiciliares.
Tanto que ali só há um meio de hospedagem, com três quartos.
O turismo está chegando a Ponta Grossa aos poucos. A maioria dos visitantes chega ao
local com bugueiros de Canoa que comercializam passeios até a praia. Mas a comunidade
obriga que os bugues de Canoa abaixem o som ao chegar ali. Os veículos também são
proibidos de subir nas dunas próximas a Ponta Grossa, atualmente delimitadas por uma
cerca de arame farpado.
Tais medidas não inspiram os moradores de Canoa, onde veículos circulam por todos os
lados, incluindo a duna do Pôr-do-Sol, onde todo fim de tarde se reúne uma boa quantidade
de bugues.
Coincidência ou não, a internacionalmente conhecida praia de Jericoacoara, do outro
lado do Ceará, tem uma duna com o mesmo nome. Mas, como em Ponta Grossa, nenhum
tipo de veículo pode circular sobre ela, e os moradores acatam a medida sem a necessidade
de haver barreiras.
A conscientização dos moradores de Jeri, onde raramente se vê lixo nas ruas, aliada à
dificuldade em se chegar ao local - pela má qualidade das estradas - ainda mantém a sua
aura natural. Embora Jeri esteja fisicamente bem mais distante de Ponta Grossa do que
Canoa, parece que o exemplo da praia do litoral oeste está mais presente no ainda
desconhecido povoado.
São Paulo, segunda-feira, 12 de março de 2001 - Folha Turismo
Anexo 1
Um lugar Bonito pela própria natureza
Se o interesse é água, a cidade localizada na borda do Pantanal dá um banho.
Seja em rios, lagos ou cachoeiras, o que não falta aos ecoturistas é aventura,
emoção e muita adrenalina .
No encontro com as águas cristalinas e calcárias dos rios de Bonito (MS), o
importante é se deixar levar pela leve correnteza entre piraputangas avermelhadas e
dourados gulosos, alguns dos peixes da região. Em um mergulho superficial com
máscara e roupa de neoprene é possível até se sentir, ao menos por algumas horas,
mais próximo da origem da vida. Para algumas ciências religiosas, a água é a
essência de tudo.
Num planeta onde a água doce torna-se cada vez mais escassa, Bonito dá-se ao luxo
de abrigar nascentes, ressurgências, riachos, lagoas e lagos. Muitos desses, aliás,
localizados em grutas esculpidas pela natureza durante 600 milhões de anos.
É um colírio para os sentidos seguir o curso de alguns rios, como os do Peixe e da
Prata. Neles, deve-se experimentar um inesquecível snorkelling desde as nascentes,
em trechos contornados por densa mata ciliar onde se movimentam macacos,
araras e tucanos. São momentos, certamente, únicos.
As florestas submersas de vegetação espelham a pureza das águas. De tão
transparente, a fotossíntese e o crescimento das formas verdes ocorrem mesmo sob
esse reino líquido. Parecem algas, mas são vegetação terrestre submersa.
Um mergulho em Bonito é um espetáculo relaxante. Este é, por sinal, o grande
trunfo do turismo ambiental nas terras dos velhos coronéis. A 330 quilómetros de
Campo Grande, na borda do Pantanal e em plena Serra do Bodoquena, atrai
viajantes de todo o mundo.
Preservação
Mas como não ficar boquiaberto com as maravilhas de Bonito?! Uma síntese
perfeita de equilíbrio da natureza, a região - sacudida pela onda de ecoturismo -
enfrenta o desafio de preservar seus encantos naturais para o olhar das futuras
gerações.
INFORMÁTICA-Módulo 2
Anexo 1
Se a grandiosidade de maravilhas cénicas em Bonito é um luxo, o grande desafio a
ser vencido é o lixo. Todas as nascentes são como pérolas frágeis em taças de
cristal. O impacto da presença humana, na forma de detritos e outros vestígios,
pode ser o fim de tudo. Por esta razão, para viajar até lá é preciso preparar a
consciência e fazer reserva antecipada, principalmente nos períodos de pico, como
feriados e alta temporada.
Os diversos atrativos só podem ser visitados com guias habilitados pelo Instituto
Brasileiro de Turismo, a Embratur. Lá, até mesmo o princípio básico de ecoturismo
(não deixe nada a não ser pegadas e não tire nada a não ser fotos) deve ser revisto.
Em algumas nascentes, nem mesmo pegadas devem ficar no solo. Snorkelling só é
permitido com roupa de neoprene e colete salva-vidas, para que os pés não
toquem o fundo, evitando turbulências. Os grupos de visitantes devem ter no
máximo 15 pessoas. Cada uma das muitas atrações só pode receber o limite de
100 pessoas por dia. Preservar o paraíso requer vigilância constante.
A maioria das agências que oferece viagem para Bonito dispõe de pacotes de cinco
dias. Nesse caso, tirando os dois dias gastos na ida e na volta, desde São Paulo,
sobram apenas três dias para conhecer o local. É pouco, mas o suficiente para um
vislumbre. O roteiro clássico inclui uma passagem pela Gruta do Lago Azul, pelo
Aquário Natural, na Baía Bonita, e pelo Rio da Prata. Mas há muito mais para ser
visto.
A Gruta do Lago Azul atrai pela constituição de estalactites que contornam um
espelho d'água claríssimo, de profundidade até hoje misteriosa. Um robô
mergulhador chegou a 70 metros. Há lagoas, porém, com profundidade superior a
380 metros.
O Aquário Natural, outra parada obrigatória, abriga uma ressurgência. Nessa
piscina de água calcária, peixes de diversos tamanhos dão um colorido especial.
São cardumes de mansos lambaris, piaus, piraputangas, dourados e pintados, só
para citar alguns, que dão vida a esse local de extremas beleza e delicadeza. O
excesso de visitantes - ou qualquer outra intervenção - pode afastar de lá toda
essa variedade de vida.
O Rio da Prata é outro passeio que se tornou um clássico. Inclui caminhada por
Anexo 1
trilha de mata primária e termina com um mergulho desde as nascentes do Rio Olho
D'Água até a barra, no Rio da Prata.
Adrenalina
Os mais corajosos podem incluir no roteiro um item a mais: doses generosas de
adrenalina durante um mergulho autónomo em caverna. Trata-se do cave diving,
uma experiência que pode ser realizada com instrutor e equipamentos de
segurança. Dois dos points mais procurados são a Lagoa Misteriosa, próxima do Rio
da Prata, e a Gruta do Mimoso, logo após o Rio do Peixe.
Para os mais radicais, os que vivem com sede de aventura, as operadoras de
ecoturismo reservam uma atração extra. É uma atividade que alia o esforço do
rapei com um mergulho no Abismo Anhumas. Lá, ecoturistas de verdade vivem a
experiência de despencar pouco a pouco por uma parede de rocha - com mais de
80 metros de altura - até desabar em um lago refrescante. Pura magia.
António Paulo Pavone
http://www.estadao.com.br/turismo/brasil/bonito/tu1.htm
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 1
Um convite ao passado
São Luís do Paraitinga guarda tradições e costumes de mais de 200 anos
Para quem gosta de visitar lugares que ainda conservam suas tradições folclóricas, São
Luís do Paraitinga é a parada certa. Localizada no Vale do Paraíba, entre Ubatuba e
Taubaté, a 170 km de São Paulo, a cidade é berço de construções históricas e de festas
religiosas, famosas por unir a espiritualidade do povo da roça com costumes profanos. A
festa do Divino Espírito Santo é o acontecimento mais importante do ano e atrai
turistas de todos os lugares. Mas todas as datas religiosas importantes ganham aqui
grandes comemorações. O povo luisense faz questão de manter sua cultura, uma
mistura de costumes ibéricos e crenças dos escravos africanos, que passa de geração
para geração.
Oficialmente, São Luís do Paraitinga foi fundada em 1769. Seus habitantes sobreviviam
através da cultura de subsistência, já que foi povoada por famílias sem posses. Devido a
sua localização geográfica, que facilitava o comércio, em pouco tempo o lugar
prosperou. Desde os primeiros tempos de vila, São Luís caracterizou-se como um centro
de movimentação de tropas, que levavam o café do Vale para as outras regiões. Na
zona rural, as grandes fazendas abrigavam muitos escravos. Atualmente, algumas delas
podem ser visitadas. A partir de 1930, a pecuária leiteira começou a se desenvolver e
hoje constitui uma das principais atividades económicas do município.
A cidade abriga um dos maiores conjuntos arquitetônicos do período colonial. São
mais de cem prédios tombados pelo Conselho de Defesa do Património Histórico. A
Igreja de Nossa Senhora das Mercês é a construção mais antiga da cidade. Feita de
taipa, ainda conserva em seu interior detalhes do século XVIII, como o altar de madeira
e as quinas pintadas no teto, simbolizando as armas de Portugal. Em estilo colonial, foi
edificada por uma senhora conhecida como Nhá Antónia. Ao lado da igreja, fica a
Ladeira das Mercês, construída pelos escravos com pedras retiradas do rio Paraitinga.
Afogado
Outro lugar que merece ser visitado é o Mercado Municipal, erguido em 1835 pelo
Barão de Paraitinga. Construído em arcadas, o mercado é circundado por um só
Anexo 1
corredor. Dentro dele, há botequins que servem a comida típica da região, o afogado,
cozido de carne servido com arroz, batata e farinha de mandioca.
A Igreja do Rosário, construída em 1910, é uma bonita edificação em estilo gótico e fica
localizada no Largo do Rosário. Outro local que merece ser visitado é a casa, hoje
transformada em museu, onde teria nascido o médico sanitarista Oswaldo Cruz, um
dos filhos ilustres da cidade.
