A associação entre incontinência urinária de esforço (IUE) e hipermobilidade da
junção uretrovesical (JUV) está estabelecida. Mas, um método padrão para acessar a
mobilidade da JUV precisa ser determinado. Esse estudo visa comparar através de
ultra-sonografia transvulvar realizada em mulheres com IUE, as modificações
anatômicas da JUV e da uretra proximal (UP) decorrentes de variações do volume
vesical. Este foi um estudo de prospectivo realizado na Unidade de Pesquisa em
Incontinência Urinária da Universidade Federal de Pernambuco. Foram incluídas 40
mulheres com IUE. Que foram avaliadas através da ultra-sonografia transvulvar com
transdutor vaginal de 7Mhz para determinação de parâmetros referentes à JUV e UP.
A avaliação ultra-sonográfica da JUV e da UP foi realizada tanto com bexiga
praticamente vazia (< 50ml de urina) como com a bexiga cheia (volume vesical
variando entre 300 e 350ml). Foi utilizado um aparelho de ultra-som da marca
ALOKA com seletor eletrônico de mensuração de imagem em tempo real, equipado
com computador e câmara fotográfica de resolução instantânea. As medidas foram
gravadas tanto em repouso quanto no esforço e efetuadas em relação a um sistema
ortogonal de coordenadas cartesianas, cujo ponto de origem era o limite inferior da
sínfise púbica. O eixo de ordenadas orientou-se perpendicularmente ao púbis e o das
abscissas tangenciou sua região inferior. Estimou-se a distância da JUV em relação ao
eixo das ordenadas, sendo anotados os resultados em números positivos ou negativos,
conforme sua posição. As médias, em milímetros, dos parâmetros medidos com bexiga
vazia e cheia foram, como se segue: em repouso: distância vertical da JUV (DVJUV) de
16,0 ? 4,5 e 15,0 ? 4,5 (p = 0,06), distância horizontal da JUV (DHJUV) de 13,0 ?5,5 e
15,0 ? 4,3 (p = 0,73), distância pubouretral (DPU) de 13,0 ? 3,9 e 13,0 ? 4,0 (p = 0,59),
UP de 16,0 ? 5,2 e 14,0 ? 5,5 (p = 0,37); em esforço: DVJUV de
0 ?7,8 e 4,0 ? 7.9 (p = 0,02), DHJUV de 21,0 ? 6,7 e 20,0 ? 6,2 (p = 0,84), DPU de 19,0
? 6,2 e 17,0 ? 5,7 (p = 0,13), UP de 0 ? 5,6 e 4,0 ? 6,8 (p = 0,05); deslocamento:
DVJUV de 17,0 ? 7,6 e 11,5 ? 7,8 (p = 0,001), DHJUV de 7,0 ? 4,5 e 6,0 ? 5,0 (p =
0,33), DPU de 7,0 ? 4,9 e 5,0 ? 4,3 (p = 0,06), UP de 13,0 ? 5,8 e 9,0 ? 5,0 (p =
0,0001). Comparando os resultados obtidos com uma bexiga quase vazia com ela
cheia, há diferença significante na avaliação ultra-sonográfica transvulvar da JUV e da
UP apenas no esforço e no eixo vertical, sendo que as pacientes com a bexiga quase
vazia deslocam mais a JUV e a UP em relação à bexiga cheia.