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A PREPARAÇÃO DO GOLPE CONTRA JOÃO GOULART – Houve, no período
estudado, duas entidades que tiveram um papel muito importante como instrumentos
ideológicos para o golpe civil-militar de 1º de abril de 1964. Foram elas o IPES e o IBAD.
O Instituto de Pesquisas Sociais – IPES, órgão criado em 29 de novembro de 1961, e que
possuía como princípio a unificação dos diversos associados civis e militares, ligações
econômicas com multinacionais, posição anticomunista e o desejo de reformular o Estado
segundo uma visão tecnoburocrática
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pró empresários. O IPES recebia financiamento de
banqueiros e empresários nacionais e multinacionais, ou diretamente de empresas nacionais
ou multinacionais, e de forma encoberta “coordenava uma sofisticada e multifacetada
campanha política, ideológica e militar”
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contra João Goulart e as forças democráticas. O
Instituto Brasileiro de Ação Democrática – IBAD agia nos meios políticos, nos
movimentos estudantis, operários, camponeses, buscando congregar todas as forças
antigovernistas. Enquanto o IPES se apresentava oficialmente como uma organização
formada por homens de negócio e intelectuais que defendiam uma reforma moderada das
instituições políticas e econômicas, colocando-se de forma apartidária e visando estudar as
propostas políticas e econômicas de Jango, sob um ponto de vista técno-empresario liberal,
o IBAD se expunha mais, desenvolvendo os objetivos encobertos do IPES
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.
Sobre o trabalho de doutrinação promovido pelo IPES junto à sociedade para
persuadi-la da necessidade da queda de Jango, Dreifuss nos apresenta as seguintes
informações, ao tratar das técnicas e mecanismos que foram desenvolvidos para convencer
os setores dominantes:
“O IPES conseguiu estabelecer um sincronizado assalto à opinião
pública, através de seu relacionamento especial com os mais importantes
jornais, rádios e televisões nacionais, como: os Diários Associados
(poderosa rede de jornais, rádio e televisão de Assis Chateaubriand, por
intermédio de Edmundo Monteiro, seu diretor-geral e líder do IPES), a
Folha de São Paulo (do grupo de Octávio de Frias, associado do IPES), o
Estado de São Paulo e o Jornal da Tarde (do Grupo Mesquita, ligado ao
IPES, que também possuía a prestigiosa Rádio Eldorado de São Paulo).
Diversos jornalistas influentes e editores de O Estado de São Paulo estavam
diretamente envolvidos no Grupo de Opinião Pública do IPES. Entre os
demais participantes da campanha incluíam-se J Dantas, do Diário de
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DREIFUSS, René A. Id. Ib., p 163.
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DREIFUSS, René A. Id. Ib., p 164.
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Para um maior conhecimento sobre o IPES e o IBAD, e suas formas de ação na conspiração que derrubou João Goulart,
sugerimos a leitura do livro de René Armand Dreyfuss, citado na bibliografia, especialmente o capítulo III item 3, e todo o
capítulo V; e outro livro, citado na bibliografia, de Moniz Bandeiara, capítulo V.