Admirar a arquitetura colonial já é motivo suficiente para se visitar São Luís do
Paraitinga. Mas o seu passado histórico não se restringe apenas às construções antigas.
As festas religiosas ainda trazem muitos costumes que tornaram o povo luisense
conhecido por sua fé católica. Os moradores mais antigos costumam dizer que "o dia
em que não toca o sino da igreja e não se solta rojão na cidade é porque algo errado
está acontecendo".
Visitar São Luís em época de comemorações é o ideal para quem deseja ver de perto o
folclore do interior. Além das manifestações religiosas, é possível encontrar elementos
profanos, como os bonecões João Paulino e Maria Angu, que costumam divertir a
criançada nas datas festivas. Grupos de danças folclóricas invandem as ruas e a banda
percorre a cidade chamando todos para a comemoração.
São Luís do Paraitinga é um convite ao passado. Os moradores costumam ser bastante
receptivos com os visitantes. Os restaurantes pequenos servem a farta e deliciosa
comida do interior. Andar a cavalo é algo comum. A maioria dos homens ainda usa
chapéu e não esconde o orgulho de ser caipira. A cidade não parou no tempo. Apenas
acompanhou o ritmo natural dos próprios luisenses.
Mirella Stivani
http://www.estadao.com.br/turismo/brasil/saoluisdoparaitinga/tu1.htm
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 1
Curitiba:
#
cidade-modelo
f
do País mostra
sua face cultural e turística
Conhecer Curitiba é ver de perto a vida de 2 milhões de brasileiros numa cidade que
funciona. "Curitiba não é um paraíso, tem problemas como qualquer outra cidade
grande. A diferença é que, aqui, as pessoas se sentem respeitadas", diz o governador do
Estado, Jaime Lerner. Quem já ouviu falar na fama de cidade-modelo e espera encontrar
um lugar impecável, onde as pessoas desconhecem o sentido da palavra pobreza, um
aviso: há tudo isso.
Mas, uma vez mais, Curitiba funciona. O transporte público é uma alternativa viável,
você não precisa fechar os vidros nos sinais e o Centro não é uma área decadente onde
só se vai para resolver problemas.
Seja pela história da imigração no Sul, seja por um certo medo da invasão de forasteiros
em suas terras privilegiadas, os curitibanos não são os mais acolhedores dos brasileiros.
Mas a cidade conta com um vasto calendário de eventos culturais que atrai gente de
todos os cantos do País. A dica é programar a viagem para uma dessas datas,
aproveitando os momentos em que a população é mais receptiva.
Os parques, além de permitir o equilíbrio ecológico da cidade (os lagos absorvem a
água das chuvas e da cheia do rio) garantem o lazer dos curitibanos. Ao todo, são 13 e
contam com lanchonete, banheiros e pistas para caminhada.
O mais novo deles é o Parque Tanguá, homenagem a Poty Lazarotto, artista plástico morto
no ano passado que tem vários trabalhos espalhados pela cidade, como o que pode ser
visto na fachada do Teatro Guaíra. Aliás, todos os parques e monumentos prestam
homenagem aos que fizeram parte da história da cidade - Bosque Alemão, Bosque
Polonês, Memorial Árabe, etc. Assim, garante-se a fiscalização permanente dos parques, já
que as comunidades homenageadas acabam se tornando guardiãs das áreas.
As festas, como a da uva, e os eventos da comunidade italiana, por exemplo, são
sempre realizados no Bosque Italiano, que fica no meio de Santa Felicidade, o bairro que
concentra cantinas.
Anexo 1
Todos esses pontos turísticos podem ser visitados a bordo de jardineiras, que circulam
todos os dias (exceto segunda), com saída da Praça Tiradentes a cada 30 minutos, a
partir das 9h. O bilhete custa R$ 6 e o roteiro inclui 22 pontos.
Feiras
Guarde o domingo para ir à tradicional Feira do Lago da Ordem, que tem várias
barraquinhas de comida, artesanato e todo tipo de bugigangas, além de shows de rua.
Começa às 9h e vai até as 14h. O Estação Plaza Shopping, um complexo de lazer
gigantesco que fica junto de uma antiga estação de trem, também tem uma feirinha de
artesanato nos fins de semana. A estação virou um museu ferroviário. Quanto ao
complexo, há de tudo - lojas, dez salas de cinema, restaurantes, palco para shows,
jogos eletrônicos, rinque de patinação e bares.
Apesar das reclamações dos curitibanos, a vida noturna oferece um número razoável de
opções. Entre as boates, a Legend's e a Rave são as mais frequentadas. Quem não curte
techno pode ir a um dos bares no Lago da Ordem. Um deles, o Sucatão - pertence aos
organizadores do Festival de Teatro - é uma antiga oficina de calhambeque
transformada em um ambiente rústico e aconchegante.
Arte
Vale a pena checar a programação da Casa Andrade Muricy, espaço de exposições e
eventos, no Centro. Até o dia 29, abriga uma mostra com 55 obras de artistas do sul da
França (1850 a 1920). Luzes e Cores da Provença traz nomes como Cézanne, Rénoir e
Duffy, embora as telas mais expressivas sejam de artistas que ficaram na sombra desses
pintores, como Chabaud.
A viagem da repórter Carolina Glycerio foi oferecida pelo Festival de Teatro de Curitiba
http://www.estadao.com.br/turismo/brasil/curitiba/tu1.htm
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 2
CARACTERÍSTICAS DO NOVO TRABALHOR
Requisitos valorizados pelas empresas na era da globalização
DOMINARA
LINGUAGEM
TÉCNICA
TRABALHAR
EM GRUPO
UTILIZAR
EQUIPAMENTOS E
MATERIAIS
SOFISTICADOS
CAPACIDADE DE
ADQUIRIR E
PROCESSAR NOVAS
INFORMAÇÕES
COMUN1CAR-SE
BEM DE FORMA
ORAL E ESCRITA
VERSATILIDADE
FUNCIONAL
PENSAR ANTES
DEFAZER
OBSERVAR
INTERPRETAR E
TOMAR DECISÕES
Anexo 3
Princípios para novos modelos
(Stephanie P. Marshall)
PARADIGMA VELHO (Cultura
de aquisição, independência,
competição)
PARADIGMA NOVO (Cultura de
inquirição, interdependência,
cooperação)
1
Valorização do objetivo e da
observação empírica.
Formas integradas do saber: conexões
e significados são construídos pelo
aprendiz; valoriza as relações sociais.
2
Aquisição de conhecimento fatual
desvinculado das emoções do
aprendiz, visando à verdade objetiva
(a subjetividade compromete).
Valoriza a paixão e o amor como
essenciais e o engajamento pessoal
na relação social com a comunidade.
3
Não há relação entre o conhecedor e o
conhecido.
Profunda ligação entre o conhecedor e
o conhecido.
4
A aprendizagem depende de
processo incremental de aquisição.
Processo dinâmico de construção de
significados.
5
A inteligência é uma capacidade fixa e
definida.
Potencial capaz de desenvolvimento; a
capacidade de aprender é ilimitada.
6
0 processo deve ser credenciado
pelo tempo gasto de aquisição.
Credenciados pelas demonstrações de
entendimento e compreensão, em
qualquer tempo.
7
0 objetivo da escola é adquirir
rapidamente informação, esgotar o
conteúdo dos programas e reproduzir
fatos; educação para competir.
0 objetivo da educação é a aquisição
de sabedoria através da reflexão
orientada para questões essenciais.
8
Segmentação do conteúdo como
processo didático-pedagógico.
Integração conceituai para entender a
unidade do conhecimento.
9
Avaliação rigorosa e objetiva
quantificando a aquisição de
conhecimento.
Deve abranger também avaliação
qualitativa do comportamento em
situações do mundo real.
10
Competição e premiação externa são
os motivadores mais potentes.
Cooperação, interdependência e
recompensas internas são mais
potentes.
11
A escola representa etapa
fundamental no "rito de passagem"
que prepara o indivíduo para a vida.
0 processo não se limita à escola, mas é
continuo, por toda a vida, sob influência de
múltiplas fontes de informação (tevê,
software, internet etc).
12
Exploração reflexiva toma muito
tempo para poder ser pensada na
formulação do currículo.
É através desse processo que as
crianças desenvolvem o conhecimento
e o talento necessários para construir
significados.
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 4
Uma das mais progressistas ideias é usar os PCs para oferecer uma variedade de
modos de aprender. Existem cerca de cinquenta diferentes teorias que procuram
caracterizar os estilos individuais de aprendizagem. A maior parte delas identifica
atributos similares. Em termos simples: algumas pessoas aprendem melhor pela
leitura, outras pela audição, outras observando alguém fazer uma tarefa, outras
fazendo a própria tarefa. A maioria de nós aprende com algum tipo de
combinação desses métodos. E todas as pessoas têm diferentes níveis de
aptidão, diferentes personalidades e experiências de vida que podem motivá-las
ou desmotivá-las para o aprendizado. Um aluno altamente motivado pode
aprender a partir de materiais de difícil leitura, enquanto outro, com baixa
motivação, necessita de materiais acessíveis, como um vídeo, para aprender.
Alguns softwares estão ajudando estudantes a aprender independen-
temente do estilo ou do ritmo de seu aprendizado. O software pode apresentar a
informação em múltiplas formas, que podem ser personalizadas bem mais
facilmente do que métodos em papel. No ensino de Geografia para jovens de 12 e
13 anos, por exemplo, a Highdown baseava-se anteriormente em vídeos da Mount
St Helen e em grande quantidade de materiais impressos. Algumas crianças se
davam bem com esses recursos, outras, menos motivadas, atolavam-se no texto
denso.
