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FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM
CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE
ANTONIO JOSÉ BARBOSA DAS NEVES
A PERFORMANCE E AS ESTRUTURAS DE GOVERNANÇA
CORPORATIVA DAS FIRMAS COM A INTRODUÇÃO DA VARIÁVEL
EXPLORATÓRIA GRUPO ESTRATÉGICO
.
VITÓRIA
2006
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ANTONIO JOSÉ BARBOSA DAS NEVES
A PERFORMANCE E AS ESTRUTURAS DE GOVERNANÇA
CORPORATIVA DAS FIRMAS COM A INTRODUÇÃO DA VARIÁVEL
EXPLORATÓRIA GRUPO ESTRATÉGICO
.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Contábeis da
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre – em Ciências
Contábeis – nível profissionalizante, sob a
orientação do professor Dr. Victor Gomes e
Silva.
VITÓRIA
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioteca da FUCAPE
Neves, Antonio José Barbosa das.
A Performance e as estruturas de governança corporativa das
firmas com a introdução da variável exploratória grupo
estratégico. / Antonio José Barbosa das Neves. Vitória: FUCAPE,
2006.
84 p.
Dissertação – Mestrado.
Inclui bibliografia.
1. Governança corporativa 2. Grupos estratégicos 3.
Desempenho I.Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade, Economia e Finanças II.Título.
CDD – 657
Aos meus pais, pelo amor e
incentivo incondicionais, minha
irmã, minhas filhas e minha
esposa.
AGRADECIMENTOS
Ao longo desses dois anos e meio enfrentei momentos de incerteza e de
dúvidas quanto aos meus objetivos profissionais e pessoais, o que torna este
trabalho um grande objetivo de vida que finalmente se concretizou.
Agradeço a Deus, por me conceder coragem, persistência e insistência ao
longo desses dois anos e meio, proporcionando-me a realização deste trabalho.
Aos meus pais e à minha irmã, pelo amor incondicional e por todo apoio
recebido durante estes anos de estudos.
Às minhas filhas, fontes de muita alegria, inspiração e satisfação em minha
vida, e à minha esposa.
Ao meu orientador, professor Dr. Victor Gomes e Silva, por ter acreditado em
minha capacidade e no meu projeto.
Ao professor Ms. Wesley Mendes da Silva, pelas dicas relacionadas aos
dados e ao referencial bibliográfico para construção deste trabalho.
Aos professores do curso de mestrado Dr. André Carlos Busanelli Aquino, Dr.
Alexsandro Broedel Lopes, Dr. Aridelmo José Campanharo Teixeira, Dr. Arilton
Carlos Campanharo Teixeira, Dr. Fábio Moraes Costa, Dr. Marcelo Sanches
Pagliarussi e Dr. Valcemiro Nossa, pelos estímulos no meu desenvolvimento
profissional e acadêmico.
Aos amigos Carlos Alberto Gonçalves de Araújo, Fábio Goldner, Marcelo Moll
Brandão, Paulo Getúlio Vargas Martins, José Elias Feres de Almeida, Juan Carlos
Góes de Almeida, Luiz Henrique Lima de Faria, Fábio Paiva Scárdua, Ralph Arcanjo
Chelotti e demais colegas do mestrado.
5
Às funcionárias do atendimento e biblioteca Ana Rosa Barbosa Boueri,
Adriana de Moura Gasparino, Eliane de Lima Silva e Geovana Nascimento Azevedo,
pelo profissionalismo, amizade e atenção, e a todos os funcionários da FUCAPE
pela disposição e auxílio.
RESUMO
Estudos recentes enfatizaram a importância da Governança Corporativa no
desempenho das empresas, mas poucos trabalhos utilizaram a associação entre as
escolhas estratégicas das empresas e a Governança Corporativa. Nesse sentido,
este trabalho avalia o comportamento dos mecanismos de Governança Corporativa
em relação ao do desempenho com a inclusão do posicionamento estratégico
escolhido pelas empresas. Para tal associação foi utilizada a variável explanatória
Grupo Estratégico como identificação deste posicionamento estratégico das
empresas. Através do uso dos dados das companhias brasileiras com ações
negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, entre os anos de 1997 e 2004,
tornou-se possível a identificação de 26 grupos estratégicos existentes entre 12
setores da economia brasileira. A amostra final obteve um total de 1175
observações, na qual foi utilizada uma regressão em corte transversal (cross-
section) para identificação de tal associação. Foram encontradas evidências de que
a inclusão da variável Grupo Estratégico não influencia os mecanismos de
Governança Corporativa como a Independência do Presidente do Conselho (T),
Independência do Conselho de Administração (U) e a Concentração Acionária (Y)
contra as variáveis de desempenho ROA, ROE e Q de Tobin. Somente o Tamanho
do Conselho de Administração (V) e a Participação nos Lucros pelos os Executivos
(W) apresentaram influência nas variáveis de desempenho ROA e Q de Tobin. No
ROA essa associação foi verificada em 23 Grupos Estratégicos, e no Q de Tobin
foram 9 Grupos Estratégicos que apresentaram significância. Tais resultados
sugerem que o posicionamento da empresas modifica a relação entre Governança
Corporativa e Desempenho, destacando assim a irrelevância dos mecanismos
dentro de certos Grupos Estratégicos.
ABSTRACT
Recent studies have been dealing with the importance of Corporate Governance in
the performance of companies, but few of them applied the association between the
strategic choices of the companies and Corporate Governance. The research
evaluates the behavior of the Corporate Governance mechanisms regarding the
performance including the strategic positioning chosen by the companies. For such
relationship, the Strategic Group explanatory variable was used as mean for
identifying this strategic positioning by making use of Bovespa’s listed companies
published data between 1997 and 2004. It made it possible to identify 26 existing
strategic groups among 12 economic sectors. The final sample achieved a total of
1175 observations for which a regression was used in cross-section in order to
identify such relation. Evidence has been found that such inclusion of the Strategic
Group variable did not influence the Corporate Governance mechanisms such as the
Independence of the Board President (T), Independence of the Administrative Board
(U) and the Shareholder Concentration (Y) against the following performance
variables: ROA, ROE and Tobin’s Q. Only the Size of Administrative Board (V) and
the Sharing the profits by Executives (W) influenced the performance variables ROA
and Tobin’s Q. In ROA this association was verified in 23 Strategic Groups and in
Tobin’s Q there were 9 Strategic Groups that presented significance. Such results
suggest that the positioning of the companies modifies the relationship between
Corporate Governance and Performance, underscoring the irrelevance of the
mechanisms within certain Strategic Groups.
LISTA DE SIGLAS
BOVESPA Bolsa de Valores do Estado de São Paulo
CVM – Comissão de Valores Imobiliários
IAN Informações Anuais
ITR – Informações Trimestrais
DFP – Demonstrações Financeiras Padronizadas
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativas
RBV – Visão Baseada em Recursos
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
DIVEXT – Sistema de Informações de Divulgação Externa da Bovespa
EVA – Valor econômico agregado (Economic Value Added)
MVA – Valor de mercado agregado (Market Value Added)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Indústrias e seus Grupos Estratégicos formados através do critério de
diferença de produtos ou serviços oferecidos ao mercado pelas firmas componentes.
..................................................................................................................................31
Tabela 2 – Número de Empresas Selecionadas Inicialmente para Pesquisa por Setor
da Economia. ............................................................................................................34
Tabela 3 – Número de Empresas Participantes da Pesquisa por Grupo Estratégico.
..................................................................................................................................35
Tabela 4 – Estatística descritiva das variáveis dependentes e independentes.........38
Tabela 5 – Estatística descritiva das variáveis dependentes e independentes.........39
Tabela 6 – Matriz de Correlação para as Variáveis Explicativas...............................43
Tabela 7 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários
(MQO) com a variável dependente ROA...................................................................48
Tabela 8 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários
(MQO) com a variável dependente ROE...................................................................53
Tabela 9 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários
(MQO) com a variável dependente Q de Tobin.........................................................56
Tabela 10: Indústrias e seus Grupos Estratégicos formados através do critério de
diferença de produtos ou serviços oferecidos ao mercado pelas firmas componentes.
..................................................................................................................................83
Tabela 11 – Códigos da variável explanatória Grupo Estratégico (G), segundo
estudo de FARIA et al. (2005)...................................................................................
84
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Sistemas de informações utilizados no estudo.......................................34
Quadro 2 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das Variáveis de
Desempenho.............................................................................................................72
Quadro 3 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das variáveis de
Governança Corporativa. ..........................................................................................76
Quadro 4 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das variáveis de
Controle, Grupos Estratégicos e Outras....................................................................80
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Variável Independência do Presidente entre o período de 1997 a 2004.40
Gráfico 2 – Composição do Tamanho do Conselho de Administração entre o período
de 1997 a 2004. ........................................................................................................41
Gráfico 3 – Participação nos Lucros das Empresas no período de 1997 a 2004......42
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – As figuras A e B representam as estruturas de Governança Corporativa
existentes, baseadas nos estudos de ROE (2005). ..................................................21
Figura 2 – Taxonomia abordada por Collin e Bengtsson (2000) sobre as estruturas
de Governança Corporativa. .....................................................................................26
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................14
2 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................20
2.1 GOVERNANÇA CORPORATIVA..............................................................................20
2.2 GRUPOS ESTRATÉGICOS ....................................................................................27
3 METODOLOGIA DE PESQUISA...........................................................................33
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .........................................................................33
3.2 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS..................................................................................36
3.3 MODELO ECONOMÉTRICO ...................................................................................43
4 ANÁLISES DOS RESULTADOS...........................................................................47
4.1 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA SOBRE O RETORNO DO ATIVO (ROA).................................47
4.2 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA SOBRE A RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (ROE)..52
4.3 ANÁLISE DO VALOR DA EMPRESA (Q DE TOBIN).....................................................56
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................61
5.1 LIMITAÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................64
REFERÊNCIAS.........................................................................................................65
APÊNDICE A – Variáveis de Desempenho............................................................72
APÊNDICE B – Variáveis de Governança Corporativa.........................................76
APÊNDICE C – Variáveis de Controle, Grupos Estratégicos e Outras...............80
Capítulo 1
1 INTRODUÇÃO
A discussão sobre Governança Corporativa baseia-se na vertente de como os
seus mecanismos influenciam o desempenho das empresas (SINGH, 2003). Tais
mecanismos são tratados como essência básica da maioria das pesquisas
realizadas, ou seja, os mecanismos de Governança Corporativa são relevantes para
um melhor desempenho da firma (SROUR, 2002; FAMÁ, BARROS E DI MICELI,
2003; SILVEIRA 2004).
Tanto a literatura internacional quanto a nacional procuram evidenciar uma
relação entre Governança Corporativa e desempenho das empresas. Estudos
indicaram que o conflito de agência gerado entre as partes pode propiciar um reflexo
na performance das empresas, sugerindo que o melhor monitoramento dos agentes
pelos mecanismos de Governança Corporativa implantados pelas empresas
deveriam estar relacionados positivamente para o melhor desempenho das firmas
(BARNHART, MARR E ROSENSTEIN, 1994; YERMACK, 1996; OKIMURA, 2003;
MENDES-DA-SILVA E BLACK, 2004; SILVEIRA, 2002; SILVEIRA, 2004; SILVEIRA,
BARROS E FAMA, 2005). Deste modo, problemas relacionados aos mecanismos de
incentivos internos à empresa são cruciais para o desempenho.
Diante deste fato, recentes estudos buscaram alinhar a Governança
Corporativa à Estratégia das firmas. Os trabalhos de Collin e Bengstsson (2000) e
Silva, W. M. e Black (2005) deram ênfase a esta abordagem utilizando de forma
distinta tal associação, em que, respectivamente, trataram a relação entre as
estruturas de Governança Corporativa e a diversificação e o comportamento do
15
desempenho do gerenciamento de suprimentos e os mecanismos de Governança
Corporativa.
Além disso, Anderson et al. (2000) e Silva, W. M. e Black (2004)
apresentaram trabalhos que relacionam a estratégia da empresa através da escolha
de diversificação de seus produtos oferecidos ao mercado. Esta possibilidade
proporcionaria aos gestores uma maior remuneração diante da perspectiva de
aumento nos resultados, levando a um eventual conflito com os acionistas diante da
redução de seus rendimentos e valorização da própria empresa. Nesse sentido,
empresas que diversificam produtos e atuam em vários mercados seriam as
empresas com a melhor estrutura de Governança Corporativa e, consequentemente,
com a melhor performance.
Como se pode notar, as pesquisas abordadas apresentam as escolhas
estratégicas das firmas, que neste caso recaem sobre a responsabilidade dos
gestores (agente), cuja autonomia de tais decisões é delegada pelos acionistas
(principal).
As referências acima descritas buscam se embasar na Teoria da Agência, em
que se observa a relação de interesses envolvendo dois “personagens”, o principal
(acionistas) e o agente (gestores). A relação sempre visa uma maximização da
utilidade própria em ambos os casos, pois ambos têm interesses diferenciados
(JENSEN E MECKLING 1976).
Os trabalhos de Anderson et al (2000), Collin e Bengstsson (2000), Silva, W.
M. e Black (2004) e Silva, W. M. e Black (2005) motivam a presente pesquisa, diante
da escassez de literatura no Brasil e no exterior que envolva a associação entre os
dois temas, Governança Corporativa e Estratégia. A diferença entre as pesquisas
acima abordadas e o presente estudo, vai para essa relação com a Estratégia, que
16
nesta pesquisa se apresenta dentro das escolhas estratégicas feitas pelos gestores
e acionistas diante de um posicionamento dentro de determinado mercado.
Existem empresas que apresentam estratégias semelhantes visando à
maximização de seus recursos e resultados dentro de uma mesma Indústria. Esta
escolha de posicionamento pode ser simples como, por exemplo, a escolha de se
diferenciar pelo preço praticado ou pelo tipo de produto a ser vendido, entre outros
fatores que visam a um direcionamento específico da empresa.
A competição dentro de mercados específicos escolhidos estrategicamente
pelos gestores das empresas pode gerar uma alteração na conformidade dos
mecanismos de Governança Corporativa das mesmas, sendo irrelevante a sua
utilidade para as empresas participantes destes mercados e com isso não sendo
necessária sua importância como forma de monitoramento (SINGH, 2003).
Para essa escolha estratégica de posicionamento das empresas foi utilizado o
conceito difundido como Grupo Estratégico, que para Porter (1980) e Oster (1982)
são um conjunto de firmas inseridas dentro de uma mesma Indústria que tomam
decisões similares em áreas-chave tais como especialização, identificação de
marca, qualidade do produto, liderança tecnológica, entre outras.
