deveriam apresentar posições bastante díspares entre si, porém logo se mostraram
suficientemente coesos. Tratava-se do denominado Café au lait, por reunir
fundamentalmente Colômbia e Suíça, originando-se da atividade intermediadora
empreendida pelo Embaixador colombiano Felipe Jaramillo, cuja maior atuação
concentrava-se no tema relacionado a Serviços, o Jaramillo Process, tornando-se
gênese da fórmula de single-issue coalition (NARLIKAR, 2004: 7; SINGH, 2003: 13)
124
.
Originalmente composto por países em desenvolvimento, de início atuava com o G-10,
porém, esse preferiu seguir separadamente, em sua estratégia defensiva
125
. Ainda,
apresentava dois perfis de composição, sendo o primeiro constituído pelos
exportadores de serviços – os Entusiastas – e integrado pelos NIC’s do Leste Asiático,
assim como de outros países que tentavam obter ganhos na negociação, como, por
exemplo, Chile, Colômbia, Uruguai e Jamaica. O segundo grupo era composto de
pequenos países que temiam a exclusão do processo e os conseqüentes custos dessa
situação (NARLIKAR, 2003: 86-87). Quando o G-10 resolveu adotar um caminho
próprio, ao propor um draft que excluía Serviços da agenda de negociações, constituiu-
se como G-20
126
, ao recusar a proposição do primeiro
127
. Evitando reproduzir o
comportamento do G-10 em apresentar um draft próprio e gerar mais impasses,
aproximou-se de outro grupo, o G-9
128
, formado por países industrializados, e a junção
de ambos redundou no Café au lait. Eivado de pragmatismo, buscou aproximar-se do
grupo dos países mais fortes, o QUAD, composto de Estados Unidos, Comunidade
Européia, Japão e Canadá, tendo este último atuado como elemento de entendimento.
124
Segundo Narlikar, a aproximação entre os membros da coalizão foi desencadeada pela necessidade de se
desenvolver estudos e trocas de informações sobre o tema Serviços, tendo sido o Embaixador Jaramillo o escolhido
para coordenar os encontros do grupo e, por conta de sua atuação, logrou estabelecer um vínculo entre os membros,
o qual foi reconhecido pelo GATT em sessão de 1985 (NARLIKAR
for
TUSSIE & LENGYEL, 2002: 489).
125
Nesse momento, o Embaixador colombiano, inclusive, liderava os dois grupos: o
Informal Group of Developing
Countries
e o
Jaramillo Process
(NARLIKAR, 2003: 97).
126
O G-20 era composto por Bangladesh, Chile, Cingapura, Colômbia, Coréia do Sul, Costa do Marfim, Filipinas,
Hong Kong, Indonésia, Jamaica, Malásia, México, Paquistão, Romênia, Sri Lanka, Tailândia, Turquia, Uruguai,
Zaire e Zâmbia (NARLIKAR
for
TUSSIE & LENGYEL, 2002: 489).
127
Narlikar salienta que, de toda forma, não se estabeleceu um confronto entre os dois grupos, exemplificando com o
apoio dado pela Coréia do Sul à posição do Brasil de afirmar junto ao
Prepcom
que, caso não fossem assegurados
compromissos em questões como “standstill and rollback” e salvaguardas, a Rodada nada representaria para os
países em desenvolvimento (NARLIKAR, 2003: 87-88).
128
O G-9 era composto por Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Islândia, Nova Zelândia, Noruega, Suécia e Suíça,
sendo os participantes europeus então membros da Associação Européia de Livre Comércio.
165