Com a tecnologia Web relativa à Geografia, a escola hoje estrutura uma
série de tarefas de aprendizado segundo a complexidade. Os alunos são soli-
citados a completar certa quantidade de trabalho para garantir que entenderam o
conceito.
A primeira tarefa de Geologia incorpora uma animação em multimídia do
magma em movimento, para ajudar cada estudante a compreender os
fundamentos da formação dos vulcões. A tarefa mais avançada é uma pesquisa
em profundidade sobre vulcões, que inclui links com o site da Web da U.S.
Geologic Survey. Os alunos que quiserem explorar ainda mais o assunto - e
muitos o fazem - podem investigar detalhadamente uma variedade de vulcões
ativos e seus efeitos sobre as cidades vizinhas e o ambiente do planeta.
Os PCs podem ajudar a deslocar experiências do aprendizado, da abor-
dagem tradicional - um professor falando diante da classe e ligando o que diz a
materiais impressos que devem ser lidos - para uma abordagem de participação
ativa, que tira proveito da curiosidade natural dos alunos de todas as idades. Os
PCs permitem aos estudantes explorar as informações em ritmo próprio, aprender
com vídeo e áudio tanto quanto com texto, conceber experiências e colaborar com
os colegas.
Bill Gates, A empresa na velocidade do pensamento.
São Paulo, Companhia das Letras, 1999, pp. 377-8.
Anexo 5
Há informações demais e conhecimento de menos. Informar não é acumular, mas
filtrar, selecionar, comparar, avaliar, sintetizar o que é relevante, o que nos ajuda
mais. Muita gente perde tempo excessivo com informações pouco significativas e
fica na periferia dos assuntos, sem aprofundá-los, sem integrá-los num paradigma
consistente [...]
Sem dúvida, é fascinante navegar pelos inúmeros sites disponíveis. Nunca
tivemos tanta facilidade em correr atrás de qualquer dado em qualquer país, a
qualquer momento. Mas esse fantástico acesso também nos deixa perplexos. É
difícil avaliar rapidamente o valor de cada página, porque há muita semelhança
estética na sua apresentação, há muita cópia da forma e do conteúdo; copiam-se
os mesmos sites, os mesmos banners, os mesmos gráficos, animações, links.
A internet também está explodindo na educação. Universidades e colégios
correm para tornar-se visíveis, para não ficar para trás. Muitos colocam páginas
padronizadas, previsíveis, falando da sua filosofia, das ativida-des administrativas
e pedagógicas. Outros criam páginas atraentes, trazem projetos inovadores, com
outras escolas do Brasil e do exterior.
Na internet encontramos vários tipos de aplicação educacional: de
divulgação, de pesquisa, de apoio ao ensino e de comunicação. A divulgação
pode ser institucional - a escola mostra o que faz - ou particular -grupos,
professores ou alunos criam sua homepages pessoais, com o que produzem de
mais significativo.
A pesquisa pode ser feita individualmente ou em grupo, ao vivo, durante a
aula ou fora dela, pode ser uma atividade obrigatória ou livre. Nas atividades de
apoio ao ensino, conseguimos materiais, textos, imagens, sons do tema
específico do programa e o utilizamos como um elemento a mais, junto com livros,
revistas e vídeos. A comunicação se dá entre professores e alunos, entre
professores e professores, entre alunos e outros colegas de outras cidades ou
países. Dá-se com pessoas conhecidas e desconhecidas, próximas e distantes,
interagindo esporádica ou sistematicamente...
As redes atraem os estudantes. Eles gostam de navegar, de descobrir
endereços novos, de divulgar suas descobertas, de comunicar-se com outros
colegas, mas também costumam perder-se entre tantas conexões possíveis.
Costumam ter dificuldade em escolher o que é significativo, em fazer relações, em
questionar afirmações problemáticas. Copiam muito, questionam pouco.
José Manuel Moran, "A comunicação na Internet", in
Mudanças na comunicação pessoal. São Paulo, Paulinas, 1998, p. 80.
INFORMÁTICA - Módulo 2
Anexo 6
O que é inovador na informática na Educação
Quando uma nova tecnologia é introduzida num determinado contexto, ela é
inicialmente utilizada para fazer a mesma coisa que se fazia sem ela - só que
agora de uma forma um pouco mais eficiente ou aperfeiçoada. Quando se
introduz a informática na Educação a tentação inicial é fazer com o computador
algo semelhante ao que se fazia sem ele: ler um texto na tela, em vez de no livro,
fazer exercícios de aritmética na tela, aguardando que o computador diga se está
certo ou errado, em vez de fazê-los no caderno, aguardando que a professora
diga se está certo ou errado etc. Esses usos da informática na Educação não são
inovadores. São equivalentes ao teleteatro apresentado na televisão antigamente.
A informática está sendo usada de forma inovadora na Educação quando
ela nos permite fazer coisas que sem ela dificilmente conseguiríamos fazer. Mas
será que a informática realmente permite fazer coisas na área de Educação que
não éramos capazes de fazer antes?
Sem dúvida - e em áreas que nem ocorreriam a nós num primeiro momento.
Imaginemos uma aula de apreciação musical. O professor pode explicar aos
alunos como uma orquestra é organizada, qual o papel dos diferentes
instrumentos, como o conjunto de tantos instrumentos diferentes pode produzir
um som tão harmónico, tão bonito.
A resposta pode ser um CD-ROM que contenha um programa de
computador que tem fotografias ou desenhos dos vários instrumentos, os
diferentes sons de cada um deles, explicações sobre a história dos vários
instrumentos e o papel que cada um desempenha na orquestra - os instrumentos
de corda, de sopro, de percussão.
O CD-ROM pode colocar na tela uma partitura que vai se alterando à
medida que a música vai sendo tocada. E os alunos podem ouvir os mais diversos
instrumentos, cada um tocando a sua parte da partitura, e depois verificar como
soa a música quando todos os instrumentos tocam trechos juntos. Clips de vídeo
de uma orquestra real tocando a partitura podem ser vistos, para fins de
comparação.
Digamos que os alunos perguntem como se escreve uma partitura. O
professor pode mostrar como se fazia antigamente - o compositor com o papel
pautado tocando as notas no piano e as anotando na pauta. Ou pode acoplar um
teclado eletrônico ao computador e carregar um programa que escreve a partitura
na tela quando se toca uma melodia no teclado. Pode tocar a melodia em
diferentes ritmos para que os alunos observem as mudanças sutis que ocorrem na
partitura.
A seguir o professor pode mostrar como um mesmo teclado con-
Anexo 6
segue gerar os sons dos vários instrumentos, simulando-os. Depois pode mostrar
como o teclado toca automaticamente vários ritmos e como esses ritmos podem
ser alterados. E assim por diante. É virtualmente impossível fazer tudo isso numa
sala de aula sem informática - usar a informática assim na Educação é usá-la de
forma inovadora.
Para cada matéria no currículo escolar é possível imaginar usos inovadores
da informática. Basta começar a pensar, usar a imaginação e não ter medo de ser
criativo.
Eduardo Alves, in http://www.aprendiz.com.br
INFORMÁTICA
M
ÓDULO
3
U
MA FERRAMENTA PARA NOVAS
ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM
A utilização de um software está diretamente relacionada à capacidade de per-
cepção do professor em relacionar a tecnologia à sua proposta educacional. Por
meio dos softwares é que podemos ensinar, aprender ou, simplesmente, produ-
zir trabalhos com excelentes apresentações.
Sanmya Feitosa Tajra
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo__________________________________________________________
Reconhecer o papel da Informática na organização da vida sociocultural e na
compreensão da realidade, relacionando o manuseio do computador a casos reais,
ligados ao cotidiano do estudante, seja no mundo do trabalho, no mundo da educação
ou na vida privada.
Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando
textos com seus contextos, mediante a natureza, a função, a organização e a
estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção/ recepção
(intenção, época, local, os interlocutores participantes da criação e propagação de
ideias e escolhas, as tecnologias disponíveis etc).
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
diferenciar as linguagens utilizadas pelas diversas tecnologias;
identificar o contexto como condição fundamental para garantir a construção do
conhecimento;
analisar a contribuição de algumas ferramentas da informática na construção do
conhecimento.
Conceitos _____________________________________________________________________
Editor de texto.
software de apresentação.
Sistemas tutoriais.
Planilha de cálculo.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papéis de vários tipos, cores e tamanhos (kraft, sulfite etc).
Pincéis atómicos (várias cores).
Canetas hidrocor.
1 rolo de fita adesiva dupla face.
Diferentes jornais de um mesmo dia, ou um mesmo jornal de diferentes dias da
semana (para a Atividade 2).
Computador com CD-ROM, Microsoft Office ou similar e acesso à internet (se
possível).
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 3 de Informática.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1
Distribua o Anexo 1 (página 321) para leitura individual e comentários.
Peça para os professores que estiverem acostumados a usar o processador de textos
falarem das melhoras que sentiram em seu trabalho - tanto em sala de aula quanto na
preparação de atividades - com o uso do processador.
Um dos aspectos fundamentais levantados no texto de Veríssimo é a criação de
novos hábitos de revisão, com o uso dos processadores de texto. Levando isso em
conta, abra um debate em torno da questão:
Que importância tem esse trabalho de revisão no processo de ensino e
aprendizagem, em todas as disciplinas do Ensino Médio?