Estudos internacionais procuraram evidenciar a criação destes grupos no
interior das Indústrias, e a sua relevância para os retornos das firmas (PORTER,
1979; OSTER, 1982; MCGEE E THOMAS, 1986; RUMELT, 1991; TANG E
THOMAS, 1992).
No Brasil, estudos como o de Kalaf e Bomtempo (1999), Faria et al. (2005) e
Almeida et al. (2006) procuraram também contribuir com trabalhos que abordam tal
conceito.
17
Para caracterizar tais grupos foi utilizada a classificação baseada nos estudos
de Tang e Thomas (1992), Farias et al. (2005) e Almeida et al. (2006), que se
calcaram no princípio de diferenciação mínima: quando as características dos
produtos oferecidos pelas firmas competidoras tendem a serem similares, estas
tendem a seguir a mesma estratégia e a formar grupos específicos dentro de uma
mesma Indústria.
Existe uma limitação neste ponto, pois autores como Porter (1979), Oster
(1982), McGee e Thomas (1986), Tallman e Atchison (1996), González-Fidalgo e
Ventura-Victoria (2002) utilizaram classificações específicas em seus trabalhos, o
que leva a uma possível divergência de resultados.
Baseada nesta contextualização, fica a seguinte questão a ser respondida:
Grupo Estratégico muda a relação entre retornos e a Governança Corporativa?
Diante da questão levantada, o estudo tem como objetivo identificar se o
posicionamento estratégico da empresa pode proporcionar uma alteração na relação
dos retornos e nos mecanismos de Governança Corporativa encontrados nas
empresas componentes de um mesmo Grupo Estratégico. Para isto, serão
considerados alguns mecanismos como a Independência do Presidente do
Conselho de Administração, a Independência do Conselho de Administração, o
Tamanho do Conselho de Administração, a Participação no Lucro pelos Executivos
da Empresa e o Controle Acionário.
Concernente à teoria abordada por Jensen e Meckling (1976), Colling e
Bengstsson (2000), Singh (2003) e Silva, W. M. e Black (2005) que estão
sustentadas pela Teoria da Agência na Governança Corporativa e da abordagem
18
sobre Estratégia calcados nos trabalhos de Porter (1980), Oster 1982 e Tang e
Thomas 1992, este estudo busca testar a seguinte hipótese de pesquisa:
H0a: Governança Corporativa não tem relação com o desempenho das
firmas através da inclusão da variável explanatória Grupo Estratégico.
Neste sentido, esta pesquisa visa contribuir com evidências empíricas sobre a
associação entre Estratégia e Governança Corporativa dentro de um modelo que
avalie o desempenho das firmas.
Empiricamente, a metodologia utilizada se baseia em uma cross-section
envolvendo 159 empresas ativas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo
(BOVESPA) e identificadas segundo a classificação de Grupos Estratégicos,
baseada nos trabalhos de Tang e Thomas (1992), Faria et al. (2005) e Almeida et al.
(2006) no período de 1997 a 2004, obtendo-se 1.175 observações totais.
Os resultados obtidos dos testes empíricos desta hipótese contribuem para
uma ampliação das evidências existentes na literatura sobre a relevância dos
mecanismos de Governança Corporativa e da variável explanatória Grupos
Estratégicos no desempenho da firmas.
Nesse sentido, os reflexos dos mecanismos de Governança Corporativa em
relação à performance são considerados irrelevantes com a inclusão da variável
Grupo Estratégico, numa visão das escolhas estratégicas tomadas pelas empresas.
Vale uma ressalva para as variáveis Participação no Lucro pelos Executivos da
Empresa e Tamanho do Conselho de Administração, que foram significantes dentro
dos padrões estatísticos e obtiveram coeficientes discretos nos modelos que
19
apresentaram as variáveis Retorno sobre o Ativo (ROA) e valor da empresa pelo Q
de Tobin (Q). Estes resultados divergem em alguns pontos do que a teoria expõe.
Os capítulos que se seguem estão estruturados de forma a permitir o
encadeamento necessário à resposta da questão pesquisa. No capítulo 2 serão
contempladas e discutidas as pesquisas já realizadas acerca do tema, apresentando
os resultados obtidos anteriormente.
O capítulo 3 apresenta a metodologia empregada no trabalho, bem como a
forma de coleta de dados e tratamento dos dados e, por fim, os modelos utilizados.
O capítulo 4 consiste na análise de resultados baseada nos modelos
aplicados neste trabalho e na relação encontrada com os estudos feitos até o
momento.
O capítulo 5 congrega as conclusões obtidas e procura sugerir possíveis
pesquisas que abordem o mesmo tema, e apresentando, por fim, as limitações
identificadas neste trabalho.
Capítulo 2
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
GOVERNANÇA CORPORATIVA
A discussão sobre Governança Corporativa é antiga, mas recentemente ela
ganhou maior dimensão devido aos escândalos ocorridos nos Estados Unidos, mais
precisamente o caso Enron, em setembro de 2001, que foi o ponto de partida para a
inserção de novos mecanismos de regulação para evitar possíveis expropriações
por parte dos agentes.
Alinhado aos fatores ocorridos, a criação da Lei Sarbanes-Oxley, em julho de
2002, delineou uma nova visão para a Governança Corporativa das empresas. A lei
propiciou a implantação de certos critérios para as boas práticas de Governança,
tendo dentro dos mecanismos de incentivos a obrigatoriedade da presença de
membros independentes nos Conselhos de Administração e nos comitês de
auditoria das empresas.
Tal fato remonta à conceituação de Governança Corporativa que, para
Shleifer e Vishny (1997), é uma parte da administração que tem como
responsabilidade o tratamento do relacionamento entre os diretores das empresas,
os conselhos de administração, os acionistas e as demais partes interessadas,
estabelecendo-se assim uma forma para que os fornecedores de capital, das
referidas empresas, tenham segurança nos retornos de seus investimentos. Na
concepção de La Porta et al. (2000a), a Governança Corporativa vem da
consideração de um conjunto de mecanismos utilizados pelos investidores externos
(acionistas e credores) para se protegerem de possíveis expropriações da parte dos
investidores internos (executivos ou acionistas controladores).
21
Já para Roe (2005), a Governança Corporativa é vista por três pontos
considerados como base para identificação desses conflitos: o conselho de
administração, os gerentes, e os acionistas, também observada em três dimensões:
horizontal, vertical e externa. A dimensão horizontal está relacionada a conflito de
agência entre o minoritário e o majoritário onde existe a possibilidade de
expropriação dos acionistas minoritários frente aos majoritários, devido ao seu poder
de influência sobre o agente que administra a firma (Figura 1A). Na vertical, a busca
se dá entre a relação dos gestores e dos acionistas, diante de um quadro de
reduzida possibilidade de influência por parte dos acionistas que estão em posição
altamente pulverizada, onde a expropriação ocorrida nesta ótica está entre o agente
(gestor) e o principal (acionistas) (Figura 1B). Na externa
1
, visa-se à aceitação da
firma frente à sociedade.
Figura A. Governança Horizontal. Figura B. Governança Vertical.
Figura 1 – As figuras A e B representam as estruturas de Governança Corporativa existentes,
baseadas nos estudos de ROE (2005).
Dentro de uma visão baseada em uma Governança Corporativa Horizontal
(ROE, 2005), o mercado brasileiro apresenta uma grande concentração de controle
e propriedade levando assim a uma grande possibilidade de expropriação dos
1
Para mais detalhes quanto ao termo Externa apresentado neste estudo, sugere-se a leitura do
trabalho de Roe (2005).
22
acionistas minoritários pelos majoritários (VALADARES e LEAL, 2000; LEAL, SILVA,
A. L. C e LEAL, 2000 E 2002; SILVA, A. L. C e LEAL, 2003; LEAL e SILVA, A. L. C,
2004; e LEAL, 2004).
Apesar desse quadro de concentração de controle e de propriedade, o conflito
de agência pode existir pela forma que as empresas se posicionam dentro de suas
escolhas estratégicas, com isso elevando tal possibilidade de expropriação. Uma
forma de reduzir o conflito é apresentar estruturas de governança condizentes com
as necessidades das empresas que minimizem tal possibilidade.
Jensen e Meckling (1976) apresentam uma definição para a relação entre os
agentes como sendo um contrato entre ambas as partes no qual o principal delega
ao agente a autoridade de decisões que visa os seus interesses. Em caso de ambas
as partes agirem de forma a maximizarem suas utilidades próprias, existe a
possibilidade de os agentes agirem de forma contrária às expectativas dos
principais.
Para Lopes e Martins (2005), o conflito de agência não era tratado pela
literatura, que inicialmente considerava o modelo da firma fora dos parâmetros
estabelecidos pela realidade. Os mesmos autores destacam que tal conflito de
interesses estende-se por vários pontos: entre os principais, que são acionistas
majoritários e minoritários; entre os gestores e os acionistas; e também entre os
próprios níveis hierárquicos das empresas.
A Teoria da Agência, na sua vertente prescritiva, recomenda ao principal a
utilização de instrumentos de monitoramento e controle como forma de reduzir a
probabilidade de assimetria de informações e, principalmente, a grande
possibilidade do comportamento oportunista do agente frente a sua tomada de
decisão.
23
Nessa visão, Shama (1997) buscou identificar formas de mecanismos de
monitoramento que pudessem restringir a possibilidade de expropriação do principal
pelo agente, devido ao seu maior conhecimento dos atributos da firma. Tais
mecanismos são alinhados em quatro formas: inclinação altruística do agente,
controle de forma comunitária, controle burocrático e controle efetuado pelos
clientes. Entretanto, a inserção destes mecanismos proporcionaria a criação de
custos de agência entre o agente e o principal. Esses custos estão relacionados à
adição de todos os incentivos proporcionados aos diretores da empresa, o
monitoramento empregado sobre os mesmos e as perdas residuais inerentes, em
que todos esses custos são assumidos pelo principal sem reflexo no agente
(JENSEN E MECKLING, 1976).
Em alusão a esta possibilidade de conflito de interesses, o mercado brasileiro
apresentou dispositivos que propiciaram a criação de critérios específicos visando à
redução de tais conflitos. O Novo Mercado
2
, criado em 2000 pela Bovespa, veio com
intuito de enfatizar as empresas comprometidas com as melhores e as mais
transparentes práticas de Governança Corporativa, tendo sua adesão de forma
voluntária, com a premissa básica em relação ao seu valor e liquidez de mercado, o
que é positivamente relacionado ao grau de segurança concedido aos acionistas
minoritários e à qualidade das informações apresentadas pelas firmas.
2
Esse mercado criado pela Bovespa está distribuído em três níveis distintos: N1, N2 e Novo
Mercado. Cada nível segue regras estabelecidas para evitar possibilidades de expropriação dos
acionistas majoritários frente aos minoritários e com isso reduzir a incerteza vista pelo mercado dessa
possibilidade. Dentro desses atributos estão níveis de emissão de ações ordinárias, mesmas
condições para todos os acionistas quando da venda do controle da companhia em relação aos
controladores (tang along), entre outros pontos. Para um melhor detalhamento das atribuições dadas
a cada um dos níveis abordados, acessar o site da Bovespa na opção Governança Corporativa.
24
Alguns dos mecanismos estabelecidos nos regulamentos
3
são tratados no
presente trabalho. Dentre eles, os que se destacam são: o conselho de
administração não deve ter menos que cinco membros participantes; e o percentual
de membros do conselho independente não pode ser inferior a 80%. Além disso, o
próprio regulamento faz uma menção sobre a necessidade de dispersão acionária
diante da distribuição pública.
Outro órgão, criado em 1995, foi o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), que no ano de 1999 apresentou o primeiro código
4
de melhores
práticas para Governança Corporativa. A finalidade do código foi propiciar às firmas
inseridas no mercado brasileiro a necessária implantação de melhores práticas de
Governança Corporativa, determinando assim alguns parâmetros para a
implementação de estruturas que possibilitem uma redução do risco dos agentes
investidores.
Com relação aos mecanismos abordados pelo IBGC, deu-se uma ênfase nos
que são utilizados no presente trabalho. Tais mecanismos apresentados são
sugeridos como melhores práticas de Governança Corporativa. Portanto temos
então de relevante: a independência do presidente do conselho, que é sugerida
como uma forma de evitar a concentração de poder; o tamanho do conselho de
administração, que deve estar entre cinco a nove componentes; e a dispersão
acionária por parte das empresas.
Os mecanismos de Governança Corporativa apresentados por ambos
dispositivos foram amplamente estudados no Brasil, como, por exemplo, nos
trabalhos de Silveira (2002), Okimura (2003), Silveira (2004), Silva, W. M. e Black
3
Para maior aprofundamento nos regulamentos do Novo Mercado, N1 e N2, acessar o site da
Bovespa www.bovespa.com.br
4
Para maiores informações sobre o Código de Melhores Praticas de Governança Corporativa,
acessar o site do IBGC – www.ibgc.org.br
25
(2004), Silveira, Barros e Fama (2005), que procuraram relacionar tais mecanismos
como forma de reduzir o conflito de agência apresentado nas empresas,
relacionando-os ao desempenho das mesmas.
Esta relação conturbada entre o agente e o principal começou a gerar
interesse em outros campos da literatura internacional e nacional, que iniciou sua
busca por novas relações dentro do tema de estratégia corporativa em relação ao
conflito de agência.
Relacionado a isso, Collin e Bengtsson (2000) apresentaram um estudo, feito
na Suécia, que procurou identificar qual a relação existente entre as estruturas de
Governança Corporativa frente à estratégia de diversificação das empresas,
utilizando-se uma análise de correlação entre a estratégia de diversificação e a
estrutura de Governança, que proporcionaria tal possibilidade de escolha estratégica
por parte dos gestores, com o consentimento dos acionistas. Tal relação estaria
sustentada por quatro estruturas assim dispostas:
1 – Capitalista, em que um único agente principal tem influência sobre a firma,
levando favorecimento a um único negócio ou próximo da diversificação;
2 – Administradora, em que existe uma fraca influência por parte dos
principais, proporcionando assim uma liberdade para o gestor trabalhar a
diversificação da empresas;
3 – Credora, em que os financiadores de capital têm influência direta dentro
da administração, coibindo a possibilidade de diversificação da empresa,
visando assim o devido pagamento dos juros anuais;
4 – Grupos de financiadores, em que existe uma fusão entre os dois
principais, credores e acionistas, que têm um forte poder sobre a
26
administração da empresa e leva os gestores a somente conseguirem
implementar a diversificação diante da possibilidade de tal sucesso ser
possível.
