linguagem para sabermos como os nomes significam e, a partir disso, verificarmos
como se constitui a unidade do sentido proposicional. Uma vez, pois, que é o sentido
proposicional o ‘objeto da crença’ - ou seja, o
portador da verdade
22
- a análise da
linguagem, no universo do sistema de lógica deve possuir essa característica:
fundamentar aquilo que, em última análise, é o elemento lógico prioritário, o
portador da verdade, a saber, o
sentido proposicional
.
Há um outro ponto importante a ser aqui salientado: ao voltar-se para a
linguagem, Mill retorna a um estágio, digamos assim, pré-moderno. A preocupação
milliana com a linguagem e, mais especificamente, com uma teoria do significado
capaz de estabelecer a relação direta entre nomes e coisas sem referência às
condições subjetivas envolvidas nos processos cognitivos
23
, demonstra que Mill
promove, num certo sentido, um retorno aos escolásticos
24
. Como veremos mais
22
ver: II.4.
23
ver: I.3.
24
Algumas passagens importantes do
Sistem of logic
demonstram a postura milliana de ‘retorno aos
escolásticos’. Ao mesmo tempo em que critica o subjetivismo típico dos modernos, Mill várias vezes
reivindica uma herança medieval para muitos dos conceitos dos quais se serve, e sempre com relação a
conceitos referentes à linguagem; por exemplo:
“The same abstinence from details could not be observed
in the Fisrt Book, on Names and Propositions; because many useful principles and distintions which were
contained in the old logic, have been gradually omitted from the writhins of its later teacher; and it
appeared desirable both to revive these, and to reform and rationalize the philophical foundations on
which they stood. The earlier chapters of this preliminary Book will consequently appear, to some
readers, needlessly elementary an scholastic. But those who know in what darkness the nature of our
knowledge, and of the processes by which it is obtained, is often involved by a confused apprehension of
the import of the different classes of Words and Assertions, will not regard these discussions as either
frivolous, or irrelevant to the topics considered in the later Books”
(Prefaces). Ou:
“But Reasoning, even
in the widest sense of which the word is suscetible, does not seem to comprehend all that is included,
either in the best, or even in the most current, conception of the scope and province of de our science.
The employment of the word Logic to denote the theory of Argumentation, is derived from the
Aristotelian, or, as they commonly termed, the scholastic, logicians”
(Introduction, 3). Ou ainda:
“I use
de words concrete and abstract in the sense annexed to them by the schoolmem, who, not withstanding
the imperfections of their philosophy, were unrivalled in the constructinon of tecnical language, and
whose definitions, in logic least, though they never went more thna in a little way into the subject, have
seldom, I think, been altered but to be spoiled”
(I, ii, 4).
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