Distribua o Anexo 2 (página 322), dê um tempo para os professores lerem e
coloque em discussão as seguintes ideias do texto:
a. "O texto mantinha com o papel uma relação de dependência." Essa
relação determinava 'modos de ler'? Justifique a resposta.
b."[...] longe de enfraquecer, a ebulição digital tonifica a escrita."
Peça para os professores experientes no uso do processador de textos para
exemplificarem essa ideia com fatos de sala de aula.
Diga para sublinharem, no último parágrafo do texto, esta passagem:
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando da
descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto.
A partir desse trecho, leve os professores a discutir as questões abaixo.
Que estímulos e equipamentos eram utilizados na escola em que
você cursou o Ensino Médio?
Na condição de professor, hoje, os estímulos e equipamentos que
você tem utilizado são muito diferentes dos que foram citados?
Especifique a natureza dessa diferença.
Muitos acham que notebooks (computadores portáteis) e e-books
(livros eletrônicos) tendem a substituir, respectivamente, o caderno e
o livro em papel - inclusive o didático. O que você pensa disso?
Justifique sua opinião.
Registre na lousa uma síntese dos pontos principais da discussão. Se achar per-
tinente, copie o registro no papel e tire cópias para entregar aos professores.
Para finalizar a atividade, peça para os participantes relacionarem o que foi discutido
até aqui com a seguinte passagem dos PCNEM:
Como a mais recente das linguagens, [a informática] não substitui as demais,
mas, ao contrário, complementa e serve de arcabouço tecnológico para as várias
formas de comunicação tradicionais, (p. 184)
Conceitos: processador de textos; revisão; e-books; notebooks.
Competência: reconhecer a importância do processador de texto no processo de
ensino/aprendizagem.
INFORMÁTICA - Módulo 3
Atividade 2______________________________________________________
No encontro anterior, você deve ter pedido a cada grupo para
providenciar um jornal do dia.
Tome um jornal de grande circulação e comente sua estrutura: capa, cadernos,
seções dentro do caderno etc.
Proponha a cada grupo de três ou quatro professores que discuta os tipos de
texto que aparecem no jornal - a linguagem, a montagem visual, os destaques,
a presença de gráficos e tabelas etc.
Se for possível acessar a internet, leve os professores a estabelecer comparações
entre o jornal impresso e o mesmo jornal (ou outro) na internet. Dê ênfase à
observação de aspectos como: redação e formato da notícia, manchete, fotos e
diagramação. Comente a questão da atualização.
Proponha a cada grupo que escolha uma notícia para comparar a maneira em
que aparece nos diversos jornais. A seguir, fixe um tempo para que reescrevam
essa notícia no editor de texto.
Diga para imprimirem os textos e trocarem entre os grupos; promova uma roda
de discussão, para analisarem e comentarem mutuamente seus trabalhos, dan-
do sugestões. Os autores de cada texto podem alterá-lo, se acharem que é o
caso, de acordo com as sugestões dos colegas.
Peça para cada grupo criar uma manchete e diagramar sua notícia.
Organize uma roda para todos darem suas impressões a respeito do uso do
editor de texto. Lembre-se de incluir estes tópicos:
motivação;
estímulo/criatividade;
facilidade na correção;
facilidade na reestruturação do texto.
Promova então uma discussão em torno do seguinte trecho dos PCNEM:
Será que a inserção da informática na cultura de modernas sociedades implica
no aprendizado de técnicas de programação ou do funcionamento de circuitos
eletrônicos? (p. 183)
Para finalizar, proponha que, levando em conta tudo que foi discutido até aqui,
cada professor elabore uma atividade para desenvolver em sala de aula, empre
gando como material a notícia redigida e diagramada pelo grupo.
Conceito: jornal impresso e eletrônico.
Competência: reconhecer o jornal como recurso didático, em suas ver-
sões impressa e eletrônica.
Atividade 3 ______________________________________________________
Esta atividade só poderá ser desenvolvida se a escola possuir
um Laboratório de Informática.
Distribua os Anexos 3 e 4 (páginas 323-324). Peça para os professores formarem
grupos de três ou quatro pessoas, para analisar o quadro, identificar e catalogar
os softwares disponíveis no Laboratório de Informática.
Peça para os grupos avaliarem os softwares disponíveis baseando-se nos dados da
ficha do Anexo 4.
Socialize as análises feitas, registrando um resumo na lousa, e discuta a importância
de cada programa no processo de construção do conhecimento, a partir do seguinte
trecho dos PCNEM:
Reconhecer a informática como ferramenta para novas estratégias de aprendiza-
gem, capaz de contribuir de forma significativa para o processo de construção
do conhecimento, nas diversas áreas. (p. 186)
Conceitos: tutorial; simulação; redes de comunicação.
Competência: reconhecer algumas das diversas possibilidades de uso dos
softwares educacionais.
Atividade 4 ____________________________________________________________
No Módulo 2 desta capacitação simulou-se uma situação na qual alguns
professores foram selecionados para lecionar em locais distantes,
durante um ano. Proponha que agora se imagine a necessidade de
traçar um perfil dos professores que pretendem se inscrever naquele
programa.
Relate a situação aos professores e peça para, em grupos de quatro pessoas,
elaborarem no editor de texto um questionário que permita traçar esse perfil.
Explique que devem ser elaboradas questões de múltipla escolha, com quatro
alternativas, incluindo obrigatoriamente estes aspectos:
a. conhecimentos na área de Informática - softwares e internet;
b. conhecimentos da utilização dessa linguagem como ferramenta pedagógica.
Diga para imprimirem os questionários, para que cada um possa respondê-lo.
Após as respostas, combine que cada professor faça a tabulação de uma ou duas
questões - dependendo do número de participantes do grupo -, usando um software
de planilha eletrônica; o resultado deve ser mostrado em um gráfico de setor.
Diga para imprimirem os gráficos e montarem em um cartaz, para que todos possam
observá-los.
Promova uma discussão dos dados incluídos no perfil tecnológico, relacionan-do-os
com a seguinte competência indicada nos PCNEM:
Dominar as funções básicas dos principais produtos de automação da micro-
informática, tais como sistemas operacionais, interfaces gráficas, editores de tex-
to, planilhas de cálculo e aplicativos de apresentação, (p. 188)
Sugira que cada grupo proponha uma atividade a ser desenvolvida em sua es
cola, empregando um questionário do mesmo tipo e fazendo a tabulação de
acordo com os mesmos princípios.
Conceitos: planilha eletrônica; editor de texto.
Competência: identificar as potencialidades de aplicação desses recursos na
prática pedagógica.
INFORMÁTICA - Módulo 3
Atividade 5_____________________________________________________________
Distribua o Anexo 5 (página 325) para leitura individual.
Coloque em discussão alguns aspectos suscitados pelo texto:
a. Ferramentas analisadas neste Módulo:
Quais representaram, para cada um, uma ampliação de possibilidades?
Por quê?
Quais delas ampliam, de fato, as formas de perceber, sentir e comunicar-
se? Por quê?
Em que sentido essas ferramentas possibilitam enfatizar esta ideia do
texto: "relacionando tudo, integrando tudo"?
b. "Educar é chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis."
Qual traço diferencia a utilização da informática dos demais ca
minhos?
c. No penúltimo parágrafo fala-se em "ensinar a aprender".
Como cada uma das ferramentas analisadas pode colaborar para alcançar
esse objetivo?
Para encerrar, peça para os professores, usando um software de apresentação,
apresentarem uma síntese das principais ideias deste Módulo. A apresentação
deve abordar os seguintes aspectos:
relacionamento da tecnologia com novas propostas educacionais para "ensinar a
aprender";
descrição dos diversos aspectos que devem ser considerados na avaliação de um
software;
divulgação da análise dos softwares explorados pelo grupo.
Diga para relacionarem a apresentação com o seguinte trecho dos PCNEM:
O estudante não deve ser visto apenas como quem usa a informática enquanto
instrumento de aprendizagem, mas também como aquele que conhece os equi-
pamentos, programas e conceitos que lhe permitem a integração ao trabalho e o
desenvolvimento individual e interpessoal, (p. 186)
Conceitos: software de apresentação; interação; integração.
Competência: discussão, elaboração e apresentação de informações inseridas em
determinado contexto, tendo em vista a tomada de decisões.
Entregue aos professores o Anexo 6 (páginas 326-327) para lerem e comen-l tarem.
Indicação de leitura __________________________________________________
TV e Informática na Educação. Série "Estudos - Educação a Distância". Brasília, MEC,
1998.
O livro apresenta textos que aprofundam a discussão sobre novas tecnologias e sua
utilização nas escolas dentro de projetos pedagógicos.
Para encerrar, recolha os Anexos.
Anexo 1
O suicida e o computador
Depois de fazer o laço da forca e colocar uma cadeira embaixo, o escritor sen-tou-
se atrás de sua mesa de trabalho, ligou o computador e digitou:
"No fundo, no fundo, os escritores passam o tempo todo redigindo a sua
nota de suicida. Os que se suicidam mesmo são os que a terminam mais cedo."
Levantou-se, subiu na cadeira sob a forca e colocou a forca no pescoço.
Depois retirou a forca do pescoço, desceu da cadeira, voltou ao computador e
apagou o segundo "no fundo". Ficava mais enxuto. Mais categórico. Releu a nota
e achou que estava curta. Pensou um pouco, depois acrescentou:
"Há os que se suicidam para escapar da terrível agonia de encontrar um
final para a nota. O suicídio substitui o final. O suicídio é o final."