A taxonomia abordada por Collin e Bengtsson (2000) pode ser visualizada na
Figura 2 abaixo.
Fonte: Adaptado de Collin e Bengtsson (2000).
Figura 2 – Taxonomia abordada por Collin e Bengtsson (2000) sobre as estruturas de
Governança Corporativa.
Diante dessa classificação, os resultados obtidos por Collin e Bengtsson
(2000) sugeriram que a referida relação só seria possível dentro de estruturas que
apresentem alto poder dos proprietários e dos credores, considerados pelos autores
como os agentes principais, e também que tal fato só seria possível mediante a
associação positiva nos resultados de tal estratégia no desempenho da empresa.
Anderson et al. (2000) e Silva, W. M. e Black (2004) efetuaram estudos que
se basearam nas escolhas dos agentes ao se utilizarem da estratégia da
diversificação para a possibilidade de expropriação dos principais. Os resultados
obtidos por ambos divergem. Anderson et al. (2000) não encontrou nenhuma
evidência de que as falhas em mecanismos internos de Governança Corporativas
estão associadas com a decisão de diversificação, e nem que isso interfira na perda
Credores
Financiadores
Forte Fraco
Forte
Grupo
Financiador
Capitalista
Acionistas
Fraco
Credora Administradora
27
de valor das firmas diversificadas. Já Silva, W. M. e Black (2004) observaram que a
estrutura de governança é sensível ao nível de diversificação e que os mecanismos
de Independência do Presidente e Tamanho do Conselho de Administração estão
positivamente associados à diversificação da firma. E, além disso, empresas cujos
executivos têm participação nos lucros apresentaram maiores níveis de
diversificação e redução no seu valor.
Outro estudo que tratou dos temas relacionados à Estratégia e Governança
Corporativa foi o de Silva, W. M. e Black (2005), que utilizaram uma análise do
desempenho do gerenciamento de suprimentos frente aos mecanismos de
Governança Corporativa. Os resultados sugeridos neste estudo são de que
empresas que tenham estruturas de Governança Corporativa independente tendem
para resultados de baixa eficiência de gerenciamento de suprimentos.
Tais evidências, quanto aos mecanismos de Governança Corporativa
influenciarem os resultados das empresas, não são esclarecidas por completo.
Dentro de questões relacionadas à independência do conselho da administração, foi
sugerida uma ressalva para sua influência nos indicadores de performance das
empresas, levando a crer que este mecanismo não seja um indicador dentro de
parâmetros de monitoramento dos executivos (BHAGAT e BLACK, 2001
).
2.2 GRUPOS ESTRATÉGICOS
O posicionamento das empresas dentro de determinadas Indústrias
5
deriva
de suas escolhas e de conhecimentos adquiridos ao longo do tempo. Tal é a
importância da necessidade das escolhas das empresas, que autores como Porter
5
Autores como Porter (1979), Oster (1982) denominam Setor Industrial com Indústria. Neste trabalho
a denominação para Setor Industrial será o de Indústria.
28
(1979), Oster (1982), Gluck (1986), Rumelt (1991), Ghemawat (2002) e Palepu,
Bernard e Healy (2004) levantaram a possibilidade de se analisar a Indústria de uma
forma mais específica, em estudo que buscasse um aprofundamento a um nível
mais interno e proporcionasse um melhor entendimento dos acontecimentos
ocorridos dentro de cada Indústria na economia.
Os trabalhos de Fiegenbaum e Thomas (1990,1995) e de Dranove, Peteraf e
Shankey (1998) utilizaram uma análise mais detalhada em relação à Indústria,
apresentando formas de comprovação da existência de sub-setor ou intra-setor
dentro da economia, ou seja, firmas que participam de uma mesma Indústria e que
apresentam um posicionamento estratégico específico proporciona a criação de sub-
setores. Dentro da visão dos mesmos autores, esses sub-setores são denominados
Grupos Estratégicos.
O termo “Grupo Estratégico” foi primeiro apresentado por Hunt, em 1972, e
após este fato, diversos estudos se utilizaram do conceito para identificar dentro das
Indústrias os competidores e seu posicionamento competitivo frente aos mesmos, o
que pode ser exemplificado pela escolha do preço praticado pelas firmas com uma
determinação destes grupos.
Alguns estudos internacionais, como, por exemplo, os realizados por Porter
(1979), Porter (1980), McGee e Thomas (1986), Rumelt (1991), Tang e Thomas
(1992) e Mcgahan e Porter (1997), têm verificado a existência de Grupos
Estratégicos, também os relacionando como possíveis causas da lucratividade
encontradas no interior da Indústria.
As definições de Grupo Estratégico, no meio acadêmico, podem ser
atribuídas a Porter (1980), que define Grupo Estratégico como um grupo de firmas
dentro de uma mesma Indústria, que toma decisões similares em áreas-chave, tais
29
como especialização, identificação de marca, qualidade do produto, liderança
tecnológica, entre outras; e a de McGee e Thomas (1986), que afirmam que a
definição de Grupo Estratégico relaciona-se ao agrupamento de negócios inseridos
em uma Indústria, separados dos demais grupamentos pela forma de suas barreiras
de mobilidade, ou seja, a dificuldade que empresas possuem diante da possibilidade
de entrada e saída de um grupo para outro.
As formas de classificação dos Grupos podem ser específicas diante da
escolha estratégica na qual a empresa está inserida. Porter (1979) utilizou a
classificação pela identificação do tamanho da firma como forma de criação dos
grupos, comparando o tamanho de uma empresa com sua posição como líder de
mercado ou a empresa a ser seguida dentro de uma Indústria.
Já Oster (1982) usou a separação dos Grupos Estratégicos pela estratégia do
produto baseada na diferenciação do nível de propaganda em relação à receita de
vendas auferidas pelas firmas. Sendo assim, a divisão dos grupos ficou entre as
empresas que trabalham com alto nível de propaganda em seus produtos contra as
que apresentam baixo nível de propaganda. Apesar dos resultados não serem
concludentes com a influência desta classificação dos grupos, a mesma autora
sugere a importância de novos estudos que abordem o tema em questão para um
melhor entendimento das Indústrias.
McGee e Thomas (1986) fizeram uma revisão bibliográfica em diversas
pesquisas que propõem várias bases para a formação de Grupos Estratégicos, tais
como diferenças de linhas de produtos, escopo geográfico do produto, grau de
integração vertical, tamanho da firma, razão entre propaganda e média das vendas,
grupo de clientes servidos, estratégia de financiamento, entre outras. A conclusão
30
obtida pelos autores é de que as barreiras de mobilidade e os mecanismos de
isolamento possam ser formas de determinação de Grupos Estratégicos.
Tang e Thomas (1992) utilizam uma abordagem diferente para classificação
de Grupos Estratégicos baseada em princípio de diferenciação mínima: onde as
características dos produtos oferecidos pelas firmas competidoras tendem a serem
similares, estas tendem a seguir a mesma estratégia e a formar grupos estratégicos.
Tal afirmação vai ao encontro do proposto neste trabalho, que visa apresentar que
tais escolhas proporcionem uma não-relevância do mecanismo de Governança
Corporativa em conjunto com o desempenho das firmas, sendo que tais escolhas
estratégicas recaem sobre os gestores em concomitante aceitação pelos acionistas.
Em uma abordagem na visão baseada em recursos (RBV), Tallman e
Atchison (1996) definem Grupos Estratégicos como tipos de firmas que participam
em uma Indústria e que apresentam uma configuração estratégica semelhante e,
com isso, apresentam uma convergência em sua organização interna, procurando
captar os mesmos recursos econômicos. Os mesmos atribuem tal classificação
através de três competências assim informadas: competências específicas da
Indústria, competências da estratégia da firma, e as próprias competências da
estrutura da firma.
No Brasil, Kalaf e Bomtempo (1999) utilizaram Grupos Estratégicos como
instrumento analítico para estudar a competição na Indústria e a operacionalização
das estratégias utilizadas pelas firmas participantes através de seus recursos
disponíveis. Tal trabalho alinhou uma relação entre a Organização Industrial e a
Visão Baseada em Recursos, para identificação desta competição e
operacionalização das estratégias.
31
Outros estudos como de Faria et al. (2005), identificaram um maior conteúdo
explicativo do Fator Grupo Estratégico em relação ao Fator Indústria, tendo como
ponto de estudo a mensuração da performance pelos componentes de variância, em
que os resultados apresentados pelo referido estudo indicam que o Fator Grupo
Estratégico explica mais a performance que o Fator Indústria.
Almeida et al. (2006), utilizando-se da mesma classificação abordada por
Faria et al. (2005), sugere que existe evidência de gerenciamento de resultados em
determinados Grupos Estratégicos.
Tais características abordadas acima levam a indicar que o termo Grupo
Estratégico está localizado entre a Indústria e a Firma, e que confere a sua utilidade
pela identificação de um nicho de mercado onde os concorrentes se posicionam em
determinados grupos, levando em consideração seu posicionamento estratégico,
mesmo que pertençam à mesma Indústria.
Para tanto, o presente estudo utilizou tal posicionamento dentro das
características abordadas na pesquisa de Faria et al (2005), que usou a mesma
linha do trabalho de Tang e Thomas (1992) aplicado às empresas brasileiras,
relacionando a separação de Grupos Estratégicos dentro das Indústrias pela
similaridade de produtos e serviços oferecidos pelas empresas componentes. A
Tabela 1 abaixo representa o critério utilizado para a separação dos Grupos
Estratégicos.
Tabela 1 – Indústrias e seus Grupos Estratégicos formados através do critério de diferença de
produtos ou serviços oferecidos ao mercado pelas firmas componentes.
INDÚSTRIA GRUPO ESTRATÉGICO PRODUTOS/ SERVIÇOS
Carnes e derivados
Carnes de aves, bovina e suína e embutidos
em geral
Grãos Café e cereais.
Alimento
Laticínios Leite e seus derivados
32
INDÚSTRIA GRUPO ESTRATÉGICO PRODUTOS/ SERVIÇOS
Lojas Especializadas
Comercialização de uma linha específica de
produtos
Comércio
Lojas de Departamentos
Comercialização de várias linhas de
produtos
Edifícios Residenciais e
Comerciais
Edificação de Edifícios Residenciais e
Comerciais
Pontes e Estradas Edificação de Pontes e Estradas
Construção
Serviços Especializados em
Engenharia
Realização de Medições e emissão de
relatórios técnicos
Eletro Pesado
Fogões, geladeiras, lavadoras e ar-
condicionado.
Eletroeletrônico
Áudio e Vídeo
Aparelhos de som, vídeos cassetes e dvds,
televisores.
Equipamentos Motorizados Motores, Compressores e Injetores.
Máq. Industriais
Equipamentos Estruturais Galpões e Silos.
Papel Papel e Papelão
Papel e Celulose
Celulose e Derivados Celulose e Aglomerados.
Distribuição de Gás Distribuição de Gás de Cozinha
Petróleo e Gás
Extração, refino e distribuição
de derivados
Extração, refino e distribuição de derivados
de petróleo
Petroquímicos Derivados do petróleo, não combustíveis.
Química
Fertilizantes Fertilizantes
Aço Bruto Aço em pelotas, placas ou tiras
Siderurgia
Aço em Peças Aço em peças usinadas
Telefonia Fixa Serviços em Telefonia Fixa
Telecomunicações
Telefonia Móvel Serviços em Telefonia Móvel
Vestuário Roupas e calçados
Têxtil
Fios e Tecidos Fios e Tecidos
Peças de Aço Peças para motores, transmissão e direção
Veículos e
Autopeças
Acessórios
Faróis e produtos plásticos para
acabamento.
Fonte: Faria et al. (2005)
Capítulo 3
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1
CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra inicialmente partiu da coleta dos dados da base de informações
Economática, a qual possui dados das companhias brasileiras listadas na Bolsa de
Valores de São Paulo - BOVESPA. Outra fonte de dados utilizada neste estudo foi o
Sistema de Divulgação Externa ITR/DFP/IAN
6
(DIVEXT)
7
, que contém todas as
informações relacionadas a Governança Corporativa remetidas pelas empresas
anualmente, que também é denominada de Informações Anuais (IAN).
Em relação à definição do período a ser trabalhado, diante da limitação do
período relacionado às Informações Anuais disponibilizadas pelas empresas ter
como início o ano de 1997, o presente trabalho utilizou o intervalo entre os anos de
1997 e 2004.
O Quadro 1 relaciona de forma resumida as fontes de dados secundários
acessadas para composição da amostra deste capítulo e as variáveis apresentadas
no tópico 3.2.
6
ITR – Informações Trimestrais, DFP – Demonstrações Financeiras Padronizadas, e IAN –
Informações Anuais.
7
Para maiores detalhes sobre o sistema de informações de Divulgação Externa ITR/DFP/IAN
(DIVEXT), acessar o endereço da Bovespa www.bovespa.com.br
34
Sistema de Informações Dados Coletados
Presidente da Empresa
Presidente do Conselho de Administrão
Número de Participantes do Conselho de Administrão
Externos
Número de Participantes do Conselho de Administrão
Internos
Participação nos Lucros pelos Executivos da Empresa
Distribuição de Capital da Empresa
Distribuição dos Produtos Oferecidos pela Empresa
Ativo Circulante
Ativo Total
Estoques
Exigível a Longo Prazo
Lucro Líquido
Passivo Circulante
Patrimô
nio
q
uido
Valor de Mercado das Ações Ordinárias
Valor de Mercado das Ações Preferenciais
Divulgação Externa
(DIVEXT)
Economátic
Internet Site das Empresas
Fonte: elaborado pelo autor.
Quadro 1 – Sistemas de informações utilizados no estudo.
Em uma primeira coleta nos bancos de dados relacionados, foram listadas
311 empresas ativas na Bovespa em janeiro de 2006, distribuídas em 18 setores,
conforme apresentado na Tabela 2.
Tabela 2 – Número de Empresas Selecionadas Inicialmente para Pesquisa por Setor da
Economia.
Setor Nº. Empresas Percentual
Agro e Pesca 2 0.64
Alimentos e Bebidas 18 5.79
Comércio 14 4.50
Construção 13 4.18
Eletroeletrônicos 7 2.25
Energia Elétrica 35 11.25
Máquinas Industriais 5 1.61
Mineração 3 0.96
Minerais não-Metálicos 4 1.29
Outros 62 19.94
Papel e Celulose 8 2.57
Petróleo e Gás 8 2.57
Química 19 6.11
Siderurgia e Metalurgia 31 9.97
Telecomunicações 23 7.40
Têxtil 28 9.00
Transporte e Serviços 13 4.18
Veículos e peças 18 5.79
Total 311 100.00
Fonte: elaborado pelo autor.
