permanecem sob o sedimento até que condições favoráveis voltem a predominar no
ambiente (ONBÉ, 1985, BARROS et al., 2000). O fator temperatura tem sido associado a
este evento devido a ausência de altas densidades de cladóceros no inverno, em regiões
temperadas (ONBÉ, 1985).
Pressões de predação é outra hipótese relacionada com a variação temporal nas densidades das populações. Cladóceros
tem pouca habilidade de escapar de predadores devido a sua limitada atividade natatória (PAFFENHÖFER; ORCUTT, 1986), e
alguns estudos tem associado as reduções no tamanho das populações à presença de predadores específico como quetognatas
(MARAZZO; VALENTIN, 2003c, VALENTIN; MARAZZO, 2003). A ação combinada de fatores como a temperatura, a qual atua
sobre o desenvolvimento dos embriões, juntamente com a forte pressão de predação exercida sobre as populações de cladóceros deve
ser lavada em consideração, refletindo-se na abundância destes (MARAZZO; VALENTIN, 2003b).
Finalmente, deve se abordar também a possível influência de massas de água
oceânicas de ocorrências sazonais (GIESKES, 1971, MONTÜ, 1980) e a qualidade trófica
das águas sobre os processos biológicos.
Na região de Ubatuba, existe uma tendência para o enriquecimento das águas da
plataforma durante o verão, devido a penetração da Água Central do Atlântico Sul (ACAS)
até próximo da costa. Nesta época do ano, a camada superficial (profundidades menores
que 20 m) de toda região é ocupada basicamente pela Água Costeira (AC), que se mistura
com a Água Tropical (AT), também conhecida como Corrente do Brasil, mais ao largo;
assim, no verão observa-se, na camada subsuperficial, predominância da ACAS (CASTRO
FILHO et al., 1987).
A variação nas densidades de espécies comuns como Penilia avirostris, e a
ocorrência de espécies exóticas como Pleopis schmackeri, tem sido relacionada com a
dominância da Corrente do Brazil, caracterizada por apresentar água limpa e com alta
salinidade, na região costeira do Rio Grande do Sul (MONTÜ; GLOEDEN, 1986) e na
região costeira do Rio de Janeiro (MARAZZO; VALENTIN, 2003b). Dessa forma, o
transporte físico dos cládoceros por advecção horizontal, promovido pela dinâmica de
diferentes corrente marinhas sazonais, poderia explicar, em parte, variações da diversidade