Levantou-se, subiu na cadeira, colocou a forca no pescoço e ficou pensan-
do. Lembrou-se de uma frase de Borges. Encaixa, pensou, retirando a corda do
pescoço, descendo da cadeira e voltando ao computador. Digitou:
"Borges disse que o escritor publica seus livros para livrar-se deles, senão
passaria o resto da vida reescrevendo-os. O suicídio substitui a publicação. O
suicídio é a publicação. No caso, o livro livra-se do escritor."
Levantou-se, subiu na cadeira mas desceu da cadeira antes de colocar a
forca no pescoço. Lembrara-se de outra coisa. Voltou ao computador e, entre o
penúltimo e o último parágrafo, inseriu:
"Há escritores que escrevem um grande livro, ou uma grande nota de
suicida, e depois nunca mais conseguem escrever outro. Atribuem a um bloqueio,
ao medo do fracasso. Não é nada disso. É que escreveram a nota, mas
esqueceram-se de se suicidar. Passam o resto da vida sabendo que faltou algu-
ma coisa na sua obra e não sabendo o que é. Faltou o suicídio."
Levantou-se, ficou olhando a tela do computador, depois sentou-se de novo.
Digitou:
"No fundo, no fundo, a agonia é saber quando se terminou. Há os que não
sabem quando chegaram ao final da sua nota de suicida. Geralmente, são escri-
tores de uma obra extensa. A crítica elogia sua prolixidade, a sua experimentação
com formas diversas. Não sabe que ele não consegue é terminar a nota."
Desta vez não se levantou. Ficou olhando para a tela, pensando. Depois
acrescentou:
"É claro que o computador agravou a agonia. Talvez uma nota de suicida
definitiva só possa ser manuscrita ou datilografada à moda antiga, quando o medo
de borrar o papel com correções e deixar uma impressão de desleixo para a
posteridade leva o autor a ser preciso e sucinto. Tese: é impossível escrever uma
nota de suicida num computador."
Era isso? Ele releu o que tinha escrito. Apagou o segundo "no fundo". Era
isso. Por via das dúvidas, guardou o texto na memória do computador. No dia
seguinte o revisaria. E foi dormir.
Luis Fernando Veríssimo, O suicida e o computador. Porto Alegre, L& PM, 2000, pp. 111-2.
INFORMÁTICA- Módulo 3
Anexo 2
A revolução digital
Texto e papel. Parceiros de uma história de êxitos. Pareciam feitos um para o
outro. Disse 'pareciam', assim, com o verbo no passado, e já me explico: estão
em processo de separação. Secular, a união não ruirá do dia para a noite. Mas o
divórcio virá, certo como o pôr-do-sol a cada fim de tarde. O texto mantinha com o
papel uma relação de dependência.
A perpetuação da escrita parecia condicionada à produção de celulose.
Súbito, a palavra descobriu um novo meio de propagação: o cristal líquido. Saem
as árvores. Entram as nuvens de elétrons. A mudança conduz a veredas ainda
inexploradas. De concreto há apenas a impressão de que, longe de enfraquecer,
a ebulição digital tonifica a escrita. E isso é bom. Quando nos chega por um
ouvido, a palavra costuma sair por outro. Vazando-nos pelos olhos, o texto inunda
de imagens a alma.
Em outras palavras: falada, a palavra perde-se nos desvãos da memória;
impressa, desperta o cérebro, produzindo uma circulação de ideias que gera
novos textos. A internet é, por assim dizer, um livro interativo.
Plugados à rede, somos autores e leitores. Podemos visitar as páginas de
um clássico da literatura. Ou simplesmente arriscar textos próprios.
Otto Lara Resende costumava dizer que as pessoas haviam perdido o gosto
pela troca de correspondências. Antes de morrer, brindou-me com dois
telefonemas. Em um deles prometeu: "Mando-te uma carta qualquer dia desses".
Não sei se teve tempo de render-se ao computador. Creio que não. Mas, vivo,
Otto estaria surpreso com a popularização crescente do correio eletrônico.
O papel começa a experimentar o mesmo martírio imposto à pedra quando
da descoberta do papiro. A era digital está revolucionando o uso do texto.
Estamos virando uma página. Ou, por outra, estamos pressionando a tecla 'enter'.
Josias de Souza, Folha de 5. Paulo, 6/5/1996.
Caderno "Brasil", p. 2.
Anexo 3
Possíveis funções do computador no ensino
Atividade do
aluno
Tipo de programa Função
Perspectiva de
aprendizagem
Revisa
Recorda
Pratica
• Exercício
* Reforço
* Controle
* Teste
• Condutismo: estímulo
resposta, repetição,
realimentação
Aplica
Intui
Compreende
• Sistemas tutoriais
• Simulação
• Demonstrações
Jogos heurísticos e
estratégias
• Programação
pedagógica
• Professor
• Tutor
• Guia
• Verificação de
hipóteses
Tomada de decisões
• Conceituação e
resolução de
problemas
• Significativo verbal
Indutivo/dedutivo
• Aprendizagem por
descobrimento
• Resolução de
problemas
Atua
Realiza tarefa
Comunica-se
Coopera
Editores de texto
Gestores de bancos de
dados
Planilha de cálculo
Programa de desenho
• Programas estatísticos
• Programa de
apresentação
• Redes de comunicação
Ajudam a organizar,
representar,
armazenar e
apresentar informação
• Facilitam a
transmissão, o acesso
à informação e à
comunicação
• Processamento
significativo da
informação
Tomada de decisões
• Aprendizagem por
colaboração
Consulta • Enciclopédias e outros • Acesso à informação
• Aprendizagem por
descobrimento,
processamento
significativo da
informação
Joana M. Sancho Gil, "A caixa de surpresas: possibilidades educativas da Informática", in revista
Pátio, ano 3, n. 9. Porto Alegre, Artmed, maio/junho de 1999.
INFORMÁTICA - Módulo 3
Anexo 4
Ficha de avaliação de softwares educacionais
Nome do software: _________________________________________________
Autor(es):_________________________________________________________
Empresa: _________________________________________________________
Tipo de programa (avaliar de acordo com a tabela do Anexo 3): _______________
blico-alvo: ______________________________________________________
Configuração mínima necessária (olhar na embalagem do software ou manual):
Objetivo do software:________________________________________________
Pré-requisito: ______________________________________________________
Indicações para as disciplinas: ________________________________________
Exemplos de atividades que podem ser desenvolvidas com a intermediação do
software: _________________________________________________________
Oferece diferentes níveis de dificuldade? ________________________________
Oferece feedback? _________________________________________________
É interativo? ______________________________________________________
Telas, gráficos e textos são adequados? ________________________________
Comenrios: ______________________________________________________
Sanmya Feitosa Tarja, Informática na Educação:
professor na atualidade. São Paulo, Érica, 1998, p. 52.
Anexo 5
Mudar a forma de aprender e ensinar com a internet
Educar é estar mais atento às possibilidades do que aos limites. Estimular o
desejo de aprender, de ampliar as formas de perceber, de sentir, de compreender,
de comunicar-se. Apoiar o estado de prontidão para aprender dentro e fora da
escola, em todos os espaços do cotidiano, em todas as dimensões da vida. Estar
atento a tudo, relacionando tudo, integrando tudo.
Conectar sempre o ensino com a pessoa do aluno, com a vida do aluno,
com as suas experiências.
Educar é procurar chegar ao aluno por todos os caminhos possíveis:
Pela experiência, pela imagem, pelo som, pela representação (drama-
tizações, simulações), pela mídia.
É a partir de onde o aluno está, ajudando-o a ir do concreto ao abstraio, do
imediato para o contexto, do vivencial para o intelectual, integrando o sensorial, o
emocional, e o racional. O emocional é um componente fundamental da
compreensão e do ensino.
Ensinar a aprender depende do educador e do educando, é um processo
compartilhado. O educador coordena, sensibiliza, organiza o processo, que vai
sendo construído em conjunto com as habilidades e tecnologias possíveis para
cada grupo, de forma participativa. É um processo baseado na confiança, na
comunicação autêntica, na interação, na troca, no estímulo, com normas e limites,
mas sempre enfatizando o incentivo.
É importante sermos professores/educadores com um amadurecimento
intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo esse processo. Ensinar
com novas mídias será uma revolução, se mudarmos simultaneamente os
paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e
alunos. Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem
mexer no essencial.
José Manuel Moran, TV e Informática na Educação,
série "Salto para o Futuro". Brasília, MEC/SEED, 1998, p. 88.
INFORMÁTICA - Módulo 3
Anexo 6
Escola de cidadãos
Em vez de acúmulo de conhecimento, o ensino se preocupará com o ritmo de
cada aluno e o desenvolvimento de suas áreas de interesse.
A educação deve viver dois grandes momentos, nos próximos cinquenta anos: um
daqui a duas décadas, quando, espera-se, o conceito de escola-cidadã, que
ensina direitos e deveres por meio de exemplos e reflexão, será uma prática
consolidada.
O segundo deve acontecer em 2050, com a entrada em cena de um
conceito batizado de pedagogia da Terra ou, mais frequentemente, formação
holística. A previsão é de Moacir Gadotti, professor titular da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo e diretor do Instituto Paulo Freire,
organização não-governamental que presta consultoria a escolas e a secretarias
de educação.
Depois de se centrar durante os últimos dois séculos no acúmulo de
conhecimento, a educação deve se voltar a questões tão existenciais como o
medo, a morte ou a vida após a morte, o que nos lembra a academia do filósofo
grego Platão, de mais de dois mil anos. Uma tendência visível não só nos sonhos
de quem trabalha e pensa na educação, mas registrada no relatório da Comissão
Internacional sobre Educação para o século XXI, publicado pela Unesco no último
final de ano.