35
Seguindo o estudo de Faria et al. (2005), as empresas listadas foram
classificadas de acordo com o Grupo Estratégico às quais pertencem. A Tabela 3
apresenta a classificação do referido autor, que utilizou o critério de organização dos
Grupos Estratégicos baseada na similaridade dos produtos e serviços oferecidos
pelas empresas participantes. Tal classificação foi originada dos estudos de (TANG
e THOMAS, 1992).
Tabela 3 – Número de Empresas Participantes da Pesquisa por Grupo Estratégico.
INDÚSTRIA GRUPO ESTRATÉGICO Nº. Empresas %
Carnes e derivados 4 2.52
Grãos 5 3.14
Alimento
Laticínios 3 1.89
Lojas Especializadas 5 3.14
Comércio
Lojas de Departamentos 7 4.40
Edifícios Residenciais e Comerciais 9 5.66
Pontes e Estradas 4 2.52
Construção
Serviços Especializados em Engenharia 2 1.26
Eletro Pesado 3 1.89
Eletroeletrônico
Audio e Vídeo 2 1.26
Equipamentos Motorizados 5 3.14
Máq. Industriais
Equipamentos Estruturais 3 1.89
Papel 3 1.89
Papel e Celulose
Celulose e Derivados 6 3.77
Distribuição de Gás 3 1.89
Petróleo e Gás
Extração, refino e distribuição de derivados
5 3.14
Petroquímicos 13 8.18
Química
Fertilizantes 3 1.89
Aço Bruto 2 1.26
Siderurgia
Aço em Peças 20 12.58
Telefonia Fixa 7 4.40
Telecomunicações
Telefonia Móvel 10 6.29
Vestuário 9 5.66
Têxtil
Fios e Tecidos 17 10.69
Peças de Aço 5 3.14
Veículos e
Autopeças
Acessórios 4 2.52
Total 159 100.00
Fonte: elaborado pelo autor.
Outro tratamento necessário para a amostra está relacionado às variáveis de
Governança Corporativa utilizadas, tornando assim tais dados um painel não-
balanceado. Sendo assim, foram retiradas da base às observações que não
36
apresentaram informações no período deste trabalho, ou seja, os anos em que não
tenham sido remetidas as Informações Anuais para a Bovespa pelas empresas.
Portanto, ao final do tratamento da amostra que continha em seu início 311
empresas e 2.454 observações, passou-se para 159 empresas e 1.175
observações.
3.2 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS
As variáveis dependentes neste estudo são as de performance, que incluem o
Q de Tobin, Rentabilidade sobre o Ativo (ROA) e Retorno sobre o Patrimônio Líquido
(ROE). Os valores obtidos nestas variáveis foram retirados no banco de dados do
Economática, para melhor detalhamento das variáveis (veja o Apêndice A).
As variáveis independentes, ou explicativas, foram selecionadas de acordo
com as premissas estabelecidas pelo referencial teórico. As variáveis relacionadas
são as de Governança Corporativa que serão abordadas seguindo a linha de conflito
de agência, sendo esta, uma forma que as empresas têm para reduzir a
expropriação dos acionistas frente ao agente que exerce o direito da tomada de
decisão delegada pelo principal (JENSEN E MECKLING, 1976).
Para melhor detalhamento das variáveis de Governança Corporativa usadas
neste trabalho, observe-se o Apêndice B.
Foram também utilizadas outras variáveis para complementação do modelo.
As variáveis utilizadas como controle foram o tamanho da firma e a diversificação.
Numa primeira análise, a escolha de ambas variáveis se deu pelo alto grau de
complexidade que as grandes empresas têm devido ao seu porte, tamanho de
37
operações e forma de monitoramento dos gestores diante da possibilidade de
expropriação, em virtude da decisão de diversificar seus produtos.
O tamanho da firma é também considerado devido à sua vasta utilização em
trabalhos empíricos como, por exemplo, os trabalhos de Anderson et al. (2000),
Bhagat and Black (2001), Silveira (2002), Silva, W. M. e Black (2004), Silva, W. M. e
Black (2005), e pela sua influência no desempenho das empresas, onde os
trabalhos informados identificam tal relevância.
A diversificação foi utilizada devido aos trabalhos como o de Anderson et al.
(2000), Collin e Bengstsson (2000) e Silva, W. M. e Black (2004) apresentarem
evidências relacionadas à Governança Corporativa, em virtude da possibilidade de
conflito de agência que impacta no nível de monitoramento das empresas.
O tratamento para a variável Grupo Estratégico seguiu, como já abordado
anteriormente, a classificação segundo Tang e Thomas (1992) e Faria et al. (2005),
que se baseiam no critério de diferença de produtos ou serviços oferecidos ao
mercado.
As variáveis de controle, Grupos Estratégicos e outras são apresentadas de
forma mais detalhada no Apêndice C.
As estatísticas descritivas para as variáveis dependentes e independentes
estão resumidas na Tabela 4.
38
Tabela 4 – Estatística descritiva das variáveis dependentes e independentes.
Variáveis Sigla Valores
Número
Obs.
Média
Desvio
Padrão
Mínimo Mediana Máximo
Q de Tobin Q Numéricos 1175 0.5504 1.0009 -0.9123 0.3668 10.1338
ROA ROA Numéricos 1171 -0.0078 0.1889 -2.0655 0.0228 0.4765
ROE ROE Numéricos 1171 0.0425 0.5454 -4.8005 0.0785 6.0172
Independência
do Presidente
T 0 ou 1 1056 0.6629 0.4730 0.0000 1.0000 1.0000
Independência
do Conselho
de
Administração
U 0 a 1 1175 0.8103 0.1489 0.0000 0.8000 1.0000
Tamanho do
Conselho de
Administração
V Numéricos 1175 6.2868 2.8155 1.0000 6.0000 21.0000
Participação
nos Lucros da
Empresa
W 0 ou 1 1175 0.5711 0.4951 0.0000 1.0000 1.0000
Concentração
Acionária
Y 0 a 1 1175 0.4376 0.2893 0.0104 0.3675 1.0000
Diversificação Z 0 a 1 1119 0.5359 0.2817 0.0000 0.4827 1.0000
Tamanho da
Empresa
F Numéricos 1171 13.2950 1.7440 9.3220 13.2300 18.8190
Fonte: elaborado pelo autor
Devido à sensível diferença apresentada entre as médias das variáveis
Tamanho do Conselho de Administração
8
(V) e Tamanho da Empresa (F) e as
demais, foram utilizados dois tratamentos distintos para a aproximação das médias.
Para a primeira variável, efetuou-se o cálculo do quadrado da variável V e, após, foi
aplicado o logaritmo sobre a mesma para aproximar as médias das variáveis. Este
critério também foi utilizado por Silveira (2002, p. 67), que atribuiu sua utilização a
questões relacionadas à forma discreta e pela pressuposição da variável ser
contínua. Para a segunda variável, foi efetuado o cálculo sobre a média obtida pela
mesma, conforme Tabela 4. Este procedimento foi tomado para evitar possíveis
divergências nos resultados, devido a esta dispersão entre as médias observadas.
8
Foi efetuado um cálculo para se obter a variável Tamanho do Conselho de Administração (V),
utilizando-se o logaritmo da variável ao quadrado. O Apêndice B apresenta de forma detalhada o
cálculo efetuado, mas para orientação do trabalho será mantido o nome acima apresentado.
39
Depois desta operação, a estatística descritiva ficou assim apresentada,
conforme seguir.
Tabela 5 – Estatística descritiva das variáveis dependentes e independentes.
Variáveis Sigla Valores
Número
Obs.
Média
Desvio
Padrão
Mínimo Mediana Máximo
Q de Tobin Q Numéricos 1175 0.5504 1.0009 -0.9123 0.3668 10.1338
ROA ROA Numéricos 1171 -0.0078 0.1889 -2.0655 0.0228 0.4765
ROE ROE Numéricos 1171 0.0425 0.5454 -4.8005 0.0785 6.0172
Independência
do Presidente
T 0 ou 1 1056 0.6629 0.4730 0.0000 1.0000 1.0000
Independência
do Conselho
de
Administração
U 0 a 1 1175 0.8103 0.1489 0.0000 0.8000 1.0000
Tamanho do
Conselho de
Administração
V Numéricos 1175 1.5135 0.3830 0.3010 1.6232 2.6646
Participação
nos Lucros da
Empresa
W 0 ou 1 1175 0.5711 0.4951 0.0000 1.0000 1.0000
Concentração
Acionária
Y 0 a 1 1175 0.4376 0.2893 0.0104 0.3675 1.0000
Diversificação Z 0 a 1 1119 0.5359 0.2817 0.0000 0.4827 1.0000
Tamanho da
Empresa
F Numéricos 1171 1.0001 0.1313 0.7012 0.9951 1.4155
Fonte: elaborado pelo autor
Foram efetuadas análises mais detalhadas nas variáveis de Governança
Corporativa para uma identificação do comportamento durante os anos relacionados
ao período trabalhado. Estas análises visam verificar como se comportaram as
empresas frente à implementação pela Bovespa do Novo Mercado
9
.
Observando o Gráfico 1, pode-se identificar que não ocorreram alterações tão
acentuadas no comportamento da variável independência do presidente (T), já que a
variação sempre esteve em torno de 57% a 62% e, nem mesmo com a
9
O Novo Mercado é um segmento criado pela Bovespa em 2000 que se destina a negociação de
ações por empresas que se comprometem de forma voluntária, a adotar práticas de Governança
Corporativa superiores às que são designadas pela legislação, e que têm como objetivo permitir uma
maior valorização e liquidez destas ações.
40
implementação do Novo Mercado pela Bovespa em 2001, ocasionou uma oscilação
nesta composição.
Um ponto importante a ser observado é o que ocorreu nos anos de 2003 e
2004, que apresentaram um relativo aumento das empresas que têm a mesma
pessoa exercendo os dois cargos, o de presidente da empresa e o de presidente de
conselho de administração, indo em direção contrária ao proposto pelas boas
práticas de Governança Corporativa, segundo o código do IBGC – que informa em
seu regulamento a necessidade de independência destes dois cargos, ou seja, a
mesma pessoa não pode exercer ao mesmo tempo os cargos de Presidente do
Conselho de Administração e de Presidente da Empresa.
0.00%
20.00%
40.00%
60.00%
80.00%
Independente Não Independente
Independente
61.62 61.84 61.59 57.14 57.79 58.17 59.74 59.49
Não Independente
23.23 25.66 23.84 27.92 27.92 32.03 39.61 39.24
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Fonte: elaborado pelo autor
Gráfico 1 – Variável Independência do Presidente entre no período de 1997 a 2004.
Partindo de uma análise baseada na composição do conselho de
administração, Silveira (2004) apresenta que sua formação deve conter entre 5 e 9
conselheiros como o número ideal. Esta composição do tamanho ideal do Conselho
de Administração também é utilizada pelo IBGC em seu código de boas práticas de
Governança Corporativa.
41
Levando isso em consideração, pode-se observar no Gráfico 2 como estão
configuradas as empresas em relação à sua composição de membros do conselho
ao longo do período de estudo. Pela análise obtida no mesmo gráfico, há uma
tendência de queda nas composições dos conselhos, para entre 5 e 9 conselheiros,
e um aumento de outras composições, diferentemente do considerado ideal para
IBGC.
Chama a atenção também a grande quantidade de empresas que trabalham
com o tamanho do conselho menor, com 3 (três) membros. Tais dados foram
visualizados quando da criação da base. Dentro dos dados do trabalho, notou-se
que quase 20% do total de observações se encontram nesta posição, indo assim em
sentido contrário ao proposto pelo IBGC, que estabelece o número mínimo de 5
(cinco) membros do Conselho de Administração.
0.00%
20.00%
40.00%
60.00%
80.00%
Entre 5 e 9 Demais composições
Entre 5 e 9
63.64 59.87 60.26 58.44 59.74 54.25 57.14 52.53
Demais composões
36.36 40.13 39.74 41.56 40.26 45.75 42.86 47.47
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 2 – Composição do Tamanho do Conselho de Administração entre no período
de 1997 a 2004.
A variável Participação no Lucro da Empresa pelos Executivos não obteve
alterações significativas no período deste estudo. A oscilação ficou nos patamares
de 55% a 60% de empresas que oferecem participação nos lucros aos seus
42
executivos. O Gráfico 3 apresenta o comportamento desta variável no período de
tempo trabalhado neste estudo.
0.00%
20.00%
40.00%
60.00%
80.00%
Participa Não Participa
Participa
60.61 55.92 54.97 55.84 57.79 59.48 57.14 56.33
Não Participa
39.39 44.08 45.03 44.16 42.21 40.52 42.86 43.67
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Fonte: elaborado pelo autor.
Gráfico 3 – Participação nos Lucros das Empresas no período de 1997 a 2004.
A matriz de correlação das variáveis independentes é apresentada na Tabela
5. As correlações entre essas variáveis são, em geral, modestas, apresentando uma
variação entre 0,458 a -0,244, o que reduz a possibilidade de multicolinearidade.
Apesar desta possibilidade reduzida, os testes efetuados foram feitos com as
variáveis sendo trabalhadas no modelo de forma separada para uma análise do
comportamento dentro dos Grupos Estratégicos dos mecanismos de Governança
Corporativa.
43
Tabela 6 – Matriz de Correlação para as Variáveis Explicativas.
Variável Q ROA ROE T U V W Y Z F
ROA
-0.580*
ROE
0.079* 0.045
T
-0.011 0.140* 0.021
U
0.109* 0.065** 0.035 0.457*
V
0.121* 0.050*** 0.023 0.287* 0.340*
W
-0.100* 0.082* 0.002 0.018 -0.001 0.108*
Y
0.012 0.016 -0.003 -0.079* -0.073** -0.261* -0.130*
Z
0.008 -0.010 0.003 -0.113* -0.034 -0.215* -0.103* 0.071**
F
0.080* 0.270* 0.050** 0.222* 0.291* 0.444* 0.036 -0.009 -0.222*
ANO
0.179* 0.009 0.098* -0.092* 0.023 0.003 0.001 0.084* 0.025 0.033
Os asteriscos indicam os níveis de significância dos coeficientes: * para 1%, ** para 5% e ***
para 10%.