Uma espécie de carta de intenções com quatro pilares básicos: aprender a
conhecer, a fazer, a viver juntos e, finalmente, a ser. Integrando todos os demais,
o item 'aprender a ser' busca a realização pessoal e o conhecimento das
emoções. "O retorno à formação integral do homem deve ser a tónica do próximo
milénio", diz o professor Alípio Casali, titular de pós-graduação em Educação da
PUC de São Paulo. "A educação tem se preocupado com partes do homem, ora
com a moral, ora com a erudição, ora com a profissionalização e agora volta a
olhar o conjunto", diz Casali.
Segundo os especialistas, as grandes mudanças não levam menos de três
ou quatro décadas para sair dos sonhos e chegar ao cotidiano. Mas, quando isso
acontecer, a escola se tornará mais barulhenta, prazerosa, participativa e
essencialmente amorosa. "Em seus corredores andariam alunos entusiasmados
com seus trabalhos. A tónica seria a autonomia a partir de um bom projeto
pedagógico", diz o diretor do Instituto Paulo Freire. Duas questões básicas
norteariam os professores: o gerenciamento - e não o repasse - do conhecimento
e o desenvolvimento da sensibilidade. A relação do homem com o mundo seria
outra. De exploradores passaríamos a reverenciadores do planeta. "Pequenos e
simples prazeres,
Anexo 6
como pisar descalços na grama úmida ou na areia quente, seriam revalorizados",
diz o professor.
Os educadores estimulariam em seus alunos não só a capacidade de
aproveitar as fontes de conhecimento, mas principalmente a de sentir prazer em
estar e conviver com o outro. O espaço físico da escola também acompanharia a
nova ordem. Nos sonhos da pedagoga Sílvia Fichmann, que coordena a equipe
consultiva da Escola do Futuro, da Universidade de São Paulo, as crianças
deveriam usufruir de um lugar de muita experimentação, onde pudessem conviver
com animais, fabricar remédios ou cultivar uma horta. A formação escolar não
seria dividida em séries e a tecnologia seria o instrumental para estudos feitos
sempre em grupo.
"Cada um se desenvolveria conforme o seu ritmo, suas competências e
áreas de interesse, trabalhando em projetos", propõe. A música, extremamente
importante, estaria de volta ao currículo como fundo para todas as atividades.
"Dentro da lógica dos interesses individuais, nem todos se envolveriam com
música, mas teriam acesso a ela", pontua. As crianças, livres dos horários, das
filas e estimuladas a experimentar, teriam, finalmente, uma escola capaz de
formar cidadãos.
Rita Moraes, IstoÊ, seçáo "Comportamento", n. 1.579, 5/1/2000.
As novas tecnologias de comunicação exigem, ao serem consideradas sob uma
ótica educativa e para a educação, serem inseridas na categoria mais ampla de
projeto educacional [..,] Essas tecnologias em conjunto ou qualquer uma delas
em particular seriam relacionáveis com o uso pedagógico das mesmas somente
se fossem integradas ao contexto do que normalmente se denomina projeto
educacional.
José Escudero
Tempo previsto: 16 horas
Finalidades do Módulo __________________________________________________________
Promover a integração da tecnologia digital com o processo de aprendizagem de
forma inter, multi e transdisciplinar, reconhecendo-a como catalisadora desse
processo.
Reconhecer atividades cooperativas e de descoberta.
Propiciar atividades de pesquisa na internet e em outras mídias.
Diferenciar as linguagens das diversas tecnologias.
Construir ou mobilizar as competências e habilidades de:
analisar a contribuição de ferramentas da informática nos Projetos Educacionais;
reconhecer o papel do professor na execução de um projeto que utilize recursos
tecnológicos;
reconhecer a informática como ferramenta para novas estratégias de aprendiza-
gem, capaz de contribuir de forma significativa para o processo de construção do
conhecimento, nas diversas áreas;
dominar as funções básicas dos principais produtos de automação da
microinformática, tais como sistemas operacionais, interfaces gráficas, editores de
texto, planilhas de cálculo e aplicativos de apresentação.
Conceitos
Informação.
Conhecimento.
Internet.
Competência.
Contexto.
Website.
Hipertexto.
CD-ROM.
Materiais necessários ___________________________________________________________
Papéis de vários tipos, cores e tamanhos (kraft, sulfite etc).
Pincéis atómicos de várias cores.
Canetas hidrocor.
Tesoura e cola.
1 rolo de fita adesiva dupla face.
Computador, com Microsoft Office ou similar e de preferência com acesso à internet.
Livros, revistas ou jornais para consulta.
Revistas ou jornais que possam ser recortados.
Lousa e giz.
Caderno, lápis e caneta.
Anexos do Módulo 4 de Informática.
PCNEM.
Dinâmica de trabalho ___________________________________________________________
Atividade 1 ____________________________________________________________
Distribua o Anexo 1 (páginas 334-335) para leitura individual.
Terminada a leitura, coloque em discussão os seguintes tópicos retirados do texto:
"E o professor? Este, em contraste com o médico, provavelmente entraria sem
problemas numa sala de aula típica de nossas escolas e, ressalvada alguma
desatualização nos conteúdos (que estariam meio envelhecidos), não teria a menor
dificuldade em continuar a dar aulas do mesmo jeito que o fazia há cem anos."
"Por que, de todas as áreas de nossa sociedade, a educação escolar é a que mais
tarda em se valer das tecnologias de informação e comunicação que hoje estão
disponíveis?"
"Se a educação escolar deve, hoje, preparar as pessoas para viver, como indiví-
duos, cidadãos e profissionais, no século XXI, em que a presença da tecnologia
na vida diária, social e profissional certamente será maior ainda, por que não nos
valemos, para educar, dos recursos tecnológicos à nossa disposição?"
"É possível que daqui a uns vinte anos, quem sabe menos, as pessoas olhem para
trás e se perguntem: como é que nós educávamos, no final do século XX, sem
computadores, sem redes digitais que transmitem informações multimídia de
um canto para outro do mundo em microssegundos, sem ferramentas de busca
e pesquisa que nos permitem encontrar qualquer informação em segundos, sem
poder nos comunicar instantaneamente uns com os outros independentemente
do local em que nos encontramos. Ou será que daqui a vinte anos ainda estare-
mos educando do mesmo jeito de hoje, do mesmo jeito que o fazia, cem anos
atrás, o professor congelado, usando apenas as tecnologias da voz, do livro, do
giz e do quadro-negro?"
Organize os professores em grupos de três ou quatro, distribua cartolinas, revis
tas, tesoura e cola e solicite que cada grupo elabore um cartaz para ilustrar o
tema: "Educação no novo milénio".
Conceito: ensino-aprendizagem.
Competência: reconhecer a importância de pensar em novas formas de ensinar e
aprender usando as tecnologias de comunicação.
INFORMÁTICA - Módulo 4
Atividade 2 _________________________________________________________ ___
Entregue o texto do Anexo 2 (página 336) para leitura individual. Promova
então uma discussão coletiva, levando os professores a fazerem uma síntese das
ideias principais. Peça para um dos participantes ir registrando essa síntese em
um cartaz. Se achar conveniente, procure enfatizar estes pontos:
informática como ferramenta, e não como mero veículo;
• utilidades do computador
- não-integrado à rede;
- integrado à rede;
amplitude da utilização do computador;
o computador como ferramenta interdisciplinar.
Copie na lousa o seguinte trecho do texto:
Na criação e na viabilização de projetos, o computador é instrumento de
trabalho e de construção coletiva de conhecimento. Espaço por excelência
de encontro de disciplinas, de conteúdos e de pessoas.
Conceito: projeto educacional.
Competência: usar a informática de maneira eficaz em projetos
interdisciplinares.
Atividade 3 _____________________________________________________________
Peça para os professores lerem atentamente este texto (escreva-o na lousa):
O trabalho por projetos é uma das alternativas mais eficientes quando se
trata de motivar os alunos. Por várias razões: permite a aplicação prática do
conhecimento; favorece a interdisciplinaridade; dá mais oportunidades de
opção aos alunos, que podem escolher seu grupo e as tarefas mais adequa-
das aos seus interesses e capacidades. Ao satisfazer as necessidades que os
alunos têm de compreender, de se sentir capazes, de realizar, você está esti-
mulando sua motivação.
Promova a discussão do texto; atribua a um dos professores a tarefa de registrar
as ideias principais. Para orientar o debate, coloque questões como estas:
O trabalho por projetos faz parte da metodologia utilizada pela
escola?
Existem momentos específicos para planejar um projeto?
Como acontecem as atividades do projeto? A grade curricular prevê
trabalhos interdisciplinares?
O projeto costuma envolver atividades que utilizem recursos
tecnológicos? Quais? De que forma?
Houve alguma mudança na postura do professor após começar a
trabalhar por projetos? E na dos alunos?
Peça para o professor responsável pelas anotações abrir a discussão com o grupo,
com o objetivo de elaborar um roteiro a ser usado nos projetos da escola.
Diga para formarem grupos de três ou quatro pessoas e proponha a atividade a
seguir, aproveitando as ideias geradas na discussão anterior:
Suponhamos um concurso anual para a construção de um
website educativo interativo, que ficará disponível na rede. Cada
grupo deve fazer uma proposta para participar desse desafio.
O objetivo principal do concurso consiste em promover a internet como
ferramenta interativa e participativa de aprendizado, estimulando seu
uso nos meios educacionais para intercâmbio, pesquisa e
colaboração.
Proponha que cada grupo escolha um tema para o projeto e justifique sua escolha.
Talvez seja interessante desenvolver um tema de caráter regional.
Estabeleça que cada grupo deverá antes de tudo definir:
os objetivos gerais e específicos de aprendizagem - que devem ser simples, claros e
concisos;
as metodologias e as estratégias, que precisam estar relacionadas aos objetivos. As
estratégias deverão ser condizentes com os recursos materiais e humanos, horários
e organização (individuais, em grupos ou coletivas).
o cronograma do trabalho.
Combine também com os grupos a definição da função de cada participante no
projeto e as formas de comunicação que serão empregadas.
Como preparação para o projeto, discuta com o grupo o seguinte trecho dos PCNEM:
A ausência de planejamento específico para o aproveitamento desse recurso
[informática] na educação e de um treinamento orientado aos professores
compromete a utilização eficaz da internet, (p. 185)
Conceitos: projeto educacional; criatividade; internet; website (homepage).
Competências: estruturar e administrar projetos educacionais.
Atividade 4 _____________________________________________________________
Leia antecipadamente o Anexo 3 (página 337) e avalie a utilidade de entregá-lo aos
grupos. Se achar dispensável, faça comentários gerais a respeito do procedimento de
leitura.
Dê um tempo para os grupos pesquisarem em diferentes mídias - observando as
variáveis relacionadas a seu projeto, selecionando as informações relevantes e
ignorando as irrelevantes, ponderando as contradições, testando alternativas,
considerando o trabalho em equipe, tomando decisões e colocando-as de maneira
clara e coerente.
Enquanto os grupos trabalham, circule pela sala esclarecendo possíveis
dúvidas.
Terminada a pesquisa, discuta com os professores suas dificuldades, procurando
relacioná-las com as que os alunos encontrariam em uma pesquisa semelhante. Peça
para um professor registrar uma síntese das dificuldades relatadas.
Apresente então o seguinte trecho dos PCNEM:
Conhecer o conceito de rede, diferenciando as globais, como a internet -
que teriam a finalidade de incentivar a pesquisa e a investigação graças às
formas digitais e possibilitar o conhecimento de outras realidades, experiên-
cias e culturas -, das locais ou corporativas, como as intranets, que teriam a
finalidade de agilizar ações ligadas a atividades profissionais, dando ênfase a
trabalhos em equipe, (p. 188)
INFORMÁTICA - Módulo 4
Coloque em discussão, a partir da leitura desse texto, os seguintes aspectos:
A internet é um estímulo para a pesquisa escolar?
Quando encontra uma informação na rede, o aluno se preocu-
pa em divulgá-la para os demais colegas?
Existe (ou deveria existir) um momento para discussão e refle-
xão, em grupo, das informações pesquisadas?
Considerando que a internet é uma comunidade aberta, na qual
as informações não são controladas, as informações pesquisadas
deveriam ser discutidas com os alunos, em diferentes momen-
tos do projeto?
Conceitos: internet; trabalho colaborativo; informação e conhecimento.
Competências: pesquisar em diversas mídias; reconhecer a necessidade
de avaliar pesquisas feitas pela internet.
Atividade 5______________________________________________________
Entregue os Anexos 4 e 5 (páginas 337-339) e dê um tempo para leitura. Em
seguida, coloque em discussão os principais conceitos abordados nos textos,
enquanto um professor faz a síntese em um cartaz.
Peça para os grupos discutirem como será estruturado o website previsto no
projeto.
Se for possível, acesse a internet e consulte alguns sites para
discutir a estrutura de um website. Se não houver internet
disponível, retome como exemplo o material do Anexo 1, do
Módulo 1.
Dê um tempo para os grupos organizarem o material selecionado na pesquisa a
ser utilizado no website.
A elaboração do website requer um programa específico para esse fim. Caso
não se disponha de um programa específico, oriente o grupo para fazer uma
simulação, utilizando um programa de apresentação.
Apresente o seguinte trecho dos PCNEM:
(...] a informática encontra-se presente na nossa vida cotidiana e incluí-la
como componente curricular da área de Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias significa preparar os estudantes para o mundo tecnológico e
científico, aproximando a escola do mundo real e contextualizado, (p. 186)
A partir desse texto, peça para os grupos identificarem, oralmente, duas com
petências desenvolvidas ou mobilizadas até aqui que consideram funda
mentais.
Conceitos: programas para elaboração de website; frame; hipertexto.
Competências: construir 'plataforma' para execução de um projeto;
compreender conceitos computacionais que facilitem a incorporação de
ferramentas específicas nas atividades profissionais.
Atividade 6 ____________________________________________________________
Discuta com os professores os mecanismos e os indicadores que seriam utiliza
dos para a avaliação dos websites desenvolvidos por eles. Registre o resultado
dessa discussão em um cartaz.
Enfatize a importância de relacionar os mecanismos e
indicadores com o objetivo geral.
Proponha um intercâmbio para que cada grupo avalie o website de um outro e sugira
alterações.
Sugira que cada grupo analise a avaliação e incorpore as modificações que con-
siderar pertinentes.
Diga para os grupos se reunirem e discutirem as dificuldades encontradas na
execução do projeto como um todo.
Organize uma roda de discussão para socializar as conclusões e as soluções para os
possíveis problemas levantados.
Apresente o seguinte trecho dos PCNEM:
O professor deixa de ser uma ilha ao interagir com os colegas, em busca de
um projeto coletivo. Não há novidade na proposta. A novidade fica por con-
ta de sua efetiva atualização na escola. Isso demanda conhecimento, partici-
pação, disponibilidade, interesse profissional e compreensão do papel social
da escola, (p. 192)
Para finalizar o trabalho, peça para todos opinarem a respeito da seguinte ques
tão:
Em que aspectos a informática - vista como ferramenta - pode contribuir para
a motivação e o processo de aprendizagem?
Conceito: avaliação.
Competência: reconhecer as diferentes formas de avaliação de um projeto
educacional.
Educador é aquele que é capaz de instigar a resolução de problemas, vislum-
brar significados para a vida, dignos de envolver os jovens em tarefas radi-
cais, pelas quais seriam capazes de dedicar suas vidas.
Paulo Freire
Consulte também _______________________________________________________________
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo. 34, 1999.
O livro apresenta as novas tecnologias e seu uso e propõe questões, da digitalização
à navegação-memória, programação, realidade virtual, multimídia, interatividade,
correio eletrônico e conceito de software.
Para encerrar, recolha os Anexos.
INFORMÁTICA - Módulo 4
Anexo 1
A tecnologia na educação
Muitos autores têm chamado nossa atenção para o fato de que se um médico, um
engenheiro e um professor tivessem sido congelados cem anos atrás, no final do
século dezenove, e, agora, fossem descongelados e tivessem que voltar a
exercer suas profissões, o médico e o engenheiro não teriam a menor condição
de voltar a trabalhar sem extensa readaptação, pois suas profissões foram
profundamente transformadas, nos últimos cem anos, em grande parte pelas
descobertas científicas e pelos desenvolvimentos tecnológicos.
O médico (para pegar só esse exemplo) não saberia o que fazer com
tomógrafos, equipamentos de ultra-sonografia, ressonância magnética,
cintilografia, não conheceria a maior parte dos remédios hoje disponíveis, ficaria
abismado, dentro dos centros cirúrgicos, com as técnicas cirúrgicas, as operações
feitas com a ajuda de microcâmeras, o uso do laser, e de tantas outras coisas. Ele
teria, na realidade, que reaprender a exercer a sua profissão.
O mesmo vale para o engenheiro, e para quase todas as outras profissões
que já existissem cem anos atrás.
E o professor? Este, em contraste com o médico, provavelmente entraria
sem problemas numa sala de aula típica de nossas escolas e, ressalvada alguma
desatualização nos conteúdos (que estariam meio envelhecidos), não teria a
menor dificuldade em continuar a dar aulas do mesmo jeito que o fazia há 100
anos - porque esta é a forma que a maior parte dos professores de hoje ainda dá
aulas. Ele não precisaria, de forma alguma, reaprender a exercer a sua profissão.
Por que essa diferença? Por que esse contraste?
Por que, de todas as áreas de nossa sociedade, a educação escolar é a que
mais tarda em se valer das tecnologias de informação e comunicação que hoje
estão disponíveis?
Se a educação escolar deve, hoje, preparar as pessoas para viverem, como
indivíduos, cidadãos e profissionais, no século XXI, em que a presença da
tecnologia na vida diária, social e profissional certamente será maior ainda, por
que não nos valemos, para educar, dos recursos tecnológicos à nossa
disposição? Não há nada sagrado e permanente nas tecnologias que usamos
para educar.
Antigamente, usava-se apenas a voz. Sócrates talvez seja o maior educador
que se valeu exclusivamente de sua voz para educar. Ele chegou até mesmo a
criticar o uso de materiais escritos (textos) na educação: segundo ele, textos,
além de enfraquecer nossa memória, não permitem a interação e o diálogo que,
para ele, era essencial na educação.
Anexo 1
Apesar da oposição de Sócrates, as tecnologias envolvidas na preparação
de materiais escritos entraram, e entraram para ficar, na educação.
Originalmente manuscritos, os textos, a partir de meados do século XV,
começaram a ser impressos - o livro impresso sendo mais uma tecnologia que
alterou profundamente nossa forma de educar.
Hoje não saberíamos educar sem usar materiais escritos para preparar
nossas aulas, sem poder esperar que nossos alunos tenham acesso a livros de
texto, livros paradidáticos, enciclopédias, revistas, jornais, e materiais impressos
de toda ordem.