3.3 MODELO ECONOMÉTRICO
Para este estudo foram feitos dois modelos que estão baseados em uma
regressão multivariada através de uma cross-section, utilizou-se o método dos
Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), em que a estrutura de cada modelo foi
baseada no estudo de Mendes-da-Silva e Black (2004).
Dentro da visão relacionada à regressão multivariada, Wooldridge (2006, p.
64) destaca que “tal análise é mais receptiva à análise ceteris paribus, pois ela nos
permite controlar explicitamente muitos outros fatores que, de maneira simultânea,
afetam a variável dependente”.
Os dois modelos levaram em consideração as variáveis dependentes de
desempenho financeiro ROA e ROE (4) e Q de Tobin (5), relacionando-as com as
variáveis independentes de Governança Corporativa e Grupo Estratégico.
Para uma maior objetividade quanto à representatividade dos modelos, as
variáveis de desempenho financeiro foram apresentadas de forma resumida. Com
isso, reduziu-se a necessidade de inúmeras fórmulas para representação dos
44
modelos. Assim, as variáveis de desempenho foram representadas da seguinte
forma:
DD = ROA ou ROE (1)
DD = Variável que representa as variáveis de desempenho Retorno sobre
o Ativo (ROA) e Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE).
ROA = Retorno sobre o Ativo.
ROE = Rentabilidade do Patrimônio Líquido.
O mesmo critério foi utilizado levando-se em consideração as variáveis de
Governança Corporativa. Como a presente pesquisa se utiliza de cinco variáveis, o
que proporciona a demonstração de cinco modelos, criou-se uma variável que as
representasse em um único modelo. Abaixo, está descrita a variável que representa
tais variáveis de Governança Corporativa.
GC = T ou U ou V ou W ou Y (2)
A variável que relaciona o valor da empresa, neste caso o Q de Tobin,
recebeu tratamento semelhante devido à diferença entre os modelos de regressão
que serão abordados a seguir. Abaixo, segue a descrição da variável:
DQ = Q (3)
Dentro do que foi apresentado, o modelo que representa o desempenho das
empresas frente às variáveis de Governança Corporativa com a inclusão da variável
Grupo Estratégico e que leva em consideração as fórmulas (1) e (2), ficou assim
representado:
ititititititit
A
N
O
GF
Z
G
C
DD
ε
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+
+
+= 543210 (4)
45
DD =
Variáveis de desempenho da empresa Retorno sobre o Ativo (ROA)
ou Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE) na empresa i no ano t;
GC = Independência do Presidente do Conselho (T) ou Grau de
Independência do Conselho (U) ou logaritmo do quadrado do número de membros
do Conselho (V) ou Controle Acionário da Firma (Y) ou Participação dos Executivos
nos Lucros (W)
10
para a empresa i no ano t;
Z = Índice de diversificação da firma baseado na concentração das
receitas nos três produtos mais vendidos na empresa i no ano t;
F = Tamanho da Firma baseado no logaritmo natural do ativo da empresa
i no ano t;
G = Dummies setoriais para representar o Grupo Estratégico no qual a
empresa i está inserida e no ano t;
ANO = Ano que apresenta os dados da empresa i e no ano t;
ε = Termo de erro do modelo empresa i e no ano t.
O outro modelo utilizado buscou avaliar o valor da empresa e incluir a variável
Retorno sobre Ativo (ROA) para dar maior robustez ao resultado. Tal variável
também foi utilizada no estudo de Yermack (1996). Segue abaixo o modelo
utilizando as fórmulas (2) e (3):
itititititititit
A
NO
G
F
Z
ROAG
C
D
Q
ε
β
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+
+
++= 6543210
(5)
DQ =
O valor da empresa pelo cálculo do Q de Tobin da empresa i no ano
t;
10
As variáveis de Governança Corporativas estão apresentadas de forma detalhada no Apêndice C
deste trabalho.
46
GC = Independência do Presidente do Conselho (T) ou Grau de
Independência do Conselho (U) ou logaritmo do quadrado do número de membros
do Conselho (V) ou Controle Acionário da Firma (Y) ou Participação dos Executivos
nos Lucros (W)
11
para a empresa i no ano t;
ROA = Retorno sobre Ativo na empresa i no ano t;
Z = Índice de diversificação da firma baseado na concentração da
receitas nos três produtos mais vendidos na empresa i no ano t;
F = Tamanho da Firma baseado no logaritmo natural do ativo da empresa
i no ano t;
G = Dummies setoriais para representar o Grupo Estratégico no qual a
empresa i está inserida e no ano t;
ANO = Ano que apresenta os dados da empresa i e no ano t;
ε = Termo de erro do modelo empresa i e no ano t.
Após esta abordagem, os testes serão efetuados de uma forma separada
para cada variável de Governança Corporativa, buscando identificar o
comportamento da estruturas de Governança encontradas nos Grupos Estratégicos
e verificar sua influência no desempenho nas empresas.
11
As variáveis de Governança Corporativas estão apresentadas de forma detalhada no Apêndice C
deste trabalho.
Capítulo 4
4 ANÁLISES DOS RESULTADOS
As variáveis da regressão dos modelos utilizados não apresentaram
multicolinearidade e isto foi verificado pelos VIFs (variance inflaction factors) que se
apresentaram abaixo de 6. Gujarati (2000) e Wooldridge (2006) indicam que se o
VIF exceder a 10, tal variável é altamente colinear.
A seguir serão apresentados os resultados relacionados às variáveis de
performance trabalhadas neste estudo.
4.1 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA SOBRE O RETORNO DO ATIVO (ROA)
Os resultados obtidos pela variável dependente Retorno sobre Ativo (ROA)
são apresentados de forma detalhada na Tabela 6, onde estão descritos os valores
do erro padrão, os coeficientes betas (β) e os níveis de significância dentro de um
modelo de regressão utilizando a variável dependente Retorno sobre Ativo (ROA).
Os modelos foram baseados na fórmula (4), apresentada na seção 3.3, que
descreve uma regressão multivariada através de um corte transversal utilizando o
método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), que incluiu as variáveis
dummies para representar os Grupos Estratégicos descritos pela classificação pela
similaridade de produtos e serviços oferecidos pelas empresas componentes (TANG
E THOMAS, 1992; FARIA et al., 2005; ALMEIDA et al., 2006).
Outro ponto importante a ser lembrado é de que as variáveis de Governança
Corporativa foram utilizadas de forma separada. Cada coluna apresentada na
48
Tabela 6 representa um modelo de regressão com a apresentação de cada
mecanismo de Governança Corporativa.
Tabela 7 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
com a variável dependente ROA.
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
0.023 -0.038 -0.053* 0.027** 0.017
Variáveis de
Governança
(0.014) (0.043) (0.018) (0.012) (0.022)
0.049** 0.041*** 0.026 0.043** 0.039***
Diversificação
(0.024) (0.022) (0.022) (0.022) (0.022)
0.408* 0.446* 0.495* 0.433* 0.441*
Log do Tamanho
da Firma
(0.060) (0.056) (0.058) (0.055) (0.055)
0.001 -0.000 -0,000 -0.000 -0.000
ANO
(0.003) (0.002) (0.002) (0.002) (0.002)
0.144* 0.159* 0.148* 0.146* 0.158*
carnes e
derivados
(0.050) (0.048) (0.048) (0.048) (0.048)
-0.033 -0.027 -0.030 -0.028 -0.021
grãos
(0.048) (0.046) (0.046) (0.046) (0.046)
0.146* 0.134* 0.119** 0.147* 0.130**
laticínios
(0.053) (0.052) (0.052) (0.052) (0.052)
0.224* 0.239* 0.225* 0.234* 0.245*
Lojas
Especializadas
(0.047) (0.045) (0.045) (0.045) (0.045)
0.182* 0.187* 0.182* 0.177* 0.190*
Lojas de
Departamentos
(0.045) (0.044) (0.043) (0.044) (0.044)
0.180* 0.186* 0.187* 0.189* 0.193
Edifícios
Residenciais e
Comerciais
(0.046) (0.041) (0.040) (0.040) (0.041)
0.163* 0.166* 0.152* 0.182* 0.170*
Pontes e
Estradas
(0.050) (0.048) (0.048) (0.048) (0.048)
0.242* 0.261* 0.253* 0.268* 0.264*
Serviços
Especializados
em Engenharia
(0.079) (0.057) (0.057) (0.057) (0.057)
0.234* 0.182* 0.156* 0.174* 0.189*
Eletro Pesado
(0.067) (0.054) (0.054) (0.054) (0.054)
0.133*** 0.147* 0.166* 0.155* 0.155*
Áudio e Vídeo
(0.068) (0.057) (0.056) (0.056) (0.056)
0.191* 0.196* 0.195* 0.194* 0.202*
Equipamentos
Motorizados
(0.048) (0.047) (0.046) (0.046) (0.046)
0.179* 0.189* 0.175* 0.176* 0.188*
Equipamentos
Estruturais
(0.053) (0.051) (0.050) (0.050) (0.051)
49
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
0.140** 0.161* 0.158* 0.164* 0.151*
Papel
(0.056) (0.050) (0.050) (0.050) (0.051)
0.143* 0.155* 0.159* 0.158* 0.151*
Celulose e
Derivados
(0.048) (0.045) (0.045) (0.045) (0.045)
0.167* 0.184* 0.185* 0.192* 0.181*
Distribuição de
Gás
(0.053) (0.050) (0.050) (0.050) (0.052)
0.167* 0.178* 0.168* 0.167* 0.182*
Extração, refino e
distrib. de
derivados
(0.049) (0.045) (0.045) (0.046) (0.046)
0.176* 0.190* 0.185* 0.183* 0.188*
Petroquímicos
(0.042) (0.039) (0.039) (0.039) (0.039)
0.167* 0.175* 0.175* 0.169* 0.174*
Fertilizantes
(0.054) (0.050) (0.050) (0.050) (0.050)
0.164* 0.175* 0.183* 0.164* 0.176*
Aço Bruto
(0.059) (0.057) (0.056) (0.057) (0.056)
0.144* 0.136* 0.128* 0.134* 0.135*
Aço em Peças
(0.039) (0.037) (0.036) (0.036) (0.037)
0.088*** 0.092** 0.081*** 0.093** 0.092**
Telefonia Fixa
(0.048) (0.045) (0.045) (0.045) (0.045)
0.100** 0.114* 0.119* 0.115* 0.113*
Telefonia Móvel
(0.044) (0.041) (0.041) (0.041) (0.041)
0.024 0.049 0.042 0.046 0.053
Vestuário
(0.044) (0.042) (0.042) (0.042) (0.042)
0.153* 0.165* 0.171* 0.158* 0.169*
Fios e Tecidos
(0.040) (0.037) (0.037) (0.037) (0.037)
0.227* 0.227* 0.212* 0.221* 0.226*
Peças de Aço
(0.047) (0.044) (0.044) (0.044) (0.044)
-1.482 -0.239 -0.167 0.028 0.155
Const.
(5.287) (4.869) (4.850) (4.860) (4.891)
Observações
992 1111 1111 1111 1111
0,1650 0,1647 0,1709 0,1680 0,1646
R² Adj
0,1399 0,1423 0,1487 0,1456 0,1422
Nota: a tabela apresenta uma regressão OLS para 26 Grupos Estratégicos.
As regressões foram efetuadas de forma separada para cada variável de Governança Corporativa,
conforme o modelo abaixo:
A variável GC indica as variáveis de Governança Corporativa apresentadas em cada modelo.
Os valores apresentados são os dos coeficientes (β) e, entre parênteses, os erros padrão.
* Significância de 1%
** Significância de 5 %
*** Significância de 10 %
Fonte: elaborado pelo autor
ititititititit
A
NOGF
Z
GCDR
ν
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+++=
543210
50
Os resultados obtidos no modelo que envolveu a variável de Governança
Corporativa Independência do Presidente do Conselho (T) não foram relevantes
diante da presença da variável explanatória Grupo Estratégico, não rejeitando assim
a hipótese sugerida neste trabalho. Apesar da correlação positiva da variável, a
mesma não foi significante para a explicação dos Retornos sobre os Ativos das
firmas, indo no sentido contrário ao encontrado por Silva, W. M. e Black (2004), em
que a independência do presidente do conselho apresentou significância dentro do
modelo que relacionava a diversificação das firmas, sendo que o foco de análise do
referido trabalho levou em consideração todas as variáveis de Governança
Corporativa em conjunto.
Tal resultado sugere que as escolhas estratégicas de posicionamento, feitas
pelo agente, não interferem diretamente nos retornos da empresa. Isto implica dizer
que é irrelevante o monitoramento através da independência de seu presidente
quando se relacionam tais mecanismos às escolhas estratégicas das empresas, não
levando em conta a sua influência nos retornos da empresa.
Quanto ao que tange aos Grupos Estratégicos, dentro dos 25 Grupos
Estratégicos trabalhados, 23 grupos apresentaram significância que variam de 1% a
10%. O grupo “Telefonia Fixa” foi o único que apresentou o resultado com nível de
significância a 10%. Os grupos “Áudio e Vídeo”, “Papel” e “Telefonia Móvel”
obtiveram o nível de significância de 5%, sendo que nos demais o nível obtido foi de
1%. Os grupos “Grãos” e “Vestuário” não apresentaram significância para o teste em
questão. Tal resultado reflete que o posicionamento da empresa dentro de um
determinado mercado está relacionado diretamente ao retorno da empresa.
O modelo que relaciona a variável Independência do Conselho de
Administração (U) apresentou uma correlação negativa (β = -0.0379, ρ = 0.375) e
51
com ausência de significância, indicando que a variável Grupo Estratégico não
obtém evidências para uma influência de posicionamento para tal mecanismo de
Governança Corporativa que proporcione um impacto nos retornos das firmas.
Indo ao encontro do ocorrido com a variável independência do presidente do
conselho, 23 Grupos apresentaram significância quanto aos retornos das firmas,
sendo que os grupos “Grãos” e “Vestuário” foram os que não apresentaram
significância para os retornos dentro do modelo.
O Tamanho do Conselho de Administração (V)
12
apresentou correlação
negativa, com os retornos e nível de significância a 1% (β = -0,039, ρ = 0.009)
indicando que quanto menor é o conselho de administração, maior é o retorno das
firmas dentro do posicionamento das empresas. A relação oriunda deste resultado
pode sugerir que empresas que definem um foco bem específico em sua estratégia
apresentam uma maior agilidade de decisões, o que pode ser observado em um
conselho de administração com um tamanho reduzido, com isso, reduzindo a
probabilidade de dispersão de força pelo mesmo.