Levou quase 500 anos para livros e revistas serem vendidos, por baixo
preço, em bancas que encontramos a cada esquina, e para se tornarem
onipresentes na educação.
É possível que daqui a uns vinte anos, quem sabe menos, as pessoas
olhem para trás e se perguntem: como é que nós educávamos, no final do
século XX, sem computadores, sem redes digitais que transmitem informações
multimídia de um canto para o outro do mundo em microssegundos, sem
ferramentas de busca e pesquisa que nos permitem encontrar qualquer
informação em segundos, sem poder nos comunicar instantaneamente uns com
os outros independentemente do local em que nos encontramos?
Ou será que daqui a vinte anos ainda estaremos educando do mesmo jeito
de hoje, do mesmo jeito que o fazia, cem anos atrás, o professor congelado,
usando apenas as tecnologias da voz, do livro, do giz e do quadro-negro?
Eduardo O.C. Chaves, in http://www.escola2000.org.br
INFORMÁTICA - Módulo 4
Anexo 2
As aparências enganam
É sempre importante frisar que o uso do computador na escola só é eficaz quando
norteado por adequado projeto pedagógico. O computador só faz amplificar os
processos já existentes. Nesse sentido, se a escola é boa, pode ficar melhor, mas
se a escola é ruim, certamente ficará pior ainda. O computador amplifica os erros
e os acertos de quem o usa.
A escola que tem coragem, criatividade e fôlego de planejamento para
organizar sua estrutura curricular por projetos ficará melhor com o uso do
computador. Mas, concretamente, o que pode ele fazer?
Pode-se dizer que o computador pode ser uma excelente fonte de pesquisa
para os temas dos projetos. Funciona como troca de e-mails entre os alunos,
entre outras escolas, entre os professores e entre a comunidade. Pode ser o
espaço de documentação do material que vai sendo introduzido pelo grupo. Pode
constituir um banco de dados construído pelos alunos com contribuição de pais e
alunos de outra classe, de outra escola ou da comunidade.
Como os projetos têm em si a dimensão de publicação (precisam tornar-se
públicos para terem sentido), os recursos gráficos do computador permitem a
ampliação constante do material e a reformatação para a divulgação dos
resultados.
Favorece a construção modular dos trabalhos, o que é bom para os alunos.
Ilustrações criadas pelos alunos, simulações, acréscimos constantes no
trabalho, criação de gráficos, folders, transparências, mix de imagem, movimento,
texto e som.
Na criação e na viabilização de projetos o computador é instrumento de
trabalho e de construção coletiva de conhecimento.
Espaço por excelência de encontro de disciplinas, de conteúdos e de
pessoas.
Fernando José de Almeida, TV e Informática na Educação, série
"Salto para o Futuro". Brasília. MEC/SEED, 1998. p. 80.
Anexo 3
Como ler um texto e fazer anotações
Primeira leitura, para ter uma visão geral.
Segunda leitura, anotando a ideia principal da cada parágrafo e palavras
desconhecidas, ideias ligadas às ideias centrais, detalhes significativos; fazer
anotações, esquemas.
Reler as anotações, verificar se fazem sentido, se estão claras, se há uma
lógica.
Redigir as informações com as próprias palavras.
Rever o texto da própria redação, eliminando repetições/supérfluos.
Enriquecer o texto com exemplos, ilustrações.
Objetivos: avaliação, novas aprendizagens, autonomia.
Rosângela Curvo, Comunicação e Expressão. Apostila de curso. Campinas, Unicamp, p. 8.
Anexo 4
Boas ideias podem se perder em sites ruins
A ideia da câmera na mão e uma ideia na cabeça, expressão usada por Glauber
Rocha na década de 60, tem servido como ponto de partida para a criação de
muitos sites. A diferença é que o que se tem nas mãos agora, em vez de uma
câmera, são softwares, o teclado e o mouse de um computador. Tem-se uma
ideia, uma máquina e conhecimento técnico. Junta-se tudo e monta-se uma
página utilizando vários recursos, cores, bastante animação, mas nenhum pla-
nejamento.
O resultado? Páginas pesadas, poluídas e nada funcionais. Por isso, ao
navegarmos pela Rede, temos a impressão de que alguns sites têm a intenção de
demarcar território apenas. "É importante que o design gráfico seja pensado e
planejado com base no conteúdo da página. Por isso, não há como padronizar:
para cada proposta, deve ser definido um projeto diferente", explica Sérgio Bairon,
professor de pós-graduação das Universidades Mackenzie e PUC-SP.
Um item parece ser unanimidade quando se fala em criação de páginas
para a Web: a interatividade deve estar presente, qualquer que seja o produto
apresentado. "O ícone é a possibilidade de intervenção enquanto se navega.
Possibilita a entrada em outras áreas, ampliando a cognição e a percepção
espacial dos objetos", explica Cícero Ignácio, pesquisador e web designer.
Também é importante estabelecer um roteiro e um padrão de uniformidade.
"O internauta deve navegar com facilidade", ressalta Bairon. "Um site
INFORMÁTICA - Módulo 4
Anexo 4
que alie qualidade de informação e uniformidade tem mais chances de conseguir
a fidelidade do usuário, pois a identificação com o espaço é mais provável",
completa Ignácio.
Ao pensar a criação de uma página deve-se ter em mente alguns princípios
básicos. Um menu contendo todos os serviços oferecidos pelo site deve aparecer
na homepage em formato preferencialmente iconográfico, que torna as opções
mais claras. "Em cada desdobramento vale a mesma regra", conclui Bairon. "A
possibilidade de acesso não-linear à informação não significa que se pode
dispensar a organização."
Também é importante que o dono do site e o web designer trabalhem
juntos: a criação deve ser uma decisão conjunta, pois um detém a técnica e o
outro, o conteúdo. "A internet não é apenas um requinte, é uma mídia nova, e
precisamos aprender a utilizar suas potencialidades", ressalta Bairon.
Ellen Santos, in http://www.aprendiz.com.br
Anexo 5
Hipertexto
O professor de civilização latina pediu à turma que preparasse o tema "Diversões
em Roma" para a semana seguinte. Uma estudante está sentada em casa diante
de seu microcomputador, ligado por modem à rede da universidade. Após ter
chamado o programa Cícero, diversos ícones dispostos sobre a tela indicam-lhe
as possíveis formas de explorar a civilização: períodos, personagens históricos,
textos, visita guiada. O programa então pergunta qual o tema da visita. Após ter
digitado "as diversões", um mapa de Roma, do século II d.C, aparece, com os
parques indicados em verde, as termas em azul, os teatros em amarelo e os
circos em vermelho. O nome de cada local colorido está indicado em maiúscula.
A jovem latinista dica então sobre o teatro de Marcelo, a oeste do campo de
Marte, porque nota que nesse campo há uma forte concentração de teatros, lá se
encontram também os teatros de Pompeu e de Balbino. Através desse gesto
simples, nossa estudante desce na cidade aterrissando no local preciso que havia
selecionado perto do teatro de Marcelo, onde há algumas pessoas em trajes
romanos: um guia, um explicador de latim, um quiosque de livros Ela escolhe o
guia e lhe pede uma introdução geral à rede dramática em Roma.
Anexo 5
Graças a uma série de esquemas e planos arquitetônicos comentados pela
voz do guia ela descobre, por exemplo, a diferença entre as construções gregas e
romanas, por que muitos dos teatros romanos têm o nome de políticos famosos,
quais são os grandes autores de comédias e tragédias, e suas contribuições à
história do teatro. Após uma série de informações gerais desse tipo, o guia conta-
lhe os detalhes da construção do tempo de Marcelo, mostrando-lhe depois as
peculiaridades arquitetônicas do monumento enquanto visitam-no (uma
microcâmera havia filmado a maquete do teatro reconstituído). Depois, andando
pelo campo de Marte, dirigem-se para o teatro de Pompeu...
Após ter visitado cinco teatros dessa forma, a estudante relê as notas que
tomou durante a visita: os planos arquitetônicos dos teatros romanos, o texto de
certas passagens do comentário do guia, uma lista de bibliografia de textos
antigos e modernos relacionados ao teatro. Todas essas notas são transferidas
diretamente para seus arquivos pessoais de texto e imagens, e ela poderá servir-
se delas ou citá-las no exercício escolar. Na próxima aula de civilização latina,
cada estudante terá alguma coisa diferente para dividir com os outros: um terá
visitado as termas, outro terá lido e comentado no Cícero trechos de obras
modernas sobre jogos de circo em Roma etc...
Os sistemas educativos e de documentação que acabamos de descrever
não existem ainda, sob essa forma, em 1990. O primeiro condensa diversos
programas já prontos ou em curso de desenvolvimento. A terminologia para o
desenvolvimento de tais sistemas ainda não foi definida. Devemos falar de
multimídia interativa? De hipermídia? De hipertexto? Escolhemos aqui o termo
hipertexto, deixando claro que ele não exclui de forma alguma a dimensão
audiovisual. Ao entrar em um espaço interativo e reticular de manipulação, de
associação e de leitura, a imagem e o som adquirem um estatuto de quase textos.
Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões.
Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos,
sequências sonoras, documentos complexos que podem ser, eles mesmos,
hipertextos. Os itens de informação não são ligados linearmente, por uma corda,
como nós, mas cada um deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrelas,
de modo reticular.
Navegar em um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma
rede que pode ser tão complicada quanto possível. Pode cada nó, por sua vez,
conter uma rede inteira.
Funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização
de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a comunicação.
Pierre Lévy, As tecnologias da inteligência.
São Paulo, Editora 34, 1993. pp. 33-4.
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Milhares de Livros para Download:
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