Participação nos Lucros da Empresa (W) pelos executivos das firmas obteve
também significância a um nível de 5% de confiança. Esta relação pode advir da
questão da relação da possibilidade de gerenciamento de resultados dentro das
firmas, conforme indicado no estudo de ALMEIDA et al. (2006).
A Concentração Acionária (Y) não apresentou significância dentro do modelo,
sugerindo uma independência das empresas posicionadas frente ao tipo de controle
acionário da empresa, se mais concentrado ou menos concentrado.
12
Foram realizados testes levando em consideração a variável sem a exponenciação ao quadrado e
a utilização do logaritmo do Tamanho do Conselho mais o logaritmo do Tamanho ao quadrado, sendo
que, os resultados obtidos não foram relevantes a ponto de alterarem os níveis de significância das
variáveis contempladas no modelo nem os seus coeficientes.
52
Quanto às variáveis de controle, tanto o nível de diversificação quanto o
tamanho da empresa apresentaram significância dentro do modelo. O grau de
diversificação sugere que empresas que apresentam uma estratégia de
diversificação maior para os seus produtos apresentam um maior retorno, o que
pode ser oriundo do tipo de amostra trabalhada neste estudo, devido ao resultado
ser divergente ao apresentado por Silva, W. M. e Black (2004).
Já o tamanho da empresa (F) apresentou relevância nos cinco modelos
trabalhados. Tal resultado está alinhado ao que foi apresentado por Brito e Brito
(2005), Silva, W. M. e Black (2004) e Silveira (2004), indicando que quanto o maior o
tamanho de seu investimento nos ativos, maior a geração de lucro para as
empresas.
Os modelos apresentaram um R² ajustado entre os valores de 13,99% a
14,87% para a explicação dos modelos, indicando uma razoável relevância para os
modelos propostos. Lembrando que, mesmo sendo alto ou baixo o R² torna-se
indiferente diante de modelos que apresentam em suas estruturas de teste uma
variável dummy.
4.2 ANÁLISE DA INFLUÊNCIA SOBRE A RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
(ROE)
Os resultados obtidos pela variável dependente Rentabilidade sobre
Patrimônio Líquido (ROE) são apresentados de forma detalhada na Tabela 7, onde
estão descritos os valores do erro padrão, os coeficientes betas (β) e os níveis de
significância dentro de um modelo de regressão com a variável dependente Retorno
sobre Patrimônio Líquido (ROE).
53
Os modelos foram baseados na fórmula (4), apresentada na seção 3.3, que
descreve uma regressão multivariada através de um corte transversal utilizando o
método dos mínimos quadrados ordinários (MQO), que incluiu as variáveis dummies
para representar os Grupos Estratégicos descritos pela classificação de Tang e
Thomas (1992) e Faria et al. (2005).
Como mencionado no tópico 4.1, as variáveis de Governança Corporativa
foram utilizadas de forma separada. Cada coluna apresentada na Tabela 7
representa um modelo de regressão com a apresentação de cada mecanismo de
Governança Corporativa.
Tabela 8 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
com a variável dependente ROE.
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
0.043 -0.089 0.058 -0.005 -0.009
Variáveis de
Governança
(0.040) (0.129) (0.054) (0.037) (0.065)
0.047 0.035 0.052 0.035 0.036
Diversificação
(0.069) (0.066) (0.067) (0.066) (0.066)
0.184 0.318*** 0.234 0.299*** 0.296***
Log do Tamanho
da Firma
(0.171) (0.170) (0.177) (0.167) (0.167)
0.021* 0.023* 0.023* 0.023* 0.023*
ANO
(0.008) (0.007) (0.007) (0.007) (0.007)
-0.235*** -0.211 -0.211 -0.216 -0.220
carnes e
derivados
(0.143) (0.146) (0.145) (0.146) (0.146)
-0.057 -0.044 -0.032 -0.038 -0.040
grãos
(0.136) (0.140) (0.140) (0.140) (0.140)
-0.284*** -0.313** -0.270*** -0.304** -0.298***
laticínios
(0.151) (0.157) (0.159) (0.156) (0.159)
-0.127 -0.096 -0.077 -0.092 -0.095
Lojas
Especializadas
(0.134) (0.136) (0.137) (0.137) (0.138)
-0.185 -0.181 -0.168 -0.173 -0.176
Lojas de
Departamentos
(0.129) (0.132) (0.132) (0.133) (0.132)
-0.138 -0.172 -0.161 -0.164 -0.166
Edifícios
Residenciais e
Comerciais (0.131) (0.123) (0.123) (0.123) (0.123)
-0.205 -0.203 -0.177 -0.198 -0.196
Pontes e
Estradas
(0.141) (0.146) (0.146) (0.146) (0.145)
54
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
-0.206 -0.127 -0.110 -0.122 -0.121
Serviços
Especializados
em Engenharia
(0.224) (0.174) (0.174) (0.174) (0.174)
-0.089 -0.140 -0.097 -0.128 -0.131
Eletro Pesado
(0.190) (0.163) (0.165) (0.163) (0.163)
-1.159* -0.894* -0.883* -0.872* -0.872*
Áudio e Vídeo
(0.194) (0.172) (0.170) (0.170) (0.170)
-0.254*** -0.252*** -0.234*** -0.239*** -0.240***
Equipamentos
Motorizados
(0.137) (0.141) (0.140) (0.141) (0.141)
-0.186 -0.170 -0.169 -0.178 -0.182
Equipamentos
Estruturais
(0.151) (0.153) (0.153) (0.153) (0.153)
-0.255 -0.208 -0.212 -0.214 -0.209
Papel
(0.159) (0.152) (0.152) (0.152) (0.155)
-0.153 -0.138 -0.150 -0.144 -0.143
Celulose e
Derivados
(0.136) (0.136) (0.136) (0.136) (0.136)
-0.157 -0.130 -0.137 -0.136 -0.134
Distribuição de
Gás
(0.149) (0.152) (0.152) (0.153) (0.152)
-0.039 -0.023 -0.011 -0.020 -0.024
Extração, refino e
distrib. de
derivados
(0.138) (0.138) (0.138) (0.139) (0.139)
-0.164 -0.141 -0.142 -0.145 -0.146
Petroquímicos
(0.120) (0.120) (0.119) (0.120) (0.119)
-0.011 -0.019 -0.017 -0.017 -0.017
Fertilizantes
(0.152) (0.152) (0.152) (0.152) (0.152)
-0.229 -0.215 -0.214 -0.206 -0.207
Aço Bruto
(0.168) (0.171) (0.171) (0.172) (0.171)
-0.097 -0.106 -0.099 -0.107 -0.107
Aço em Peças
(0.110) (0.111) (0.111) (0.111) (0.111)
-0.230*** -0.233*** -0.222 -0.234*** -0.234***
Telefonia Fixa
(0.136) (0.135) (0.136) (0.135) (0.135)
-0.257** -0.240*** -0.253** -0.245** -0.245***
Telefonia Móvel
(0.125) (0.125) (0.126) (0.125) (0.125)
0.077 0.040 0.054 0.045 0.043
Vestuário
(0.126) (0.127) (0.127) (0.127) (0.127)
-0.377* -0.353* -0.356* -0.349* -0.352*
Fios e Tecidos
(0.113) (0.113) (0.113) (0.113) (0.113)
-0.090 -0.011 -0.007 -0.014 -0.015
Peças de Aço
(0.133) (0.133) (0.133) (0.133) (0.133)
-42.976* -45.671* -45.692* -45.681* -45.823*
Const.
(15.008) (14.747) (14.742) (14.754) (14.818)
Observações
992 1111 1111 1111 1111
0,083 0,070 0,070 0,069 0,069
R² Adj
0,056 0,045 0,046 0,045 0,045
Nota: a tabela apresenta uma regressão OLS para 26 Grupos Estratégicos.
55
As regressões foram efetuadas de forma separada para cada variável de Governança Corporativa,
conforme o modelo abaixo:
A variável GC indica as variáveis de Governança Corporativa apresentadas em cada modelo.
Os valores apresentados são os dos coeficientes (β) e, entre parênteses, os erros padrão.
* Significância de 1%
** Significância de 5 %
*** Significância de 10 %
Fonte: elaborado pelo autor.
Os resultados apurados nos modelos que envolvem as variáveis
independentes de Governança Corporativa, neste caso, Independência do
Presidente (T), Independência do Conselho de Administração, Tamanho do
Conselho de Administração (V)
13
, Participação nos Lucros (W) e Concentração
Acionária, não obtiveram explicação para o ROE em conjunto com as variáveis de
Grupos Estratégicos, sugerindo que tal rentabilidade é irrelevante para o
posicionamento da firma dentro de um determinado mercado, levando em
consideração os seus mecanismos de Governança Corporativa.
Tal resultado sugere a não rejeição da hipótese de que os mecanismos de
Governança Corporativa não têm relação com o desempenho das empresas quando
inseridas em um modelo que apresente o posicionamento das empresas, neste
caso, representado pelos Grupos Estratégicos.
Vale uma ressalva para os Grupos Estratégicos “Carnes e Derivados”,
“Laticínios”, “Áudio e Vídeo”, “Equipamentos Motorizados”, “Telefonia Fixa”,
“Telefonia Móvel” e “Fios e Tecidos” que apresentaram uma correlação negativa com
níveis de significância variando de 1% a 10%, indicando com isso que empresas que
pertencentes a estes grupos estão propícios a terem menores retornos que as
demais empresas.
13
Foram realizados testes levando em consideração a variável sem a exponenciação ao quadrado e
a utilização do logaritmo do Tamanho do Conselho mais o logaritmo do Tamanho ao quadrado, sendo
que, os resultados obtidos não foram relevantes a ponto de alterarem os níveis de significância das
variáveis contempladas no modelo nem os seus coeficientes.
ititititititit
A
N
O
GF
Z
GCDR
ν
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+++=
543210
56
Para os modelos que trabalharam com o ROE o R² ajustado obtido ficou entre
o intervalo de 4,45% e 5,58%, bem menor aos obtidos pelo modelo que relacionou o
ROA.
4.3 ANÁLISE DO VALOR DA EMPRESA (Q DE TOBIN)
Os resultados obtidos pela variável dependente Q de Tobin (Q) são
apresentados de forma detalhada na Tabela 8, onde estão descritos os valores do
erro padrão, os coeficientes beta (β) e os níveis de significância dentro de um
modelo de regressão com a variável dependente Q de Tobin (Q).
Os modelos foram baseados na fórmula (5), apresentados na seção 3.3, que
descreve uma regressão multivariada através de um corte transversal utilizando o
método dos mínimos quadrados ordinários (MQO), que incluiu as variáveis dummies
para representar os Grupos Estratégicos descritos pela classificação de Tang e
Thomas (1992) e Faria et al. (2005).
Como mencionado nos tópicos 4.1 e 4.2, as variáveis de Governança
Corporativa foram utilizadas de forma separada. Cada coluna apresentada na
Tabela 8 representa um modelo de regressão com a apresentação de cada
mecanismo de Governança Corporativa.
Tabela 9 – Regressão multivariada pelo método dos Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
com a variável dependente Q de Tobin.
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
-0.011 0.106 0.142** -0.105** -0.064
Variáveis de
Governança
(0.052) (0.170) (0.071) (0.048) (0.086)
-3.209* -3.371* -3.351* -3.355* -3.371*
ROA
(0.118) (0.121) (0.121) (0.121) (0.121)
57
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
-0.047 0.003 0.043 -0.006 0.009
Diversificação
(0.089) (0.087) (0.089) (0.087) (0.087)
1.296* 0.889* 0.750* 0.923* 0.902*
Log do Tamanho
da Firma
(0.225) (0.229) (0.240) (0.225) (0.226)
0.087* 0.078* 0.078* 0.078* 0.078*
ANO
(0.010) (0.010) (0.010) (0.010) (0.010)
-0.248 -0.182 -0.157 -0.140 -0.184
carnes e
derivados
(0.185) (0.193) (0.192) (0.192) (0.193)
-0.058 -0.050 -0.041 -0.043 -0.069
grãos
(0.175) (0.184) (0.183) (0.183) (0.184)
-0.445** -0.349*** -0.286 -0.397*** -0.332
laticínios
(0.195) (0.207) (0.209) (0.206) (0.209)
-0.367** -0.380** -0.350** -0.367** -0.402**
Lojas
Especializadas
(0.175) (0.182) (0.182) (0.181) (0.183)
-0.094 0.004 -0.012 0.041 -0.002
Lojas de
Departamentos
(0.168) (0.175) (0.175) (0.175) (0.175)
-0.489* -0.435* -0.441* -0.445* -0.456*
Edifícios
Residenciais e
Comerciais
(0.170) (0.163) (0.163) (0.162) (0.164)
-0.382** -0.332*** -0.299 -0.392** -0.343***
Pontes e
Estradas
(0.182) (0.193) (0.193) (0.193) (0.192)
-0.508*** -0.315 -0.301 -0.344 -0.323
Serviços
Especializados
em Engenharia
(0.290) (0.231) (0.230) (0.230) (0.230)
-0.261 -0.287 -0.221 -0.254 -0.307
Eletro Pesado
(0.247) (0.215) (0.218) (0.215) (0.215)
-0.106 -0.221 -0.275 -0.246 -0.243
Áudio e Vídeo
(0.251) (0.227) (0.224) (0.223) (0.224)
-0.043 0.031 0.029 0.039 0.013
Equipamentos
Motorizados
(0.177) (0.187) (0.186) (0.186) (0.186)
-0.065 -0.024 0.010 0.017 -0.026
Equipamentos
Estruturais
(0.195) (0.203) (0.202) (0.202) (0.203)
-0.217 -0.123 -0.117 -0.141 -0.088
Papel
(0.205) (0.201) (0.201) (0.201) (0.205)
-0.053 0.066 0.053 0.050 0.079
Celulose e
Derivados
(0.176) (0.180) (0.180) (0.180) (0.180)
0.132 0.188 0.183 0.152 0.198
Distribuição de
Gás
(0.193) (0.201) (0.201) (0.202) (0.201)
0.217 0.318*** 0.339*** 0.358** 0.302***
Extração, refino e
distrib. de
derivados
(0.179) (0.182) (0.182) (0.183) (0.183)
0.089 0.171 0.182 0.193 0.175
Petroquímicos
(0.156) (0.159) (0.158) (0.158) (0.158)
0.280 0.275 0.273 0.296 0.279
Fertilizantes
(0.197) (0.201) (0.201) (0.201) (0.201)
-0.155 -0.051 -0.077 -0.009 -0.054
Aço Bruto
(0.218) (0.226) (0.226) (0.227) (0.226)
58
Modelos de Regressões com as Variáveis de Governança Corporativa
Independência
do Presidente
(T)
Independência
do Conselho
(U)
Tamanho
do
Conselho
(V)
Participação
nos Lucros
(W)
Concentração
Acionária (Y)
-0.067 0.144 0.161 0.146 0.145
Aço em Peças
(0.142) (0.146) (0.146) (0.146) (0.146)
0.594* 0.677* 0.707* 0.673* 0.677*
Telefonia Fixa
(0.175) (0.178) (0.179) (0.178) (0.178)
0.580* 0.669* 0.652* 0.659* 0.671*
Telefonia Móvel
(0.161) (0.165) (0.165) (0.165) (0.165)
-0.056 -0.003 0.014 0.009 -0.017
Vestuário
(0.162) (0.166) (0.166) (0.166) (0.167)
-0.362** -0.301** -0.320** -0.276*** -0.314**
Fios e Tecidos
(0.146) (0.150) (0.150) (0.150) (0.150)
0.398** 0.476* 0.492* 0.494* 0.479*
Peças de Aço
(0.173) (0.177) (0.177) (0.177) (0.177)
-174.498* -155.922* -156.112* -156.923* -157.344*
Const.
(19.326) (19.381) (19.348) (19.347) (19.468)
Observações
992 1111 1111 1111 1111
0,545 0,522 0,525 0,524 0,522
R² Adj
0,531 0,509 0,511 0,511 0,509
Nota: a tabela apresenta uma regressão OLS para 26 Grupos Estratégicos.
As regressões foram efetuadas de forma separada para cada variável de Governança Corporativa,
conforme o modelo abaixo
A variável GC indica as variáveis de Governança Corporativa apresentadas em cada modelo.
Os valores apresentados são os dos coeficientes (β) e, entre parênteses, os erros padrão.
* Significância de 1%
** Significância de 5 %
*** Significância de 10 %
Fonte: elaborado pelo autor.
Os resultados apurados nos modelos que envolvem as variáveis
independentes de Governança Corporativa, neste caso, Independência do
Presidente (T), Independência do Conselho de Administração (U) e Concentração
Acionária (Y), não obtiveram explicação para o valor da empresa (Q de Tobin),
quando relacionada em conjunto com as variáveis de Grupos Estratégicos,
divergindo dos resultados de Silveira (2002), Famá, Barros e Silveira (2003) e Silva,
W. M. e Black (2004), o que sugere, assim, que as escolhas estratégicas de
itititititititit
A
N
O
G
F
Z
R
OAG
C
DQ
ν
β
β
β
β
β
β
β
+
+
+
+
+
++= 6543210
59
posicionamento das empresas não influenciam nas estruturas de Governança
Corporativa das mesmas, levando-se em consideração o desempenho.
Esses resultados sugerem que o fluxo de investimentos nas empresas por
parte dos investidores não levam em consideração o tipo de estrutura de
Governança Corporativa adotado pelas empresas que participam de determinados
mercados, dentro dos mecanismos acima apresentados.
Somente as variáveis de Governança Corporativa que apresentaram
significância foram as do Tamanho do Conselho de Administração (V)
14
e
Participação nos Lucros (W).
A relação obtida pelo Tamanho do Conselho da Administração (V) foi positiva,
indicando que quanto maior é o conselho de administração das empresas, maior é o
seu valor de mercado. Este resultado ocorreu no sentido contrário dos resultados
apresentados pelos estudos de Yermack (1996), Silveira (2002) e Famá, Barros e
Silveira (2003), em que as estruturas que apresentam menor Tamanho de Conselho
obtêm maior valor no mercado, fazendo-se uma ressalva para os dois últimos
trabalhos, que abordaram a performance da firma pelo valor alternativo, que é a
divisão do valor da empresa pelo seu ativo total. Os resultados obtidos nesta
pesquisa podem estar relacionados ao tipo de amostra trabalhada, que levou em
consideração o posicionamento das empresas.
A participação nos resultados obteve uma correlação negativa com nível de
significância de 5%, sugerindo que empresas que apresentam estratégias de
posicionamento têm seu valor menor na medida em que as empresas disponibilizam
14
Foram realizados testes levando em consideração a variável sem a exponenciação ao quadrado e
a utilização do logaritmo do Tamanho do Conselho mais o logaritmo do Tamanho ao quadrado, sendo
que, os resultados obtidos não foram relevantes a ponto de alterarem os níveis de significância das
variáveis contempladas no modelo nem os seus coeficientes.
60
a participação de seus executivos nos lucros da empresas. Este resultado sugere a
possibilidade de gerenciamento de resultados pelas empresas participantes,
corroborando assim o estudo de Almeida et al. (2006), que apresentou tal resultado
em determinados grupos.
Foram 10 (dez) os Grupos Estratégicos que apresentaram significância para o
valor da empresa em conjunto com as variáveis de Governança Corporativa, sendo
que o destaque vai para a relevância de 5 (cinco) grupos, que apresentaram
significância para esta relação em todas as variáveis de Governança Corporativa,
sugerindo assim a importância desses grupos com o valor da empresa.
O R² ajustado apresentado pelos modelos que trabalharam o valor da
empresa (Q de Tobin) foram os mais significativos: ficaram entre o intervalo de
50,91% a 53,09%. Tal relevância se dá pela inserção da variável ROA dentro do
modelo. A variável também foi utilizada no trabalho de Yermack (1996) que, para dar
maior robustez ao modelo, a inseriu, devido à lucratividade das empresas terem
significante impacto no valor de mercado das mesmas. Apesar disso, fica um
ressalva, devido ao já explicitado na análise da variável ROA sobre as questões que
envolvem as variáveis dummies.
Capítulo 5
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo foi realizado para avaliar a relevância da associação entre
a Estratégia e a Governança Corporativa no desempenho das firmas. Para isso, foi
utilizado o posicionamento estratégico das empresas, através da variável
explanatória Grupo Estratégico.
O trabalho procura contribuir com a literatura que aborda tais temas como os
estudos de Collin e Bengtsson (2000), Anderson et al. (2000), Silva, W. M. e Black
(2004) e Silva, W. M. e Black (2005).
Para responder ao problema apresentado, foi desenvolvida uma hipótese:
Governança Corporativa não tem relação com os retornos das firmas com a inclusão
da variável explanatória Grupo Estratégico.
Os resultados obtidos relacionados ao Retorno sobre o Ativo (ROA) e o Q de
Tobin indicam que os mecanismos de Governança Corporativa como Independência
do Presidente do Conselho (T), Independência do Conselho de Administração (U) e
Concentração Acionaria (Y) são irrelevantes para o modelo que inclui o Grupo
Estratégico.
Sendo assim, tal hipótese, que leva em consideração os mecanismos acima
descritos, não é rejeitada, o que sugere que as empresas que se posicionam
estrategicamente na busca de homogeneidade dos produtos oferecidos não tenham
a interferência destes mecanismos de Governança Corporativa nos seus
desempenhos proporcionados pela competitividade necessária dentro destes
mercados (SINGH, 2003).
62
Os modelos que levaram em consideração a variável Rentabilidade do
Patrimônio Líquido (ROE) dentro dos mecanismos de Governança Corporativa foram
irrelevantes, sugerindo que o posicionamento das empresas não proporciona uma
associação aos mecanismos de Governança frente ao desempenho da firma sobre
esta variável.
Somente os resultados obtidos nas variáveis de Tamanho do Conselho de
Administração (V) e Participação nos Lucros da Empresa (W) rejeitaram tal hipótese,
sendo que os resultados apresentados demonstram a relevância tanto para o
Retorno sobre o Ativo (ROA) quanto para o Q de Tobin.
A variável Tamanho do Conselho de Administração (V) apresentou um
relação negativa com o retorno sobre os ativos (ROA), indicando que empresas
posicionadas dentro de determinados Grupos que apresentam maior número de
membros do conselho têm menor retorno sobre seus ativos.
Para o valor da empresa (Q de Tobin) a relação obtida foi positiva, indo no
sentido contrário à teoria, em que as firmas que apresentam um número elevado de
membros do conselho proporcionam uma maior possibilidade de controle por parte
do Presidente ou Diretor da empresa, e com isso levando à perda de valor da firma
(JENSEN, 1993; YERMACK, 1996; SILVEIRA, 2002; FAMÁ, BARROS E SILVEIRA,
2003). Os resultados obtidos foram de uma relação positiva discreta entre o
Tamanho do Conselho e valor da empresa.
Já para a variável Participação dos Lucros da Empresa (W), os resultados
divergem, se compararmos com a variável Tamanho do Conselho de Administração
(V). Os resultados apontam a uma relação positiva para o retorno das firmas,
indicando que as firmas que provêm aos seus executivos a participação nos seus
63
resultados, como forma de incentivos para redução do conflito de agência, obtêm
maiores retornos.
Tal resultado sugere, assim, a possibilidade de gerenciamento de resultados
expandindo os resultados de Almeida et al. (2006), que encontrou tais evidências.
Com relação ao valor da empresa, os resultados obtidos indicam para uma
relação negativa, informando para o mercado que empresas posicionadas que
proporcionam aos seus executivos a participação dos resultados são negociadas a
um menor valor, o que corrobora ao resultado obtido por Silva, W. M. e Black (2004)
em empresas que buscam a estratégia de diversificação.
Diante dos resultados obtidos, as sugestões para novos estudos vão ao
encontro do construto de Organização Industrial. Entre estes, pode-se citar a
associação entre a Indústria e o Poder de Mercado, dentro de um modelo que
analise a performance das empresas com as variáveis de Governança Corporativa.
Para outros estudos, pode-se utilizar outras variáveis de Governança
Corporativa, baseado no mesmo referencial teórico utilizado neste estudo, com o
intuito de verificar a possibilidade de resultados divergentes aos obtidos, utilizando-
se também de outras técnicas econométricas que possam sugerir outros resultados
diferentes dos apresentados no presente trabalho.
Outro ponto que pode ser alvo de novas pesquisas é a utilização de outras
classificações de Grupos Estratégicos apresentados pela literatura, para
identificação de outros possíveis resultados.
Além dos que já foram mencionados, outro caminho a ser tomado pode estar
em um estudo dentro de países que apresentem estruturas de composição acionária
mais dispersa para identificação de possíveis divergências de resultados.
64
5.1 LIMITAÇÃO DA PESQUISA
Uma das limitações deste trabalho é a classificação utilizada, que se baseou
no posicionamento das Indústrias, considerando para tanto a variável explanatória
Grupos Estratégicos. Sendo assim, outras classificações utilizadas pela literatura
podem sugerir outros resultados relacionando Estratégia e Governança Corporativa.
Outra limitação do estudo é a escassez de literatura que trate sobre a
abordagem da Estratégia das empresas, principalmente relacionado com o seu
posicionamento em determinadas Indústrias, com a associação da Governança
Corporativa.
O mercado brasileiro é altamente concentrado na composição acionária das
empresas, o que pode ter induzido o resultado do presente trabalho, não sendo
possível, com isso, identificar a relação dentro de uma condição acionária mais
dispersa observada em outros países.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, José. E. F. de; COSTA, Fábio M.; FARIA, Luiz H. L.; BRANDÃO Marcelo.
M.. Earnings management no Brasil: Grupos Estratégicos como Nova Variável
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APÊNDICE A – Variáveis de Desempenho.
O apêndice descreve a metodologia de construção dos dados para
mensuração de desempenho.
A fonte principal de dados para composição dos índices de rentabilidade e de
performance foram retirados do banco de dados Economática, sempre levando em
consideração o período de 1997 a 2004. O Quadro 3 apresenta um resumo dos
dados secundários que compõem as fórmulas dos índices em questão:
Sistema de Informações Dados Coletados
Ativo total
Ativo circulante
Estoques
Exigivel a longo prazo
Lucro líquido
Passivo circulante
Patrimônio líquido
Valor de mercado dasões ordinárias
Valor de mercado dasões preferenciais
Economátic
Quadro 2 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das Variáveis de
Desempenho.
Os valores contábeis utilizados são contabilizados pelo valor histórico, ou
seja, apurados no período corrente do ano de competência, para tanto foi necessário
efetuar uma correção destes valores de forma a apresentarem um valor corrente
real, retirando assim o efeito inflação do período entre os anos de 1997 a 2004. Os
valores para a composição dos índices foram deflacionados usando o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tendo como base para a correção
o ano de 2004.
Uma única exceção para este procedimento foram os números trabalhados
para o cálculo do Q de Tobin, que não sofreram tal deflação.
A utilização dos índices de desempenho como Retorno sobre o Ativo,
Rentabilidade do Patrimônio líquido e Q de Tobin se deu devido à sua larga
73
aplicação nos estudos, tanto no campo internacional quanto no campo nacional
(YERMACK, 1996; JONES, LEE e TOMPKINS, 1997; LA PORTA et al, 2002;
SILVEIRA, 2004, SILVA, W. M. E BLACK, 2004).
A seguir, serão detalhados os índices de desempenho já mencionados
anteriormente neste estudo.
Retorno sobre o Ativo (ROA) – mede a rentabilidade do ativo, ou seja,
capacidade que a empresa tem de gerar lucros através de seus recursos alocados
nos ativos. Brealey & Myers (2000, p. 828) usam o EBIT (Earning before interest and
tax) para o cálculo desse índice. Neste trabalho o índice está baseado em Anderson
et al. (2000) e Brigham, Gapenski e Eharhart (2001, p. 107) onde:
it
it
t
AT
LLDA
ROA =
ROA
t
= retorno sobre ativos totais no ano t;
LLDA
it
= lucro líquido disponível aos acionistas ordinários da empresa i no
ano t;
AT
it
= ativo total da empresa i no ano t;
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) – mede o retorno do patrimônio
líquido, ou seja, o retorno esperado pelos acionistas sobre o seu investimento de
capital próprio na empresa. Brealey & Myers (2000, p 829), assim como no ROA,
usam o EBIT (Earning before interest and tax) para o cálculo desse índice. Neste
trabalho o índice está baseado em Anderson et al. (2000) e Brigham, Gapenski e
Eharhart (2001, p. 107), onde:
74
it
it
t
PL
LLDA
ROE =
ROA
t
= retorno sobre patrimônio líquido no ano t;
LLDA
it
= lucro líquido disponível aos acionistas ordinários da empresa i no
ano t;
PL
it
= patrimônio líquido da empresa i no ano t.
A variável ROA também foi utilizada como variável de controle para o modelo
apresentado na seção 3.3 e fórmula (5), devido à lucratividade das empresas ter
significante impacto no valor de mercado das firmas (YERMACK, 1996).
Q de Tobin ( Q ) – índice que apresenta o valor da empresa. De acordo com
Dornbusch, Fischer e Startz (1999, p 329), este valor indica uma relação entre o
valor de mercado de uma empresa frente ao seu custo de reposição para a
substituição de capital. A análise obtida é simples: quando Q for maior que UM,
implica um maior fluxo de investimento nas empresas que atinjam tal posição; e
quando Q for menor que UM, implica um menor fluxo de investimento nas empresas.
O índice foi criado por James Tobin em 1958, mas diante da grande
complexidade de identificação das observações diretas dos dados ou pela não
existência dos mesmos dentro das bases de pesquisas, seja pelos valores de
mercado das dívidas, seja pelo valor de reposição dos ativos encontrados na
fórmula original do Q de Tobin, o presente trabalho utilizou-se da pesquisa de Chung
e Pruitt (1994). Estes desenvolveram uma fórmula que se aproxima do cálculo
original de Tobin e que compreende:
75
AT
VCDVMAPVMAO
Qtobin
+
+
=
Onde:
VMAO = valor de mercado das ações ordinárias;
VMAP = valor de mercado das ações preferenciais;
VCD = valor contábil da dívida, que corresponde ao cálculo do
somatório passivo circulante, exigível a longo prazo e estoques menos os valores do
ativo circulante;
AT = ativo total da empresa.
Chung e Pruitt (1994) descrevem a relevância desse cálculo de aproximação
do Q de Tobin em relação aos outros índices utilizados, como o MVA (market value
added) e o EVA (economic value added).
APÊNDICE B – Variáveis de Governança Corporativa.
O apêndice descreve a metodologia utilizada para construção dos dados
relacionados às variáveis de Governança Corporativa.
A fonte principal dos dados foi o sistema de informações da Bovespa –
Divulgação Externa (DIVEXT). O programa está disponível no site da Bovespa e
pode ser obtido via download ou utilizado na própria internet. Para realização deste
estudo, o programa foi obtido via download, bem como todos os informativos das
311 empresas listadas na Bolsa, já descritos ao longo do trabalho, entre o período
de 1997 a 2004.
As informações retiradas para o estudo estão apresentadas no Quadro 4,
resumo abaixo:
Sistema de Informações Dados Coletados
Presidente da Empresa
Presidente do Conselho de Administração
Número de participantes do Conselho de Administração
Externos
Número de participantes do Conselho de Administração
Internos
Participação nos lucros pelos executivos da empresa
Distribuição de capital da empresa
Divulgação Externa
(DIVEXT)
Quadro 3 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das variáveis de
Governança Corporativa.
A utilização das variáveis de Governança Corporativa neste trabalho
corrobora outros estudos que buscaram identificar a relevância da Governança,
tanto nos aspectos relacionados aos possíveis conflitos de agência quanto à sua
relevância no desempenho que as empresas sofrem diante da inclusão da mesma
como forma de monitoramento. Temos os estudos de Hoskisson, Johnson e Moesel
(1994), Bhagat e Black (2001) Volpin (2002), Silveira (2004), Silva, W. M. e Black
77
(2004), que trabalharam com estas variáveis e obtiveram evidências da Governança
no desempenho da firma.
Independência do Presidente do Conselho (T) – indicador baseado no
estudo de Bhagat e Black (2001), Silva, W. M. e Black (2004) e Silveira (2004), que
mede a independência do presidente do conselho de administração de uma
empresa.
Os dados para indicação desta variável foram retirados do sistema de
informações Divulgação Externa (DIVEXT), na opção “Administração”, onde se
apresenta a identificação da pessoa que atua como Presidente de Conselho de
Administração e/ou como Presidente da Empresa. Foi estabelecido o valor igual a
UM, se o presidente do conselho de administração não ocupa simultaneamente
cargo de presidente da empresa, caracterizando assim a independência do conselho
frente à presidência da empresa, e valor igual a ZERO, se a mesma pessoa ocupa
ambos os cargos.
Independência do Conselho de Administração (U) – indicador baseado no
estudo de Bhagat e Black (2001), Silva, W. M. e Black (2004) e Silveira (2004), que
mede através de uma Proxy o grau de independência do Conselho de Administração
da empresa. É expressa pela fórmula abaixo:
it
it
t
CT
CE
U =
U
t
= índice de independência do conselho de administração no ano t;
CE
it
= conselheiros externos que não são executivos da empresa i no ano t;
CT
it
= total de conselheiros da empresa i no ano t.
78
Os dados para indicação desta variável foram retirados do sistema de
Divulgação Externa (DIVEXT), na opção “Administração”, onde se apresenta o corpo
diretivo, o conselho de administração e conselho fiscal da empresa.
O indicador varia entre ZERO e UM. Ao se aproximar de UM, o índice indica
uma maior independência do conselho de administração, em que há uma menor
participação dos executivos da empresa assumindo também cadeiras do conselho
de administração; e no caso contrário, ao se aproximar de ZERO, o índice indica
uma maior participação dos executivos na composição do conselho de
administração, ocasionando uma menor independência do conselho.
Tamanho do Conselho de Administração (V) – indicador baseado no
estudo de Yermack (1996), sendo que a mesma variável foi elevada ao quadrado e,
após, foi obtido o seu logaritmo para evitar a dispersão dos dados em grandes
números dentro do mesmo escopo dos trabalhos de Silveira (2002) e Fama, Barros
e Silveira (2003). A variável, portanto, está representada pelo logaritmo do quadrado
do número total de membros do conselho de administração de uma empresa i, no
ano t, sendo que os conselheiros suplentes não foram considerados para efeito de
inclusão na composição do cálculo desta variável.
Os dados para indicação desta variável foram retirados do sistema de
Divulgação Externa (DIVEXT), na opção “Administração”, onde se apresenta o corpo
diretivo, o conselho de administração e conselho fiscal da empresa.
Participação do Executivo nos Lucros da Empresa (W) – indicador
baseado no estudo de Volpin (2002) e Silva, W. M. e Black (2004), que mede a
participação do executivo nos lucros da empresa. Recebe valor igual a UM, se os
79
executivos têm participação nos lucros, e valor igual a ZERO, se os executivos que
não recebem participação nos lucros.
Os dados para indicação desta variável foram retirados do sistema de
Divulgação Externa (DIVEXT), na opção Participações e Remunerações, onde se
apresentam as opções de remuneração e participação dos administradores nos
lucros, participações e contribuições, participação em sociedades controladas e
coligadas.
Concentração Acionária (Y) – indicador baseado no estudo de Hoskisson,
Johnson e Moesel (1994) e Silva, W. M. e Black (2004), que mede a contração
acionária através de um índice de concentração do poder de voto sob domínio dos
três principais acionistas (ações ordinárias), calculado segundo a equação:
=
=
3
1
2
100
i
X
P
Pi
Y
Y = índice de concentração do poder de voto nos três maiores acionista.
Pi = número de ações ordinárias dos 3 (três) maiores acionistas de uma
empresa i.
P = quantidade total de ações ordinárias da empresa considerada.
Os dados para indicação desta variável foram retirados do sistema de
informações Economática e Divulgação Externa (DIVEXT), na opção Distribuição de
Capital e Participação Acionária.
APÊNDICE C – Variáveis de Controle, Grupos Estratégicos e
Outras.
O apêndice descreve a metodologia utilizada para construção dos dados
relacionados às variáveis de Controle, Grupos Estratégicos e Outras.
Os dados foram retirados das bases principais Economática, Divulgação
Externa e dos próprios sites das empresas, para a composição das variáveis
descritas neste apêndice, sendo que para os dois primeiros já foram apresentados
nos Apêndices A e B.
As informações retiradas para o estudo estão apresentadas no Quadro 5,
resumo abaixo:
Sistema de Informações Dados Coletados
Divulgão Externa
(DIVEXT)
Distribuição dos produtos oferecidos pela empresa
Economática® Ativo total
Internet Site das Empresas
Quadro 4 – Sistema de informações utilizado para coleta de dados das variáveis de Controle,
Grupos Estratégicos e Outras.
Diversificação da Empresa (Z) – indicador baseado no estudo de Anderson
et al. (2000), Collin e Bengtsson (2000) e Silva e Black (2004), que mede, através de
um índice de concentração, as vendas realizadas com os três principais produtos da
empresa i, calculado segundo a equação:
=
=
3
1
2
100
i
X
P
Pi
Z
81
Z = índice de concentração de receita nos três maiores produtos geradores de
receitas
Pi = valores das receitas dos 3 (três) maiores produtos de uma empresa i.
P = valores totais das receitas da empresa considerada.
O indicador se baseia no Índice de Herfindahl (Besanko et al. 2003 - p. 204-
207), para os três primeiros produtos, em percentual de participação na receita total
da empresa. Dados retirados dos relatórios fornecidos a Bovespa do sistema de
Divulgação Externa (DIVEXT), na opção Produtos e Serviços.
A interpretação para o índice indica que, ao se aproximar de UM a empresa
está sustentada em suas receitas por um único produto; e quando o índice se
aproximar de ZERO, indica que as receitas das empresas estão sustentadas por
diversos produtos.
Outro ponto importante nesta variável de controle vai ao encontro ao descrito
no referencial teórico, em que empresas que apresentam uma maior diversificação
em seus produtos apresentam uma possibilidade de expropriação por parte dos
gestores, necessitando assim de um maior controle. O trabalho de Silva, W. M. e
Black (2004) encontrou evidências de uma associação entre Governança
Corporativa e a Diversificação da empresas, diante da possibilidade de conflito de
agência.
Logaritmo do Tamanho da Firma (F) – esse indicador é baseado pelo
estudo de Bhagat e Black (2001), que mede o tamanho da firma i expresso pelo
logaritmo natural do ativo total da empresa em um ano t. A utilização do logaritmo
nesta variável serve para tratar os valores de uma forma mais linear, pois existe uma
82
grande diferença entre os valores de ativos apresentados pelas empresas, causando
uma maior dispersão dos dados.
Os valores referentes ao ativo total das empresas foram retirados do sistema
de dados Economática, e sendo atualizados conforme o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA).
ANO – Variável politômica que expressa o ano a que pertence o dado
referente a uma empresa i. A variável foi expressa conforme os seus respectivos
ano, ou seja, 1997 para o próprio ano, e assim para os demais períodos.
Grupo Estratégico (G) – A variável explanatória de Grupo Estratégico terá a
classificação obtida no estudo de Faria et al. (2005), que foi baseada no trabalho
seminal realizado por Tang e Thomas (1992), que adotaram a classificação dos
Grupos mediante ao critério de diferença de produtos ou serviços oferecidos ao
mercado, em que as firmas competidoras tendem a ter características de produtos
similares. Essas firmas buscam seguir a mesma estratégia e, com isso, formar
Grupos Estratégicos específicos.
Na Tabela 9 está a classificação utilizada no estudo do mesmo autor para a
classificação das empresas.
83
Tabela 10: Indústrias e seus Grupos Estratégicos formados através do critério de diferença de
produtos ou serviços oferecidos ao mercado pelas firmas componentes.
INDÚSTRIA GRUPO ESTRATÉGICO PRODUTOS/ SERVIÇOS
carnes e derivados
Carnes de aves, bovina e suína e embutidos
em geral.
grãos Café e cereais.
Alimento
laticínios Leite e seus derivados
Lojas Especializadas
Comercialização de uma linha específica de
produtos
Comércio
Lojas de Departamentos
Comercialização de várias linhas de
produtos
Edifícios Residenciais e
Comerciais
Edificação de Edifícios Residenciais e
Comerciais
Pontes e Estradas Edificação de Pontes e Estradas
Construção
Serviços Especializados em
Engenharia
Realização de Medições e emissão de
relatórios técnicos.
Eletro Pesado
Fogões, geladeiras, lavadoras e ar
condicionado
Eletroeletrônico
Áudio e Vídeo
Aparelhos de som, vídeo cassetes e DVDs,
televisores.
Equipamentos Motorizados Motores, Compressores e Injetores.
Máq. Industriais
Equipamentos Estruturais Galpões e Silos.
Papel Papel e Papelão
Papel e Celulose
Celulose e Derivados Celulose e Aglomerados.
Distribuição de Gás Distribuição de Gás de Cozinha
Petróleo e Gás
Extração, refino e distribuição
de derivados
Extração, refino e distribuição de derivados
de petróleo
Petroquímicos Derivados do petróleo, não combustíveis.
Química
Fertilizantes Fertilizantes
Aço Bruto Aço em pelotas, placas ou tiras.
Siderurgia
Aço em Peças Aço em peças usinadas.
Telefonia Fixa Serviços em Telefonia Fixa
Telecomunicações
Telefonia Móvel Serviços em Telefonia Móvel
Vestuário Roupas e calçados
Têxtil
Fios e Tecidos Fios e Tecidos
Peças de Aço Peças para motores, transmissão e direção
Veículos e
Autopeças
Acessórios
Faróis e produtos plásticos para
acabamento.
Fonte: Faria et al (2005)
Para composição desta variável e utilizando a classificação da Tabela 9,
foram acessados os sites das empresas e evidenciados quais produtos ou serviços
oferecidos – dados confirmados também no sistema de informações da Bovespa
Divulgação Externa (DIVEXT) – para o devido enquadramento das empresas dentro
da classificação acima mencionada.
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Ao final na Tabela 10 está a codificação das variáveis dummies originadas da
Tabela 9, que serão utilizadas para os Grupos Estratégicos neste estudo.
Tabela 11 – Códigos da variável explanatória Grupo Estratégico (G), segundo estudo de FARIA
et al. (2005).
INDÚSTRIA GRUPO ESTRATÉGICO G
carnes e derivados 1
grãos 2
Alimento
laticínios 3
Lojas Especializadas 4
Comércio
Lojas de Departamentos 5
Edifícios Residenciais e Comerciais 6
Pontes e Estradas 7
Construção
Serviços Especializados em
Engenharia
8
Eletro Pesado 9
Eletroeletrônico
Áudio e Vídeo 10
Equipamentos Motorizados 11
Máq. Industriais
Equipamentos Estruturais 12
Papel 13
Papel e Celulose
Celulose e Derivados 14
Distribuição de Gás 15
Petróleo e Gás
Extração, refino e distribuição de
derivados
16
Petroquímicos 17
Química
Fertilizantes 18
Aço Bruto 19
Siderurgia
Aço em Peças 20
Telefonia Fixa 21
Telecomunicações
Telefonia Móvel 22
Vestuário 23
Têxtil
Fios e Tecidos 24
Peças de Aço 25
Veículos e
Autopeças
Acessórios 26
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